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PUBLICAÇÃO DE RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

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Uma Visão Tecnológica sobre o Desenvolvimento de Produtos e a
Sustentabilidade
Conference Paper · September 2011
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Human Centered Design View project
"BIOMIMICRY Global Design Challenge" View project
Rafaela Da Rosa Cardoso Riesemberg
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
18 PUBLICATIONS   30 CITATIONS   
SEE PROFILE
Silvana Pereira Detro
Universidade Federal do Paraná
10 PUBLICATIONS   17 CITATIONS   
SEE PROFILE
Osiris Canciglieri Jr.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
218 PUBLICATIONS   342 CITATIONS   
SEE PROFILE
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 1 
Uma Visão Tecnológica sobre o Desenvolvimento de 
Produtos e a Sustentabilidade 
Rafaela da Rosa Cardoso a (rafaela.rosa@pucpr.br); Silvana Pereira Detro a 
(silvana.detro@pucpr.br); Osíris Canciglieri Júnior a (osiris.canciglieri@pucpr.br) 
a 
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, Pontificia Universidade Catolica do 
Parana – PUCPR, PR – BRASIL 
 
Resumo 
A sustentabilidade é um tema de interesse mundial. A construção civil é um dos setores industriais 
responsável por grande parte dos impactos que o meio ambiente tem sofrido e também, é uma das 
áreas em que soluções ambientais vêm sendo estudadas. As construções sustentáveis buscam agredir o 
menos possível o meio ambiente. O Brasil ainda não possui muitas construções sustentáveis, devido ao 
valor inicial elevado e, também ao pouco conhecimento sobre a aplicação de tais práticas na 
construção civil. Porém, o interesse pela preservação e conservação do meio ambiente vem 
aumentando e as construções sustentáveis têm atraído cada vez mais atenção a nível mundial. Este 
artigo tem como objetivo apresentar uma visão sobre as tecnologias utilizadas em construções 
sustentáveis. Através das pesquisas realizadas, verificou-se que o uso do tijolo de solo-cimento puro é 
o mais comum, seguido por aquele que contém caliça e pó de mármore. Foram encontrados poucos 
estudos a respeito do uso da areia de fundição em tijolos ecológicos. Existem outros tipos de materiais 
que podem ser utilizados, porém maiores estudos a respeito são necessários. 
Palavras-chave: construções sustentáveis; tecnologias limpas; tijolo ecológico. 
1 Introdução 
O aumento do interesse pelas práticas sustentáveis tanto pela comunidade, como pelas empresas e 
governos de diversos países têm aumentado consideravelmente. A preocupação com os recursos 
naturais é uma das causas deste interesse, porém, a sustentabilidade também possui implicações 
sociais e econômicas. 
Um dos setores industriais responsável por uma significativa parcela dos impactos causados ao meio 
ambiente é a construção civil, incluindo a construção, manutenção e demolição. A construção civil 
também faz uso de perigosos produtos químicos, agredindo ainda mais ao meio ambiente, além de 
prejudicar a saúde humana. 
Com o intuito de amenizar os impactos da construção civil, surgiu o que hoje se conhece por 
construções sustentáveis, que são aquelas que têm como objetivo não agredir ou agredir o menos 
possível o meio ambiente. 
As construções sustentáveis permitiram o desenvolvimento de diversas tecnologias. Este artigo tem 
como objetivo apresentar uma visão sobre as tecnologias utilizadas em construções sustentáveis. Em 
especial apresentar o cenário de desenvolvimento do tijolo ecológico. 
2 Desenvolvimento Sustentável 
A preocupação com os recursos naturais começou a ser discutida em 1968, com a reunião de 
intelectuais da época chamada Clube de Roma. Estes intelectuais faziam projeções para o futuro e 
publicaram um estudo chamado The limits of growth (Os limites do crescimento) onde comparam o 
crescimento exponencial da população e a limitação dos recursos naturais e os problemas originados 
desta situação (MOTTA e AGUILAR, 2009). 
 
