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TCC SERVIÇO SOCIAL E ADOÇÃO (2)

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49
 
Sistema de Ensino Presencial Conectado
serviço social
Estephany de mesquita magalhães
Serviço social e adoção:
As contribuições do assistente social neste processo.
Sobral
2014
estephany de mesquita magalhaes
Serviço social e adoção:
As contribuições do assistente social neste processo.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de 
Bacharel
 em 
Serviço Social
.
Orientador: 
Prof.
 
Maria 
Angela
Sobral
2014
ESTEPHANY DE MESQUITA MAGALHÃES
Serviço social e adoção:
As contribuições do assistente social neste processo.
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, apresentado à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, no Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Serviço Social, com nota final igual a _______, conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
______________________________________________
Prof.(a) Orientador(a) Márcia Maria Santos Silva
Universidade Norte do Paraná
______________________________________________
Prof.(a) Renata Castro da Ponte
Universidade Norte do Paraná
______________________________________________
Prof.(a) Maria Aparecida Mesquita Sousa
Universidade Norte do Paraná
Sobral, ______ de ___________ de 2014
Londrina, _____de ___________de 20___.
Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiou em minha formação. Mas principalmente a minha mãe, que é meu exemplo de mulher guerreira e que sempre acreditou em minhas conquistas, apoiando e colaborando no meu desempenho acadêmico.
agradecimentos
Primeiramente a Deus, que proporcionou esta caminhada, ajudando a superar todos os obstáculos até aqui e que nos ilumina todos os dias.
A minha mãe e a minha família que acompanharam todo este percurso sempre incentivando a continuar.
A tutora de sala Renata Ponte, que nos acompanhou e orientou durante os últimos e mais difíceis semestres letivos, colaborando significativamente para o alcance de nossas metas.
Aos professores que contribuíram para a nossa formação acadêmica, com todo conteúdo disciplinar oferecido.
As minhas colegas de sala, algumas em especial, que sempre contribuíram durante esses longos períodos do curso, principalmente nas atividades em grupo.
A nossa orientadora Márcia Santos, que colaborou de forma significativa para a execução deste trabalho.
E, finalmente, as minhas supervisoras de estagio, Edna Pacheco e Nízia Araujo, que sempre sanaram as dúvidas e colaboraram para a aprendizagem em campo, e sem a orientação e auxilio delas não estaria aqui.
MAGALHÃES, Estephany de Mesquita. Serviço Social e Adoção: as contribuições do assistente social neste processo. 2014. 50 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Sobral, 2014.
RESUMO
O presente trabalho analisará o contexto histórico do serviço social frente ao processo de adoção, juntamente a importância da atuação dos profissionais durante tal processo. O assistente social é categoria profissional estabelecida por lei na legislação federal, e está inserido em vários campos de atuação social como saúde, educação assistência e juizado da criança e adolescente, com enfoque na presença em equipe técnica de processos de adoção. O presente estudo tem como objetivo compreender a atuação do assistente social frente ao processo de adoção em face da jurisdição e aspecto social que tal instituto abrange, contextualizando a trajetória do serviço social e do processo de adoção chegando até os dias atuais e as contribuições de tal profissão à esse instituto. Neste enfoque, percebe-se, a importância deste estudo a respeito do conhecimento sobre a atuação do assistente social no processo de adoção visto que este compõe uma das áreas de atuação da categoria profissional.
Palavras-chave: Serviço Social. Adoção.
MAGALHÃES, Estephany de Mesquita. Social Service and Adoption: The contributions of the social worker in this process. 2014. 50 sheets. Completion of course work (undergraduate Social Work) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Sobral, 2014.
ABSTRACT
This paper will examine the historical context of social services across the adoption process along the importance of the work of professionals during this process. The social worker professional category is established by law in federal law, and is inserted in various fields of social action such as health, education and care of children and teen court , focusing on the presence of crew adoption processes . This study aims to understand the role of the social worker against the adoption process in the face of the court and social aspect that covers such institute, contextualizing the history of social work and adoption process coming to the present day and the contributions of such profession at this institute. In this approach, it is noticed, the importance of this study about the knowledge on the role of social worker in the adoption process as this makes up one of the areas of the profession
Key-words: Social Services. Adoption.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	ABNT
	Associação Brasileira de Normas Técnicas
	UNOPAR
	Universidade Norte do Paraná
	CEAS
	Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo
	ECA
	Estatuto da Criança e do Adolescente
	CFAS
	Conselho Federal de Assistência Social
	CFESS
	Conselho Federal de Serviço Social
	CRESS
	Conselho Regional do Serviço Social
	IAPs
	Instituto de Aposentadorias e Pensões
	ECA
	Estatuto da Criança e do Adolescente
	a.C
	antes de Cristo
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	8
2	SERVIÇO SOCIAL	10
2.1	QUESTÃO SOCIAL E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL	10
2.2	O SERVIÇO SOCIAL NO CENARIO BRASILEIRO	19
3	ADOÇÃO	27
3.1	CONTEXTO HISTÓRICO E JURIDICO	27
3.2	CONCEITO E REPRESENTAÇÃO SOCIAL	31
3.3	TIPOS DE ADOÇÃO	34
4	SERVIÇO SOCIAL NA ADOÇÃO	41
4.1	PROCESSO DE ADOÇÃO	41
4.2	O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ADOÇÃO	44
5	CONCLUSÃO	47
REFERÊNCIAS	48
INTRODUÇÃO
Desde as sociedades primitivas a prática da assistência sempre foi um aspecto presente em diversas culturas. Pobreza, fome e miséria sempre foram cenários comuns em diferentes sociedades e épocas, porém em um determinado período tais fatores se agravaram necessitando de uma intervenção menos paliativa e mais profunda por parte do estado e da sociedade nascendo assim o Serviço Social. Que surgiu inicialmente com o intuito de amenizar conflitos sociais/trabalhistas, hoje se constitui em profissão regulamentada por lei que possui diferentes campos de trabalho e ações, como saúde, educação, assistência e juizado da infância e adolescente, com destaque de trabalho nos processos de adoção.
O processo de adoção no Brasil consisti em processo jurídico, que visa transferir os direitos de pais biológicos a famílias substitutas. Tal instituto advém de séculos atrás encontrando-se presente em varias civilizações antigas e até mesmo na bíblia. Contudo com o passar das eras esse processo foi-se modificando e reformulando-se para melhor atender aos seus objetivos.
Hoje, no Brasil, a adoção conta com legislações referentes as diretrizes processuais, como o estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Adoção – Lei 12.010 de 2009 – tais legislações visão reforçar o processo de adoção legalmente, contando com uma equipe técnica que opera em prol do menor assessorando a decisão do juiz.
Nesta equipe técnica apresenta-se o profissional de Serviço Social, como instrumento importante na concessão da adoção, pois é função destefazer o estudo de caso no estagio de convivência entre a criança e a futura família, disponibilizando ao final seu parecer técnico perante o caso, através do qual o juiz dará a sentença final, favorável ou não.
O presente estudo tem por objetivo geral compreender a atuação do assistente social frente ao processo de adoção em face da jurisdição e aspecto social que tal instituto abrange. Para atingir tal objetivo o estudo aborda os seguintes objetivos específicos:
Contextualizar a trajetória do Serviço Social desde seu surgimento na Europa até os dias atuais no contexto contemporâneo brasileiro. 
Conhecer o contexto histórico da adoção, bem como seu processo de reconhecimento e o papel que exerce na sociedade atual.
Analisar as contribuições do Assistente Social frente ao processo de adoção.
Para o alcance de tais objetivos utilizamos como metodologia a pesquisa bibliográfica através de artigos acadêmicos retiradas de sítios eletrônicos e livros de autores da área abordada para que se possa compreender a atuação do assistente social diante do processo de adoção. 
Percebe-se neste enfoque a importância para os acadêmicos do conhecimento sobre a atuação do assistente social no processo de adoção visto que este compõe uma das áreas de atuação da categoria profissional. Em concordância à pesquisa realizada o presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma:
O primeiro capítulo aborda o contexto histórico do Serviço Social até a cena contemporânea brasileira. No segundo capitulo será discutido o contexto da adoção desde os primeiros fatos ocorridos historicamente, o conceito e a representação social de tal instituto e as modalidades cabidas neste processo. No capitulo final será abordado o processo jurídico da adoção bem como a importância da atuação do assistente social neste processo.
Busca-se com uma abordagem geral sobre o tema, bem como uma análise crítica dos objetivos, compreender a importância do profissional de Serviço Social como ferramenta de resolução no processo de adoção.
Serviço social
O Serviço Social, enquanto profissão, na maioria dos países, encontra-se estreitamente ligada às relações capitalista. Uma vez que o sistema capitalista gera desigualdades sociais e má distribuição de renda, originando, desta forma, indivíduos em situação pobreza e miséria, sem as mínimas condições de subexistência.
Sua origem é distinta, e advém de séculos passados, inicialmente, concebido pela burguesia, para “acalmar” a classe proletária insatisfeita com as condições de trabalho instituídas pela classe detentora do capital. Posteriormente o Serviço Social foi-se expandindo através dos países estando sempre vinculado a práticas caritativas e de cunho religioso, buscando entre suas práticas, inicialmente assistencialistas, a racionalização teórica para a profissão.
