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Construção e Operação de Aterros Sanitários

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Curso: 
Construção e Operação 
de Aterros Sanitários 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ FERNANDO THOMÉ JUCÁ 
Grupo de Resíduos Sólidos – GRS 
Universidade Federal de Pernambuco 
 
 
 
 
 
 
Maio/2008 
1 
CAPÍTULO 1: MODELOS TECNOLÓGICOS PARA TRATAMENTO DOS 
RESÍDUOS 
 
Um dos maiores problemas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento é o tratamento de 
resíduos sólidos urbanos (RSU) que, pelo seu aumento crescente, criam sérios problemas sob o 
ponto de vista ambiental, sanitário, social e econômico. 
 
1.1. Compostagem 
A compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica em substâncias 
húmicas, estabilizadas, com propriedades e características completamente diferentes do material 
inicial. A compostagem deve ser desenvolvida em duas fases distintas: a primeira, a fase ativa, 
quando ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas; e a segunda, a fase de 
maturação, onde ocorre a humificação do material previamente estabilizado. Segundo Nóbrega 
(1991), a compostagem é pautada na definição anterior, sendo, sobretudo entendida como um 
processo biológico, aeróbico, controlado, termofílico, desenvolvido em duas fases por sucessões 
de colônias mistas de microorganismos. A Figura 1 apresenta leiras de compostagem. 
 
Figura 1 - Pátio de compostagem – Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental – LESA – 
Universidade Federal de Viçosa. Leiras de compostagem 
Fonte: http://www.amparo.sp.gov.br/noticias <acesso em 24/09/2007> 
 
1.1.1. Classificação 
Os processos de compostagem podem ser classificados quanto a: 
a) Aeração: os métodos de compostagem de acordo com o tipo de aeração podem ser aeróbicos e 
anaeróbicos. 
b) Temperatura: durante a compostagem, deve situar-se em torno de 55ºC, com a exaustão da 
fonte disponível de carbono ocorre o declínio da temperatura da leira (<40ºC), operada sob 
controle, indicando o término da fase ativa, devido à. 
c) Ambiente: com relação ao ambiente, a compostagem é classificada em sistemas abertos (em 
pilhas ou leiras nos pátios de compostagem) e sistemas fechados (confinada em digestores), 
Figura 2. 
 
2 
 
Figura 2 - Pilha de compostagem durante a fase de maturação. Biodigestor de usina de 
compostagem. Fonte: http://www.ufv.br <acesso em 27/09/2007>, 
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/residuos/urbanos_saude.asp <acesso em 17/10/2007> 
 
1.1.2. Fatores que afetam a compostagem 
 
Considerando que a compostagem é um processo aeróbico, vários são os parâmetros que afetam 
a eficiência do processo e a qualidade do composto: 
a) Taxa de aeração: a quantidade necessária de oxigênio para o crescimento dos 
microorganismos deve situar-se na faixa de 5 a 15% da concentração de oxigênio atmosférico, 
teoricamente, a taxa ótima de oxigênio seria aquela que satisfizesse a demanda bioquímica 
durante as diversas fases do processo. 
b) Teor de umidade: o teor de umidade deve situar-se em torno de 55%, altos teores (>65%) 
fazem com que a água ocupe vazios da massa, impedindo a passagem satisfatória de oxigênio, 
acarretando uma anaerobiose do meio, baixos teores (<40%) também causarão problemas, visto 
que reduzem a atividade microbiana. 
c) Temperatura: na compostagem moderna, as temperaturas são controladas e mantidas numa 
faixa de 40 a 65ºC em toda a massa de compostagem por um período mais longo possível, a fim 
de que seja obtida uma melhor eficiência do processo. 
d) Nutrientes: os principais nutrientes necessários ao crescimento dos microorganismos, durante a 
compostagem, são o carbono e o nitrogênio,. a taxa ótima para a relação C/N, que influenciará em 
uma boa atividade biológica, e de 30 a 40:1. 
e) Tamanho da partícula: o tamanho das partículas do material é um fator importante, pois quanto 
mais o material for fragmentado, maior será sua área de superfície sujeita aos ataques dos 
microorganismos e, conseqüentemente, diminuirá o tempo de compostagem. Tratando-se de lixo 
urbano, o tamanho ideal da partícula é de 20 a 50mm. 
f) pH: o pH ótimo para o crescimento dos microorganismos durante o processo de compostagem, 
situa-se entre 5,5 e 8,0. As bactérias preferem o meio próximo ao neutro (6,5 – 7,5) e os fungos se 
desenvolvem melhor entre 5,5 e 8,0. O pH no final da compostagem permanece na faixa alcalina 
(7,5 a 9,0). 
 
1.1.3. Utilização do composto 
O composto maturado, de boa qualidade é isento de odores, de agentes contaminantes, fácil de 
ser manuseado, estocado e transportado, o que difere de um composto não maturado. A forma 
mais importante do uso do composto é na aplicação agrícola, onde é utilizado como fertilizantes e 
condicionador de solos. Pode também ser utilizado como matéria-prima no processamento de 
fertilizantes industriais e no controle de erosão, reflorestamento, parques, etc. O composto 
também pode ser utilizado como um complemento na alimentação de porcos e peixes. 
 
1.2. Processos térmicos 
 
1.2.1. Incineração 
A incineração consiste na oxidação dos materiais, a altas temperaturas, sob condições 
controladas, convertendo materiais combustíveis (lixo) em resíduos não-combustíveis (escórias e 
cinzas) com emissão de gases. 
3 
É um método preconizado como o mais adequado para assegurar a eliminação de 
microorganismos patogênicos presentes na massa dos resíduos, desde que sejam atendidas as 
necessidades de projeto e operação adequadas ao controle do processo. 
A incineração é um termo comumente utilizado para designar todos os sistemas de queima, 
porém, incineração refere-se ao processo de combustão efetuado em incineradores de câmaras 
múltiplas, o qual apresenta mecanismos para um rigoroso monitoramento e controle dos 
parâmetros de combustão. A incineração, atualmente, é aceita para a maioria dos tipos de 
resíduos sólidos de serviços de saúde (RSS), principalmente os infecciosos, patológicos e 
pérfuros-cortantes, tornando-os inócuos. A principal vantagem deste método é a redução 
significativa de volume dos resíduos, entre 90 e 95%, fazendo com que seja descrito muitas vezes 
como um processo de disposição final. 
O desempenho de um incinerador está relacionado com vários fatores. Dentre eles destacam-se a 
variação na composição dos resíduos a serem incinerados, a temperatura, o tempo de residência 
dos gases na câmera secundária, o turbilhonamento ou excesso de ar. Pode-se, então, afirmar 
que a operação de um incinerador baseia-se no tripé temperatura-tempo de retenção – quantidade 
de ar necessário para a queima completa dos resíduos, resultando em um desempenho 
satisfatório do equipamento com grande redução na emissão de gases poluentes. 
Quando os fatores citados anteriormente não são devidamente controlados, além dos materiais 
particulados, fumaça e odor decorrentes da má operação, podem-se encontrar ainda nas 
emissões gasosas de um incinerador gases tóxicos com ácido clorídrico e óxidos de nitrogênio e 
enxofre, compostos policlorados como dioxinas e furanos, o que acarreta riscos à saúde pública. 
No Brasil, a destruição de resíduos pela via do tratamento térmico pode contar com os 
incineradores industriais e com o co-processamento em fornos de produção de clinquer 
(cimenteiras). A Resolução CONAMA 264/99 não permite que os resíduos domiciliares brutos e 
certos resíduos perigosos venham a ser processados em cimenteiras, tais como os provenientes 
dos serviços de saúde, os rejeitos radioativos, os explosivos, os organoclorados, os agrotóxicos e 
afins. 
 
1.2.2. Pirólise 
Consiste na degradação térmica dos resíduos na ausência de oxigênio. A temperatura do 
processo varia de 200ºC a 1100ºC. Ao contrário do processo de incineração e gasificação, que 
são exotérmicos, a pirólise é um processo endotérmico, que requer uma fonte externa de calor. As 
três frações de componentes mais importantes são: 
• Uma corrente de gás que contém principalmente hidrogênio, metano, monóxido de carbono 
entre outros,de acordo com as características dos resíduos. 
• Uma fração líquida que consiste em um fluxo de óleo contendo ácido acético, acetona, metanol 
e hidrocarbonetos oxigenados complexos. Com um processo adicional, a fração líquida pode 
ser utilizada como óleo combustível sintético. 
• Coque inferior, consiste em carbono quase puro adicionado de qualquer material inerte 
originalmente presente nos resíduos sólidos. 
 
1.2.3. Gaseificação 
 
É um processo termoquímico, situado entre a pirólise (ausência de oxigênio) e a incineração 
(excesso de oxigênio) que se realiza na presença de baixos teores de oxigênio (15% a 40%), 
suficiente para que o sistema funcione sem fonte de energia externa. As temperaturas de 
operação estão compreendidas entre 600ºC e 1500ºC. Permite a redução do volume de resíduos 
sólidos e a recuperação de energia. Basicamente, o processo implica na combustão parcial de um 
combustível carbonoso para gerar um combustível rico em gás com altos teores de monóxido de 
carbono, hidrogênio e alguns hidrocarbonetos saturados, principalmente, o metano. O gás 
combustível pode ser utilizado em motores de combustão interna, turbina à gás ou caldeira. 
De todos estes tratamentos termoquímicos o mais utilizado para o tratamento de resíduos sólidos 
é a incineração. Este é um dos métodos mais antigos para descartar o lixo. O primeiro incinerador 
foi construído na Inglaterra em 1874. Há vários tipos de incineradores, o único fator comum a 
todos é o princípio básico da combustão completa dos compostos orgânicos, que produzem gases 
como CO2, vapor de água, etc. 
4 
kT
T ePP *0=
CAPÍTULO 2: ELEMENTOS DE PROJETOS DE ATERROS DE ATERROS 
SANITÁRIOS 1 
 
