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SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO Saúde sexual e reprodutiva | José Moreira Neto - É caracterizada por eventos tromboembólicos arteriais e venosos, abortamento espontâneo de repetição e a presença de anticorpos anticardiolipina, anticoagulante lúpico e anti-β2-glicoproteína 1. - É dita primária quando ocorre isoladamente (50% dos casos), e dita secundária (50% dos casos) quando ocorre concomitante a outros distúrbios, sejam eles reumatológicos ou não, como o LES. A SAF secundária é mais frequente em mulheres, enquanto a SAF primária tem distribuição igual entre ambos os sexos. - Muitos pacientes podem desenvolver os anticorpos da SAF e não desenvolver nenhuma manifestação clínica não é ddo de SAF FISIOPATOLOGIA - A fosfatidilserina (FS) é um fosfolipídio geralmente presente apenas na camada interna, voltada para o citoplasma celular. Entretanto, plaquetas e células endoteliais, quando entram em apoptose, expressam a FS na camada externa de suas membranas, e as células trofoblásticas – constituintes da placenta – expressam a FS na camada externa de maneira constitutiva (permanente). - Quando a FS se apresenta voltada para o lado externo da célula, uma glicoproteína plasmática, a β2-glicoproteína-1, se liga a ela imediatamente. Na presença de algum dos anticorpos antifosfolipídicos (aPL), ocorre fixação do aPL ao complexo FS/beta-2-GP-1. Esse processo é acompanhado de ativação do complemento, que, por sua vez, promove ativação de células endoteliais e plaquetas, além de induzir a liberação de fator tecidual (desenlace da cascata de coagulação). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - A manifestação clínica mais comum na SAF é a trombose venosa profunda. Endocardite de Libman-Sacks: pode se manifestar com embolia cerebral ou sistêmica ou com lesão valvar (insuficiência mitral e/ou aórtica). Abortamento espontâneo recorrente: é uma das manifestações mais importantes e se deve à oclusão dos vasos uteroplacentários. - A morte fetal não explicada acima de 10 semanas em feto morfologicamente normal é o critério mais específico para SAF. Já o critério mais sensível é a história de abortamentos recorrentes. Trombocitopenia: é comum, mas geralmente é de grau leve a moderado, não determinando eventos hemorrágicos a presença de autoanticorpos na superfície das plaquetas induz sua fagocitose por macrófagos esplênicos. Livedo reticular: é encontrado principalmente nos membros inferiores. É sujeito a exacerbações em ambientes com baixas temperaturas. Síndrome de Sneddon: é definida pela tríade AVE isquêmico + livedo reticular + anticorpos antifosfolipídicos positivos. É geralmente observada em pacientes mais jovens, fora da faixa etária típica de AVE isquêmico. Atrofia alba de Millian: é uma úlcera dolorosa das extremidades inferiores, com bordas bem definidas, centro atrófico e esbranquiçado, sendo mais comum no sexo feminino e apresentando recorrências. SAF catastrófica: ocorre num pequeno percentual de pacientes, quando a doença se apresenta de forma aguda e com múltiplas tromboses arteriais e venosas e em vasos de pequeno e grande calibre em diversos órgãos (pelo menos três órgãos para definir a síndrome). Esses eventos trombóticos podem ocorrer simultaneamente ou com intervalos de dias. Nesses pacientes, a mortalidade é alta e gira ao redor de 50%, mesmo com o tratamento. Frequência das manifestações: Trombose venosa (32%) Trombocitopenia (22%) Livedo reticular (20%) AVE isquêmico (13%) Tromboflebite superficial (9%) Tromboembolismo pulmonar (9%) Abortamento espontâneo (8%) Ataque isquêmico transitório (7%) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Anticoagulante lúpico: apresenta maior especificidade para o ddo de SAF, porém, perde em sensibilidade. Anticardiolipina (aCL): apresenta maior sensibilidade que o anticoagulante lúpico para SAF, no entanto, perde em especificidade. - Os anticorpos aCL IgG estão mais relacionados a eventos trombóticos, enquanto os aCL IgM estão mais relacionados à anemia hemolítica autoimune. O IgA não foi relacionado a uma manifestação específica. Anti-β2-glicoproteína-1: apresenta maior especificidade para o diagnóstico de SAF do que o aCL. Em até 10% dos casos é o único anticorpo antifosfolipídio presente. TRATAMENTO Tratamento crônico para pacientes com histórico de evento tromboembólico: a anticoagulação se faz, a princípio, por toda a vida. Nesse contexto, as drogas de escolha são os cumarínicos (warfarin), cujo INR deve ser mantido entre 2,5-3,5, podendo associar ou não o AAS em baixas doses (p. ex., 100 mg/dia). - Não há indicação de tratamento para os pacientes assintomáticos (sem história de trombose) apenas pela presença de anticorpos antifosfolipídios no sangue. Porém, exceção a essa regra é o caso de portadores de LES, no qual a presença de anticorpo antifosfolipídio indica o uso de AAS em baixas doses (profilaxia primária) – ex., 100 mg/dia -. Esquema profilático nas gestantes se houver história isolada de uma ou mais perdas fetais > 10 semanas ou ≥ 3 perdas embriônicas (< 10 semanas): a heparina profilática pode ser do tipo não fracionada, na dose de 10.000 UI SC, 12/12 h, ou, preferencialmente (menor risco de plaquetopenia e osteoporose por uso prolongado), heparina de baixo peso molecular (ex., enoxaparina 0,5 mg/Kg, SC, 1x/dia). - O esquema deve ser mantido durante toda a gestação, sendo suspenso somente após 6 a 12 semanas de puerpério. Esquema em gestantes com passado de trombose, independentemente da história gestacional:
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