Para Martinelli:
É uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, gestada sob o manto de uma grande contradição que impregnou suas entranhas, pois produzida pelo capitalismo industrial, nele imersa e com ele identificada “como a criança no seio materno” (Hegel, 1978, § 405: 228), buscou afirmar-se historicamente – sua própria trajetória o revela – como uma prática humanitária, sancionada pelo Estado e protegida pela Igreja, como uma mistificada ilusão de servir. (p.66, 2000)
QUESTÃO SOCIAL E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL
A questão social se expressa como um conjunto de relações ligadas ao processo capitalista revelando desigualdades sociais em níveis alarmantes tais como: pobreza, fome, insalubridade. 
Na idade media o trabalho se instituía em uma estrutura familiar, onde a família trabalhava durante o dia nas terras dos senhores feudal para prover sua subsistência, e manter a lavoura do senhor (SIKORSKI,2009, p.3). A pobreza nesse período era um fator comum, porem controlado, com o passar dos tempos o comercio foi se expandindo e consequentemente as cidades, onde ocorriam às trocas de mercadoria, a população foi deixando o campo dando origem aos aglomerados urbanos e ao sistema capitalista. 
O surgimento da Revolução Industrial, ao longo do século XIX, surgida inicialmente na Inglaterra, instituiu um novo modelo de manufatura na Europa, que deu ênfase as bases industriais, com surgimento de máquinas e novos processos de trabalho.
Tratava-se de um tempo marcado não somente pelas grandes invenções que revolucionaram as técnicas e os processos produtivos, mas também pelo surgimento e ascensão do capitalismo industrial, trazendo consigo uma revolução econômica e social sem precedentes. Caracteriza-se por um novo modo de produção, desenvolvido em um espaço específico – a fábrica, a indústria –, exigindo uma demanda contínua de mão de obra, com formas coercitivas de recrutamento para satisfazer o ritmo da produção fabril, levando uma concentração de trabalhadores a viver nos arredores da fábrica. (BOGADO; BRANCO, p.118/119, 2009) 
Este novo conceito de produção deixa de representar a simples natureza de transação monetária, no momento em que a propriedade dos meios de produção começa a ser encarado com um novo sentido. Segundo Marx (apud Martinelli, 2000), “o capital é uma relação social e o capitalismo um determinado modo de produção, marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação do processo de produção pelo capital.” Esse novo processo de produção surgido, origina uma nova ordem social, onde a propriedade dos meios de produção estava concentrada em posse de uma classe que representava a minoria da sociedade, denominada burguesia, refletindo no aparecimento de uma segunda classe que nada possuía além da sua força de trabalho, o proletário (Bogado; Branco, 2009).
O conceito de propriedade de terra, gerado pelo capitalismo, tornava os camponeses “trabalhadores livres” o que promoveu a drástica ruptura entre esses trabalhadores e o campo, pois a terra antes comum a todos, não mais provia formas de subsistência, transformando-os em mão-de-obra urbana. Esse cenário acaba permitindo a marcha expansionista da Revolução Industrial, de forma que os detentores de capital conseguem suprir as demandas de força de trabalho em um primeiro momento. Para Dorigon: 
Os camponeses, com a concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos, perderam os meios de produção e não tiveram outro caminho a não ser vender sua força de trabalho ao capitalista em troca de um salário, o que intensificava a separação entre trabalhadores e meios de produção. (p. 70, 2006).
BOGADO; BRANCO (2009) coloca que essa transformação capitalista que propicia à concentração de operários próximos a indústria, faz surgir as “cidades industriais, condição necessária ao capitalismo”. Dispõe também, que a classe burguesa tratava a população operária com submissão e “abusiva exploração”, nesse momento o Estado, por sua vez, encontrava-se estreitamente ligado à burguesia, subordinando-se de forma a estabelecer uma legislação incabível ao proletário, pois se compunha de leis que protegiam e colaboravam com a ascensão do capital e de seus possuidores, conferindo à classe operária, inúmeras e difíceis situações no que concerne a esfera social. Martinelli (1991, p.55) explicita que a classe trabalhadora era visualizada “como um mero atributo do capital, como um modo de existência deste, os capitalistas não hesitavam em criar formas coercitivas de recrutamento do operariado e de sua abusiva exploração”.
Na intenção de tornar seus produtos competitivos e aumentar os lucros, a burguesia industrial pagava baixos salários e expunha seus operários a exaustivas jornadas de trabalho. Como consequência, péssimas condições de vida e altos índices de acidentes de trabalho. Como Dorigon afirma:
Num primeiro momento as fábricas surgiam com uma forma tenebrosa, em grandes edifícios lembrando quartéis, com chaminés, apitos e grande número de operários. O ambiente interno era inadequado e insalubre, com pouca iluminação e ventilação deficiente; ou seja, apresentava condições precárias, era abafadoe sujo, o que de certa forma propiciava a infestação de doenças. [...] 
A remuneração dos operários era insignificante, pois não conseguiam manter sua família em suas necessidades básicas Por sua vez essa situação levava à requisição do trabalho das crianças e das mulheres, cujos salários, entretanto, eram mais baixos ainda que os dos homens e levam à corrosão da saúde e à exaustão. (p. 80/81, 2006)
Os operários eram levados a morar em cortiços sem as mínimas condições de higiene, o que resultava na propagação de doenças e epidemias. Essa situação provocou inúmeros conflitos entre patrões e empregados. A burguesia controlava o Estado e considerava a questão trabalhista caso de policia, estando protegidos pela lei que estipulava multas aos operários por irregularidade ou má execução do trabalho, controlava o horário e a utilização das maquinas e ferramentas (Martinelli, 2000).
Tais experiências de subordinação e humilhações levam a organização da classe operaria na luta por melhores condições de trabalho e direitos sociais. O Estado sentindo-se ameaçado, e em resposta a esses conflitos aufere a revogação da Lei dos Pobres. 
Esta lei, firmada primeiramente, pela rainha Elizabeth I, por volta de 1601 (SIKORSKI, p.6) se tratava de um estatuto que reunia normas de acolhimento aos pobres, classe em constante expansão devido aos crescentes meios capitalistas que levaram a população para a cidade em busca de trabalho. Esse conjunto de leis, não visava assistência como um meio de melhoria de condições de vida, mas sim uma forma de controlar e amenizar os problemas sociais causados pela expansão do capitalismo. A lei dos pobres defendia o fim da vagabundagem e da mendicância, o individuo que vivia na rua deveria obter assistência da igreja recebendo condições de sobrevivência (comida e moradia), sendo levados à indústria em detrimento do aumento da produção capitalista (SIKORSKI, 2006, p.8). A revogação desta lei foi concebida em 1834 “para administrar o auxílio aos pobres, de acordo com as leis já existentes antes desse período” (DORIGON, p.67).
[...] o objetivo maior dessa lei era administrar o auxílio aos pobres da Inglaterra, bem como impedir o homem produtivo de reivindicar ajuda, prover refúgio para o doente e desamparado, formando um grupo para gerenciar as instituições que estavam sendo organizadas e executar a lei, como estabelece o parágrafo 15 da lei de 1834. (DORIGON, p.67)
Martinelli acrescenta: 
Com a reformulação da lei, que nada perdeu de seu caráter rigoroso e excludente, foram criadas as Casas de Trabalho e instituídas as Caixas dos Pobres para concessão de auxilio dependiam de rigoroso inquérito da vida pessoal e familiar dos solicitantes. [...] O atendimento implicava assumir-se como dependente do poder público e, portanto, preso a uma vida controlada por normas e regulamentos. (MARTINELLI, 1991, p.58)
Bogado; Branco (2009) expõem que, ainda assim, permanecia forte a dominação e exploração dos burgueses sempre buscando artifícios para viabilizar e consolidar seus interesses, reproduzindo o aumento intensivo da pobreza e miséria, mesmo com a evidente insatisfação da classe trabalhadora. Neste âmbito, encontrava-se a necessidade de implantar um regime para conter as manifestações operárias e os crescentes problemas gerados pelo aumento incoercível da pobreza.
Os autores reassaltam também que em resultado a esse contexto conflituoso a burguesia decidiu aplicar práticas assistencialistas findando validar o poderio e a situação subumana a que a classe trabalhadora estava fadada a vivenciar. Tais práticas, contando com mecanismos legais, provia em sua essência sustentar e manter a ordem imposta pela burguesia, tornando tais feitos legítimos de garantias incontestáveis e aceita pelo proletariado, população ao qual estava destinada. 
Entretanto, as expressões da questão social imposta pelas relações contraditórias da relação social capital versus trabalho –, más condições de trabalho, salário incompatível, carga horária abusiva, pobreza, miséria, exploração – não foram sanadas e a crescente insatisfação da população operária era evidente.
