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RELAÇÕES ESTATAIS, BENS E INTERVENÇÕES

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RELAÇÕES ESTATAIS, BENS E INTERVENÇÕES:
CONTEXTO HISTÓRICO:
Os entes políticos da administração direta são aqueles que estão incumbidos de administrar o patrimônio do povo, seja patrimônio ambiental, político, material, cultural, moral, etc. Os entes políticos da administração direta são “união, estados, distrito federal e municípios”.
A estrutura, a partir de um tempo na história, precisou ampliar sua administração, criando assim, a administração indireta. São essas: autarquias, fundações públicas, consórcios públicos, etc. 
No século 20 começa dar mais complexidade na administração direta, pois surge os direitos sociais da população e então, o estado começa a atuar prestando serviços públicos para atuar preservando tais direitos, compondo assim, a administração indireta para que seja capaz de fazê-lo. 
Então, política é o relacionamento que determinadas pessoas possuem no contexto público, onde se exercem poderes, onde se exercem a tentativa de dominação. 
Sempre que se estabelece uma relação entre governantes e governados, surge uma relação política. E essas relações políticas surgiram desde meados do surgimento da história, visto que as sociedades primitivas já possuíam, naquela época, relações entre governantes e governados. 
Então, já se possuía uma estrutura administrativa desde aquela época. Entretanto, na sociedade moderna, com a invasão dos bárbaros na idade média, as pessoas começam a pensar em relações pacíficas. Com essas relações pacíficas, começam a surgir a soberania. 
Quando os estados se formam, passa-se a ter uma ideia mais apurada do que é a administração pública, pois as pessoas entregam a um monarca o poder para gerir a administração daquele povo. Sendo assim, a unicidade do poder nas mãos do rei, a estrutura administrativa é simples, não precisando de órgãos externos à atividade do rei, pois ele mesmo controla tudo. 
O estado começa a ganhar novos contornos, e consequentemente a estrutura administrativa do estado também se torna mais complexa, vez que no final do século 18, na américa do norte, surge revoluções liberais fazendo aparecer os direitos fundamentais de primeira dimensão. Ou seja, os cidadãos possuem escrito em uma carta constitucional, direitos de participação política, direitos individuais de liberdade, etc. e para atender estes designos, os estados que antes era rudimentar, precisa ter uma estrutura mais complexa, pois neste momento, precisa garantir a liberalidade da população. 
Esse liberalismo político e econômico vai acentuando as diferenças econômicas e sociais, criando mais distância e verticalidade, ficando muito perigoso no ponto de vista da organização social. 
Com o surgir das primeiras revoluções socialistas, o estado passa a ter algumas atribuições, concedendo direitos sociais (saúde, educação, previdência social, leis trabalhistas etc), passando a intervir na ordem econômica. 
Ou seja, a administração direta neste momento não serve mais, sendo necessário, portanto, a criação de uma administração indireta para garantir os direitos sociais da população. 
Surgindo assim, entes personificados, que não se encontram no ordenograma hierárquico dos entes políticos (administração direta). Estes fazem parte da administração pública, mas possuem uma certa autonomia, não ficando sujeitos ao ordenograma hierárquico da administração direta. 
A administração indireta possui tal denominação vez que a constituição não diz exatamente quais são essas, diferente do que ocorre com a administração direta. São por meio de leis próprias que surgem tais entes administrativos indiretos, sendo eles: autarquias, fundações púbicas, estatais e consórcios públicos. 
Autarquia: é um ente (pessoa jurídica dotada de personalidade) que goza de algumas liberdades ou alguma autonomia para exercer funções típicas (próprias) do Estado. Funções estas que não são próprias do particular. 
A autarquia possui forma de criação advinda de lei própria. 
Fundações públicas: são pessoas jurídicas que se caracterizam como fundações pois surgem a partir de um patrimônio e que vão exercer atividades que ou são típicas do Estado ou não sendo típicas do Estado, são de interesse público. 
A fundação possui uma forma própria de criação. 
Quando uma fundação pública exerce atividade típica do estado, ela possui natureza jurídica de autarquia (chamando-se assim de fundação autárquica), pois exerce atividade que o particular não poderia exercer. 
Estatais: são pessoas jurídicas de direito privado, de natureza empresarial que podem ter seu capital social todo público (empresas públicas) ou pode ter parte predominante do seu capital social do poder público e outra parte privada (sociedades de economia mista) 
Consórcios públicos:
Com a emenda constitucional, criou-se os consórcios públicos. 
São atuações conjuntas de entes que possuem a administração direta. Exercendo atividades de interesse público que não sejam típicas do Estado (pessoa jurídica de direito privado), ou seja, as de natureza privada, e exercendo atividades típicas do Estado (associações públicas). 
Se a fundação pública que exerce atividade típica do Estado tem natureza de autarquia, a associação pública também. Chamando-se, portanto, de multifederais. 
AUTARQUIAS:
Conceito: pessoa jurídica de direito público, criada por lei específica e com personalidade jurídica própria, para prestar serviço público ou exercer outra atividade administrativa que implique poderes próprios do estado 
As agências reguladoras são espécies de autarquias. Especificar autarquias é algo notadamente novo. Só se fala em espécie de autarquia a partir do final da década de 1990. 
Decreto lei são leis em sentido estrito, e portanto o decreto lei nº 200 de 1967 determinou o conceito de autarquia como sendo “serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprias, para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. 
A desestatização exigiu do Estado uma medida de cautela, vez que por mais que o Estado fosse deixar de realizar tais serviços, o Estado precisa regulamentá-los e fiscalizá-los. Como por exemplo a Anatel. 
Agências reguladoras: exercem a função de controle e fiscalização de pessoas privadas incumbidas da prestação de serviços públicos ou de interesse público, mostrando-se adequadas para o regime de desestatização instituído pela lei 9491 de 97 
A autarquia da forma como foi concebida originariamente não possui força suficiente para fiscalizar a atividade do particular, surgindo assim, as autarquias com força privada, chamadas de agências reguladoras (são as autarquias especiais) 
Quando alguém adquiria uma linha telefônica móvel, se o usuário quisesse mudar de operadora, teria que ter um outro número. Hoje não é mais assim, pois há a portabilidade. E a portabilidade surgiu através das agências reguladoras. 
Novas autarquias podem surgir como autarquias comuns, ou já serem criadas como autarquias especiais. 
E mesmo que uma autarquia comum queira se tornar uma agencia reguladora, não é preciso ser extinta para se tornar outra, pois existe a hipótese legal de qualificação de uma autarquia comum com poderes especiais (chamadas de agencias executivas).
A agência executiva surge para suprir uma lacuna na lei. 
Para que uma autarquia comum se qualifique como agencia executiva, é preciso cumprir algumas exigências (apresentar plano de restruturação e eficiência, ser aprovado, etc)
Na medida que estas exigências forem sendo cumpridas com êxito, elas vão ganhando poderes e se tornando, de fato, agencias executivas. 
Agencias executivas: execução efetiva de certas atividades administrativas típicas de Estado – lei 9649 de 98 
OBS: Normalmente quando se fala de autarquias especiais, estão sendo remetidas as agências reguladoras e agências executivas, mas não apenas existem essas, mas também, as universidades públicas e as fundações públicasde direito público. Entretanto, no momento, iremos focar apenas nas agências. 
CONSÓRCIOS PÚBLICOS:
As agencias e os consórcios possuem uma atuação destacada da administração pública. 
Todos os entes podem prestar serviço púbico. 
Os entes da administração indireta podem ser criados para prestarem serviço públicos. 
Pacto federativo: é um contrato que os entes federados fazem sobretudo quanto a distribuição de competência de cada um. Portanto, estão previstas as competências de cada ente na própria constituição. 
A distribuição de competência que a União faz, resulta de um pacto federativo. 
Quando o pacto federativo foi firmado em 1989, não existia a ideia de consórcio público. Ou seja, o pacto federativo existe mesmo sem os consórcios públicos. 
No ano de 1998, tivemos um importante movimento de reforma gerencial do estado. No ponto de vista legislativo essa reforma aparece pela emenda constitucional 19, fazendo mudanças significativas na constituição, dentre elas a mudança do artigo 241 trazendo a ideia de convênio e de consórcios públicos. 
A união, os estados, DF e municípios disciplinarão, por meio de lei, os consórcios púbicos e os convênios de cooperação entre os entes federados. 
Os consórcios públicos terão um regime especial de licitação.
Existem competências que são comuns a vários entes federados. Os entes federados possuem interesse em comum por sua própria natureza, por exemplo: uma pessoa que mora numa cidade x, vai todo dia à cidade y para trabalhar. Essa pessoa, é importante tanto para o município da cidade x quanto para o município da cidade y, vez que, essa pessoa recebe o salário na cidade y, mas o gasta na cidade x. É interesse comum do município da cidade x e da cidade y que essa pessoa não se mude para a cidade y. 
