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Curso: Construção e Operação de Aterros Sanitários JOSÉ FERNANDO THOMÉ JUCÁ Grupo de Resíduos Sólidos – GRS Universidade Federal de Pernambuco Maio/2008 1 CAPÍTULO 1: MODELOS TECNOLÓGICOS PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS Um dos maiores problemas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento é o tratamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) que, pelo seu aumento crescente, criam sérios problemas sob o ponto de vista ambiental, sanitário, social e econômico. 1.1. Compostagem A compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características completamente diferentes do material inicial. A compostagem deve ser desenvolvida em duas fases distintas: a primeira, a fase ativa, quando ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas; e a segunda, a fase de maturação, onde ocorre a humificação do material previamente estabilizado. Segundo Nóbrega (1991), a compostagem é pautada na definição anterior, sendo, sobretudo entendida como um processo biológico, aeróbico, controlado, termofílico, desenvolvido em duas fases por sucessões de colônias mistas de microorganismos. A Figura 1 apresenta leiras de compostagem. Figura 1 - Pátio de compostagem – Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental – LESA – Universidade Federal de Viçosa. Leiras de compostagem Fonte: http://www.amparo.sp.gov.br/noticias <acesso em 24/09/2007> 1.1.1. Classificação Os processos de compostagem podem ser classificados quanto a: a) Aeração: os métodos de compostagem de acordo com o tipo de aeração podem ser aeróbicos e anaeróbicos. b) Temperatura: durante a compostagem, deve situar-se em torno de 55ºC, com a exaustão da fonte disponível de carbono ocorre o declínio da temperatura da leira (<40ºC), operada sob controle, indicando o término da fase ativa, devido à. c) Ambiente: com relação ao ambiente, a compostagem é classificada em sistemas abertos (em pilhas ou leiras nos pátios de compostagem) e sistemas fechados (confinada em digestores), Figura 2. 2 Figura 2 - Pilha de compostagem durante a fase de maturação. Biodigestor de usina de compostagem. Fonte: http://www.ufv.br <acesso em 27/09/2007>, http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/residuos/urbanos_saude.asp <acesso em 17/10/2007> 1.1.2. Fatores que afetam a compostagem Considerando que a compostagem é um processo aeróbico, vários são os parâmetros que afetam a eficiência do processo e a qualidade do composto: a) Taxa de aeração: a quantidade necessária de oxigênio para o crescimento dos microorganismos deve situar-se na faixa de 5 a 15% da concentração de oxigênio atmosférico, teoricamente, a taxa ótima de oxigênio seria aquela que satisfizesse a demanda bioquímica durante as diversas fases do processo. b) Teor de umidade: o teor de umidade deve situar-se em torno de 55%, altos teores (>65%) fazem com que a água ocupe vazios da massa, impedindo a passagem satisfatória de oxigênio, acarretando uma anaerobiose do meio, baixos teores (<40%) também causarão problemas, visto que reduzem a atividade microbiana. c) Temperatura: na compostagem moderna, as temperaturas são controladas e mantidas numa faixa de 40 a 65ºC em toda a massa de compostagem por um período mais longo possível, a fim de que seja obtida uma melhor eficiência do processo. d) Nutrientes: os principais nutrientes necessários ao crescimento dos microorganismos, durante a compostagem, são o carbono e o nitrogênio,. a taxa ótima para a relação C/N, que influenciará em uma boa atividade biológica, e de 30 a 40:1. e) Tamanho da partícula: o tamanho das partículas do material é um fator importante, pois quanto mais o material for fragmentado, maior será sua área de superfície sujeita aos ataques dos microorganismos e, conseqüentemente, diminuirá o tempo de compostagem. Tratando-se de lixo urbano, o tamanho ideal da partícula é de 20 a 50mm. f) pH: o pH ótimo para o crescimento dos microorganismos durante o processo de compostagem, situa-se entre 5,5 e 8,0. As bactérias preferem o meio próximo ao neutro (6,5 – 7,5) e os fungos se desenvolvem melhor entre 5,5 e 8,0. O pH no final da compostagem permanece na faixa alcalina (7,5 a 9,0). 1.1.3. Utilização do composto O composto maturado, de boa qualidade é isento de odores, de agentes contaminantes, fácil de ser manuseado, estocado e transportado, o que difere de um composto não maturado. A forma mais importante do uso do composto é na aplicação agrícola, onde é utilizado como fertilizantes e condicionador de solos. Pode também ser utilizado como matéria-prima no processamento de fertilizantes industriais e no controle de erosão, reflorestamento, parques, etc. O composto também pode ser utilizado como um complemento na alimentação de porcos e peixes. 1.2. Processos térmicos 1.2.1. Incineração A incineração consiste na oxidação dos materiais, a altas temperaturas, sob condições controladas, convertendo materiais combustíveis (lixo) em resíduos não-combustíveis (escórias e cinzas) com emissão de gases. 3 É um método preconizado como o mais adequado para assegurar a eliminação de microorganismos patogênicos presentes na massa dos resíduos, desde que sejam atendidas as necessidades de projeto e operação adequadas ao controle do processo. A incineração é um termo comumente utilizado para designar todos os sistemas de queima, porém, incineração refere-se ao processo de combustão efetuado em incineradores de câmaras múltiplas, o qual apresenta mecanismos para um rigoroso monitoramento e controle dos parâmetros de combustão. A incineração, atualmente, é aceita para a maioria dos tipos de resíduos sólidos de serviços de saúde (RSS), principalmente os infecciosos, patológicos e pérfuros-cortantes, tornando-os inócuos. A principal vantagem deste método é a redução significativa de volume dos resíduos, entre 90 e 95%, fazendo com que seja descrito muitas vezes como um processo de disposição final. O desempenho de um incinerador está relacionado com vários fatores. Dentre eles destacam-se a variação na composição dos resíduos a serem incinerados, a temperatura, o tempo de residência dos gases na câmera secundária, o turbilhonamento ou excesso de ar. Pode-se, então, afirmar que a operação de um incinerador baseia-se no tripé temperatura-tempo de retenção – quantidade de ar necessário para a queima completa dos resíduos, resultando em um desempenho satisfatório do equipamento com grande redução na emissão de gases poluentes. Quando os fatores citados anteriormente não são devidamente controlados, além dos materiais particulados, fumaça e odor decorrentes da má operação, podem-se encontrar ainda nas emissões gasosas de um incinerador gases tóxicos com ácido clorídrico e óxidos de nitrogênio e enxofre, compostos policlorados como dioxinas e furanos, o que acarreta riscos à saúde pública. No Brasil, a destruição de resíduos pela via do tratamento térmico pode contar com os incineradores industriais e com o co-processamento em fornos de produção de clinquer (cimenteiras). A Resolução CONAMA 264/99 não permite que os resíduos domiciliares brutos e certos resíduos perigosos venham a ser processados em cimenteiras, tais como os provenientes dos serviços de saúde, os rejeitos radioativos, os explosivos, os organoclorados, os agrotóxicos e afins. 1.2.2. Pirólise Consiste na degradação térmica dos resíduos na ausência de oxigênio. A temperatura do processo varia de 200ºC a 1100ºC. Ao contrário do processo de incineração e gasificação, que são exotérmicos, a pirólise é um processo endotérmico, que requer uma fonte externa de calor. As três frações de componentes mais importantes são: • Uma corrente de gás que contém principalmente hidrogênio, metano, monóxido de carbono entre outros,de acordo com as características dos resíduos. • Uma fração líquida que consiste em um fluxo de óleo contendo ácido acético, acetona, metanol e hidrocarbonetos oxigenados complexos. Com um processo adicional, a fração líquida pode ser utilizada como óleo combustível sintético. • Coque inferior, consiste em carbono quase puro adicionado de qualquer material inerte originalmente presente nos resíduos sólidos. 1.2.3. Gaseificação É um processo termoquímico, situado entre a pirólise (ausência de oxigênio) e a incineração (excesso de oxigênio) que se realiza na presença de baixos teores de oxigênio (15% a 40%), suficiente para que o sistema funcione sem fonte de energia externa. As temperaturas de operação estão compreendidas entre 600ºC e 1500ºC. Permite a redução do volume de resíduos sólidos e a recuperação de energia. Basicamente, o processo implica na combustão parcial de um combustível carbonoso para gerar um combustível rico em gás com altos teores de monóxido de carbono, hidrogênio e alguns hidrocarbonetos saturados, principalmente, o metano. O gás combustível pode ser utilizado em motores de combustão interna, turbina à gás ou caldeira. De todos estes tratamentos termoquímicos o mais utilizado para o tratamento de resíduos sólidos é a incineração. Este é um dos métodos mais antigos para descartar o lixo. O primeiro incinerador foi construído na Inglaterra em 1874. Há vários tipos de incineradores, o único fator comum a todos é o princípio básico da combustão completa dos compostos orgânicos, que produzem gases como CO2, vapor de água, etc. 4 kT T ePP *0= CAPÍTULO 2: ELEMENTOS DE PROJETOS DE ATERROS DE ATERROS SANITÁRIOS 1 2.1 Estimativa da geração de resíduos por habitante 2.1.1 Evolução populacional O volume dos resíduos sólidos gerados cresce sobremaneira com o crescimento urbano, por esse motivo é preciso conhecer qual o comportamento do desenvolvimento da população e