Com o acirramento da pobreza nas décadas iniciais da segunda metade do século XIX, membros da alta burguesia, vinculados à Igreja Evangélica e motivados por autoridades locais, reuniram-se com o objetivo de estudar a reforma do sistema de assistência pública inglesa, pois a forma anacrônica de atuação desse sistema, com base na experiência pré-capitalista posta por ações individualistas reducionistas, não mais atendia às mudanças provocadas pela revolução Industrial e pela explosão de seqüelas sociais. (BOGADO; BRANCO, 2009, p.121)
Com o intuito de reduzir tais conflitos sociais, os burgueses recorreram aos filantropos, estudiosos que tinham como filosofia que as contradições impostas pelo capitalismo deveriam cessar, sem eliminar os burgueses, mas sim tornando todos os homens burgueses (MARTINELLI, 2000). Tais estudiosos denominavam-se “reformistas sociais”, e objetivavam impor novas práticas sociais que atendesse as controversas relações sociais existentes que incidiam sobre o proletário refletindo-se na hegemonia burguesa. A burguesia aliando-se aos reformistas visava uma reforma que constituísse a consolidação do modo de produção capitalista, desta forma os transformou em agentes sociais, responsáveis por disseminar o discurso de socialização ideológica burguesa, com estratégias garantidoras “da manutenção e expansão da ordem capitalista”. (BOGADO; BRANCO, 2009)
Ocultando suas reais intenções em um abstrato discurso humanitário, baseado na igualdade e na harmonia entre as classes, a prática social burguesa procurava gerar a ilusão de que havia, por parte da sociedade, um real interesse pelas condições de vida da família operária, por seu salário, por suas condições de habitação, saúde, educação. Assim, atendendo às determinações da burguesia, colocando-se a seu serviço, os reformistas, eles próprios, membros da classe burguesa, proporcionaram todas as condições para que a prática social fosse plasmada de acordo com seus interesses de classe, fazendo da face da prática social a face da burguesia, que era, na verdade, a face dominante da sociedade européia durante toda a primeira metade do século XIX. (MARTINELLI, 1991, p.65)
Em meio ao cenário de autoritarismo burguês e a tentativa de consolidação dos meios de produção capitalista a classe operária estimula a unificação dos sindicatos nacionais, impulsionando a novas manifestações advindas destes meios. Na tentativa de refrear tais acontecimentos, Estado, Igreja e burguesia aliam-se em um compacto bloco político a fim de conter as expressões sociais e políticas da classe. Essa aliança resultou, na Inglaterra, a criação da Sociedade de Organização da Caridade, reunindo os reformistas sociais que assumiram diante da sociedade vigente a responsabilidade pela normatização, racionalização e execução da prática de assistência. Martinelli (1991) destaca que “surgiam, assim, no cenário histórico os primeiros assistentes sociais, como agentes executores da prática da assistência social, atividade que se profissionalizou sob a denominação de ‘Serviço Social’, acentuando seu caráter de prática de prestação de serviços”.
O Serviço Social origina-se como profissão, marcado profundamente pelo capitalismo em face do conjunto de variáveis que a ele estão aliados – alienação, contradição, antagonismo –, foi nesse cenário intenso de conflitos que ele foi gerado e desenvolvido.
O Serviço Social já surge, portanto, no cenário histórico com uma identidade atribuída, que expressava uma síntese das práticas sociais pré-capitalistas – repressoras e controlistas – e dos mecanismos e estratégias produzidas pela classe dominante para garantir a marcha expansionista e a definitiva consolidação do sistema capitalista.
[...]
Transitando contraditoriamente entre as demandas do capital e trabalho, e operando sempre com identidade que lhe fora atribuída pelo capitalismo, o Serviço Social teve roubadasas possibilidades de construir formas peculiares e autenticas de prática social, expressando-se sempre como um modo de aparecer típico do capitalismo, em sua fase industrial. (MARTINELLI, 1991, p.67) 
A partir desse momento histórico, as práticas assistenciais passam a ser mantidas, na Inglaterra, pela Igreja através da Sociedade de Organização da Caridade e o Serviço Social não passava de um instrumento burguês para a consolidação do capitalismo. Engendrando seus agentes na “ilusão de servir e seus destinatários na ilusão de serem servidos” mascarando desta forma, suas reais intenções. Tal sociedade partia da premissa de que apenas refreando os movimentos trabalhistas, assim como suas manifestações, mantendo um domínio sobre os aspectos da questão social é que se poderia garantir a organização social adequada. A assistência cumpria, nesse período, a função econômica de assegurar a expansão do capital expressando-se em sua função ideológica, explícita repressão sobre a organização proletária. Contudo os movimentos organizados pelos operários tornavam-se cada vez mais organizados politicamente, gerando uma presença marcante no cenário social, em meio ao fenômeno que se tornara mundial, e de extensão: a pobreza, necessitando de medidas urgentes por parte das autoridades ligadas a esfera social. Novamente a burguesia necessitou rever suas estratégias de prática social cobrando da Sociedade de Organização da Caridade medidas efetivas que pudessem conter os aspectos mais expressivos da questão social.
O agravamento da situação dava-se de forma tão intensa que, em 1851, Florence Nightingale, enfermeira pertencente à alta sociedade inglesa, tomou conhecimento de trabalhos desenvolvidos na Alemanha e na França, no âmbito da assistência a enfermos, e resolveu estagiar nestes locais para conhecer melhor tais praticas sociais desenvolvidas nestes países. Nos dois locais a preocupação mais iminente era com os pobres e os doentes e a realização de visitas domiciliares como método de amenizar os sofrimentos físicos e sociais. Estes trabalhos desenvolvidos por Nightingale, situando a visita domiciliar como instrumento eficaz de práticas educativas, foi determinante no processo de racionalização da assistência e sua sistematização em bases cientifica. Para Martinelli (1991, p.103):
O contato direto com a família operaria era muito valorizado nesta época, pois, segundo a concepção da burguesia, tanto seus problemas de subsistência como suas reivindicações no contexto de trabalho eram relacionados com ‘problemas de caráter’. Foi com base nessa concepção que a Sociedade de Organização da Caridade adotou e difundiu a idéia da assistência social como uma ação de ‘reforma do caráter’.
Sob o exemplo de Florence Nightingale e Octavia Hill, que originou um trabalho de instrução familiar e social em Londres, Charles Loch, em 1875 (MARTINELLI) através da Sociedade de Organização da Caridade, deu inicio às suas atividades nesta área, seguindo as experiências e práticas adquiridas por estas, defendeu também a ideia de um local destinado ao atendimento às famílias operarias e em situação de desemprego e abandono social. Com o apoio de membros da igreja, Loch conseguiu implantar, em Londres, um Centro de Ação Social, com o intuito de ampliar tais trabalhos em setores de educação familiar sobre higiene e saúde, além dos demais. Com tais trabalhos desenvolvidos na intenção de reorganizar a assistência sob os padrões do domínio burguês, a Sociedade de Organização da Caridade, ganhou força e expandiu-se através dos países alcançando a América, defendendo a ordenação da assistência em fundamentos científicos. 
Em 1897(MARTINELLI), Mary Richmond – membro integrante da Sociedade de Organização da Caridade de Baltimore –, participando das ideias de constituição da escola de Serviço Social, propôs a criação de uma escola de ensino de filantropia aplicada, na Conferencia Nacional de Caridade, acontecida em Toronto, com o intuito de formação teórica e profissionalização dos “agentes sociais”. Richmond defendeu a utilização da investigação domiciliar como ferramenta principal para realização do diagnostico social.
Segundo Oliveira apud Bogado e Branco (2009):
Mary Richmond foi pioneira no Serviço Social, por sistematizar sua construção prática. Preocupou-se em conhecer, na Assistência Social, o que era questionado pelos agentes sociais ao concederem o auxilio e como se comportava a pessoa que o recebia. A partir dessas indagações, procurou caracterizar o problema social, conceituando pessoa e mundo, considerando que o individuo só pode ser pessoa se participa do meio social.
A partir da ideia divulgada por Richmond durante a Conferência em Toronto, iniciou-se em Nova York o primeiro curso dedicado ao ensino da ação social ou aplicação cientifica da filantropia, como Mary Richmond preferia chamar (MARTINELLI). Esse ato gerou, posteriormente, a fundação da Escola de Filantropia Aplicada que desenvolveu cursos visando à formação de agentes sociais voluntariados. Ao passar dos anos e aumentar das crises que regiam os continentes de economia capitalista, as escolas de Filantropia Aplicada começam a ser ampliadas e difundidas por toda a Europa e America, partindo ainda da mesma premissa que a problemática social estava relacionada a transtornos de caráter da população menos abastada. 
Para Martinelli:
Acolhendo a concepção dominante na sociedade burguesa de que aos problemas sociais estavam associados problemas de caráter, Richmond concebia a tarefa assistencial como eminentemente reintegradora e reformuladora do caráter. Atribuía grande importância ao diagnóstico social como estratégia para promover tal reforma e para reintegrar o individuo na sociedade. (grifo do autor)
O crescimento das escolas de Filantropia Aplicada permitiu ordenar a ação assistencial sob procedimentos técnicos especializados, nesta perspectiva, a assistência passava de organização caritativa de cunho religioso a ações relacionadas a propósitos mais abrangentes, realizar tais práticas sociais exigia o domínio sobre seus fundamentos e procedimentos que lhe eram próprios, com objetivos mais amplos firmava-se em bases mais consistentes.