Ou seja, um município cria sua competência de transporte, por exemplo, e essa, se liga à outro município, se unindo. Ou seja, haverá uma linha de transporte intermunicipal, criado em uma gestão associada, essa competência. 
A gestão associada pode ser feita por meio de um convênio de cooperação ou por meio de um consórcio público. 
O consórcio público possui natureza jurídica de pessoa jurídica, portanto, pessoa de direitos que irá agir de forma perene para o interesse público, ou seja, de forma não contratual. Diferente dos convênios, que possuem natureza contratual. 
Lei que regulamenta os consórcios públicos: lei 11107 de 2005 – ela é regulamentada de forma ainda mais específica pelo decreto 6017 de 2007. 
Portanto, o artigo 241 da CF regulamenta os consórcios públicos, bem como a lei 11107 e o decreto 6017. 
Art. 1º da lei 11.107 – a lei dispõe sobre normas erais para a união, os estados, DF e municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá outras providências.
Ou seja, a ideia é de que apenas os entes federados é que se consorciam por consórcios públicos. 
Não pode fazer parte do consórcio as autarquias, fundações públicas, pessoa jurídica de direito privado, etc. 
Portanto, apenas a administração direta é quem faz parte de consórcios públicos, nunca a administração indireta. 
Os consórcios públicos não precisam reunir todos os entes federados, mas apenas a quem interessa aquele consórcio. Então, se apenas 10 municípios interessar um consórcio público, apenas estes farão parte do consórcio. 
A própria lei estabelece que, se um município não possui verba para realizar uma parceria público privada (pois esta determina que seja contrato de no mínimo 10 milhões de reais), é possível que esse município se una através de consórcio público, para que juntos, tenham verba para contratar uma parceria público privada. 
A partir do momento que determinados entes federados percebem a necessidade de se unirem em um consorcio público, esses entes federados por meio de seus representantes legais (chefe do poder executivo, como por exemplo o presidente da república no caso da União), vão assinar um documento chamado de “protocolo de intenções”. 
O protocolo de intenções irá tratar sobre questões conceituais do consórcio, ou seja, seu funcionamento, por exemplo. 
Esse protocolo de intenções não gera obrigatoriedade aos entes federados de se associarem por meio de consórcios. Ou seja, os entes que se manifestam no protocolo de intenções, não obrigatoriamente irão se associar por meio de consórcio públicos. 
Assinado o protocolo, é necessário que os órgãos legislativos os ratifiquem. Ou seja, se o protocolo é assinado pelo ente executivo, deve ser ratificado pelo ente legislativo. 
Então, se um ente federado assina o protocolo de intenções, devem realizar um projeto de lei no sentido de ratificar o protocolo de intenções. O poder legislativo tem a liberdade de, representando o povo daquele ente, aprovar ou não a entrada do ente no consórcio. Então, se o órgão legislativo aprova o protocolo de intenções, aquele ente federativo irá fazer parte do consórcio. Se não aprova, aquele ente não irá fazer parte do consórcio. 
Se o órgão legislativo reprova o ente federativo, o agente executivo nada tem como recorrer, ele simplesmente já fica fora do consórcio. 
Não há prazo pelos órgãos legislativos ratificarem o protocolo de intenções. O que dá uma certa insegurança para o consórcio. Outra critica é que não se tem o momento exato em que os entes ratificam o protocolo de intenções, ou seja, o consórcio público vai sendo constituído aos poucos e individualmente para cada ente federado. 
O terceiro passo na constituição do consórcio é a assinatura do contrato de consórcio. É a assinatura do contrato de consórcio que o constitui. 
Art. 3º da lei 11.107 - O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.
O contrato é o instrumento de consolidação das leis criadas pelos órgãos legislativo. Ou seja, o consórcio é constituído pelo conjunto das leis que ratificam o protocolo de intenções, e o contrato é o instrumento de consolidação dessas leis. 
Por isso que a medida que os órgãos legislativos vão ratificando o protocolo de intenções é que se vai constituindo-o. 
Esse contrato de consórcio irá definir qual é o objeto do consórcio público. Ou seja, o que o consórcio público irá fazer para atender os interesses dos entes federados. 
O consórcio público pode ter como objeto uma atribuição típica própria do poder público (ou seja, algo que não poderia ser realizado por particular), ou pode ter como objeto uma atribuição que seja de interesse público mas que não seja típica do poder público (podendo ser prestada por particular)
A lei 11.107 está nos dizendo que o consórcio público pode ter natureza eminentemente pública ou natureza privada. 
Protocolo de intenções 
• Ratificação pelos órgãos legislativos 
Contrato de consórcio: OBJETO atribuição típica do poder público 
 atribuição de interesse público
mas de natureza privada 
Registro público do ato constitutivo
O art 6º irá dar nomes aos consórcios, ou seja, quando o consórcio for de natureza típica do poder público, irá chamar associação pública. Quando o consórcio for de natureza privada, chamará pessoa jurídica de direito privado. 
Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.
§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.
§ 2o No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regidopela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
Se o consórcio público for de natureza privada, deverá ser registrado. Ou seja, terá registro público do ato constitutivo. 
- Se o consórcio for prestar serviço público para os entes federados que o constitui, essa contratação dispensa licitação. 
- O mesmo ocorre quando o consórcio público for prestar serviço para os particulares e não para os entes federados, mas para a prestação desse serviço os entes vão ceder/contribuir para a prestação desse, a contratação dispensa licitação. 
Quando o ente federado for destinar dinheiro para o consórcio, se chama contrato de fomento/rateio. Se o consórcio for prestar serviço público para o ente federado consorciado, se chama contrato de programa – ambos dispensam licitação. 
- Se o ente federado for participar da prestação do serviço público pelo consórcio, fornecendo bens, pessoal, etc, isso também se dá por meio de contrato de programa e também dispensa licitação. 
SERVIÇOS PÚBLICOS:
Atividades estatais
 
Atividades de fomento
Outras 
Intervenção
Poder de polícia
Serviços públicos
 
CONCEITO: 
“Atividade estatal de caráter prestacional, em que o Estado supre direta ou indiretamente necessidades coletivas” – Patrícia Nohara
É toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que o exerça diretamente ou por meio de seus delegados, como o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas sob o regime jurídico total ou parcialmente de direito público” – Maria Sylvia Zanella Di Pietro
A administração pública é composta por entes públicos de natureza pública e entes públicos de natureza privada. Os entes públicos de natureza pública porque exercem atividades típicas do estado, possuem um regime jurídico específico, que preservam a supremacia do interesse público. Os entes privados da administração pública, sujeitam a um regime jurídico de natureza privada, pois não são de natureza pública, não podendo sofrer todas as prerrogativas e nem todas as sanções do direito público. Mas, entretanto, elas devem respeitar algumas normas de direito público, e por isso considera sendo um regime jurídico parcialmente de direito público. 
“Atividade explícita ou supostamente definida pela constituição como indispensável, em determinado momento histórico, à realização e ao desenvolvimento da coesão e da interdependência social” – Eros Grau
Educação para Ero Grau é indispensável, portanto é serviço público desde que seja prestado pelo Estado (servidor público).
Para Maria Sylvia e Patrícia, ainda que seja prestado pelo Estado, é considerado serviço público.
	Serviço público
	Função pública
	
• pode ser prestado diretamente ou indiretamente pelo Poder Público (prestação direta renunciável).
• A prestação pelo particular depende, necessariamente, de licitação prévia e de instrumento formal de delegação.
• não é necessariamente gratuita, podendo ser estabelecida taxa ou tarifa.
• tem regime jurídico próprio de direito público.
	
• deve ser prestada diretamente, mesmo havendo agentes privados atuando (prestação direta irrenunciável).
• prestação pelo particular não depende de licitação, sendo de acesso livre à iniciativa privada.
• quando prestado pelo Estado, sempre será gratuito (mantido por tributação).
• não tem regime jurídico próprio.
Existem três critérios classificadores do serviço público, são eles:
- O critério subjetivo: identifica o Estado não necessariamente como prestador de serviço público, mas como responsável pela incumbência pela satisfação, pela realização do serviço público. 
Falou em serviço público o Estado irá aparecer de alguma forma, não como prestador, mas como responsável por ele. 
- Critério formal: identifica o serviço público a partir do regime jurídico aplicado a ele, que ou é regime jurídico de direito público, ou sendo regime jurídico de direito privada haverá alguma norma pública incidindo sobre ele. 
- Critério material: diz respeito ao objetivo do serviço público prestado (serviço público será aquele que atende à necessidade coletiva)
Com base nesses três critérios, podemos observar que o conceito da Maria Sylvia Zanella é mais coerente, vez que ela emprega em sua definição, todos os critérios existentes.
