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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE BREJO SANTO, ESTADO DO CEARÁ. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS ( RITO ESPECIAL) (RITO ESPECIALPALOMA DE LIMA OLIVEIRA, brasileira, solteira, menor, assistida por suga genitora, FRANCISCA FERREIRA DE LIMA, brasileira, casada, portadora do RG nº 2454630-92, expedida pela SSPDS-CE, inscrita no CPF sob o n° 026.634.825-05, residente e domiciliada na Rua Napoleão Araújo, nº 221, cidade do Brejo Santo-CE, Telefone: (088)99859-3319, vem, a ilustre presença de Vossa Excelência por intermédio de seu procurador in fine assinado (procuração em anexo), através do Núcleo de Assistência Gratuita, por convênio municipal, com fulcro no art. 227, §6º da CRFB/88, na Lei 11.804/08, e nos demais dispositivos aplicáveis, propor a presente em face de DANIEL DE LIMA, brasileiro, solteiro, mecânico, residente e domiciliado para fins de citações/intimações na sede da MOTOCAR, AO LADO DA DISTRIBUIDORA DE ÁUGUA, NO COTORNO DO MERCADO PRODUTOR, BAIRRO INTABERABA, CIDADE DE JUAZEIRO DA BAHIA-BAHIA, TELEFONE: (074) 99135-0994 / 98855-8562, mediante os argumentos que passa a expor: 1 - DO REQUERIMENTO INICIAL Preliminarmente, tendo em vista a ausência de Defensor Público atuante na Comarca de Brejo Santo-CE, REQUER que todas as intimações referentes ao presente feito sejam realizadas via mandado (art. 246, II, CPC/15) e efetuadas no seguinte endereço: Rua Manoel Leite de Moura, s/n, Projeto ABC, nesta cidade de Brejo Santo, Estado do Ceará, sob pena de nulidade (art. 280, CPC/15). Vale destacar que o requerimento desta natureza é plenamente admissível e o desrespeito ao mesmo implica em nulidade da intimação (Art. 272, §5º, NCPC), conforme entendimento manso e pacífico. Senão vejamos: Havendo designação prévia e expressa do advogado que receberá as intimações, o nome deste deverá constar das publicações, sob pena de nulidade (STJ-RT 770-182). 2 - D A GRATUIDADE DA JUSTIÇA A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais. Destarte, o Demandante ora formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração de Hipossuficiência, sob a égide do art. 99, caput, c/c 105, in fine, ambos do CPC/15 e na Lei 1.060/50, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado. 3 - D A AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO A Demandante opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão a qual requer a citação do Demandado, por meio de oficial de justiça e entregue em mãos próprias (arts. 246, I e 249 do CPC) para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c.c art. 695, caput). 4 - DA SÍNTESE FÁTICA No caso em comento, a Autora, devidamente assistida por sua genitora, manteve um namoro de aproximadamente 05 (cinco) meses com a pessoa do Réu qualificado nesta proemial. Ao que se tem, a Demandante morava junto com o Demandado, ocasião em que soube de seu estado gravídico, estando com 20 semanas, em consonância com documentação em anexo. Insta mensurar que por todo o período que passaram juntos a Demandante residia no município de Juazeiro da Bahia. Ademais, o suposto pai do nascituro prometera por diversas vezes juras de que iria comprar uma casa e se casar com aquela. Ocorre que, por questões de foro íntimo, notadamente ao fato de que o suposto pai mantinha relacionamento com outras mulheres, a Demandante achou por bem decidir ir embora para casa de sua mãe neste município de Brejo Santo-CE, situação que se consolida até hoje. Como prova do alegado, a Autora junta aos autos robustos documentos que atestam seu estado gestacional, bem como fortes indícios de que realmente a relação existiu, tais como, laudos médicos, exames de pré-natal, exame de ultra-sonografia, fotos do relacionamento, sendo provas hábeis a dirimir qualquer dúvida quanto a paternidade. Atualmente a Autora reside com sua família, estando sem possibilidades de trabalhar devido ao seu estado de gravidez. Como agravante da situação, a autora vem enfrentando graves dificuldades financeiras, pois como dito anteriormente, passou a morar com a mãe (documento em anexo), passando por consultas médicas, exames e pré-natal, enxoval do bebê e outros gastos necessários ocasionados pela gestação, que somente pode realizá-los com a ajuda de seus familiares, EMBORA ESSA RESPONSABILIDADE SEJA DOS PAIS DA CRIANÇA. ADUZ A AUTORA QUE O RÉU POSSUI REAIS CONDIÇÕES DE ASSUMIR E ARCAR COM AS DESPESAS DO FILHO, POSTO