 2 
Durante a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 
Estocolmo no ano de 1972, surgiu o conceito proposto por Maurice Strong e Inacy Sachs denominado 
“ecodesenvolvimento” e que resultou no PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente e originou o conceito de Desenvolvimento Sustentável (PEREIRA, 2009). 
Em 1981 é lançada a Estratégia Mundial para a Conservação (World Conservation Strategy) que 
enfatiza a necessidade de preservação dos ecossistemas naturais, da preservação da diversidade 
biológica e a utilização racional de recursos naturais e tem como objetivo, harmonizar o 
desenvolvimento socioeconômico e a conservação do meio ambiente. 
No ano de 1987 é publicado o informe final denominado “Nosso Futuro Comum”, também conhecido 
como Relatório de Brundtland, que traz a definição mais amplamente aceita do Desenvolvimento 
Sustentável, como aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade das 
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades (Slatter, 2006). O Relatório de Brundtland 
foi analisado por presidentes, primeiros-ministros, chefes de Estados e outras autoridades máximas de 
mais de 100 países, que adotaram suas recomendações dentro da realidade de cada uma das nações. 
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no 
ano de 1992 no Rio de Janeiro, é aprovada, com o consenso entre governos e instituições de diversos 
países, a Agenda 21, que tem como objetivo assegurar a sustentabilidade mundial a partir do Século 
XXI (Arantes, 2008). 
Dias (2006) afirma que a Agenda 21 é o mais abrangente documento resultante da Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. A Agenda 21 possui 2.500 
recomendações de estratégias de conservação do Planeta e metas de exploração sustentável dos 
recursos naturais. A agenda é definida por cada País, e é um plano de ação para ser adotado por todos, 
em todas as áreas em que há impacto no meio ambiente causado pelo homem (Motta e Aguilar, 2009). 
A Agenda 21 Brasileira adota seis temas básicos como prioridade nacional: cidade sustentável, 
agricultura sustentável, gestão de recursos naturais, redução de desigualdades sociais, infraestrutura e 
integração regional e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável (Valle, 2002). 
Em 1997 é assinado o tratado ambiental chamado de Protocolo de Kyoto que tem como principal 
preocupação o efeito estufa e a sua conseqüência, ou seja, o aquecimento global. Segundo o Protocolo 
de Kyoto, 35 países industrializados reduziriam em 5% a emissão de gases em relação ao ano de 1990 
(Motta e Aguilar, 2009). 
Atualmente, o desenvolvimento sustentável tem um papel de destaque junto às empresas, governos e 
na comunidade de modo geral. As grandes indústrias têm procurado se adequar para que suas 
atividades preservem o meio ambiente e os governos de diversos países, inclusive do Brasil, têm 
buscado e apoiado a busca por alternativas sustentáveis. 
3 Construção Sustentável 
Com um crescimento setorial acima de 11% no ano de 2010 (CBIC - Câmara Brasileira da Indústria 
da Construção), estima-se que a construção civil seja responsável por 50% dos recursos extraídos da 
natureza. Segundo levantamentos realizados no Brasil, o país consome aproximadamente uma 
tonelada de materiais de construção por metro quadrado edificado (Sattler, 2006). 
Segundo dados do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável) o segmentoimobiliário 
consome no mundo cerca de 40% dos materiais de construção, gera 30% do lixo sólido, utiliza 20% da 
água e 35% da energia. 
De acordo com Pinto et al, 2001 apud Leal, 2006, o termo construção sustentável foi proposto em 
1993, por Charles Kibert, durante uma conferência onde foram apresentados seus princípios, critérios 
e as suas principais características. 
Charles Kibert definiu a construção sustentável “como a criação e o planejamento responsável de um 
ambiente saudável, com base na otimização dos recursos naturais disponíveis e em principios 
 
 3 
ecológicos”. O autor também apresentou alguns princípios que deveriam ser seguidos, designados por 
ele como “Os seis princípios para a construção sustentável: diminuir o consumo de recursos; aumentar 
a reutilização de recursos; utilizar materiais recicláveis e reciclados sempre que possível; proteger o 
ambiente natural; criar um ambiente saudável e não tóxico na construção e aumentar a qualidade do 
ambiente anterior” (FERREIRA, 2010). 
O CBCS, a AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), apud Motta e Aguilar 
(2009) e Florim e Quelhas (2005), apresentam algumas práticas para sustentabilidade na construção 
civil: 
 Aproveitamento de condições naturais locais; 
 Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural; 
 Implantação e análise do entorno; 
 Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de 
calor, sensação de bem-estar; 
 Qualidade ambiental interna e externa; 
 Gestão sustentável da implantação da obra; 
 Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários; 
 Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo; 
 Redução do consumo energético e do consumo de água; 
 Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos; 
 Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; 
 Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo; 
 Redução da poluição; 
 Diminuição da pressão de consumo sobre matérias-primas naturais; 
 Aprimoramento das condições de segurança e saúde dos trabalhadores, usuários finais e 
comunidade em geral. 
 