 
Classificação dos Serviços Públicos:
- serviços delegáveis e serviços indelegáveis 
- serviços administrativos e serviços de utilidade pública 
- serviços coletivos e serviços singulares 
- serviços sociais e serviços econômicos 
- outras classificações 
Partindo do critério de quem presta o serviço público, se classifica os serviços delegáveis (que tanto podem ser prestados pelo ente público, com pelo particular) 
Para que o particular preste o serviço público ele precisa receber do estado uma “autorização”, chamando-se essa de delegação (ato formal por meio do qual o particular poderá prestar um serviço chamado de serviço público)
Por outro lado, o serviço indelegável é aquele que não pode ser prestado por um particular, ou seja, apenas o ente público pode exercê-lo. 
O que define um serviço público como delegável ou indelegável? A norma jurídica. Ou seja, se a norma jurídica não disser que o serviço é delegável, é porque ele é indelegável. 
Se o legislador entende que o serviço é essencial prestado pelo ente público, o legislador constituinte irá determinar na constituição. 
Serviço público em serviço administrativo e o serviço de utilidade pública: nesta, o serviço administrativo é aquele que atende interesse público secundário, ou seja, em um primeiro momento, atende aos interesses do próprio ente público, e só por via de consequência é que irá atender os interesses da coletividade. Por exemplo: serviço de imprensa oficial. 
É obrigação aos entes públicos dar publicação aos seus atos, e por meio da publicação irá atender os interesses da coletividade. 
Exemplo 2: a seleção de pessoas para ingresso na carreira pública, uma determinada fundação particular é responsável por elaborar as provas de um concurso público. Contratar servidores públicos atende a interesses imediatos da administração, mas por atender o interesse da administração, quando a pessoa que ingressou na carreira pública e começar suas atribuições, irá atender o interesse da coletividade. 
Esse serviço de selecionar as pessoas que irão ingressar na carreira pública é um serviço público administrativo. 
Já o serviço público de atividade pública é aquele que atende ao interesse público primário, ou seja, aquele que atende diretamente os interesses da coletividade. Por exemplo: o serviço de transmissão de energia elétrica, de telecomunicação, serviços de saúde e educação. 
Serviço público em serviço coletivo e serviço singular: O serviço coletivo é aquele prestado para um número indeterminado de pessoas, é o serviço posto à disposição de toda coletividade, e usufruído coletivamente por essas pessoas. 
Quando o indivíduo usufrui o serviço, ele pode usufruir individualmente, como por exemplo o serviço de saúde. Diferente do serviço de telecomunicação, que é posto à disposição de toda sociedade, mas há um contrato individualizando a utilização deste serviço. 
O serviço singular é aquele que demanda um contrato específico entre o prestador de serviço e o usuário.
Serviços públicos em serviços sociais e serviços econômicos:
Os serviços sociais são aqueles serviços de grande interesse público, de grande interesse social e que portanto, não são cobrados do usuário. São serviços que não cedem à lógica de mercado, ou seja, “usufruiu pagou”. Esse serviço é de tão relevante interesse social que não se submete à esta lógica, sendo portanto, prestado de forma gratuita. Como por exemplo o serviço de saúde (SUS)
O serviço econômico é um serviço público mas que se sujeita à lógica de mercado, sendo portanto, cobrado de seu usuário. Por exemplo: serviçode telecomunicação, serviço de transporte público, etc. 
O serviço econômico é um serviço remunerado ou por taxa, ou por tarifa. O serviço público é remunerado por taxa quando essa remuneração se reveste de natureza e tributo, como por exemplo o serviço judiciário. Quando o serviço é remunerado e não tem natureza tributária, essa remuneração é chamada de tarifa ou preço público. Muitos utilizam tarifa e preço público como sinônimos. 
Entretanto, alguns administrativistas irão especificar dizendo que tarifa e preço público não são sinônimos, vez que tarifa é a remuneração de um serviço público prestado por um particular ao passo que preço público é a remuneração de um serviço público prestado pelo ente público. 
Por exemplo: uma rodovia, o usuário do serviço de conservação de rodovia pode ser cobrado à medida que utiliza daquele serviço, chamado de pedágio. Ou seja, o pedágio é considerado tarifa ou preço público pois não possui natureza tributária. 
Alguns doutrinadores irão dizer que se a praça de pedágio é explorada pelo serviço público ele é chamado de preço público, se o pedágio é explorada por uma concessionária que presta serviço público ele é chamado de tarifa. 
SERVIÇO PÚBLICO E A CF DE 88:
Art. 175 CF – Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
§ único. A lei disporá sobre: 
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviço público, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão. 
II – os direitos dos usuários 
III – política tarifária 
IV – a obrigação de manter serviço adequado 
LEI REGULADORA: 8.987 DE 1995 
OBS: Ainda que o serviço público seja delegável ao particular, esse serviço continua sendo de incumbência principal do ente público, ou seja, ao transferir ao particular a concessão do serviço, ele não se abstém da responsabilidade de fiscalização, etc. 
Execução de serviços públicos:
A execução pelo poder público: 
 - federação e pacto federativo. 
 - distribuição de competências e prevalência de interesses 
 - necessidade de regulamentação e controle dos serviços 
O poder público pode executar os atos matérias do serviço público ou pode prestar de forma indireta, ou seja, transferir para o particular, através da concessão ou da permissão de serviço público.
DELEGAÇÃO – é a transferência do poder público para o particular a execução dos atos matérias da execução de serviço público, ou seja, quando o particular vai prestar o serviço público não em nome próprio e sim em nome do poder público que delegou sua função.
Os contratos de concessão ou permissão devem ser precedidos de licitação.
OUTORGA - Quando o Poder público transfere a execução do serviço público para outro ente federado. Se da por meio da legislação.
Exceção: outorga por via contratual – consórcios públicos. (contrato administrativo porque os dois polos do contrato são entes federados) – não necessita ser precedida de licitação.
A execução pelo particular: descentralização por colaboração: transferência da execução do serviço para a pessoa privada por contrato ou por ato unilateral. 
descentralização por CONTRATO: delegação (CONCESSÃO E PERMISSÃO)
Não há em se falar de dispensa, sempre deverá ser precedido de licitação os contratos de concessão ou permissão.
descentralização por ato unilateral: autorização (é quando o ente público permite que o particular preste um serviço de seu próprio interesse – particular – na medida que há uma relevância pública, como por exemplo: uma pessoa quer vender pastel na praça; ela precisa de uma autorização para realizar isto)
A autorização não é uma forma de delegação de serviço público, mas apenas uma autorização para que o particular preste um serviço particular em via pública. 
Alguns serviços públicos passaram a ser prestados por um particular a partir de um instrumento de autorização. E portanto, estamos falando que este é um serviço que não é mais público, ou seja, estamos criando um instrumento em que permite que o particular preste um serviço público. 
Princípios do serviço público:
Generalidade ou igualdade dos usuários:
maior amplitude possível e impossibilidade de discriminação 
impessoalidade e universalidade 
Modicidade das tarifas:
corolário prático do princípio da generalidade (pois se o custo por estes serviços forem muito caro, ninguém terá acesso à esses serviços. Portanto, as tarifas devem ser modicas, tornando capazes o pagamento por esses serviços)
Mesmo um custo baixo, algumas pessoas também não conseguiriam pagá-los, e por isso este princípio visa, também, a gratuidade dos serviços públicos. 
serviços públicos gratuitos e serviços públicos tarifados 
possibilidade de subsídio ou apoio financeiro (art 11, lei 8987) “traduz a noção de que o lucro, meta de atividade econômica capitalista, não é objetivo da função administrativa, devendo o eventual resultado econômico positivo decorrer da boa gestão dos serviços, sendo certo que alguns deles, por seu turno, têm de ser, por fatores diversos, essencialmente deficitários ou, até mesmo, gratuitos” 
OBS: o princípio da modicidade das tarifas é expresso na lei 8987 no artigo 6º, §1º. 
 
Mutabilidade do regime jurídico:
Possibilidade de alterações (unilaterais) nos contratos firmados pela administração (servidores públicos, delegatários e usuários)
Na prestação de serviços públicos, o ente público tem a prerrogativa de alterar os contratos unilateralmente em nome do interesse público. Portanto, este princípio traz a ideia de que os contratos firmados pela administração público para a prestação de serviços públicos podem sofrer alterações para sofrer o interesse público. 
Os contratos privados se regem por vários princípios, dentre os quais, o princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sun servanda). Ninguém é obrigado a contratar, mas uma vez contratado, é preciso cumprir as cláusulas contratuais. 
As cláusulas contratuais só se alteram se houve a concordância de todos os contratantes, ou, de forma unilateral se uma das partes deixar de cumprir sua parte ou se houver algum fato imprevisível que altere sua realização. 