2.1 Estimativa da geração de resíduos por habitante 
 
2.1.1 Evolução populacional 
 
O volume dos resíduos sólidos gerados cresce sobremaneira com o crescimento urbano, por esse 
motivo é preciso conhecer qual o comportamento do desenvolvimento da população e da geração 
de resíduos. 
Os estudos de projeção populacional são normalmente complexos. Análises mais precisas devem 
considerar todas as variáveis (nem sempre quantificáveis) que possam influenciar na localidade 
sob análise. Ainda assim, eventos inesperados podem fazer com que a trajetória do crescimento 
populacional seja totalmente diferente da prevista. Isto ressalta a necessidade da escolha de um 
valor realístico para o horizonte de projeto, assim como da possibilidade de sua implantação em 
etapas. 
O uso de métodos matemáticos sofisticados para as determinações das variáveis de algumas 
equações usadas na projeção populacional, perde o sentido se não for embasado por informações 
complementares, na maioria das vezes não quantificáveis, como aspectos sociais, econômicos, 
geográficos, históricos etc. 
A escolha adequada do método de projeção que será adotado é de fundamental importância e, 
mais importante ainda, o bom senso do analista na interpretação dos resultados obtidos. Ainda 
que a escolha do método possa se dar tendo por base o melhor ajuste aos dados disponíveis, a 
extrapolação da curva exige percepção e cautela. 
Deve se considerar a inclusão de uma margem de segurança na estimativa populacional para que 
as populações futuras reais não ultrapassem, a menos por alguma forte causa imprevista, 
facilmente a população estimada para o projeto, fazendo com que ocorram sobrecargas ou 
diminua a vida útil do sistema implantado. 
Existem vários métodos que permitem fazer a análise e estimativa do crescimento populacional, 
os principais métodos utilizados para as projeções populacionais são: 
i.Crescimento Aritmético; 
ii.Crescimento Geométrico; 
iii.Regressão Multiplicativa; 
iv.Taxa Decrescente de Crescimento; 
v.Curva Logística; 
vi.Comparação Gráfica Entre Cidades Similares; 
vii.Método da Razão e Correlação; 
viii.Previsão com Base nos Empregos. 
 
Os métodos citados anteriormente podem ser resolvidos também através de Análises Estatísticas 
de Regressão (linear ou não linear). Estes métodos são de fácil acesso e encontrados em um 
grande número de programas de computador. A análise da regressão deve ser adotada sempre 
que possível, pois possibilita a incorporação de uma maior série histórica, ao invés de apenas 2 ou 
3 pontos. 
No site http://www.ibge.gov.br do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é possível 
encontrar taxas de crescimento geométrico de diversas cidades brasileiras. No método da 
projeção geométrica o crescimento populacional é função da população existente a cada instante, 
é utilizado para estimativas de menor prazo e o ajuste da curva pode ser feito também por análise 
da regressão. 
 
A fórmula seguinte permite o uso do método da projeção geométrica de crescimento: 
 
 
5 
Onde: 
PT = População no ano após o tempo de projeção (Ex.: Nº de habitantes em 2022); 
P0 = População no ano corrente (Ex.: Nº de habitantes em 2007); 
T = Período de tempo da projeção (Ex.: 15 anos); 
k = Taxa de Crescimento Geométrico. (Ex.: 2,03% = 0,0203). 
 
2.1.2 Evolução da geração de RSU 
 
Uma vez conhecido o comportamento da evolução populacional, é preciso saber como evolui a 
geração de resíduos sólidos. É possível a alguém, supor que a geração de resíduos sólidos 
dependa exclusivamente do tamanho da população e inferir que populações maiores gerem 
maiores quantidades de resíduos sólidos numa medida linear parece lógico inicialmente. 
Pensando dessa forma, uma população inicial de 100.000 habitantes que gera 60 toneladas de 
resíduos sólidos urbanos por dia, em 15 anos evoluindo a uma taxa geométrica de crescimento de 
1%, terá 116.183 habitantes e gerará 69,71 ton/dia. Isso simplesmente não é verdade. 
Para entendermos o porquê, precisamos ter em mente o conceito da geração per capita de 
resíduos sólidos, ou seja, quanto cada habitante produz. No caso do exemplo anterior tomamos 
essa taxa como fixa e igual a 0,6Kg/hab/dia o que não representaria a realidade pois a taxa de 
geração per capita cresceria também. 
Populações maiores tendem a ser mais desenvolvidas economicamente logo, as pessoas 
consumem mais (alimentos, produtos, serviços, etc), e produzem mais resíduos individualmente, 
logo a geração de RSU cresce em função da população (que normalmente cresce) e também da 
geração per capita (que normalmente também cresce). 
Outro fato que precisamos ter em mente, é o de que populações menos desenvolvidas 
economicamente produzem um resíduo sólido com maior teor de matéria orgânica, enquanto que 
populações mais desenvolvidas economicamente produzem um resíduo menos denso. Assim, 
com a evolução econômica da população, mais resíduos são resíduos vão se tornando menos 
densos e menos ricos em matéria orgânica, e o inverso também é verdadeiro. 
No Brasil a taxa de geração de resíduos sólidos per capita se encontra em torno de 600g/hab/dia. 
Normalmente encontrarmos taxas per capita variando de 0,4kg/hab/dia (em áreas de pequenas 
cidades com vocação agrícola) até 1,4 kg/hab/dia (em áreas metropolitanas mais industrializadas). 
A estimativa de produção de RSU deve ser feita considerando-se a variação da população e da 
taxa de produção per capita ao mesmo tempo, o que representa de forma bastante realista a 
evolução da produção de RSU da localidade em estudo. 
O volume necessário às células de aterramento, deve ser aquele produzido durante toda a vida útil 
do projeto, descontando-se a parcela de triagem, podas, compostagem, coleta seletiva e, 
finalmente sobre esse restante, descontando-se o volume devido ao recalque, obtendo-se dessa 
forma o volume total a ser disposto no aterro sanitário. 
 
2.2 Seleção de Áreas 
 
Os resíduos sólidos urbanos que não puderem ser recuperados, reusados ou reciclados devem ir 
para uma área destinada ao tratamento e disposição final destes resíduos. A seleção da área deve 
ser bastante criteriosa, pois se deve ter o cuidado de além de preservar os recursosnaturais, 
estabelecer um uso racional do solo devido a constante diminuição do espaço físico disponível. 
Desse modo, é necessário o desenvolvimento de estudos técnicos e ambientais que permitam a 
escolha de áreas mais propícias para a instalação de aterros sanitários de forma a minimizar os 
impactos ambientais, mas que também atendam a questão econômica. 
O objetivo fundamental do processo de seleção de áreas para implantação de um aterro sanitário 
de resíduos consiste em eleger um local viável que, tendo em conta a categoria dos resíduos, o 
meio ambiente local e o tipo de aterro, responda com o grau mais elevado possível aos seguintes 
requisitos principais: 
• Ocorrência de condições naturais favoráveis a uma localização ambientalmente sustentável. 
Entende-se por “condições ambientais sustentáveis” o conjunto de condições naturais do local 
6 
susceptíveis de assegurar que a localização do aterro não comprometerá, no longo prazo, os 
recursos naturais da região e a qualidade de vida de sua população. 
• Ocorrência de condições favoráveis que permitam minimizar, não só os custos de construção, 
de operação, de manutenção e de integração após o período de vida útil do aterro de resíduos, 
mas também a desvalorização de recursos e de valores econômicos, sociais ou culturais. 
• Constitua uma localização tecnicamente correta, economicamente viável e socialmente justa, 
passível de granjear a aceitação das populações. 
A seleção de áreas para aterros sanitários é realizada a partir de critérios que levam em 
consideração aspectos diversos como, por exemplo a legislação de uso e ocupação do solo, as 
distâncias de cursos d’água, a malha urbana e viária, o nível das águas subterrâneas, a 
declividade da área, o tempo de utilização do aterro (Vida Útil) e possíveis usos futuros da área. 
Em termos gerais ao se fazer a escolha da área deve-se ter em mente os seguintes pontos: 
i. O local selecionado para implantação de aterros deve possuir características que permitam 
controlar os riscos de contaminação da água, do ar, e do solo. 
ii. Devem ser consideradas as medidas de proteção ambiental e a lei do uso do solo, além dos 
possíveis impedimentos sanitários, econômico e políticos, que possam eventualmente 
ocorrer na escolha da área para afins de aterro sanitário. 
iii. Deve ser dotado de amplitude e topografia dominante que possibilite sua utilização por 
período razoavelmente longo, a fim de amortizar os investimentos necessários à implantação 
do aterro sanitário. 
iv. Deve ser suficientemente afastado de zonas urbanas, a fim de poupar a população do 
desconforto visual e de riscos à saúde pública, conservando, no entanto, relativa proximidade 
dos centros de coleta de lixo. 
v. Deve ter localização que permita maior racionalização do transporte do lixo coletado em todo 
município e dispor de facilidade e possibilidade de múltiplos acessos. 
vi. Deve ser, de preferência, local de baixo valor de aquisição, mas que conte com sistemas de 
serviços públicos próximos, tais como rede elétrica, de água e de telefone. 
vii. O terreno deve ser selecionado, preferencialmente, considerando-se também os fatores 
relativos à oportunidade de desapropriação e facilidade de aquisição. 
 
