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Gestão de Recursos Hídricos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Carlos Eduardo Martins Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil 5 • Introdução • Por que a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão dos recursos hídricos? • O “Pacto Federativo” e a gestão de recursos hídricos • Compensação aos municípios · O objetivo desta unidade é tratar sobre os organismos internacionais, nacionais, governamentais e não governamentais que estão envolvidos na gestão dos recursos hídricos. Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil 6 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil Contextualização A CRISE ATINGE AS ÁGUAS DO ALTO TIETÊ Antonio Fernando Pinheiro Pedro (Advogado-USP) A crise de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo tornou-se sistêmica e já transcende a bacia do Piracicaba-Cantareira, para atingir a bacia do Alto Tietê. Adotado desde fevereiro deste ano como solução emergencial para suprir a Região Metropolitana de São Paulo, por conta da crise no Sistema Cantareira de abastecimento de água, o Sistema Alto Tietê já atende a zona leste da capital. No entanto, a bacia está na fase mais crítica de sua história, registrando quedas diárias de volume de água. Da mesma forma que o sistema Cantareira, a rede de reservatórios do Alto Tietê poderá “secar” antes do final de 2014. Contar com a ação da natureza não deveria ser prioridade no gerenciamento do abastecimento de água nos municípios da mais importante região urbana da América do Sul. A crise mundial de água e as mudanças climáticas parecem ter sido ignoradas por aqui – e agora são utilizadas como “desculpa” por quem obrigatoriamente deveria sabê-lo. O mais grave – algo que beira a irresponsabilidade criminosa, é que não faltam leis a obrigar o planejamento por bacias, a feitura e execução de planos estaduais de recursos hídricos (que necessariamente devem incluir planos de contingência), a adoção de medidas de prevenção face às mudanças climáticas e a priorização no uso múltiplo, para a dessedentação humana. Temos um Conselho Nacional de Recursos Hídricos e uma Agência Nacional de Águas, temos o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e um Departamento de Águas e Energia Elétrica, uma Companhia de Saneamento e comitês das bacias respectivas. Com tantos órgãos, fica difícil não assumir a completa inoperância do sistema e a clara incompetência funcional dos encarregados. O Sistema Alto Tietê é o terceiro mais importante da região metropolitana de São Paulo. Atende 3 milhões de pessoas na Zona Leste da cidade e municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mauá, Mogi das Cruzes e partes de Santo André e Guarulhos. Está com apenas 30% de sua capacidade, devido, principalmente, à falta de chuvas nas suas cinco represas, localizadas na região de Suzano e Salesópolis. O remanejamento de suas águas para mitigar a crise do Sistema Cantareira, somado à falta de chuvas que deveriam cair nesse período, está baixando o nível dos reservatórios de forma alarmante. A previsão é que durem por mais três (3) meses. No entanto, o governo do Estado não faz referência alguma sobre o assunto. Há três meses, o governo informava que o Cantareira era um problema localizado, e o Alto Tietê estava com quase 45% da sua capacidade. A destinação de água do Alto Tietê foi anunciada em março pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) – no entanto já estava em operação desde dezembro do ano passado. 7 O sistema teve queda de 14,7% no nível das águas, entre 1º de dezembro (49,1%) e esta primeira quinzena de junho de 2014 (33,6%). No último mês, o sistema de abastecimento do Alto Tietê perdeu mais de cinco pontos percentuais. Se mantiver essa média de decréscimo, estará com apenas 5% em outubro. Por abranger três estados, e encontrar-se vinculado à bacia do Piracicaba, o sistema Cantareira tem acompanhamento federal. Porém, a bacia do Alto Tietê é estadual. Infelizmente não tem a mesma transparência informacional propiciada pela ANA e, por isso mesmo, pouco tem se falado a respeito da sua situação crítica. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê não avalia a situação oficialmente e não fornece informações precisas sobre riscos potenciais. A última reunião da plenária do Comitê data de 7 de novembro de 2013. Naquela ocasião tratou-se basicamente da renovação da outorga do Sistema Cantareira. É de estarrecer que depois disso nenhuma outra reunião foi marcada ou realizada para tratar do assunto referente à crise de abastecimento de água. Competiu à Sabesp tomar a decisão do remanejamento das águas do Alto Tietê para suprir a carência do Sistema Cantareira. A hesitação do governador Geraldo Alckmin em adotar o racionamento de água, além de extremamente arriscada, aumenta a crise nos dois sistemas de abastecimento de água da Grande São Paulo. Para Alexandra Facciolli, promotora de justiça do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), do Ministério Público Estadual, “Se não aplicar uma medida restritiva de consumo, mantendo o fornecimento como se não houvesse problemas, vamos levar o problema para os demais reservatórios”. Já o presidente do Conselho Mundial da Água e professor de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Benedito Braga, acredita que a melhor medida é a multa para quem consumir muita água. Para ele “É no bolso que a população sente. Isso é uma coisa importante para a pessoa entender que a situação é grave”. A ideia é combatida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que considera a medida ilegal, pois as regras de concessão definem que a instituição de rodízio como medida de redução do consumo deve ser anterior a atitudes punitivas. Enquanto todos palpitam, a estrutura gigantesca montada para gerenciar o recurso mostra toda sua ineficácia, os gestores demonstram incompetência, a legislação torna-se inócua e pessoas poderão sofrer de forma gravíssima todos os efeitos dessa irresponsabilidade institucional de efeito sinérgico. E nem se diga que a lei não funciona. O que há é absoluta falta de vontade política e funcional de cumpri-la. Fonte: PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro. A crise atinge as águas do Alto Tietê. In: Ambiente legal. Disponível em: <http://www.ambientelegal.com.br/a-crise-atinge-as-aguas-do-alto-tiete/>. Acesso em: 14 mar. 2015. 8 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil Introdução A gestão do uso da água vem sendo implementada no Brasil desde a década de 1990 e culminando na Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e toda a sua estrutura organizacional e instrumentos de funcionamento. Ela pauta-se pelos princípios da descentralização e a participação colegiada dos envolvidos e/ou interessados na gestão das águas ao nível das bacias, consideradas legalmente como recortes territoriais para fins de gestão. A gestão brasileira dos recursos hídricos tem sido implantada a partir do modelo paulista. Incluindo a estrutura organizacional adaptada às diversas particularidades regionais e locais, construída a partir de um conjunto de leis e normas já bastante antigo, a saber: • Lei nº 898, de 18/12/1975. Disciplina o uso do solo para a proteção dos mananciais, cursos e reservatórios de água e demais recursos hídricos de interesse da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP e dá providências correlatas. • Lei nº 7.663, de 30/12/1991. Estabelece normasde orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos – PERH, bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos. • Lei nº 9.034, de 27/12/1994. Dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos 1994/1995. • Lei nº 9.866, de 28/11/1997. Dispõe sobre a proteção e recuperação de mananciais. • Lei nº 10.020, de 03/07/1998. Autoriza o Poder Executivo a participar da constituição de Agência de Bacias. Contudo, a grande movimentação ocorrida em torno da institucionalização da gestão dos recursos hídricos não foi necessariamente fruto de uma única mente brilhante; pelo contrário, ela se deve à mobilização emersa a partir da sociedade. A Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) mobiliza- se e produz, com grande repercussão no meio técnico, as Cartas de Salvador em 1987 e de Foz do Iguaçu em 1989. Ambas conclamam a criação de um sistema organizado de gestão, e, em particular, a Carta de Foz do Iguaçu delineia os princípios básicos que deveriam ser seguidos no estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos. São eles, por exemplo, a gestão integrada, a bacia como unidade de gestão, o reconhecimento do valor econômico da água e gestão descentralizada e participativa. (PORTO e PORTO, 2008, p. 44.) 