Portanto, um contrato privado pode ser alterado em apenas certos casos, o que difere do contrato público; vez que este pode realizar diversas alterações de forma unilateralmente, apenas por força do interesse público. 
A ideia de mutabilidade pode dar a falsa ideia de que o ente público pode fazer qualquer alteração do contrato, e não é assim. As alterações que podem ser realizadas de forma unilateral pelo prestador do serviço público estão descritas na lei. 
Continuidade:
Serviços públicos não devem sofrer interrupção
Serviços devem ser adequados a novas exigências sociais 
Hipóteses de interrupção: 
inadimplemento do usuário (art 6º, §3º, II da lei 8987 de 1995)
 interrupção por emergência, razões técnicas ou segurança (art 6º, §3º, I, da lei 8987 de 1995)
Este princípio tem como essência a impossibilidade de interrupção de um serviço público, ou seja, o serviço público é um serviço essencial, e portanto, a sociedade demanda a continuidade da sua prestação. 
No entanto, atualmente, a dimensão deste princípio é um pouco maior, o que significa dizer que o serviço público não só deve ser prestado ininterruptamente, como deve atender de forma adequada a necessidade dos usuários, inclusive utilizando meios tecnológicos para a prestação de seus serviços. 
EX: O serviço judiciário, nos anos 2000, não possuía nenhum apelo tecnológico. Até que a emenda constitucional 45 de 2004 vem dizer que o processo judiciário era um absurdo, por não ter incorporada a tecnologia. Hoje, o processo judiciário sofreu grandes mutações, existindo toda essa tecnologia. Então, o princípio da continuidade naquele tempo de 2000, não era, de fato, cumprido,pois apesar de não haver a interrupção, ele não possuía tecnologias disponíveis para que seja enquadrado em um serviço adequado. 
O particular quando presta serviço público ele presta não por caridade, mas sim, por interesse lucrativo. Consequentemente, a cobrança das tarifas dos serviços prestados pelo particular deve mensurar o custo do serviço, aquilo que o particular pagou para o ente público afim de ter o direito de exercer sua atividade, e o seu lucro. Essas são as 3 vertentes que devem ser mensuradas quando se vai fixar um valor de tarifa. 
Mas, se esse particular deixasse de receber pelo serviço público, mas continuasse realizando o serviço, ou a empresa particular quebra, ou ela irá onerar muito os adimplentes para compensar sua inadimplência. 
Se o ente público transferiu para o particular seus serviços, é porque o ente público já não tinha condições de prestá-los. E portanto, ele transfere tais obrigações, em nome da eficiência, para o particular. Portanto, a lei 8987 criou a possibilidade de a inadimplência interromper a continuidade. 
Mas, o princípio da continuidade não é ferido quando o serviço deixa de ser prestado para usuário inadimplente, desde que o usuário tenha previa comunicação da interrupção do serviço. 
Quando se fala em inadimplemento, isso nos remete a ideia de serviços públicos econômicos (aqueles que são pagos diretamente pelos usuários em contraprestação dos serviços utilizados). Acontece que alguns serviços cobrados do usuário são tão utilizados que eles se classificam melhor como serviços públicos sociais do que serviços públicos econômicos, o que impede que haja a interrupção neste caso. 
Por exemplo: uma família que recebe renda mensal de 1 salário mínimo, essa família terá que tomar a decisão, em algum momento, de pagar a conta de luz ou comprar comida. Nesse caso, a jurisprudência considera que o serviço de energia elétrica é essencial. Para essa família em especial, o fato de não poder pagar os dois, faz com que o serviço de energia se torne um serviço social, fazendo com que, esse serviço não deixa de ser prestado por conta do seu inadimplemento. 
Se uma pessoa tem uma boa renda, e deixa de pagar a conta de energia elétrica, por qualquer motivo, essa opção acarreta em uma responsabilidade do próprio usuário, e portanto, ele sofrerá com a perda da energia. Então, para uma família rica, o serviço de energia por seu inadimplemento poderá ser interrompido, já para uma família pobre, que possui essa condição, seu inadimplemento não pode acarretar em uma interrupção do serviço de energia elétrica. 
O mesmo pode ser entendido quando um hospital deixa de pagar uma conta de energia, se contarem esse serviço, o que pode acarretar seria em mortes. E portanto, a inadimplência do hospital não pode ser considerado uma causa de interrupção do serviço público. 
Eficiência:
Art. 37 e 175, § único, IV CF
Conexo com o princípio da continuidade, exige a maior eficiência possível na execução. 
Adequação entre o serviço e a demanda social 
Exigência de atualização tecnológica 
Necessidade de avaliação periódica do serviço prestado 
O princípio da eficiência refere-se ao meio empregado pela adm. pública ao realizar o serviço público, ou seja, a adm. pública tem o dever de empregar os meios adequados para realizar o serviço público.
Quando a adm. pública é eficiente ao realizar o serviço público, há uma grande chance de o serviço público ser eficaz. Porém há diversos fatos que podem deixar o serviço público ineficaz.
Não pode o serviço público ser ineficaz porque a adm. pública não o realizou de modo adequado.
CONCESSÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:
Significa tratar de uma primeira espécie de delegação do serviço público, ou seja, uma prestação indireta de serviço público ao Estado.
Há 3 modalidades de concessões: 
concessão comum 
concessão patrocinada 
concessão administrativa 
Essas modalidades surgem com a lei das parcerias público privadas, uma vez que sem essa lei, apenas falava sobre a concessão comum. 
Concessões especiais:
Se caracteriza pelo fato de que, mesmo o poder público transferindo o serviço ao particular, ele continua responsável pelo custeio do serviço, em todo (concessão administrativa) ou em parte (concessão patrocinada).
Essas modalidades especiais de concessão serão estudadas mais adiante. 
Concessão Comum:
 A forma tradicionalmente concebida de concessão é a chamada concessão comum. Esta, se caracteriza pelo fato de que uma vez transferida a execução do serviço público para o particular, o Estado não mais contribui pecuniariamente por ele, ou seja, o Estado transfere a execução do serviço público para o particular e a prestação do serviço passa a ficar exclusivamente sob conta e risco do particular prestador. 
Então, nesta, há a ausência de prestação pecuniária, ou seja, o estado passa a prestação para o particular sem pagar nada. Mas o estado continua sendo responsável por esta atividade. Ou seja, quem irá arcar financeiramente com os ônus do serviço, é o usuário por meio das tarifas. 
Eventualmente o prestador do serviço público pela via da concessão comum pode receber dinheiro de outras fontes, como por exemplo: publicidade (o anunciante paga para o prestador do serviço público relativo ao espaço publicitário)
A concessão comum se caracteriza pelo fato de que o poder público concedente, uma vez transferida a execução, não paga nada pelo custo do serviço, ou seja, o custo deste será suportado pelo prestador do serviço. Eventualmente pode haver uma outra fonte de renda, mas esta fonte de renda não é aporte financeiro por parte do poder concedente (poder público)
A concessão comum se ramifica em duas outras modalidades: concessão de serviço público simples e a concessão de serviço público precedida da execução de obra pública. 
Concessão de serviço público simples: contrato administrativo pelo qual a administração pública transfere à pessoa jurídica ou à consórcio de empresas a execução de certa atividade de interesse coletivo, remunerada através do sistema de tarifas pagas pelos usuários. 
NÃO EXISTE CONCESSÃO DE PESSOA NATURAL.
Consórcio de empresa não é consórcio público, é um conglomerado de empresas que se unem para prestar um serviço público por concessão.
Concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: contrato administrativo através do qual o poder público ajusta com pessoa jurídica ou consórcio de empresas a execução de determinada obra pública, por sua conta e risco, delegando ao construtor, após a conclusão, sua exploração por determinado prazo. 
Então, o concessionário para poder explorar o serviço público, teve que antes disso executar uma obra pública. Ou seja, antes da empresa executar um serviço, ele terá que construir uma obra pública também por sua conta e risco. 
Características da concessão comum:
Formalizado por contrato administrativo¹ precedido de licitação na modalidade de concorrência 
Delegação do exercício do serviço público do poder concedente para a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho
Atividade desenvolvida por conta e risco² do concessionário 
Contrato firmado por prazo determinado³ 
Contrato administrativo¹: ajuste entre órgãos ou entidades da administração pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada (art 2º, § único, lei 8666 de 93)
Por conta e risco²: concessionária tem a assunção de responsabilidade pelas áreas ordinários do negócio, sem contrapartida pecuniária do poder público 
Por prazo determinado³: inexistência de previsão de prazo mínimos e máximo, atendendo-se ao que for discricionariamente estabelecido no edital de licitação (art.18, I) e no contrato (art. 23, I) 
Por haver um instrumento contratual, em que dá obrigações recíprocas, possui uma estabilidade na relação jurídica estabelecida entre as partes contratantes.Além da formalização por contrato administrativo, indica-se a necessidade de licitação. A necessidade de licitação nem precisaria estar escrita de forma expressa na constituição e na lei 8987, uma vez que se estamos falando de contratação pública, já há este entendimento firmado. 