Martinelli ressalta que a intenção inicial e primordial era tornar a ação destes reformistas sociais, marcantes de uma forma distinta, desviando-se dos objetivos implantados durante o período feudal e pré-capitalista veiculando-a como um novo meio de abordagem da “questão social”, no entanto, ainda desprovida de uma sistematização profissional para inserção na divisão social de trabalho. Nessa nova fase, expressões como caridade, assistência e filantropia aplicada não mais satisfazia a real intenção desse “trabalho social”, como Richmond tratava e que agradou os interesses burgueses, pois favorecia a legitimação do conceito de que se tratava de uma atividade destinada a auxiliar a família trabalhadora e de que “o agente profissional também era um trabalhador” (MARTINELLI. 1991).
Para Bogado e Branco (2009):
O processo de institucionalização do Serviço Social caminhava a passos largos. Crescia a penetração de seus agentes sociais não apenas em instituições de natureza públicas, mas também privada. Os cursos de qualificação para o exercício da ação social multiplicavam-se, acompanhado da expansão das escolas.
Realizou-se em Nova York, em 1916, a I Conferencia Nacional de Trabalhadores sociais (MARTINELLI, 1991), evento no qual, representando as Sociedades de Organização da Caridade americanas, Mary Richmond que há muito vinha estudando bases cientificas para a consolidação da assistência e sua aplicação técnica, defendeu a concepção de que essa nova profissão deveria receber oficialmente a designação de Trabalho Social e seus profissionais de trabalhadores sociais, pois considerava que esta denominação deixava clara a diferença entre a nova categoria profissional dos procedimentos caritativos desenvolvidos anteriormente. 
De acordo com Martinelli (1991), tais práticas continuavam, na Europa, fortemente entrelaçadaas bases da Igreja sendo denominadas de Serviço Social, como a atividade de servir, de doação, e seus agentes executores de assistentes sociais, desvinculado totalmente de uma racionalização profissional. Enquanto as Sociedades de Organização da Caridade americanas defendiam o processo sistemático desta nova categoria profissional, na tentativa de desvincular-se do domínio religioso imposto, até pouco tempo, pela igreja, as europeias colocavam-se inteiramente a disposição da disseminação da “caridade” conforme influencia desta.
Para Bogado e Branco (2009):
Desta forma, em uma trajetória histórica, os caminhos percorridos pelo Serviço Social, assim como seus espaços geográficos de atuação, foram se diferenciando, remetendo a operacionalização da prática e a organização da categoria profissional a diferentes patamares.
Assim não perdemos de vista as circunstancias sob as quais surgiu o serviço social, e ainda, a qual necessidade histórica esta profissão veio atender [...] Nessa perspectiva, entendemos que o Serviço Social surge como mais uma das estratégias do capital para manter sob controle as necessidades dos trabalhadores.
o SERVIÇO SOCIAL no cenario brasileiro
O surgimento do Serviço Social, no Brasil, assim como na Europa, encontra-se estreitamente ligado as relações capitalistas e as condições de vida impostas pelos burgueses ao proletário, embora partindo de fenômenos conjunturais distintos, uma vez que o fim da escravidão era um fenômeno recente na historia do país e que o advento da questão social está intimamente ligado ao desenvolvimento alargado do trabalho livre. 
Espelhando-se sempre no modelo europeu, as primeiras práticas assistenciais, no país, foram resultados de iniciativas particulares de setores da burguesia fortemente relacionadas à Igreja Católica, objetivando coibir os avanços das manifestações organizadas pela classe operária. Martinelli (1991) afirma que, também no Brasil, a concentração capitalista deixava as origens da produção agrária, concentrando-se no mercado de trabalho urbano na consolidação das indústrias e atividades fabris incorporando sua economia ao mercado mundial. Dentro deste quadro histórico-conjuntural, origina-se um seguimento em que:
A luta pela vida, pela sobrevivência, pelo trabalho, pela liberdade levava o proletário a avançar em seu processo organizativo, o que era visto com muita apreensão pela burguesia. Unindo-se ao estado e à Igreja, como poderes organizados, a classe dominante procurava conceber estratégias com força disciplinadora e desmobilizadora do movimento do proletariado. Porém, os antagonismos que marcavam as relações sociais do sistema capitalista e que penalizavam o trabalhador e sua família já não admitiam mais recuos. A luta de classes se impunha como realidade irreversível, determinando um quadro social marcado pela permanente tensão. A República Velha estava desmoronando e teve seu fim com o movimento político-militar de 1930. (MARTINELLI, 1991, p.122)
A partir da década de 20 (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006) as atividades assistenciais partiram de iniciativas da Igreja, com o movimento católico “leigo”, o Serviço Social inicia-se como um setor caracterizado pela ação social, englobando a Igreja como instituição social de caráter religioso. A cooperação do clero no controle do operariado remete ao inicio das primeiras unidades fabris, desenvolvendo trabalhos assistenciais pretendendo opor-se ao sindicalismo autônomo. Nesse contexto, Bogado e Branco (2009) expõem que partindo dessa premissa de assistência católica, inicia-se em 1920 a Associação das Senhoras Católicas, em São Paulo, e a Liga das Senhoras Católicas, no Rio de Janeiro em 1923, com atividades desenvolvidas pela burguesia com forte apoio do Estado. As atividades desenvolvidas neste período não buscavam apenas o amparo aos indigentes, como também assistência preventiva, numa concepção original de aliviar as profundas sequelas marcadas pelo desenvolvimento capitalista. 
SIKORSKI (2009) alega que no desenvolver da década de 30 a classe operária se manifesta com um maior peso numérico e organizacional, dentro de um contexto político e social que dá ênfase a crise da primazia burguesa e a constante associação do proletário, frente às péssimas condições de trabalho a eles impostos.
De acordo com Martinelli (1991) foi criado em 1932, com o objetivo de tornar as atividades promovidas, pela filantropia burguesa apoiada pela Igreja, mais eficazes e produtivas, o Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo – CEAS, que deu início a seus trabalhos, oficialmente a partir da abertura do “Curso Intensivo de Formação Social para Moças” constituído por jovens, de formação ligada a Igreja, que se mostravam empenhadas a aprender os novos problemas da sociedade da época que as remetiam. 
Como descrito por Iamamoto; Carvalho (2006) o objetivo principal do CEAS era de: 
“[...] promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais”, visando “tornar mais eficiente à atuação das trabalhadoras sociais” e “adotar uma eficiente orientação definida em relação aos problemas a resolver, favorecendo a coordenação de esforços dispersos nas diferentes atividades e obras de caráter social”.
Até o fim do ano de 1932, o CEAS contava com quatro Centros operários, fundados com o objetivo de aproximar-se do proletariado buscando investigar suas necessidades e possíveis formas de atuação social, através de atividades diversas. Para Bogado; Branco (2009) sob o efeito da vasta amplitude que a assistência social se difundia neste período, através do CEAS, marcada pelo forte assistencialismo e influencia religiosa, iniciaram-se os trabalhos de formação de profissionais sociais com a criação da Escola de Serviço Social de São Paulo. 
A partir desta fase, começam a surgir uma demanda de especialistas na área social por parte do Estado que originaram, em primeira iniciativa, cargos de fiscais femininos para o trabalho de mulheres e menores. Em conseguinte criou-se o departamento de Assistência Social do Estado com o objetivo de gerir e organizar a demanda de serviços sociais estatais, à população. Segundo Iamamoto; Carvalho (2006), em 1938, seria estruturado a Seção de Assistência Social, com o objetivo de:
[...] “realizar o conjunto de trabalhos necessários ao reajustamento de certos indivíduos ou grupos às condições normais de vida”, organiza para tal: o Serviço Social dos Casos Individuais, a Orientação Técnica das Obras Sociais, o Setor de Investigação e Estatística e o Fichário Central de Obras e Necessitados. (Iamamoto; Carvalho. 2006 p.175)
Segundo GOES (2009) essa marcha de sistematização profissional se enraíza no cenário social com a inauguração de novas escolas de formação e o aumento de vagas de trabalho ao profissional, permanecendo na posição de conservador do status burguês: “os profissionais continuam a centrar sua prática no trabalho basicamente com ‘casos’ na tentativa de fazer o individuo se adaptar e manter a sociedade estável”. 
Neste cenário observa-se o inicio da construção de políticas sociais e a fundação de entidades que visam à prática da assistência como forma de desdobramento das questões sociais, advindas da conjuntura político-social da época, instituições como o Instituto de Aposentadoria e Pensão (IAPs) e a criação Legião Brasileira de Assistência (LBA), demonstram alguns ganhos as classes menos afortunadas como também com a instituição de direitos sociais como salário mínimo nacional, jornada de oito horas diárias de trabalho, assistência à saúde, à maternidade, férias remuneradas, entre outros (Belgini, 2006, p. 20).
A partir do primeiro Congresso Brasileiro de Serviço Social promovido em 1947, pelo CEAS, o Serviço Social nacional começou a incorporar bases norte-americanas, com a reunião de sujeitos determinados pela busca de uma profissão competente, com o intuito de obter uma carreira remunerada e melhores salários para suaatuação. Do ponto de vista de GOES (2009):
Tudo isso vem caracterizar o papel do estado, pactuando com o aperfeiçoamento de mecanismos de intervenção, comprometido na ofuscação das contradições do modo de produção e em subsidiar a criação de um aparato institucional responsável pela prática assistencialista com objetivo de buscar legitimidade para seu governo. Em suma, o serviço social ultrapassa a condição de distribuidor da caridade, para se transformar instrumento de execução da política social do Estado e dos setores empresariais.
