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Aula_Filosofia Contemporânea

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Filosofia Contemporânea
Profª. Isabella Bolfarini
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PASSAGEM DA MODERNIDADE PARA A CONTEMPORANEIDADE
Kant, Hegel e Marx são os principais filósofos dessa passagem.
No campo do pensamento da justiça temos três caminhos:
Pensamentos Críticos ou progressistas: Partem do pressuposto da filosofia de Marx. O mais célebre filósofo Pachukanis.
Pensamentos Não-Juspositivistas ou reacionários: a partir da visão de superação desses filósofos. O mais célebre filósofo não positivista foi Karl Schimitt, 
Juspositivismos: a partir da ideia de Estado como razão. O mais célebre juspositivista foi Hans Kelsen.
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Em termos de horizonte político: Política a partir da visão que o indivíduo tem dentro de si, seu jeito de ver o mundo:
 
Juspositivistas: visão conservadora de mundo para conservar o que já está estabelecido. 
Não-juspositivista (Reacionários): é contra o tempo presente para agir em ré (voltando para trás). O reacionário não concorda com a ordem posta para voltar para uma outra ordem.
Críticos (progressistas): é o tempo futuro, não se contenta com o passado e com o presente, busca a mudança e melhoria das condições de vida humana.
Sentido da história: Cada uma desses correntes da filosofia tem um sentido da história. 
 
juspositivista o sentido da história é o presente, pois, quer que o que está posto continue. 
reacionário: o sentido da história é o passado. O discurso reacionário é alimentado por uma forma de pensamento antiprogressista. 
progressistas: o sentido da história é o futuro. Normalmente é aquele que quer transformar o mundo. 
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Pathos – sentimento, paixão, doença (Inclinação que move uma pessoa)
 
conservadores: seu modo de ser é a indiferença. Não é paixão de vida, não quer mudar nada.
reacionários: alimentam do ódio. O eixo do reacionário é o outro que ele odeia.
	Noutra esfera, “Reacionário” era o nome dado aos inimigos dos revolucionários (que queriam o poder total para “corrigir” a sociedade). 
	
	Opuseram-se a Lenin, a Mao, a Hitler, a Mussolini, etc..
progressistas: tem por pathos a esperança, de que as coisas possam ser diferentes, melhores.
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O Juspositivismo
Só haverá juspositivismo a partir do século XIX. Só nesse século a burguesia toma o poder nos Estados. 
 
A primeira fase: 
chamada de Juspositivismo Eclético, porque se abre aos valores e à cultura. 
filósofo mais importante: JHERING, “A luta pelo direito”: Quem não luta pelos seus direitos, não os merece. O Estado não pode dar direitos aos que são fracos. 
A segunda fase: 
chamada de Juspositivismo pleno, séc. XX. 
principal filósofo: Hans Kelsen: Teoria Pura do Direito. 
A terceira fase: 
final do séc. XX, início do séc. XXI, 
surge o Juspositivismo “Ético” (Neoconstitucionalismo). 
o capitalismo entra em crise (oriunda da superexploração do trabalhador), 
surge o Estado intervencionista. 
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Não juspositivismo (reacionários)
HEIDEGGER (1889 – 1976)
MICHEL FOUCAULT (1926 - 1984)
STUART MILL (1806 - 1873)
NIETZSCHE (1844 - 1900)
SARTRE (1905 – 1980)
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HEIDEGGER (1889 – 1976)
Propõe uma leitura não liberal, não burguesa da filosofia. Principal obra é “Ser e Tempo” em que desenvolve a perspectiva do existencialismo.
 
Existencialismo:
 
Diz que toda existência (todo ser), se apresenta de modo circunstancial, situacional, então não há nenhuma essência metafisica além do que existe.
Nenhuma existência se dá por si só no mundo, mas sempre num conjunto de circunstâncias e é histórica. 
 
Metafísica: Busca conhecer a essência das coisas.
 
O ser é sempre um “SER - AÍ”: existem seres aí, em dada circunstância. O aí significa circunstancia. 
Toda existência é = “SER COM”: Não há homem (singular, individual), há homens que convivem com outros homens. 
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Heidegger estrutura duas possibilidades de convivência : 
 
a) Existência Inautêntica: 
existência utilitarista que se orienta para o que é útil. Pessoas e coisas se tornam úteis para a exploração do capital. Se um utensílio quebra, vai para o lixo. 
Não percebe os laços das pessoas (ser com e ser ai). 
Principal característica: sua condição reprodutível.
b) Existência autêntica: 
é autêntico aquele que vai à raiz das coisas e age política e socialmente, de modo radical. 
O mundo liberal positivista forma fracos e banais. Para romper com isso é necessário a vida radical = revolução. 
Principal característica: é irreprodutível, autêntico, único. 
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MICHEL FOUCAULT (1926 - 1984)
1ª fase: Arqueologia do saber: 
 
certos saberes sociais geram poderes, Ex: a loucura e a sexualidade. 
Saber não é algo de uma só vez, mas tem uma história (mudam com o tempo).
Saber dá poder ao ser humano, gera poder. 
 