A princípio, toda concessão de serviço público deve ser precedida de licitação. A licitação tem como finalidade selecionar a proposta mais vantajosa para a administração, atendendo as formalidades exigidas de igualdade, etc. então, para que o serviço público seja transferido ao particular, é necessário que haja uma licitação para a escolha de quem será o prestador desse serviço. 
Não há vedação para que estrangeiros prestem serviços públicos no Brasil, portanto, estes também podem participar da licitação. 
A lei 8.987 escolheu a modalidade de concorrência para preceder os contratos de concessão, então, não apenas há exigência de licitação, como há exigência da modalidade de concorrência também.
Geralmente, muitas circunstâncias dependem de uma escolha discricionária do legislador. A modalidade de concorrência dá uma margem maior de segurança para o interesse público, pois esta é mais rígida, por isso foi escolhida pelo legislador.
Quem pode ser poder concedente? São os entes federativos do estado brasileiro. União, Estados, DF e Municípios. 
Porque esses entes federativos são poderes concedentes? Porque a eles são atribuídas a competência de prestar serviço público. Ou seja, positivando o pacto federativo, a constituição atribui para esses entes a competência de prestar serviços públicos. Então a constituição está dizendo quais são os serviços de cada ente federativo, sendo assim, apenas àquele que for competente para exercer determinado serviço, poderá delegar o mesmo ao particular. 
OBS: Algumas doutrinas identificam uma remota possibilidade de autarquias serem consideradas como poder concedente. Isso com base numa norma legal que dá para Anatel o poder de fazer as concessões de serviço público de telecomunicações. Então, há lei dizendo que a Anatel (autarquia pública federal de natureza especial agência reguladora) é quem deve fazer as concessões de serviço público de telecomunicações. Por isso que algumas doutrinas irão dizer que se a Anatel pode, outras autarquias também podem. 
No entanto, outra parte da doutrina irá dizer que na verdade, a Anatel não está concedendo o serviço público, pois não é atribuição dela prestar esse serviço, o que a Anatel faz é prestar os atos de concessão (fiscalização e controle) da própria união (este entendimento é mais bem aceito pelo professor)
Em relação ao concessionário, que é quem irá receber a concessão do serviço público, a lei 8987 afirma que é concessionário a pessoa jurídica ou consórcio de empresas. Então, pessoa física não é concessionário de serviço público. 
Consórcio de empresas é uma união de sociedades empresárias com um determinado objetivo, por exemplo: o aeroporto de Viracopos que é onde a união presta o serviço aéreo portuário em campinas, é prestado por um consórcio de empresas. Esse consórcio possui um nome, chamado de aeroportos brasil e é formado por 2 construtoras, uma empresa estrangeira, etc. ou seja, é um grupo de empresas que se uniram para essa finalidade específica. 
Em regra, a pessoa jurídica que faz a prestação do serviço público é um ente particular que possui a natureza jurídica de pessoa. A lei 8987 não traz nenhuma vedação expressa para que um ente da administração pública seja concessionário da administração pública, o que não pode ocorrer é um ente federado ser concessionário da administração pública, pois este já possui suas próprias incumbências. Mas os entes da administração indireta (autarquias, empresas de economia mista, consórcios públicos, etc) não possuem vedação para figurar como concessionários de serviço público. E por não haver essa vedação expressa, é possível que o ente público também apareça nessa condição. 
Há algumas situações em que é possível a concessão de serviço público, pela via contratual, por uma empresa vinculada ao ente federativo:
 Um serviço público prestado por um ente da administração indireta vinculado ao próprio poder concedente. Por exemplo: Autarquia federal prestando serviço público de competência da união. É possível, embora objeto de grandes críticas doutrinárias. 
Imagina uma empresa estatal pela via de concessão, prestando um serviço público que é de competência do seu ente vinculado. Ou seja, se o ente federado não quer arcar com o serviço público, e quer delegar suas atribuições, porque ele continuaria arcando com elas concedendo à uma empresa vinculada a ela? 
Para escapar de burocracias, vez que pela via contratual a rapidez da contratação é muito maior. Por isso que, por concessão, autarquias prestam serviços públicos que são de competência de seus entes vinculados. 
Para que um ente público preste serviço público pela via de concessão, não se dispensa o procedimento de licitação, ou seja, para que a entidade pública preste o serviço público por concessão, este ente deve participar (em condições de igualdade, sem benefícios que ofendam o princípio da isonomia) e vencer a licitação.
 
 Uma entidade da administração indireta vinculada a um outro ente federado irá participar da licitação para prestar um serviço público desta. Portanto, ente público da administração indireta prestando um serviço público de competência de um ente federado da qual ela não está vinculada. 
Por exemplo: empresa pública do Amapá que presta serviço de esgoto no Amapá que por concessão presta serviço de esgoto em São Paulo. 
 O serviço público é prestado por um consórcio público. Um Município e o Estado se consorciam para prestar um serviço público intermunicipal. Ou seja, é um consórcio público prestando um serviço público de competência de seus entes consorciados (dos entes que fazem parte desse consórcio). Neste caso específico, há a dispensa da licitação!!!
Licitação na concessão de serviço público:
Lei 8666/93 – art 2º as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da administração pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressaltadas as hipóteses previstas nesta lei. 
Lei 8987/95 – art 14 toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com observância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por critério objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório. 
A concessão no serviço público se dá sempre mediante licitação. 
O concessionário do serviço público tanto pode ser o particular ou um ente da administração pública. Em ambos os casos, é obrigatório a licitação. Há apenas uma única exceção, que é quando se trata de consorcio público, que presta serviço público à um de seus entes consorciados. 
Essa licitação que antecede o contrato de licitação, deve observar alguns princípios.
Procedimento de licitação: (Aplicação da lei 8.666 e da lei 8.987)
- Obrigatoriedade da licitação (na modalidade de concorrência)
Não pode ser utilizada outra modalidade que não concorrência, independentemente do valor que esteja estimado. Este é um ato vinculado, portanto, o administrador não pode escolher outra modalidade que não seja concorrência. 
- Licitação precedida de publicação de justificativa da conveniência da outorga de concessão, caracterizando seu objeto, área e prazo 
A licitação deve ser precedida, necessariamente, da publicação dos motivos pelos quais será feita a concessão. Essa publicação deve conter quem será o responsável por realizar o serviço público, o objeto da concessão, o prazo, etc. 
- Possibilidade de inversão de ordem de fases (art. 18-A)
Na fase pública da licitação, há uma ordem de fases do procedimento. Este artigo prevê a possibilidade de alterar a ordem dessas fases. 
A comissãojulgadora da licitação, irá analisar se aquele licitante possui os requisitos de contratar com a administração pública. Após analisar tais licitantes, os inabilitados podem recorrer à sua habilitação etc. mas apenas os habilitados é que irão concorrer, ter suas propostas analisadas. 
A lei do pregão, há uma inversão de fases, em que diz que primeiro se faz a análise da proposta de preço, classificando-as e em um segundo momento irá se analisar a qualificação técnica, jurídica e econômica do primeiro colocado. Se o primeiro colocado estiver habilitado, nem se analisa os demais colocados. Então, há uma inversão de fases, uma vez que todos os concorrentes terão a chance de concorrer, antes mesmo de serem habilitados. 
Já na concessão do serviço público passou a permitir essa inversão também, uma vez que traz dois benefícios: abertura de todas as propostas e analisará a habilitação de apenas aquele que for vencedor. Isso diminui o tempo e dinheiro gasto na licitação. 
- Critérios de licitação na concessão do serviço público (art 15 da lei 8987)
Será usado APENAS um dos critérios estabelecidos neste artigo. Portanto, no edital, a administração irá publicar qual o critério a ser utilizado, e com base nisto, os licitantes devem apresentar suas propostas. 
O critério de licitação na lei 8666 é mais simples, já nesta os critérios são mais complexos. 
Edital de licitação: O edital é um instrumento mais comum entre os instrumentos convocatórios existentes. 
Direitos e obrigações da concedente e do concessionário 
O edital deve dizer qual será os direitos e obrigações da concedente e do concessionário. 
O contrato de concessão é um contrato comutativo, estando pré-definidos. 
Objeto e prazo de concessão 
Critério de reajuste e revisão de tarifas, etc.