da geração de resíduos. Os estudos de projeção populacional são normalmente complexos. Análises mais precisas devem considerar todas as variáveis (nem sempre quantificáveis) que possam influenciar na localidade sob análise. Ainda assim, eventos inesperados podem fazer com que a trajetória do crescimento populacional seja totalmente diferente da prevista. Isto ressalta a necessidade da escolha de um valor realístico para o horizonte de projeto, assim como da possibilidade de sua implantação em etapas. O uso de métodos matemáticos sofisticados para as determinações das variáveis de algumas equações usadas na projeção populacional, perde o sentido se não for embasado por informações complementares, na maioria das vezes não quantificáveis, como aspectos sociais, econômicos, geográficos, históricos etc. A escolha adequada do método de projeção que será adotado é de fundamental importância e, mais importante ainda, o bom senso do analista na interpretação dos resultados obtidos. Ainda que a escolha do método possa se dar tendo por base o melhor ajuste aos dados disponíveis, a extrapolação da curva exige percepção e cautela. Deve se considerar a inclusão de uma margem de segurança na estimativa populacional para que as populações futuras reais não ultrapassem, a menos por alguma forte causa imprevista, facilmente a população estimada para o projeto, fazendo com que ocorram sobrecargas ou diminua a vida útil do sistema implantado. Existem vários métodos que permitem fazer a análise e estimativa do crescimento populacional, os principais métodos utilizados para as projeções populacionais são: i.Crescimento Aritmético; ii.Crescimento Geométrico; iii.Regressão Multiplicativa; iv.Taxa Decrescente de Crescimento; v.Curva Logística; vi.Comparação Gráfica Entre Cidades Similares; vii.Método da Razão e Correlação; viii.Previsão com Base nos Empregos. Os métodos citados anteriormente podem ser resolvidos também através de Análises Estatísticas de Regressão (linear ou não linear). Estes métodos são de fácil acesso e encontrados em um grande número de programas de computador. A análise da regressão deve ser adotada sempre que possível, pois possibilita a incorporação de uma maior série histórica, ao invés de apenas 2 ou 3 pontos. No site http://www.ibge.gov.br do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é possível encontrar taxas de crescimento geométrico de diversas cidades brasileiras. No método da projeção geométrica o crescimento populacional é função da população existente a cada instante, é utilizado para estimativas de menor prazo e o ajuste da curva pode ser feito também por análise da regressão. A fórmula seguinte permite o uso do método da projeção geométrica de crescimento: 5 Onde: PT = População no ano após o tempo de projeção (Ex.: Nº de habitantes em 2022); P0 = População no ano corrente (Ex.: Nº de habitantes em 2007); T = Período de tempo da projeção (Ex.: 15 anos); k = Taxa de Crescimento Geométrico. (Ex.: 2,03% = 0,0203). 2.1.2 Evolução da geração de RSU Uma vez conhecido o comportamento da evolução populacional, é preciso saber como evolui a geração de resíduos sólidos. É possível a alguém, supor que a geração de resíduos sólidos dependa exclusivamente do tamanho da população e inferir que populações maiores gerem maiores quantidades de resíduos sólidos numa medida linear parece lógico inicialmente. Pensando dessa forma, uma população inicial de 100.000 habitantes que gera 60 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia, em 15 anos evoluindo a uma taxa geométrica de crescimento de 1%, terá 116.183 habitantes e gerará 69,71 ton/dia. Isso simplesmente não é verdade. Para entendermos o porquê, precisamos ter em mente o conceito da geração per capita de resíduos sólidos, ou seja, quanto cada habitante produz. No caso do exemplo anterior tomamos essa taxa como fixa e igual a 0,6Kg/hab/dia o que não representaria a realidade pois a taxa de geração per capita cresceria também. Populações maiores tendem a ser mais desenvolvidas economicamente logo, as pessoas consumem mais (alimentos, produtos, serviços, etc), e produzem mais resíduos individualmente, logo a geração de RSU cresce em função da população (que normalmente cresce) e também da geração per capita (que normalmente também cresce). Outro fato que precisamos ter em mente, é o de que populações menos desenvolvidas economicamente produzem um resíduo sólido com maior teor de matéria orgânica, enquanto que populações mais desenvolvidas economicamente produzem um resíduo menos denso. Assim, com a evolução econômica da população, mais resíduos são resíduos vão se tornando menos densos e menos ricos em matéria orgânica, e o inverso também é verdadeiro. No Brasil a taxa de geração de resíduos sólidos per capita se encontra em torno de 600g/hab/dia. Normalmente encontrarmos taxas per capita variando de 0,4kg/hab/dia (em áreas de pequenas cidades com vocação agrícola) até 1,4 kg/hab/dia (em áreas metropolitanas mais industrializadas). A estimativa de produção de RSU deve ser feita considerando-se a variação da população e da taxa de produção per capita ao mesmo tempo, o que representa de forma bastante realista a evolução da produção de RSU da localidade em estudo. O volume necessário às células de aterramento, deve ser aquele produzido durante toda a vida útil do projeto, descontando-se a parcela de triagem, podas, compostagem, coleta seletiva e, finalmente sobre esse restante, descontando-se o volume devido ao recalque, obtendo-se dessa forma o volume total a ser disposto no aterro sanitário. 2.2 Seleção de Áreas Os resíduos sólidos urbanos que não puderem ser recuperados, reusados ou reciclados devem ir para uma área destinada ao tratamento e disposição final destes resíduos. A seleção da área deve ser bastante criteriosa, pois se deve ter o cuidado de além de preservar os recursosnaturais, estabelecer um uso racional do solo devido a constante diminuição do espaço físico disponível. Desse modo, é necessário o desenvolvimento de estudos técnicos e ambientais que permitam a escolha de áreas mais propícias para a instalação de aterros sanitários de forma a minimizar os impactos ambientais, mas que também atendam a questão econômica. O objetivo fundamental do processo de seleção de áreas para implantação de um aterro sanitário de resíduos consiste em eleger um local viável que, tendo em conta a categoria dos resíduos, o meio ambiente local e o tipo de aterro, responda com o grau mais elevado possível aos seguintes requisitos principais: • Ocorrência de condições naturais favoráveis a uma localização ambientalmente sustentável. Entende-se por “condições ambientais sustentáveis” o conjunto de condições naturais do local 6 susceptíveis de assegurar que a localização do aterro não comprometerá, no longo prazo, os recursos naturais da região e a qualidade de vida de sua população. • Ocorrência de condições favoráveis que permitam minimizar, não só os custos de construção, de operação, de manutenção e de integração após o período de vida útil do aterro de resíduos, mas também a desvalorização de recursos e de valores econômicos, sociais ou culturais. • Constitua uma localização tecnicamente correta, economicamente viável e socialmente justa, passível de granjear a aceitação das populações. A seleção de áreas para aterros sanitários é realizada a partir de critérios que levam em consideração aspectos diversos como, por exemplo a legislação de uso e ocupação do solo, as distâncias de cursos d’água, a malha urbana e viária, o nível das águas subterrâneas, a declividade da área, o tempo de utilização do aterro (Vida Útil) e possíveis usos futuros da área. Em termos gerais ao se fazer a escolha da área deve-se ter em mente os seguintes pontos: i. O local selecionado para implantação de aterros deve possuir características que permitam controlar os riscos de contaminação da água, do ar, e do solo. ii. Devem ser consideradas as medidas de proteção ambiental e a lei do uso do solo, além dos possíveis impedimentos sanitários, econômico e políticos, que possam eventualmente ocorrer na escolha da área para afins de aterro sanitário. iii. Deve ser dotado de amplitude e topografia dominante que possibilite sua utilização por período razoavelmente longo, a fim de amortizar os investimentos necessários à implantação do aterro sanitário. iv. Deve ser suficientemente afastado de zonas urbanas, a fim de poupar a população do desconforto visual e de riscos à saúde pública, conservando, no entanto, relativa proximidade dos centros de coleta de lixo. v. Deve ter localização que permita maior racionalização do transporte do lixo coletado em todo município e dispor de facilidade e possibilidade de múltiplos acessos. vi. Deve ser, de preferência, local de baixo valor de aquisição, mas que conte com sistemas de serviços públicos próximos, tais como rede elétrica, de água e de telefone. vii. O terreno deve ser selecionado, preferencialmente, considerando-se também os fatores relativos à oportunidade de desapropriação e facilidade de aquisição. Na seleção da área para implantação de aterros sanitários de resíduos sólidos é de fundamental importância o conhecimento do Meio Físico. São necessários estudos geológicos, geomorfológicos e geotécnicos; diagnóstico ambiental de líquidos, sólidos e gases; estudos de clima, vegetação e recursos hídricos. A seguir uma série de características ou atributos que devem ser conhecidos para melhor avaliação da área que se pretende destinar para o tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos: ATRIBUTOS GEOTÉCNICOS E GEOQUÍMICOS: Condutividade hidráulica (K) Capacidade de troca catiônica (CTC) Potencial hidrogeniônico (pH) Salinidade Compacidade do terreno natural Movimentos de massa e erodibilidade Subsidência Resistência ao cisalhamento Condições de compactação Fator de retardamento Textura Compressibilidade Colapsividade Índice de erodibilidade ATRIBUTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS: Declividade Planícies de Inundação Afloramento Rochoso Forma da Encosta Litologia Topografia Descontinuidades Mineralogia ATRIBUTOS HIDROLÓGICOS E HIDROGEOLÓGICOS: Condições de drenabilidade Velocidade da água subterrânea Direção do fluxo da água subterrânea Pluviosidade Direção dos ventos Clima Densidade de drenagem Área de recarga de aquífero Cabeceira de drenagem Distância entre as fontes de abastecimento de água ou recurso hídrico e as fontes contaminantes Zonas úmidas (regiões onde o lençol é raso ou subaflorante) Aqüífero livre Profundidade do nível de água ATRIBUTOS SÓCIO-ECONÔMICOS Densidade populacional da área Distância do núcleo populacional Zoneamento ambiental Aceitabilidade da população e de entidades ambientais Valorização da terra Distância a ser percorrida entre o ponto de coleta e o aterro Acessos (estradas) 8 Existem várias metodologias alternativas visando a integração e avaliação de fatores de seleção de área, desde a escala regional até à seleção final da área à escala local. Entre as principais metodologias de análise mais correntes contam-se: MÉTODO GLOBAL OU INTUITIVO No método global ou intuitivo, o decisor procede a um julgamento da aptidão de cada área com base numa visão holística do conjunto dos fatores de seleção, tomado como um todo estruturado e indissociável. Os defensores deste método argumentam que as características que determinam a aptidão de uma área são tão funcionalmente interdependentes umas das outras (bem como do que potencialmente poderá vir a ser o projeto e a exploração do aterro de resíduos proposto) que não suportam uma avaliação baseada numa análise de fatores de seleção tomados um a um. Esta é também a atitude que mais se aproxima das abordagens típicas da engenharia civil e do que é comum designar por "julgamento de engenheiro". Vantagem: Possivelmente a única forma de considerar os dados de base e proceder ao julgamento de uma área tendo em conta as soluções de projeto. Limitações: Dificuldade de justificar s decisões, especialmente no nível regional. MÉTODO DA EXCLUSÃO PROGRESSIVA No método de exclusão, os fatores de seleção são analisados seqüencialmente, associando a cada fator um limite definido de aceitabilidade da aptidão da área. Se, para um dado fator, ou conjunto de fatores, o limite de aceitabilidade for excedido a área ou as áreas em consideração são excluídas. No caso contrário, o processo continua pela seleção de outro fator e aplicação do critério correspondente, até que seja considerada toda a seqüência dos fatores de seleção que identificam as áreas desfavoráveis ou não aceitáveis. Vantagem: Funciona bem à escala regional e com a aplicação de critérios de exclusão. Limitações: Risco de excluir prematuramente uma área que poderia ser bem classificada em avaliações subseqüentes. MÉTODO DOS FATORES PONDERADOS No método da análise ponderada atribuem-se pesos aos fatores de seleção, ou seja, os fatores de seleção são substituídos por valores numéricos de acordo com uma escala comum de classificação. Após a ponderação de todos os fatores, os resultados são combinados numa operação de multiplicação e soma, de forma a atribuir uma classificação numérica a cada área. A área mais favorável será o que exibir classificação mais elevada. Vantagem: Funciona bem para um reduzido número de áreas candidatas marcadamente diferente entre si. Limitações: Gera distorções ao tratar cada fator como totalmenteindependente. O significado dos resultados quantificados pode não ser claro. MÉTODO DA COMBINAÇÃO DE FATORES O método dos fatores combinados pode usar, quer o método de exclusão, quer a análise ponderada. Mas, neste caso, em vez de trabalhar seqüencialmente com uma série de fatores, desenvolvem-se alternativas. Isto envolve a seleção de um conjunto particular de fatores combinados e a identificação das áreas que os satisfazem. O processo é depois sucessivamente repetido para outras combinações de fatores. Este método permite eleger um conjunto de áreas 9 possíveis diferentes que representam, cada uma, perspectivas distintas do que constitui a melhor área. Vantagem: Único método que tem em conta a interdependência de fatores e as diferenças de opinião ou de julgamento entre diversos especialistas. Excelente para integrar a participação pública Limitações: Não hierarquiza as áreas. A gestão dos dados toma-se difícil se for grande número de áreas candidatas. A seguir uma lista de Metodologias que são comumente aplicadas na seleção de áreas para aterros sanitários: • Metodologia proposta por Fiúza e Oliveira (1997), adaptada do trabalho de Mc Bean, E.., Rogers, F.A., e Grahame J.F. (1995); • Metodologia proposta por Waquil et al. (2000); • Metodologia proposta por Gomes et al. (2000); • Metodologia proposta por Lollo e Gebera. (1998); • Metodologia proposta por Vieira et al. (1999). É pouco provável que exista uma “área perfeita” satisfazendo todos os requisitos para implantação de um aterro. Em regra, existem áreas aceitáveis e inaceitáveis. Todas as áreas viáveis e possíveis são diferentes, com vantagens e inconvenientes, o que geralmente torna a análise comparativa uma matéria de julgamento. Deve-se evitar viciar o processo de seleção com a tendência freqüente de se localizar os aterros de resíduos em zonas já degradadas da periferia das áreas urbanas e, também deve-se abstrair as questões políticas e emocionais envolvida na tomada de decisão. A escolha da área deve ser um processo estruturalmente relacionado com o planejamento da ocupação do solo e do desenvolvimento da região. A utilização de critérios preliminares eliminatórios baseados em leis, normas e resoluções que classificam áreas inaptas acelera o processo de escolha, e possibilita a diminuição de custos com estudos de áreas impróprias. Metodologias simples que não abordam todos os critérios estabelecidos em leis não incluem as sugestões das normas e resoluções, podem incorrer no erro de classificação de áreas legalmente impróprias, como também a falta de detalhes na classificação pode eliminar áreas potencialmente aptas. A localização de um aterro sanitário é um processo de decisão de natureza multidisciplinar, no qual são considerados diversos atributos e implica na avaliação e seleção de áreas aptas, entre várias alternativas possíveis, com base em critérios definidos. 10 CAPÍTULO 3: ELEMENTOS DE PROJETOS DE ATERROS DE ATERROS SANITÁRIOS 2 3.1 Dimensionamento dos Aterros Sanitários O dimensionamento do aterro sanitário depende: • Quantidade e tipologia dos resíduos a serem depositados; • Características fisiográficas e ambientais; • Uso futuro da área. O volume de resíduos sólidos a ser disposto no aterro sanitário é um fator preponderante para o dimensionamento da área para disposição dos resíduos. E a caracterização fisiográfica e ambiental da área selecionada é um fator básico para dimensionamento, principalmente, porque este fator influi diretamente na implantação e desempenho do empreendimento (IPT/CEMPRE, 2000). Os seguintes componentes deverão fazer parte de um projeto de aterro sanitário: • Sistemas de tratamento dos resíduos a serem dispostos; • Sistema de tratamento de base (impermeabilização da fundação); • Sistema de operação; • Sistema de drenagem da fundação; • Sistema de cobertura; • Sistema de drenagem de águas pluviais; • Sistemas de drenagem dos líquidos percolados; • Sistemas de drenagem dos gases; • Análises de estabilidade dos maciços de terra e dos resíduos dispostos; • Sistema de coleta e tratamento de lixiviado; • Sistema de tratamento dos gases; • Plano de encerramento do aterro; • Sistema de monitoramento. Nos itens abaixo serão descritos os principais componentes de um projeto de aterros sanitários, sendo os outros elementos discutidos com mais detalhes nos outros capítulos desta apostila. 3.1.1 Impermeabilização da fundação De acordo com o IPT/CEMPRE (2000), a impermeabilização inferior tem a função de proteger a fundação do aterro, evitando-se a contaminação do subsolo e aqüíferos adjacentes, pela migração de percolados e/ou dos gases, em não havendo condições in situ favoráveis. Um sistema de tratamento de base deve apresentar as seguintes características: • Estanqueidade; • Durabilidade; • Resistência mecânica; • Resistência a intempéries; • Compatibilidade físico-química-biológica com os resíduos a serem aterrados. 11 Dentre os materiais, comumente empregados em tratamento de base de aterros destacam-se os solos argilosos compactados e as geomembranas sintéticas. O tipo de membrana que tem se mostrado mais adequado para impermeabilização de aterros é a geomembrana de polietileno de alta densidade (PEAD), por sua resistência, durabilidade e compatibilidade com grande variedade de resíduos. Vale ressaltar que , nos processos de impermeabilização da fundação dos aterros, a garantia de qualidade não fica atestada apenas através dos materiais a serem utilizados, mas sim, de um conveniente projeto de aplicação e um controle tecnológico adequado para a execução. 