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ARTIGO DISCALCULIA

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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO - IESF
CURSO PEDAGOGIA
EMILIA COSTA SOUSA BERBARE
LILIAN PEREIRA DOS REIS
NILCILENE DA SILVA CARDOSO
DISCALCULIA: Processos de intervenções do educador e do psicopedagogo em sala de aula.
Paço do Lumiar
2019
1 INTRODUÇÃO
 O presente artigo elaborado por pesquisas bibliográficas tem por objetivo compreender como se dá a intervenção do educador e do psicopedagogo no processo de desenvolvimento de aprendizagem do aluno com discalculia. Sendo a discalculia um problema causado por má formação neurológica que se manifesta como uma dificuldade do indivíduo de compreender e manipular os números. 
 A partir da observação inicial pelo professor o aluno deve ser encaminhado a especialistas como: psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo e psicopedagogo. Para que determinem onde está o verdadeiro problema do indivíduo em observação, pois a discalculia compromete a autoestima, as relações sociais.
 Portanto esse tema pode ser de grande contribuição para mostrar o papel do educador e do psicopedagogo em sala de aula, de maneira que desenvolvam processos de intervenções para obterem melhores resultados com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem em matemática, com o propósito de facilitar esse processo não apenas no âmbito escolar, mas em todos os contextos que envolvem o indivíduo. 
 Desenvolver uma relação entre professor e aluno, onde juntos possam construir uma afetividade em sala de aula, e assim encontrarem estratégias de ensino, para trabalharem essas dificuldades. 
2 DISCALCULIA
 É uma desordem neurológica especifica que afeta a habilidade de uma pessoa compreender e manipular números. É um problema de aprendizado independente, mas pode estar associado a dislexia. Tal distúrbio faz com que a pessoa se confunda em operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, sequencia numéricas, formas geométricas, ao realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da matemática no dia a dia. 
Discalculia é uma condição que afeta a capacidade de adquirir habilidades matemáticas. Os aprendizes com discalculia podem ter dificuldade para compreender conceitos numéricos simples, não possuem compreensão intuitiva de números e tem problemas para aprender fatos e procedimentos numéricos. (SANTOS, 2012, p.110). 
 Diante disso, pessoas com essa dificuldade de aprendizagem tem problemas com muitos aspectos matemáticos. Muitas vezes eles não entendem quantidades ou conceitos como maior ou menor. “Na maioria dos casos, a discalculia, assim como a maioria dos distúrbios de aprendizagem, são causados por distúrbios neurológicos”. (OLIVIER, 2011, p. 90). 
 Além do tratamento adequado o, portador de discalculia pode ser auxiliado no seu dia a dia por calculadora, uma tabuada e outros recursos que facilitam o entendimento com números. Identifica – se a discalculia observando a atenção das crianças com dificuldade de espaço, longo, curto, fino, grosso, contagem números. 
 Segundo Santos (2012, apud FARELL 2008, p. 74), os principais tipos de discalculia identificadas são:
Discalculia verbal: Este tipo de discalculia é caracterizada pela dificuldade para nomear e compreender os conceitos matemáticos apresentados verbalmente. As crianças com esse tipo de discalculia são capazes de ler ou escrever os números, mas têm dificuldade para reconhecê-los quando são ditados verbalmente.
Discalculia espacial: relaciona-se a dificuldades de avaliação e organização visório – espacial.
Anaritmetria: envolve confusão em procedimentos aritméticos, como por exemplo, misturar operações escritas de adição, subtração e multiplicação.
Discalculia léxica (ou alexia): refere – se à confusão diante da linguagem matemática e sua relação com símbolos, como, por exemplo: subtrair, retirar.
Discalculia gráfica (ou agrafia): diz respeito às necessidades para escrever os símbolos e dígitos necessários para os cálculos matemáticos.
Discalculia practográfica: deficiência na capacidade de manipular objetos concretos ou graficamente ilustrados.
Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no entendimento de conceitos matemáticos
 Os sintomas evidenciados na discalculia, de acordo com Bastos (2006), estariam relacionados a alguns fatores: 
Erro na formação dos numerais, os quais, na maioria das vezes, são representados invertidos; comorbidade com Dislexia; falta de habilidade para calcular soma simples; inabilidade quanto ao reconhecimento de sinais das operações; dificuldade em ler valores dos numerais; problemas quanto à memorização de fatos numéricos básicos. 
 
 Para reconhecer o tipo de discalculia nos alunos, o professor deve observar com atenção quais são exatamente as dificuldades apresentadas pelos mesmos em relação ao aprendizado de matemática.
