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1 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br APOSTILA DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA 2 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Introdução Amigo (a) concurseiro (a), esta apostila foi elaborada de forma objetiva e o seu conteúdo está Focado no Edital do último concurso da UFF, em 2017. Para um estudo mais aprofundado sobre Administração, recomendamos a leitura dos livros indicados nas sugestões bibliográficas. Todavia, como o seu objetivo é a aprovação na UFF, colocamos nesta apostila os principais assuntos na visão dos autores indicados pela COSEAC no último concurso. Aliás, percebemos que a banca colocou assuntos aleatoriamente, de forma idêntica à que bancas de outros concursos de Universidades Federais colocaram, inclusive em 2016, e “soltou” sugestões bibliográficas sem uma sequência lógica, diferentemente dos seus últimos concursos (concursos de 2013/14 e 2015). Por exemplo, do livro do Augustinho Paludo, que está explicitamente citado no conteúdo programático, a banca cobrou um pouco de AFO, mas essa parte, na verdade, não deveria estar ligada à Administração Geral e, sim, Noções de Administração Pública. Ela também cobrou um pouco de Controle, sendo este o único assunto explicitamente citado no livro do Peter F. Drucker. Dito isto, importante registrar que elaboramos esta apostila buscando atender a peculiaridade desta banca. Primeiro faremos uma introdução, colocando os conceitos principais. Em seguida começaremos nosso estudo falando das Teorias da Administração, teorias estas explicitamente abordadas nos livros do Idalberto Chiavenato e do Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira. E sobre este assunto, surge um outro problema para complicar um pouco mais o estudo do candidato: os autores citados tem visões diferentes sobre estas teorias. Críticas à parte, não adianta “brigar” com a banca, logo, traremos para vocês o conteúdo na visão dos autores sugeridos pela COSEAC. I. Ideias e Conceitos Fundamentais As mudanças são cada vez mais rápidas e inesperadas, principalmente no campo do conhecimento e da explosão populacional. Tais mudanças impõem novas e crescentes necessidades. Neste contexto, o crescimento das organizações faz com que elas se tornem complexas e sem fronteiras. O conceito de administração representa uma governabilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades sejam administradas com planejamento, organização, direção e controle. O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem como de seus membros. A administração é um processo evolutivo e interativo, ou seja, tudo o que acontece hoje em administração está correlacionado, direta ou indiretamente, com os acontecimentos passados, bem como todos os assuntos da administração apresentam alguma forma de interligação. Segundo Djalma Oliveira, podemos definir que a Organização é a instituição legalmente constituída, com a finalidade de oferecer produtos e/ou serviços para outras organizações e/ou para os consumidores do mercado em geral.1 1 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 3 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A Administração é o processo de conjugar recursos humanos e materiais de forma a atingir fins desejados, através de uma organização. É um processo de tomar decisões sobre objetivos e recursos. A figura abaixo apresenta um diagrama mostrando os principais componentes das organizações. Portanto, uma organização é um sistema que transforma recursos em objetivos (produtos e serviços). Desta forma, objetivos e recursos são as palavras chaves na definição de administração e também de organização. Uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum objetivo (ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos, as organizações tem dois outros componentes importantes: processos de transformação e divisão do trabalho. Por meio dos processos, a organização transforma os recursos para produzir os resultados. Um processo é um conjunto ou sequência de atividades interligadas, com começo, meio e fim, que utiliza os recursos, como trabalho humano e equipamentos, para fornecer produtos e serviços. A divisão do trabalho é o processo que permite superar as limitações individuais por meio da especialização. Quando se juntam as tarefas especializadas, realizam-se produtos e serviços que ninguém conseguiria fazer sozinho. II. Funções da administração De forma bem objetiva, Djalma Oliveira define as quatro as principais funções da administração:2 1. Planejamento É a metodologia administrativa que permite diagnosticar e analisar situações atuais, de estabelecer resultados - objetivos e metas - a serem alcançados pelas organizações e de delinear ações - estratégias - para alcançar estes resultados, bem como estabelecer leis e normas - políticas - que servem de sustentação a esse procedimento administrativo. O planejamento é a função inicial do processo administrativo nas organizações. E o planejamento que orienta todas as atividades subsequentes da realidade administrativa das organizações. Entretanto, não se deve considerar a função planejamento como a mais importante - todas as quatro funções são importantes mas a função que indica a direção a ser consolidada pela organização, no desenvolvimento de suas atividades administrativas. 2 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 4 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 2. Organização É a metodologia administrativa que orienta a capacidade de ordenação, estruturação e apresentação de um sistema, de um projeto, de um trabalho e dos recursos abordados, visando alcançar os resultados estabelecidos no planejamento (este caso trata-se da função administrativa e não da organização no sentido de uma Instituição). 