Quanto aos problemas enfrentados para o desenvolvimento da construção sustentável, destacam-se: 
 Interesse do mercado em priorizar lucro no curto prazo; dificuldade de entrada a novas 
tecnologias; 
 Falta de incentivo governamental; 
 Grande contraste econômico entre os estados e regiões; 
 Pouco investimento na fase de projeto. 
 
As construções sustentáveis podem ser certificadas por selos “verdes”. O BREEAM (Building 
Research Establishment Environmental Assessment Method), primeiro sistema de avaliação ambiental 
do mundo a certificar as construções com um selo “verde” foi lançado em 1990 na Inglaterra 
(ARANTES, 2008). 
Segundo Motta e Aguilar (2009), no ano de 1999, o USBCG (United States Green Building Council) 
cria o selo de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) que traz 
incentivos financeiros e econômicos para as construções verdes americanas. 
 
 4 
As construções brasileiras começaram a ser certificadas a partir de 2007, através do GBCB (Green 
Building Council Brasil) e o USGBG filiado ao WGBC (World Green Building Council). O País 
também adotou a certificação LEED, que é o certificado mais mundialmente aceito para orientação, 
mensuração e certificação das construções sustentáveis (DEEKE, CASAGRANDE JR. e DA SILVA, 
2009). 
No Brasil a construção sustentável não tem nenhuma obrigatoriedade sendo opcional e enfrentam 
alguns problemas. Um deles é a crença de que os custos são muito elevados em comparação com um 
edificio tradicional. Segundo Navarro (2007) apud Arantes (2008), um prédio verde apresenta até 5% 
de custo maior que um edifico tradicional, e o valor é recuperado com a economia que ela traz já em 
seus primeiros anos de vida. Outro problema é a falta de informação acerca dos equipamentos e da 
preocupação em relação à eficiência energética. Mas, este cenário está mudando, principalmente 
devido ao apoio do Governo Brasileiro que, tem a intenção de tornar a construção sustentável 
obrigatória, assim como a certificação de eficiência energética. 
A realização da Copa do Mundo de 2014 têm criado incentivos, como por exemplo, o programa do 
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que visa a construção de hotéis 
sustentáveis e o ProCopa Turismo que tem o objetivo de preparar a rede hoteleira do país, induzindo o 
comprometimento ambiental do setor ao oferecer condições mais favoráveis aos projetos que levem 
em conta a preocupação com a eficiência energética e a sustentabilidade ambiental (BNDES, 2010). 
4 Tecnologias Limpas 
A construção sustentável visa o alinhamento entre tecnologia e processos para minimizar os impactos 
negativos da construção civil (ABIKO e MORAES, 2009). 
Realizando uma pesquisa a nivel mundial, destacam-se algumas construções sustentáveis que 
possibilitam a identificação de tecnologias que estão sendo utilizadas visando, tanto a preservação dos 
recursos naturais quanto o melhor aproveitamento dos resíduos gerados pela sociedade. 
Brenda e Robert Vale (2000) apud Isoldi, Sattler e Gutierrez (2009) distinguem tecnologia pesada da 
tecnologia limpa, onde aquela foi definida e se insere na lógica do paradigma da racionalidade 
científica moderna, enquanto que esta é identificada como leve, ecológica ou alternativa e apresenta 
suas características orientadas para o novo paradigma emergente da pós-modernidade, ecológico. A 
Tabela 1 abaixo apresenta a comparação entre tais tecnologias. 
Tabela 1. Comparação das características da tecnologia pesada e limpa 
Tecnologia Pesada Tecnologia Limpa 
descomprometida ecologicamente comprometida ecologicamente 
grande consumo de energia pequeno consume de energia 
taxa elevada de poluição baixa taxa de poluição 
utilização de materiais e fontes de energia não 
renováveis 
materiais renováveis e fontes renováveis de energia 
funcional por um tempo funcional para todos os tempos 
produção em massa indústria artesanal 
alta especialização baixa especialização 
família nuclear comunidades 
alienação da natureza integração com a natureza 
limites tecnológicos definidos pelo lucro limites tecnológicos definidos pela natureza 
desvinculado da a cultura local compatível com a cultura local 
altamente destrutivo com outras espécies considera o bem estar das outras espécies 
inovação regulada pelo lucro e pela guerra inovação regulada pela necessidade 
capital intensivo trabalho intensivo 
centralista descentralista 
modos de operação complicados para compreensão 
geral 
modos de operação compreensíveis a todos 
soluções únicas para problemas técnicos e sociais múltiplas soluções para problemas técnicos e sociais 
agricultura com ênfase na monocultura agricultura com ênfase na diversidade 
 