Na seleção da área para implantação de aterros sanitários de resíduos sólidos é de fundamental 
importância o conhecimento do Meio Físico. São necessários estudos geológicos, 
geomorfológicos e geotécnicos; diagnóstico ambiental de líquidos, sólidos e gases; estudos de 
clima, vegetação e recursos hídricos. A seguir uma série de características ou atributos que 
devem ser conhecidos para melhor avaliação da área que se pretende destinar para o tratamento 
e disposição final de resíduos sólidos urbanos: 
 
ATRIBUTOS GEOTÉCNICOS E GEOQUÍMICOS: 
 
ƒ Condutividade hidráulica 
(K) 
ƒ Capacidade de troca 
catiônica (CTC) 
ƒ Potencial hidrogeniônico 
(pH) 
ƒ Salinidade 
ƒ Compacidade do terreno 
natural 
ƒ Movimentos de massa e 
erodibilidade 
ƒ Subsidência 
ƒ Resistência ao 
cisalhamento 
ƒ Condições de compactação 
ƒ Fator de retardamento 
ƒ Textura 
ƒ Compressibilidade 
ƒ Colapsividade 
ƒ Índice de erodibilidade 
 
 
ATRIBUTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS: 
 
ƒ Declividade 
ƒ Planícies de Inundação 
ƒ Afloramento Rochoso 
ƒ Forma da Encosta 
ƒ Litologia 
ƒ Topografia 
ƒ Descontinuidades 
ƒ Mineralogia 
 
 
ATRIBUTOS HIDROLÓGICOS E HIDROGEOLÓGICOS: 
 
ƒ Condições de 
drenabilidade 
ƒ Velocidade da água 
subterrânea 
ƒ Direção do fluxo da água 
subterrânea 
ƒ Pluviosidade 
ƒ Direção dos ventos 
ƒ Clima 
ƒ Densidade de drenagem 
ƒ Área de recarga de 
aquífero 
ƒ Cabeceira de drenagem 
ƒ Distância entre as fontes 
de abastecimento de água 
ou recurso hídrico e as 
fontes contaminantes 
ƒ Zonas úmidas (regiões 
onde o lençol é raso ou 
subaflorante) 
ƒ Aqüífero livre 
ƒ Profundidade do nível de 
água 
 
 
ATRIBUTOS SÓCIO-ECONÔMICOS 
 
ƒ Densidade populacional da 
área 
ƒ Distância do núcleo 
populacional 
ƒ Zoneamento ambiental 
ƒ Aceitabilidade da 
população e de entidades 
ambientais 
ƒ Valorização da terra 
ƒ Distância a ser percorrida 
entre o ponto de coleta e o 
aterro 
ƒ Acessos (estradas) 
8 
Existem várias metodologias alternativas visando a integração e avaliação de fatores de seleção 
de área, desde a escala regional até à seleção final da área à escala local. Entre as principais 
metodologias de análise mais correntes contam-se: 
 
MÉTODO GLOBAL OU INTUITIVO 
 
No método global ou intuitivo, o decisor procede a um julgamento da aptidão de cada área com 
base numa visão holística do conjunto dos fatores de seleção, tomado como um todo estruturado e 
indissociável. Os defensores deste método argumentam que as características que determinam a 
aptidão de uma área são tão funcionalmente interdependentes umas das outras (bem como do que 
potencialmente poderá vir a ser o projeto e a exploração do aterro de resíduos proposto) que não 
suportam uma avaliação baseada numa análise de fatores de seleção tomados um a um. Esta é 
também a atitude que mais se aproxima das abordagens típicas da engenharia civil e do que é 
comum designar por "julgamento de engenheiro". 
Vantagem: Possivelmente a única forma de considerar os dados de base e proceder ao julgamento 
de uma área tendo em conta as soluções de projeto. 
Limitações: Dificuldade de justificar s decisões, especialmente no nível regional. 
 
MÉTODO DA EXCLUSÃO PROGRESSIVA 
 
No método de exclusão, os fatores de seleção são analisados seqüencialmente, associando a 
cada fator um limite definido de aceitabilidade da aptidão da área. Se, para um dado fator, ou 
conjunto de fatores, o limite de aceitabilidade for excedido a área ou as áreas em consideração são 
excluídas. No caso contrário, o processo continua pela seleção de outro fator e aplicação do 
critério correspondente, até que seja considerada toda a seqüência dos fatores de seleção que 
identificam as áreas desfavoráveis ou não aceitáveis. 
Vantagem: Funciona bem à escala regional e com a aplicação de critérios de exclusão. 
Limitações: Risco de excluir prematuramente uma área que poderia ser bem classificada em 
avaliações subseqüentes. 
 
MÉTODO DOS FATORES PONDERADOS 
 
No método da análise ponderada atribuem-se pesos aos fatores de seleção, ou seja, os fatores de 
seleção são substituídos por valores numéricos de acordo com uma escala comum de 
classificação. Após a ponderação de todos os fatores, os resultados são combinados numa 
operação de multiplicação e soma, de forma a atribuir uma classificação numérica a cada área. A 
área mais favorável será o que exibir classificação mais elevada. 
Vantagem: Funciona bem para um reduzido número de áreas candidatas marcadamente diferente 
entre si. 
Limitações: Gera distorções ao tratar cada fator como totalmenteindependente. O significado dos 
resultados quantificados pode não ser claro. 
 
MÉTODO DA COMBINAÇÃO DE FATORES 
 
O método dos fatores combinados pode usar, quer o método de exclusão, quer a análise 
ponderada. Mas, neste caso, em vez de trabalhar seqüencialmente com uma série de fatores, 
desenvolvem-se alternativas. Isto envolve a seleção de um conjunto particular de fatores 
combinados e a identificação das áreas que os satisfazem. O processo é depois sucessivamente 
repetido para outras combinações de fatores. Este método permite eleger um conjunto de áreas 
9 
possíveis diferentes que representam, cada uma, perspectivas distintas do que constitui a melhor 
área. 
Vantagem: Único método que tem em conta a interdependência de fatores e as diferenças de 
opinião ou de julgamento entre diversos especialistas. Excelente para integrar a participação 
pública 
Limitações: Não hierarquiza as áreas. A gestão dos dados toma-se difícil se for grande número de 
áreas candidatas. 
A seguir uma lista de Metodologias que são comumente aplicadas na seleção de áreas para 
aterros sanitários: 
• Metodologia proposta por Fiúza e Oliveira (1997), adaptada do trabalho de Mc Bean, E.., 
Rogers, F.A., e Grahame J.F. (1995); 
• Metodologia proposta por Waquil et al. (2000); 
• Metodologia proposta por Gomes et al. (2000); 
• Metodologia proposta por Lollo e Gebera. (1998); 
• Metodologia proposta por Vieira et al. (1999). 
 
É pouco provável que exista uma “área perfeita” satisfazendo todos os requisitos para implantação 
de um aterro. Em regra, existem áreas aceitáveis e inaceitáveis. Todas as áreas viáveis e 
possíveis são diferentes, com vantagens e inconvenientes, o que geralmente torna a análise 
comparativa uma matéria de julgamento. 
Deve-se evitar viciar o processo de seleção com a tendência freqüente de se localizar os aterros 
de resíduos em zonas já degradadas da periferia das áreas urbanas e, também deve-se abstrair as 
questões políticas e emocionais envolvida na tomada de decisão. A escolha da área deve ser um 
processo estruturalmente relacionado com o planejamento da ocupação do solo e do 
desenvolvimento da região. 
A utilização de critérios preliminares eliminatórios baseados em leis, normas e resoluções que 
classificam áreas inaptas acelera o processo de escolha, e possibilita a diminuição de custos com 
estudos de áreas impróprias. 
Metodologias simples que não abordam todos os critérios estabelecidos em leis não incluem as 
sugestões das normas e resoluções, podem incorrer no erro de classificação de áreas legalmente 
impróprias, como também a falta de detalhes na classificação pode eliminar áreas potencialmente 
aptas. 
A localização de um aterro sanitário é um processo de decisão de natureza multidisciplinar, no qual 
são considerados diversos atributos e implica na avaliação e seleção de áreas aptas, entre várias 
alternativas possíveis, com base em critérios definidos. 
 
 
10 
CAPÍTULO 3: ELEMENTOS DE PROJETOS DE ATERROS DE ATERROS 
SANITÁRIOS 2 
 
3.1 Dimensionamento dos Aterros Sanitários 
 
O dimensionamento do aterro sanitário depende: 
• Quantidade e tipologia dos resíduos a serem depositados; 
• Características fisiográficas e ambientais; 
• Uso futuro da área. 
 
O volume de resíduos sólidos a ser disposto no aterro sanitário é um fator preponderante para o 
dimensionamento da área para disposição dos resíduos. E a caracterização fisiográfica e 
ambiental da área selecionada é um fator básico para dimensionamento, principalmente, porque 
este fator influi diretamente na implantação e desempenho do empreendimento (IPT/CEMPRE, 
2000). 
Os seguintes componentes deverão fazer parte de um projeto de aterro sanitário: 
• Sistemas de tratamento dos resíduos a serem dispostos; 
• Sistema de tratamento de base (impermeabilização da fundação); 
• Sistema de operação; 
• Sistema de drenagem da fundação; 
• Sistema de cobertura; 
• Sistema de drenagem de águas pluviais; 
• Sistemas de drenagem dos líquidos percolados; 
• Sistemas de drenagem dos gases; 
• Análises de estabilidade dos maciços de terra e dos resíduos dispostos; 
• Sistema de coleta e tratamento de lixiviado; 
• Sistema de tratamento dos gases; 
• Plano de encerramento do aterro; 
• Sistema de monitoramento. 
Nos itens abaixo serão descritos os principais componentes de um projeto de aterros sanitários, 
sendo os outros elementos discutidos com mais detalhes nos outros capítulos desta apostila. 
 
3.1.1 Impermeabilização da fundação 
 
De acordo com o IPT/CEMPRE (2000), a impermeabilização inferior tem a função de proteger a 
fundação do aterro, evitando-se a contaminação do subsolo e aqüíferos adjacentes, pela migração 
de percolados e/ou dos gases, em não havendo condições in situ favoráveis. 
Um sistema de tratamento de base deve apresentar as seguintes características: 
• Estanqueidade; 
• Durabilidade; 
• Resistência mecânica; 
• Resistência a intempéries; 
• Compatibilidade físico-química-biológica com os resíduos a serem aterrados. 
11 
Dentre os materiais, comumente empregados em tratamento de base de aterros destacam-se os 
solos argilosos compactados e as geomembranas sintéticas. O tipo de membrana que tem se 
mostrado mais adequado para impermeabilização de aterros é a geomembrana de polietileno de 
alta densidade (PEAD), por sua resistência, durabilidade e compatibilidade com grande variedade 
de resíduos. Vale ressaltar que , nos processos de impermeabilização da fundação dos aterros, a 
garantia de qualidade não fica atestada apenas através dos materiais a serem utilizados, mas sim, 
de um conveniente projeto de aplicação e um controle tecnológico adequado para a execução. 
 