3 O PSICOPEDAGOGO E O ALUNO DISCALCÚLICO
 O grande objetivo da psicopedagogia é facilitar o processo de aprendizagem, não apenas no âmbito escolar, mas em todos os contextos que envolvem o indivíduo, seja no contexto cognitivo, emocional ou social. O papel do psicopedagogo consiste em desenvolver um trabalho terapêutico centrado na aprendizagem, elaborando diagnósticos e intervenções específicos para cada situação
 Na concepção de Bossa, (2005) afirma que:
O diagnóstico psicopedagógico torna-se fundamental, pois propicia um olhar cuidadoso acerca da problemática da aprendizagem, objeto de estudo da psicopedagogia, no intento de compreender “por que e como” uma criança não aprende. 
 É de suma importância a parceria e participação de um neurologista, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, a participação desses profissionais é de grande valia, pois cada um contribuem de forma significativa para o aprendizado do aluno.
 Neste aspecto, Silva (2010, p. 22-23):
Evidencia que: é importante chegar a um diagnóstico o mais rapidamente para iniciar as intervenções adequadas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar – neurologista, psicopedagogo, fonoaudiólogo, psicólogo – para um encaminhamento correto. 
 Não devemos ignorar que a participação da família e da escola é fundamental no reconhecimento dos sinais de dificuldades que a criança apresentar.
 Do ponto de vista de Santos, (2012, p. 119):
[...] embora cada profissional tenha um nível diferenciado de atendimento e experiência em relação as dificuldades de aprendizagem, é preciso que os mesmos trabalhem em estreita colaboração, mesmo que sejam encontradas barreiras. [..]. Para que a intervenção multiprofissional seja eficaz eficiente, faz – se necessário o estabelecimento de estratégias de ação e comunicação, assim como a definição,de metas a serem atingidas que demarquem responsabilidades individuas coletivas.
 A intervenção psicopedagógica em relação ao aluno discalculia é promover a motivação para a aprendizagem, promover a autoestima e o autoconceito com o objetivo de reintegrar o indivíduo numa vivência escolar e social adequada.
O psicopedagogo pode ajudar a criança a elevar sua autoestima valorizando as atividades, descobrindo qual o seu processo de aprendizagem através de instrumentos que ajudarão em seu entendimento. Os jogos e brincadeiras irão ajudar na classificação, habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e contagem. O uso de computador é bastante útil, por se tratar de um objeto de interesse da criança. (SAMPAIO, 2008, p.3)
 Através dos jogos e brincadeiras que a criança ordena sua vida, resplandecendo suas emoções e transportando suas experiências sem que este mesmo perceba, o jogo, bem como as atividades artísticas, refletindo o elo que integra os aspectos motor, cognitivos, sociais e afetivos da criança.
 Hoje, pais e professores deparam-se facilmente com problemas de aprendizagem e o trabalho do psicopedagogo na prevenção e diagnóstico, revela-se de grande importância, escutando, observando e intervindo de forma diferente a cada indivíduo. Nesse sentido, qualquer que seja a dificuldade do aluno em aprender, o Psicopedagogo é o profissional indicado. 
4 A RELAÇÃO PROFESSOR / ALUNO 
 A educação é um processo social que ocorre através da inter-relação professor aluno, é através dessa relação que o aluno absorve construção do conhecimento. “O professor é uma pessoa repleta de emoções e como tal, ao desenvolver seu trabalho, irradia sentimentos, impressões e desejos que envolvem os alunos, e provocam, nesses sujeitos efeitos que nem sempre lhes são favoráveis. ” (MARQUES, 2011, p. 38).
 Neste sentido, verifica a importância de a afetividade ser considerada na sala de aula e do estabelecimento de relações entre professor- aluno, em especial ao aluno com discalculia. 
 No que se se refere a discalculia, o aluno com essa dificuldade de aprendizagem requer maior atenção por parte do professor, onde o mesmo deve fazer um trabalho diferenciado respeitando a individualidade do aluno, proporcionando ao mesmo possibilidade de aprendizagem. 
 Para que o professor consiga detectar a discalculia em seu aluno é imprescindível que ele esteja atento à trajetória da aprendizagem desse aluno, principalmente quando ele apresentar símbolos matemáticos malformados, demonstrar incapacidade de operar com quantidades numéricas, não reconhecer os sinais das operações, apresentar dificuldades na leitura de números e não conseguir localizar espacialmente a multiplicação e a divisão.
 O professor deve compreender que existe um fator neurológico que impede este aluno de construir conteúdos relacionados a área da matemática, de maneira que o aluno venha desenvolver naturalmente um certo receio de atividades de disciplinas e conteúdo que envolva cálculos e números.
 Para Flores, (2016, p.65):
Quando o professor consegue identificar essas aptidões e dificuldades, então poderá identificar que seu aluno pode ter discalculia, mas outro item que seria interessante o professor observar é a trajetória da aprendizagem desse aluno em relação à matemática.
 Sendo assim, cabe ao professor analisar o nível que o aluno alcançou, na construção de habilidades, raciocínios matemáticos para a partir desse ponto avançar na complexidade dos problemas que envolvam raciocínio numéricos. É importante que o professor desenvolva atividades especifica para o aluno discalcúlico, incluir a criança nas atividades e jogos lúdicos, trabalhar de uma maneira relacionada ao cotidiano do aluno.