3. Direção É a capacidade e habilidade administrativa de supervisionar e orientar os recursos - humanos, financeiros, tecnológicos, materiais, equipamentos - alocados nas atividades das organizações, visando otimizar o processo decisório direcionado ao alcance dos resultados estabelecidos no planejamento. 4. Controle É a metodologia administrativa que, mediante a comparação com padrões previamente estabelecidos, procura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a finalidade de realimentar com informações os tomadores de decisões, de forma que possam corrigir ou reforçar esse desempenho, para assegurar que os resultados estabelecidos pelo planejamento sejam alcançados. III. Níveis da Administração São três os níveis da administração nas organizações, os quais estão interligados aos níveis decisórios, conforme apresentado na figura abaixo: 1) Nível estratégico - é o que consolida a interação entre os aspectos internos ou controláveis e os aspectos externos ou não controláveis das organizações. 2) Nível tático - é o que trabalha com determinada área de resultado e não com toda a organização. É o que menos contribuiu para o desenvolvimento de metodologias e técnicas administrativas porque o está no meio de campo entre os níveis estratégico e operacional. 3) Nível operacional - é o que formaliza, principalmente através de documentos escritos, os processos administrativos estabelecidos para o desenvolvimento das organizações. IV. Fatores de Influênciada administração São três os fatores de influência da administração nas organizações: 1. Eficiência: relação entre os resultados que se conseguiu alcançar e os recursos que foram empregados. É a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos. Quanto mais alto o grau de produtividade ou economia na utilização dos recursos, mais eficiente é a organização. 5 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 2. Eficácia: comparação entre o que se pretendia fazer e o que efetivamente se conseguiu. É a palavra usada para indicar que a organização realiza seus objetivos. Quanto mais alto o grau de realização dos objetivos, mais a organização é eficaz. 3. Efetividade: é a relação equilibrada e otimizada entre os resultados alcançados e os objetivos propostos ao longo do tempo pelas organizações. V. A Organização e o Enfoque Sistêmico Na sociedade moderna aparecem problemas de natureza intrinsecamente complexa, causados pela interação de diferentes fatores, que nas décadas anteriores eram inexistentes, tais como: grandes concentrações urbanas, esgotamento de recursos naturais, transportes, ecologia, educação, evolução tecnológica avançada, catástrofes naturais ou causadas pelo homem, dentre outros. Tais aspectos constituem a complexidade da situação contemporânea para os administradores das organizações públicas e privadas, influenciando em suas decisões. Vale dizer que a ferramenta para enfrentar a complexidade consiste no enfoque sistêmico, também chamado de pensamento sistêmico. Esse novo pensamento possibilita: • Entender a multiplicidade e interdependência das causas e variáveis dos problemas complexos; • Organizar soluções para problemas complexos. O pensamento sistêmico complementa e integra teorias especializadas através de sua nova ótica, interpretação e soluções para enfrentar os problemas complexos. O enfoque da administração científica, que veremos mais adiante, se preocupava mais com a eficiência fabril do que com o desempenho da organização. Todavia, a administração que focar em enfrentar aspectos de eficiência sem considerar as implicações da poluição, do comportamento humano, dentre outras, irá estabelecer mais problemas ao invés de resolvê-los. O enfoque sistêmico tem como base a ideia de sistema, que consiste: em um todo complexo ou organizado; é um conjunto de partes ou elementos que formam um todo unitário ou complexo. Um sistema é um todo que funciona como todo, devido à interdependência de suas partes. O enfoque sistêmico é um sistema de ideias que pode ser entendido como filosofia ou forma de produzir, interpretar e utilizar conhecimentos, podendo ser aplicado em todas as áreas da atividade e do raciocínio humanos além de ser um método de resolver problemas e organizar conjuntos complexos de componentes. Através do enfoque sistêmico, o administrador adquire uma visão integrada das organizações e do processo administrativo além de ser uma ferramenta para organizar sistemas que produzam resultados. VI. Evolução das Organizações Ao tratarmos deste tema, iremos fazer uma análise de como as organizações evoluíram ao longo do século XX, procurando expor os principais indicadores internos, quais as mudanças que elas sofreram e o impacto dessas transformações. Em breve síntese, podemos afirmar que as grandes organizações, ao longo do século passado - por sua própria dinâmica e na busca de um padrão de efetividade - têm evoluído, passando pelas seguintes modelagens: 6 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • tradicional: de caráter autoritário, hierárquico, vertical, mecanicista, burocrático, típico do design do legado de Taylor e Fayol, principalmente; • moderna: caracterizada por um quadro sistêmico, comportamental, orgânico, oriundo da arquitetura behaviorista, fortemente influenciada pelas ciências do comportamento; • Contemporânea: erigida sob a influência de tempos mais turbulentos, com a globalização, a estonteante taxa de crescimento da tecnologia, o acirramento da concorrência, para melhor agradar aos