9 Por que a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão dos recursos hídricos? A opção pela escolha da bacia hidrográfica como unidade territorial da gestão dos recursos hídricos deve-se pelo fato de que a bacia hidrográfica “[...] é o palco unitário de interação das águas com o meio físico, o meio biótico e o meio social, econômico e cultural”. (YASSUDA, 1993, p. 8.) Assim, por uma questão lógica, já que a bacia hidrográfica, que delimita a drenagem superficial1 , pode ser considerada um sistema aberto (BERTALANFY, 1975), as inter-relações entre os fenômenos naturais e humanos são mais bem representados se observados à luz dos limites das bacias hidrográficas. Os pressupostos para a adoção desse modelo de abordagem são os diversos casos bem sucedidos de gestão, como são os casos dos tratados que regulam os usos dos rios Danúbio (Europa), Colorado (EUA), Amazonas e Prata (América do Sul), por exemplo (PORTO E PORTO, 2008). Do ponto de vista conceitual, a bacia hidrográfica pode ser considerada como a área de captação natural de água da precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica (Figura 1) é composta do conjunto das vertentes e da rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até concentrarem-se em um leito único até a sua foz ou exutório (TUCCI, 1997). Figura 1. Bacia hidrográfica. Fonte: adaptado de DigitalGlobe/CNES-Astrium/Google (2015). Considerando-se todos esses aspectos, [...] a bacia hidrográfica perde seu conteúdo de substrato natural para assumir importância como entidade na qual se manifestam os conflitos e torna-se, portanto, construção política. [...] Sua função é, assim, “distorcida”, isto é, de área elementar para compreensão dos processos de drenagem torna-se espaço institucional caracterizado pela existência de uma organização cuja ação tem implicações econômicas e políticas. (PIRES do RIO e MOURA, 2003 apud PIRES do RIO; MOURA e SALES, 2004, p. 3.) 1 Considerando que os limites das bacias hidrográficas não coincidem com os das águas subterrâneas, estas são agrupadas em regiões homogêneas, formando 10 províncias hidrogeológicas, na escala nacional. Os limites dessas províncias são definidos com base nos sistemas aquíferos de acordo com as suas particularidades de armazenamento, circulação e qualidade de água. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/agua/ recursos-hidricos/aguas-subterraneas>. Acesso em: 12 mar. 2015. 10 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil O “Pacto Federativo” e a gestão de recursos hídricos A Constituição Federal considera a água como um bem público e atribui à União e aos estados a responsabilidade sobre os recursos hídricos (pacto federativo para os recursos hídricos). Como não existem águas exclusivamente de domínio municipal, as prefeituras não têm atribuições na gestão hídrica, embora devam promover gestão sustentável do meio ambiente e de uso e ocupação do solo que conserve os recursos hídricos que atravessam seus territórios, bem como podem/devem participar dos conselhos estaduais e federais de recursos hídricos e dos CBH. O quadro 1 apresenta o folder que o poder público federal divulga com as devidas atribuições quanto aos recursos hídricos para cada nível de poder. Quadro 1. Atribuições dos níveis de poder em relação aos recursos hídricos. União · Implementa a Política Nacional e o Plano Nacional de Recursos Hídricos; · Fiscaliza e regula a gestão hídrica no País. junto ao Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas (Ana); · Conselho Nacional de Recursos Hídricos regulamenta política em conjunto pelo governo federal, estados, Distrito Federal, Setores Usuários e Sociedade Civil. · Gerencia os comitês de bacias federais ou interestaduais. Estados · Responsáveis pela gestão das águas sob seu domínio; · Elaborar legislação específica para a área. · Organiza o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e garante o funcionamento dos comitês de bacia em sua região. Municípios · Integrar as políticas locais de meio ambiente, saneamento básico e de uso e ocupação do solo com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. · Possuem assentos nos Comitês de Bacias Hidrográficas, que contribuem para promover a articulação intersetorial e federativa das políticas públicas territoriais na perspectiva intermunicipal e/ou regional Distrito Federal · Possui as mesmas competências dos estados na gestão dos seus recursos hídricos Fonte: http://blog.planalto.gov.br/wp-content/uploads/2014/10/pacto_federativo_recursos_hidricos_competencias.jpg Na prática, se hipoteticamente o poder público de um município decide