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RESUMO - EDUCAÇÃO DO CAMPO NA AMAZÔNIA - HAJE

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	G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
	
	EDUCAÇÃO DO CAMPO NA AMAZÔNIA: RETRATOS DA REALIDADE DAS ESCOLAS MULTISSERIADAS NO ESTADO DO PARÁ
	
	
	Salomão Mufarrej Hage 1 (salomao@uol.com.br), Débora Lisboa Correa 1, Oscar Ferreira Barros 1 e Sérgio Roberto Moraes Corrêa 1
	
	(1. Universidade Federal do Pará - UFPA)
	
	INTRODUÇÃO: 
Esse trabalho vem socializar os resultados da pesquisa intitulada “Classes Multisseriadas: desafios da educação rural no Estado do Pará/Região Amazônica”, realizada pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Rural na Amazônia – GEPERUAZ, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, através do Programa Norte de Pesquisa e Pós-Graduação – PNOPG, realizada no biênio de 2002 - 2004. A pesquisa teve como objetivo identificar e evidenciar a realidade enfrentada pelos educadores e educandos das escolas multisseriadas no processo ensino-aprendizagem, para posteriormente apresentar indicadores que possam referenciar políticas educacionais que garantam o sucesso escolar das populações do campo da Região Amazônica. Na pesquisa, as escolas multisseriadas são analisadas de forma relacional, enfocando as peculiaridades pedagógicas que envolvem a dinâmica educativa que nelas se efetivam, e estruturais mais amplas da sociedade, procurando, assim, compreender os desafios mais abrangentes dessas escolas do campo no Pará, na Amazônia e no Brasil para garantirem o direito à educação/escolarização na sociedade contemporânea.
	
	METODOLOGIA: 
O estudo constitui-se numa pesquisa quali-quantitativa, que envolveu investigação bibliográfica e documental junto aos órgãos oficiais: MEC, INEP, SAEB e SEDUC/PA com base no ano de 2002 e 2003; e pesquisa de campo em seis municípios do Estado do Pará que foram selecionados, em função de pertencerem às seis diferentes Meso-Regiões do Estado e por possuírem o maior número de escolas multisseriadas em sua rede de ensino. São eles: Breves, da Meso Região do Marajó, que apresenta 398 escolas multisseriadas; Santarém, da Meso Região do Baixo Amazonas, que possui 286 escolas multisseriadas; Cametá, da Meso Região do Nordeste do Pará, que apresenta 279 escolas multisseriadas; Moju, da Meso Região do Nordeste do Pará, que apresenta 217 escolas multisseriadas; Marabá, da Meso Região do Sudeste do Pará, que possui 210 escolas multisseriadas; Barcarena, da Meso Região Metropolitana de Belém, que possui 112 escolas multisseriadas. Realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com professores, estudantes, gestores e pais e mães, além de registros fotográficos e observações.
	
	RESULTADOS: 
Esse estudo revelou que, no Estado do Pará, existem 10.697 escolas multisseriadas, com 471.307 educandos/as matriculados entre 1ª a 4ª séries, representando 42,57% dos educandos matriculados. A distorção idade-série nas escolas multisseriadas atinge 81,2%. Além disso, a taxa de repetência é de 25,64% e atinge 36,27% na 1ª série. Em 2003, o Estado do Pará apresentou o segundo maior número de escolas multisseriadas do país, 8.675 escolas, perdendo para a Bahia, que têm 14.705 escolas. As escolas multisseriadas apresentam uma infra-estrutura precária: as aulas são realizadas em pequenos barracões, igrejas ou em espaços cedidos nas comunidades; a educação infantil nessas localidades, quando existe, é trabalhada junto com as séries iniciais da escola multisseriada; ineficiência e/ou inexistência de apoio pedagógico e formação continuada; e currículo descontextualizado dos modos de vida das populações do campo da Amazônia. Ratificando esse retrato, apresentam-se os seguintes relatos dos professores: “A escola multisseriada é um problema, porque trabalhamos sem uma estrutura escolar adequada”; “Nós não temos o apoio da Secretaria”; “O calendário escolar da classe multisseriada é um problema, porque os alunos trabalham com os pais na roça e a turma esvazia”. Essas características das escolas multisseriadas são históricas e mesmo nessas condições precárias de funcionamento são atualmente responsáveis pela etapa inicial de escolarização dos sujeitos do campo no Pará.
	
	CONCLUSÕES: 
A realidade educacional do campo e das escolas multisseriadas no Estado do Pará e na Região Amazônia, identificada no diagnóstico do GEPERUAZ, tem possibilitado sinalizar para as seguintes reflexões: As escolas multisseriadas devem sair do anonimato: há a necessidade das escolas multisseriadas serem incluídas na agenda das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, do Ministério da Educação, das Universidades, dos Centros de Pesquisa e dos Movimentos Sociais. Elas devem ser analisadas no contexto sócio-econômico-político-ambiental-cultural e educacional do campo da Amazônia e da sociedade brasileira contemporânea. Elas constituem uma precarização do modelo seriado de “urbanocêntrico” ensino como padrão de organização do trabalho pedagógico nessas escolas criando fileiras, grupos e cantos seriados, utilizando vários planejamentos e técnicas de trabalho. Por isso, para oferecer um processo educativo de qualidade têm que se superar essa concepção e esse paradigma. Acredita-se que o enfrentamento desse retrato problemático dessas escolas multisseriadas requer a elaboração e efetivação de políticas sociais e educacionais que impactem essa realidade; a construção coletiva, sociedade civil e poder público, de um projeto de educação do campo, que tome como referência, e valorize, as diferentes experiências, saberes, valores e especificidades culturais das populações que vivem e são da Amazônia
	
	Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq 
	
	Palavras-chave:  Educação do Campo; Escolas Multisseriadas; Amazônia.
	
	Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005