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) também destacam a importância dos jogos.
Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propicia à simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula os 60 planejamentos das ações, possibilitam de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações se sucedem rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas (BRASIL, 1998, p 46).
 Segundo orientações da Associação Brasileira de Discalculia - ABD (apud SILVA, 2010, p.26) segue algumas possibilidades de ajuda:
 
 a) Permitir o uso de calculadora;
b) Adotar o uso de caderno quadriculado;
c) Não estipular tempo nas provas, reduzir o número de questões (sendo estas claras e objetivas) e permitir o acompanhamento de um tutor para
certificar que o aluno entendeu os enunciados;
d) Evitar avaliações orais;
e) Reduzir deveres de casa;
f) Ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo conheça o sucesso;
g) É importante ter em mente que para os discalcúlicos nada é óbvio;
h) Não descarte a possibilidade de se trabalhar com uma equipe
multidisciplinar, em destaque o Psicopedagogo que trabalhará a autoestima,
valorizando as atividades desenvolvidas pelo sujeito e descobrindo seu
processo de aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no
aprendizado;
i) Optar por jogos para trabalhar seriação, classificação, psicomotricidade, habilidades espaciais e contagem;
j) Deixar o aluno saber que o professor está ali para ajudá-lo e nunca para desestimulá-lo com atitudes e palavras que destaquem suas dificuldades
 Embora não seja possível afirmar que esses cuidados serão igualmente eficazes e eficiente para todos os alunos com dificuldades de aprendizagem, dada a multiplicidades de fatores que compõe a estrutura cognitiva humana. Dessa maneira, cabe ao professor contar com sua criatividade e empenho para tornar suas aulas proveitosas a todos alunos, independente de apresentarem distúrbios de aprendizagem. 
 Portanto, os pais e professores têm um papel fundamental no cuidado com a criança, tanto como auxiliadores no seu processo de aprendizagem quanto como facilitadores, ajudando a criança a encontrar formas de lidar com a discalculia.
5. CONCLUSÃO
 A discalculia é uma desordem neurológica especifica que afeta a habilidade de uma pessoa compreender e manipular números. Os professores, teoricamente, são os profissionais que podem colaborar com a identificação precoce. 
 Além do tratamento adequado, o portador da discalculia pode ser auxiliado no seu dia a dia por calculadora, uma tabuada e outros recursos que facilitam o entendimento com números. 
 Embora ainda existam muitos desafios a serem superados, nota-se a importância do professor e do psicopedagogo no auxílio ao tratamento dos alunos com discalculia. Por meio de jogos e brincadeiras que podem ser confeccionados com a ajuda do próprio aluno mostrando assim, que ele é capaz de construir seu conhecimento por meio de seus esforços.
 Nessa perspectiva, conclui-se que, se caso a criança apresentar a discalculia, será preciso encaminhá-la a profissionais qualificados e o professor deverá auxiliá-la com intervenções adequadas estabelecendo relações de afetividade com os alunos.
REFERÊNCIAS
BASTOS, J. A. Discalculia: transtorno específico da habilidade em matemática. In: ROTTA, N; OHLWEILER, L.; RIESCO, R. (ORGS). Transtornos da aprendizagem: Abordagem neurobiológica e multidisciplinar. São Paulo: Artes Médicas, 2006. p. 195–206.
BOSSA, N. A. Introdução: Avaliação psicopedagógica da criança de 7 a 11 anos. In: BOSSA, N. A.; OLIVEIRA, V. B. (ORGS). Avaliação psicopedagógica da criança de sete a onze anos. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 07–14.
FLORES, Nayana Laura,Como trabalhar e identificar a discalculia, Rev. Educação Matemática em Revista - FAMPER, Ampére, v.3, n. 01, p. 63 – 69, edição especial. 2016.
MARQUES, Eliana de Sousa Alencar. As relações Interpessoais entre professores e alunos mediando histórias de fracasso escolar: um estudo do cotidiano de uma sala de aula. Teresina: EDUFPI, 2011.
OLIVIER, Lou. Distúrbios de aprendizagem e de comportamento / Lou Olivier. – Rio de Janeiro: Wark Ed., 2011. P. 9 – 153.
SAMPAIO, Samaia; Discalculia; Psicopedagogia Brasil. Disponível em: http// www.psicopedagogiabrasil.com.br/distúrbios .htm. Acesso em:15/05/2019
SANTOS, Marcos Pereira dos. Dificuldades de aprendizagem na escola: um tratamento Psicopedagógico / Marcos Pereira dos Santos. – Rio de Janeiro: Wark Editora, 2012.
SILVA, T.C.C. As consequências da discalculia no processo de ensino aprendizagem da matemática. Monografia (Matemática) Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, Aparecida de Goiânia, 2010.

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