construir uma ponte sobre um rio de domínio estadual usado para navegação fluvial, considerando-se o que está disposto na Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, a outorga de direito de uso 11 deve ser solicitada pelo empreendedor contratado ao poder público estadual que detém o domínio da bacia do rio em questão. Se for o caso de usar água do rio para a captação de água para o canteiro de obras da ponte, isso deverá implicar o requerimento para esse uso também. Caso o empreendedor não cumpra os termos da outorga, esta poderá ser suspensa. Estrutura organizacional de gerenciamento dos recursos hídricos Ao nível nacional, a estrutura organizacional de gestão de recursos hídricos é formada pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH. O SINGREH pode ser considerado a matriz institucional da Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, ao nível nacional, sendo composta pelas instituições relacionadas a seguir. Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH É o órgão consultivo e deliberativo, recomendado pelo art. 21, inciso XIX da Constituição Federal de 1988 e criado pela lei 9433/97. Tem a função de atuar na formulação da Política Nacional de Recursos Hídricos; teve sua regulamentação e instalação no ano seguinte, com o Decreto n° 2.612, de 6 de junho de 1998. O CNRH pode ser considerado a instância máxima do SINGREH. Dentre as competências do CNRH, podemos considerar: • Analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos; • Estabelecer diretrizes complementares para implementação da PNRH; • Promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários; • Arbitrar conflitos sobre recursos hídricos; • Deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursoshídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos estados em que serão implantados; • Aprovar propostas de instituição de CBH; • Estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso; e • Aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e acompanhar sua execução. A composição do CNRH é constituída de representantes do Governo Federal (Ministérios e Secretarias Especiais da Presidência da República); representantes dos estados (Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos - CERH); representantes dos usuários de água (geradores de energia elétrica, irrigação, indústrias, saneamento, pesca, transporte hidroviário etc.); representantes das organizações civis de gestão de recursos hídricos (consórcios e associações intermunicipais, CBH, organizações técnicas, universidades e organizações não governamentais). 12 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil O esquema da Figura 2 representa a distribuição estrutural dos participantes do CNRH. Figura 2. Distribuição organizacional dos participantes do CNRH. Fonte: conjuntura.ana.gov.br Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente – SRHU/MMA Integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente - MMA, atuando como secretaria executiva do CNRH. Tem por atribuição propor a formulação da PNRH, bem como acompanhar e monitorar sua implementação. É constituída dos seguintes organismos internos: Recursos Hídricos, Revitalização de Bacias Hidrográficas e Ambiente Urbano. Agência Nacional de Águas – ANA A ANA é uma autarquia sob o regime especial, criada pela Lei 9984/2000, possuindo como principal atribuição a implementação da PNRH e a coordenação do SINGREH. Podemos considerar como competências da ANA: a criação de condições técnicas para implementar a “Lei das Águas”; a promoção da gestão descentralizada e participativa, em sintonia com os órgãos e entidades que integram o SINGREH; a implantação dos instrumentos de gestão previstos na Lei nº 9.433/97, dentre eles a outorga preventiva e de direito de uso de recursos hídricos, a cobrança pelo uso da água e a fiscalização desses usos e, ainda, a busca de soluções adequadas para dois graves problemas do país: as secas prolongadas (especialmente no Nordeste) e a poluição dos rios. A ANA é composta por uma diretoria colegiada (um diretor-presidente e quatro diretores nomeados pela Presidência da República, com mandatos de quatro anos); secretaria-geral; procuradoria-geral; chefia de gabinete; auditoria interna; coordenação geral das assessorias e corregedoria, além de nove superintendências. 