3.1.2 Sistemas de Drenagem Nos projetos de aterros sanitários, deve-se considerar a execução de uma rede de drenagem eficiente para evitar a poluição e/ou contaminação ambiental, especialmente das águas superficiais e/ou subterrâneas, pelo líquido percolado, bem como permitir a operação dos aterros em qualquer situação climatológica. a) Drenagem de águas superficiais A finalidade básica dos sistemas de drenagem superficial é desviar as águas da bacia de contribuição para fora do local do aterro, possibilitando a operação, mesmo em dias de chuvas intensas, e diminuindo o volume de líquido percolado. Além de aumentar o volume de lixiviados, o escoamento de águas superficiais gera erosão, o que pode causar a destruição da camada de cobertura e taludes. Para a definição do local e dimensionamento do sistema de drenagem superficial, parte-se dos dados obtidos nos levantamentos topográfico e climatológico. Além disso, este dimensionamento é dependente, principalmente, da vazão a ser drenada. Nos aterros, em geral, o sistema de drenagem de águas superficiais é constituído por estruturas drenantes de meias canas de concreto (canaletas) associadas a escadas d’água e tubos de concreto. Este sistema deve ser orientado no sentido de conduzir os líquidos para um único local, distinto dos locais dos líquidos percolados pelo aterro, que necessitam de tratamento antes de serem lançados na drenagem natural (IPT/CEMPRE, 2000). b) Drenagem de líquidos percolados (chorume) O sistema de drenagem de percolados visa coletar e encaminhar para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), os líquidos percolados através da massa de resíduos, evitando o comprometimento do aqüífero e corpos hídricos superficiais devido à elevada carga poluidora presente. Além disso, reduz as pressões atuantes dos líquidos na massa de resíduos e minimiza o potencial de migração do mesmo no subsolo. Este sistema poderá ser projetado através de drenos de brita com tubos perfurados, direcionando o lixiviado até o local de acumulação, de onde serão enviados a um tratamento adequado. Para seu dimensionamento é fundamental o conhecimento da vazão a ser drenada e das condicionantes geométricasda massa de resíduos (IPT/CEMPRE, 2000). c) Drenagem e tratamento dos gases O sistema de drenagem de gases a ser implementado em aterros sanitários tem por finalidade retirar os gases gerados no processo de degradação, de forma a aliviar as pressões internas que ocorrem no maciço, contribuindo para a estabilidade geotécnica dos taludes e, conseqüentemente, a segurança da obra, e garantindo a sua queima nos níveis superiores, controlando a emissão dos gases à atmosfera. 12 A concepção deste sistema consiste na implantação de drenos verticais que permitam a drenagem dos gases e sua combustão em queimadores diretamente instalados nos drenos. Além desta função principal, o sistema poderá ser projetado de modo a funcionar também como facilitadores ao escoamento vertical dos líquidos no interior da massa de lixo. A interligação do sistema de drenagem de gases e de chorume sendo realizada na base do aterro é de grande importância para a não obstrução e comprometimento dos drenos de gases pelo percolado. Os queimadores ou flares são colocados individualmente em cada dreno vertical. Desta maneira, cada dreno poderá ter sua eficiência monitorada isoladamente, além de permitir uma melhor investigação na massa de lixo circundante. 3.1.3 Cobertura da massa de resíduos O sistema de cobertura tem a função de proteger a superfície da massa de resíduos, minimizar os impactos ao meio ambiente, visando à eliminação da proliferação de odores, à diminuição da taxa de percolado, permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro, além da eliminação da queima dos resíduos e à saída descontrolada dos gases (IPT/CEMPRE, 2000). Existem três tipos de cobertura de resíduos num aterro sanitário, aquela que se processa diariamente, nas atividades normais de deposição de lixo, as camadas intermediárias e a cobertura final do aterro, a ser feita nos locais onde a deposição já se encerrou. a) Cobertura Diária/ Intermediária São muitos os benefícios advindos da execução da cobertura diária e intermediária dos resíduos. Tal cobertura promove uma melhor apresentação visual do aterro, melhora as condições de acesso à célula de resíduos, reduz significantemente o transporte de lixo leve (papel, etc...) pelo vento. Além disso, reduz os riscos de transmissão de doenças por vetores, diminui odores, reduz a ocorrência de pontos de fogo e ajuda na atenuação do percolado. Assim sendo, é importante que tais camadas funcionem adequadamente e não sejam destruídas, principalmente, por erosões provocadas por águas superficiais não controladas. A cobertura diária deve ser realizada ao final de cada jornada de trabalho, já a cobertura intermediária é necessária naqueles locais onde a superfície ficará exposta por mais tempo, aguardando, por exemplo, a conclusão de um patamar para inicio do seguinte. Se necessário, nas épocas de chuva, pode-se utilizar manta plástica para evitar a infiltração das águas na massa de resíduos tendo em vista que a utilização de solo argiloso sobre o lixo dificulta o trânsito de veículos. b) Cobertura Final A cobertura final tem por objetivo diminuir a infiltração de águas pluviais, que resultam em aumento do volume do lixiviado, bem como evitar o vazamento dos gases gerados na degradação da matéria orgânica para a atmosfera. Esta cobertura, geralmente, tem no mínimo 60 cm de espessura de solo argiloso compactado e é executada quando o aterro atingir sua conformação geométrica final. 3.1.4 Análise da estabilidade dos maciços de terra e dos resíduos sólidos dispostos O objetivo principal da análise da estabilidade dos taludes é definição geométrica estável do aterro e seu entorno, com critérios de segurança adequados para obras civis. Um fator básico a ser considerado é a influencia dos líquidos e gases na estabilidade dos taludes. A estabilidade dos maciços de terra, da fundação e da massa de resíduos sólidos dispostos no aterro deve ser analisada a partir de parâmetros e métodos de análise adequados ao local, e por consultores especializados na matéria (IPT/CEMPRE, 2000). 13 CAPÍTULO 4: ELEMENTOS DE PROJETOS DE ATERROS DE ATERROS SANITÁRIOS 3 Para operar um Aterro Sanitário, são necessários homens, máquinas, equipamentos e uma infra- estrutura adequada para a uma correta disposição dos resíduos. Nos itens abaixo serão apresentados cada um desses elementos usados na operação de aterros sanitários: 4.1 Pessoal Para que a implantação de em aterro sanitário atinja seus objetivos, como a correta destinação dos resíduos com proteção ao meio ambiente e saúde publica, a equipe de pessoal envolvida na operação precisa estar devidamente preparada. Além do número e qualificação necessários, todos os funcionários envolvidos devem ter o conhecimento mínimo do projeto, e da importância das ações por ele proposta. Na Tabela 1 está relatada, de uma forma geral, a mão de obra mínima necessária para um adequado gerenciamento dos aterros sanitários. Tabela 1: Mão de obra mínima necessária em aterros sanitários. FONTE: http://www.conder.ba.gov.br/manual_aterro.pdf Os funcionários deverão ser capacitados com treinamentos para desenvolverem as atividades técnico-operacionais e/ou administrativas. Verifica-se que os funcionários da limpeza publica, em especial de aterros (ou lixões), são os menos qualificados disponíveis. Ressalta-se que sem um pessoal qualificado e treinado não é possível a operação adequada dos aterros sanitários. 14 4.2 Equipamentos Um bom dimensionamento dos equipamentos a serem empregados na construção e na operação de aterros sanitários constitui um dos fatores mais importantes na sua execução. Os gastos despendidos com equipamentos constituem um grande investimento inicial de capital e a explicação para boa parcela dos custos. A escolha dos equipamentos e dispositivos complementares é baseada por diversos elementos intervenientes, entre os quais citamos: • Quantidade e tipo de resíduos depositados; • Grau de compactação projetado; • Características topográficas e geológicas do solo; • Localização da jazida de terra e volume que será usado para a cobertura, entre outros. Assim, o conjunto de equipamentos básicos normalmente utilizados em aterros sanitários é: • Trator sobre esteiras: Um dos equipamentos mais úteis e mais utilizados em aterros, devido sua versatilidade, potência e resistência. Tem a função de nivelar a superfície e realizar o corte do aterro, preparação e manutenção dos acessos, e principalmente, espalhar, compactar e cobrir os resíduos depositados; • Pá-carregadeira (pneus ou esteiras): Podem ser utilizadas para escavar o solo e carregar caminhões basculantes. Como também poderão ser empregadas em pequenos aterros para transportar economicamente material de cobertura, espalhar os resíduos, como também aplainar o terreno e cortar barrancos. Porém, normalmente, sua utilização principal é na escavação do solo para ser transportado por caminhões basculantes (LIMA, 2005). • Escavadeira hidráulica: Utilizada para escavações diversas e abertura de drenos; • Retro escavadeira: Equipamento extremamente versátil, por desempenhar múltiplas funções nos aterros sanitários. Usadas na abertura de valas, execução de drenos, assentamento de tubulação e carregamento de caminhões; • Caminhões basculantes: Tem a função do transporte de materiais diversos, como material de cobertura, brita, tubos e materiais de construção em geral; • Motoniveladora: Utilizada para terraplanagem e nivelamento, encontrada principalmente em aterros de grandes dimensões; • Carro pipa: Pode ser utilizado durante a construção da camada de impermeabilização, para fornecer a umidade ótima de compactação do solo, ou durante a operação do aterro com o objetivo de eliminar a poeira nos acessos dos aterros.4.3 Instalações de apoio Instalações de apoio de um aterro sanitário são estruturas auxiliares que têm como objetivo garantir o funcionamento adequado do aterro, dentro dos padrões