clientes, obrigando as empresas a firmarem parcerias com fornecedores, a motivarem os empregados, para poderem atingir, enfim, a excelência empresarial. Nesse cenário, emergem soluções adhocráticas, participativas, horizontais. Teoria Geral da Administração –TGA I. Conceito Após os conceitos iniciais acima abordados, traremos agora em pauta o tema Teorias da Administração, estudadas nos livros de Teoria Geral da Administração (TGA), que é um assunto de elevada importância no estudo e na prática da administração das organizações. Djalma Oliveira assim conceitua a Teoria da Administração: Teoria Geral da Administração é o conjunto de princípios e conhecimentos disseminados e comuns à prática administrativa quanto às atividades de planejamento, organização - estruturação direção, avaliação e de melhor interação entre os profissionais envolvidos, proporcionando otimização dos resultados das organizações.3 Segundo o autor, a TGA é formada por Escolas das Administração e nestas ficam alocadas as Teorias da Administração, conforme veremos no quadro a seguir. Podemos dizer que Escola da Administração é a consolidação da concepção técnica e de conhecimentos inerentes a um conjunto de assuntos administrativos homogêneos, decorrentes da influência de uma ou mais teorias da administração. Teoria da Administração é o conjunto de conhecimentos e práticas resultantes de estudos - planejados ou não - e que geram instrumentos administrativos, com maior ou menor aplicação pelas organizações ao longo do tempo. 3 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 7 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Djalma de Oliveira entende que a distribuição das teorias da administração entre as escolas não seguiu uma ordem cronológica de eventos, mas sim uma lógica de melhor alocação dos assuntos para o estudo e o entendimento conceitual e prático da administração nas organizações. Continua o autor afirmando que algumas das teorias da administração podem ser alocadas em mais de uma Escola. Já Idalberto Chiavenato não fala em “Escolas”, mas em “Abordagens” e além de não citar algumas das teorias acima coloca algumas em abordagens distintas ou mesmo com outro nome. Dito isto, abordaremos, agora, cada uma das teorias citadas pelos dois autores. II. Teoria da Administração Científica A abordagem básica da Escola da Administração Científica se baseia na ênfase colocada nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração a fim de aumentar a eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração. O principal idealizador da Teoria da Administração Científica foi Frederick Winslow Taylor. Taylor teve inúmeros seguidores (como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth e outros) e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. A preocupação original foi eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. Na visão de Taylor, os funcionários não eram comprometidos com os objetivos organizacionais, ficavam vadiando,faziam seu trabalho como achavam melhor, de forma empírica, na base da tentativa e erro. Os gerentes não estudavam as melhores formas de se trabalhar. O trabalho não era padronizado, Taylor acreditava que o trabalho poderia ser realizado de forma mais produtiva. Dessa forma, a Administração Científica buscou a melhoria da eficiência e da produtividade. Na busca pela melhoria da eficiência e da produtividade, Taylor buscou estudar a “melhor maneira” de se fazer tarefas, o que ficou conhecido como estudo de tempos e movimentos. O trabalho do operário era analisado e cronometrado, de modo que os gerentes pudessem determinar a maneira mais eficiente de se fazer uma tarefa. Determinada a forma mais eficiente (fácil e rápida) de se executar uma tarefa, “os funcionários eram treinados para executá-las dessa forma – criando assim uma padronização do trabalho”. A padronização evita a execução de tarefas e movimentos desnecessários, o que evitaria uma rápida fadiga humana. 8 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Para Taylor, a questão não era trabalhar duro, com pressa ou bastante, mas sim, trabalhar de forma inteligente. A gerência deveria analisar os movimentos efetuados pelos trabalhadores para conseguir desenhar um processo com o mínimo de esforço em cada tarefa. Em síntese, a preocupação básica era aumentar a produtividade da empresa por meio do aumento de eficiência no nível operacional, isto é, no nível dos operários. Daí a ênfase na análise e na divisão do trabalho do operário. Para Chiavenato, os alicerces fundamentais da Administração Científica foram: 1. Comando e controle. A gerência funciona como uma ditadura benigna inspirada nos modelos militares. O gerente planeja e controla o trabalho; os trabalhadores o executam. Em suma, o gerente deve pensar e mandar; os trabalhadores, obedecer e fazer de acordo com o plano. 2. Uma única maneira certa (the one best way). O método estabelecido pelo gerente é a melhor maneira de executar uma tarefa. O papel dos trabalhadores é utilizar o método sem questioná-lo. 3. Mão-de-obra, não recursos humanos. A força de trabalho é a mão-de-obra, ou seja, a mão contratada sem qualquer envolvimento da pessoa na organização. Como a oferta de trabalhadores era abundante, a empresa nada devia a eles, embora esperasse lealdade de sua parte. 