13 Conselhos Estaduais e do Distrito Federal de Recursos Hídricos - CERH. Os conselhos estaduais de recursos hídricos - CERH são semelhantes ao CNRH, isto é, exercem funções de caráter normativo e deliberativo, sendo nas esferas estaduais as instâncias máximas dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A composição de cada conselho é variável. Ela respeita as especificidades de cada estado, sendo seus conselheiros: representantes de secretarias de estado, de municípios, de usuários de águas e de organizações civis de recursos hídricos. Deve-se ressaltar mais uma vez o pioneirismo do Estado de São Paulo, que criou o conselho antes da Constituição Federal de 1988 e da própria PNRH. Todos os outros estados brasileiros que dispõem de políticas para os recursos hídricos criaram seus modelos próximo ou após a PNRH. Órgãos Gestores Estaduais e do Distrito Federal - OGRH Os Órgãos Gestores Estaduais têm por finalidade outorgar e fiscalizar o uso dos recursos hídricos. Desde a subdivisão do domínio das águas superficiais brasileiras entre a União, os Estados e Distrito Federal - DF, reforçada pela Constituição Federal de 1988, esses entes federados são responsáveis pela gestão das águas sob seus domínios. Assim sendo, devem possuir estruturas para executar ações de preservação e recuperação de seus mananciais, respondendo pela emissão de outorgas, fiscalização e planejamento, além de serem também os órgãos responsáveis pela implementação dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em alguns estados e no DF, foram criados órgãos específicos para a gestão dos recursos hídricos; em outros, a responsabilidade pela implementação das políticas estaduais de recursos hídricos está atrelada a outra área dos poderes executivos estaduais, geralmente ao meio ambiente, estando sujeitas às mudanças de administração que ocorrem periodicamente nessas instituições. Outro problema que aflige esses órgãos é a dificuldade em manter um quadro de pessoal técnico permanente e qualificado em número compatível com suas responsabilidades. Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH Os pressupostos da determinação dos CBH encontram-se no histórico de experiências ao nível nacional. Porto e Porto (2008) destacam as bases históricas que nortearam a adoção dos comitês na gestão descentralizada dos recursos hídricos: 14 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil No Brasil, o reconhecimento da crescente complexidade dos problemas relacionados ao uso da água levou ao estabelecimento, em 1976, de acordo entre o Ministério das Minas e Energia e o governo do Estado de São Paulo para a melhoria das condições sanitárias das bacias do Alto Tietê e Cubatão. O êxito dessa experiência fez que, em seguida, fosse constituída, em 1978, a figura do Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas (CEEIBH), e a subsequente criação de comitês executivos em diversas bacias hidrográficas, como no Paraíba do Sul, no São Francisco e no Ribeira de Iguape. Esses comitês tinham apenas atribuições consultivas, nada obrigando a implantação de suas decisões, e dele participavam apenas órgãos do governo. Mesmo assim, constituíram-se em experiências importantes e foram importantes embriões para a evolução futura da gestão por bacia hidrográfica. (PORTO e PORTO, 2008, p. 44.) Os mesmos autores supracitados destacam também a experiência propiciada pelo Consórcio Intermunicipal Santa Maria/Jucu, criado no estado do Espírito Santo com a finalidade de facilitar a negociação entre usuários, em um período de estiagem que gerou enormes dificuldades no gerenciamento dos recursos hídricos devido aos conflitos entre os usuários. Outro caso bem sucedido ocorreu em 1988, com a criação dos comitês das Bacias Sinos e Gravataí, ambos afluentes do rio Guaíba, no Rio Grande do Sul. Foram iniciativas consideradas pioneiras, pois resultaram da mobilização das próprias comunidades usuárias das respectivas bacias e que posteriormente foram consideradas no âmbito consultivo pelo poder executivo estadual e mais recentemente incorporadas ao sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos. Situação inspiradora foi a da criação do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos rios Piracicaba e Capivari. Essa associação foi proposta pelos poderes públicos locais, mas que abrangiam a coletividade de usuários da bacia, a fim de propor ações de recuperação ambiental dos rios, a integração regional e o planejamento do desenvolvimento das respectivas bacias. Até o ano de 2010, haviam sido criados 164 CBH no Brasil (Figura 3). Figura 