 5 
 
Tecnologia Pesada Tecnologia Limpa 
quantidade é critério de alto valor qualidade é critério de alto valor 
objetivo do trabalho é a renda objetivo do trabalho é a satisfação 
unidades totalmente dependentes das outras pequenas unidades auto-suficientes 
forte distinção entre trabalho e lazer fraca ou não existente distinção entre trabalho e 
lazer 
ciência e tecnologia alienada da cultura ciência e tecnologia integrada com a cultura 
ciência e tecnologia realizadas por uma elite de 
especialistas 
ciência e tecnologia realizadas por todos 
ciência e tecnologia separada de outras formas de 
conhecimento 
ciência e tecnologia integradas com outras formas de 
conhecimento 
objetivos técnicos válidos somente para uma porção 
limitada da terra por um limitado período de tempo 
objetivostécnicos válidos para todos os homens para 
todos os tempos 
continuação Tabela 1. Comparação das características da tecnologia pesada e limpa 
Fonte: Adaptado de Isoldi, Sattler e Gutierrez (2009) 
 
Dentre estas tecnologias, os painéis solares são exemplos de significativa economia de energia 
elétrica. Formados por células fotovoltaicas que convertem a energia da luz em eletricidade, os painéis 
solares são compostos por células solares ou fotovoltaicas, que captam a luz do Sol. Estas células 
criam uma diferença de potencial elétrico por ação da luz, seja do Sol ou não, criando o efeito 
fotovoltaico para absorver a energia do sol e fazem a corrente elétrica fluir entre duas camadas com 
cargas opostas. 
A economia de energia é um dos principais focos da sustentabilidade, porém atitudes simples como a 
correta localização das janelas pode economizar energia elétrica e aproveitar a iluminação natural 
assim como o telhado com janelas laterais, que permitem a entrada de uma quantidade significativa de 
luz, áreas envidraçadas, clarabóias, telhas transparentes, tijolos de vidro, pele de vidro, bay windows 
(janelas salientes), sacada com peitoril de vidro e amplas janelas de vidro. Além do uso de sistema de 
Brise Soleil (ou estrutura de quebra-sol) que é um sistema de lâminas fixo à fachada exterior 
protegendo contra o aquecimento e a luz. 
Além de economizar energia elétrica, janelas operáveis propiciam a ventilação cruzada e as janelas 
com vidros duplos e baixos aumentam o isolamento térmico. Janelas inteligentes permitem o bloqueio 
parcial ou completo da luz através de uma maçaneta ou botão, as janelas eletrocrômicas escurecem 
quando uma voltagem é adicionada a elas e fica transparente quando nenhuma voltagem está sendo 
aplicada, podendo ser reguladas para permitir vários níveis de visibilidade. 
Também é possível utilizar espelhos controlados por computadores que direcionam os raios solares, 
refletindo em outro sistema fixo de espelhos que envia para um atrium central aumentando assim o uso 
da luz natural e diminuindo a utilização de energia elétrica. 
Outra forma de economizar energia é o uso de sensores detectores de movimento ou de energia solar 
suficiente. Além do uso de aquecedores de água sem tanque que produzem calor apenas quando uma 
torneira de água quente é aberta, de modo que não desperdiçam energia em modo "standby" e 
distribuição de ar através de um sistema de volume de ar variável (VAV) automatizado, que garante 
máxima eficiência e menor consumo de energia elétrica. 
Porém, a energia elétrica pode ser substituída por outras formas de energia, como por exemplo, a 
energia eólica. As chaminés solares são dispositivos desenvolvidos para geração eólica de energia 
elétrica e a chaminé de ventilação adota o mesmo princípio de um aquecedor solar de água e pode ser 
instalada para estimular a ventilação natural em residências ou escritórios. 
Além da energia eólica, a energia geotérmica também pode ser utilizada para economizar energia 
elétrica. A energia geotérmica é o calor do interior da Terra. Segundo Vichi e Mansor (2009), a 
exploração pode ser feita de duas maneiras: uso direto do calor transferido por condução a partir do 
interior da Terra; ou a utilização de bombas de calor que se aproveitam da diferença de temperatura 
entre o ambiente e o solo. 
 
