Buscar

Aula de 1 a 5

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 1: Estética e história da arte contemporânea
1. Mostrar a importância da arte, da história e da estética para o homem hoje. 
2. Explicar a evolução histórica das ideias estéticas, de seus principais pensadores e 
influências, desde a Antiguidade até hoje.
3. Chegar ao surgimento dos conceitos necessários para a compreensão do cenário 
artístico atual. 
Introdução:
Antes de mais nada, é bom registrar que o homem sempre produziu arte. A arte tomou 
formas, e foi compreendida de maneiras diferentes ao longo do tempo. Porém, jamais o 
homem produziu tantas imagens quanto produz hoje, que vivemos a “civilização da 
imagem”. Profissionais da imagem precisam estar sempre familiarizados com a arte. No 
campo da arte se dá as pesquisas e gerações de novas imagens. Entender os 
mecanismos da arte de hoje, além de um diferencial, é uma ferramenta para o trabalho. 
Seu domínio pode representar uma vantagem profissional, além de permitir acesso a 
uma fonte de ideias para trabalhos relacionados. Para compreender isso, vamos estudar 
como a arte chegou a ser o que é hoje. Antes de começarmos a estudar essa história, 
vamos falar, de modo resumido, do pensamento que acompanha a arte. A estética é o 
ramo da filosofia que estuda a arte.
O nascimento do conceito de estética
A reflexão filosófica sobre a arte nasceu na Grécia, no século VI a.C. Os primeiros 
filósofos, chamados de físicos, por Aristóteles, fundaram uma tradição de investigação 
da natureza. No século V a.C. os sofistas introduziram o ponto de vista reflexivo-crítico, 
característico da filosofia. Sócrates os criticou por sua falta de rigor e principalmente 
por usar a habilidade de raciocínio para confundir os adversários - e se beneficiar disso. 
Sócrates foi o primeiro a indagar a respeito do que seria uma pintura. Platão, discípulo 
de Socrátes, problematizou em seu livro A república, a existência e a finalidade das 
artes, ligando-as ao problema mais geral da realidade e do conhecimento, do sentido da 
beleza e da vida psicológica e moral, assim como os pré-Socráticos tinham 
problematizado anteriormente a natureza. Aristóteles, discípulo de Platão, desenvolveu 
em seu livro Poética ideias relativas à origem da poesia e à conceituação dos gêneros 
poéticos, representando uma primeira teoria da arte. Podemos dizer que a doutrina de 
Platão condensou a experiência do Belo, alcançada pela cultura antiga: O princípio da 
imitação, para definir a natureza da arte, o estético para estabelecer as condições 
necessárias de sua existência e o moral para julgar seu valor. Ela se baseou, portanto, no 
1
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
que chamamos de princípios da beleza clássica: equilíbrio, simetria, respeito as 
proporções, harmonia. Na Grécia em geral, as artes deviam representar o que é belo, 
tanto no sentido estético como moral, para que o espírito, estimulado pelo prazer da 
contemplação do perfeito, sinta-se inclinado à prática dos conhecimentos e da verdade. 
Veremos como essas noções, pensadas por essas tribos gregas, foram influentes em 
nossa arte e ainda constituem hoje uma base de referência e compreensão do gosto 
popular. Logo, nas épocas clássicas, a estética era definida como a “filosofia do belo”. O 
belo era uma propriedade do objeto, que era captado e estudado, subdividindo-se entre 
o belo da arte e da natureza. Influenciada por Platão, a filosofia estabeleceu uma 
hierarquia entre esses dois belos, considerando que o belo da natureza tinha primazia 
sobre o da arte. 
Vamos conhecer como a filosofia platônica influenciou o conceito de estética? Observe: 
Platão não foi capaz de julgar com equidade as artes plásticas, tendo-as identificado 
com as artes miméticas que apenas imitavam a aparência sensível do mundo dos 
corpos. A filosofia platônica não era simpática às artes. Na sua República 
ideal não eram bem vistas as artes de “imitação por cópia ou por simulacro”, entre as 
quais incluíam a pintura e a escultura, porque tendiam a duplicar inutilmente o mundo 
sensível ou, ainda, induziam em erro o nosso olhar nos afastando do caminho da 
verdade. A filosofia platônica considerava que as artes de “imitação por cópia ou por 
simulacro” tendiam a duplicar inutilmente o mundo sensível ou, ainda, induziam em 
erro o nosso olhar. Para Platão, a obra de arte não devia pretender alcançar uma 
categoria mais elevada do que a da “imagem” por se opor ao conceito de “ideia” que 
caracterizava o “conhecimento verdadeiro”. Para Platão: Idéia (= conhecimento 
verdadeiro) imagem -arte- (não devia pretender alcançar uma categoria mais elevada) 
Idade Média
Com a queda do Império Romano e com a dispersão do pensamento, não se discutiu a 
questão estética. O belo era considerado pertencente a Deus e não era considerado nas 
discussões sobre as artes, que tinham por função transmitir a doutrina cristã para os 
que não sabiam ler.
Renascimento
O Renascimento surgiu com o fim do período conhecido por “Idade Média” 
conjuntamente à filosofia denominada Humanismo. Nesse período, o belo retorna à 
esfera das artes por meio de outro conceito, o de natureza. Passa a ser tarefa do artista, 
identificar e destacar da natureza os belos aspectos da criação divina.
2
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Conceito de estética
O conceito de estética surge como uma disciplina filosófica com A. G. Baumgarten, no 
século XVIII, conceituada como ciência do belo e da arte, mas vai ganhar importância 
com a contribuição de Kant. Foi ele quem estabeleceu a autonomia desse domínio do 
belo. Logo, o belo converteu-se, depois de Kant, na questão da experiência estética, 
que passa a ser interpretada pelas diversas tendências do século XIX. Já Hegel, no 
século XVIII, elaborou um sistema filosófico e contribuiu para fazer dessa filosofia o que 
ela é hoje: uma reflexão que tem, como um de seus fins últimos, justificar a existência e 
o valor da arte.
Vamos agora, apresentar os conceitos mais importantes da evolução da estética:
1 . Influência Kantiana : Por influência de Kant, os pensadores subdividiram o campo 
estético. Kant cria um sistema focado, não na definição do belo, mas no 
estabelecimento da “Crítica da capacidade de julgar”. A reflexão sobre a beleza assume 
a forma de uma descrição da consciência estética, da impressão produzida pela obra. O 
entendimento estético passa a ser considerado ligado à imaginação e contrasta agora o 
belo com o sublime. Na verdade este fato não era novo. Aristóteles havia considerado a 
comédia como associada à “arte da desordem”, aproximando-a do “feio” e 
contrapondo-a à harmonia convencional, sem, no entanto, deixar de entendê-la como 
estando inserida no campo estético. A ideia do sublime funda uma estética nova, que 
supera a definição clássica do belo. A obra de arte em vez de imitar a natureza, passa a 
tornar visível um mundo desconhecido. O sentimento do sublime nasce do deleite, do 
arrebatamento ou êxtase misturada a certa dose de terror originado pelo espetáculo do 
desconhecimento e do poder da natureza.
2 . Pensamento Pós-Kantiano : O pensamento pós-kantiano, no entanto, começou a 
inquirir se era válido definir a estética como “filosofia do belo”, já que o campo estético 
incluía categorias que nada tinham a ver com a beleza, como no caso do cômico. 
Propuseram estes filósofos, então, a categorização da estética como uma ciência, 
substituindo a palavra “belo” por “estético”. Da “filosofia do belo e da arte” surgiu a 
“ciência do estético”, passando a incluir todas as categorias pelas quais os artistas e 
pensadores haviam refletido, assimcomo o trágico, o sublime, o gracioso, o risível e o 
humorístico, reservando para a denominação de belo aquele modelo clássico definido 
3
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
pela harmonia e pelo senso de proporção. "Filosofia do Belo e da Arte" - " Ciência do 
estético" (Trágico, Sublime, Gracioso, Risível, Humorístico)
3 . Idealismo Hegeliano : No Idealismo Hegeliano, com seu pensamento de substrato 
platônico, o conceito de estética passou a considerar o belo da arte como sendo 
superior ao belo da natureza. Para o pensamento hegeliano, a beleza artística revelava 
uma maior dignidade do que a beleza natural, pois enquanto a natureza era nascida 
uma vez do espírito, a arte nascia duas vezes do espírito. Considerava a beleza da 
natureza uma coisa distinta e assim a estética passou a ser considerada uma “filosofia 
da arte”. E, como consequência, a arte passou a ser percebida como uma forma de 
manifestação do pensamento visual. Para Hegel o belo não é mais um julgamento da 
origem subjetiva, mas uma ideia que existe na realidade. A arte será, como a religião e a 
filosofia, uma das manifestações do espírito. E o belo será a manifestação sensível, 
numa obra de arte histórica, desse espírito. Logo, a “filosofia da beleza” clássica foi 
reformulada pelas observações da estética pós-kantiana sobre as obras de arte 
baseadas no feio e no mal. A estética, após Hegel, passou a ser um conceito capaz de 
compreender finalmente, o amargor e a aspereza das obras de Rimbaud, Goya, Bosch, 
Brueghel, da arte africana, do Barroco, do gótico e do românico, do Cubismo, do 
Dadaísmo e do Expressionismo. Da arte moderna e contemporânea, com seus aspectos 
monstruosos e contraditórios. Na modernidade, a estética passou a ser também 
identificada com o grotesco, representando uma reformulação da filosofia inteira ante a 
beleza e a arte.
