DIREITO CIVIL III

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL III
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
Conceito: é o complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial que tem por objeto prestação de um sujeito em proveito de outro.
Toda obrigação tem um conteúdo econômico ou suscetível de uma avaliação patrimonial.
Toda obrigação tem uma dessas finalidades:
Modificar;
Alienar;
Restituir; 
Transferir;
Entregar.
CONCEITOS E ELEMENTOS DAS OBRIGAÇÕES:
É o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação (“objeto de estudo”).
A obrigação tem caráter transitório, pois se extingue pelo cumprimento.
Elementos: 
Sujeito ativo/ credor;
Sujeito passivo/ devedor.
Objetivo: objeto é o objetivo (pode ser mediado ou imediato) e disposto conforme art.º 104 CC
Imediato: próximo e direto;
Mediato: distante e indireto.
OBRIGAÇÕES DE DAR:
Art. 233 – 246 CC: é uma obrigação positiva pois representa uma ação do sujeito. Tem por objeto uma prestação que envolve uma coisa (bem) que pode ser determinada ou determinável (art.104 CC).
A obrigação de dar constitui:
Entregar;
Restituir.
Dividem-se em:
De dar coisa certa;
De dar coisa incerta.
De dar coisa certa: art. 233 – 242 CC.
Obrigação de restituir ou entregar um bem certo e determinado. (Ex.: carro marca x, cor x, placa x, chassi x, proprietário x)
OBRIGAÇÃO DE FAZER:
ART. 247 – 249 CC: Trata-se de uma obrigação positiva 	que abrange uma atividade humana que pode ser física ou intelectual
Fungível: obrigação que pode ser executada por qualquer pessoa, inclusive por terceiro, se o credor concordar.
Infungível/ personalíssima (intuito personae): obrigação que só pode ser cumprida pelo devedor pessoalmente não podendo ser substituído porque foi contratado em razão de seus atributos pessoais. (Ex.: se a Ivete não puder ir ao seu show, a Claudia Leite não pode ir em seu lugar).
Prestação impossível: neste caso o devedor não se responsabiliza por perdas e danos.
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER:
Art. 250 – 251 CC: trata-se de uma obrigação negativa, pois o devedor não pode fazer algo. Impõem-se ao devedor um dever de abstenção, o de não praticar um ato que poderia livremente fazer, se não houvesse se obrigado com o credor, respeitando limites de retenção da liberdade do devedor. (Ex.: não pintar parede x, quando se foi contratado pra pintar parede y e foi explicitado que a x não deveria ser pintada)
Inadimplemento: ocorre o inadimplemento quando o devedor faz algo que foi ordenado que não fizesse. 
Art. 251: como desfazer o inadimplemento:
Pelo próprio devedor;
Pelo credor à custa do devedor;
Por 3ª pessoa a custa do devedor.
Se não houver culpa do devedor, resolve-se a obrigação e o valor pago é restituído.
Se houver culpa do devedor, desfaz o fato (se possível) + perdas e danos.
TIPOS DE OBRIGAÇÕES:
Obrigações compostas ao objeto:
Cumulativas ou conjuntivas;
Alternativas ou disjuntivas;
Facultativas.
Obrigações compostas ao sujeito:
Divisíveis;
Indivisíveis;
Solidarias: ativa ou passiva.
Quanto a exigibilidade:
Civis;
Naturais.
Quanto ao fim:
Meio;
Resultado;
Garantia.
Quanto ao momento de seu cumprimento:
Execução instantânea;
Periódica ou de trato sucessão;
Deferida;
Quanto a liquidez:
Liquidas;
Kiquidas.
Reciprocamente consideradas:
Principais;
Acessórios.
	QUADRO COMPARATIVO
	 
	OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA
	OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
	ESCOLHA
	CREDOR OU DEVEDOR
	SOMENTE O DEVEDOR
	OBJETO
	PLURALIDADE DE OPÇÕES, OU UMA OUTRA PRESTAÇÃO
	UMA É A PRESTAÇÃO PRINCIPAL E A OUTRA É FACULTATIVA/ OPCIONAL
	IMPOSSIBILIDADE DO OBJETO
	SE PERECER UM OBJETO A OBRIGAÇÃO PERMANECE COM O OUTRO. A OBRIGAÇÃO SÓ SE EXTINGUE COM O PERECIMENTO DE AMBOS OS OBJETOS
	SE PERECER O OBJETO PRINCIPAL A OBRIGAÇÃO MESMO SEM O PERECIMENTO DA OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
SOLIDARIEDADE:
É quando temos mais de um devedor/ credor em uma obrigação. Abaixo quadro simplificado:
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES:
Quanto a exigibilidade: 
Obrigações civis: é estabelecido um núcleo jurídico, é como se tivesse um contrato por trás da obrigação e é sancionável. (Ex.: compra e venda)
Obrigação natural: é uma obrigação que não envolve o ordenamento jurídico em si, não é sancionável.
