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Tudo sobre o Inquérito policial de maneira simples e descomplicada ImprimirReportar Publicado por Daniela Coelho Ocorrendo um suposto fato delituoso, cabe ao Estado iniciar a chamada “Persecutio criminis” para apurar, processar e fazer valer o seu direito de punir. A persecução penal compreende 2 fases: 1) A pré-processual chamada de preliminar ou inquisitia ( INQUERITO PROCESSUAL = I.P) objeto desse estudo!! 2) Ação penal , submetida ao contraditório e a ampla defesa – Objeto de outro estudo!! O inquérito é o mecanismo utilizado pela autoridade policial para elucidar a pratica de infrações penais e sua autoria (art 4º CPP). A expressão"infrações penais" engloba tanto crime/delito como as contravenções penais tendo em vista a ideia bipartida de infrações penais. A Investigação criminal é gênero do qual é espécie o inquérito policial , cujo objetivo é formar o lastro probatório mínimo para a deflagração para a seguinte fase processual, A AÇÃO PENAL. Há outras formas de investigação penal como a CPI, a executada pelo MP, pelas autoridades militares,...vejamos esses 3 exemplos abaixo: 1) Comissões parlamentares de inquérito - CPI -(lei 1579/52) – procedem as investigações de grande vulto, caso constate a existência de crime comum, enviarão para o MP que formulara a denúncia. 2) Inquérito civil (lei 7347 /85)– Presidido pelo MP visa colher elementos para a propositura da ação civil pública de responsabilidade por danos ao meio ambiente, consumidor, histórico, turístico,... 3) A investigação pelo M.P – Teoria dos poderes implícitos. RE 593727/2015 “quem pode o mais, pode o menos”. A Natureza jurídica do Inquérito policial é de um procedimento administrativo. Notar que procedimento administrativo é diferente de processo administrativo. O inquérito policial é um procedimento administrativo, de natureza inquisitiva, escrito e sigiloso. A finalidade do I.P é instruir a ação penal !! As centrais de inquérito ganham cada vez mais relevância. Com as centrais de inquérito o processo sai da delegacia e vai para as centrais de inquérito (MP) que pode ou não oferecer denuncia minimizando assim os riscos do juiz se tornar parcial. Essa triagem feita pelo MP é muito bem vista no ordenamento jurídico. 1- Características do Inquérito policial (I.P) O inquérito policial deve ser analisado tendo em vista suas características a) Procedimento escrito Art. 9 cpp b) Autoritariedade Realizado pela policia judiciária – A atividade investigatória é atribuída no âmbito estadual as polícias civil , dirigidas pelo delegado e no âmbito federal à policia federal e ao delegado federal. c) Procedimento sigiloso art. 20CPP. O sigilo é crucial para elucidação do crime. * (exceção sumula vinculante 14 do STF) – Pela sumula em questão não se pode opõe o sigilo do inquérito policial aos advogados, uma vez que eles devem conhecer o que pesa sobre seu cliente. Estes só poderão ter acesso ao que já estiver documentado, sendo que medidas de busca e apreensão e mandado de prisão não cumprido no podem ser acessados sob pena de ruía a eficácia das investigações. d) Oficialidade – O I.P é conduzido pelo Estado na pessoa do delegado de policia, não podendo uma pessoa comum proceder com as investigações. e) Oficiosidade - O delegado de polícia atua de oficio diante a ocorrência conforme art 5º I CPP. * As exceções são a queixa crime (advogado) e ação penal pública condicionada f) Autoridade Cabe ao delegado conduzir as investigações sendo assim chamado de Autoridade polícia (art 4 caput cpp) g) Indisponibilidade: Uma vez começado a autoridade policial não poderá arquivar os autos investigativos somente podendo pedir o seu arquivamento para a autoridade judicial (art 17 CPP) h) Inquisitivo –Como o próprio nome deixa claro resquícios de inquisição. É feito de forma discricionária (aquele praticado com liberdade de escolha de seu conteúdo, do seu destinatário, tendo em vista a conveniência e a oportunidade de sua realização) art 14. Sem contraditório e ampla defesa. i) Dispensável – As provas do crime podem ser encontradas de outra maneira. (art 39 $5º cpp). O inquérito não é imprescindível para a propositura da ação penal. Segundo o STF e o STJ, os vícios do I.P. NÃO contaminam o processo, afinal, a investigação é meramente dispensável. Os vícios do I.P. são endoprocidimentais ( dentro do próprio inquérito ). j) Sistemático- Há de se respeitar a cronologia dos fatos e o caso concreto dada as circunstâncias. 