Na modernidade os conceitos que eram empregados no passado, para categorizar as 
obras de arte, passaram a ser indeterminados quanto:
Aos gêneros; Às formas; Aos períodos ou estilos; Ou movimentos. 
Vários dos novos movimentos que surgiram então tinham as mesmas características 
dessas classificações e eram evidentemente diferentes, não só formalmente, como 
oriundas de pensamentos e situações sociais diferentes. Assim, as novas formas levaram 
críticos e historiadores a criar novas classificações. A expressão e a experiência da obra 
de arte passaram a não mais ser definidas pelo uso de simples pares de adjetivos como 
belo e feio, requintado ou grosseiro, leve ou pesado. Isso representou motivo de 
confusão para o espectador leigo e desavisado. Nesse contexto, na 
modernidade aumentou a importância do crítico de arte, que “explica” para os não 
especialistas os trabalhos aparentemente incompreensíveis e os classifica para facilitar 
sua compreensão. Atua também como guia para os investidores que surgiram com o 
4
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
desenvolvimento do conceito moderno de indivíduo, do público apreciador e 
colecionador de arte e dos lucros. Já na pós-modernidade, diversas possibilidades 
estéticas e antiestéticas coexistem em um mesmo tempo e lugar, de modo diverso do 
passado. Essa situação é caracterizada por críticos como Pluralismo. Na atualidade a 
crítica utiliza, para elaborar suas teorias e propor classificações, conceitos filosóficos e 
estéticos, tanto antigos como novos, estreitando a relação entre arte e filosofia.
A estética e a modernidade 
Segundo os críticos e historiadores, a afirmação consciente de um “olhar puro” surge 
com Manet, no domínio da pintura impressionista, revelando uma afirmação da 
onipotência do olhar criador. Esse olhar, definido pela mestria do artista sobre aquilo 
que lhe pertencia em particular, ou seja, a forma e a técnica enquanto um fim exclusivo 
da arte e como uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos produtores sobre sua 
própria produção, era capaz de se aplicar a qualquer tipo de tema, confrontando-se com 
a tradição acadêmica que valorizava certos temas nas pinturas. Antes de Manet, o 
Realismo de Courbet passou a retratar temas sociais e pessoas simples. O 
Impressionismo passou a pintar objetos “insignificantes” que se tornam pretexto para o 
artista criador exercer seu poder “semidivino de transmutação”. No Modernismo foi 
superada a concepção acadêmica de que havia temas dignos de serem representados. A 
atenção volta-se para o modo como foi representado e, posteriormente, para como foi 
pintado. O desenvolvimento desse caminho resultou em uma arte não mimética ou na 
arte abstrata moderna, que atingiu o seu ápice no Expressionismo abstrato norte-
americano. Mas a pintura continua existindo hoje, tanto figurativa como abstrata, como 
uma espécie de geradora de significados novos que refletem por sua vez as novas 
formas geradas na sociedade contemporânea.
“O espelho falso”, Magritte. Artista surrealista que deu aos objetos ordinários uma 
torção irracional com a justaposição de elementos do absurdo.
“Fonte”, Marcel Duchamp. Embora cronologicamente pertencendo ao moderno, o 
trabalho de Duchamp abre possibilidades que continuam a ser tratadas na pós-
modernidade, como seu questionamento da estética e da ar
A estética e a pós-modernidade
Ainda no século XX, a atitude modernista de Marcel Duchamp no dadaísmo e 
contemporânea de Andy Warhol na pop arte, de exporem “objetos do mundo” como 
obras de arte, representou um tratamento de choque que indicou uma onipotência da 
5
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
atitude “criadora pura” do artista, retratando o vulgar, o medíocre e o cotidiano. Mas o 
mictório de Duchamp e as latas de sopa Campbell de Warhol deviam suas estruturas 
formais e seu valor estético somente à estrutura do campo intelectual onde se situamm 
muitos trabalhos da arte conceitual e da arte contemporânea também. Cada um com 
suas implicações estéticas próprias, relacionadas a condições históricas, sociais e 
espaciais próprias. Na atualidade, todos esses desenvolvimentos relacionam-se entre si, 
somados aos desenvolvimentos da pintura, da escultura, da fotografia e de outras 
formas de arte. Assim a arte assume hoje, e continuará assumindo, formas muito 
variáveis na chamada “Civilização da Imagem”. Para compreendê-la é fundamental o 
conhecimento dos caminhos que a geraram. A produção e o consumo de obras 
resultante das “vanguardas” modernistas e pós-modernistas, que se caracterizavam por 
rupturas históricas com a tradição artística clássica, tendem, no entanto, a se tornar 
também históricas, apesar de seu caráter eminentemente não-histórico de formalismo. 
Andy Warhol usou ícones da cultura popular desenvolvida no pós-guerra, para produzir 
uma arte inovadora em oposição ao predomínio que havia da arte abstrata do período. 
Rompeu assim com a separação entre Alta Cultura e Cultura Popular. Esta disciplina 
pretende mostrar o processo histórico refletindo uma percepção diacrítica da obra de 
arte, ou seja, uma postura atenta às relações estabelecidas com outras obras modernas, 
contemporâneas e também do passado. Isso vai permitir a você o acesso a uma análise 
das manifestações das artes visuais modernas e contemporâneas e suas relações com as 
diferentes sociedades que as produziram.
Aula 02: A história da arte: da antiguidade à arte moderna
1. Compreender o conceito de arte.
2. Demonstrar a evolução da arte desde os primórdios do homem até o surgimento da 
fotografia no século XIX.
3. Apresentar os grandes artistas da história da arte. 
Introdução:
Provavelmente um baile funk está mais próximo da ideia do que poderíamos chamar de 
arte na “Idade da PedraLascada” do que as pinturas que decoram os lares modernos. 
Isso porque as imagens que conhecemos hoje eram feitas em locais aonde os grupos 
humanos iam para uma espécie de ritual, as cavernas, muitas vezes de difícil acesso. 
Eles eram nômades que viviam atrás da caça e da colheita de frutos. Assim como 
falamos em “tribos” quando nos referimos aos grupos que promovem suas identidades 
por meio de roupas, códigos e símbolos, esses grupos promoviam sua identidade nesses 
6
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
encontros, com rituais que incluíam músicas, danças e bebidas. O que é salientado aqui 
é a proximidade que temos com esses nossos ancestrais. Ela ajuda-nos a compreender 
as dificuldades que homens e mulheres têm para se adaptar às novas funções que a 
sociedade moderna, que está sempre em transformação, nos atribui e exige. Nesse 
sentido, todos estão convidados a pensar do ponto de vista das imagens a nossa própria 
condição, por meio de uma característica humana: desde que o homem existe, ele 
produz arte. Estudar suas variações, o que, como e em quais condições consideramos 
algo como arte pode nos ajudar a entender a nós mesmos um pouco melhor.
Introdução – Da pré-história à antiguidade
 Esse homem primitivo, do período Paleolítico, produzia essas imagens não com o 
intuito de decorar suas cavernas, mas como parte de rituais mágicos. O objetivo seria o 
sucesso nas caçadas ou, talvez, para que a caça surgisse novamente com o fim da Era 
Glacial. O fato é que ao observarmos essas imagens hoje percebemos que aquele 
homem que desenhava conhecia muito bem esses animais e como representá-los. 
Provavelmente dedicava parte de seu tempo à coleta de terras e vegetais e à produção 
de pigmentos, gorduras e instrumentos. Daí a suposição de que esse “artista” foi 
provavelmente muitas vezes o feiticeiro e também talvez o chefe da sua tribo. A 
primeira revolução que temos notícia na evolução do homem moderno teve início com 
a transição para o período a que denominamos Neolítico. Essa revolução deu-se com a 
conquista do domínio sobre a agricultura e os animais. O homem do neolítico aprendeu 
a cultivar o solo, a domesticar os animais e assim abandonou a vida nômade e passou a 
se fixar em locais mais propícios. Logo desenvolveu as primeiras indústrias: cerâmica, 
pesca - anzol -, tecelagem – agulha -, construção de habitações e armas. Com a 
agricultura esses homens começaram a prever o tempo e, com isso, desenvolveram a 
capacidade de abstração. Surgiram então os primeiros indícios da maior abstração 
criada pelo homem: a crença em uma vida após a morte. O homem do Neolítico passou 
a cultuar seus mortos. Pouco nos restou dessa arte produzida em aldeias, que não 
ficou protegida nas cavernas como a do período histórico anterior. Aferimos muito 
sobre esses povos a partir dos poucos objetos que encontramos e pelos estudos 
realizados principalmente no século XX por antropólogos que estudaram tribos ditas 
“primitivas” na América do Sul, na Austrália, na Oceania e na África. Acabamos de falar 
em período histórico. A história acontece hoje e sempre, mas ligamos o conceito de 
história à escrita, pois é quando os fatos se tornam memoráveis (eles são escritos). 
Então, com o surgimento da escrita, passamos da pré-história para a história.
7
A antiguidade clássica
Os gregos eram mercadores, já que o solo grego é montanhoso e pouco propício à 
agricultura. Assim, fizeram uma espécie de inventário das culturas dos povos antigos. 
Depois a sintetizaram, adaptaram e desenvolveram seus conhecimentos. Mas até hoje 
permanece um tanto quanto inexplicável como essas tribos de jônicos, dóricos e 
coríntios conseguiram atingir tão alto grau de desenvolvimento cultural, vários séculos 
antes de Cristo. A Grécia clássica é considerada o berço da cultura ocidental. Havia 
conhecimento dos efeitos ópticos. O Parthenon, por exemplo, possui linhas horizontais 
ligeiramente curvas - abauladas: chega a 6cm a mais no meio da parte frontal e 10cm na 
lateral. Assim parece ter linhas retas e não fica achatado e “corrige” a ilusão de óptica. 