estabelecidos pelas técnicas de engenharia e do saneamento ambiental. Desta forma, estas instalações foram descritas a seguir: • Cerca e barreira vegetal: O isolamento da área é fundamental para o bom andamento dos serviços. Toda a área do aterro deverá estar cercada, com o objetivo de limitar o espaço e impedir a entrada de animais e de catadores. O tipo de cerca a ser utilizada dependerá do local onde está sendo executado o aterro e das condições existentes. A construção de um cinturão verde, juntamente com outro tipo de cerca, também é uma forma de isolamento. Além disso, esta faixa de proteção tem como objetivo minimizar os impactos da poluição gerada pelo aterro, entre os quais, emanação de odores, poeira (material particulado), ruídos, poluição visual, bem como a ação externa do vento na operação do aterro; 15 • Portaria: Tem a função de controlar a entrada e saída de veículos e pessoas, pois como em qualquer obra, um aterro em operação oferece risco as pessoas. Assim, quaisquer visitante deve primeiro ser enviado a administração, e somente ter acesso ao aterro acompanhado de funcionário local. Ressalta-se que o controle da entrada e saída de veículos se faz necessário para fiscalizar os resíduos que podem ser depositados no aterro, de modo a não aceitar, por exemplo, resíduos perigosos que podem causar danos aos operadores do aterro, ao processo de estabilização dos resíduos ou ao meio ambiente. • Balança: Tem como função de avaliar a quantidade de resíduos que entram no aterro. No caso dos aterros (e dos serviços de coleta) empreitados, a pesagem é a forma mais indicada de controle e remuneração dos serviços prestados. Além disso, a pesagem constante dos resíduos fornece dados estatísticos de grande valor na avaliação da vida útil do aterro e da variação da produção de resíduos ao longo do tempo, servindo de base para a elaboração de futuros planos de manejo de resíduos sólidos. • Escritórios (administração): Serve como base de controle e gerenciamento de todo o aterro, contabilizando quantidades de resíduos dispostos, materiais utilizados, controle de pessoal e fornecimento de elementos para cálculo de custos. • Refeitório, vestuário e sanitários: Instalações apropriadas para as refeições e à higiene pessoal são fundamentais para um bom andamento dos serviços. Estas instalações se tornam ainda mais importantes quando o município está implantando pela primeira vez um aterro sanitário, já que nos lixões estas instalações são muito precárias, quando não existentes. • Galpão para abrigo de veículos: A lubrificação e lavagem, bem como pequenos reparos nos veículos e equipamentos, podem ser realizados no próprio aterro. Por isso deve ser prevista a construção de um galpão apropriado, que deverá ainda servir como abrigo deste equipamento nos períodos de inatividade. • Pátio de estocagem de materiais: Os materiais de consumo no aterro, como brita, tubos, canos, terra, entre outros, deverão ficar convenientemente estocados em área especialmente reservada a este fim. A movimentação constante pode causar danos a estes materiais. • Acessos internos: Os acesos internos visam permitir interligação entre os diversos pontos do aterro. Estes acessos devem resistir ao trânsito de veículos, mesmo em dias de chuva, por isso devem está sempre em perfeitas condições. • Iluminação: Nos aterros operados em tempo integral, isto é, nos períodos diurno e noturno, é indispensável a existência de um sistema de iluminação na portaria, acessos e, principalmente, na frente de operação. Essa medida visa garantir condições de operacionalidade e segurança tanto ao pessoal e aos equipamentos do aterro, quanto àqueles responsáveis pelo transporte de resíduos. 16 CAPÍTULO 5: SISTEMAS DE TRATAMENTO DE LIXIVIADOS 5.1 Lixiviado O lixiviado é um líquido escuro, odor desagradável, contendo alta carga orgânica e inorgânica, sendo esse resultante das reações de quimicas que acontecem durante o processo de degradação anaeróbia dos resíduos sólidos orgânicos, além da própria umidade residual do material orgânico e outras possíveis fontes de água que porventura possam vir a atravessar a massa de resíduo (Lopes, 2003). Segundo ORTH (1981), o lixiviado ou percolado é uma combinação do chorume com a água que percola através da massa de resíduos sólidos. Estas águas que atravessam a massa de lixo podem ser formadas através da: umidade natural do lixo; água de constituição presente no lixo que são liberadas pela compactação ou pela decomposição biológica; infiltração das águas de chuva da camada de cobertura do aterro; pela contribuição das nascentes e águas do subsolo que por capilaridade atingem a massa de lixo (LINS, 2003). A composição química e microbiológica do lixiviado é bastante complexa e variável, uma vez que, além de depender das características dos resíduos depositados, é influenciada pelas condições ambientais, pela forma de operação do aterro e, principalmente, pela dinâmica dos processos de decomposição que ocorrem no interior das células (El Fadel et al., 2002; Kjeldsen et al., 2002). O lixiviado é considerado um contaminante, que causa sérios problemas na saúde pública e impactos negativos ao meio ambiente, uma vez que este apresenta altas concentrações de matéria orgânica, bem como quantidades consideráveis de metais pesados. O impacto produzido pelo chorume no meio ambiente é bastante acentuado principalmente em relação à poluição das águas. A percolação do líquido no aterro pode provocar a poluição das águas subterrâneas e superficiais, sendo que uma das primeiras alterações observadas são a redução do teor de oxigênio dissolvido e, conseqüentemente, alteração da fauna e flora Aquática. Estudos recentes demonstram que efeitos adversos podem ser observados no solo, mesmo a distâncias superiores a 100 m do aterro, assim como alterações na biota aquática, principalmente nas imediações da descarga. Por este motivo, a implementação de sistemas de coleta e tratamento para este efluente é absolutamente essencial ( morais, 2005). 5.1.1 Processos de geração de lixiviado A matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos, responsável pela formação do chorume, pode sofrer dois tipos de decomposição: a anaeróbia, quando a massa de lixo está recoberta e bem compacta com argila, e, aeróbia, quando a massa de lixo está em contato com o ar, ou por ausência de recobrimento ou pela má compactação da camada de cobertura. Segundo BIDONE & POVINELLI (1999), a decomposição anaeróbia é lenta, gerando alguns subprodutos como amônia e ácidos orgânicos e gases, como o gás sulfídrico. Mas, estando à matéria orgânica em contato com ar, começa a sofrer um processo de oxidação, iniciando a degradação progressiva do material, gerando alguns subprodutos como gás carbônico, sais minerais de nitrogênio, fósforo, potássio, dentre outros. Segundo GUIMARÃES (2000), “este processo é acelerado pela presença de bactérias aeróbias que ajudam a deterioração do material. A decomposição dos resíduos resulta na produção de gases como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), dentre outros, além de um percolado que em regiões com alto índice pluviométrico, tem sua quantidade aumentada pela infiltração da chuva” (LINS, 2003). De acordo com OLIVEIRA & PASQUAL (2000), os resíduos sólidos, inicialmente, agem como uma esponja e simplesmente absorvem a água; entretanto, o material atinge um teor de umidade, conhecido como capacidade de campo ou de retenção. Qualquer acréscimo adicional de água resulta na percolação de igual quantidade da massa. Os autores ainda afirmam que alguma percolação poderá se formar antes de atingida a capacidade de campo,uma vez que os resíduos, não sendo homogêneos, apresentam canais, e alguns destes não absorvem a água prontamente. 17 FERNÁNDEZ-VIÑA (2000) afirma que o percolado aparece em conseqüência, principalmente, da infiltração de água na massa de lixo. A água, ao passar através dos resíduos sólidos, arrasta e dissolve contaminantes orgânicos e inorgânicos, chegando a base do aterro com uma ampla variedade de constituintes. Para FARQUHAR (1988), o percolado é produzido, no aterro, quando a umidade penetra no lixo, extraindo os contaminantes na fase líquida, e assim, produzindo um conteúdo suficientemente alto para iniciar o fluxo do líquido. “As águas da chuva, bem como de nascentes, percolam através do lixo e carreiam chorume e a matéria orgânica dando origem ao líquido percolado” (LINS, 2003). 