Buscar

A GUERRA DOS SEIS DIAS - ANEXO I

Prévia do material em texto

HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA DA BÍBLIA I 
ANEXO I 
Prof. Ricardo Carvalho Página 1 
 
A Guerra dos Seis Dias (1967): 
Foi um conflito armado que opôs Israel a uma frente de países árabes - 
Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e 
Sudão. 
O crescimento das tensões entre os países árabes e Israel, em meados de 
1967, levou ambos os lados a mobilizarem as suas tropas. Antecipando um ataque 
iminente do Egito e da Jordânia, a Força Aérea Israelense surpreendeu as nações 
aliadas, lançando um ataque preventivo e arrasador à força aérea egípcia. 
O plano traçado pelo Estado-Maior de Israel, chefiado pelo general Moshe 
Dayan (1915-1981), começou a ser posto em prática às 7h e 10min da manhã do dia 5 
de junho de 1967, quando caças israelenses atacaram nove aeroportos militares, 
aniquilando a força aérea egípcia antes que esta saísse do chão e causando danos às 
pistas de aterragem, inclusive com bombas de efeito retardado para dificultar as 
reparações. Ao mesmo tempo, forças blindadas de Israel investiam contra a Faixa de 
Gaza e o norte do Sinai. A Jordânia abriu fogo em Jerusalém e a Síria interveio no 
conflito. 
No terceiro dia de luta, todo o Sinai já estava sob o controle de Israel. Nas 
72 horas seguintes, Israel impôs uma derrota devastadora aos adversários, 
controlando também a Cisjordânia, o sector oriental de Jerusalém e as Colinas de 
Golã, na Síria. 
Como resultado da guerra, aumentou o número de refugiados palestinos na 
Jordânia e no Egipto. Síria e Egipto estreitaram ainda mais as relações com a URSS, 
aproveitando também para renovarem seu arsenal de blindados e aviões, além de 
conseguirem a instalação de novos mísseis, mais perto do Canal de Suez. 
Situação geoestratégica anterior ao conflito (1956 – 1967): 
Nos anos seguintes à crise de Suez, a tensão entre árabes e israelitas havia 
aumentado perigosamente. Contribuíram para isso vários fatores, entre os quais: 
HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA DA BÍBLIA I 
ANEXO I 
Prof. Ricardo Carvalho Página 2 
 
1. A instalação de governos nacionalistas em países árabes (Síria e Iraque), 
em substituição dos regimes pró-ocidentais neles existentes até então. Esses novos 
governos se mostravam favoráveis a uma ação militar contra Israel e pressionavam o 
governo egípcio - o mais forte e populoso do mundo árabe - a se encaminhar nessa 
direção. 
2. A formação de movimentos de resistência palestinianos, que passaram a 
reagir cada vez mais à ocupação de Israel. A contínua repetição de episódios de 
confronto, principalmente ao longo da fronteira de Israel com seus vizinhos, e as 
pressões dos países árabes para uma tomada de posição mais firme por parte do Egito 
levou este último a formalizar pactos militares de defesa mútua com a Síria, a 
Jordânia e o Iraque. Egito e Síria estabelecem, em 1966, um Pacto de Defesa - uma 
aliança militar que os compromete reciprocamente em caso de guerra que implique 
um dos dois países. 
Esquema da conquista da península do Sinai durante a Guerra dos Seis 
Dias. O primeiro passo para o desencadear da guerra deu-se em 7 de Abril de 1967, 
quando Israel lançou um ataque contra posições da artilharia árabe e bases de 
resistência nas Colinas de Golã. Durante a operação seis aviões sírios Mig foram 
abatidos pelos caças de Israel, que voavam baixo sobre a capital da Síria, Damasco. 
Esta provocação inflamou as tensões entre árabes e israelitas. 
A União Soviética passou, através dos seus serviços secretos, informações 
ao governo sírio. Essa suposta troca de informações alertava para um ataque em 
massa do exército de Israel. Embora não existam provas absolutas dessa colaboração 
russa, uma coisa é certa: as informações estavam corretas e ajudaram a empurrar 
tanto a Síria quanto o Egito para a guerra. 
Contudo, o General e Presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser não foi 
perspicaz sobre uma guerra com Israel e tomou decisões que levavam a uma guerra 
fechada - um bloqueio para prevenir um provável ataque israelita. 
HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA DA BÍBLIA I 
ANEXO I 
Prof. Ricardo Carvalho Página 3 
 