3. Histórico da criação de CBH no Brasil (1988 a 2010). Fonte: ana.gov.br 15 O Comitê de Bacia – CBH é um fórum integrante do SNGREH onde são debatidas as questões relacionadas à gestão dos recursos hídricos. Dentre as competências do CBH, podemos citar: • A promoção do debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articulação da atuação das entidades intervenientes; • O arbítrio sobre os conflitos relacionados aos recursos hídricos; • A aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; • O acompanhamentoda execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia e sugestão das providências necessárias ao cumprimento de suas metas; • Estabelecimento dos mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugestão dos valores a serem cobrados. As atribuições dos CBH podem ser observadas no Quadro 2. Quadro 2. Atribuições dos CBH. Fonte: <http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/arquivos/20120809150432_Volume_1.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2015. Os CBH têm se consolidado como espaços de tomadas de decisão conjunta entre os representantes dos governos federal e estaduais, da sociedade civil organizada, de organizações não governamentais e de usuários de recursos hídricos sobre os usos da água, sobretudo nas regiões com problemas de escassez e ou de qualidade de água. As escalas de atuação dos CBH, dependendo da problemática a ser gerida, podem ser locais, estaduais e interestaduais ou nacionais. No que tange à escala da atuação dos CBH, 16 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil estes devem considerar a totalidade de uma bacia hidrográfica, a sub-bacia hidrográfica de tributário (afluentes) do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário, e ou grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. Um problema detectado pela ANA, em 2013, foi que, muito embora diversos CBH nas diversas escalas de abrangência tenham sido criados, muitos deles não cumprem o seu papel, definido por lei. Em alguns casos devido às dificuldades operacionais, especificamente em bacias nas quais ocorrem muitos conflitos quanto ao uso das águas; e em outros casos, por falta de respaldo dos poderes públicos locais e estaduais, necessários ao funcionamento correto dos CBH. A distribuição geográfica dos CBH pode ser observada na Figura 4. Figura 4. Distribuição geográfica dos CBH no Brasil. Fonte:ana.gov.br Há que se destacar, em relação ao SINGREH e ao papel dos CBH, a grande importância dada ao princípio da participação (PEDRO, 2004), isto é, à participação da sociedade nos fóruns que subsidiam e, assim, dão maior legitimidade às tomadas de decisão quanto ao gerenciamento dos recursos hídricos. Agência de Águas As Agências de Águas seriam as únicas instituições necessariamente a serem criadas a partir da PNRH e do SINGREGH pois todas as outras que compõem a estrutura organizacional de gerenciamento de recursos hídricos no Brasil já existiam. As Agências de Águas são entidades técnicas e executivas que atuam em apoio à secretaria executiva dos CBH. Os recursos disponibilizados por elas devem ser aportados para o planejamento e a gestão dos múltiplos usos da água nas bacias hidrográficas nas quais foram criadas as mesmas agências, por ordem do CNRH ou pelos CERH, ou mediante solicitação de 17 um ou mais CBH previamente existentes e da viabilização financeira devida à cobrança feita aos usuários dos recursos hídricos. Como o governo federal até o momento não regulamentou o funcionamento das agências, os recursos são geridos por organizações civis sem fins lucrativos - ONG, indicadas pelos CBH e certificadas pelo CNRH. O conjunto organizacional que compõe o SINGREH pode ser observado no Quadro 3. Quadro 3. Estrutura organizacional do SINGREH. Instâncias Artribuições Atores Envolvidos Escala de Atuação CNRH Artivular o planejamento doas recusros hídricos, arbitrar conflitos Representantes dos níveis federal e estadual, usuários e organizações civis com atuação no gerenciamento ou no uso dos recursos hídricos. Nacional ANA Organizar, implantar e gerir o SNRH, definir e fiscalizar condições de operação de reservatórios, garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos (Orgão técnico) Nacional SRH Prestar apoio técnico, administrativo e financeiro ao CNRH, coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos (Orgão técnico) Nacional Conselhos Estaduais Promover debate sobre recursos hídricos, arbitrar