A distância entre as pilastras são maiores no centro do que nos cantos.
Somos todos gregos
A Grécia produziu os conceitos de história, filosofia, arte e tentou explicar o da vida, por 
meio dos mitos e do destino. No campo da arte surgiu o teatro e há um notável 
desenvolvimento técnico da arquitetura, da pintura - segundo os textos - e da escultura. 
O escultor Fídias elevou o status do artista plástico ao mesmo nível do poeta e do 
músico. Depois dele o escultor Policleto desenvolveu o cânone das proporções 
humanas, utilizado até hoje nos cursos de artes, possibilitando criar esculturas com as 
proporções humanas consideradas ideais. A cultura grega expandiu-se com as 
conquistas territoriais de Alexandre, o Grande. Os gregos dominaram plenamente as 
relações de proporção anatômicas. 
Posteriormente os romanos invadiram a Grécia e, se a conquistaram militarmente, são 
conquistados por ela culturalmente. Adotaram seus hábitos e até seus deuses, criando a 
cultura greco-romana, que chegou até nós. A Roma Imperial “importou” os artistas 
gregos e desenvolveu a arte dos retratos. Se na Grécia os deuses recebiam a forma de 
homens ideais, em Roma os homens eram idealizados para se tornarem deuses na 
figura dos governantes. Se os egípcios representavam o que sabiam, os gregos 
reproduziam o que viam. Essa capacidade foi perdida quando o Império Romano ruiu, e 
só foi reconquistada na Idade Moderna, no período conhecido como Renascimento.
A idade média
Chamamos de Arte Cristã Primitiva a arte dos povos romanos convertidos ao 
cristianismo, junto com o Imperador Constantino. No Ocidente, com a instabilidade dos 
novos reinos, envolvidos em conflitos e sem recursos para manter artistas profissionais, 
8
ocorreu um declínio técnico com o desaparecimento da profissão do artista. As imagens 
dessa arte apresentam muitos símbolos do cristianismo primitivo. Em geral com uma 
força expressiva muito grande, advinda da fé simples.
Já em Bizâncio, com os artesãos da Corte, preservam-se os livros e as técnicas, mas um 
grupo iconoclasta proclamou que as representações ficariam proibidas, para não serem 
confundidas com as representações dos deuses pagãos. Na parte ocidental do Império 
Romano essa orientação não era seguida quanto às pinturas, consideradas úteis porque 
ajudavam a congregação a recordar os ensinamentos que os fiéis haviam recebido. " A 
pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz para os que sabem ler" (Papa 
Gregório, O Grande)
Por volta do ano 1000, o mapa da Europa já começa a se parecer com o que 
conhecemos atualmente. Havia então certa estabilidade com a formação de reinos e 
feudos. Como o cristianismo era a religião dominante, iniciou-se uma onda de 
construção de igrejas, que eram a maior edificação de cada aldeia medieval e motivo de 
orgulho e competição entre vilas. São aproveitadas muitas bases de antigas basílicas 
romanas e inicia-se uma recuperação dos conhecimentos tecnológicos das construções. 
Há destaque para o Império Carolíngeo. Por esse tempo livros eram artigos caros e 
raros.
Por volta de 1150, na Ille de France, uma inovação técnica funda o estilo chamado de 
gótico. Tratou da descoberta de que se poderia jogar todo o peso do telhado sobre as 
colunas e da substituição do arco de plena volta pelo arco ogival na construção dos 
problemáticos telhados. Puderam assim fazer construções mais altas com menos peso e 
material. Esse estilo desenvolveu-se pelos séculos seguintes e culminou na construção 
de igrejas altíssimas como a de NotreDame, em Paris. É cheia de arcobotantes e 
contrafortes, que caracterizam a arquitetura desse período. Nos telhados dessas igrejas 
encontram-se as gárgulas, que eram as saídas de água. Eram figuras monstruosas, 
utilizadas para simbolizar os demônios que infestavam o mundo e que não podiam 
entrar na igreja, onde o fiel estava protegido. Com essas encomendas e 
algumas outras que decoravam as igrejas, começaram a aparecer artesãos habilidosos 
que viajavam vendendo seus serviços. Essa tradição acabou por despertar a carreira de 
artista profissional, que estivera extinta, exceto em Bizâncio, para os poucos artistas da 
Corte. Isso explica em parte o surgimento de tantos artistas quando as mudanças da 
transição do regime feudal para o capitalista ou da Idade Média para a Idade Moderna 
9
se tornaram efetivas. A escultura atingiu grande desenvolvimento, pois havia na Itália 
diversos exemplos.
A Renascença
O Renascimento - ou Renascença - é marcado por uma corrente de pensamento 
chamada de Humanismo, que traz uma valorização do ser humano e da natureza, em 
oposição ao sobrenatural cultuado na Idade Média.
Idade Média
Economia: agrária, artesanal e urbana.
Arte: formas góticas
Idade Moderna
Economia: manufatureira mercantilista e nacional.
Arte: formas renascentistas.
No período conhecido como Renascença, o escultor Donatello utilizou as estátuas para 
estudar as proporções e criar novas estátuas equestres, o que não acontecia desde a 
Antiguidade clássica.
Sandro Botticelli destacou-se na transição da primeira fase para a alta Renascença, 
fazendo a ligação de temas cristãos com temas clássicos, em pinturas de figuras 
elegantes e lineares.
Idade Média - Basílica cristã primitiva foi adaptada dos tempos romanos e transfomada 
em complicado desenho octogonal em Bizâncio. 
Época românica - Pesados templos com poucas janelas e grossas paredes.
Gótico - Altíssimas igrejas que valorizavam a noção de infinitude.
Renascimento - De posse de todos esses conhecimentos técnicos desenvolvidos, a ideia 
de arquitetos como Brunelleschi foi no sentido de refinamento estético, retornando aos 
conceitos clássicos de equilíbrio, harmonia e mantendo a ideia de proporção entre as 
partes, a partir de relações matemáticas e compreensíveis de todas as vistas das 
construções. A ideia de Renascimento vem da ideia de renascer da cultura clássica ou 
greco-romana. 
Iniciou-se por volta do final do século XIV e durou até o início do século XVII, com muitas 
variações entre as diferentes regiões da Europa.
No desenvolvimento da arte Renascentista, houve:
1. Fase de desenvolvimento - O pré- renascimento 
2. Fase de solidificação - O alto renascimento
10
3. Fase de transição - Maneirismo
O espírito de interpretação científica do mundo levou - na pintura - ao surgimento de 
diversas inovações, como a perspectiva, a composição piramidal, a pintura a óleo e o 
claro escuro, que ajudaram a criar a ilusão de volume no plano da tela e iniciou uma 
tendência à busca de um maior naturalismo na representação das imagens.
A Renascença
No alto Renascimento conhecemos a obra de muitos grandes artistas que consolidam 
essas descobertas. 
Leonardo da Vinci é o homem renascentista por excelência. Foi engenheiro, biólogo, 
escultor, pintor, arquiteto e um grande inventor. 
Em sua pintura a óleo mais conhecida, a Mona Lisa, podemos ver a composição 
piramidal, a maestria no uso do sfumato. Leonardo inventou e usou a técnica do 
sfumatto. Ele não terminou de desenhar os cantos dos olhos e a boca da figura. Deixa 
essas partes imersas em sombras “esfumaçadas” e o observador completa a imagem. 
Esse recurso – de deixar para o observador a tarefa de completar a imagem - foi 
compreendido somente no século XX pela teoria da Gestalt.
Mas na arte foi “inventada” por Leonardo no Renascimento e desenvolvida depois no 
Barroco por Velasquez, Rembrandt e usada em outras técnicas pelos impressionistas na 
arte moderna.
"SANTA CEIA" , por Leonardo Da Vinci
As composições renascentistas partiam da forma triangular. Os apóstolos são 
agrupados três a três formando triângulos e a própria imagem do Cristo parece um 
triângulo central, com as linhas de perspectiva convergindo para a sua cabeça.
Michelângelo considerava que a tarefa do escultor era a de remover as partes que 
ficavam ao redor da imagem e que ele visualizava ainda no bloco de mármore. Atuou 
como pintor no teto da Capela Sistina no Vaticano.
Na Antiguidade Fídias tornou-se célebre ao dominar com maestria a arte de esculpir em 
formas proporcionais consideradas ideais às imagens dos deuses. A ele se seguiram 
muitos outros, como Praxístoles, Míron, Policleto, Lisipo e Escopas, que também se 
destacaram por seu talento. Somente no Renascimento voltamos a ter artistas cuja 
fama conquistada fez com que seus nomes chegassem até nós.
Raphael ficou famoso não só pelo domínio das técnicas como também por sua 
capacidade de criar arranjos harmoniosos com enormes grupos de personagens.
Já Ticiano, em Veneza, inovou equilibrando os arranjos com cores e objetos.
O Maneirismo tem sido reexaminado, mas tende a ser visto como uma fase de transição 
11
e do surgimento de novas pesquisas. El Greco, Tintoretto, Parmigianino, Holbein 
(pintores) e Celinni (escultor) são alguns exemplos de artistas desse período.
O Barroco
René Descartes
No século XVII inicia-se o período conhecido como Barroco. Ocorreram então grandes 
mudanças na estrutura do pensamento ocidental com a revolução científica. O mais 
influente filósofo foi René Descartes.