Em Maio de 1967, exércitos árabes começaram a juntar forças ao longo das 
fronteiras de Israel. Ao mesmo tempo Nasser ordenou um bloqueio no Golfo de 
Aqaba. Enviou tropas para o Deserto do Sinai e pediu aos Capacetes Azuis da ONU 
para partirem. 
Em resposta a esta ação e ao apoio soviético, o exército israelita foi 
mobilizado. Egito, Síria e Jordânia declararam estado de emergência. Em 22 de Maio 
Nasser fechou o estreito de Tiran aos barcos de Israel, isolando a cidade portuária de 
Eilat. Esta mesma ação, somada a interesses franceses e israelitas, fora a causa da 
Guerra do Canal do Suez, em 1956. Três dias mais tarde os exércitos do Egito, 
Arábia Saudita e Iraque moveram-se para as fronteiras com Israel. Em 30 de Maio, a 
Jordânia juntou-se ao Pacto Egito-Síria, formando o Pacto de Defesa Árabe. Durante 
este período, a imprensa árabe teve um papel vital para a abertura das hostilidades. 
Jornais e rádios passavam constantemente propaganda contra Israel. 
Em 4 de Junho de 1967, Israel estava cercado por forças árabes que eram 
muito mais numerosas do que as suas e seu plano de invasão parecia condenado ao 
fracasso, até a Mossad pensar numa solução. A guerra era iminente. 
Os seis dias: 
Diante da ação árabe iminente, antes da invasão começar, o governo e os 
líderes militares de Israel implementaram uma estratégia para furar o bloqueio militar 
legal imposto pelos árabes. Logo depois das 8:45 do dia 5 de Junho lançaram um 
ataque aéreo contra as forças árabes. Este ataque aéreo, com o nome de código 
'Moked', foi desenhado para destruir a Força Aérea do Egito enquanto esta estava no 
solo. Em três horas, a maioria dos aviões e bases estava destruída. Os caças israelitas 
operavam continuamente apenas voltando para se reabastecer de combustível e 
armamento em apenas sete minutos. Neste primeiro dia, os árabes perderam mais de 
400 aviões; Israel perdeu 20. Esses ataques aéreos deram a Israel à hipótese de 
destroçar de forma desigual as forças de defesa árabes. 
 
HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA DA BÍBLIA I 
ANEXO I 
Prof. Ricardo Carvalho Página 4 
 
De seguida, as forças terrestres de Israel deslocaram-se para a Península do 
Sinai e Faixa de Gaza onde cercaram as unidades egípcias. 
A guerra não era longe da frente leste de Israel. O primeiro-ministro de 
Israel, Levy Eshkol, enviou uma mensagem ao rei Hussein da Jordânia: "Não 
empreenderemos ações contra a Jordânia, a menos que seu país nos ataque". Mas na 
manhã do 2º dia, Nasser telefonou a Hussein, encorajando-o a lutar. Ele disse a 
Hussein que o Egipto tinha saído vitorioso no combate da manhã - um engano de 
Nasser que provocou uma derrota esmagadora da Jordânia, mas que conseguiu 
impedir que Israel tomasse Amã. 
No mesmo dia, às 11:00, tropas da Jordânia atacaram Israel a partir de 
Jerusalém, com morteiros e artilharia. Com o controle total dos céus, as forças 
israelianas em terra estavam livres para invadir o Egito e a Jordânia. Por causa disto, 
os reforços árabes que foram enviados tiveram sérios contratempos, o que permitiu 
que os israelitas tomassem grande parte da cidade dos jordanos em apenas 24 horas. 
No terceiro dia da guerra, 7 de Junho, as forças jordanas foram empurradas 
para a Cisjordânia, atravessando o rio Jordão. Israel tinha anexada toda a Cisjordânia 
e Jerusalém, invadindo e tomando a cidade. 
A ONU consegue um acordo de cessar-fogo entre Israel e a Jordânia que 
entra em vigor nessa tarde. Após o cessar-fogo, o grande contingente de tropas e 
tanques de Israel foi dirigido contra as forças do Egito no Desertodo Sinai e Faixa de 
Gaza. As Forças de Defesa de Israel atacaram com três divisões de tanques, 
páraquedistas e infantaria. Conscientes de que a guerra somente poderia durar poucos 
dias e que era essencial uma vitória rápida, os israelitas concentraram todo o seu 
poder através das linhas egípcias no Deserto do Sinai. 
Em 8 de Junho, os israelitas começam o seu ataque no Deserto do Sinai e, 
sob a liderança do General Ariel Sharon, empurraram os egípcios para o Canal do 
Suez. No final do dia, as Tzahal alcançaram o canal e a sua artilharia continuou a 
HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA DA BÍBLIA I 
ANEXO I 
Prof. Ricardo Carvalho Página 5 
 