	Sexualidade: 
o aparelho do saber que cuida de falar o que é sexo normal é a medicina. 
Medicalização do sexo é forma de poder, porque quem não faz o sexo normal é anormal, deve ser PUNIDO.
 	Loucura: 
no capitalismo,:o padrão de louco é quem não trabalha, não produz. 
na Idade média: o fidalgo não fazia nada e era exaltado por isso. 
	Aparelhos sociais do saber: 
definem o correto, saudável, etc. 
São as Instituições médicas. O aparelho da loucura é o manicômio.
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2ª fase: Genealogia do poder: 
obra Microfísica do poder 
Microfísica porque o poder se dá em práticas sociais concretas que se dá no microcosmo. 
Há várias técnicas de sujeição, além da norma jurídica. 
MAS, o poder se mostra na prática social concreta.
	Poder disciplinador: o poder disciplina comportamentos, gestos e corpos. 
sexualidade é um saber que tem um poder disciplinador. 
dos gestos, das práticas, etc. chega-se ao corpo
o direito instrumentaliza o corpo: O corpo de réu tem que ser um corpo dócil. (juiz de cabeça erguida, réu de cabeça abaixada, mostrar submissão). 
	Biopoder: é quando o poder chega ao corpo
Com o tempo as pessoas não tem mais disponibilidade de seu corpo, e precisam trabalhar seu corpo para que ele expresse que não é explorado socialmente. 
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STUART MILL (1806 - 1873)
Adota uma filosofia utilitarista, a partir da identificação do um modelo de indivíduo que constrói uma moralidade que possui utilidade. 
Utilitarismo: é doutrina ética que afirma que as ações são boas quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto da felicidade. Trata-se de uma moral que contraria o egoísmo (bem-estar de todos). 
Foi influência para o que se chamou de nova ciência da psicologia:
combatia a visão mecanicista (mente passiva que reage somente mediante o estímulo externo). 
Para ele, a mente exercia um papel ativo na associação de ideias.
Ética no utilitarismo de Stuart Mill: 
é necessário compreender o modelo de indivíduo por ele pensado, 
Para ele, o que existe é o indivíduo, sendo a sociedade uma composição desses agentes,
reconhece que para a formação do caráter é fundamental a existência de arranjos institucionais sociais, educacionais. 
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Modelo de indivíduo:
A moral é dinâmica, se transforma com o tempo. Decorre da possibilidade do indivíduo experimentar prazeres, que podem se transformar em prazeres superiores, ex: ler, ouvir música. 
Possuem a capacidade de agir por hábito (quando o agente deixa de calcular a todo instante a melhor ação, agindo conforme decisões passadas ou normas estabelecidas pelo princípio da utilidade). 
Essas características resultam na felicidade.
Portanto, a característica central da natureza do indivíduo é a busca da felicidade. 
Esse modelo de indivíduo olha para si porque busca a sua felicidade, MAS, não pode ser reduzido ao autointeresse, pois, conforme as faculdades elevadas são despertadas, compreende que a busca da felicidade, muitas vezes, transforma seu próprio interesse em interesses coletivos, não constituindo, portanto, uma vida egoísta.
Qual é a definição de moralidade para Mill? 
São regras e preceitos de conduta humana, cuja observação permitiriaassegurar a existência de todos (convergência dos interesses individuais em coletivos).
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NIETZSCHE (1844 - 1900)
Filósofo do martelo, conhecido por romper com a filosofia tradicional. 
Crítico dos valores morais (que eram instrumentos de controle).
 
Niilismo
No final do século XIX, com a ascensão do Estado alemão, Nietzsche percebeu uma grave crise de valores.
Para ele, os avanços da ciência fizeram com que as pessoas desconsiderassem o conjunto de valores trazido pelo cristianismo e que não havia mais compreensão de bom ou mau.
Era um crítico ainda mais forte ao ateísmo. 
Afirmava que o niilismo (abandono de toda e qualquer crença), iria substituir o código moral do cristianismo.
Parar ele, as pessoas sempre teriam a necessidade de identificar uma fonte de valor e concluía que, se a ciência não era essa fonte, ela assumiria outras formas, como a de um nacionalismo agressivo.
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O papel do homem
Para Nietzsche, existem os animais, os humanos e os super-humanos.
Quando os humanos aprenderam a controlar seus instintos naturais, deixaram de ser animais. 
Em sua tentativa de conquistar o autocontrole, caminham para se tornarem super-homens, (que possui autocontrole (que falta nos animais) e boa consciência (que falta nos homens)). 
O super-homem tem amor à vida e aceita o sofrimento sem reclamar.
 