As obrigações e os direitos estabelecidos no edital, podem, no curso do contrato, sofrer alteração. Mas sofrer alteração em nome do interesse público, independentemente de uma situação excepcional de imprevisão, etc. Isso decorre da ideia de supremacia do interesse público. 
Se as alterações sofridas, alterarem o equilíbrio econômico financeiro, deverá haver medidas compensatórias que reestabeleçam este equilíbrio econômico financeiro. 
Ou seja, as cláusulas que estabelecem direito e obrigações podem sofrer modificações, em nome do interesse público. Entretanto, estas alterações não podem alterar o equilíbrio econômico financeiro do contrato, uma vez que caso contrário, o concessionário não conseguiria manter seus direitos e obrigações até o fim do contrato. 
Se caso essas alterações modifiquem o equilíbrio econômico financeiro, é necessário medidas de cooperação para fins de reestabelecimento desse. 
Minuta do contrato em anexo ao edital (contrato de adesão, pois não há a possibilidade de alteração dos termos já pré-estabelecidos no edital)
Clausulas essenciais:
Clausulas relativas ao serviço 
Clausulas relativas aos direitos e obrigações 
Clausulas de prestação de contas 
Clausulas de fiscalização 
Clausulas relativas ao fim das concessões 
Clausulas definidoras de cronogramas físico-financeiro de execução 
Clausula de garantia de execução de obra 
Clausulas regulamentares e clausulas financeiras 
Mutabilidade das cláusulas regulamentares e regime legal 
O edital não pode fixar o valor da tarifa (pois a tarifa depende da estrutura do concessionário), mas o edital pode trazer um mínimo. O que ele pode fazer é, uma vez fixada a tarifa no contrato, estabelecer uma mutabilidade desta. 
Clausulas financeiras e equilíbrio econômico financeiro 
O interesse público justifica, ainda que excepcionalmente a sua alteração. Mas a alteração, ainda que apoiada no interesse público, deve se ater no equilíbrio econômico financeiro. 
Política tarifária: competência do poder concedente
Obs.: tarifas conforme licitação e revisão (art 9º)
O reajuste e eventuais revisões das tarifas não fica a critério exclusivo e arbitrário do concessionário, pois segundo a lei, é o poder concedente quem define a política tarifária de um serviço objeto de concessão. Isso para atender aos princípios. 
CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO:
Encargos da concessionária: art 31 da Lei 8987/95
Esses encargos devem estar previstos na legislação brasileira. 
Quando se estabelece o contrato de concessão, se espera que o concessionário vencedor seja aquele que realmente irá realizar o serviço público ao longo de toda relação contratual. 
É possível a alteração contratual, através de transferência parcial de encargos. 
Transferência de encargos: possibilidade (vínculo contratual direto)
A transferência parcial de encargos ocorre da seguinte forma: quando a concessionária ganhadora transfere parte de um serviço à outra empresa. Essa transferência de alguns encargos pode ser atribuída à terceiros à critério do próprio concessionário. Então, se uma concessionária contratada para realizar a pavimentação de uma avenida, ela pode transferir parte desse serviço para outra concessionária, como por exemplo, transferir a fabricação do cimento.
Então, é possível que a concessionária transfira seu encargo à outra empresa, estabelecendo um contrato direto com ela, já que o poder concedente não tem nada a ver com essa relação. 
Não se trata de o concessionário transferir TODO o seu encargo à outra pessoa, mas sim, apenas parte dele. 
Subconcessão: 
previsão contratual; 
autorização do poder concedente; 
e prévia concorrência (art 26 da lei 8987 de 1995)
Transferência parcial d concessionário ao subconcessionário.
A subconcessão é a situação em que o concessionário irá deixar de executar o serviço público, transferindo todo seu ônus à um terceiro. Ou seja, vai haver uma criação de um novo vinculo jurídico na prestação de um serviço público entre o poder concedente e aquele que recebe a subconcessão, ainda que esse vínculo seja indireto. 
Portanto, neste caso, aquele que venceu a licitação do serviço público irá parar de exercê-lo, e o terceiro que não participou daquela, irá entrar em seu lugar. 
Requisitos:
o contrato de concessão deve ter uma clausula permitindo que seja feita a subconcessão. 
deve haver autorização do poder concedente
deve haver a prévia concorrência pública para decidir quem será o novo concessionário. 
O subconcessionário adquire todos os direitos e obrigações que o concessionário detinha. 
A subconcessão termina no período que aquela concessão deveria terminar. 
Na subconcessão, o vínculo entre o poder concedente e o concessionário não se extingue, mas cria-se um novo vínculo entre o concessionário (agora subconcedente) e o subconcessionário. Ou seja, haverá, nesta, dois vínculos contratuais. 
O subconcedente não se responsabiliza pelo serviço agora transferido à outro, a responsabilidade só será subsidiária quanto aos inadimplementos do subconcessionário. Portanto, se o subconcessionário não realizar seu serviço, o poder concedente poderá responsabilizar o subconcessionário e caso não encontre bens deste, o subconcedente poderá ser o responsável. 
Alteração do concessionário ou de seu controle societário: 
art 27, §1º, I e II, Lei 8.987/95
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.
§1˚ Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo, o pretendente deverá: 
I - Atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e
II - Comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.
Nesta, extingue-se o vínculo entre o poder concedente e o concessionário, criando um vínculo direto entre o poder concedente e o novo concessionário. 
para o novo concessionário deve se fazer uma nova licitação
Pode haver, não a subconcessão, mas a transferência do contrato de concessão, desde que tenha prévia anuência por parte do poder concedente.Pois se não houver a anuência, opera-se uma situação de extinção do contrato. Essa anuência depende de: comprovação de que aquele que pretende exercer o serviço público atende as exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira, e que se comprometa a cumprir com as cláusulas contratuais. 
Quando se opta pela subconcessão ou pela alteração do concessionário? Depende do interesse do poder público. 
A alteração de controle societário equivale-se à alteração da concessão. Ou seja, existe uma semelhança entre eles. Pois na prática, se altera-se o diretor da empresa, está-se trazendo novos administradores para gerir aquela empresa concessionária do serviço, então, ela se equivale à alteração do concessionário. 
Responsabilidade civil e administrativa pelos danos que causar ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros
A concessionária responde civil e administrativamente pelos danos que causar, seja o próprio poder concedente seja aos usuários (é aquele que de fato utiliza do serviço, é aquele para quem o serviço é prestado e que em contraprestação irá pagar a tarifa por aquele serviço) ou terceiros (é qualquer um que não seja usuário, mas que possua sua esfera jurídica afetada por aquela conduta, por exemplo: transporte público que atropela uma pessoa que está fora do ônibus, esta pessoa é um terceiro). 
A responsabilidade civil significa a responsabilidade pecuniária com finalidade de compensar ou reestabelecer uma situação danosa (por exemplo: indenização por dano moral e material). - que alguém paga quando não cumpre uma certa responsabilidade causando um dano a alguém.
A responsabilidade administrativa é a prerrogativa do poder disciplinar da administração pública, ou seja, todos aqueles que estão sujeitos à disciplina do órgão público, responde administrativamente contra as infrações que cometa contra a própria administração. 
O concessionário do poder público está sujeito à disciplina do poder público, e portanto, está sujeito ao poder disciplinar quando praticar infração contra a administração pública, por exemplo: descumpriu uma norma legal, este servidor irá sofrer as penalidades previstas na lei, como multas, advertências, etc. 
Responsabilidade objetiva (art 37, §6º CF) e possibilidade de regresso por ausência ou falha de fiscalização (art. 25 da lei 8.987 de 1995)
A concessionária de serviço público possui obrigações decorrente da norma e obrigações decorrente do instrumento contratual. Esses encargos são obrigações que os concessionários têm mediante o próprio poder concedente, mediante os usuários propriamente dos serviços e mediante terceiros. 
Quando uma obrigação, não é espontaneamente cumprida, surge a chamada responsabilidade. A responsabilidade civil decorre do descumprimento voluntário de uma obrigação; fazendo com que o causador do dano indenize por tal ato. 
A indenização tem caráter reparatória quando o dano é material, restabelecendo o status quo; a indenização tem caráter compensatória quando não há a possibilidade de reparar o dano causado, como por exemplo o dano moral. 
Essa responsabilidade civil, nos termos da constituição, é classificada como objetiva, ou seja, a conduta geradora do dano não precisa necessariamente ser culposa. Aquele agente, que não é agente público, mas que trabalha para uma concessionária de serviço público, vindo causar dano à alguém, faz urgir o dever de indenizar objetivamente, da concessionária, pelo seu agente. 
Art. 37, §6º - as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadores do serviço público responderão pelos danos causados à terceiros, pelos seus agentes. 
Se o Estado responde objetivamente, nada mais justo que o particular prestador do serviço público também o faça. Mas com a ressalva com a possibilidade de regresso por parte do concessionário quando seu agente, por dolo ou culpa, causa o dano. 