2- Instauração do inquérito policial (art 5 CPP) Se dá com a ocorrência da notitia criminis (noticia do crime). Atentar que é diferente de queixa crime pois muitas pessoas falam que "darão queixa" na delegacia, sendo este termo errado, o correta era ir na delegacia dar notitia criminis. A notitia criminis é facultativa em relação aos cidadãos que poderão ou não denunciar a pratica criminosa. Entretanto é obrigatório em relação ao agente público que ao saber do fato deve anunciar a autoridade competente. A notitia criminis pode ser: a) Espontânea ou imediata – Através da própria atividade da policia, no caso o delegado. Ele pode agir de oficio. b) Provocada ou mediata – através de representação ou requisição do juiz ou do MP ou do próprio ofendido, ou seja, mediante provocação de terceiros. c) Coercitiva- decorrente da prisão em flagrante Quando o inquérito policial é instaurado a partir de um auto de prisão em flagrante delito, diz-se haver: notitia criminis de cognição coercitiva. d) Delação apócrifa ou notitia criminis inqualificada = denúncia anônima – Por si so não enseja a abertura de inquérito necessitando previa pesquisa de precedência. A noticia do crime quanto ao procedimento, pode ser: a) Na ação penal pública incondicionada: de oficio, mediante requisição de autoridade judiciária ou Ministério público (art 5º I e II CPP); OU A REQUERIMENTO DO OFENDIDO ou de quem tenha a qualidade de representa-lo. (art 05 I e II CPP). Trata-se de um dever de instaurar o I.P independente de provocação. b) Na ação penal pública condicionada Art 5 $4º CPP: por meio da representação/requisição do ofendido ou do seu representante legal; ou por meio da requisição no Ministro da justiça. O prazo para oferecimento é de 06 meses a contar do conhecimento da autoria. Por tratar de prazo decadencial não será suspenso nem interrompido. É um misto de interesse público com interesse particular. A representação, no caso de ação penal pública condicionada, pode ser apresentada por procurador. c) Na ação penal privada – Art 5 $5º CPP de quem for qualificado para intenta-la (caso não seja o próprio pode ser seu representante com procuração com poderes especiais). Com a lei 9099/95 nos crimes cuja a pena não ultrapasse 2 anos, não há abertura do I.P, pois é lavrado o termo circunstanciado . Nos crimes de menor potencial ofensivo, não ha abertura do I.P nem a lavratura do APF. Nestes casos é lavrado o termo circunstanciado que consiste em breve relato dos fatos, com a qualificação dos envolvido, devendo conter todas as informações importantes para eventual oferecimento de denúncia. OBS: Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento de infração penal pode dar a noticia do crime (art 5 $3º CPP) inclusive por denúncia anônima. Haverá sempre um filtro onde a autoridade policial verificara a procedência das informações e se provar procedência será instaurado o inquérito. Caso seja indeferido a abertura do inquérito a parte insatisfeita poderá recorrer administrativamente para o chefe de policia (art 5º $2 CPP). Tal recurso não é direcionado ao judiciário. 3- Diligencias no Inquérito policial (art 6 cpp) Um verdadeiro roteiro investigativo a ser seguido. I- Deslocamento ao local: Dirigir-se ao local para que não seja alterado o estado das coisas ate a chegada dos peritos criminais II- Apreensão dos objetos que tenha relação com os fatos- Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. (art 11 cpp) III- Colheita de provas: todas as provas que servirempara esclarecimento IV- Oitiva do ofendido: Ouvir o ofendido V- Oitiva do indiciado : Ouvir o ofendido junto a 2 testemunhas VI- Proceder o reconhecimento das pessoas, coisas e as acareações VII- Determinar ,se for o caso, o corpo do delito e qq outra pericia necessária VIII- Identificação criminal - Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico (digital) e juntar a sua folha os antecedentes se houver IX- Averiguar a vida pregressa do indiciado sob o ponto de vista individual, social econômica,... X- (novo 2016) Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome de contato da pessoa responsável pelo cuidado dos filhos,... RECONSTITUIÇÃO DO CRIME - Além disso ainda constitui providencia a ser tomada pela autoridade policial a feitura da reprodução dos fatos caso não contrarie a ordem pública ou moralidade. (- ART 7 CPP) Os artigos 13-A e 13-B (lei 13.344/2016) são relativamente novos . No 13-a a escuta não precisa de autorização judicial já a do 13 B precisa de autorização judicial. Notar que a autorização as conversas telefônicas para localizar a vitima, possivelmente vitima de um sequestro não compreende as conversas telefônicas feitas entre os acusados. Logo se quiser ter acesso a conversa é necessárias 2 autorizações judiciais. Caso o juiz demore ou seja omissa em permitir a localização da vítima, poderá a autoridade proceder sem a autorização judicial se demonstrar que a mora pode trazer riscos. (13-B $4º). 