3.1.2 Sistemas de Drenagem 
 
Nos projetos de aterros sanitários, deve-se considerar a execução de uma rede de drenagem 
eficiente para evitar a poluição e/ou contaminação ambiental, especialmente das águas superficiais 
e/ou subterrâneas, pelo líquido percolado, bem como permitir a operação dos aterros em qualquer 
situação climatológica. 
 
a) Drenagem de águas superficiais 
 
A finalidade básica dos sistemas de drenagem superficial é desviar as águas da bacia de 
contribuição para fora do local do aterro, possibilitando a operação, mesmo em dias de chuvas 
intensas, e diminuindo o volume de líquido percolado. Além de aumentar o volume de lixiviados, o 
escoamento de águas superficiais gera erosão, o que pode causar a destruição da camada de 
cobertura e taludes. 
Para a definição do local e dimensionamento do sistema de drenagem superficial, parte-se dos 
dados obtidos nos levantamentos topográfico e climatológico. Além disso, este dimensionamento é 
dependente, principalmente, da vazão a ser drenada. 
Nos aterros, em geral, o sistema de drenagem de águas superficiais é constituído por estruturas 
drenantes de meias canas de concreto (canaletas) associadas a escadas d’água e tubos de 
concreto. Este sistema deve ser orientado no sentido de conduzir os líquidos para um único local, 
distinto dos locais dos líquidos percolados pelo aterro, que necessitam de tratamento antes de 
serem lançados na drenagem natural (IPT/CEMPRE, 2000). 
 
b) Drenagem de líquidos percolados (chorume) 
 
O sistema de drenagem de percolados visa coletar e encaminhar para a Estação de Tratamento de 
Efluentes (ETE), os líquidos percolados através da massa de resíduos, evitando o 
comprometimento do aqüífero e corpos hídricos superficiais devido à elevada carga poluidora 
presente. Além disso, reduz as pressões atuantes dos líquidos na massa de resíduos e minimiza o 
potencial de migração do mesmo no subsolo. 
Este sistema poderá ser projetado através de drenos de brita com tubos perfurados, direcionando 
o lixiviado até o local de acumulação, de onde serão enviados a um tratamento adequado. Para 
seu dimensionamento é fundamental o conhecimento da vazão a ser drenada e das 
condicionantes geométricasda massa de resíduos (IPT/CEMPRE, 2000). 
 
c) Drenagem e tratamento dos gases 
 
O sistema de drenagem de gases a ser implementado em aterros sanitários tem por finalidade 
retirar os gases gerados no processo de degradação, de forma a aliviar as pressões internas que 
ocorrem no maciço, contribuindo para a estabilidade geotécnica dos taludes e, conseqüentemente, 
a segurança da obra, e garantindo a sua queima nos níveis superiores, controlando a emissão dos 
gases à atmosfera. 
12 
A concepção deste sistema consiste na implantação de drenos verticais que permitam a drenagem 
dos gases e sua combustão em queimadores diretamente instalados nos drenos. Além desta 
função principal, o sistema poderá ser projetado de modo a funcionar também como facilitadores 
ao escoamento vertical dos líquidos no interior da massa de lixo. A interligação do sistema de 
drenagem de gases e de chorume sendo realizada na base do aterro é de grande importância para 
a não obstrução e comprometimento dos drenos de gases pelo percolado. Os queimadores ou 
flares são colocados individualmente em cada dreno vertical. Desta maneira, cada dreno poderá 
ter sua eficiência monitorada isoladamente, além de permitir uma melhor investigação na massa de 
lixo circundante. 
 
3.1.3 Cobertura da massa de resíduos 
 
O sistema de cobertura tem a função de proteger a superfície da massa de resíduos, minimizar os 
impactos ao meio ambiente, visando à eliminação da proliferação de odores, à diminuição da taxa 
de percolado, permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro, além da eliminação da 
queima dos resíduos e à saída descontrolada dos gases (IPT/CEMPRE, 2000). 
Existem três tipos de cobertura de resíduos num aterro sanitário, aquela que se processa 
diariamente, nas atividades normais de deposição de lixo, as camadas intermediárias e a cobertura 
final do aterro, a ser feita nos locais onde a deposição já se encerrou. 
 
a) Cobertura Diária/ Intermediária 
 
São muitos os benefícios advindos da execução da cobertura diária e intermediária dos resíduos. 
Tal cobertura promove uma melhor apresentação visual do aterro, melhora as condições de acesso 
à célula de resíduos, reduz significantemente o transporte de lixo leve (papel, etc...) pelo vento. 
Além disso, reduz os riscos de transmissão de doenças por vetores, diminui odores, reduz a 
ocorrência de pontos de fogo e ajuda na atenuação do percolado. 
Assim sendo, é importante que tais camadas funcionem adequadamente e não sejam destruídas, 
principalmente, por erosões provocadas por águas superficiais não controladas. A cobertura diária 
deve ser realizada ao final de cada jornada de trabalho, já a cobertura intermediária é necessária 
naqueles locais onde a superfície ficará exposta por mais tempo, aguardando, por exemplo, a 
conclusão de um patamar para inicio do seguinte. Se necessário, nas épocas de chuva, pode-se 
utilizar manta plástica para evitar a infiltração das águas na massa de resíduos tendo em vista que 
a utilização de solo argiloso sobre o lixo dificulta o trânsito de veículos. 
 
b) Cobertura Final 
 
A cobertura final tem por objetivo diminuir a infiltração de águas pluviais, que resultam em aumento 
do volume do lixiviado, bem como evitar o vazamento dos gases gerados na degradação da 
matéria orgânica para a atmosfera. Esta cobertura, geralmente, tem no mínimo 60 cm de 
espessura de solo argiloso compactado e é executada quando o aterro atingir sua conformação 
geométrica final. 
 
3.1.4 Análise da estabilidade dos maciços de terra e dos resíduos sólidos dispostos 
 
O objetivo principal da análise da estabilidade dos taludes é definição geométrica estável do aterro 
e seu entorno, com critérios de segurança adequados para obras civis. Um fator básico a ser 
considerado é a influencia dos líquidos e gases na estabilidade dos taludes. 
A estabilidade dos maciços de terra, da fundação e da massa de resíduos sólidos dispostos no 
aterro deve ser analisada a partir de parâmetros e métodos de análise adequados ao local, e por 
consultores especializados na matéria (IPT/CEMPRE, 2000). 
13 
CAPÍTULO 4: ELEMENTOS DE PROJETOS DE ATERROS DE ATERROS 
SANITÁRIOS 3 
 
Para operar um Aterro Sanitário, são necessários homens, máquinas, equipamentos e uma infra-
estrutura adequada para a uma correta disposição dos resíduos. Nos itens abaixo serão 
apresentados cada um desses elementos usados na operação de aterros sanitários: 
 
4.1 Pessoal 
Para que a implantação de em aterro sanitário atinja seus objetivos, como a correta destinação dos 
resíduos com proteção ao meio ambiente e saúde publica, a equipe de pessoal envolvida na 
operação precisa estar devidamente preparada. Além do número e qualificação necessários, todos 
os funcionários envolvidos devem ter o conhecimento mínimo do projeto, e da importância das 
ações por ele proposta. 
Na Tabela 1 está relatada, de uma forma geral, a mão de obra mínima necessária para um 
adequado gerenciamento dos aterros sanitários. 
 
Tabela 1: Mão de obra mínima necessária em aterros sanitários. 
 
FONTE: http://www.conder.ba.gov.br/manual_aterro.pdf 
 
Os funcionários deverão ser capacitados com treinamentos para desenvolverem as atividades 
técnico-operacionais e/ou administrativas. Verifica-se que os funcionários da limpeza publica, em 
especial de aterros (ou lixões), são os menos qualificados disponíveis. Ressalta-se que sem um 
pessoal qualificado e treinado não é possível a operação adequada dos aterros sanitários. 
 
 
14 
4.2 Equipamentos 
 
Um bom dimensionamento dos equipamentos a serem empregados na construção e na operação 
de aterros sanitários constitui um dos fatores mais importantes na sua execução. Os gastos 
despendidos com equipamentos constituem um grande investimento inicial de capital e a 
explicação para boa parcela dos custos. A escolha dos equipamentos e dispositivos 
complementares é baseada por diversos elementos intervenientes, entre os quais citamos: 
• Quantidade e tipo de resíduos depositados; 
• Grau de compactação projetado; 
• Características topográficas e geológicas do solo; 
• Localização da jazida de terra e volume que será usado para a cobertura, entre outros. 
 
Assim, o conjunto de equipamentos básicos normalmente utilizados em aterros sanitários 
é: 
• Trator sobre esteiras: Um dos equipamentos mais úteis e mais utilizados em aterros, devido sua 
versatilidade, potência e resistência. Tem a função de nivelar a superfície e realizar o corte do 
aterro, preparação e manutenção dos acessos, e principalmente, espalhar, compactar e cobrir 
os resíduos depositados; 
• Pá-carregadeira (pneus ou esteiras): Podem ser utilizadas para escavar o solo e carregar 
caminhões basculantes. Como também poderão ser empregadas em pequenos aterros para 
transportar economicamente material de cobertura, espalhar os resíduos, como também 
aplainar o terreno e cortar barrancos. Porém, normalmente, sua utilização principal é na 
escavação do solo para ser transportado por caminhões basculantes (LIMA, 2005). 
• Escavadeira hidráulica: Utilizada para escavações diversas e abertura de drenos; 
• Retro escavadeira: Equipamento extremamente versátil, por desempenhar múltiplas funções nos 
aterros sanitários. Usadas na abertura de valas, execução de drenos, assentamento de 
tubulação e carregamento de caminhões; 
• Caminhões basculantes: Tem a função do transporte de materiais diversos, como material de 
cobertura, brita, tubos e materiais de construção em geral; 
• Motoniveladora: Utilizada para terraplanagem e nivelamento, encontrada principalmente em 
aterros de grandes dimensões; 
• Carro pipa: Pode ser utilizado durante a construção da camada de impermeabilização, para 
fornecer a umidade ótima de compactação do solo, ou durante a operação do aterro com o 
objetivo de eliminar a poeira nos acessos dos aterros.4.3 Instalações de apoio 
 