 6 
Um exemplo de uso da energia geotérmica é a refrigeração e calefação de cômodos, feita através de 
um sistema de circulação de água localizado nos pisos utilizando uma bomba de calor geotérmica para 
aquecer e resfriar o local, ou seja, usando o solo como uma fonte de calor no inverno e como um local 
para liberar o calor durante o verão. 
A economia da água também é de extrema importância e preocupação mundial e algumas pequenas 
atitudes podem trazer grandes benefícios, como por exemplo, a reutilização da água e a utilização da 
água da chuva, o uso de arejador para torneira e chuveiro, que aumenta a pressão dando a sensação de 
maior volume e o uso de vasos sanitários e chuveiros de baixa vazão. 
O tratamento de esgoto também é uma forma eficaz de economizar água, deixando a água tratada e 
desinfetada, pronta para ser reutilizada para fins não potáveis, como irrigação de jardins, vasos 
sanitários, lavagem de quintal e automóveis, ou ser devolvida ao meio ambiente sem risco de 
contaminação ou poluição. 
Utilizar materiais de construção e de isolamento térmico que utilizam recursos renováveis, como por 
exemplo, o tijolo ecológico. Assim como o telhado verde, que traz vários benefícios, como por 
exemplo, aumento da biodiversidade; redução da velocidade de escoamento da água da chuva no 
telhado; aumento da retenção da água da chuva; limpeza da água pluvial, contribuindo para redução da 
poluição; redução da emissão de carbono, atenuante da poluição do ar; diminuição da temperatura do 
micro e macro ambiente externo; conforto térmico e acústico para ambientes internos e contribui para 
a maior durabilidade dos prédios, pois diminui a amplitude térmica, entre outros. 
5 Tijolo Ecologico 
O tijolo ecológico substitui o tijolo tradicional sem agredir a natureza, pois não necessita passar pelo 
processo de queima, podendo ser produzido com os restos de diversos materiais de construção. 
A Figura 1 mostra alguns materiais que podem ser utilizados na fabricação do tijolo ecológico: 
 
Figura 1. Materiais que podem ser utilizados no tijolo ecológico 
 
(1) O tijolo ecológico de solo-cimento é o mais comum, composto por solo, cimento e água, possui 
resistência à compressão semelhante à do tijolo tradicional, porém a qualidade final é superior com 
dimensões regulares e faces planas (MOTA et al, 2010); 
 
 7 
(2) Os resíduos provenientes da serragem de rochas ornamentais também podem ser utilizados para 
confecção de tijolos ecológicos de solo-cimento. A utilização de pó de mármore nos tijolos reduz o 
custo, pois o seu uso diminui o consumo de cimento ou de areia, além de minimizar os impactos 
ambientais já que estes materiais são extraídos da natureza; 
(3) O tijolo ecológico de solo-cimento pode conter caliça como um dos agregados. A inserção destes 
resíduos tem o objetivo de melhorar as características do tijolo solo-cimento, além de prover um 
destino aos resíduos da construção civil. Estudos a respeito das características deste tipo de tijolo 
mostram que as características dos solos são melhoradas devido à inserção dos resíduos, assim como 
as propriedades mecânicas do tijolo. (FERRAZ e SEGANTINI, 2004); 
(4) Gerada pelas indústrias de fundição, a areia de fundição também pode ser utilizada na fabricação 
dos tijolos ecológicos. (PABLOS, SICHIERI e IZELI, 2009). 
(5) Estão sendo desenvolvidos outros tipos de materiais que podem ser utilizados no tijolo ecológico, 
por exemplo: cascas de arroz, cinzas de bagaço de cana-de-açucar, carvão ativado, entre outros. 
O tijolo ecológico é autotravado, ou seja, dispensa a argamassa, necessitando apenas de um filete de 
cola branca, reduzindo em até 50% o tempo de execução. Além disso, sua aparência lisa permite que o 
tijolo seja aplicado sem reboco, reduzindo ainda mais o uso de material (ARANTES, 2008). A Figura 
2 traz um exemplo de uma casa construída com tijolos ecológicos. 
 