Iamamoto; Carvalho (2006) reassalta que:
A atuação prática desenvolvida pelos primeiros Assistentes Sociais estará, assim, voltada essencialmente para a organização da assistência para a educação popular, e para a pesquisa social. Seu público preferencial – e quase exclusivo – se constituirá de famílias operárias, especialmente mulheres e crianças. (grifo do autor)
Seguindo dos anos 1960 (PIANA, 2009), acontece a primeira crise ideológica em algumas instituições de Serviço Social, tornando uma fase importante na construção da profissão no âmbito nacional, pois a partir deste momento começa-se a perceber a “perspectiva política” de sua prática. É neste momento que se inicia o movimento de reconceituação da profissão, “representou uma tomada de consciência crítica e política dos assistentes sociais” o qual questionavam-se sobre seus papeis na sociedade por meio de analise das contradições acometidas no meio profissional. “Suas expectativas e desejos voltavam-se para a busca da identidade profissional do Serviço Social e sua legitimação no mundo capitalista”. (PIANA, 2009).
FERREIRA (2009) ressalta ainda: 
O movimento de reconceituação do serviço social constitui-se num esforço para desenvolvimento de proposta de ação profissional condizente com as especificidades do contexto latino-americano, ao mesmo tempo em que se configura como um processo amplo de questionamento e reflexão crítica da profissão. [...]
Com o intuito de construir uma proposta que determinasse a ação profissional, desencadeou-se um processo de discussão e revisão crítica, numa abordagem teórico-metodológica, buscando promover o desenvolvimento de uma ação articulada com as lutas de movimentos populares, objetivando a transformação social. (2009, p.161)
Para Netto (apud PIANA, 2009) podemos perceber a presença de três tendências no processo de renovação do Serviço Social no Brasil e instauraram o pluralismo profissional: a vertente modernizadora, a reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura.
Piana (2009) destaca ainda que, na tentativa de modernizar as práticas de serviço social partindo do principio instrumental vigente, “a vertente modernizadora teve hegemonia até os anos 70, iniciando-se no Seminário de Araxá em 1967 e se consolidando no Seminário de Teresópolis em 1970”, fazendo a retificação de técnicas e métodos para adequar-se as novas necessidades sociais. A segunda tendência constitui-se da reatualização do conservadorismo, momento em que o Serviço Social “reatualiza a forma mais tradicional de atuação profissional” “fundado na valorização do dialogo e do relacionamento” (BARROCO, apud Piana, 2006). 
A terceira vertente desse movimento é a tendência conhecida como intenção de ruptura (Netto, apud Piana, 2006), momento em que os profissionais buscam a construção de um projeto que se destina romper com as bases estruturais conservadoras em busca de uma reestruturação teórico-metodológica da profissão.
De acordo com Brandão:
Neste período foram lançados os alicerces mais sólidos para as análises da historicidade da profissão, em suas relações com o Estado e o movimento das classes sociais, detectando nessas relações as particularidades da profissionalização do Serviço Social sob diversos pontos de vista. Foi feita, ainda, uma ampla reconstituição histórica da sua evolução no país, sob diferentes angulações. (2006, p.52)
Neste período o Serviço Social amplia suas bases relacionando sua prática às relações entre classes, visando à questão social em detrimento das classes menos abastadas. A década de 1980 (Ferreira, 2009) marcou fortemente os rumos técnicos do Serviço Social, período em que pode se elaborar um projeto profissional que orienta as ações de diversos profissionais em todo o país. Nesta mesma década e fruto deste projeto podemos identificar a criação do Conselho Federal de Assistentes Sociais – CFAS – hoje Conselho Federal de Serviço Social – CFESS – e dos CRESS – Conselho Regional de Serviço Social, a criação do Código de Ética Profissional (Resolução CFESS nº 273, de 13 de março de 1993) (BRASIL, 2011) e as leis de regulamentação da profissão – Lei nº 8.662/93 (BRASIL, 2011). Do ponto de vista de GONÇALVES; KERNKAMP (2013) estas legislações técnicas “conjugaram não somente um novo olhar sobre a autonomia profissional, como também a definição de valores humanistas, éticos e o estabelecimento de atribuições e competências”. As autoras ressaltam ainda que:
Os princípios fundamentais do Código de Ética profissional enfocam, pois, o compromisso com a liberdade, bem como a intenção de luta no campo democrático, para o estabelecimento de uma nova ordem societária e um novo modo de operar o trabalho profissional. Rompe com o conservadorismo, instaura um novo projeto profissional e afirma um compromisso com a cidadania, e isso deve ser pensado na cotidianidade profissional. (GONÇALVES; KERNKAMP, 2013. P. 47)
Enquanto a lei de regulamentação da profissão Lei 8.662 de 1993 dispõe sobre a profissão do Assistente Social e atribuições relativas a estes, tais como: elaborar políticas sociais junto aos órgãos da administração pública; elaborar, coordenar, executar e avaliar planos programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social; orientar indivíduos e grupos no sentido de identificar recursos e fazer uso destes no atendimento e na defesa de seus direitos. (BRASIL, 2012)
Neste enfoque, o Serviço Social, surgido em um cenário de contradições e clima de antagonismos gerados pelo capitalismo industrial, como profissão advém da tentativa de amenizar as situações trabalhistas insustentáveis pelo proletário. O Assistente Social torna-se um profissional marcado pelo desenvolvimento da questão social e suas expressões que se torna seu objeto de trabalho, atuando na busca pela inclusão social e a participação das classes menos abastadas por meios de atividades e ações, buscando conhecer a realidade em que atua. PIANA (2009) define que:
A atuação do assistente social realiza-se em organizações públicas e privadas e em diferentes áreas e temáticas, como: proteção social, educação, programas socioeducativos e de comunidade, habitação, gestão de pessoas, segurança pública, justiça e direitos humanos, gerenciamento participativo, direitos sociais, movimentos sociais, comunicação, responsabilidade social, marketing social, meio ambiente, assessoria e consultoria, que variam de acordo com o lugar que o profissional ocupa no mercado de trabalho, exigindo deste um conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo.
A autora ressalta ainda que o rompimento com o conservadorismo tornou o Serviço Social, através das políticas públicas, não mais uma oferta do sistema capitalista na tentativa de hegemonia estatal, mas sim uma forma de acesso aos direitos sociais e à defesa da democracia.
A partir deste processo de reconceituação e regulamentação da profissão, o Serviço Social passa a ser reconhecido como categoria profissional, sendo requisitados seus trabalhos em varias áreas sociais como assistência, saúde, educação, bem como no âmbito jurídico em processos de adoção. A atuação do assistente social (em uma equipe técnica interprofissional) encontra-se gerida no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – conforme explicita Digiácomo (2013).
Adoção
A adoção consisti em um procedimento jurídico que visa “transferir direitos e deveres de pais biológicos a uma família substituta” atribuindo a criança ou adolescente todosos direitos e deveres de filho (Adoção passo a passo, AMB). Ao longo dos anos, o processo de adoção passou por inúmeras transformações jurídicas, contudo a legislação, ainda hoje, prima pelo parentesco consanguíneo: o Estatuto da Criança e do Adolescente que rege os direitos e deveres, bem como o processo de adoção de crianças e adolescentes, ressalta que tal procedimento só acontece quando todos os recursos para que a criança permaneça com os pais biológicos encontrem-se esgotados, sendo utilizado como uma última forma de encontrar um lar para uma criança/adolescente que não pode mais conviver com a família consanguínea. (DIACOMO, 2013)
FERNANDES (2008) afirma também que a adoção pode, ainda, ser conhecida como:
[...] filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas de uma manifestação de vontade, conforme o sistema do Código Civil de 1916, ou de sentença judicial, no atual sistema do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069/90), e Código Civil.
A filiação natural repousa sobre o vínculo de sangue, genético ou biológico. A adoção é uma filiação exclusivamente jurídica, que se sustenta sobre a pressuposição de uma relação não biológica, mas afetiva.
contexto histórico e juridico
O processo de adoção é um instituto antigo que sofreu diversas mudanças através dos séculos, sendo em determinados momentos da historia, mais ou menos importante pra o contexto social em que estava incluída. 
A adoção forma-se em uma conduta que remete há séculos atrás sendo praticamente impossível determinar sua origem, uma vez que, durante todo o processo histórico quase todos os povos o praticaram em algum momento: seja para dar conforto aos casais estéreis ou mesmo como critério de escolha de futuros chefes de Estado. Segundo MAUX; DUTRA (2010) a adoção é um instituto que advém de tempos antigos, na Bíblia já encontram-se os primeiros relatos sobre adoção em períodos antes de Cristo, bem como no decorrer dos tempos ela foi adquirindo vários significados “conforme a cultura e o modo de pensar da época”. Ovando; Pinto completa que tal processo surgiu regulamentado pela primeira vez no Código de Hamurabi, na Babilônia por volta de 2283 a.C. onde neste período contata-se uma preocupação em relação ao abandono do filho não biológico, resguardando a este uma terça parte dos bens do adotante a titulo de herança. Tal Legislação promulgava o seguinte direito a respeito da adoção:
Enquanto o pai adotivo não criou o adotado, este pode retornar à casa paterna; mas uma vez educado, tendo o adotante despendido dinheiro e zelo, o filho adotivo não pode sem mais deixá-lo e voltar tranqüilamente à casa do pai de sangue. Estaria lesando aquele princípio de justiça elementar que estabelece que as prestações recíprocas entre os contratantes devam ser iguais, correspondentes, princípio que constitui um dos fulcros do direito babilonense e assírio. (CHAVES, 1983. p. 40).