Instalações de apoio de um aterro sanitário são estruturas auxiliares que têm como objetivo 
garantir o funcionamento adequado do aterro, dentro dos padrões estabelecidos pelas técnicas de 
engenharia e do saneamento ambiental. Desta forma, estas instalações foram descritas a seguir: 
• Cerca e barreira vegetal: O isolamento da área é fundamental para o bom andamento dos 
serviços. Toda a área do aterro deverá estar cercada, com o objetivo de limitar o espaço e 
impedir a entrada de animais e de catadores. O tipo de cerca a ser utilizada dependerá do local 
onde está sendo executado o aterro e das condições existentes. A construção de um cinturão 
verde, juntamente com outro tipo de cerca, também é uma forma de isolamento. Além disso, 
esta faixa de proteção tem como objetivo minimizar os impactos da poluição gerada pelo 
aterro, entre os quais, emanação de odores, poeira (material particulado), ruídos, poluição 
visual, bem como a ação externa do vento na operação do aterro; 
15 
• Portaria: Tem a função de controlar a entrada e saída de veículos e pessoas, pois como em 
qualquer obra, um aterro em operação oferece risco as pessoas. Assim, quaisquer visitante 
deve primeiro ser enviado a administração, e somente ter acesso ao aterro acompanhado de 
funcionário local. Ressalta-se que o controle da entrada e saída de veículos se faz necessário 
para fiscalizar os resíduos que podem ser depositados no aterro, de modo a não aceitar, por 
exemplo, resíduos perigosos que podem causar danos aos operadores do aterro, ao processo 
de estabilização dos resíduos ou ao meio ambiente. 
• Balança: Tem como função de avaliar a quantidade de resíduos que entram no aterro. No caso 
dos aterros (e dos serviços de coleta) empreitados, a pesagem é a forma mais indicada de 
controle e remuneração dos serviços prestados. Além disso, a pesagem constante dos 
resíduos fornece dados estatísticos de grande valor na avaliação da vida útil do aterro e da 
variação da produção de resíduos ao longo do tempo, servindo de base para a elaboração de 
futuros planos de manejo de resíduos sólidos. 
• Escritórios (administração): Serve como base de controle e gerenciamento de todo o aterro, 
contabilizando quantidades de resíduos dispostos, materiais utilizados, controle de pessoal e 
fornecimento de elementos para cálculo de custos. 
• Refeitório, vestuário e sanitários: Instalações apropriadas para as refeições e à higiene pessoal 
são fundamentais para um bom andamento dos serviços. Estas instalações se tornam ainda 
mais importantes quando o município está implantando pela primeira vez um aterro sanitário, já 
que nos lixões estas instalações são muito precárias, quando não existentes. 
• Galpão para abrigo de veículos: A lubrificação e lavagem, bem como pequenos reparos nos 
veículos e equipamentos, podem ser realizados no próprio aterro. Por isso deve ser prevista a 
construção de um galpão apropriado, que deverá ainda servir como abrigo deste equipamento 
nos períodos de inatividade. 
• Pátio de estocagem de materiais: Os materiais de consumo no aterro, como brita, tubos, 
canos, terra, entre outros, deverão ficar convenientemente estocados em área especialmente 
reservada a este fim. A movimentação constante pode causar danos a estes materiais. 
• Acessos internos: Os acesos internos visam permitir interligação entre os diversos pontos do 
aterro. Estes acessos devem resistir ao trânsito de veículos, mesmo em dias de chuva, por 
isso devem está sempre em perfeitas condições. 
• Iluminação: Nos aterros operados em tempo integral, isto é, nos períodos diurno e noturno, é 
indispensável a existência de um sistema de iluminação na portaria, acessos e, principalmente, 
na frente de operação. Essa medida visa garantir condições de operacionalidade e segurança 
tanto ao pessoal e aos equipamentos do aterro, quanto àqueles responsáveis pelo transporte 
de resíduos. 
 
 
16 
CAPÍTULO 5: SISTEMAS DE TRATAMENTO DE LIXIVIADOS 
 
5.1 Lixiviado 
 
O lixiviado é um líquido escuro, odor desagradável, contendo alta carga orgânica e inorgânica, 
sendo esse resultante das reações de quimicas que acontecem durante o processo de degradação 
anaeróbia dos resíduos sólidos orgânicos, além da própria umidade residual do material orgânico e 
outras possíveis fontes de água que porventura possam vir a atravessar a massa de resíduo 
(Lopes, 2003). 
Segundo ORTH (1981), o lixiviado ou percolado é uma combinação do chorume com a água que 
percola através da massa de resíduos sólidos. Estas águas que atravessam a massa de lixo 
podem ser formadas através da: umidade natural do lixo; água de constituição presente no lixo que 
são liberadas pela compactação ou pela decomposição biológica; infiltração das águas de chuva 
da camada de cobertura do aterro; pela contribuição das nascentes e águas do subsolo que por 
capilaridade atingem a massa de lixo (LINS, 2003). 
A composição química e microbiológica do lixiviado é bastante complexa e variável, uma vez que, 
além de depender das características dos resíduos depositados, é influenciada pelas condições 
ambientais, pela forma de operação do aterro e, principalmente, pela dinâmica dos processos de 
decomposição que ocorrem no interior das células (El Fadel et al., 2002; Kjeldsen et al., 2002). 
O lixiviado é considerado um contaminante, que causa sérios problemas na saúde pública e 
impactos negativos ao meio ambiente, uma vez que este apresenta altas concentrações de matéria 
orgânica, bem como quantidades consideráveis de metais pesados. 
O impacto produzido pelo chorume no meio ambiente é bastante acentuado principalmente em 
relação à poluição das águas. A percolação do líquido no aterro pode provocar a poluição das 
águas subterrâneas e superficiais, sendo que uma das primeiras alterações observadas são a 
redução do teor de oxigênio dissolvido e, conseqüentemente, alteração da fauna e flora Aquática. 
Estudos recentes demonstram que efeitos adversos podem ser observados no solo, mesmo a 
distâncias superiores a 100 m do aterro, assim como alterações na biota aquática, principalmente 
nas imediações da descarga. Por este motivo, a implementação de sistemas de coleta e 
tratamento para este efluente é absolutamente essencial ( morais, 2005). 
 
5.1.1 Processos de geração de lixiviado 
 
A matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos, responsável pela formação do chorume, pode 
sofrer dois tipos de decomposição: a anaeróbia, quando a massa de lixo está recoberta e bem 
compacta com argila, e, aeróbia, quando a massa de lixo está em contato com o ar, ou por 
ausência de recobrimento ou pela má compactação da camada de cobertura. Segundo BIDONE & 
POVINELLI (1999), a decomposição anaeróbia é lenta, gerando alguns subprodutos como amônia 
e ácidos orgânicos e gases, como o gás sulfídrico. Mas, estando à matéria orgânica em contato 
com ar, começa a sofrer um processo de oxidação, iniciando a degradação progressiva do 
material, gerando alguns subprodutos como gás carbônico, sais minerais de nitrogênio, fósforo, 
potássio, dentre outros. Segundo GUIMARÃES (2000), “este processo é acelerado pela presença 
de bactérias aeróbias que ajudam a deterioração do material. A decomposição dos resíduos 
resulta na produção de gases como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), dentre outros, 
além de um percolado que em regiões com alto índice pluviométrico, tem sua quantidade 
aumentada pela infiltração da chuva” (LINS, 2003). 
De acordo com OLIVEIRA & PASQUAL (2000), os resíduos sólidos, inicialmente, agem como uma 
esponja e simplesmente absorvem a água; entretanto, o material atinge um teor de umidade, 
conhecido como capacidade de campo ou de retenção. Qualquer acréscimo adicional de água 
resulta na percolação de igual quantidade da massa. Os autores ainda afirmam que alguma 
percolação poderá se formar antes de atingida a capacidade de campo,uma vez que os resíduos, 
não sendo homogêneos, apresentam canais, e alguns destes não absorvem a água prontamente. 
17 
FERNÁNDEZ-VIÑA (2000) afirma que o percolado aparece em conseqüência, principalmente, da 
infiltração de água na massa de lixo. A água, ao passar através dos resíduos sólidos, arrasta e 
dissolve contaminantes orgânicos e inorgânicos, chegando a base do aterro com uma ampla 
variedade de constituintes. Para FARQUHAR (1988), o percolado é produzido, no aterro, quando a 
umidade penetra no lixo, extraindo os contaminantes na fase líquida, e assim, produzindo um 
conteúdo suficientemente alto para iniciar o fluxo do líquido. “As águas da chuva, bem como de 
nascentes, percolam através do lixo e carreiam chorume e a matéria orgânica dando origem ao 
líquido percolado” (LINS, 2003). 
 