Com esse espírito os pensadores deixaram de acreditar em dogmas e passaram a aceitar 
apenas aquilo que podia ser experimentado ou compreendido racionalmente. Há então 
uma mudança da concepção aristotélica - defendida pela Igreja - de um mundo 
ordenado, limitado e imóvel, para a de um mundo em constante movimento, segundo 
Newton, Galileu Galilei, Kepler, Leibnitz, entre outros.
A arte barroca desenvolveu as técnicas renascentistas no sentido da dramaticidade, 
intensidade e emoção, de maneira completamente diferente das formas estáveis, da 
composição equilibrada e muitas vezes estática, utilizada pelos mestres renascentistas, 
mais racionais e menos emocionais que os barrocos.
É caracterizada por suntuosidades, exageros ornamentais, efeitos de claro/escuro, de 
movimento, de contrastes e de cores.
A origem da palavra “barroco” é irregular, contorcido, grotesco. É o resultado na arte 
dos diversos acontecimentos do período, como restabelecimento de um catolicismo 
forte em desacordo com o novo papel da ciência, como resultado da Contrareforma e o 
Estado absolutista.
A arte barroca desenvolveu-se de modo diverso em locais como:
Na Holanda, com a Reforma desapareceu o principal cliente, a Igreja. Os artistas 
começaram a fazer seus quadros sem encomendas e os levar para vender nas feiras, de 
modo semelhante ao que ocorre hoje. 
Surgiram então os pintores de gênero, entre os quais “Veemeer Van Delf”, mestre da 
luz, que acaba com os últimos vestígios de ilustrações bem humoradas e de cenas 
anedóticas, pintando mulheres em afazeres diários simples, porém cheios de dignidade. 
Com as naturezas mortas produzidas pelos artistas holandeses, começou-se a 
demonstrar que o tema de uma pintura é muito menos importante do que se pensava.
Na escultura do período há destaque para Lorenso Bernine, que criou efeitos 
extremamente emocionais para despertar sentimentos e desenvolveu tratamento das 
roupagens para aumentar o efeito de excitação e movimento.
Em arquitetura, as regras de bom gosto - Introduzidas por Andreas Palladio em seu livro 
12
Eduardo
Realce
Os quatro livrosde Arquitetura - eram respeitadas.
Havia o ideal de dignidade e simplicidade nas igrejas protestantes - salas de reunião 
para meditação -, em oposição as igrejas barrocas, que, para impressionar, dominar e 
exibie seu poderio eram suntuosamente decoradas.
No Brasil, guardadas as proporções com a Europa, também havia o contraste entre as 
casa simples e as igrejas, que até hoje impressionam.
No período barroco, o aprendizado é sistematizado em universidades e essa se torna 
uma prática usual, que revela a mudança da mentalidade.
O Barroco no Brasil
A arte populariza-se por meio das Igrejas, principalmente em Minas Gerais, com 
destaque para Antonio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, que sofreu de doença que 
levou gradativamente à amputação de seus dedos e mãos. Em sua fase final, consta que 
seus auxiliares amarravam as ferramentas para que ele pudesse trabalhar. Em 
oposição ao estilo oficial que seria trazido pela Corte para a fundação da Real Academia 
de Artes e Ofícios, o Barroco brasileiro apresenta traços de arte ingênua, destacando-se 
a liberdade de representação. Com a despreocupação das relações de proporções 
corretas das obras neoclássicas, criam-se trabalhos de forte apelo emocional e de 
grande expressão. É possível a comparação, em termos de história, com o período que 
se seguiu à decadência da cultura greco-romana e da expansão do cristianismo, quando 
a arte se caracterizou pela perda do conhecimento das proporções do desenho 
“correto” e pela maior transmissão das emoções e dos sentimentos dos artistas. É a 
primeira manifestação representativa de uma contribuição brasileira para a história da 
arte, e traz os registros importantes de nossa história e cultura.
Trabalhos de Aleijadinho 
Isolado da Europa, o Brasil desenvolveu um barroco tardio, próprio, muito expressivo e 
livre das regras de proporção acadêmicas. O barroco brasileiro foi revalorizado 
principalmente a partir da década de 1920, quando aflorou o sentimento de 
nacionalismo e o desejo de desenvolver uma arte genuinamente brasileira. 
O Rococó
Com a decadência do mundo aristocrático, os pintores passaram a observar a vida de 
homens e mulheres comuns de seu tempo. Chardin foi o mais notável dentre esses. J. H. 
Fragonard produziu temas de aspectos “pitorescos” da natureza, onde mais coisas são 
sugeridas que mostradas. Já Watteau pintou o gosto da aristocracia francesa do 
13
começo do século XVIII e o que é mais caracterizado como período Rococó: a predileção 
por cores e decorações delicadas que sucederam ao gosto mais robusto do período 
Barroco e que se expressou em alegre frivolidade.
Rococó – explicação extendida 
No início do século XVII o centro cultural do Ocidente era Roma. Lá se inicia uma espécie 
de classicismo Barroco, que será à base de tradição para o estilo Neoclássico no século 
XVIII. A partir de Anibale Carracci, pintor que criava arranjos simples e harmoniosos, de 
herança renascentista, mas com apelo às emoções ao sentimentalismo. A formação do 
artista deixa de ser a partir do aprendizado prático como auxiliar de um mestre e passa 
a ser sistematizada em academias. 
Ele e seus seguidores (como Guido Reni, Claude Lorain e Nicolas Poussin) formularam 
um programa de natureza idealizada, “embelezada”, de acordo com cânones 
estabelecidos a partir das estátuas clássicas. Chama-se isso de programa neoclássico ou 
acadêmico, para distingui-lo da arte clássica, que não está vinculada a programa algum. 
A pintura e a escultura deixaram de ser aprendidas nas oficinas dos mestres, e passaram 
a ser ensinadas nessas academias. 
Em oposição a isso, surgiu no mesmo período Michelangelo da Caravaggio, que não se 
interessava pela beleza ideal ou por modelos clássicos e buscava a verdade. 
A Arte Neoclássica
O Neoclássico será consolidado 100 anos depois na França, com as descobertas 
arqueológicas de Herculano e Pompéia, somadas a um maior poder de reprodução e 
difusão de descobertas e de ideias. Foi o estilo oficial do Absolutismo, mas novas 
condições surgiram durante o seu predomínio:
Revolução Industrial - Destruiu a tradição do artesanato e progressivamente vai 
transformando a vida, principalmente nas grandes cidades.
Revolução Francesa - A França vivia o Absolutismo, mas a burguesia já era fundamental 
para a economia. Filósofos como Rousseau e Voltaire pediam liberdade e respeito à 
vontade do povo
Independência Americana - Serviu como modelo para as independências das colônias da 
Europa e para o fim da escravidão.
14
Iluminismo - A era da razão: desenvolve-se na França uma série de ideias que tem como 
objetivo combater a ignorância e o obscurantismo. As ciências desenvolviam-se dando 
continuidade ao racionalismo proposto por Descartes.
Há uma inerente ideia de progresso, e foi um movimento intelectual do século XVIII, 
com base nas ideias de progresso, liberdade e valorização do homem.
O Romantismo
O escritor Goethe proclamou: "O sentimento é tudo". Foi uma reação contra a Idade da 
Razão e uma reação contra a industrialização gerada pelas primeiras máquinas. As novas 
fábricas geraram operários miseráveis nas cidades, próximos do convívio com os artistas 
e escritores e sua pobreza deixou de ficar restrita aos campos distantes. Os artistas 
confiavam no instinto, opondo-se ao racionalismo. Perseguiam a paixão e cultuavam a 
natureza e a imaginação. Na pintura, Theodore Géricault pintava corpos em luta e 
realidades contemporâneas suas, mas sua ênfase na emoção o leva a ser considerado 
um dos precursores do movimento. Eugène Delacroix tornou-se o líder do 
movimento romântico depois da morte de Géricault. Pintava temas de literatura e 
eventos comoventes, carregados de violência, em oposição à calma das pinturas 
neoclássicas. Caracteriza-se por cores voluptuosas, curvas exuberantes, tons intensos, 
contrastes vívidos, formas turbulentas e amplas pinceladas. Willian Turner pinta 
tempestades saídas de sua imaginação. Elimina os detalhes para concentrar-se no 
essencial, em que a cor inspirasse sentimento. Paradoxalmente venerava mestres 
clássicos como Claude Lorrain.
O romantismo liberta a pintura da ideia de cor aplicada sobre um desenho. 
A cor passa a ser modeladora de formas, ideia desenvolvida no moderno. Desafiou a 
tradição e pintou buscando não reproduzir a realidade com precisão, mas captar sua 
essência. O caminho abriu-se à arte moderna, à expressão e à abstração. Constable 
opunha-se a Turner nesse aspecto. Desprezava a tradição e só confiava no que via. 
Pintou paisagens serenas e suaves que traduzem o conceito de pictórico. Esses dois 
pintores ingleses estabeleceram a pintura de paisagens como gênero de primeira 
grandeza no romântico. Observe que foi então que o homem passou a deixar o campo 
para ir trabalhar nas industrias e morar nas cidades. Começou a perder então o contato 
direto com a natureza, que passa a "entrar nas casas como paisagens idealizadas". Ainda 
na Inglaterra, Willian Blake, outro artista de destaque, é anticlássico e mostra as 
primeiras inclinações ao simbolismo. Pintor e poeta, faz da intuição das forças eternas e 
sobre-humanas da criação o tema de sua arte. O escultor François Rude, cujos 
15
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
relevos podemos encontrar no Arco do Triunfo de Paris, alterou a composição 
neoclássica e imprimiu movimento às esculturas. Rompeu assim com a frieza e o 
intelectualismo neoclássico em prol da emoção romântica. No pensamento 
arquitetônico, ocorreu uma onda de revalorização do gótico.