Em tempos antigos, a procriação tinha importância não apenas para a perpetuação da espécie humana, como também para preservar o culto religioso doméstico, o sobrenome e o patrimônio familiar. Weber (2009, p.69) destaca que: 
A adoção na antiguidade atendia aos anseios de ordem religiosa, pois as civilizações primitivas acreditavam que os vivos eram protegidos pelos mortos. A religião só podia propagar-se pela geração. O pai transmitia vida ao filho e, ao mesmo tempo, a sua crença, o seu culto, o direito de manter o lar, de oferecer o repasto fúnebre, de pronunciar as fórmulas da oração. Assim, adotar um filho era, portanto, garantir a perpetuidade da religião doméstica, era a salvação do lar pela continuação das oferendas fúnebres pelo repouso dos antepassados. Não havia sequer a preocupação com os laços afetivos entre adotante e adotado.
 Desta forma, MORENO (2009) afirma que entre o século XVIII e XIX, a ausência de prole biológica era um dos principais incentivos à adoção no Brasil, enquanto que MAUX; DUTRA (2010) defende que a historia da adoção nacional se faz presente desde a colonização e que as primeiras práticas estavam estreitamente ligadas à caridade, onde as famílias prestavam assistência “criando” parte da prole dos menos abastados, sem qualquer direito a herança e sendo utilizados mais tarde – na maioria dos casos – como mão de obra gratuita. Concluindo que “foi através da possibilidade de trabalhadores baratos e da caridade cristã, que a prática de adoção foi construída no país”. Assim Fernandes (2008) afirma que “a adoção não envolvia uma relação de afeto, não visava a proteção ou bem estar do adotando, o seu objetivo era servir aos interesses do adotante”. 
A primeira regulamentação sobre adoção, no Brasil, surgiu com a promulgação do Código Civil, em 1916, em meio a um cenário de crescente abandono fato que levou a adoção de um dispositivo utilizado em vários países na Europa chamado de Roda dos Expostos onde às crianças eram depositadas em uma abertura de formato cilíndrico no muro, ou janela, de uma instituição acolhedora, em seguida tocava-se uma sineta para que a criança fosse recolhida pela instituição, tal sistema vigorou até meados da década de 50, e visava reduzir o aborto e o abandono nas ruas, o que geralmente levava a morte por frio, fome ou comido por animais, garantindo também o anonimato do expositor (Ovando; Pinto, 2009).
O Código Civil de 1916 instituiu esse processo para pessoas maiores de 50 anos, sem filhos legítimos, pois a prole adotiva serviria para ocupar o espaço deixado pela natureza de filhos legítimos (Ovando; Pinto, 2009). As autoras MAUX; DUTRA (2010) ressalta que a adoção, de acordo com esta Lei, poderia ser revogada e o adotando jamais perdia o vinculo com a família consanguínea. No decorrer dos anos as regulamentações foram se moldando acerca do tema, e em 1957 ocorreu uma primeira mudança significativa na legislação deste tópico, que reduziu a idade do adotante para 30 anos, instaurando à adoção um caráter mais assistencial, em que o objetivo primordial passa a ser a melhoria das condições de vida do adotando, e não mais, somente, como o desígnio inicial de “suprir o vazio deixado pela ausência de filhos biológicos”, embora no caso de haverem filhos biológicos, o adotando não teria direito a herança (Ovando; Pinto, 2009). A legislação de 1965 possibilitou a adoção, para, além de pessoas casadas, às viúvas e divorciados. Esta mesma Lei concebeu a “legitimação adotiva” que: 
[...] se caracterizava pela possibilidade de o filho por adoção ter praticamente os mesmos direitos legais do filho biológico (com exceção dos direitos sucessórios) e, automaticamente, interromper os vínculos com a família biológica, o que significava a irrevogabilidade do ato de adotar. Entretanto (...) a adoção somente seria irrevogável nos casos envolvendo crianças abandonadas até os seus sete anos de idade ou aquelas cuja identidade dos pais era desconhecida. (MAUX; DUTRA, 2010. p.360)
Rui Ribeiro de Magalhães acrescenta ainda: 
Apesar de todo avanço social que representou essa lei para a adoção, não deixou o legislador de discriminá-la, e o fez amparado no mesmo princípio mesquinho da redação sucessória, mandando observar, quanto a essa parte, a regra do art. 1.605 § 2º, do Código Civil Brasileiro, assegurando ao legitimado adotivo apenas a metade do que coubesse na herança aos filhos legítimos supervenientes.
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A promulgação do Código de Menores em 1979 – Lei número 6.697 de 1979 – findou a legitimação adotiva e expediu duas novas formas de adoção: a adoção simples e a adoção plena. De acordo com Ovando; Pinto (2009):
Na adoção simples, criava-se um parentesco entre adotante e adotado, sem desconstituir o parentesco natural, podendo ser revogada pelas partes conforme a vontade.
A adoção plena, possuía outra conotação, pois apagava todo e qualquer vestígio do parentesco natural do adotado. A certidão de nascimento era alterada, o nome dos pais e avós substituídos, para que o atual parentesco se firmasse como o único existente. (2009, p.5)
As autoras MAUX; DUTRA (2010) acrescentaainda que a adoção plena se tratava de adotando até os sete anos de idade, situação em que o processo se tornaria irrevogável, o processo exigia que o casal estivesse em vínculo matrimonial há no mínimo cinco anos, e possuir uma diferença entre adotando e adotante de ao menos 16 anos. A simples se referia a adoção de crianças e adolescentes entre sete e dezoito anos, que se encontrasse em situação irregular. O Código de Menores deu origem, neste processo, ao Estagio de Convivência, período de um ano em que o adotando convivia com o adotante antes da sentença final.
 A partir da Constituição Federal de 1988, o Brasil adotou um novo conceito para o instituto da família, agregou novos padrões afetivos, primando pelo bem estar dos membros a partir dos princípios constitucionais, família começou a ser vista como um ambiente de afeto. A constituição trouxe também um novo conceito à infância tratando as crianças como sujeitos detentores de direitos e priorizando os seus cuidado, neste ensejo as lei de adoção passaram a abordar os direitos de forma igual todos os filhos, sanguíneos ou por ato de adoção, e a partir da promulgação do ECA em 1990, a adoção simples foi extinta e ampliou-se o beneficio de adoção plena a todos os menores de 18 anos definindo, ainda, o direito de adotar a todas as pessoas maiores de 21 anos, independendo de “estado civil ou condições de fertilidade” (MAUX; DUTRA, 2010). Assim expõe a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, que: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.
Já a nova lei de adoção, segundo CUNHA (2009) – contida no Código Civil de 2002 – propõe a redução da idade do adotante de 21 para 18 anos, mantendo a diferença de idade entre adotante e adotando de 16anos pelo fato do “propósito da adoção é de tornar tudo semelhante à paternidade natural, assim, o fato do adotante ser mais velho viabiliza o exercício pleno do poder familiar”, Diniz ainda completa que “[...] não se poderia conceber um filho de idade igual ou superior à do pai, ou mãe, por se imprescritível que o adotante seja mais velho para que possa desempenhar cabalmente o exercício do poder familiar”. (Diniz, 2010, p.529) 
Dentro deste contexto o ato de adotar, hoje, compõe um processo jurídico pelo qual o vinculo de filiação é criado artificialmente, consistindo em transferir as obrigações de pais biológicos para uma família substituta, quando esgotados as formas para que a convivência com a família original seja mantida. A sociedade atual primando pela consanguinidade, em casos que os pais biológicos querem “dar” os filhos em adoção à preferência de adotar fica aos parentes próximos, quando estes não demonstram interesse então acontece à adoção por “estranhos” que tornam estas crianças, abandonadas pela família biológica, parte de sua família (Adoção passo a passo, p.9).
Conceito e representação social
O conceito de adoção é amplo e advém de séculos atrás, origina-se de uma palavra latina – adoptione – que representa escolher, optar, ajuntar, desejar (OVANDO; PINTO, 2009). Desta forma, tal palavra deixa clara sua intenção: acolher, receber no seio familiar um filho não-saguíneo, por motivos diversos. Para Ovando; Pinto (2009, p.3) “adoção é um ato jurídico pelo qual o vinculo de filiação é criado artificialmente, gerando sem consanguinidade nem afinidade, o parentesco de primeiro grau em linha reta e descendente”. Completa ainda Carvalho (2009, p. 346), que “a adoção (...) é um ato jurídico bilateral de filiação, construído e solidificado no afeto e na convivência, configurando, uma das formas de filiação socioafetiva”. Quanto a esse instituto, Bordalho (2013, p. 321) declara que a adoção é “ato de amor, que acontece no coração do adotante e do adotado, ocorrendo anterior e independentemente do ato judicial que faz produzir os efeitos jurídicos.”.