4. Segurança, não insegurança. Embora os operários não ganhassem reconhecimento ou responsabilidade, havia um acordo tácito baseado na segurança e na permanência no emprego. As empresas davam uma sensação de estabilidade dominando seus mercados. O futuro parecia previsível e o destino de cada empresa no futuro ainda mais previsível. Segundo Djalma de Oliveira, as principais contribuições da Teoria da Administração Científica para a melhoria da administração das organizações são: a) Contribuição direta para a maior eficiência nos processos produtivos, incluindo a redução dos custos de produção - Isso porque, Taylor considerava que a administração das organizações deveria se basear (i) na divisão do trabalho; (ii) na especialização; (iii) na existência de supervisores que acompanhassem os trabalhos de cada área; (iv) na padronização de ferramentas e instrumentos de trabalho; (v) na ideia de tarefa associada a prêmios pela sua execução adequada; (vi) no estabelecimento de rotinas de trabalho; e (vii) nos cálculos básicos para determinação dos custos de produção das organizações. b) Não implicou, na maior parte das vezes, em maior carga horária e, muito menos, em piores condições de trabalho; c) Em um contexto mais amplo, contribuiu para a evolução das comunidades onde as fábricas se localizavam; d) Contribuição direta para a estruturação e a aplicação dos princípios da administração; e e) Contribuição para a estruturação dos objetivos a serem alcançados e dos resultados efetivos. ▪ Principais críticas A seguir, são apresentadas as principais críticas e que foram efetuadas, em momentos diversos, para a Teoria da Administração Científica: 9 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br a) Elevado enfoque nos aspectos da estruturação e da execução das tarefas, esquecendo as questões humanas. b) Possibilidade efetiva de maior nível de ansiedade ocupacional. c) Desqualificação das tarefas que exigiam criatividade e elevada especialização e competência. d) Inadequada interação entre produtividade e motivação. e) Consideração da questão salarial como o principal fator de motivação. f) Bom funcionário era sinônimo de profissional com elevada especialização. g) Aumento das tensões pessoais e sociais. h) Esquecimento de que o indivíduo é um ser humano, social e inteligente. i) Não considera os aspectos informais e os aspectos externos das organizações. j) A Teoria da Administração Científica não apresenta comprovação científica III. Teoria Clássica (ou Teoria do Processo Administrativo na visão do Djalma Oliveira)4 A Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. O contexto da Teoria Clássica englobava grandes conglomerados (conjunto de empresas que dependem de uma mesma empresa matriz), que seguiam uma linha de comando de cima para baixo (hierarquia) e buscavam verticalizar suas atividades, ou seja, a especialização das atividades essenciais da empresa em torno de sua tarefa principal e terceirização das demais. Nesse contexto, a função da administração vislumbrou um aumento de sua importância. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor. Aliás, em seu livro, Djalma de Oliveira aborda essa teoria com o nome de “Teoria do Processo Administrativo”, mas realça que ela ainda recebeu outros nomes: Teoria Anatômica, Teoria Administrativa e Teoria do Enfoque Funcional Fayol é considerado o “pai da teoria administrativa”, pois elaborou princípios gerais do trabalho de um administrador, e após um século, seu trabalho é relevante para o entendimento do trabalho de um gestor atual. Fayol estabeleceu que toda e qualquer organização deve ter um conjunto de funções, as quais fazem as organizações funcionarem de maneira adequada. Essas funções orientam o estabelecimento de um conjunto de responsabilidades dos executivos das organizações e para que estes possam realizar as suas responsabilidades adequadamente, e as funções das organizações sejam consolidadas na plenitude, é necessário que um conjunto de princípios de administração das organizações seja respeitado. 4 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 10 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Fayol identificou seis funções das organizações: técnica, comercial, financeira, de segurança, de contabilidade e de administração. Em 1916, Fayol publicou o livro Administração geral e industrial, no qual apresentou a Administração como uma função distinta das demais funções da empresa, a mais importante, e também apresentou cinco funções para a administração: 1. Planejamento (previsão): prever o futuro e traçar um plano de ação no médio e longo prazo. 2. Organização: montar uma estrutura com recursos humanos e materiais para realizar o empreendimento. 3. Comando: manter e comandar o pessoal de toda a empresa. 4. Coordenação: reunir, unificar e harmonizar toda a atividade e esforço. 5. Controle: verificare controlar para que os planos e ordens se realizem conforme o planejado. Esses são os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo: são localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. As funções da administração apresentadas por Fayol sofreram uma pequena modificação nas funções de comando e coordenação, que por serem muito similares, foram agrupadas na função Direção, resultando no PODC – Planejamento, Organização, Direção e Controle. Fayol estabeleceu 14 princípios da administração, os quais devem proporcionar a devida sustentação para as atividades administrativas nas organizações. 