Art. 25 - O fato de o serviço público ser de incumbência do Estado, e mesmo ele concedente o serviço público e permanecendo com a incumbência da fiscalização e do controle, isso não exclui a responsabilização do concessionário. 
Ainda que o dever de fiscalização não atenue e nem exclua a responsabilidade do concessionário, ela pode ser suscitada à título de regresso. Então, esse direito de regresso que a concessionaria tem, por conta do dever de fiscalização do Estado, não significa que o concessionário está se eximindo da responsabilidade. 
O que a doutrina entende é a análise ponderada na concorrência de culpa para o dano, ou seja, no caso concreto, verificando-se o evento danoso, há de se apurar o grau de responsabilidade de cada pessoa. Então, em relação à vítima do dano, ele pode deduzir a responsabilidade contra o concessionário, mas este possui direito de regresso contra o agente causador do dano e também contra o Estado em relação ao que ele deveria fiscalizar e não o fez. 
Se o dano decorreu em parte, da falta de fiscalização e controle, o poder público irá responder perante o concessionário, na medida da sua culpa. 
Encargos do poder concedente: 
Art. 29 
O contrato de concessão é comutativo e sinalagmático, estabelecendo obrigações e direitos para ambas as partes. Significa dizer que não só o concessionário possui encargos, mas o poder concedente também. Então vejamos:
Tais encargos decorre do fato de que a prestação do serviço público decorre dele. Ou seja, ele tem o dever de prestar aquele serviço, então, só pelo fato dele delegar tais serviços à outra pessoa, não o exime de seus encargos. 
O poder público, quando decide conceder a prestação do serviço para terceiro, deve regulamentar a execução desse serviço, bem como fiscalizar e controlar a prestação do serviço. Averiguando que o concessionário não cumpriu adequadamente com suas obrigações, surge também o encargo de aplicar a penalidade, e portanto, intervir para que a prestação do serviço se dê de forma adequada. 
Para cumprir adequadamente com esses encargos, é muito importante o papel das agências reguladoras, pois são elas que operacionalizam a regulamentação do serviço prestado pelo particular, e além da regulamentação, exercem de forma mais próxima a fiscalização, o controle e a aplicação das penalidades. 
Como já vimos anteriormente, se o poder concedente tem encargos e obrigações, então o descumprimento dessas obrigações geram o dever de indenizar, é por isso que o concessionário de serviço público tem o direito de regresso em relação ao poder concedente, quando este falha com sua obrigação de fiscalizar e controle. 
Atividade regulatória
Atividade controladora 
Fiscalização do serviço prestado
Eventualmente aplicar as penalidades administrativas ao concessionário que não presta o serviço público de forma adequada.
Promover a desapropriação e instituir a servidão é encargo do poder concedente (poder público). O concessionário só pode instituir atos (prática dos atos de execução) de servidão e desapropriação.
- Responsabilidade objetiva (Art 37, §6º CF c/c 25 da lei 8987)
O poder concedente responde objetivamente sobre os danos causados pelos seus concessionários a terceiros.
- Responsabilidade perante usuários ou terceiros 
Em relação ao direito de regresso que o concessionário possui ao poder concedente, há duas correntes que tratam da responsabilidade civil do poder concedente em relação aos usuários e aos terceiros. 
No tocante aos usuários e aos terceiros, há uma corrente do direito administrativo afirmando que a responsabilidade do Estado (objetiva) é também solidária ao concessionário em relação aos usuários e terceiros – art 37, §6º CF
Uma segunda corrente, majoritária, afirma que a responsabilidade é subsidiária. Então, a responsabilidade do Estado é subsidiária na medida em que, seu dever e obrigações não excluem nem atenuam a responsabilidade do concessionário – art 25 da lei 8.987/95. Portanto, o poder público só responderia pelos danos causados aos usuários e aos terceiros, se o concessionário não tivesse arcado com elas. 
- Responsabilidadepor eventos anteriores ao contrato de concessão (REsp 738026; REsp 782834)
Retomando a tese da responsabilidade subsidiária do poder público, o STJ afirma que o estado responde pelos danos oriundos de eventos anterior ao contrato de concessão. Então, se antes da concessão alguém é vítima de um evento danoso na prestação de serviço público, o poder público responde pelos danos e não a concessionária. Sendo assim, se alguém entrar com um processo após haver a concessão, a responsabilidade do Estado não cessa. Ficando a concessionária com uma responsabilidade subsidirária à ele. 
Direto dos Usuários: art 7º, da Lei 8987 de 1995. 
O art. 7º traz um rol de direitos dos usuários, são eles:
I – Receber serviço adequado;
O poder público tem a obrigação de prestar o serviço adequado (art 6º), por consequente é direito do usuário receber o serviço adequado. 
II – receber do poder concedente e da concessionaria informações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
Receber informações adequadas para a defesa de seus interesses, ou seja, o usuário não pode deixar de ingressar com uma ação, em decorrência da falta de informações.
 
III – obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente. 
Também é direito dos usuários, a pluralidade de prestadores é uma indicação, não uma obrigação, mas quando houve a pluralidade de prestadores de serviço público, é imprescindível que os usuários tenham liberdade de escolha de obter e utilizar desses serviços.
Exemplo: serviço de telefonia, há várias empresas prestadoras desse serviço, o usuário tem o direito de escolher por qual prestadora deseja utilizar. 
Esse inciso não se trata apenas da liberdade de escolha, mas sim aos princípios da continuidade e da generalidade. 
IV – Levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V – Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária na prestação do serviço
Os incisos IV e V tratam sobre aquilo que chamados de obrigação dos usuários, mas essas obrigações também são direitos, ou seja, os usuários devem, mas também podem, por benefício próprio, levar ao poder público as irregularidades referentes aos serviços prestados. 
São direitos pois realizando tais obrigações, eles contribuem para o bom funcionamento dos serviços públicos para ele, e para a coletividade. 
VI – contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços. 
Zelar pelo patrimônio público que são utilizados pela prestação dos serviços. É uma obrigação dos usuários. 
Outro direito dos usuários é o estabelecido no art 7º-A, em que, dispõe sobre o direito de escolha da data do vencimento da cobrança pelo serviço utilizado. 
Serviços adequado: art. 6º, §1º
Código de defesa do consumidor: se aplicável
Quando houver uma relação de consumo, será aplicável o código. Entretanto, por vezes este não será aplicável. 
Se for o caso de aplicar o CDC, haverá outros direitos estabelecidos neste. 
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor
X – A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral 
Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionarias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
OBS: APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:
serviço remunerado por tarifa ou preço público 
serviço remunerado por imposto 
serviço remunerado por taxa
Alguns serviços públicos são prestados indistintamente à todos. E são, em grande parte, remunerados por toda coletividade indistintamente, quando recolhem seus impostos. 
Quando não se trata de um serviço prestado indistintamente à todos, o usuário irá pagar pela prestação do serviço. Então, se o serviço for prestado pelo ente público de forma direta, e havendo previsão legal expressa para isso, a remuneração será feita através de taxa. Então, por exemplo: serviço público jurisdicional prestado pelo Estado, o usuário deste irá pagar uma taxa para utilizado. Esse é o percentual relativo ao valor da causa, que se recolhe ao início do processo, pelo qual, se não feito, não terá andamento. 
Quando o serviço é prestado ao usuário e este paga uma contraprestação direta por aquele serviço, mas não na forma de taxa. Havendo contraprestação pecuniária do serviço sem uma lei que traga a previsão expressa de taxa, esse valor de contraprestação é definido de acordo com uma política tarifária, chamado de tarifa ou preço público. 
Ou seja, a remuneração por tarifa se dá quando a remuneração pelo serviço público não estiver expressa na lei como taxa e esta remuneração se der de forma direta.
Há doutrinas que tratam tarifa ou preço público como sinônimos; entretanto, há doutrinas que fazem uma distinção mais rigorosa, em que diz que a tarifa se dá quando a remuneração pelo serviço público for de forma direta e não estiver expressa na lei como remuneração através de taxa, ao passo que o preço público seria essa mesma subprestação cobrada pelo poder público. 
Há doutrinas que afirmam que quando o serviço público é remunerado por via tributária (imposto e taxa), não se configuraria uma relação de consumo, a relação de consumo só seria configurada quando a remuneração se desse por meio de tarifa ou preço público. Entretanto, esta afirmação não é adequada. 
Intervenção na concessão:
Irregularidade na prestação emergencial substituição do concessionário que, por algum motivo, não consegue executar o objeto do contrato de concessão prerrogativa de promoção de ingerência direta do poder concedente na prestação do serviço delegado, em caráter de controle, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes. 