conflitos, estabelecer cobrança pelo uso do recurso Entidades públicas e privadas, correspondentes às do CNRH e representantes municipais Estadual Comitês de Bacias Discutir sobre o uso múltiplo da água, outorga e cobrança do uso, enquadramento dos corpos d’água, desenvolver ações para melhoria ambiental Representantes dos níveis federal, estadual e municipal, usuários e organizações civis cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas áreas de atuação Estadual Agências de águas Cobrar pelo uso dos recursos, gerir os recursos oriundos desta cobrança, constituindo, de fato, secretarias executivas dos Comitês. (Orgão técnico) Regional / Local Consórcios Intermunicipais Implantar políticas públícas para a gestão dos recusros hídricos Prefeituras, Associações de usuários, órgãos de pesquisa e estudo. Regional / Local Fonte: Modificado de ANEEL, 1999; Pires do Rio e Peixoto, 2001 18 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil A cobrança pelo uso dos recursos hídricos A cobrança pelo uso de recursos hídricos, prevista na PNRH e nas políticas estaduais de recursos hídricos, tem como objetivo o reconhecimento da água como bem econômico, dando ao usuário uma indicação de seu real valor; o incentivo à racionalização do uso da água; e a obtenção de recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções existentes nos programas de gestão dos recursos hídricos. As cobranças incidem sobre os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga (saneamento, indústria, mineração, termoelétrica, irrigação, criação animal e aquicultura etc.). A ANA entende que a cobrança não é uma taxa ou um tributo, mas uma contrapartida pelo uso de um bem público que é a água. Tanto a finalidade quanto o valor das cobranças sobre os usos sujeitos a outorga devem ser definidas, por meio de um plano de aplicação, pelos CBH constituídos de usuários de recursos hídricos, da sociedade civil e do poder público, isto é, os atores diretamente envolvidos na gestão dos recursos hídricos. Tal competência está prevista na própria PNRH. Muito embora a legislação e a estrutura organizacional estejam em funcionamento em diversas unidades da federação - UF e muitos CBH já atuem há muitos anos, a efetivação das cobranças pelo uso da água apresenta certa heterogeneidade, embora já ocorra em diversas bacias nas várias escalas de abrangência. A Figura 5 apresenta a distribuição das bacias em que os processos de cobranças pelo uso dos recursos hídricos estão em curso. Segundo a ANA, o valor total arrecadado com as cobranças pelos usos múltiplos dos recursos hídricos foi, em 2013, de R$ 220.067.9442 . Já o montante arrecadado com o uso para fins de geração de energia hidrelétrica foi de 176.725.3253 . Figura 5. Situação da cobrança pelo uso de recursos hídricos no Brasil. Fonte: Adaptado de arquivos.ana.gov.br*UHE: Usina Hidrelétrica de Energia 2 Disponível em: <www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/cobrancaearrecadacao/cobrancaearrecadacao.aspx>. Acesso em: 12 mar. 2015. 3 Disponível em: <www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/cobrancaearrecadacao/cobrancaearrecadacao.aspx>. Acesso em: 12 mar. 2015. 19 Como é possível observar na Figura 6, o sistema de cobrança pelos usos das águas é bastante limitado a um conjunto de bacias situadas nas regiões com maior demanda por esse recurso. Dentre os rios de domínio estadual, as cobranças são distribuídas da seguinte forma: • Rios de domínio do Estado do Rio de Janeiro: afluentes ao rio Paraíba do Sul, rio Guandu, Baía da Ilha Grande, Baía da Guanabara, Lago São João, rio Macaé, rio das Ostras e rio Itabapoana; • Rios de domínio do Estado de São Paulo: afluentes do rio Paraíba do Sul; rio Piracicaba, rio Capivari; rio Jundiaí; além dos rios dasUGRHI Sorocaba-Médio Tietê, Alto Tietê, Baixo Tietê e Baixada Santista; • Rios de domínio do Estado de Minas Gerais: afluentes dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, afluentes do rio Doce e afluentes dos rios Paraíba do Sul, Velhas e Araguari; • Rios de domínio do Estado do Paraná: bacia do Alto Iguaçu e afluentes do Alto Ribeira. • Rios do Estado da Bahia: cobrança tarifária incidindo sobre o fornecimento de água bruta dos reservatórios. • Rios do Estado do Ceará: tarifa de cobrança pelo uso de recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Compensação aos municípios Esse instrumento da PNRH - Lei Nº 9.433/97 foi vetado na sua redação final. Apesar disso, ele pode ser considerado um instrumento bastante interessante para incentivar os poderes públicos locais a adotarem medidas de gestão dos territórios afinadas com as necessidades da gestão dos recursos hídricos ou mesmo para aqueles que apresentam múltiplas restrições por terem áreas protegidas em seus territórios. Alguns estados têm incentivado seus municípios com medidas como o ICMS Ecológico (ICMS-E), que compensa as medidas de conservação do meio ambiente em geral e ou dos recursos hídricos adotadas ou impostas aos municípios. A Figura 6 apresenta a atual situação do ICMS Ecológico no Brasil. 