QUE TRABALHA COMO MECÂNICO NA EMPRESA MOTOCAR, NA CIDADE DE JUAZEIRO DA BAHIA-BA, NÃO SABENDO OS REAIS GANHOS DO MESMO. No caso em tela, a autora foi abandonada grávida, à própria sorte, como se a gestação fosse fruto do acaso. Foge o Réu às suas responsabilidades de também zelar pela saúde da ex-companheira que carrega em seu ventre o fruto de suas entranhas, um ser que ajudou a pôr no mundo e que culpa alguma tem no fim do relacionamento do casal. Assim, no presente caso, trata-se de uma mulher grávida com quem o requerido manteve relação conjugal, não sendo justo, portanto, que a mesma, além do encargo social de educar e criar sozinha seu filho (E O INEQUIVOCO PREJUÍZO DA CRIANÇA QUE CRESCE SEM O CONTATO COM SEU PAI), rejeitado desde a gestação pelo pai, ainda tenha que aguardar, no mínimo, nove meses para reivindicar alimentos necessários a sua manutenção e indiretamente ao nascituro, cujo desenvolvimento e nascimento saudável dependem do bem estar e saúde física e mental da mãe. 5 - DO DIREITO O presente pedido tem inegável amparo na legislação pátria. Com efeito, a própria Carta Magna de 1988, em seu art. 226 e 227, caput, que dispõem, in verbis: “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança a ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvos de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” O art. 1.694 e seu §1° do Código Civil determina, in verbis: “Art. 1694, §1°. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”. (Grifo nosso). Por outro lado, a mais abalizada doutrina, na voz do mestre Yussef Said Cahali, orienta-nos para o real sentido e alcance da expressão “alimentos”, senão vejamos: “Alimentos são, pois as prestações devidas, feitas para quem as recebe possa subsistir, isto é, manter sua existência, realizar o direito à vida, tanto física (sustento do corpo) como intelectual e moral (cultivo e educação do espírito, do ser racional”.1 Dessa forma, mostra-se cabido o presente pleito de condenação do Requerido ao pagamento de pensão alimentícia para que a autora possa subsistir com o mínimo de dignidade, suprindo suas necessidades de alimentação, vestimenta, saúde, transporte e tudo o mais na medida do binômio necessidade-possibilidade, a fim de lhe proporcionar uma gestação saudável e um parto seguro. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, garante a todos o direito à vida. Ela determina, ainda, por seus artigos 226, §5º, e 227, caput, que a família deverá, com absoluta prioridade, assegurar aos filhos o direito à vida, à saúde e à alimentação, devendo tais encargos ser suportados igualmente pelo homem e pela mulher. Por outro lado, o artigo 2º do Código Civil/02 resguarda os direitos do nascituro desde o momento de sua concepção, pelo que a ele se estendem as garantias constitucionais supramencionadas. Com efeito, visando resguardar o bom desenvolvimento gestacional do nascituro, operacionalizado pelo custeio das despesas da gravidez por ambos os genitores, naproporção dos rendimentos de cada um, foi publicada a Lei nº 11.804/2008 que regulamentou a concessão de alimentos gravídicos à gestante, os quais, após o parto, converter-se-ão em alimentos ao filho: “Art. 2º. Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. (…) Art. 6º. Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão”. Disso se tem que, havendo indícios de paternidade, a gestante poderá pleitear alimentos gravídicos em face do futuro genitor, os quais serão fixados em proporcionalidade com as despesas da gravidez e com os rendimentos do requerido e da gestante. É o presente caso!. 5.1 - DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS Os alimentos provisórios pleiteados na presente ação têm como objetivo promover o sustento do menor na pendência da lide. Encontra-se previsto no art. 4º da Lei 5.478/68, que dispõe sobre a ação de alimentos, senão vejamos: “Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.” No caso sub examine, resta translúcida a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada pela genitora do menor, o que fatalmente resvala na manutenção da criança. Destarte, caso seja comprovada a impossibilidade fática de o futuro pai contribuir com os alimentos gravídicos, é possível a aplicação analógica dos arts. 1.696 e 1.698 do CC/02 para o fim de se condenar os futuros avós a prestarem a gestante os alimentos necessários ao custeio das despesas com a gravidez. A jurisprudência é uníssona nesse sentido. Senão vejamos: EMENTA: PENSÃO ALIMENTÍCIA – AÇÃO AJUIZADA POR NETO CNTRA AVÓS PATERNOS – ADMISSIBILIDADE – GENITOR CONDENADO AO PAGAMENTO DE ALMENTOS, PORÉM INADIMPLENTE – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA – APELAÇÃO EM CONTRARRAZÕES DE ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA RECORRERDA DECISÃO – DESCABIMENTO. Inteligência dos arts. 81 e 499 do CPC. Preliminar repelida. Obrigação subsidiária dos avós reconhecida, bem como sua possibilidade em prestar alimentos. Necessidades do menor que são presumidas. Análise do binômio legal – fixação da obrigação alimentar dos avós para seu neto em um salário mínimo mensal, sem prejuízo da obrigação do genitor. sentença reformada. Recursos providos. (Apelação com revisão 6150074600, Rel. Luiz Antonio Costa). Com o objetivo de propiciar a autora meios à sua mantença digna durante a gravidez, requerem-se os presentes alimentos provisórios, até o nascimento da criança, quando então deverão ser os mesmos revertidos em seu proveito. Assim Excelência, considerando que os gastos com um nascituro são os mais variados possíveis, o que inclui, alimentação, vestuário, despesas médicas, enxoval, etc, bem como que o suposto pai exerce atividade remunerada, auferindo uma renda fixa, o que lhe permite contribuir para com as despesas de sua futura prole, roga pela concessão de alimentos, devidos ao nascituro, no valor de 30% (trinta por cento) do salário mínimo mensal, o que equivale a quantia de R$264,00 (duzentos e sessenta e quatro reais). Outrossim, considerando que o decurso do tempo necessário para a tramitação do presente feito pode acarretar graves consequências para o sustento do nascituro, pugna, com fulcro no que dispõe o art. 4º da Lei 5.478/68, que V. Exa., já fixe os alimentos provisórios, nos mesmo valores acima pleiteados. Com o nascimento com vida do nascituro, pede-se que os alimentos gravídicos sejam, automaticamente, convertidos em pensão alimentícia definitiva. 6 – DOS PEDIDOS Destarte, requer a Vossa Excelência que se digne a: Conceder os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, com a consequente extensão as despesas cartorárias, por ser pobre na acepção jurídica do termo, conforme a Lei 1.060/50; Conceder, em caráter liminar, os ALIMENTOS PROVISÓRIOS, em favor do nascituro, na base de 30% (trinta por cento) do salário mínimo vigente, quantia que atualmente equivale ao valor de R$264,00 (duzentos e sessenta e quatro) reais, valor este que deve ser depositado em conta da genitora da Autora (cartão anexo), por ordem do juízo, até o dia 10 (dez) de cada mês de referência, tudo conforme as Leis 11.804/08 e Lei. 5.478/68; OFICIE-SE ao INSS, para que tal Autarquia informe nos autos as indicações alusivas aos vínculos empregatícios do Promovido, com escopo de avaliar os parâmetros para fixação da pensão; caso positiva a busca, seja oficiado a empresa empregadora para desconto em folha dos alimentos provisórios liminarmente fixados; A CITAÇÃO do Demandado para comparecer a Audiência de Conciliação ou Mediação, na forma do art. 334 do CPC/15, haja vista não se opor a Autora pela designação da sessão sobredita; restando infrutífera a composição, o Demandado será instado para, querendo, apresentar resposta no prazo quinzenal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia e confissão (art. 344 do CPC/15); A INTIMAÇÃO do MP para acompanhar o feito até o final, ex vi dos arts. 178, II e 279 do CPC/15; Finalmente, seja o pedido julgado TOTALMENTE PROCEDENTE TORNANDO DEFINITIVOS OS ALIMENTOS GRAVÍDICOS ANTERIORMENTE FIXADOS, durante a gestação, convertendo-o em pensão alimentícia em favor da criança após o nascimento desta, conforme dispõe o art. 6º, parágrafo único da Lei 11.804/08; Por fim, seja o Demandado CONDENADO em custas e honorários advocatícios, esses arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa. Protesta provar o alegado por todas as formas de direito admissíveis, maiormente por meio do depoimento pessoal da Demandante e do Demandado, oitiva de testemunhas arroladas opportune tempore, bem como outras que V. Exa., julgue necessárias ao deslinde do presente feito (art. 369 do CPC/15). Atribui-se à causa o valor estimativo de R$3.168,00 (três mil cento e sessenta e oito reais). Nestes termos pede e espera DEFERIMENTO. Brejo Santo-CE, 14 de Dezembro de 2016. ________________________ _____________________________ Bel. Johan Jacó de Lima Bela. Cícera Marise C. Souza Advogado-OAB/CE 29.081 Advogada-OAB/CE 27.622