11 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Princípios da administração na visão de Idalberto Chiavenato Divisão do trabalho Autoridade e responsabilidade Disciplina Unidade de comando Unidade de direção Importância do interesse geral Remuneração Centralização Hierarquia Ordem Equidade Estabilidade do pessoal Iniciativa União e harmonia • Tratamento igual para as pessoas iguais, não excluindo a autoridade e o rigor, quando necessários. • Manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento. • Capacidade de criar situações e ações que facil item a execução de tarefas. • Desenvolvimento e manutenção da união e da harmonia dentro das equipes de trabalho da organização. • A remuneração deve ser realizada de forma equitativa, e com base tanto em fatores internos quanto externos à organização. • A concentração de poderes de decisão no chefe deve também considerar sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. • Autoridade e responsabilidade estabelecidas de cima para baixo nas organizações. • Um lugar para cada pessoa ou coisa e cada pessoa ou coisa em seu lugar. • Respeito aos acordos estabelecidos entre a organização e os seus trabalhadores e prestadores de serviços. • Cada trabalhador deve ter apenas um supervisor. • Deve existir um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo ou resultado. • Subordinação do interesse individual ao interesse geral. • Designação de tarefas específicas para cada pessoa, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. • Autoridade é o direito de mandar e o poder de fazer-se obedecer. Responsabilidade é o que deve ser executado, que acompanha o exercício da autoridade. Princípios da administração na visão de Djalma de Oliveira 12 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Ao longo do tempo, esses 14 princípios tiveram suas descrições ampliadas e ajustadas à realidade das organizações. De qualquer forma, como estruturação inicial foi inquestionável a contribuição desses princípios para facilitar a aplicação da administração pelas organizações. Apesar de todas as críticas, a Teoria Clássica é ainda a abordagem mais utilizada para os iniciantes em Administração, pois permite uma visão simples e ordenada. Também para a execução de tarefas administrativas rotineiras, a abordagem clássica disseca o trabalho organizacional em categorias compreensíveis e úteis. Os princípios proporcionam guias gerais que permitem ao administrador manipular, os deveres do cotidiano do seu trabalho com mais segurança e confiança. Contudo, em uma era de mudança e instabilidade como a que atravessamos, a abordagem clássica mostra-se rígida, inflexível e conservadora, pois ela foi concebida em uma época de estabilidade e permanência. IV. Teoria da Burocracia A Teoria da Burocracia desenvolveu-se na Administração por voltada década de 1940, adotando as concepções formuladas anteriormente pelo economista e sociólogo Max Weber. Segundo essa teoria, a burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, ou seja, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. 5 Max Weber publicou um livro denominado "A Ética Protestante e o Espírito de Capitalismo", no qual afirma que o moderno sistema de produção, eminentemente racional e capitalista se originou da "ética protestante": “o trabalho árduo e o ascetismo proporcionando a poupança e reaplicação das rendas excedentes, em vez de seu dispêndio para o consumo”. Para o autor, o capitalismo, a organização burocrática e a ciência moderna constituem três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas mudanças religiosas ocorridas inicialmente em países protestantes. O Modelo Burocrático de Max Weber vinha de encontro com as necessidades de uma sociedade cada vez mais complexa, com demandas sociais emergentes e empresas cada vez maiores. O objetivo do Modelo Burocrático consistia em combater o desperdício, a ineficiência e a corrupção, ou seja, uma administração mais racional e impessoal. Nas empresas, o modelo buscava o aumento consistente da produção. Para ele, a burocracia é a organização eficiente por excelência. Para conseguir eficiência, a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Segundo Max Weber, a burocracia tem as seguintes, características: 1. Caráter legal das normas e regulamentos. 2. Caráter formal das comunicações. 3. Caráter racional e divisão do trabalho. 4. Impessoalidade nas relações. 5. Hierarquia de autoridade. 6. Rotinas e procedimentos padronizados. 5 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª edição. Barueri-SP: Manole, 2016 13 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 7. Competência técnica e meritocracia. 8. Especialização da administração. 9. Profissionalização dos participantes. 10. Completa previsibilidade do funcionamento. As vantagens da burocracia, para Weber, são: 1. Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização. 2. Precisão na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres. 3. Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e os papéis tramitam através de canais preestabelecidos. 4. Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação especifica e escrita. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la. 5. 5. Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, a redução de custos e erros, pois as rotinas são definidas por escrito. 6. Continuidade da organização por meio da substituição do pessoal que é afastado. Além disso, os critérios de seleção e escolha do pessoal baseiam-se na capacidade e na competência técnica. 7. Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece o que é exigido dele e quais os limites entre suas responsabilidades e as dos outros. 8. Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias. 9. Confiabilidade, pois o negócio é conduzido através de regras conhecidas, e os casos similares são metodicamente tratados dentro da mesma maneira sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisório - por ser despersonalizado no sentido de excluir sentimentos irracionais, como amor, raiva, preferências pessoais -, elimina a discriminação pessoal. 