5.1.2 Composição e características do lixiviado As características físicas, químicas e biológicas do chorume dependem do tipo de resíduo aterrado, do grau de decomposição, clima, estação do ano, idade do aterro, profundidade do resíduo aterrado e tipo de operação do aterro, das condições internas do aterro como temperatura, conteúdo de umidade, altura do aterro, fase da decomposição e a qualidade da água que entra no aterro entre outros. Assim, pode-se afirmar que a composição dos líquidos percolados pode variar consideravelmente de um local para outro, como também em um mesmo local e entre uma e outra época do ano (PAES, 2003; HERRERA, 2000). Mais de 97% dos compostos que podem ser encontrados nos percolados podem ser classificados em quatro categorias, segundo CHRISTENSEN & KJELDSEN (1989), considerando que o aterro receba, em sua maior parte, resíduos domiciliares. São eles: matéria orgânica, compostos orgânicos específicos, macrocomponentes inorgânicos e metais pesados.Estes autores empregam uma classificação baseada no estado de estabilização dos percolados (LINS, 2003): • Percolados jovens com a alta carga orgânica: valores de DQO maiores que 20000 mg/l, alto conteúdo de metais (até 2000 mg/l) e degradabilidade média (DBO5/DQO > 0,65); • Percolados estabilizados com baixa carga orgânica: valores de DQO menores a 2000 mg/l, baixo conteúdo de metais (menos de 50 mg/l) e biodegradabilidade muito fraca (DBO5/DQO < 0,1); • Percolados com características intermediárias aos anteriores. O chorume é um líquido de alto poder poluidor, de composição bastante heterogênea: possui uma elevada Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5 (de até 60.000 mg O2/l), Demanda Química de Oxigênio – DQO (de até 90.000 mg O2/l), metais pesados e altas concentrações de bactérias coliformes (fecais ou termotolerantes e totais) indicadores de contaminação fecal. O chorume dos resíduos recém-dispostos (lixo novo) é de qualidade diferente do resultante dos resíduos que já se encontram há mais tempo depositados (lixo velho).Pode-se notar, por exemplo, através do pH, que no princípio tende a ser ácido, passando para a faixa alcalina em chorume de lixo velho, bem como a DBO5 e a DQO que, inicialmente são altas e tendem a decrescer drasticamente com o passar do tempo como resultado da biodegradação da matéria orgânica (PAES, 2003). Na Tabela 2 são encontrados alguns dos componentes que podem ser encontrados no chorume e variação dos teores de substâncias contaminantes. Tabela 2: Íons que podem ser encontrados no chorume e possíveis origens. Íons Origens Na+, K+, Ca2+, Mg2+ Material orgânico, entulhos de construção, cascas de ovos PO43-, NO3- , CO32- Material orgânico Cu2+, Fe2+, Sn2+ Material eletrônico, latas, tampas de garrafas 18 Fontes: www2.uel.Br/pos/química/lixourbano; Manual de Gerenciamento Integrado (IPT, 1996) 5.1.3 Importância do tratamento dos lixiviados O tratamento do chorume representa um grande desafio, devido à variação das suas características. Em geral o chorume é altamente contaminado com compostos orgânicos medidos como Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Biológica de Oxigênio (DBO5), com amônia, hidrocarbonetos halogenados e metais pesados. Em adição, este usualmente contém alta concentração de sais inorgânicos (cloreto de sódio, carbonatos) (Trebouet et al, 2001). Esses fatores tornam difícil a determinação e adoção de uma única técnica eficaz, já que a técnica adotada para determinado aterro nem sempre é aplicável a outro. Guidolini e colaboradores (2005) descreveram a variação de pH, turbidez, relação entre a Demanda Química de Oxigênio (DQO) e a Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) e metais pesados como os principais parâmetros utilizados para monitorar efluentes provenientes de aterros sanitários. 5.1.4 Sistema de tratamento de lixiviados Uma das formas mais eficazes de minimização do impacto ambiental causado pelo aterramento de resíduos sólidos é a coleta, remoção e tratamento do lixiviado. O tratamento do chorume representa um grande desafio, devido à variação das suas características, causado pela heterogeneidade dos resíduos dispostos e influenciadas pela idade do aterro. Esses fatores tornam difícil a determinação e adoção de uma única técnica eficaz, já que a técnica adotada para determinado aterro nem sempre é aplicável a outro. Os principais parâmetros utilizados para monitorar efluentes provenientes de aterros sanitários são: pH, turbidez, Demanda Química de Oxigênio (DQO) e metais pesados (Guidolini et al, 2005). Entre os principais processo para tratamento de chorume podemos citar: os processos biológicos (aeróbios e anaeróbios), processos de separação por membranas, sistemas naturais conhecidos como “Wetlands”, processos físico-químicos (coagulação/ floculação), Processos oxidativos (Ozonização e o Reativo de Fenton) e a técnica de recirculação de Chorume. De acordo com Tatsi e colaboradores (2003) devido à complexidade da matriz, muitas vezes são empregados processos envolvendo a combinação de duas ou mais técnicas para o tratamento desse tipo de efluente. Vale ressaltar que mesmo quando os resíduos sólidos são depositados no solo adequadamente e o aterro encerra suas atividades no tempo certo, a geração do chorume não se extingue e, em geral, quanto mais velho o aterro, menos biodegradável é esse efluente, necessitando de processos de tratamento mais complexos. A decisão quanto ao processo a ser adotado para o tratamento de chorume deve ser fundamentada em uma avaliação com critérios técnicos e Hg2+, Mn2+ Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes, fungicidas, tintas, amaciantes, produtos farmacêuticos, interruptores,... Ni2+, Cd2+, Pb2+ Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis), plásticos, ligas metálicas, pigmentos, papéis, vidro, cerâmica, inseticidas, embalagens ... Al3+ Latas descartáveis, utensílios domésticos, cosméticos, embalagens laminadas em geral. Cl- , Br- , Ag+ Tubos de PVC, negativos de filmes de raio-X As3+, Sb3+, Cr3+ Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos 19 econômicos, com a apreciação de parâmetros quantitativos e qualitativos, vinculados essencialmente à realidade em foco (Lima et al, 2005). 5.1.4 Processos convencionais para o tratamento de chorume 5.1.4.1 Sistemas Fundamentados em Processos Biológicos a) Lodos Ativados O processo de lodos ativados pode ser definido como, um processo no qual uma cultura heterogênea de microrganismos entra em contato com o efluente a ser tratado na presença de oxigênio. Estes microorganismos têm a capacidade de estabilizar e remover a matéria orgânica biodegradável. O processo pode ser inibido (principalmente a nitrificação) pela presença de substâncias tóxicas e pela variação de temperatura e do pH do chorume. É utilizado como pré- tratamento de processos de osmose reversa ou na seqüência de outros tratamentos. No caso de chorume velho (pobre em orgânicos biodegradáveis), a relação C/Npode ser muita baixa para o processo biológico (FERREIRA et al., 2001). O princípio de depuração para lodos ativados com biomassa suspensa emprega como elementos ativos os flocos biológicos, os quais, em contato com substrato biodegradável e na presença de oxigênio, crescem e floculam. Os flocos biológicos são formados por consórcios de microorganismos que configuram comunidades dinâmicas, cada uma das quais possui uma determinada finalidade no processo de lodos ativados. O processo de sedimentação da biomassa, necessário para a separação do efluente tratado, só é possível graças à floculação (Morais, 2005). b) Lagoas Aeradas As lagoas aeradas são normalmente construídas com taludes de terra e funcionam como reatores biológicos de crescimento suspenso, sem recirculação do lodo, tendo profundidade de 2,5 a 5,0 m. São normalmente usados aeradores mecânicos para a mistura e aeração da massa líquida. Nas lagoas aeradas, os efluentes são submetidos à ação de consórcio de organismo, muitas vezes de composição desconhecida, durante vários dias. Neste tipo de tratamento, a variação de carga e algum grau de toxicidade efluente podem ser atenuados graças ao grande volume da lagoa (Morais, 2005). As lagoas aeradas são utilizadas para o tratamento de chorume, de esgotos domésticos e de despejos industriais com elevado teor de substâncias biodegradáveis. Os fatores de maior influência na seleção desse processo são: disponibilidade de área; fonte de energia elétrica e os custos de implantação e operação. (IPT/CEMPRE, 2000). De acordo SILVA (2002), a utilização de lagoas aeradas é bastante freqüente como etapa que precede a disposição final do chorume em estações de tratamento de esgotos, onde bons resultados de biodegradação são obtidos para chorumes provenientes de aterros jovens. c) Lagoas Anaeróbias Na lagoa anaeróbia, a matéria orgânica é submetida a um processo de degradação na ausência de oxigênio com produção de gás metano e gás carbônico. São tanques com profundidade de 4,0 a 5,0 m, de maneira a reduzir a possibilidade de penetração do oxigênio produzido na superfície para as camadas mais profundas. A carga orgânica aplicada deverá ser alta, principalmente para que a taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior à taxa de produção, criando condições estritamente anaeróbias. O efluente das lagoas anaeróbias, em geral, necessita de tratamento posterior (Morais, 2005) 20 Para as lagoas anaeróbias, segundo JORDÃO e PESSOA (1995), a estabilização ocorre pelos fenômenos de digestão ácida e fermentação metanogênica. Inicialmente, os microrganismos facultativos, na ausência de oxigênio dissolvido, transformam compostos orgânicos complexos em substâncias e compostos mais simples, principalmente ácidos orgânicos. Verifica-se, nesta fase, a produção de material celular (síntese) e compostos intermediários (gás sulfidrico e mercaptanas) e o pH reduz para valores entre 5 e 6. Em seguida, as bactérias formadoras de metano (estritamente anaeróbias), transformam os ácidos orgânicos em metano e dióxido de carbono, e o pH sobe para 7.2 ou 7.5. Nesta fase (metanogênica ou alcalina) há formação de escumas de cor cinzenta. d) Lagoas Facultativas Dentre os processo biológico de tratamento, o processo de lagoas facultativas são considerados os mais simples uma vez que dependem unicamente de fenômenos puramente naturais (Von Sperling, 1996). Lagoas facultativas são tanques de menor profundidade (1,5 a 3,0 m). A lagoa facultativa se caracteriza por possuir uma zona aeróbia superior, em que os mecanismos de estabilização da matéria orgânica são a oxidação aeróbia e a redução fotossintética, e uma zona anaeróbia na camada de fundo, onde ocorrem os fenômenos típicos da fermentação anaeróbia. A camada intermediária entre essas duas zonas é dita facultativa, predominando os processos de oxigenação aeróbia e fotossintética (Figura 3). A lagoa facultativa pode ser projetada para operar