De acordo com CUNHA (2009), a adoção foi muito conceituada por diversos civilistas, mas os mesmos concordam que tal processo implica na construção de “um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família [adotante], na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha”. Dentro desta perspectiva podemos perceber ao longo das mudanças jurídicas e sociais que os conceitos e representação da adoção na sociedade muito tem se modificado.
Para Welter (2004, p. 67):
A filiação socioafetiva é fruto do ideal da paternidade e da maternidade responsável, hasteando o véu impenetrável que encobre as relações sociais, regozijando-se com o nascimento emocional e espiritual do filho, conectando a família pelo cordão umbilical do amor, do afeto, do desvelo, da solidariedade, subscrevendo a declaração do estado de filho afetivo. Pais são aqueles que amam e dedicam sua vida aos filhos e dão a eles afeto, atenção, conforto, carinho, enfim, um porto seguro, cujo vínculo nem a lei e nem o sangue garantem. É dizer, no fundamento do estado de filho afetivo que é possível encontrar a genuína paternidade, que reside antes no serviço e no amor do que na procriação.
	
As funções da adoção foram se modificando ao longo das eras, inicialmente, na sociedade grega, as pessoas sem filiação natural não teriam como continuar o culto familiar aos deuses, sendo instituída a adoção com esta finalidade, pois acreditava-se que existia uma vida após a morte, e que sem certos ritos religiosos praticados por seus descendentes teriam suas almas condenadas a vagar pela eternidade (VENOSA, 2005, p. 295). Neste período a adoção era praticada sem qualquer interesse afetivo, ou preocupação em relação ao adotando, sendo pretendido apenas ceder aos objetivos do adotante. No período da Idade Média, com a fervorosidade católica instituída em vários países na Europa, o instituto da adoção foi praticamente extinto, para evitar-se a adoção de filhos ilegítimos ou incestuoso.
No Brasil, não distante da realidade de outros países, o instituto da adoção, foi recorrido, por muitos anos a partir do código civil de 1916, para sanar o problema da falta herdeiros naturais, contudo, após a Constituição Federal de 1988 este quadro se inverteu, pois tal constituição passou a zelar pelos direitos humanos e tratas as crianças como cidadãos detentores de direitos, passando esse instituto a preocupar-se com a inserção de um menor desamparado em família substituta, consagrando a proteção integral e do melhor interesse da criança. Maux; Dutra afirma que:
As leis nacionais anteriores ao E.C.A privilegiavam os filhos biológicos em detrimento dos adotivos, valorizando o chamado laço de sangue, dando ao fator biológico um status superior. A recente lei 12.010/09, em seu artigo 25, apresenta o conceito de família extensa ou família ampliada, que seria composta por parentes próximos da criança e que teriam prioridade em sua adoção como filiação de segunda categoria discriminada. Observa-se que todas as leis referentes a adoção, e que foram anteriores ao E.C.A, há sempre uma prioridade à família biológica, seja considerando a adoção possível somente quando as pessoas não pudessem gerar filhos ; ou considerando o filho adotivo inferior ao biológico ( que poderia perder seu espaço dentro da família, para as adoções revogáveis), ou, ainda, negando-lhe o direito à herança deixada pelos pais quando havia filhos biológicos. (grifo do autor) (Maux; Dutra. 2010, p.361)
Segundo Farias (2011), a adoção atualmente tem a finalidade de oportunizar a inserção em núcleo familiar, criança ou adolescente em situação de abandono, incluindo-o efetiva e plenamente, de forma a garantir sua dignidade e sanar suas necessidades de desenvolvimento psíquicas e educacionais. Esse instituto, hoje é utilizado com vários intuitos como:
“[...] suprir o vazio que a ausência de filhos biológicos gera, ou ainda para compensar a perda de um filho natural.Outras motivações também são encontradas, como para resolver problemas conjugais, fazer companhia a solidão, para pagar uma promessa, pelasimples necessidade de ajudar uma criança, ou pelo simples fato de querer dar amor” (Ovando; Pinto, 2009, p.4)
Concluímos assim que através das legislações vigentes em nosso país, esse processo passou de remediador da esterilidade, para conceder uma serie de melhorias no que tange ao adotando e ao processo de adoção. As autoras, acima citadas, defendem ainda que os “efeitos que a adoção proporciona são de integral incorporação do adotado na família adotante”. Assim, na adoção prevista pelo ECA, existe o marcante interesse público que afasta a noção contratual. A ação de adoção é de competência do Estado, de caráter constitutivo, a qual confere a posição de filho ao adotado. Podemos averiguar, nesta perspectiva, que o maior o interesse do Estado é proporcionar ao infante um lar, cercado de afeto e respeito, buscando sempre agir em favor da criança e do adolescente, porém nem sempre acontece isso. Bordalho (2011, p. 293) descreve que:
A adoção é o grande exemplo da filiação socioafetiva, seu único elo é o afeto, que deve prevalecer sobre tudo. Toda criança/adolescente que tem a possibilidade de ser adotada já passou por um momento de rejeição em sua vida, tendo conseguido obter e dar amor a um estranho que vê, agora, como um pai, superando o sentimento de perda. Não se justifica que, em nome ao respeito a uma regra que tem a finalidade única de dar publicidade e legalidade às adoções, o sentimento, o sustentáculo da adoção, seja colocado em segundo plano e a criança seja obrigada a passar por outro drama em sua vida, sair da companhia de quem aprendeu a amar.
O que se pretende é o melhor interesse do menor, independentemente, de constar ou não na lei. O amor, carinho e afeto são sentimentos que jamais poderão ser deixados de lado frente à soberania do Estado. Conclui-se, portanto, pela prevalência dos laços já construídos, quando comprovado, o bem estar e felicidade do adotado.
tipos de adoção
Diferentes são as modalidades de adoção, embora, após o advento do Código Civil de 2002, tenha havido unificação quanto ao regime jurídico desse instituto, passando de simples ou pleno para um só, o judicial. Assim, adoção pode ser: conjunta, unilateral, póstuma, intuitu personae e internacional. (ECA,1990)
A adoção conjunta trata-se da mesma forma, antes denominada adoção bilateral, onde conforme § 2º do artigo 42 do ECA, “é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada estabilidade da família”. Esta nova denominação se originou com a Lei da Adoção – Lei 12.010 de 29 de julho de 2009 – que instituiu o rompimento de todos os vínculos do adotando com a família biológica, salvo os impedimentos matrimoniais. Nessa modalidade, a lei não descarta a possibilidade de que divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros adotem em conjunto, contudo é imprescindível que o estagio de convivência tenha havido início durante o relacionamento do casal, demonstrado a presença de vínculos afetivos com aquele não detentor da guarda, havendo, assim, um acordo de guarda e visitas. (Lei 12.010 /ECA, 1990)
Sobre a adoção conjunta e o direito do adotando, Bordalho (2013, p. 320) afirma:
Mesmo com os avanços da doutrina e da jurisprudência no que refere ao reconhecimento das mais diversas modalidades de família para fim de proteção do direito do direito, com os quais concordamos plenamente, temos de ter muito cuidado com esta ampliação para a adoção. Nem tudo pode ser decidido em nome do princípio do melhor interesse, pois mesmo que o julgador faça a correta interpretação das normas, adaptando-as às novas entidades familiares, deverá pensar na realidade da vida na qual a criança/adolescente está inserida. Muitas vezes a aplicação das doutrinas mais modernas do direito e a interpretação das normas legais em consonância com aquelas pode não ser o melhor para a sociedade.
Assim, em tese, para que ocorra a adoção conjunta é necessário que entre os indivíduos haja ou tenha havido um relacionamento com intuito de constituir família, sendo casados civilmente ou mantenham união estável, logo um casal de amigos ou irmãos não podem adotar conjuntamente.
A adoção unilateral trata sobre a adoção dos filhos de um dos cônjuges ou companheiro, pelo outro, oriundos de algum relacionamento anterior, não reconhecido ou mesmo renegado pelo outro genitor. Essa modalidade está prevista no artigo 41, § 1º, do ECA, e prevê o rompimento do vinculo familiar à apenas um dos genitores, tratando o processo de forma hibrida por se tratar da substituição de apenas um dos pais (pai ou mãe), admitindo que em lugar do pai/mãe biológico passe a existir a figura do adotante. (ECA, 1990)
Maria Berenice Dias, através de um exemplo, explica:
(...) se uma mulher tem um filho, seu cônjuge ou companheiro pode adotá-lo. O infante permanecerá registrado em nome da mãe biológica e será procedido ao registro do adotante (cônjuge ou companheiro da genitora) como pai. O filho manterá os laços de consanguinidade com a mãe e com os parentes dela. O vínculo pelo lado paterno será com o adotante e os parentes dele. O poder familiar será exercido por ambos, e o parentesco se estabelece com os parentes de cada um dos genitores. (DIAS, 2006, p. 390-391)
Neste enfoque podemos compreender que a adoção unilateral é aquela em que apenas um, esposo ou esposa, pleiteará a adoção do filho de seu cônjuge, visando regularizar uma situação que já existe, qual seja, tornar legal sua paternidade ou maternidade, baseado no afeto e respeito demonstrado por adotante e adotado. 