“Três de Maio”, de Francisco Goya. 1808. Está no Museu do Prado em Madrid. Pintorespanhol que não se limita às classificações dos estilos, revelando as contradições e 
limitações das classificações da história da arte. Embora tenha alguns aspectos 
românticos, sendo considerado um dos primeiros pintores modernos, também foi pintor 
da Corte na Espanha.
Retratista sem compaixão, Goya representava feições que revelavam a fealdade e o 
vazio de seus modelos. Suas ilustrações não são de temas habituais, mas de visões 
fantasmagóricas e sobrenaturais. Algumas pinturas mostram a guerra não como 
espetáculo glorioso, mas como opressora, cruel e injusta.
No relevo de Rude também vemos figuras vestidas como soldados clássicos, porém 
apresentam o movimento e a expressividade da arte romântica, mostrando como essas 
tendências se misturaram nas obras dos períodos.
"As Damas de Honra ou as Meninas" - Por Diego Velásquez, óleo sobre tela, 318 x 276 
cm. Museu do Prado, Madri. O jogo de espelhos revelado pela pintura “As meninas”, de 
Velásquez, fez com que o quadro como um todo olhasse a cena para a qual ele 
representava. Uma cena com a pura reciprocidade do espelho que olha e que é olhado 
já indicava o olhar da pintura sobre ela mesma. Esse caminho levou ao desaparecimento 
da questão da representação clássica que permitia, por fim, a libertação da arte da 
tarefa de representação deixada para a fotografia na arte moderna. Velásquez 
potencializou a lição de Leonardo de apenas sugerir, estendendo-a também às próprias 
mãos. Estas apenas dão a impressão de mãos. Essa ousadia fará dele uma referência 
para os pintores impressionistas.
Aula 3: A arte e o mundo moderno
1. Explicar o surgimento do Impressionismo e da arte moderna. 2. 
Promover a compreensão e análise da diferença entre arte realista ou naturalista 
clássica e arte moderna, pela introdução de conceitos relacionados à imagem como 
representação e abstração. 
3. Apresentar os grandes artistas do Impressionismo e do Pós-Impressionismo. 4. 
Entender os conceitos do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.
16
Introdução
A invenção da fotografia delimitou o campo de conhecimento da modernidade. Essa 
história vai ser vista em nosso estudo por meio de alguns marcos conceituais estéticos. 
Na história da arte esses primeiros momentos são estudados com os nomes de 
Impressionismo, Pós-Impressionismo e Expressionismo. Hoje a fotografia é mais uma 
forma de arte, como a instalação, a arte digital, a pintura, o objeto, a escultura, a arte 
pública etc. A compreensão dessa evolução da arte é fundamental para a atualização do 
profissional que trabalha com a imagem. Vamos começar a estudar essas mudanças, 
ocorridas no final do século XIX e na virada do século XX.
Na aula 1, vimos que a afirmação consciente de um “olhar puro” surge com Manet, no 
domínio da pintura impressionista. Essa ideia da forma e a técnica enquanto um fim 
exclusivo da arte significou uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos produtores 
sobre sua própria produção - e já era pressentido por Velasquez em As meninas. Esse 
foi o caminho que caracterizou a arte moderna, principalmente na interpretação do 
principal crítico do século XX: Clement Greenberg. Ele foi também o principal teórico do 
Expressionismo abstrato norte-americano, período de predomínio da arte abstrata. 
Vamos iniciar vendo como foi a história do nascimento da arte moderna, quando ela 
superou as concepções acadêmicas dominantes até então. Ainda na primeira metade do 
século XIX, Gustave Coubert passou a retratar temas sociais e pessoas simples, 
contrapondo-se à concepção acadêmica tradicional dominante nos salões de arte até 
então, de haver “temas dignos” de serem representados. O sucesso nesses salões era o 
caminho para que um artista conseguisse estabelecer uma carreira. Esse tinha se 
tornado o sistema, desde que o ensino e a formação do artista passou a ser feita nas 
academias, inicialmente mantidas pelas monarquias e, depois, mantido pelo poder 
oficial das novas repúblicas.
Você sabia? Que o aprendizado do artista no tempo de Leonardo da Vinci - antes da 
instituição das academias de arte - era com um “mestre”, iniciando-se na juventude no 
preparo de tintas e telas e evoluindo sob a tutela do mesmo. O mestre de Leonardo foi 
Verrochio! 
Ao se recusar a pintar os temas aceitos pela academia, Coubert assinalou uma tendência 
social - ele era comunista -, que já se fazia notar, por exemplo, nos trabalhos de Millet, 
Corot, Daumier, dentre outros artistas anteriores ou do período. E que se fortaleceu 
com a propagação das ideias socialistas. Essa primeira revolução, ainda que 
basicamente temática, recebeu o nome de Realismo. Ela irá se aprofundar com Manet, 
17
Eduardo
Realce
que foi amigo e admirou Coubert e continuou o desenvolvimento dessa ideia, porém em 
sentido técnico. 
 O realismo 
Essa tendência ao realismo inicialmente manifesta com a temática social é uma 
tendência ancestral do homem e persiste na atualidade de modos diferentes, em 
diversas formas de arte. Mas o desenvolvimento das técnicas de criar a ilusão de 
profundidade, iniciada no Renascimento parecia ter encontrado certo esgotamento 
quando essa tendência ao tema social se sobressaiu. 
A ideia de “realismo” aprofundou-se com Manet e vai ser reivindicada por críticos como 
Clemente Greenberg (seguida por Michael Fried e diversos outros) como uma tendência 
a afirmar a especificidade de cada meio e como a principal característica da arte 
moderna. Assim se iniciou a pesquisa (um caminho) voltada para a planaridade do 
quadro, ou seja, pela arte não representativa na pintura (implicando o progressivo 
abandono das técnicas centenárias de simular a ilusão de profundidade e de dar volume 
às figuras) e que será afirmada definitivamente pelo Expressionismo abstrato. 
Paradoxalmente, então, o desenvolvimento da arte abstrata se iniciou na busca do 
realismo. Esse pensamento que é encontrado primeiramente nos quadros de Manet foi 
expresso anos depois (ainda no final do século XIX) pelo pintor e teórico Maurice Denis, 
ao afirmar que uma pintura antes de representar qualquer coisa, é uma ”superfície 
coberta de cores dispostas numa certa ordem”. 
Imagens que mudaram o mundo: Fotografia - Técnica - Ciência
O impressionismo
O movimento impressionista surgiu em Paris, entre 1860 e 1870. A primeira 
apresentação ao público incluiu artistas “independentes” em 1874, no estúdio do 
fotógrafo Nadar. Artistas principais do Impressionismo: Claude Monet (1840-1926); 
Édouard Manet (1822-1883) ; Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).; Berthe Morisot 
(1841-1895); Camille Pissarro (1830-1903); Edgar Degas (1834-1917); Paul Cézanne 
(1839-1906); Georges Seurat (1859-1891); Alfred Sisley (1893-1899)
Conceitos estéticos do impressionismo
Necessidade de redefinir a essência pictórica diante da fotografia como novo modo de 
apreensão da realidade. A tecnologia e a ciência ofereciam novas possibilidade, 
enquanto mudavam os rumos da arte e da pintura. Principalmente porque a fotografia 
era, até então, uma das formas privilegiadas para se reproduzir (captar) a realidade 
através do olhar do artista visual.
18
Eduardo
Realce
Origem do termo Impressionismo
Deriva de um comentário irônico de um crítico de arte sobre um quadro de Claude 
Monet intitulado Impression, Soleil, Lévant (Impressão, Sol, Nascente, 1872, oléo sobre 
tela, 50x62 cm, Museu Marmottan, Paris), o qual foi adotado pelos artistas como um 
desafio nas exposições seguintes.
Afirmação da linguagem fotográfica
A invenção da fotografia, em 1839, exerceu uma profunda influência no direcionamentoda pintura e no desenvolvimento de correntes artísticas ligadas ao Impressionismo. 
Com a difusão da fotografia, os serviços sociais passaram do pintor para o fotógrafo. A 
crise atingiu os pintores de ofício, deslocando a pintura para o nível de atividade de 
elite, com público restrito e alcance social limitado. A fotografia permitiu um rápido 
progresso técnico que permitiu a redução dos tempos de exposição das imagens e 
permitiu alcançar o máximo de precisão. 
A fotografia “artística” levantou a questão se a pintura como arte era “superior” à 
fotografia. O Impressionismo, mesmo estando estreitamente vinculado à divulgação 
social da fotografia, tendeu a competir com ela em três aspectos: 
1. Na compreensão da tomada da imagem
2. Na instantaneidade da imagem 
3. Na vantagem da cor
Os simbolistas, ao contrário, recusaram qualquer relação com a fotografia, 
reconhecendo que esta superava a pintura quanto à apreensão e representação das 
aparências da realidade. Procuraram apelar para a imaginação, argumentando que o 
pintor podia imaginar e criar o que a câmara fotográfica não poderia registrar. A 
fotografia está na origem da “pintura de manchas” e de toda a pintura de orientação 
realista do século XIX. Descobriu-se que a fotografia, que era mais exata na reprodução 
da imagem, não utilizava a linha, base de toda a arte desde o Renascimento. Os 
impressionistas passaram a formar suas imagens através de manchas e, nesse sentido, 
retomaram a Velasquez que explorara essa técnica e desenvolveram as ideias de 
Coubert e Manet.