10. Benefícios para as pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tomarem especialistas, podendo encarreirar-se na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica. ▪ Principais críticasa) Dificuldade de adequação das organizações ao acelerado ritmo das mudanças e das novas tecnologias de operação e, principalmente, do conhecimento administrativo; Essa pode ser considerada a principal crítica à Teoria da Burocracia, sendo irônico que esta situação inadequada para as organizações é decorrência direta dos principais benefícios que a referida teoria pretendia proporcionar para as organizações, ou seja, a maior consistência das atividades com a decorrente melhoria dos níveis de eficiência e de produtividade.6 b) Exagerada ênfase nos métodos e procedimentos administrativos, em detrimento das habilidades, dos conhecimentos e da criatividade das pessoas; c) A Teoria Burocrática proporciona o inchaço das organizações; 6 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 14 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Em todo mundo, este problema tem sido mais forte nas organizações governamentais, quer sejam federais, estaduais ou municipais, haja vista que estas organizações buscam, no máximo, a eficiência, mas praticamente nunca, a eficácia e, muito menos, a efetividade no conceito mais forte do termo. Comparando a teoria de Weber com a de Taylor e Fayol, conclui-se: 1. Taylor procurava meios e métodos científicos para realizar o trabalho rotineiro das organizações. Sua maior contribuição foi para a gerência. 2. Fayol estudava as funções de direção. Sua contribuição foi para a direção. 3. Weber preocupava-se com as características da burocracia. Sua contribuição foi para a organização, considerada como um todo. Todos os três se preocuparam com os componentes estruturais da organização. V. Teoria das Relações Humanas A Abordagem Humanística da Administração nasce com o desenvolvimento, a partir de 1930, da Teoria das Relações Humanas. Essa teoria, comumente, é relacionada à experiência de Hawthorme. Todavia, outros fatos devem ser considerados no estudo de suas origens: a necessidade de humanizar e democratizar a Administração e o desenvolvimento das ciências humanas. O experimento de Hawthorne, realizado no período de 1927 a 1933 e orientado pelo professor Elton Mayo, de Havard, fez nascer a Escola das Relações Humanas, pois demonstrou que, entre os fatores mais importantes para o desempenho individual estão, as relações com os colegas e os administradores. Hoje, isso pode parecer óbvio demais, mas comparado ao taylorismo foi uma revolução, e representou uma nova filosofia para a administração. Elton Mayo (1880-1949) australiano, psicólogo, sociólogo e pesquisador das organizações, conduziu o experimento de Hawthorne em uma fábrica da empresa Western Electric, em Hawthorne. O objetivo inicial era entender o efeito da iluminação no desempenho humano. No entanto, Mayo descobriu que o que estava motivando os trabalhadores era o fato de eles estarem sendo observados por pesquisadores, e que por isso sentiam-se importantes e esforçavam-se mais para fazer um bom trabalho. Com a introdução das relações humanas no ambiente organizacional, novas expressões começam a ser percebidas como de importância no repertório administrativo, dentre as quais podemos destacar: motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo. (assuntos esses que estão em nosso edital e abordaremos mais para frente). Principais características da Teoria das Relações Humanas: • A autoridade era aceita e não imposta em função do cargo e exercida de cima para baixo como na Escola Clássica. • A Teoria das Relações Humanas reconheceu que o homem não vê o trabalho apenas como um modo de satisfazer suas necessidades, mas também como uma forma de afirmação social. • A liderança passou a reconhecer a influência do grupo, do ambiente de trabalho democrático, e a trabalhar de forma mais amistosa com os subordinados. • Os incentivos sociais e financeiros passaram a ser concedidos simultaneamente. Aceitou-se que o reconhecimento social também é uma força motivadora e influencia a produtividade. 15 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • O controle passou a ser baseado na comunicação, atividade de caráter permanente e circular. Os fatos eram controlados e não as pessoas. • O ambiente de trabalho passou a ser democrático, contrapondo-se ao ambiente autocrático da Escola Clássica. • A decisão que antes era centralizada e individual, passou a ser coletiva e de acordo com a situação. • O lucro passou a ser visto como responsabilidade social. • E as informações passaram a ser completas e precisas. As três principais das contribuições proporcionadas pela Teoria das Relações Humanas:7 a) Estudo de novos modelos de liderança nas organizações b) Melhor estruturação e maior disseminação das comunicações nas organizações c) A administração vai estruturar mecanismos facilitadores para a explicitação e a aplicação da criatividade nas organizações Um conflito que a Teoria das Relações Humanas não previu, mas que prevalece até hoje, é que nem sempre os objetivos organizacionais são compatíveis com os objetivos individuais. Por fim, a Teoria das Relações Humanas apresentou o aspecto social, mas deixou de lado os aspectos técnicos, o que deve ser considerado quando o objetivo organizacional envolve produção de bens ou serviços. VI. Teoria Estruturalista Na década de 1950, a Teoria Estruturalista foi criada na tentativa de suprir essa carência de soluções para a administração que não foram resolvidas pela Escola Clássica e pela Escola das Relações Humanas. A Teoria Estruturalista significa um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Representa uma visão crítica da organização formal. Buscou complementar, ou sintetizar, as teorias anteriores, inspirando-se na abordagem de Max Weber. Tanto as teorias clássicas, quanto a das relações humanas, focavam partes de um todo, trazendo a ideia que a organização pode reunir todos os seus aspectos em uma só estrutura, daí o termo Estruturalista. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são as características básicas do estruturalismo. Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o "homo economicus" e a Teoria das Relações Humanas "o homem social", a Teoria Estruturalista focaliza o "homem organizacional", ou seja, o homem que desempenha diferentes papéis em várias organizações. A Teoria Estruturalista previu que a sociedade moderna seria uma sociedade de organizações, que o homem dependeria das organizações para tudo e desempenharia uma série de papéis dentro das organizações. 7 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 16 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A organização formal e a organização informal são evidenciadas nessa teoria. Na verdade, visualiza uma abordagem múltipla da Teoria Clássica (ênfase na organização formal) e da Teoria das Relações Humanas (ênfase na organização informal), tentando estabelecer um estudo entre ambas as teorias. São duas as formatações básicas das estruturas das organizações:8 • a formal, que é o principal foco dos estudos das estruturações nas organizações, sendo representada, em alguns de seus aspectos, pelo tradicional organograma; e • a informal, que é resultante das relações sociais e pessoais que não aparecem nos organogramas das organizações. A abordagem da estrutura informal está nas pessoas e em suas relações, enquanto a estrutura formal dá ênfasea posições em termos das autoridades e responsabilidades alocadas nas unidades organizacionais - áreas ou departamentos - estabelecidas nas organizações. Portanto, o ideal é o estudo e a análise da estrutura organizacional considerar esses dois tipos de formatação. A Teoria Estruturalista identificou a importância de se estabelecerem diferentes níveis da organização, os quais apresentam características, necessidades e atuações diferentes entre si. A primeira estruturação de níveis da organização que se consolidou considerou três níveis: 1. institucional, que considerava a alta administração e, consequentemente, a organização como um todo; 2. gerencial, que considerava o nível intermediário da organização e deveria se preocupar com a orientação e a operacionalização das decisões decorrentes do nível institucional; e 3. operacional, que considerava os funcionários no nível efetivo de realização dos trabalhos estabelecidos pelo nível institucional e supervisionados e orientados pelo nível gerencial. Essa questão dos níveis da organização teve uma evolução lógica, com base na parte inicial do processo administrativo, que é representada pelo planejamento nas organizações. A tentativa de conciliação e integração dos conceitos clássicos e humanísticos, a visão crítica do modelo burocrático, a ampliação da abordagem das organizações envolvendo o contexto ambiental e as relações interorganizacionais (variáveis externas), além de um redimensionamento das variáveis organizacionais internas (a múltipla abordagem estruturalista) e o avanço rumo à abordagem sistêmica, são aspectos que marcaram a teoria administrativa. Em resumo, o estruturalismo representa uma trajetória à abordagem sistêmica. VII. Teoria Comportamental A Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração trouxe uma nova concepção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: • a abordagem das ciências do comportamento (behavioral sciences approach); • o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores (Teorias Clássica, das Relações Humanas e da Burocracia); e 8 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 17 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro do contexto organizacional mais amplo. Enquanto o estruturalismo foi influenciado pela sociologia - e mais especificamente pela sociologia organizacional -, a abordagem comportamental recebe forte influência das ciências comportamentais e, mais especificamente da psicologia organizacional. A Teoria Comportamental também criticou a Escola Clássica, no que se refere a organização formal, aos princípios gerais de administração, ao conceito de autoridade formal e ao mecanicismo. O comportamento organizacional é o tema preferido pelos behavioristas. Para explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas. Para explicar como as pessoas se comportam, essa teoria estuda a motivação humana de uma perspectiva individual. De acordo com Chiavenato, o estudo da motivação humana explica que, o modo como um indivíduo ou uma organização age ou reage deve-se a suas interações com o seu meio-ambiente, em resposta aos estímulos que dele recebe. A Teoria Comportamental da Administração tem o objetivo de estudar motivação humana. Os teóricos behavioristas (teóricos da teoria comportamental) verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações.9 Principais contribuições da Teoria Comportamentalista para a prática da administração: a) Desenvolvimento da psicologia organizacional b) Movimento direcionado à qualidade de vida no trabalho c) Estudos focados na dinâmica de grupo d) Consolidação da importância do estudo do comportamento humano nas organizações e) Consolidação do indivíduo como catalisador do processo de tomada de decisões VIII. Teoria do Desenvolvimento Organizacional A partir da Teoria Comportamental, um grupo de cientistas sociais e consultores de empresas desenvolveu uma abordagem moderna, democrática e variada ao desenvolvimento planejado das organizações, que recebeu o nome de Desenvolvimento Organizacional (DO). A abordagem do Desenvolvimento Organizacional surgiu a partir de 1962, não é propriamente uma teoria, mas um movimento, no qual teóricos e consultores buscaram aplicar as ciências do comportamento e a teoria comportamental na administração. O foco principal do DO está em mudar as pessoas e a natureza e a qualidade de suas relações de trabalho. Sua ênfase está na mudança da cultura da organização. Em princípio, o DO é uma mudança organizacional planejada. Um desses modelos de DO é o conhecido Managerial Grid ou Grade Gerencial de Blake e Mouton. 