A adoção póstuma dispõe sobre casos em que a tal instituto é concedido após a morte do adotante, sendo impreterível que o mesmo tenha manifestado interesse na adoção e que os tramites legais tenham iniciado-se antes de sua morte, esta modalidade integrou-se ao ordenamento jurídico a partir da CF de 88 e encontra-se exposta no artigo 42, § 6º do ECA. 
Nas palavras de J.M. Leoni Lopes de Oliveira (2000, p. 186) tem-se:
Deixa claro o texto legal que, para o adotante, a essência da adoção consiste na sua manifestação de vontade para adotar alguém e, em virtude disso, o legislador mantém a possibilidade da concretização da adoção, mesmo após a morte do adotante, durante o curso do procedimento de adoção.
Os efeitos da sentença são de natureza constitutiva e retrocedem ao momento da morte do autor da ação, desse modo, impedindo qualquer ruptura nos laços socioafetivos já construídos entre adotante e adotado. Em síntese, esse processo póstumo é uma forma de inserir criança/adolescente numa família que a receba como filho recebendo sobrenome e amparo jurídico por toda a sua vida, mesmo após a morte do adotante.
Já na adoção intuito personae acontece a “doação” da criança por seus pais biológicos a uma família especifica, acreditando que esta será a melhor escolha para a vida da criança, no entanto a mesma família deve preencher os requisitos exigidos para a adoção. Segundo o doutrinador Bordalho (2013, p. 323): “nesta modalidade de adoção há a intervenção dos pais biológicos na escolha da família substituta, ocorrendo esta escolha em momento anterior à chegada do pedido de adoção ao conhecimento do Poder Judiciário”.
Ressaltamos aqui que na adoção convencional os pais biológicos consentem, porém, não escolhem e também desconhecem a nova família de seu filho. Os pais adotivos serão escolhidos a partir de um cadastro nacional previsto no artigo 50 do ECA, enquanto na adoção intuito personae os pais biológicos entregam o filho para pessoas específicas, escolhidas por eles mesmos, por achar ser o melhor para a criança, sendo desnecessário tal cadastro, por parte do casal adotante. Dias (2010, p. 37) dispõe sobre a referida adoção que:
[...] nada impede que a mãe escolha quem sejam os pais de seu filho. Às vezes a patroa, às vezes uma vizinha, em outros casos um casal de amigos que têm uma maneira de ver a vida, uma retidão de caráter que a mãe acha que seriam os pais ideais para seu filho. É o que se chama adoção intuitu personae,que não está prevista na lei, mas também não é vedada [...] basta lembrar que a lei assegura aos pais o direito de nomear tutor a seu filho (CC, art. 1.729). E, se há a possibilidade de eleger quem ficar com o filho depois da morte, não se justifica negar o direito de escolha a quem dar em adoção.
A ausência de jurisdição a essa modalidade, muitas vezes, impede a adoção por aqueles que não constam no cadastro nacional de adotantes, obstando que seja aplicado o princípio do melhor interesse do menor no caso da adoção Intuitu Personae. Há relatos em que alguns juízes deferem tal processo aludindo que não se sabe se a atitude dos genitores de “doar” a criança é de espontânea vontade ou de origem coerciva, ou ainda por não saber se a família preterida tem aptidões para adotar, preenchendo os requisitos legais para o processo (Leite, 2005). 
Contudo alguns profissionais da área reservam o direito aos pais biológicos decidirem qual família que melhor cuidará de sua prole, aceitando, assim esta forma de adoção, segundo Motta (apud Leite, 2005, p.248):
Se não houver problemas que se considere serem impeditivos de uma adoção, pensamos que não há porque não respeitar a vontade e a iniciativa da mãe biológica, que, a nosso ver, não pode mais ser considerada com uma “fonte” de crianças que deve ser esquecida e não tem direito nenhum a participar do destino do filho que entrega em adoção.
Após o advento da Lei nº 12.010/09 houve a alteração do artigo 50 do ECA, acrescido do parágrafo 13 veio a reduzir a adoção intuito personae exceto a regra do cadastro prévio:
Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Embora, o legislador tenha tido boa intenção, ao tentar diminuir as obscuridades que maculam a adoção, esqueceu-se ele do fator mais importante, qual seja, a afetividade. Deve ele entender que o Direito caminha lado a lado com o amadurecer da sociedade que o cria, entretanto, não é capaz de abranger todas as situações fáticas, principalmente quando estão envolvidos sentimentos. Bordalho (2013, pp. 327-328) argumenta sobre a inclusão desse novo parágrafo ao Estatuto, que: 
É uma péssima regra, que não deveria constar de nosso ordenamento jurídico. Trata-se, (...) de necessidade de controle excessivo da vida privada e ideia de que todas as pessoas agem de má-fé. Esta regra restringe a liberdade individual, viola o poder familiar, pois tenta impedir que os pais biológicos, ainda detentores do poder familiar, escolham quem lhes pareça deter melhores condições para lhes substituir no exercício da paternidade. À primeira vista podemos ver um quê de inconstitucionalidade nesse dispositivo.
A adoção intuitu personae deve ser vista, não como um meio ilegal, mas sim como uma possibilidade real e legal de se construírem novos ambientes familiares, adotantes e adotados ligados pelo laço de afeto e amor. Devendo, indubitavelmente, prevalecer o interesse da criança ou adolescente. O que se busca com a adoção, independentemente, da sua modalidade, é inserir o menor em uma família distinta que o ofereça amor e proteção social.
Na adoção internacional busca-se a adoção de criança /adolescente por uma família estrangeira, na tentativa de preencher lacunas deixadas pelos adotantes nacionais. Desta forma o adotando só seria adotado por estrangeiros, se não ocorresse interesse pelos adotantes no Brasil (ECA, 1990). Esta modalidade está disposta no Estatuto da Criança e do Adolescente, em seus artigos 46, 51 e 52. 
Bordalho (2013, p. 331) afirma que:
[...] a adoção internacional, como qualquer modalidade de colocação em família substituta, é excepcional, sendo ela mais ainda, pois será utilizada quando não se conseguir a realização da adoção internacional (arts. 19, 31 e 51, § 1º, todos do ECA e Convenção de Haia, art. 4º, b). Logo, deve-se fazer empenho no sentido de que a criança/adolescente permaneça no seio de sua família natural. Se impossível, passa-se à colocação em família substituta brasileira, só se devendo cogitar da colocação em lar estrangeiro na hipótese de frustrarem-se aquelas tentativas. Na hipótese em que o adotando for adolescente, este deverá ser consultado sobre seu interesse na medida.
Os requisitos para adoção, nesta modalidade, devem ser preenchidos pelo adotante no país em que reside, sendo o Brasil responsável por indicar os pressupostos que a criança/adolescente deverá preencher afim de ser adotado. O processo de adoção se realizará em escritório brasileiro e deverá obedecer as regras do direito local. (ECA, 1990)
A adoção internacional requer um acompanhamento especializado, visando, sobretudo, a proteção de nossas crianças e adolescentes, e a sua inclusão num verdadeiro lar, sendo aceito, respeitado e amado pela sua nova família. Com base no tema, muitos são os debates realizados no cenário nacional, bem como no cenário internacional, visto a ligação e o interesse de ambos na busca pela concretização do princípio do melhor interesse do adotando.
Existe ainda outro conceito de adoção não previsto em lei estatutária federal: Adoção à Brasileira. Segundo a cartilha Adoção passo a passo (AMB): “este procedimento consiste em registrar como filha biológica uma criança, sem que ela tenha sido concebida como tal”. Sobre a adoção à brasileira Bordalho (2013, p. 328) defende: 
Essa figura não pode ser classificada como uma modalidade do instituto da adoção, pois se trata, na verdade, do registro de filho alheio como próprio. Vem recebendo esta denominação pela doutrina e jurisprudência pelo fato de configurar a paternidade socioafetiva, cujo grande exemplo é a adoção e a ela se assemelhar neste ponto.
Tal forma de adoção não segue procedimento legal e pode ser considerada ilegal por não possuir nem uma origem jurídica, segundo o código penal:
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Pena – reclusão, de dois a seis anos.
Parágrafo único – Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:
Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. (Código Penal Brasil)
Contudo, na prática, em poucos casos a pessoa que realizou tal adoção será responsabilizada penalmente. Devendo-se esse fato a muitos juízes que poderão reconhecer erro de proibição ou mesmo aplicar o perdão judicial previsto no parágrafo único do artigo 242 do código penal (Código Penal Brasil).
Entretanto os genitores da criança poderão requerer a desconstituição do registro civil realizados pelos pais adotivos, uma vez que não foi concretizada a partir de sentença judicial. Velando-se, porém a segurança do menor levando em consideração o afeto constituído pelos membros familiares. Sobre tal processo Ovando; Pinto (2009) defende que:
A adoção à brasileira tem muitas probabilidades de ser um fracasso, pois além de ser crime, os pais não receberam nenhuma preparação ou orientação quanto à adoção e a criança corre o risco de ser novamente abandonada.
Além disso, este tipo de adoção facilita o tráfico de crianças, pois muitas vezes as mães estão confusas, inseguras e não tem certeza de qual procedimento tomar por falta de orientação adequada. Como não possuem condições de ficarem

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