Valores
Para ele, os humanos seriam mais saudáveis se não tivessem moralidade. 
A moralidade precisava ser reavaliada porque não era objetiva. Era particularmente crítico da moralidade cristã. 
Exemplo: a noção cristã de vida após a morte desvaloriza os instintos naturais dos indivíduos e faz com que esta vida não pareça ser importante.
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SARTRE (1905 – 1980)
Conhecimento do EU
 
Considerava que cada pessoa era um “ser por si mesmo”, tinha autoconsciência. 
As pessoas não possuíam uma natureza essencial, mas sim autoconsciência e consciência, que sempre poderiam ser mudadas.
A AUTOATUALIZAÇÃO é sempre possível. Para isso, a pessoa precisa reconhecer o que ele chama de facticidade (realidades, baseadas em fatos que ocorrem externamente ao indivíduo e que agem sobre ele). 
 
Ser-em-si e Ser-para-si: Para Sartre, há dois tipos de ser:
 
Ser-em-si: são as coisas que têm uma essência que é completa, no entanto, não têm consciência de si mesmas. Por exemplo: pedras, pássaros, etc.
 
Ser-para-si: coisas que têm consciência, Ex: homens.
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O papel do Outro (alteridade)
Uma pessoa (ser-para-si) só se torna consciente de sua existência, quando vê outro ser-para-si observando-a. A pessoa somente se torna consciente da própria identidade quando é vista pelos outros.
Afirma que encontrar o OUTRO poder ser difícil, já que uma pessoa pode tentar ver Os Outros como objetos sem consciência (ser-em-si). Isso cria o racismo, o sexismo e o colonialismo.
 
Responsabilidade
As pessoas eram responsáveis por suas ações, suas consciências. 
Mesmo que um indivíduo não queira assumir a responsabilidade por si mesmo, para Sartre, essa é uma decisão consciente e ele será responsável pelos resultados de sua inação.
Então, a ética e a moral são subjetivas e relacionadas à consciência do indivíduo. 
 
Liberdade 
Acreditava que as pessoas sempre tinham liberdade. 
Não importa quão objetificado um indivíduo esteja, o fato de a liberdade e a consciência existirem significa que todos indivíduos ainda têma capacidade de fazer algo acontecer. 
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Filosofias do Direito Críticas (progressistas)
FREUD (1856 - 1939)
LOUIS ALTHUSSER (1918 - 1990)
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Analisam o presente a partir da realidade do capitalismo. 
Sua tradição é baseada em Marx.
Marco histórico: tomada do poder pelos trabalhadores durante a revolução soviética. 
 
ESCOLA DE FRANKFURT (escola da razão crítica)
 
Se institui por um conjunto de pensadores marxistas judeus. Trouxe a psicanálise para o marxismo.
Começa a se perguntar sobre a razão de ser do capitalismo. 
principal pensador: Freud
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FREUD (1856 - 1939)
Dirá que a psiqué (personalidade), tem três esferas: EGO, ID e SUPER-EGO
Descobriu que o pedaço da personalidade que achamos que controlamos é extremamente pequeno em nossa personalidade (Iceberg)
EGO: 
é nossa parte do consciente e é extremamente pequena. Somos quase que totalmente inconscientes.
O consciente é nosso espaço da razão.
 
ID 
É, em latim, ISSO, é a parte mais profunda da personalidade que domina o indivíduo (inconsciente). 
É nossa parte da pulsão do prazer. 
Aparece com o nascimento e vai se transformando. Ex: fome, frio, sede, etc. 
 
SUPER-EGO: 
É a outra parte do inconsciente. 
É a pulsão da repressão que vem após o começo da pulsão do prazer. 
A pulsão do prazer vem de dentro e a pulsão da repressão vem de fora.
O super-ego sempre vem de fora até o momento que ocorre a introjeção. 
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LOUIS ALTHUSSER (1918 - 1990)
Tem por base o pensamento de Lacan (e não mais freudiano). 
Freud insiste no indivíuo e na persnalidade individual como centro da psicanálise.
Lacan descobriu que existem coisas que nos fazem ser quem somos. Somos um produto da sociedade.
A prática social onde se dá a ideologia é a capitalista:
Até para sair do capitalismo eu sigo na prática do capitalismo.
As práticas sociais concretas, vão se colocando no inconsciente a ideologia de vida e definindo a personalidade das pessoas. 
A ideologia é estrutural e não opcional (nasci numa sociedade machista – homem e mulher).  
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Como eu mudo as formas sociais? 
Via mudança das relações sociais, MAS, o mundo contemporâneo é construído a partir da forma mercantil. 
As práticas que constituem a ideologia estão enraizadas nos aparelhos ideológicos de Estado.
Aparelhos Ideológicos do Estado:
Os grandes aparelhos ideológicos do Estado (inicial) são a ESCOLA, a FAMÍLIA (maior aparelho de todos), a EMPRESA, os MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA.
A ideologia não deturpa, não faz lavagem cerebral, ela constitui a subjetividade. 
Somos constituídos pela ideologia. Mulher ou homem não são deformados pela ideologia, mas sim são formados como homem e mulher. 
A Ideologia é o próprio capitalismo

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