Quanto ao fim: 
Obrigação de meio: o prestador de um determinado serviço não pode se responsabilizar pelo resultado, por não depender dele. Ele apenas se responsabilizará em fazer o máximo que puder para garantir o melhor resultado final. (Ex.: advogado, medico oncologista.)
Obrigação de resultado: deve chegar ao fim determinado em contrato. (Ex.: cirurgião plástico) (Obs.: só será exonerado da obrigação se o resultado tiver sido outro por motivos de força maior).
Obrigação garantia: o devedor assume um risco para o credo. (Ex.: fiança)
Quanto ao momento de execução: 
Obrigações de execução instantânea: consuma-se em um único ato. (Ex.: pagamento a vista)
Obrigação diferida: cumpre-se em único ato com pagamento futuro. (Ex.: compra no cartão sem parcelar)
Obrigação periódica: cumpre-se o ato paulatinamente (Ex.: compra parcelada)
Quanto aos elementos acidentais:
Obrigação pura/simples: não estão sujeitas a condições, apenas produzem efeitos imediatos (Ex.: doação pura)
Obrigação condicional: sujeito a condições. (Ex.: só vou te pagar um sorvete se for bem na prova)
Obrigação a termo: quando as partes subordinam o efeito para evento futuro.
Quanto a liquidez do objeto:
Obrigação certa: sua existência é certa e objeto determinado
Obrigação liquida: o valor do objeto é incerto.
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES: (diminui as letras pra caber a fotinho)
Cessão de crédito: O contrato de cessão de crédito é o negócio jurídico no qual uma das partes contratantes transfere a terceiro seus direitos em um relação jurídica obrigacional.
Estão presentes nesta relação:
Cedente: aquele que transfere o crédito;
Cessionário: aquele que recebeu o crédito;
Cedido: o devedor.
Tipos de cessão:
Cessão de crédito voluntária: é a pactuada livremente entre cedente e cessionário.
Cessão de crédito necessária ou legal: o depositário por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.
Cessão de crédito judicial: é o negócio que ocorre por sentença judicial.
Eficácia da cessão de crédito:
É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades.
A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Assunção de dívida: A denominada "Assunção de Dívida" é o negócio jurídico que traduz a transferência de um débito a uma terceira pessoa que assume o polo passivo da relação jurídica obrigacional se obrigando perante o credor a cumprir a prestação devida.
São requisitos do instituto jurídico da assunção da dívida:
Consentimento expresso do credor na assunção da dívida por terceiro;
Validade do negócio jurídico;
Solvência do novo devedor ao tempo da realização do negócio jurídico.
Cessão de posição contratual: O instituto da cessão da posição contratual consiste no negócio jurídico pelo qual ocorre a transferência de posição contratual de uma das partes contratantes (cedente) para um terceiro (cessionário), estranho a relação contratual primitiva, com o consentimento da parte remanescente do contato-base (cedido). Ao substituir o cedente, o cessionário assume a titularidade de uma variedade complexa de direitos e deveres que incumbiam àquele, como débitos, créditos, acessórios, deveres de abstenção etc. O que ocorre na realidade é, tão somente, uma substituição das partes, mantendo imutável o conteúdo e a razão de ser do contrato inicial.
PAGAMENTO:
Pagamento é o cumprimento ouadimplemento da obrigação. O Código Civil dá o nome de pagamento à realização voluntária da prestação debitória, tanto quando procede do devedor como quando provém de terceiro, interessado ou não na extinção do vínculo obrigacional, pois:
“Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la e igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor” (art. 304, parágrafo único - CC).
O pagamento é o principal modo de extinção das obrigações e pode ser direto ou indireto. O pagamento pode ser efetuado voluntariamente ou por meio de execução forçada, em razão de sentença judicial.
Entre os diversos meios indiretos encontram-se, por exemplo, o pagamento por consignação e a dação em pagamento.
 Além do modo normal, que é o pagamento direto ou indireto. A obrigação
Pode extinguir-se também por meios anormais, isto é, sem pagamento, como no caso de impossibilidade de execução sem culpa do devedor, do advento do termo, da prescrição, da nulidade ou anulação, da novação, da compensação etc.
Pode-se dizer que houve cumprimento da obrigação tanto quando o
Devedor realiza espontaneamente a prestação devida como quando voluntariamente a efetua depois de interpelado, notificado ou condenado em
Processo de conhecimento, ou até mesmo no decurso do processo de execução.
Tempo do pagamento (CC, arts. 331/333)
Na data assinalada para seu cumprimento (CC, arts. 394, 389 e 939) não podendo o credor exigi-la antes. 
Com vencimento antecipado: 
Por conveniência do devedor - ante a presunção de que os prazos são estabelecidos em seu prol, obrigando o credor a receber o pagamento, então, inclusive; ex.: nos testamentos e nos contratos, de um modo geral (CC, art. 133); 
Por determinação legal (CC, art. 333, I/III) - visando a proteger os interesses do credor e garantir a segurança das relações creditórias, nessas três hipóteses:1 °) se, executado o devedor, se abrir concurso de crédito; ou 2°) se os bens hipotecados, empenhados ou anticréticos forem penhorados em execução por outro credor; ou 3°) se cessarem ou se tornarem insuficientes as garantias do débito, fidejussórias ou reais, e o devedor se negar a reforçá-las. 