5.1.2 Composição e características do lixiviado 
 
As características físicas, químicas e biológicas do chorume dependem do tipo de resíduo 
aterrado, do grau de decomposição, clima, estação do ano, idade do aterro, profundidade do 
resíduo aterrado e tipo de operação do aterro, das condições internas do aterro como temperatura, 
conteúdo de umidade, altura do aterro, fase da decomposição e a qualidade da água que entra no 
aterro entre outros. Assim, pode-se afirmar que a composição dos líquidos percolados pode variar 
consideravelmente de um local para outro, como também em um mesmo local e entre uma e outra 
época do ano (PAES, 2003; HERRERA, 2000). 
Mais de 97% dos compostos que podem ser encontrados nos percolados podem ser classificados 
em quatro categorias, segundo CHRISTENSEN & KJELDSEN (1989), considerando que o aterro 
receba, em sua maior parte, resíduos domiciliares. São eles: matéria orgânica, compostos 
orgânicos específicos, macrocomponentes inorgânicos e metais pesados.Estes autores empregam 
uma classificação baseada no estado de estabilização dos percolados (LINS, 2003): 
• Percolados jovens com a alta carga orgânica: valores de DQO maiores que 20000 mg/l, alto 
conteúdo de metais (até 2000 mg/l) e degradabilidade média (DBO5/DQO > 0,65); 
• Percolados estabilizados com baixa carga orgânica: valores de DQO menores a 2000 mg/l, baixo 
conteúdo de metais (menos de 50 mg/l) e biodegradabilidade muito fraca (DBO5/DQO < 0,1); 
• Percolados com características intermediárias aos anteriores. 
O chorume é um líquido de alto poder poluidor, de composição bastante heterogênea: possui uma 
elevada Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5 (de até 60.000 mg O2/l), Demanda Química de 
Oxigênio – DQO (de até 90.000 mg O2/l), metais pesados e altas concentrações de bactérias 
coliformes (fecais ou termotolerantes e totais) indicadores de contaminação fecal. O chorume dos 
resíduos recém-dispostos (lixo novo) é de qualidade diferente do resultante dos resíduos que já se 
encontram há mais tempo depositados (lixo velho).Pode-se notar, por exemplo, através do pH, que 
no princípio tende a ser ácido, passando para a faixa alcalina em chorume de lixo velho, bem como 
a DBO5 e a DQO que, inicialmente são altas e tendem a decrescer drasticamente com o passar do 
tempo como resultado da biodegradação da matéria orgânica (PAES, 2003). 
Na Tabela 2 são encontrados alguns dos componentes que podem ser encontrados no chorume e 
variação dos teores de substâncias contaminantes. 
Tabela 2: Íons que podem ser encontrados no chorume e possíveis origens. 
Íons Origens 
Na+, K+, Ca2+, 
Mg2+ 
Material orgânico, entulhos de construção, cascas de ovos 
PO43-, NO3- , 
CO32- 
Material orgânico 
Cu2+, Fe2+, 
Sn2+ 
Material eletrônico, latas, tampas de garrafas 
18 
Fontes: www2.uel.Br/pos/química/lixourbano; Manual de Gerenciamento Integrado (IPT, 1996) 
 
5.1.3 Importância do tratamento dos lixiviados 
O tratamento do chorume representa um grande desafio, devido à variação das suas 
características. Em geral o chorume é altamente contaminado com compostos orgânicos medidos 
como Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Biológica de Oxigênio (DBO5), com 
amônia, hidrocarbonetos halogenados e metais pesados. Em adição, este usualmente contém alta 
concentração de sais inorgânicos (cloreto de sódio, carbonatos) (Trebouet et al, 2001). Esses 
fatores tornam difícil a determinação e adoção de uma única técnica eficaz, já que a técnica 
adotada para determinado aterro nem sempre é aplicável a outro. 
Guidolini e colaboradores (2005) descreveram a variação de pH, turbidez, relação entre a 
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e a Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) e metais 
pesados como os principais parâmetros utilizados para monitorar efluentes provenientes de aterros 
sanitários. 
 
5.1.4 Sistema de tratamento de lixiviados 
 
Uma das formas mais eficazes de minimização do impacto ambiental causado pelo aterramento de 
resíduos sólidos é a coleta, remoção e tratamento do lixiviado. O tratamento do chorume 
representa um grande desafio, devido à variação das suas características, causado pela 
heterogeneidade dos resíduos dispostos e influenciadas pela idade do aterro. Esses fatores tornam 
difícil a determinação e adoção de uma única técnica eficaz, já que a técnica adotada para 
determinado aterro nem sempre é aplicável a outro. Os principais parâmetros utilizados para 
monitorar efluentes provenientes de aterros sanitários são: pH, turbidez, Demanda Química de 
Oxigênio (DQO) e metais pesados (Guidolini et al, 2005). 
Entre os principais processo para tratamento de chorume podemos citar: os processos biológicos 
(aeróbios e anaeróbios), processos de separação por membranas, sistemas naturais conhecidos 
como “Wetlands”, processos físico-químicos (coagulação/ floculação), Processos oxidativos 
(Ozonização e o Reativo de Fenton) e a técnica de recirculação de Chorume. De acordo com Tatsi 
e colaboradores (2003) devido à complexidade da matriz, muitas vezes são empregados 
processos envolvendo a combinação de duas ou mais técnicas para o tratamento desse tipo de 
efluente. 
Vale ressaltar que mesmo quando os resíduos sólidos são depositados no solo adequadamente e 
o aterro encerra suas atividades no tempo certo, a geração do chorume não se extingue e, em 
geral, quanto mais velho o aterro, menos biodegradável é esse efluente, necessitando de 
processos de tratamento mais complexos. A decisão quanto ao processo a ser adotado para o 
tratamento de chorume deve ser fundamentada em uma avaliação com critérios técnicos e 
Hg2+, Mn2+ Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes, fungicidas, tintas, 
amaciantes, produtos farmacêuticos, interruptores,... 
Ni2+, Cd2+, 
Pb2+ 
Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis), plásticos, 
ligas metálicas, pigmentos, papéis, vidro, cerâmica, inseticidas, 
embalagens ... 
Al3+ Latas descartáveis, utensílios domésticos, cosméticos, embalagens 
laminadas em geral. 
Cl- , Br- , Ag+ Tubos de PVC, negativos de filmes de raio-X 
As3+, Sb3+, 
Cr3+ 
Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos 
19 
econômicos, com a apreciação de parâmetros quantitativos e qualitativos, vinculados 
essencialmente à realidade em foco (Lima et al, 2005). 
 
5.1.4 Processos convencionais para o tratamento de chorume 
 
5.1.4.1 Sistemas Fundamentados em Processos Biológicos 
 
a) Lodos Ativados 
 
O processo de lodos ativados pode ser definido como, um processo no qual uma cultura 
heterogênea de microrganismos entra em contato com o efluente a ser tratado na presença de 
oxigênio. Estes microorganismos têm a capacidade de estabilizar e remover a matéria orgânica 
biodegradável. O processo pode ser inibido (principalmente a nitrificação) pela presença de 
substâncias tóxicas e pela variação de temperatura e do pH do chorume. É utilizado como pré-
tratamento de processos de osmose reversa ou na seqüência de outros tratamentos. No caso de 
chorume velho (pobre em orgânicos biodegradáveis), a relação C/Npode ser muita baixa para o 
processo biológico (FERREIRA et al., 2001). 
O princípio de depuração para lodos ativados com biomassa suspensa emprega como elementos 
ativos os flocos biológicos, os quais, em contato com substrato biodegradável e na presença de 
oxigênio, crescem e floculam. Os flocos biológicos são formados por consórcios de 
microorganismos que configuram comunidades dinâmicas, cada uma das quais possui uma 
determinada finalidade no processo de lodos ativados. O processo de sedimentação da biomassa, 
necessário para a separação do efluente tratado, só é possível graças à floculação (Morais, 2005). 
 
b) Lagoas Aeradas 
 
As lagoas aeradas são normalmente construídas com taludes de terra e funcionam como reatores 
biológicos de crescimento suspenso, sem recirculação do lodo, tendo profundidade de 2,5 a 5,0 m. 
São normalmente usados aeradores mecânicos para a mistura e aeração da massa líquida. Nas 
lagoas aeradas, os efluentes são submetidos à ação de consórcio de organismo, muitas vezes de 
composição desconhecida, durante vários dias. Neste tipo de tratamento, a variação de carga e 
algum grau de toxicidade efluente podem ser atenuados graças ao grande volume da lagoa 
(Morais, 2005). 
As lagoas aeradas são utilizadas para o tratamento de chorume, de esgotos domésticos e de 
despejos industriais com elevado teor de substâncias biodegradáveis. Os fatores de maior 
influência na seleção desse processo são: disponibilidade de área; fonte de energia elétrica e os 
custos de implantação e operação. (IPT/CEMPRE, 2000). 
De acordo SILVA (2002), a utilização de lagoas aeradas é bastante freqüente como etapa que 
precede a disposição final do chorume em estações de tratamento de esgotos, onde bons 
resultados de biodegradação são obtidos para chorumes provenientes de aterros jovens. 
 
c) Lagoas Anaeróbias 
 
Na lagoa anaeróbia, a matéria orgânica é submetida a um processo de degradação na ausência de 
oxigênio com produção de gás metano e gás carbônico. São tanques com profundidade de 4,0 a 
5,0 m, de maneira a reduzir a possibilidade de penetração do oxigênio produzido na superfície para 
as camadas mais profundas. A carga orgânica aplicada deverá ser alta, principalmente para que a 
taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior à taxa de produção, criando condições 
estritamente anaeróbias. O efluente das lagoas anaeróbias, em geral, necessita de tratamento 
posterior (Morais, 2005) 
20 
Para as lagoas anaeróbias, segundo JORDÃO e PESSOA (1995), a estabilização ocorre pelos 
fenômenos de digestão ácida e fermentação metanogênica. Inicialmente, os microrganismos 
facultativos, na ausência de oxigênio dissolvido, transformam compostos orgânicos complexos em 
substâncias e compostos mais simples, principalmente ácidos orgânicos. Verifica-se, nesta fase, a 
produção de material celular (síntese) e compostos intermediários (gás sulfidrico e mercaptanas) e 
o pH reduz para valores entre 5 e 6. Em seguida, as bactérias formadoras de metano (estritamente 
anaeróbias), transformam os ácidos orgânicos em metano e dióxido de carbono, e o pH sobe para 
7.2 ou 7.5. Nesta fase (metanogênica ou alcalina) há formação de escumas de cor cinzenta. 
 
d) Lagoas Facultativas 
 
Dentre os processo biológico de tratamento, o processo de lagoas facultativas são considerados os 
mais simples uma vez que dependem unicamente de fenômenos puramente naturais (Von 
Sperling, 1996). Lagoas facultativas são tanques de menor profundidade (1,5 a 3,0 m). 
A lagoa facultativa se caracteriza por possuir uma zona aeróbia superior, em que os mecanismos 
de estabilização da matéria orgânica são a oxidação aeróbia e a redução fotossintética, e uma 
zona anaeróbia na camada de fundo, onde ocorrem os fenômenos típicos da fermentação 
anaeróbia. A camada intermediária entre essas duas zonas é dita facultativa, predominando os 
processos de oxigenação aeróbia e fotossintética (Figura 3). 
A lagoa facultativa pode ser projetada para operar como uma única unidade; ou em seqüência a 
uma lagoa anaeróbia, aerada, ou mesmo após uma estação de tratamento. No primeiro caso 
costuma ser chamada de lagoa "primária", e nos demais "secundária". Algumas vezes pode 
também anteceder uma série de lagoas de polimento ou maturação. 
 