Aspectos técnicos-estéticos da fotografia
A objetiva fotográfica reproduz o funcionamento do olho humano. O fotógrafo 
19
manifesta inclinações estético-psicológicas na escolha dos temas. Daí não haver um olho 
imparcial na fotografia. A fotografia permite ver um grande número de imagens que 
escapam, não só à percepção, como à atenção visual que o olho humano, mais lento, 
não consegue captar. (Exemplo : Movimentos das pernas de uma dançarina, um cavalo 
a galope, os universos do infinitamente pequeno e infinitamente grande - microscópio e 
telescópio- ). Como exemplos de manifestações artísticas do período (fim do século XIX), 
temos o realismo simbólico do Pós-Impressionista Henri de Toulouse-Lautrec e o 
impressionismo de Edgar Degas que lançaram mão de materiais fotográficos para 
expressar seu interesse pelo espetáculo social. Outros pintores tornaram-se fotógrafos. 
No entanto, só surgiu uma fotografia modernista de alto nível técnico quando os 
fotógrafos deixaram de se envergonhar por serem fotógrafos e não pintores e se 
assumiram como tal.
A Arte no Brasil
No Brasil, D João VI criou no início do século XIX a Real Academia de Belas Artes, a partir 
de um grupo de artistas franceses. A Missão Francesa implementou no Brasil o estilo 
Neoclássico, que se tornou oficial. Logo, foi criado o Salão Nacional, cujo primeiro 
prêmio era uma viagem à Europa. Assim se reproduziu aqui, ao longo do século XIX, o 
modelo acadêmico. Somente no final desse século, surgem as influências do 
Romantismo e do Realismo. O Impressionismo só vai aparecer por aqui, bem mais tarde, 
no início do século XX, como tendência (influência) à exceção de alguns poucos artistas 
como Eliseu Visconti. Esse artista será uma referência importante para o surgimento 
tardio do Modernismo no Brasil.
O Pós- Impressionismo
O Pós-Impressionismo é o nome dado hoje às diversas tendências que buscaram 
superar o Impressionismo, ou seja, encontrar outros caminhos possíveis para o 
desenvolvimento da arte, após a compreensão e aceitação do Impressionismo.
Principais tendências do final do século XIX
Pontilhismo - Esta técnica foi desenvolvida por Serrat e buscava estrutura e forma. 
Fragmentou a pincelada impressionista em pontos coloridos, transformando manchas 
em pequenos pontinhos com intensidade graduada para criar profundidade, assim 
20
buscando a mistura de cores pelo cérebro. Substituiu os resquícios românticos dos 
impressionistas por termos científicos.
Simbolismo - A corrente do simbolismo queria superar a pura visualidade impressionista 
em sentido espiritualista como proposta de um possível caminho para a sobrevivência 
da pintura. Os simbolistas queriam trazer à realidade algo que pertence ao espírito, 
valorizando a imaginação, pintando o sensível, sem ter necessariamente uma 
correspondência com o real.
Alguns outros artistas fizeram pesquisas individuais que se tornaram muito importantes 
porque lançaram a base para o desenvolvimento de movimentos da arte que se 
desenvolveram no século XX.
“O Cristo Amarelo”, Paul Gauguin - Inicialmente era um simbolista. Defendia que se 
pintasse de memória, com isso, favorecendo a sensação, a dimensão da imaginação. 
Acreditava que o homem tinha perdido a força e a intensidade do sentimento e o modo 
de expressá-lo, propondo assim, um regresso ao primitivo, mas sem ilusões de imitá-los.
“Cénario rochoso na Provença”, de Paul Cézanne - Deu importância à estrutura, à 
essência. Modulou pela cor pura e expôs com os impressionistas.
“Auto-retrato com chapéu de palha”, de Vincent Van Gogh - Por influência de Gauguin 
alguns dos seus quadros do início da carreira tinham cores lisas. Posteriormente foi 
assumindo suas pinceladas que foram ficando mais marcadas, densas e vibrantes, 
tornando-se sua marca pelo frêmito que transmitem. 
Aula 04 – Pós-Impressionismo e Expressionismo
1. Entender o conceito de expressionismo, percebendo as diferenças fundamentais 
entre “impressão” e “expressão” nas artes visuais (desenvolver a percepção estética de 
produtos visuais); 2. 
Compreender os desdobramentos da história da arte no início do século XX, quando 
inicialmente se desenvolveram os movimentos de caráter expressionistas; 3. 
Ser introduzido a grandes artistas do fauvismo e do expressionismo (receber noções de 
história da arte).
Introdução
No início do século XX, o expressionismo presente em diversas tendências do período 
21
pós-impressionista vai se desenvolver como uma das primeiras vanguardas de modos 
distintos em países distintos. A valorização da expressão em detrimento do belo 
clássico vai ressaltar o grotesco, o primitivo e o espontâneo e acelerar o 
desenvolvimento do modernismo. Como consequência da deformação formal e da 
descoberta de seu poder expressivo, Kandinsky vai abandonar a representação e chegar 
à abstração por volta de 1910.
O trabalho de Rodin é inicialmente influenciado pelas tendências realistas e 
impressionistas, mas vai evoluindo e passa a destacar as emoções e significados que 
transcendem a pura representação, revelando as diversas possibilidades desenvolvidas 
no período pós-impressionista.
Movimentos de caráter expressionista
Os expressionistas são deformadores sistemáticos da realidade, fugindo às regras 
tradicionais de equilíbrio, regularidade e harmonia da estética clássica, com objetivo de 
expressar emoções. Como vimos na aula anterior, os artistas pós-impressionistas não 
queriam destruir os efeitos impressionistas, mas sim levá-los mais adiante, no sentido 
de uma intervenção estético-política na realidade burguesa. No início do século XX, a 
tendência a valorizar a expressividade vai dominar com o desenvolvimento dos 
movimentos do Fauvismo na França e do Expressionismo na Alemanha.
Toda ação humana é expressiva: Um gesto é uma ação intencionalmente expressiva. 
Toda arte é expressiva,mas certa corrente artística pretende nos impressionar através 
de gestos visuais que transmitem, e talvez libertem emoções ou mensagens 
emocionalmente carregadas. Tal arte é expressionista.
Uma considerável parcela da arte do século XX foi desse gênero, especialmente na 
Europa Central, e o rótulo “Expressionismo” foi-lhe aplicado - assim como as tendências 
comparáveis na literatura, arquitetura e música. 
Nunca houve um movimento chamado Expressionismo, embora se possa aplicar essa 
intensificação do poder expressivo a boa parte da arte do século XX.
O Fauvismo
O movimento fauve - ou fauvismo - começou em Paris, associando Henri Matisse, André 
Derain, Maurice de Vlaminck e outros que expuseram juntos pela primeira vez em 1905, 
é sob muitos aspectos uma manifestação afim e, provavelmente, teve mais influência 
sobre os alemães do que eles mesmos admitiram. O nome fauve - fera em francês - foi 
22
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
utilizado como referência ao modo como esses artistas liderados por Matisse “atiravam” 
as cores sobre as telas. Ou seja, como feras, como selvagens. Gauguin, vai ser a principal 
referência para esse grupo. O próprio Gauguin abandonou a Europa e foi viver no Taiti, 
em busca de uma vida mais livre em contato com os povos “primitivos” e não 
contaminados pela cultura europeia. Sua ideia de cores não convencionadas vai ser 
desenvolvida por esse grupo que faz da cor seu principal veículo de expressão. O 
Fauvismo nunca foi um movimento com objetivos que pudessem ser realizados como foi 
o Cubismo, mas um processo de experimentação a partir de possibilidades sugeridas 
pelos pintores pós-impressionistas, muitas vezes apenas radicalizando suas propostas. O 
Fauvismo é o principal responsável pelo desenvolvimento do gosto pelas cores puras.
Características da pintura fauve:
1. Telas que faziam uso da cor como elemento puramente expressivo. 
2. Pinturas que questionavam a tradição, desempenhando um papel mais decorativo 
que descritivo.
3. Nos quadros, as figuras são padrões lineares que unificam a superfície pictórica num 
só plano espacial.
4.Há o uso essencial do traço e da cor aliado ao uso da imaginação. 
5. Grandes áreas chapadas de tinta, com pouco ou nenhum modelado e silhuetas 
enfatizando a função decorativa da arte. 
6. Nas paisagens há uma tentativa de interpretação subjetiva da natureza. 
7. Em Matisse, o Fauvismo é mais lírico. 
8. Em Vlaminck, o Fauvismo é mais expressivo. 
Desde de 1901 -Esses artistas tinham propósitos comuns.
Entre 1904 e 1907 - Henry Matisse, André Derain, Maurice Vlaminck e alguns artistas 
estiveram estudando, desenvolvendo e expondo um estilo de pintura que lhes deu o 
apelido de “Les Fauves”.
A partir de 1907 - Suas pesquisas tornaram-se independentes demais para serem 
tratadas conjuntamente em suas buscas pessoais de novos meios de expressão.
Seus trabalhos caracterizavam-se, de maneira geral, pela liberdade de expressão, 
23
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
através do uso de cores puras e pelo exagero do desenho e da perspectiva. Não havia 
uma doutrina ou programa. Apenas expunham juntos por afinidades. Tinham 
convicções e ideias firmes e pessoais que foram compartilhadas durante alguns 
períodos. Quando expuseram nas duas principais exposições de arte moderna de Paris 
(o Salão dos Independentes e o Salão de Outono), causaram grande impacto, deixando 
perplexos aqueles que viram os trabalhos pela primeira vez.