Sem vencimento ajustado (CC, art. 331) - coincidirá o termo final com o inicial, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou se demandar tempo, exigindo "prazo moral" (CC, art. 134); ex.: se a mercadoria tiver de ser entregue em outro Estado ou país; ou: se foi emprestada uma escavadeira para a pavimentação de um certo trecho de estrada. 
Obs.: 1) Em certos casos, como nos títulos à vista, mister se faz a interpelação, para que o devedor saiba qual a data do vencimento. 2) Em direito comercial, mesmo havendo prazo prefixado, a interpelação é a regra, "não havendo estipulação no contrato" (CCo, art. 138).
Dependendo de condição (CC, art. 332) e/ou de termo - quando aquela ou este se efetivarem; ex.: dar ao filho R$ 1.000.000,00 no dia de Natal e/ou se até lá ele se bacharelar em Direito. 7 
Lugar do pagamento (CC, arts. 327/330)
O indicado no título constitutivo da obrigação (CC, art. 78) - no domicílio do credor ou do devedor, podendo-se também eleger o foro do contrato (CPC, art. 111, 2a parte). 
No domicílio do devedor (CC, art. 327, P parte) - pois, em regra, a dívida é quérable (quesível), devendo o pagamento efetuar-se no domicílio atual do devedor (isto é: no da época do vencimento da obrigação, e não no da época do contrato), pois a lei quer favorecer o devedor. 
No lugar escolhido pelo credor (CC, art. 327, par. único) - se designados dois ou mais lugares, quando então a dívida se tornará portable (portável) . 
Onde dispuserem (CC, art. 327, 2a parte) - 1) as circunstâncias; ex.: o pagamento do empregado na sede da empresa; 2°) a natureza da obrigação; ex.: o pagamento no local da venda ou no local da retirada da mercadoria; 3°) a lei; ex.: as dívidas fiscais (CTN, art. 127). 
Prova do pagamento (CC, arts. 319/324) - sob pena de o devedor ser considerado inadimplente: 
Pelo documento de quitação (CC, arts. 319/321,472 e ant. CC, 141; CPC, arts. 401/403) - que deve ser dado pelo credor ou seu representante; ex.: o recibo ou a devolução do título. 
Sem documento (CC, arts. 322/324, par. único) - em determinados casos, que são de presunção juris tantum: 1 °) quando o pagamento for em cotas periódicas, a quitação da última presume estarem solvidas as anteriores; 2°) quando ocorrer a quitação do capital, a qual presume também a quitação dos juros; 3°) quando ocorrer a entrega do título ao devedor; ex.: se o credor devolver a promissória ao devedor João. 
Obs.: Desfar-se-á a presunção, se o credor provar, dentro de 60 (sessenta) dias, não ter ocorrido o pagamento; ex.: que o título fora obtido fraudulentamente pelo devedor (CC, art. 324, par. único). 
Pagamento indevido (CC, arts. 876/883) - é o pagamento errôneo, por inexistência da obrigação em favor do acipiente, que será obrigado então a restituir por locupletamento indébito (CC, art. 876, 1ª parte; CCo, art. 252; CTN, arts. 165/169; Súmulas/STF 71 e 546). 
Espécies - compreende os seguintes casos: 
Quando for paga dívida inexistente; ex.: por nulidade; 
Quando for paga dívida extinta; ex.: por prescrição ou por compensação; 
Quando pagar quem não for devedor, ex.: se o gerente pagar dívida da empresa, pensando ser sua; 
Quando receber quem não for credor, ex.: na cessão de crédito não notificada ao devedor, este pode continuar pagando ao cedente e não ao cessionário (CC, art. 290). 
Requisitos (ensejando a ação de in rem verso): 8 
O enriquecimento do acipiente e o empobrecimento do pagante (com relação de causalidade); ex.: no caso anterior, o cessionário terá direito à restituição, pois foi à sua custa que o cedente recebeu o que não lhe era devido. 
Obs.: A lei ou o contrato podem excluir a obrigação de pagar o devido ou de restituir o que tiver sido dado; ex.: se a dívida estiver prescrita; nos casos de arras; 
A escusabilidade do pagante (CC, art. 877) - seja por erro de fato ou de direito, àquele cabendo o ônus de provar o erro; ex.: no mesmo caso acima, o devedor tem de provar não haver sido notificado a tempo (CC, art. 292). 
Obs.: A ação de in rem verso é subsidiária (caso não haja outra ação contra o ato ilícito); ex.: não substitui a ação que o autor deixou prescrever; nem para provar, por escrito, o contrato em que uma dívida se funda; nem para obter uma prestação excluída por lei ou pelo contrato.