 
Figura 3 - Esquema de uma lagoa facultativa 
 
e) Filtros Biológicos 
 
Consistem em leitos dotados de meio suporte (pedra britada, areia, escória, unidades sintéticas, 
etc.), com grande área específica, onde filmes biológicos desenvolvem-se aderidos, e por espaços 
vazios por onde ocorre a passagem do líquido a tratar e do oxigênio necessário aos processos 
biológicos aeróbios. As condições aeróbias são mantidas a partir da prática de trabalho em ciclos 
de operação e repouso, ou a partir de sistemática de funcionamento que permita aeração contínua 
do meio, para permitir o crescimento de biomassa aderida que promove o tratamento através da 
adsorção e metabolismo das cargas orgânica e nitrogenada. Processos de biossorção de metais e 
outros compostos refratários também são efetivos nessas unidades aeróbias. Os filtros possuem 
Camada de lodo Zona anaeróbia 
Efluente 
Energia luminosa 
 
CO2 CH4 H2S 
afluente 
Zona aeróbia 
Zona facultativa 
O2 CO2 
 
M.O suspensa 
 UFCa de lodo 
21 
dreno de base que permite a coleta do efluente tratado e a passagem do fluxo de ar (FLECK, 
2003). 
 
f) Reator (UASB) 
 
IPT/CEMPRE (2000) indica o Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA), conhecido também 
como UASB, como alternativa “privilegiada” para o tratamento do lixiviado, devido à pequena área 
requerida, baixo custo de implantação e relativa simplicidade operacional do sistema. 
Constitui-se na mais eficiente unidade anaeróbia desenvolvida para tratamento de efluentes e 
consiste em unidade de crescimento suspenso e fluxo ascendente em que a velocidade 
ascensional mantém o lodo em suspensão, contrabalançando a forca gravitacional, de modo que, 
a água residuárias atravessa a lâmina de lodo, mantendo um contato íntimo com a microbiota 
anaeróbia (FLECK, 2003). 
 
g) Wetlands 
 
O temo wetland é utilizado para caracterizar vários ecossistemas naturais que ficam parcial ou 
totalmente inundados durante o ano. Os wetland naturais são facilmente reconhecidos como 
várzeas dos rios, os igapós na Amazônia, os banhados, os pântanos, os manguezais, entre outros. 
Os wetland construídos são, pois, ecossistemas artificiais que utilizam diferentes tecnologias, 
obedecendo aos princípios básicos de modificação da qualidade da água dos sistemas naturais. A 
ação depuradora destes microrganismos é devido à: adsorção de partículas pelo sistema radicular 
das plantas; absorção de nutrientes e metaispelas plantas; pela ação de microrganismos 
associados a rizosfera; pelo transporte de oxigênio pela rizosfera (FERREIRA et al, 2001). 
 
h) Recirculação de lixiviado 
 
A técnica de recirculação de chorume tem sido bastante empregada como forma de acelerar o 
processo de estabilização da fração orgânica dos resíduos sólidos, promovendo assim uma 
digestão anaeróbica acelerada. Segundo Lagerkvist e Cossu (2005) a recirculação de chorume é 
uma combinação do tratamento dos resíduos sólidos com o pré-tratamento de chorume no interior 
do aterro. 
 A recirculação consiste na reinjeção do líquido na massa de lixo já aterrada e é considerado um 
método de tratamento uma vez que propicia a atenuação dos constituintes advindos da atividade 
biológica e das reações físico-químicos que ocorrem no interior do aterro, como as conversões dos 
ácidos orgânicos presentes no lixiviado em metano e gás carbônico (Baraldi, 2003). 
O aumento no índice de umidade seja através de aplicação de chorume recirculado ou a adição de 
água suplementar, em um aterro realça os processos de degradação anaeróbica, facilitando a 
redistribuição de substratos ede nutrientes, além de disseminar os microrganismos entre os 
microambientes existentes em um aterro, conduzindo assim a um aumento na taxa da produção do 
metano (Sanphoti et al, 2005). 
Em regiões com condições climáticas favoráveis (temperatura, ventos, radiação solar) a 
evaporação de parte dos líquidos que retornam ao aterro propicia considerável redução da 
demando sobre as unidades de tratamento. Aterros situados em regiões áridas ou semi-áridas, nas 
quais o balanço hídrico traduz-se freqüentemente em déficit de umidade, seja pela baixa 
pluviometria e/ou elevada evapotranspiração, apresenta pouco ou nenhum volume significativo de 
lixiviado gerado sendo possível sua total recirculação (Chernicharo et al, 2003). 
Os métodos mais preconizados de recirculação amplamente empregados em escala real incluem: 
pré-umidificação do resíduo, irrigação ou pulverização, lagoas superficiais e dispositivos verticais 
ou horizontais para a infiltração de líquidos. Há diferenciações entre os métodos quanto à 
capacidade de recirculação do chorume, redução de volume e compatibilidade com as fases ativas 
em que se encontra a massa aterrada e fechamento dasatividades do aterro (Baraldi, 2003). 
22 
5.1.4.2 Sistemas de Tratamento Fundamentados em Métodos Físicos e Físico-químicos 
 
a) Processos de Separação com Membranas 
 
Nos últimos anos, diversos processos ou combinações de processos foram desenvolvidos e 
testados para alcançar exigências ambientais necessárias para a descarga do chorume. Entre os 
novos processos, as técnicas de tratamento utilizando membranas têm atingido patamares de 
crescimento devido a diversos fatores, como o menor consumo energético em comparação com os 
outros processos de separação tradicionais, a flexibilidade operacional pelo fato do sistema ser 
mais compacto e a obtenção de produtos finais de melhor qualidade. A osmose inversa é um dos 
tratamentos mais extensamente usado nos países europeu, juntamente com a nanofiltração que 
vem ganhado popularidade (SILVA, 2002). 
De acordo com SILVA (2002) os processos de separação por membranas são, na realidade, uma 
variação dos processos convencionais de filtração clássica aonde os meios filtrantes (membranas) 
apresentam poros muito inferiores em comparação aos processos convencionais. Os processos 
utilizando membranas são conhecidos como: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose 
inversa, onde, o que varia é o tamanho da partícula retida em cada um dos processos. 
A osmose inversa tem sido recentemente aplicada em tratamento terciário, quando se exigem 
principalmente concentrações de substâncias inorgânicas muito baixas. A osmose inversa consiste 
de um processo de separação em que um solvente é separado de um soluto de baixa massa 
molecular por uma membrana permeável ao solvente e impermeável ao soluto .As partículas 
retidas são solutos de baixa massa molecular como sais ou moléculas orgânicas simples.Como as 
partículas são muito pequenas, a pressão osmótica das soluções é elevada. Para que a velocidade 
de permeado seja razoável, a diferença de pressão hidrostática através da membrana tem que ser 
elevada, atingindo valores entre 3 e 100 atm, dependendo do tipo de aplicação. 
As desvantagens do sistema de membranas ainda são o alto custo, o problema de entupimento 
dos poros do meio filtrante, principalmente no caso de chorume, devido às altas concentrações de 
sólidos e a disposição do concentrado gerado. Sendo assim, a limpeza periódica das membranas é 
uma etapa fundamental e visa restaurar o fluxo permeado a valores próximos do fluxo inicial. Pode 
ser realizada com surfactantes (como por exemplo, detergentes), solução ácida ou alcalina 
SCHNEIDER E TSUTIYA (2001). 
 
b) Coagulação/Floculação/Sedimentação 
 
Trata-se de um conjunto de processos muito utilizado para promover a clarificação de efluentes 
contendo partículas coloidais e sólidos em suspensão. O princípio do processo consiste na 
neutralização das cargas elétricas do material em suspensão, por adição de agentes de floculação 
(por exemplo, sulfato de alumínio). Após da neutralização das cargas superficiais a mistura e 
deixada em repouso, o que facilita a aglutinação das partículas por adsorção (morais, 2005). 
Os agentes empregados para os processos de coagulação/floculação são geralmente classificados 
em dois grandes grupos: Agentes Inorgânicos: como sulfato de alumínio (alum), sulfato ferroso, 
cloreto férrico, clorosulfato férrico, cloreto de polialumínio (PAC); e Polímeros Orgânicos: derivados 
de poliacrilamida (ou polietileno), biopolímeros (polímeros produzidos por organismos biológicos) 
(Zouboulis et al., 2004). 
A Coagulação/.floculação é uma técnica relativamente simples que possa ser empregada com 
sucesso para o tratamento de chorume mais velhos de aterros. Entretanto, este método pode 
apresentar também determinados inconvenientes: pode ser produzida uma lama excessiva, e em 
determinados casos, quando os coagulantes químicos convencionais estão sendo usados, um 
aumento de concentrações do alumínio ou do ferro no efluente resultante pode ser encontrado 
(NTAMPOU ET AL, 2005). Outro processo coagulante que pode ser utilizado é representado pela a 
adição de cal hidratada (hidróxido de cálcio) que reduz a acidez e precipita íons como Mg2+, Fe3+ 
e metais pesados, que formam compostos insolúveis (FRANCISCO, 2002). 
23 
c) Adsorção 
 
Diversas espécies químicas presentes no chorume (iônicas ou orgânicas) são passíveis de serem 
adsorvidos ou absorvidos em matrizes sólidas. Diversos materiais têm sido testados como 
adsorventes (zeolitas, vermiculite, caolinite, alumina ativada), no entanto, o carvão ativado continua 
sendo considerado o que apresenta melhores resultados (Morais, 2005) 
 