batalha ao longo da linha de frente, enquanto a força aérea atacava as forças egípcias, 
que, em retirada, tentavam recuar utilizando as poucas estradas não controladas. No 
final do dia os israelitas controlavam toda a Península do Sinai e de seguida o Egito 
aceitou um cessar-fogo com Israel. 
Às primeiras horas do mesmo dia 8 de Junho, Israel bombardeou 
acidentalmente o navio de guerra americano USS Liberty, ao largo da costa de Israel, 
que havia sido confundido com um barco de tropas árabes. 34 americanos morreram. 
Com o Sinai sob controle, Israel começa o assalto às posições sírias nas 
Colinas de Golã, no dia 9 de Junho. Foi uma ofensiva difícil devido às bem 
entrincheiradas forças sírias e ao terreno acidentado. Israel envia uma brigada 
blindada para as linhas da frente, enquanto a infantaria atacava as posições sírias, e 
ganha o controle das colinas. 
Às 18:30 do dia 10 de Junho, a Síria retirou-se e foi assinado o armistício. 
Era o fim da guerra nos campos de batalha. Mas alguns resultados se estenderam por 
anos posteriores. 
Consequências da guerra: 
A Guerra dos Seis Dias foi uma grande derrota para os Estados Árabes, que 
perderam mais de metade do seu equipamento militar. A Força Aérea da Jordânia foi 
completamente destruída. Os árabes sofreram 18.000 baixas, enquanto do lado de 
Israel houve 766. 
No dia seguinte à conquista da Península do Sinai, o Presidente Nasser do 
Egito resignou humilhado enquanto os outros líderes árabes perderam popularidade. 
Contudo, esta derrota não mudou a atitude dos Estados Árabes em relação a Israel. 
Em Agosto de 1967, líderes árabes reuniram-se em Cartum e anunciaram uma 
mensagem de compromisso para o mundo: não às negociações diplomáticas e 
reconhecimento do Estado de Israel, que lhes havia causado um grande prejuízo. 
HISTÓRIA, GEOGRAFIA E ARQUEOLOGIA DA BÍBLIA I 
ANEXO I 
Prof. Ricardo Carvalho Página 6 
 
Quanto a Israel, teve ganhos consideráveis como decorrência da guerra. As 
suas fronteiras eram agora maiores e incluíam as Colinas de Golã, a Cisjordânia 
("Margem Ocidental") e a Península do Sinai. O controle de Jerusalém foi de 
considerável importância para o povo judeu por causa do valor histórico e religioso, 
já que a cidade foi judaica até a quase 2000 anos, quando os romanos expulsaram os 
judeus. Depois, com o passar dos séculos, Jerusalém esteve quase sempre sob o 
controle de grandes Impérios, como o Bizantino, o Otomano e o Britânico, sendo que, 
apenas após a Guerra, voltaria totalmente ao controle de um estado judeu. 
Por causa da guerra iniciou-se a fuga dos palestinianos das suas casas. 
Como resultado, aumentou o número de refugiados na Jordânia e no Eua. O conflito 
criou 350 000 refugiados, que foram rejeitados pelos estados árabes vizinhos. 
Resolução 242 das Nações Unidas: 
Em Novembro de 1967, as Nações Unidas aprovaram a Resolução 242, que 
ordena a retirada de Israel dos territórios ocupados e a resolução do problema dos 
refugiados. Israel não cumpriu a resolução para se retirar dos territórios ocupados, e 
só negocia se os estados árabes reconhecerem o estado de Israel. Os líderes árabes em 
Cartum afirmam que a Resolução 242 não é mais do que uma lista de desejos 
internacionais.

Continue navegando