O Expressionismo 
O Expressionismo está principalmente associado a dois grupos informais de artistas da 
Alemanha: DIE BRÜCKE e DER BLAUE REITER. Outros artistas são geralmente agrupados 
a esses, como Oskar Kokoscha de Viena e Lyonnel Feininger, o americano-alemão.
O grupo DIE BRÜCKE de Dresden, formado em 1905 e dissolvido em 1913. 
Os artistas de Munique, que expunham sob a égide de um almanaque intitulado DER 
BLAUE REITER.
A distorção progressiva da forma do expressionismo levou Kandinsky à conclusão de 
que o poder expressivo das formas e cores não dependiam de uma imagem 
representada e chegou à abstração.
Características estéticas do Expressionismo:
1. Pesquisa no domínio psicológico, com busca de acessos aos símbolos do 
“inconsciente”, a parti da descoberta da teoria psicanalítica de Freud.
2. Expressão de emoções intensas atráves de um dinamismo improvisado, abrupto, 
inesperado, com preferência pelo patético, grotesco, trágico, angustiado e sombrio.
3. Distanciamento da pintura acadêmica e do Impressionismo através da recusa do 
emprego de uma estética naturalista ou realista com referência a temas “clássicos”, 
como a natureza morta, a paisagem e o modelo vivo.
4. Ruptura com a ilusão de tridimensionalidade – “perspectiva” renascentista – e 
resgate das “artes primitivas” – formas abstratas, feições e formas humanas 
predominantemente derivadas das culturas ameríndias. 
Técnicas da arte expressionista:
1. Cores resplandescentes, vibrantes, fundidas ou separadas.
24
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
2. Textura áspera, devido à grande quantidade de tinta empregada nas telas
3. Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou 
provocando inesperadas “explosões".
4. Uso do empaste ou empasto, formado por uma massa grossa de pintura a óleo, a qual 
era martelada e áspera.
O Expressionismo vs. O Impressionismo.
O Impressionismo e o Expressionismo, embora sendo movimentos antitéticos, foram 
movimentos realistas que exigiam a dedicação total do artista à questão da realidade.
Expressionismo - Do interior para o exteriror ; 
É o sujeito que ,por si , se imprime ao objeto. 
Precursor : Vincent Van Gogh 
Atitude volitiva / agressiva
Impressionismo - Do exterior para o interiror ; 
É a realidade (objeto) que se imprime na consciência (sujeito). 
Precursor : Claude Monet
Atitude sensitiva
O impressionismo se resolveu no plano do conhecimento e O expressionismo se 
resolveu no plano da ação. Excluiu-se, a partir daí, a hipótese simbolista de uma 
realidade vislumbrada no símbolo e no sonho e se esboçou, então, a oposição entre arte 
engajada e uma arte de evasão.
Impressionismo e Expressionismo:
Solução dialética e conclusiva da contradição histórica entre clássico e romântico, 
constantes estéticas das culturas latina mediterrânea e germânico-nórdica. 
Ao ser excluída a referência à herança do passado, os dois movimentos tinham como 
objetivo enfrentar a situação histórica presente com plena consciência. 
Ocorreu, então, uma agudização da divergência entre cultura latina e cultura germânica, 
25
Eduardo
Realce
com a disputa para a conquista da hegemonia político-econômica da Europa. 
Desse conflito, observado na arte, eclodiram a Primeira Guerra Mundial de 1918 e a 
Segunda Guerra Mundial de 1939. Com profundas consequências na arte.
Aula 5: Afirmação da linguagem modernista
1. compreender e analisar a importância da afirmação da linguagem cubista de Picasso;
2. perceber os conceitos de cubismo e de futurismo;
3. ser introduzido a grandes artistas do cubismo e do futurismo;
4. apresentar a situação da arte no Brasil em comparação com o desenvolvimento da 
arte internacional. 
Introdução
A linguagem modernista, criada a partir da óptica impressionista, é definitivamente 
afirmada pelo geometrismo e pelo alto nível de abstração que atingiu a imagética do 
cubismo, embora essa escola tenha evitado a abstração pura. O cubismo vai ser a mais 
influente das chamadas vanguardas históricas do modernismo,influenciando e sendo 
influenciado por outros movimentos como o futurismo. Paralelamente, vamos olhar o 
desenvolvimento do modernismo no Brasil, a partir da “luta” dos nossos primeiros 
modernistas para vencer a defasagem de informação, responsável por nossas limitações 
artísticas e culturais no período.
Pablo Picasso
Pablo Picasso, pintor e escultor espanhol, é considerado um dos artistas mais 
importantes do século XX. Artista multifacetado, foi único e genial em todas as 
atividades que exerceu: Inventor de formas; Criador de técnicas e estilos; Artista 
gráfico; Escultor. Foi o artista mais produtivo e mais constante revolucionário do século 
passado. Do tratamento clássico e representacional dos temas evoluiu ele para as 
abstrações do Cubismo, e do Cubismo para as técnicas de colagem mais tarde utilizadas 
no dadaísmo. Picasso empregou igualmente elementos de fantasia e imaginação, em 
suas cerâmicas e esculturas.
O Cubismo
O movimento foi introduzido por “As Senhoritas de Avignon” em 1907, que 
desconcertou a todos por ser uma obra audaciosa e perturbadora. Resumia as 
realizações de Picasso e, sua técnica expressionista e emocional, era estranha ao 
26
Cubismo. Mas esse quadro suscitou problemas que o Cubismo iria resolver e abriu as 
possibilidades para seu desenvolvimento. Também atraiu Braque, pintor jovem e 
talentoso que alterou todo o desenvolvimento de sua arte, aproximando-se de Picasso. 
O Cubismo era uma arte formalista preocupada com a reavaliação e reinvenção de 
procedimentos e valores pictóricos. Era uma arte de conteúdo intelectual elevado e, em 
geral, calmo e reflexivo.
O Cubismo e imagética moderna
1901 - Começa o movimento cubista.
1914 - Termina o cubismo, como movimento, com a eclosão da 1ª Guerra Mundial, 
tendo boa parte dos artistas sido recrutada e partido para o campo de batalha. 
1925 - Persistiu como parte das discussões e pesquisas.
Seus principais focos de resistência foram as artes decorativas e a arquitetura do século 
XX. Considerado como um ato de percepção individual, o movimento inspirou-se na arte 
africana e na geometrização das figuras iniciada por Cézanne, que resultou em uma arte 
intuitiva e bastante abstrata, derivada da experiência visual baseada na luz e na sombra. 
O Cubismo rompeu com o conceito de arte como “imitação da natureza”, que vinha 
desde o Renascimento, bem como com os principais cânones clássicos de pintura 
tradicional:
1 - A perspectiva, consistindo na ilusão de profundidade em uma superfície plana, base 
da pintura européia por mais de 500 anos seguintes à Renascença.
2 - O chiaroscuro ou luz-e-sombra, indicando uma nova técnica criada no Renascimento 
para criar a ilusão de relevo escultural no plano.
3 - A pirâmide ou configuração piramidal e tridimensional do espaço da tela, tendo 
como clímax uma imagem central que substituiu os retratos em perfil e o agrupamento 
de figuras em grade horizontal típicas das artes bizantina e medieval.
Pablo Picasso definiu o cubismo como : “Uma arte que trata de formas, e quando uma 
forma é realizada, ela aí está para viver sua própria vida.”
Artistas do Cubismo
Apesar da identificação imediata do movimento cubista à figura de Pablo Picasso, vários 
outros artistas deram grandes contribuições ao movimento, tais como: Georges Braque, 
27
Eduardo
Realce
Eduardo
Realce
Fernand Féger, Robert Delaunay, Juan Gris.
O mexicano Diego Rivera (1886-1957) e Piet Mondrian (1872-1944) e outros artistas que 
se destacaram com o dadaísmo, como Francis Picabia (1879-1953) e Marcel Duchamp 
(1887-1968), também participaram do movimento cubista.
As fases definidoras do Cubismo podem ser assim resumidas
1 - Protocubismo: Em que a influência da escultura africana revela-se através da 
pesquisa contínua das deformações expressivas do corpo humano.
2 - Cubismo Analítico: definido por representações espaciais abstratas no plano do 
quadro.
3 - Cubismo Sintético: policromático, simbolizado pela incorporação de materiais 
estranhos às representações pictóricas, como as colagens.
O Cubismo pode ser identificado com o espírito da arte moderna ao buscar deformar, 
efetivamente, um rosto verdadeiro, em lugar de só representar a imagem de um rosto 
deformado. No entanto, o Cubismo, mesmo picassiano, não deixou de ser, na 
deformação da imagem ou da figura, uma arte da representação, enquanto na arte 
tribal o que era deformado era uma imagem dada ou a própria realidade. 
Elementos formais no Cubismo
Picasso, Braque, Léger e Gris apresentavam como seus elementos formais:
1 - Abandono da iluminação “naturalista” de suas telas e das relações moduladas entre 
elementos formais.
2- Ênfase nas formas planas de contornos bem marcados.
3 - Ênfase em relações espaciais condicionadas por relações de cor - e não no desenho.
4 - Ênfase no contexto de uma composição, que permite a leitura de um espaço 
consistente ou fechado.
5 - Ênfase no espaço inteiramente ocupado por formas e planos- como, principalmente, 
em Gris e Léger. 
6 - Ênfase em um espaço real semelhante a uma caixa - como em Picasso, Gris ou 
Braque.
28
7 - Ênfase em um espaço identificado com a própria superfície da tela, através da 
aplicação de uma base completamente pintada, suave e/ou opaca . (como em Picasso, 
também presente na pintura de Matisse (mais identificado como fauve) e de Miró (que 
se destacará no Surrealismo).