20 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil Figura 6. Unidades da Federação - UF onde o ICMS-E é repassado dos estados para os municípios. Fonte: icmsecologico.org.br Muito embora a PNRH contenha uma ampla rede de instituições e de instrumentos legais e normativos (outorgas, cobranças etc.), isso não significa que todos devam ser implementados de forma homogênea em todas as bacias hidrográficas brasileiras. Isso quer dizer que os rios, devido às suas singularidades, devem ser tratados e gerenciados de forma individualizada ou pelo menos regionalizada. Se compararmos a Bacia do Paraná, uma das que mais sofreu intervenções humanas, à Bacia Amazônica, que ainda preserva boa parte das suas originalidades naturais, essas diferenças tornam-se bastante evidentes. Fica claro que na Bacia Amazônica não serão aplicados os mesmos instrumentos de gestão a serem utilizados na Bacia do Paraná, que, por sua vez, podem até exigir procedimentos complementares, devidos às dificuldades encontradas na gestão de um ambiente tão alterado. Como vimos, a gestão dos recursos hídricos no Brasil tem por princípio a descentralização e a participação da sociedade nas proposições acerca das tomadas de decisão por parte dos poderes públicos nos três níveis da esfera política brasileira. Dessa forma, acredita-se que os princípios pré-estabelecidos fomentem a corresponsabilidade dos usuários e a visão sustentável quanto ao uso da água. 21 Material Complementar Para aprofundar seus estudos sobre gestão de recursos hídricos, explore os links indicados a seguir: Sites: Sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: Ministério do meio ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/sistema-nacional-de-gerenciamento-de-recursos-hidricos>. Acesso em: 08 mai. 2015. Presidência da república. Casa civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em: 08 mai. 2015. Ambiente Brasil. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/s.n.g.r.h./sistema_nacional_de_gerenciamento_de_recursos_hidricos.html>. Acesso em: 08 mai. 2015. Anais. Encontros nacionais da ANPUR. Disponível em: <http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/anais/article/view/4302/4172>. Acesso em: 08 mai. 2015. Sobre o Conselho Nacional de Recursos Hídricos: Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em: <http://www.cnrh.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1>. Acesso em: 08 mai. 2015. Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=1&menu=701>. Acesso em: 08 mai. 2015. 22 Unidade: Aspectos organizacionais e gestão compartilhada de recursos hídricos no Brasil Referências BERTALANFFY, K. L. V. Teoria geral dos sistemas. 2ª edição. Ed. Vozes: São Paulo, 1975. BRASIL. O comitê de bacia hidrográfica o que é e o que faz? Cadernos de capacitação em recursos hídricos. Vol. 1. Ministério do Meio Ambiente/ Agência Nacional de Águas. Brasília, 2011. CASTRO, T. A. S. Modelo de gestão de recursos hídricos. Editora Multifoco: São Paulo, 2013. MARTINS, R. C. e VALENCIO, N. F. Uso e gestão dos recursos hídricos no Brasil. Vol. 2. Editora RIMA: São Carlos, 2004. OLIVEIRA, C. M. Resolução de conflitos em recursos hídricos. Editora Celso Maran: São Carlos, 2013. PEDRO, A. F. P. Aspectos ideológicos do meio ambiente. In SILVA, Bruno C. Direito ambiental: enfoques variados. Ed. Lemos e Cruz: Campinas, 2004, p. 17 - 26. PIRES do RIO, G. A.; MOURA, V. P.; SALES, A. V. S. Gestão de recursos hídricos: aspectos metodológicos. In: Anais do II Encontro da Associação Nacional de Pós- Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade ANPPAS, vol. 1, Indaiatuba - São Paulo, 2004. POLETO, C. Bacias hidrográficas e recursos hídricos. Editora Interciência: São Paulo, 2014. POMPEU, C. T. O papel do conselho nacional de recursos hídricos - CNRH. 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