4- Incomunicabilidade do indiciado no processo penal Há 2 correntes sobre o tema. Uma que o artigo 21 foi tacitamente revogado pela CF/88 e outra que não foi revogado. Prevalece a corrente de que o Art 21 do CPP esta revogado em face do art 136 $3º IV da CF uma vez que nem mesmo em estado de defesa se justifica a incomunicabilidade do preso. Tal artigo não foi recepcionado pela CF/88. Tal norma não tem mais aplicação pratica. 5- Prazo para encerramento do inquérito policial Finda as diligencias a autoridade deve fazer um minucioso relatório sem JUÍZO DE VALOR para que através deste o MP possa formar sua OPINO DELICTI. Ao receber o inquérito policial concluído, se o MP entende que há necessidade de diligencias imprescindíveis ao oferecimento da denuncia pode requerer a devolução do inquérito a delegacia para que estas sejam realizadas segundo o art 16 CPP.É necessário ser diligencias imprescindíveis ou seja que busquem a materialidade ou autoria do fato. Se o indiciado estiver preso - 10 dias (art 10 cpp) Se o indiciado estiver solto- 30 dias (art 798 $1º cpp) Esses prazos são impróprios na pratica pois estende-se por mais tempo. É necessário apenas não prorrogar o suficiente para o I.P prescrever. Prazos do Ministério público (art 46 $1) para oferecimento da denuncia Se o indiciado estiver preso - 5 dias (art 46 caput e $1º) Se o indiciado estiver solto- 15 dias (idem) Obs: Notar que é a metade do prazo na justiça estadual 6- Arquivamento do Inquérito policial (Art 28 cpp) Deve atender a um complexo de atos conforme abaixo É ato do juiz que determinada de forma motivada somente se houver pedido do MP nesse sentido já que o MP é o titular da ação penal púbica. O arquivamento e o desarquivamento de inquérito é um ato administrativo complexo pois depende do MP e do juiz. Havendo discordância quanto ao pedido de arquivamento, o juiz deve remeter os autos ao Procurador geral nos termos no 28 CPP. Ocorrendo essa hipótese o PG tem 3 opões: 1) Pessoalmente oferece denuncia 2) Indica outro órgão do MP ou promotor para oferecer denuncia 3) Insiste no pedido de arquivamento e neste caso o JUIZ FICA OBRIGADO A ARQUIVAR OS AUTOS DO I.P Os casos mais comuns de arquivamento de inquérito são os de ausência de tipicidade penal e extinção da punibilidade , sendo as causas mais comuns a morte do agente, a prescrição e a decadência. Outra observação que se deve fazer é que não há arquivamento implícito no ordenamento jurídico brasileiro quando se trata de ação penal pública incondicionada. Caso não seja feita a denúncia em relação a algum dos autores ,não enseja o arquivamento implícito, podendo posteriormente seguir a denúncia, caso não tenha ocorrido a prescrição. Segundo o art 28 CPP o pedido de arquivamento de inquérito deve ser expresso e fundamentado. Ha de se seguir a ordem do esquema mostrado acima. 7- Desarquivamento do Inquérito policial (art 18 cpp e sumula 524 stf) Somente pode ser feito se surgirem novas provas acerca da infração. Só é possível porque o despacho judicial que procede ao arquivamento NÃO FAZ COISA JULGADA MATERIAL. (art 18 cpp). Surgindo novas provas, o delegado de policia poderá reabrir as investigações arquivadas anteriormente. A atribuição para desarquivar é do MP. As exceções para o desarquivamento são: Atipicidade do fato Excludente de ilicitude Causa de extinção de punibilidade 8- Competência do I.P Para saber qual é a autoridade policial competente para um certo inquérito policial, utiliza-se o critério ratione loci (em razão do lugar) e ratione materiae (em razão da matéria). Em razão da matéria: critério segundo o qual o inquérito poderá ser “tocado” pela PF, PC ou ainda Polícia judiciária Militar. Em razão do Lugar: segundo os critérios de fixação de competência do art. 70 do CPP (teoria do resultado, em regra). Fonte: Livro didatico Estacio de Sá. Direito penal I - 2017 Esquematizado OAB - Saraiva - 3º edição -2018
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