como uma única unidade; ou em seqüência a uma lagoa anaeróbia, aerada, ou mesmo após uma estação de tratamento. No primeiro caso costuma ser chamada de lagoa "primária", e nos demais "secundária". Algumas vezes pode também anteceder uma série de lagoas de polimento ou maturação. Figura 3 - Esquema de uma lagoa facultativa e) Filtros Biológicos Consistem em leitos dotados de meio suporte (pedra britada, areia, escória, unidades sintéticas, etc.), com grande área específica, onde filmes biológicos desenvolvem-se aderidos, e por espaços vazios por onde ocorre a passagem do líquido a tratar e do oxigênio necessário aos processos biológicos aeróbios. As condições aeróbias são mantidas a partir da prática de trabalho em ciclos de operação e repouso, ou a partir de sistemática de funcionamento que permita aeração contínua do meio, para permitir o crescimento de biomassa aderida que promove o tratamento através da adsorção e metabolismo das cargas orgânica e nitrogenada. Processos de biossorção de metais e outros compostos refratários também são efetivos nessas unidades aeróbias. Os filtros possuem Camada de lodo Zona anaeróbia Efluente Energia luminosa CO2 CH4 H2S afluente Zona aeróbia Zona facultativa O2 CO2 M.O suspensa UFCa de lodo 21 dreno de base que permite a coleta do efluente tratado e a passagem do fluxo de ar (FLECK, 2003). f) Reator (UASB) IPT/CEMPRE (2000) indica o Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA), conhecido também como UASB, como alternativa “privilegiada” para o tratamento do lixiviado, devido à pequena área requerida, baixo custo de implantação e relativa simplicidade operacional do sistema. Constitui-se na mais eficiente unidade anaeróbia desenvolvida para tratamento de efluentes e consiste em unidade de crescimento suspenso e fluxo ascendente em que a velocidade ascensional mantém o lodo em suspensão, contrabalançando a forca gravitacional, de modo que, a água residuárias atravessa a lâmina de lodo, mantendo um contato íntimo com a microbiota anaeróbia (FLECK, 2003). g) Wetlands O temo wetland é utilizado para caracterizar vários ecossistemas naturais que ficam parcial ou totalmente inundados durante o ano. Os wetland naturais são facilmente reconhecidos como várzeas dos rios, os igapós na Amazônia, os banhados, os pântanos, os manguezais, entre outros. Os wetland construídos são, pois, ecossistemas artificiais que utilizam diferentes tecnologias, obedecendo aos princípios básicos de modificação da qualidade da água dos sistemas naturais. A ação depuradora destes microrganismos é devido à: adsorção de partículas pelo sistema radicular das plantas; absorção de nutrientes e metaispelas plantas; pela ação de microrganismos associados a rizosfera; pelo transporte de oxigênio pela rizosfera (FERREIRA et al, 2001). h) Recirculação de lixiviado A técnica de recirculação de chorume tem sido bastante empregada como forma de acelerar o processo de estabilização da fração orgânica dos resíduos sólidos, promovendo assim uma digestão anaeróbica acelerada. Segundo Lagerkvist e Cossu (2005) a recirculação de chorume é uma combinação do tratamento dos resíduos sólidos com o pré-tratamento de chorume no interior do aterro. A recirculação consiste na reinjeção do líquido na massa de lixo já aterrada e é considerado um método de tratamento uma vez que propicia a atenuação dos constituintes advindos da atividade biológica e das reações físico-químicos que ocorrem no interior do aterro, como as conversões dos ácidos orgânicos presentes no lixiviado em metano e gás carbônico (Baraldi, 2003). O aumento no índice de umidade seja através de aplicação de chorume recirculado ou a adição de água suplementar, em um aterro realça os processos de degradação anaeróbica, facilitando a redistribuição de substratos ede nutrientes, além de disseminar os microrganismos entre os microambientes existentes em um aterro, conduzindo assim a um aumento na taxa da produção do metano (Sanphoti et al, 2005). Em regiões com condições climáticas favoráveis (temperatura, ventos, radiação solar) a evaporação de parte dos líquidos que retornam ao aterro propicia considerável redução da demando sobre as unidades de tratamento. Aterros situados em regiões áridas ou semi-áridas, nas quais o balanço hídrico traduz-se freqüentemente em déficit de umidade, seja pela baixa pluviometria e/ou elevada evapotranspiração, apresenta pouco ou nenhum volume significativo de lixiviado gerado sendo possível sua total recirculação (Chernicharo et al, 2003). Os métodos mais preconizados de recirculação amplamente empregados em escala real incluem: pré-umidificação do resíduo, irrigação ou pulverização, lagoas superficiais e dispositivos verticais ou horizontais para a infiltração de líquidos. Há diferenciações entre os métodos quanto à capacidade de recirculação do chorume, redução de volume e compatibilidade com as fases ativas em que se encontra a massa aterrada e fechamento dasatividades do aterro (Baraldi, 2003). 22 5.1.4.2 Sistemas de Tratamento Fundamentados em Métodos Físicos e Físico-químicos a) Processos de Separação com Membranas Nos últimos anos, diversos processos ou combinações de processos foram desenvolvidos e testados para alcançar exigências ambientais necessárias para a descarga do chorume. Entre os novos processos, as técnicas de tratamento utilizando membranas têm atingido patamares de crescimento devido a diversos fatores, como o menor consumo energético em comparação com os outros processos de separação tradicionais, a flexibilidade operacional pelo fato do sistema ser mais compacto e a obtenção de produtos finais de melhor qualidade. A osmose inversa é um dos tratamentos mais extensamente usado nos países europeu, juntamente com a nanofiltração que vem ganhado popularidade (SILVA, 2002). De acordo com SILVA (2002) os processos de separação por membranas são, na realidade, uma variação dos processos convencionais de filtração clássica aonde os meios filtrantes (membranas) apresentam poros muito inferiores em comparação aos processos convencionais. Os processos utilizando membranas são conhecidos como: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa, onde, o que varia é o tamanho da partícula retida em cada um dos processos. A osmose inversa tem sido recentemente aplicada em tratamento terciário, quando se exigem principalmente concentrações de substâncias inorgânicas muito baixas. A osmose inversa consiste de um processo de separação em que um solvente é separado de um soluto de baixa massa molecular por uma membrana permeável ao solvente e impermeável ao soluto .As partículas retidas são solutos de baixa massa molecular como sais ou moléculas orgânicas simples.Como as partículas são muito pequenas, a pressão osmótica das soluções é elevada. Para que a velocidade de permeado seja razoável, a diferença de pressão hidrostática através da membrana tem que ser elevada, atingindo valores entre 3 e 100 atm, dependendo do tipo de aplicação. As desvantagens do sistema de membranas ainda são o alto custo, o problema de entupimento dos poros do meio filtrante, principalmente no caso de chorume, devido às altas concentrações de sólidos e a disposição do concentrado gerado. Sendo assim, a limpeza periódica das membranas é uma etapa fundamental e visa restaurar o fluxo permeado a valores próximos do fluxo inicial. Pode ser realizada com surfactantes (como por exemplo, detergentes), solução ácida ou alcalina SCHNEIDER E TSUTIYA (2001). b) Coagulação/Floculação/Sedimentação Trata-se de um conjunto de processos muito utilizado para promover a clarificação de efluentes contendo partículas coloidais e sólidos em suspensão. O princípio do processo consiste na neutralização das cargas elétricas do material em suspensão, por adição de agentes de floculação (por exemplo, sulfato de alumínio). Após da neutralização das cargas superficiais a mistura e deixada em repouso, o que facilita a aglutinação das partículas por adsorção (morais, 2005). Os agentes empregados para os processos de coagulação/floculação são geralmente classificados em dois grandes grupos: Agentes Inorgânicos: como sulfato de alumínio (alum), sulfato ferroso, cloreto férrico, clorosulfato férrico, cloreto de polialumínio (PAC); e Polímeros Orgânicos: derivados de poliacrilamida (ou polietileno), biopolímeros (polímeros produzidos por organismos biológicos) (Zouboulis et al., 2004). A Coagulação/.floculação é uma técnica relativamente simples que possa ser empregada com sucesso para o tratamento de chorume mais velhos de aterros. Entretanto, este método pode apresentar também determinados inconvenientes: pode ser produzida uma lama excessiva, e em determinados casos, quando os coagulantes químicos convencionais estão sendo usados, um aumento de concentrações do alumínio ou do ferro no efluente resultante pode ser encontrado (NTAMPOU ET AL, 2005). Outro processo coagulante que pode ser utilizado é representado pela a adição de cal hidratada (hidróxido de cálcio) que reduz a acidez e precipita íons como Mg2+, Fe3+ e metais pesados, que formam compostos insolúveis (FRANCISCO, 2002). 