O Futurismo
O Futurismo foi influenciado e retroalimentou o Cubismo. Vamos agora saber um pouco 
mais sobre esse movimento. O Futurismo foi um movimento iniciado na Itália, a partir 
da concepção de civilização e expressou-se inicialmente em palavras. Logo, partiu de 
uma ideia geral, em vez de algum descontentamento com idiomas de arte herdados e 
da ambição de criar novo idioma. Rejeitou todas as tradições, instituições e os valores 
consagrados pelo tempo. Propagou suas ideias muito rapidamente pela Europa e 
embora tenha durado pouco, teve longa influência. Escolheu seu próprio nome, e 
iniciou a tradição artística de manifestos . Os principais artistas do futurismo : Umberto 
Boccioni, Giacomo Balla, Gino Severini, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Antonio Sant´Elia
O fim do Futurismo
A guerra precipitou o fim do Futurismo. A “Única Higiene do mundo” eliminou Sant’Elia 
e Boccioni em 1916. Os outros passaram para estilos e atitudes mais tradicionais. 
Marinetti ajudou o fascismo a conquistar o poder na Itália satisfazendo seus ideais 
políticos. O Futurismo teve importância fundamental e duradoura e como esteve 
envolvido profundamente com o Cubismo, suas conquistas também foram conquistas 
do Cubismo. Sem o futurismo o Cubismo não teria desempenhado um papel tão grande 
na arte moderna. Sua influência chega ao Expressionismo e o Futurismo literário de 
Maiakovisky na Rússia e a arte revolucionária russa, é uma concretização do que os 
futuristas tinham tentado. 
A arte no Brasil na modernidade 
Apesar da relativamente intensa atividade pictórica no Brasil colonial - principalmente 
no Rio, Bahia, Minas e Pernambuco, os artistas, com raras exceções, não eram 
profissionais e sim homens de fé e engenho ou talento, provenientes de diversos países. 
Foram, em geral, feitas para adornar igrejas, eventualmente palácios e raramente 
residências. Não há grandes nomes a destacar e muitas obras são anônimas. No 
período barroco que surgem alguns dos mais belos monumentos religiosos do Brasil. A 
pintura colonial, vincula-se a tendências e estilos europeus, com natural defasagem 
cronológica e limitados recursos técnicos. Em Minas, Aleijadinho nosdá algumas das 
29
Eduardo
Realce
igrejas rococós mais belas do mundo. Com ele se inicia uma fase importante da arte 
brasileira. Além de riquezas, proveniente do ouro e das pedras preciosas, havia as 
irmandades, às quais se ligavam as corporações de ofício - separadas pela cor: brancos 
negros e mulatos - e essas por sua vez competiam entre si. 
O início do século XX no Brasil
No século XIX, a arte no Brasil seguia uma orientação basicamente acadêmica, 
dependente do Estado que patrocinava as poucas viagens ao exterior e das poucas 
escolas e instituições culturais como a Academia Brasileira de Letras. O intercâmbio 
dava-se sem renovação - os artistas iam sempre estudar nas mesmas academias da 
Europa. Tudo isso levava nossa arte no início do século XX a manifestar, no máximo 
traços dos movimentos anteriores ao Impressionismo e somente em alguns pintores. 
Embora haja traços impressionistas em trabalhos de Eliseu Visconti, só foi haver 
verdadeiramente uma ruptura entre a arte moderna e acadêmica a partir dos 
acontecimentos marcados pela semana de arte moderna de 22. Antes da semana, a 
exposição de Anita Malfatti, apoiada por Di Cavalcanti, só não foi ignorada como a do 
expressionista alemão Lazar Segal, em 1913, graças a um artigo de Monteiro Lobato. Ele 
chega a contar uma anedota, na qual a pintura produzida pela cauda de um burro 
chegou a ser confundida e admirada como uma novidade do Cubismo, na crítica para 
depreciar o Modernismo que se apresentava nos trabalhos dessa artista pioneira, 
reconhecendo-lhe, contudo, o talento. Esses acontecimentos dão-se em São Paulo, 
então já com seu aspecto de cidade do século XX. Prospera economicamente com 
bondes, automóveis, indústrias, ferrovias e mais distante das influencias da arte oficial. 
Como antecedente houve também o artigo de Mário de Andrade (“escrito com vontade 
de botar uma bomba no centro do mundo”), Paulicéia Desvairada, produzida sobre o 
impacto de uma obra de Victor Brecheret.
A missão francesa
Com a vinda da família imperial para o Brasil, importou-se o modelo oficial europeu, 
com a criação de uma Academia Real no país. A Missão Francesa chegou ao Brasil em 
1816, após a queda de Napoleão (1814/5). 
1816 - Chegada da Missão Francesa ao Brasil, após a queda de Napoleão -1814/15. O 
chefe da delegação era Lebreton e o principal artista foi Jean Baptiste Debret, que 
documentou a vida na colônia com espírito crítico e humor. Ele escreveu e ilustrou 
inclusive A Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, retratando a vida de índios, escravos, 
crianças e outros excluídos que não interessavam aos artistas ligados à corte.
30
1817 - Foi fundada a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, sendo que Debret 
organizou ainda as duas primeiras exposições de 1829 e 1830 da Academia Imperial. 
Nicolas Taunay, o mais talentoso pintor irritou-se com a nomeação de um pintor 
português medíocre para diretor da academia e retornou a França. Foi substituído por 
Félix Émile Taunay, seu filho.
Após o retorno da missão, a sólida tradição artística de inspiração europeia havia sido 
plantada. Sem a tutela dos mestres franceses os alunos da academia estavam mais livres 
e começaram a firmar raízes brasileiras. Realizam-se exposições anuais girando em 
torno da Escola. “Batalha Naval do Riachuelo”, Vitor Meirelelles. Esse trabalho, 
bastante presente nos livros de história, pode ser apontado como um exemplo da arte 
acadêmica oficial e dominante no Brasil no século XIX.
O II Império o Brasil tornou-se mais soberano. Em 1845 a academia instituiu o Prêmio de 
Viagem, que se torna um acontecimento de cultural e social.
As encomendas eram feitas pela igreja (ordens) ou pelo estado e não havia incentivo à 
originalidade. Por isso em 1854, Araújo Porto Alegre assumiu a academia com a missão 
de modernizá-la e libertá-la da condição de escola da Corte. Começam a ser criados os 
Liceus de Artes e Ofícios, para preencher a lacuna artesanal, ainda dependente da 
Europa.
A tradição neoclássica e romântica pedia temas históricos e grandiloquentes e para tal 
serviu a Guerra do Paraguai. A situação manteve-se sem alteração após a proclamação 
da república, tornando-se mais e mais defasada em relação às inovações que surgiam no 
Modernismo na Europa.
A semana de arte moderna de 22
Na exposição, além dos trabalhos de Anita (os mesmos), dos Vitor Brecheret, de Di 
Cavalcanti e de Rego Monteiro, pouca coisa havia de Moderno no Saguão de entrada do 
Teatro Municipal de São Paulo. Contudo, a polêmica pública predominou, sendo seguida 
pela publicação de manifestos que se seguiram: o Manifesto Pau Brasil e Antropofágico.
Tarsila do Amaral, filha de fazendeiros, não estava no país durante a semana, mas 
apoiara o movimento. Ela conhecera os manifestos futuristas, que no Brasil 
influenciaram Osvald de Andrade e também o crítico Mario de Andrade. Estes se 
uniram a Anita e a Menotti del Picchia, que formavam o Grupo dos Cinco: “Grupo de 
doidos em disparada por toda parte, no Cadillac verde de Osvald”. Queriam abalar as 
31
artes em geral; literatura, música etc. Vale lembrar que Marinetti, o poeta autor do 
primeiro manifesto futurista, com a intenção de divulgar suas ideias esteve no Rio e em 
São Paulo, em 1926, e, durante um período, o Futurismo virou sinônimo de arte 
moderna por aqui. 
O Manifesto Pau Brasil apoiava na pintura de Tarsilla. Ela viajou pelo interior de Minas 
Gerais e ao Rio de Janeiro, em companhioa de um grupo com o poeta francês Blaise 
Cendrars e de Olivia Penteado entre outros artistas e intelectuais. Encantaram - se com 
a descoberta da obra de Aleijadinho. Essa influência ajuda na reformulação de sua 
pintura.
O segundo manifesto, chamado Antropofágico, foi publicado na primeira Revista de 
Antropofagia, datado de “Piratininga, Ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha”. Irônico, 
provocativo, destruidor e cheio de novas propostas, tal os manifestos europeus, 
principalmente o futurista. Se entre 1917 e 1922, a preocupação modernista era afirmar 
a arte moderna no Brasil, a partir de 1923 a preocupação passa a ser uma postura 
nacionalista. Na visão antropofágica, será devorado o pai Totêmico –a cultura europeia 
– para incorporar suas virtudes reforçando o próprio organismo – a cultura brasileira.
Emiliano Di Cavalcanti foi um pintor carioca e um dos idealizadores da Semana de 22. 
Sua arte foi influenciada inicialmente pela Art Nouveau, bastante presente no Brasil 
então, representando os ventos de mudanças do Pós-Impressionismo e seguiu 
experimentando diversas influências. Viajou em 1923 para Paris para ser 
correspondente de imprensa e sua pintura passou a ser então influenciada pelo pós-
Cubismo e pelo muralismo mexicano. Assumiu caráter expressionista e de crítica de 
costumes, que marcou o restante de sua obra. 
32

Continue navegando