5.1.4.3 Novas alternativas para tratamento de efluentes 
 
a) Processos Oxidativos Avançados 
 
Nos últimos anos, os processos oxidativos avançados (POAs) têm sido considerados como uma 
excelente alternativa para o tratamento de líquidos com características como as apresentadas pelo 
chorume. Isto é, elevada DQO, reduzida DBO e presença de espécies recalcitrantes e tóxicas. 
Estes processos são baseados na geração do radical hidroxila (.OH), um poderoso e altamente 
reativo agente oxidante, o qual pode promover a degradação de inúmeros poluentes, em tempos 
bastante reduzidos. Devendo o mesmo ser gerado in situ (PACHECO & ZAMORA, 2004). 
Os POAs são considerados tecnologias limpas e altamente eficientes, pois não há formação de 
sub-produtos sólidos (lodo), como também não há transferência de fases dos poluentes (como a 
adsorção em carvão ativado) e os produtos finais da reação são o CO2 e a H2O (FERREIRA et al, 
2001). Quando resulta em uma oxidação parcial pode-se ter um aumento da biodegradabilidade 
dos poluentes, e neste caso, os compostos orgânicos residuais podem ser removidos por meio de 
tratamento biológico (ALVES & LANGE, 2004). 
Segundo SANTOS & COELHO (2003) pode-se dividir os POAs em dois grandes grupos: aqueles 
que envolvem reações homogêneas usando H2O2, O3 e/ou luz UV e aqueles que promovem 
reações heterogêneas usando óxidos ou metais fotoativos, como o dióxido de titânio. 
De acordo com SOBRINHO (2005), as vantagens dos Processos Oxidativos Avançados são: 
• Mineralizar o poluente e não apenas transforma-lo de fase; 
• Indicados para compostos recalcitrantes; 
• Transformam compostos recalcitrantes em biodegradáveis; 
• Geralmente melhoram as características organolepticas da água tratada; 
• Muito promissor, sob ponto de vista econômico, se combinado com os tratamentos biológicos. 
• Apresentam como desvantagens: 
• Alto custo no tratamento; 
• Oxidantes residuais interferem em análises; 
• Controlo rigoroso caso se utilize como pré-tratamento de sistemas biológicos; 
• Deposição de sais em aparelhos de radiação comuns, resultando na diminuição do poder de 
radiação na fase de reativa.Como conseqüência, passos relativamente dispendiosos de limpeza 
são necessários. 
 
b) Processos com Barreira Bio-química 
 
O sistema bio-químico (SBQ) utiliza o conjunto solo/plantas/microrganismos com a finalidade de 
remover, degradar ou isolar substâncias tóxicas de efluentes (BELTRÃO & JUCÁ, 2004). Este 
sistema caracteriza-se como um tratamento terciário cujo processo de descontaminação ocorre de 
formas variadas e concomitantes, partindo dos princípios de técnicas de tratamento de efluentes já 
consolidadas: Barreira Reativa e Fitorremediação (BELTRÃO et al, 2005). 
24 
A primeira é representada por uma parede de material reativo que, ao entrar em contato com o 
efluente, retém poluentes quimicamente e/ou fisicamente. Ou seja, a medida que o efluente 
percola passivamente através do leito filtrante os contaminantes vão sendo degradados e/ou 
retidos através de processos físicos, químicos ou biológicos, prevenindo-se a contaminação a 
jusante da barreira (Figura 4). A escolha do material a ser utilizado na barreira reativa deve ser de 
tal maneira que se garanta a sua reatividade por um prolongado período de tempo. Além disso, é 
necessário que o material constituinte da barreira não lance contaminantes adicionais ao sistema e 
que esteja disponível em larga escala por um preço viável (BELTRÃO & JUCÁ, 2004). 
 
 
Figura 4 - Esquema da Barreira Reativa 
Fonte: BELTRÃO & JUCÁ, 2004 
 
O SBQ pretende ser uma alternativa economicamente viável, eficiente e de fácil operação para o 
tratamento de chorume de aterros sanitários. Os principais processos de remoção de poluentes 
são: 1) contaminantes são degradados por meio da biomassa aderida ao material suporte 
(biofilme); 2) poluentes são absorvidos pelas raízes ou degradados por bactérias que nelas se 
alojam, em seguida, os contaminantes são armazenados ou transportados e acumulados nas 
partes aéreas das plantas; 3) a barreira reativa ao entrar em contato com o efluente reage 
quimicamente promovendo a retenção de contaminantes, além de servir como uma parede de 
retenção física. O termo “bio” é uma alusão à contribuição dos organismos vivos que compõem o 
sistema (biofilme e macrófitas), assim como, o termo “químico” referese aos processos de remoção 
de poluentes através de processos químicos, independentemente dos microrganismos (BELTRÃO 
et al, 2005). 
 
25 
BAAB +→
CAPÍTULO 6: GERAÇÃO E APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE BIOGÁS 
 
6.1. Geração de Biogás 
 
Uma célula de Aterro Sanitário não é simplesmente um local para disposição de resíduos sólidos, 
onde “guardamos” nossos rejeitos para as gerações futuras. Tal célula, projetada e operada 
adequadamente, funcionará como um Biorreator. No interior de uma célula de aterro sanitário 
desenvolve-se uma biota que promove reações bioquímicas de decomposição da matéria orgânica 
ali presente. 
Decompor significa quebrar em partes menores e, em uma reação de decomposição, ligações são 
rompidas. Tipicamente, as reações de decomposição dividem as moléculas grandes (complexas) 
em moléculas menores (simples), íons ou átomos. Uma reação de decomposição ocorre da 
seguinte forma: 
 
Degrada-se em 
 
 
Moléula AB Átomo, íon Átomo, íon 
 ou molécula A ou molécula B 
 
É dessa forma que a matéria orgânica é estabilizada ou mineralizada e macromoléculas, como 
proteínas, polissacarídeos e gorduras, são quebradas em moléculas de menor peso molecular, 
como aminoácidos, açúcares e ácidos graxos e finalmente se tornam compostos simples de baixo 
peso molecular como ácidos voláteis, álcoois, aldeídos, além de gases como CO2, H2, NH3, e H2S. 
Nos Aterros Sanitários, devido à camada de cobertura final e aos altos teores de matéria orgânica, 
o nível de oxigênio cai rapidamente quando seguimos da superfície em direção ao centro da célula. 
Portanto, no interior da célula existem condições que favorecem o crescimento de uma biota que, 
para obtenção de energia, faz uso da respiração anaeróbia e da fermentação. 
A fermentação é o processo metabólico que libera energia de uma molécula orgânica qualquer, 
não requer oxigênio ou um sistema transportador de elétrons e usa uma molécula orgânica como 
aceptor final de elétrons. 
Na respiração anaeróbia, o aceptor final de elétrons é uma substância inorgânica diferente do 
oxigênio (O2). Algumas bactérias podem utilizar um íon nitrato (NO3-) como aceptor final de 
elétrons; o íon nitrato é reduzido a íon nitrito (NO2-), óxido nitroso (N2O) ou gás nitrogênio (N2). 
Outras bactérias utilizam o sulfato (SO4=) como aceptor final de elétrons para formar sulfeto de 
hidrogênio (H2S). Ainda outras bactérias utilizam carbonato (CO3=) para formar metano (CH4). 
No processo de conversão da matéria orgânica para biogás distinguem-se quatro etapas ou fases 
principais: 
i.Hidrólise; 
ii.Acidogênese; 
iii.Acetogênese; 
iv.Metanogênese. 
Durante a hidrólise, as macromoléculas são convertidas em moléculas de menor peso molecular e 
que são solúveis em água, por isso esse processo também é chamado de solubilização, e ocorre 
pela ação de enzimas segregadas (exoenzimas) por bactérias fermentativas. 
Na acidogênese ou acidificação, os produtos solúveis da primeira fase são convertidos em 
compostos simples de baixo peso molecular, nessa fase entra em ação um grupo muito 
diversificado de bactérias. Quase todas estritamente anaeróbias, as bactérias acidogênicas 
26 
continuam a exercer suas atividades metabólicas mesmo a um pH baixo, tendo-se observado 
continuidade na formação de ácidos a um pH 4. 
Na terceira fase entram em ação as bactérias acetogênicas, transformando os produtos ácidos da 
fase anterior em ácido acético ou acetato, hidrogênio e dióxido de carbono. 
A digestão anaeróbia ao chegar à sua última fase converte os produtos da fermentação ácida 
(conjunto das três primeiras fases, Hidrólise, Acidogênese e Acetogênese) em produtos gasosos 
estáveis. 
São os produtos gasosos do metabolismo microbiano que denominamos Biogás. Em Aterros 
Sanitários o biogás é composto basicamente pelos gases listados na Tabela 3, contendo, 
aproximadamente, as proporções apresentadas. 
 
Tabela 3 : Composição do biogás em aterros sanitários. 
Gás Percentual (em 
volume) 
Metano (CH4) 45 a 60% 
Dióxido de Carbono (CO2) 35 a 50% 
Nitrogênio (N2) 0 a 10% 
Oxigênio (O2) 0 a 4 % 
Vapor de água (H20) 2 a 4% 
Hidrogênio (H2) inferior a 0,1% 
Monóxido de carbono (CO) inferior a 0,1% 
Gás sulfídrico (H2S) inferior a 0,01% 
Gases traços (até 350 comp.) ≈1% 
 
Observa-se o destaque para três gases presentes na tabela anterior. O Metano e o Dióxido de 
Carbono merecem destaque não apenas pelas grandes proporções em volume na composição do 
biogás, mas principalmente pelo efeito ambiental negativo, pois são gases que promovem o efeito 
estufa. O gás sulfídrico (H2S), apesar de sua baixíssima presença em volume na composição do 
biogás, tem importância devido a ser corrosivo, provocar chuvas ácidas e, ao contrário do metano 
e do dióxido de Carbono que não têm odor e não são tóxicos ao homem, é o principal responsável 
pelos odores desagradáveis nos aterros sanitários e pode provocar a anemia anóxica. 
A produção de biogás no aterro sanitário está sujeita a todos os fatores que interferem no 
metabolismo microbiano. São fatores físicos e químicos e que também podem ser influenciados 
pelo projeto e pela operação do aterro sanitário. Os principais fatores são: 
i. Temperatura; 
ii. pH 
iii. Umidade e Pressão Osmótica; 
iv. Profundidade/altura do aterro; 
v. Geometria do aterro; 
vi. Forma de operação. 
Cada espécie bacteriana apresenta para seu crescimento uma temperatura mínima, uma ótima e 
uma máxima. Ao afastar-se da faixa de temperatura ótima seu metabolismo, e conseqüentemente 
a produção de biogás começa a diminuir. Logo o clima também tem importante influência na 
geração do biogás em aterros

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