23 c) Adsorção Diversas espécies químicas presentes no chorume (iônicas ou orgânicas) são passíveis de serem adsorvidos ou absorvidos em matrizes sólidas. Diversos materiais têm sido testados como adsorventes (zeolitas, vermiculite, caolinite, alumina ativada), no entanto, o carvão ativado continua sendo considerado o que apresenta melhores resultados (Morais, 2005) 5.1.4.3 Novas alternativas para tratamento de efluentes a) Processos Oxidativos Avançados Nos últimos anos, os processos oxidativos avançados (POAs) têm sido considerados como uma excelente alternativa para o tratamento de líquidos com características como as apresentadas pelo chorume. Isto é, elevada DQO, reduzida DBO e presença de espécies recalcitrantes e tóxicas. Estes processos são baseados na geração do radical hidroxila (.OH), um poderoso e altamente reativo agente oxidante, o qual pode promover a degradação de inúmeros poluentes, em tempos bastante reduzidos. Devendo o mesmo ser gerado in situ (PACHECO & ZAMORA, 2004). Os POAs são considerados tecnologias limpas e altamente eficientes, pois não há formação de sub-produtos sólidos (lodo), como também não há transferência de fases dos poluentes (como a adsorção em carvão ativado) e os produtos finais da reação são o CO2 e a H2O (FERREIRA et al, 2001). Quando resulta em uma oxidação parcial pode-se ter um aumento da biodegradabilidade dos poluentes, e neste caso, os compostos orgânicos residuais podem ser removidos por meio de tratamento biológico (ALVES & LANGE, 2004). Segundo SANTOS & COELHO (2003) pode-se dividir os POAs em dois grandes grupos: aqueles que envolvem reações homogêneas usando H2O2, O3 e/ou luz UV e aqueles que promovem reações heterogêneas usando óxidos ou metais fotoativos, como o dióxido de titânio. De acordo com SOBRINHO (2005), as vantagens dos Processos Oxidativos Avançados são: • Mineralizar o poluente e não apenas transforma-lo de fase; • Indicados para compostos recalcitrantes; • Transformam compostos recalcitrantes em biodegradáveis; • Geralmente melhoram as características organolepticas da água tratada; • Muito promissor, sob ponto de vista econômico, se combinado com os tratamentos biológicos. • Apresentam como desvantagens: • Alto custo no tratamento; • Oxidantes residuais interferem em análises; • Controlo rigoroso caso se utilize como pré-tratamento de sistemas biológicos; • Deposição de sais em aparelhos de radiação comuns, resultando na diminuição do poder de radiação na fase de reativa.Como conseqüência, passos relativamente dispendiosos de limpeza são necessários. b) Processos com Barreira Bio-química O sistema bio-químico (SBQ) utiliza o conjunto solo/plantas/microrganismos com a finalidade de remover, degradar ou isolar substâncias tóxicas de efluentes (BELTRÃO & JUCÁ, 2004). Este sistema caracteriza-se como um tratamento terciário cujo processo de descontaminação ocorre de formas variadas e concomitantes, partindo dos princípios de técnicas de tratamento de efluentes já consolidadas: Barreira Reativa e Fitorremediação (BELTRÃO et al, 2005). 24 A primeira é representada por uma parede de material reativo que, ao entrar em contato com o efluente, retém poluentes quimicamente e/ou fisicamente. Ou seja, a medida que o efluente percola passivamente através do leito filtrante os contaminantes vão sendo degradados e/ou retidos através de processos físicos, químicos ou biológicos, prevenindo-se a contaminação a jusante da barreira (Figura 4). A escolha do material a ser utilizado na barreira reativa deve ser de tal maneira que se garanta a sua reatividade por um prolongado período de tempo. Além disso, é necessário que o material constituinte da barreira não lance contaminantes adicionais ao sistema e que esteja disponível em larga escala por um preço viável (BELTRÃO & JUCÁ, 2004). Figura 4 - Esquema da Barreira Reativa Fonte: BELTRÃO & JUCÁ, 2004 O SBQ pretende ser uma alternativa economicamente viável, eficiente e de fácil operação para o tratamento de chorume de aterros sanitários. Os principais processos de remoção de poluentes são: 1) contaminantes são degradados por meio da biomassa aderida ao material suporte (biofilme); 2) poluentes são absorvidos pelas raízes ou degradados por bactérias que nelas se alojam, em seguida, os contaminantes são armazenados ou transportados e acumulados nas partes aéreas das plantas; 3) a barreira reativa ao entrar em contato com o efluente reage quimicamente promovendo a retenção de contaminantes, além de servir como uma parede de retenção física. O termo “bio” é uma alusão à contribuição dos organismos vivos que compõem o sistema (biofilme e macrófitas), assim como, o termo “químico” referese aos processos de remoção de poluentes através de processos químicos, independentemente dos microrganismos (BELTRÃO et al, 2005). 25 BAAB +→ CAPÍTULO 6: GERAÇÃO E APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE BIOGÁS 6.1. Geração de Biogás Uma célula de Aterro Sanitário não é simplesmente um local para disposição de resíduos sólidos, onde “guardamos” nossos rejeitos para as gerações futuras. Tal célula, projetada e operada adequadamente, funcionará como um Biorreator. No interior de uma célula de aterro sanitário desenvolve-se uma biota que promove reações bioquímicas de decomposição da matéria orgânica ali presente. Decompor significa quebrar em partes menores e, em uma reação de decomposição, ligações são rompidas. Tipicamente, as reações de decomposição dividem as moléculas grandes (complexas) em moléculas menores (simples), íons ou átomos. Uma reação de decomposição ocorre da seguinte forma: Degrada-se em Moléula AB Átomo, íon Átomo, íon ou molécula A ou molécula B É dessa forma que a matéria orgânica é estabilizada ou mineralizada e macromoléculas, como proteínas, polissacarídeos e gorduras, são quebradas em moléculas de menor peso molecular, como aminoácidos, açúcares e ácidos graxos e finalmente se tornam compostos simples de baixo peso molecular como ácidos voláteis, álcoois, aldeídos, além de gases como CO2, H2, NH3, e H2S. Nos Aterros Sanitários, devido à camada de cobertura final e aos altos teores de matéria orgânica, o nível de oxigênio cai rapidamente quando seguimos da superfície em direção ao centro da célula. Portanto, no interior da célula existem condições que favorecem o crescimento de uma biota que, para obtenção de energia, faz uso da respiração anaeróbia e da fermentação. A fermentação é o processo metabólico que libera energia de uma molécula orgânica qualquer, não requer oxigênio ou um sistema transportador de elétrons e usa uma molécula orgânica como aceptor final de elétrons. Na respiração anaeróbia, o aceptor final de elétrons é uma substância inorgânica diferente do oxigênio (O2). Algumas bactérias podem utilizar um íon nitrato (NO3-) como aceptor final de elétrons; o íon nitrato é reduzido a íon nitrito (NO2-), óxido nitroso (N2O) ou gás nitrogênio (N2). Outras bactérias utilizam o sulfato (SO4=) como aceptor final de elétrons para formar sulfeto de hidrogênio (H2S). Ainda outras bactérias utilizam carbonato (CO3=) para formar metano (CH4). No processo de conversão da matéria orgânica para biogás distinguem-se quatro etapas ou fases principais: i.Hidrólise; ii.Acidogênese; iii.Acetogênese; iv.Metanogênese. Durante a hidrólise, as macromoléculas são convertidas em moléculas de menor peso molecular e que são solúveis em água, por isso esse processo também é chamado de solubilização, e ocorre pela ação de enzimas segregadas (exoenzimas) por bactérias fermentativas. Na acidogênese ou acidificação, os produtos solúveis da primeira fase são convertidos em compostos simples de baixo peso molecular, nessa fase entra em ação um grupo muito diversificado de bactérias. Quase todas estritamente anaeróbias, as bactérias acidogênicas 26 continuam a exercer suas atividades metabólicas mesmo a um pH baixo, tendo-se observado continuidade na formação de ácidos a um pH 4. Na terceira fase entram em ação as bactérias acetogênicas, transformando os produtos ácidos da fase anterior em ácido acético ou acetato, hidrogênio e dióxido de carbono. A digestão anaeróbia ao chegar à sua última fase converte os produtos da fermentação ácida (conjunto das três primeiras fases, Hidrólise, Acidogênese e Acetogênese) em produtos gasosos estáveis. São os produtos gasosos do metabolismo microbiano que denominamos Biogás. Em Aterros Sanitários o biogás é composto basicamente pelos gases listados na Tabela 3, contendo, aproximadamente, as proporções apresentadas. Tabela 3 : Composição do biogás em aterros sanitários. Gás Percentual (em volume) Metano (CH4) 45 a 60% Dióxido de Carbono (CO2) 35 a 50% Nitrogênio (N2) 0 a 10% Oxigênio (O2) 0 a 4 % Vapor de água (H20) 2 a 4% Hidrogênio (H2) inferior a 0,1% Monóxido de carbono (CO) inferior a 0,1% Gás sulfídrico (H2S) inferior a 0,01% Gases traços (até 350 comp.) ≈1% Observa-se o destaque para três gases presentes na tabela anterior. O Metano e o Dióxido de Carbono merecem destaque não apenas pelas grandes proporções em volume na composição do biogás, mas principalmente pelo efeito ambiental negativo, pois são gases que promovem o efeito estufa. O gás sulfídrico (H2S), apesar de sua baixíssima presença em volume na composição do biogás, tem importância devido a ser corrosivo, provocar chuvas ácidas e, ao contrário do metano e do dióxido de Carbono que não têm odor e não são tóxicos ao homem, é o principal responsável pelos odores desagradáveis nos aterros sanitários e pode provocar a anemia anóxica. A produção de biogás no aterro sanitário está sujeita a todos os fatores que interferem no metabolismo microbiano. São fatores físicos e químicos e que também podem ser influenciados pelo projeto e pela operação do aterro sanitário. Os principais fatores são: i. Temperatura; ii. pH iii. Umidade e Pressão Osmótica; iv. Profundidade/altura do aterro; v. Geometria do aterro; vi. Forma de operação. Cada espécie bacteriana apresenta para seu crescimento uma temperatura mínima, uma ótima e uma máxima. Ao afastar-se da faixa de temperatura ótima seu metabolismo, e conseqüentemente a produção de biogás começa a diminuir. Logo o clima também tem importante influência na geração do biogás em aterros
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