Figura 2. Exemplo de Construção Sustentável 
Fonte: American Institute Architects 
 
Algumas vantagens do tijolo ecológico, além das citadas, segundo Dos Santos et al. (2009) são: 
 Pode ser utilizado o próprio tijolo a vista, ficando um acabamento perfeito; 
 Elimina o uso da madeira, pois as vigas e pilares são feitos dentro do próprio tijolo; 
 Caso optar por utilizar o reboco, necessita menos cimento do que na forma convencional, pois 
a camada necessária é finíssima; 
 O tijolo apresentafuros em seu interior, onde são formadas câmaras de ar, oferecendo 
isolamento acústico; 
 Também apresenta isolamento térmico. Nos dias mais frios a temperatura interna é mantida 
mais elevada que o ambiente externo, e no calor proporciona uma sensação de frescor; 
 Apresenta maior resistência mecânica; 
 Maior uniformidade de fabricação; 
 Toda a instalação hidráulica e elétrica é feita pelos furos dos tijolos; 
 
 8 
 Menor peso; 
 Pode ser feito o assentamento de azulejos diretamente sobre o piso; 
 E acima de tudo combate a umidade, proporcionado uma evaporação de ar, evitando a 
formação de ar nas paredes e no interior da construção, não causando danos a saúde e a 
construção. 
6 Discussão 
O foco da pesquisa realizada foi o de identificar materiais que podem ser utilizados para a fabricação 
do tijolo de solo-cimento. 
Através das pesquisas realizadas, verificou-se que o uso do tijolo de solo-cimento puro é o mais 
comum, seguido por aquele que contém caliça e pó de mármore. Foram encontrados poucos estudos a 
respeito do uso da areia de fundição em tijolos ecológicos. Existem outros tipos de materiais que 
podem ser utilizados, porém maiores estudos a respeito são necessários. 
Além do estudo a respeito dos materiais que podem ser utilizados como agregados para a fabricação 
do tijolo ecológico, foram levantados também outros produtos que poderiam ser desenvolvidos 
utilizando os resíduos das indústrias, como por exemplo, a telha ecológica, o paver, entre outros. 
É certo que tanto na identificação de novos materiais quando de novos produtos verifica-se a 
importância da gestão de desenvolvimento de produto, pois é preciso manter a integridade junto ao 
processo de fabricação dos produtos. Os diferentes tipos de agregados ao tijolo de solo-cimento 
demandam perfis diferenciados, ao menos com relação às matrizes de fabricação. 
7 Considerações Finais 
O objetivo deste artigo foi apresentar uma visão sobre as tecnologias utilizadas em construções 
sustentáveis. Em especial apresentar o cenário de desenvolvimento do tijolo ecológico. 
A sustentabilidade se tornou um ponto de discussão e preocupação de diversos Países, inclusive do 
Brasil. O governo brasileiro está começando a exigir que a preservação dos recursos naturais faça 
parte da agenda das empresas. Porém, a sustentabilidade não está sendo uma preocupação somente do 
governo, a população está mais consciente sobre a responsabilidade de todos em relação ao meio 
ambiente. 
A construção civil é responsável por uma significativa parcela dos impactos que atinge o meio 
ambiente. Além de utilizar recursos naturais não renováveis, ela também é responsável por gerar uma 
grande quantidade de resíduos. Com o objetivo de diminuir os impactos causados pela construção 
civil, começou-se a buscar alternativas sustentáveis, incluindo a construção de edificações que 
possuem um menor impacto ambiental. 
As construções sustentáveis foram responsáveis pelo desenvolvimento de diversas tecnologias que 
visam à preservação dos recursos naturais. O interesse brasileiro pela sustentabilidade, incluindo as 
construções sustentáveis é relativamente novo, sendo uma importante área de estudo, como foi 
mostrado no exemplo do tijolo ecológico que foi desenvolvido com o objetivo de preservar os recursos 
naturais e reaproveitar os materiais que são descartados e degradam o meio-ambiente. 
Este estudo possibilitou a identificação dos materiais que podem ser utilizados na fabricação do tijolo 
ecológico. Verifica-se também que esta é uma área que ainda necessita de estudos, principalmente em 
relação às tecnologias e também aos processos que preservam o meio ambiente. 
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