Se o poder público concedente de um determinado serviço percebe que o concessionário não está cumprindo com o seu dever de prestação de serviço adequado, ocorre uma irregularidade na prestação do serviço público, e essa irregularidade permite/exige uma atuação do poder concedente no sentido de intervir. 
A intervenção é uma figura delineada, específica na concessão do serviço público. Essa intervenção significa uma substituição emergencial do concessionário. É algo que tem alguma semelhança com a figura constitucional com a intervenção, ou seja, na constituição, entende-se que ocorre uma substituição do interventor com outro prestador do serviço público. 
Então, a intervenção é quando o poder concedente afasta o prestador do serviço de forma temporária, assumindo assim, aquela execução. 
A finalidade disso é a prestação de um serviço que atenda adequadamente os interesses da coletividade. 
Neste caso, o contrato de concessão se suspende enquanto o poder público atuar na execução do serviço. Pode ser que dessa intervenção, o concessionário retome à execução, ou pode ser que não. Então, se o prazo de suspensão se der até o termino do contrato, o concessionário não poderá voltar à execução daquele serviço, se a suspensão terminar antes do prazo contratual, o concessionário poderá voltar. 
Requisito da intervenção:
decreto do chefe do poder executivo do poder concedente
Se o serviço é de competência da união, será o presidente que determinará a intervenção, se o serviço é de competência do Estado, será o governador que determinará a intervenção, se o serviço é de competência municipal, será o prefeito. Todos através de decreto. 
O decreto irá nomear um interventor e também determinar um prazo de intervenção, dizer expressamente quais os objetivos dessa intervenção e seus limites. 
É possível que a intervenção seja parcial, portanto, permitindo que o concessionário continue executando parte daquele serviço.Isso tudo é estabelecido no decreto do chefe do poder executivo. 
designação do interventor 
determinação do prazo, objetivos e limites da intervenção 
Resultados da intervenção:
A intervenção pode ter como resultado: 
extinção da concessão: o poder concedente pode concluir que o concessionário é inadequado para aquele serviço e extinguir a concessão. 
devolução da concessão (restauração): quando o serviço é devolvido para o concessionário, ou seja, conclui-se que o concessionário não teve culpa diante das irregularidades do serviço, o poder concedente devolve à execução dos serviços para ele. 
Intervenção especial no serviço público de energia elétrica – Lei n˚ 12.767/2012
Extinção da concessão:
A concessão do serviço possui termo inicial e termo final previamente determinado, então, a forma natural do contrato de concessão é o advento do termo final, ou seja, chegando ao termo final previsto no contrato, essa concessão se encerra e a prestação do serviço é retomada pelo poder público. 
Mas há outras possibilidades de extinção do contrato de concessão. Então, o contrato de concessão pode findar-se antes do seu termo final, sendo elas: 
- encampação: retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização. 
A encampação se dá quando o poder concedente retoma para si a execução do serviço público, tendo como justificativa o interesse público, portanto nesta, não há uma justificativa específica, não há um fato específico para que haja a encampação. E sim, apenas uma discricionariedade pelo poder público em razão da conveniência. 
Neste, por não haver causa pelo concessionário para extinguir o contrato, este fica à mercê do poder concedente, e para que ele não sofra com a extinção repentina, a encampação exige-se uma autorização prévia específica e se aprovado por lei, deve haver a indenização ao concessionário dos prejuízos que ele vier a ter com a extinção do contrato. 
- caducidade: rescisão unilateral do contrato de concessão, por iniciativa do poder concedente, em razão da inexecução ou do inadimplemento total ou parcial por parte do concessionário, havendo direito de indenização a posteriori (§§4º e 5º)
A caducidade encerra o contrato pelo poder concedente em razão de uma inadimplência de uma clausula legal ou contratual pela concessionária. 
Se o concessionário descumpre uma norma, ele não pode alegar ser surpreendido com a extinção do contrato, pois ele deu causa à extinção. 
Nos casos de caducidade o poder público retorna a execução do serviço, e vai indenizar o concessionário à posteriori. Então, o concessionário, mesmo que inadimplente, deve ser indenizado. Mas por ele ter dado causa a extinção do contrato, a indenização não será prévia, mas sim, posteriormente. 
Se não há necessidade de autorização legislativa, o instrumento legal que determina a extinção do contrato é um ato emanado pelo próprio chefe do poder executivo (através de decreto). 
A caducidade está prevista no artigo 38, caput, da lei 8987. O poder concedente verificando a inadimplência por parte do concessionário, pode excluir o contrato e aplicar as penalidades deste. Mas, também pode aplicar as penalidade e manter o contrato. Portanto, a extinção do contrato é uma faculdade do poder concedente. 
A extinção do contrato só não será uma faculdade, nos termos do artigo 27, é esta: a transferência de concessão sem previa anuência do poder concedente, implicará a caducidade da concessão. Ou seja, se o concessionário transferir a concessão sem previa anuência do poder concedente, implica imediatamente a caducidade. 
Para que se tenha a penalidade de caducidade, é necessário um procedimento administrativo que garanta ao concessionário o direito ao contraditório e a ampla defesa (art. 38, §2º).
Antes de se instaurar o processo administrativo, é possível, nos termos do art. 38, §3º, que o poder público dê ao concessionário a oportunidade de corrigir falhas que tenha como significado o adimplemento contratual. Para isso, o poder concedente deve determinar um prazo para tais correções. Se as correções não forem feitas neste prazo, torna-se obrigatória a extinção do contrato pela caducidade. 
Em relação a este parágrafo 3º, há duas correntes quanto a obrigatoriedade da correção das falhas: uma corrente afirma que é prerrogativa do poder público dispensar a possibilidade de correção dessas falhas. Já outra corrente acredita que a oportunidade de correção deve ser obrigatória. 
A mais adequada delas seria a de ser obrigatória a possibilidade de correção, pois se o poder público quiser retomar a execução pelo serviço público, ele deve garantir a prestação do serviço público antes. Então, somente se não houver tal correção no prazo determinado, é que se instaura o processo administrativo para fim de rescisão do contrato pela caducidade. 
Art 38, §6º - Declarada a caducidade, implicando na retomada da execução do serviço pelo poder público, ao retomar o serviço, o poder público não responde pelos atos do então concessionário na execução do serviço público. Ou seja, o que se ausenta é a responsabilidade sobre os encargos eu a concessionária contraiu para a execução do serviço público, como por exemplo: contratos que obtiveram para a contratação de mão de obra, produtos, etc. 
A responsabilidade que se dispõe neste parágrafo, nada tem a ver com a responsabilidade sobre os danos causados à terceiros ou usuários. Pois neste, tanto o poder público quanto a concessionária ainda se responsabilizam. 
Isso não impede que o concessionário discuta o valor de indenização ao poder público. 
- rescisão: extinção do contrato por iniciativa do concessionário, em razão de fato justificado e superveniente à celebração do instrumento (descumprimento de normas contratuais, de lei ou dos regulamentos disciplinadores da concessão)
Após o contrato, um fato relevante ocorre para que o concessionário requeira a extinção. 
O principal critério de extinção entre a rescisão e as demais modalidades é quem postula a extinção da concessão. 
No caso da rescisão, o concessionário pode postular a extinção do contrato diretamente com o poder concedente, e se este acata suas razões, há uma rescisão bilateral deste contrato. 
Neste caso, as partes também deverão transigir, acordar sobre as indenizações. 
Não havendo o acordo, se o poder concedente não acatar a postulação de rescisão é obrigatória a via judicial, ou seja, não pode o concessionário simplesmente notificar o poder concedente e parar de executar o serviço. Cessar a execução do serviço demanda obrigatoriamente uma decisão judicial. 
Não havendo rescisão bilateral, só é possível que o concessionário deixe de executar o serviço por autorização judicial expressa. 
OBS: Tanto a encampação quanto a caducidade, extingue-se a concessão por iniciativa do poder público, já a rescisão extingue a concessão por iniciativa do concessionário. 
- anulação: extinção do contrato em razão de vício de legalidade reconhecido administrativa ou judicialmente (efeito ex tunc)
Quando uma norma contratual possui vício de legalidade, o contrato pode ser anulado pelo próprio poder concedente ou pelo concessionário. 
No caso de anulação, existe um fato concomitante que motiva a anulação do contrato, já que existe desde sua assinatura. 
Se a ilegalidade é verificada pelo próprio poder concedente, ele pode administrativamente reconhecer aquele vício e anular, de ofício, aquele contrato (princípio da autotutela).
Mas a anulação pode ocorrer também em âmbito judicial, ou seja, quando alguém postula em juízo (ação popular) a declaração de ilegalidade da clausula contratual, o judiciário é quem anula aquele contrato. 
- falência ou extinção da concessionária: lei 11101 de 2005
Art 195 – a decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinção da concessão,

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