9 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª edição. Barueri-SP: Manole, 2016 18 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Os modelos de DO se baseiam em quatro variáveis básicas: 1. Ambiente; 2. Organização; 3. Grupo; e 4. Indivíduo. De acordo com Chiavenato, para os autores do DO, “a organização é a coordenação de diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas com o ambiente”. Esse conceito utiliza a noção tradicional de divisão do trabalho ao se referir às diferentes atividades e à coordenação na organização e refere-se às pessoas como contribuintes das organizações, em vez de estarem elas próprias incluídas totalmente nas organizações. As contribuições de cada participante à organização dependem das suas diferenças individuais e do sistema de recompensas e contribuições da organização.10 As características da DO são assim resumidas: • Focalização na organização como um todo: a organização necessita de todas as suas partes trabalhando em conjunto para resolver os problemas e as oportunidades que surgem. • Orientação sistêmica: o objetivo do DO é fazer todas as partes da organização trabalharem juntas com eficácia. • Agente de mudança: O DO utiliza agentes de mudança, que são as pessoas que desempenham o papel de estimular, orientar e coordenar a mudança dentro de um grupo ou organização. • Solução de problemas: O DO enfatiza a solução de problemas e não apenas os discute teoricamente. • Aprendizagem experiencial: Os participantes aprendem pela experiência no ambiente de treinamento os tipos de problemas com que se defrontam no trabalho. • Processos de grupo e desenvolvimento de equipes: Há um esforço para desenvolver equipes, melhorar as relações interpessoais, abrir os canais de comunicação, construir confiança e encorajar responsabilidades entre as pessoas. • Retroação: O DO proporciona informação de retomo e retroação às pessoas para que elas tenham dados concretos que fundamentem suas decisões. • Orientação contingencial: O DO não segue um procedimento rígido e imutável. Pelo contrário, é situacional e orientado para as contingências. • Desenvolvimento de equipes: O DO é feito por meio de equipes. A sua proposição é a mudança planejada. • Enfoque interativo (comunicação e interatividade): As comunicações e interações constituem os aspectos fundamentais do DO. Os objetivos comuns de um programa de DO são: 1. Criação de um senso de identificação das pessoasem relação à organização. Busca-se a motivação juntamente com o comprometimento, o compartilhamento de objetivos comuns e o aumento de lealdade. 2. Desenvolvimento do espírito de equipe por meio da integração e da interação das pessoas. 10 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016 19 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 3. Aprimoramento da percepção comum sobre o ambiente externo a fim de facilitar a adaptação de toda a organização. 4. O DO é uma alternativa democrática e participativa muito interessante para a renovação e a revitalização das organizações. IX. Teoria da Informação A teoria da informação é um ramo da matemática aplicada que utiliza o cálculo da probabilidade. Surgiu com as pesquisas de Claude E. Shannon e Warren Weaver1 para a Bell Telephone Company, no campo da telegrafia e telefonia, em 1949. Ambos formularam uma teoria geral da informação, desenvolvendo um método para medir e calcular a quantidade de informação com base em resultados da física estatística. A preocupação de Shannon era uma aferição quantitativa de informações. Lida com sistemas de comunicação, transmissão de dados, criptografia, codificação, teoria do ruído, correção de erros, compressão de dados, etc. A teoria não se preocupa com a semântica dos dados, mas pode envolver aspectos relacionados com a perda de informação na compressão e na transmissão de mensagens com ruído no canal. A Teoria da Informação proporciona uma visão ampla dos fenômenos de informação e comunicação dentro das organizações. X. Teoria Matemática da Administração Apesar de a Teoria dos Sistemas ser a principal expoente da abordagem sistêmica, outra corrente pode ser destacada: a Teoria Matemática. Essa corrente, também chamada de Pesquisa Operacional (PO), proporciona uma visão da influência das técnicas matemáticas sobre a Administração, principalmente sobre o processo decisório (sistematização de dados, análises de riscos, construção de modelos e etc.). Assim, a PO adota o método científico como estrutura para a solução dos problemas, com forte ênfase no julgamento objetivo. A Teoria Matemática não é propriamente uma escola - tal como a Teoria Clássica ou Teoria das Relações Humanas -, mas uma corrente que localizamos em vários autores que enfatizam o processo decisório e o tratam de modo lógico e racional através de uma abordagem quantitativa, determinística e lógica. A Teoria Matemática desloca a ênfase na ação para a ênfase na decisão que a antecede. O processo decisório é o seu fundamento básico. Constitui o campo de estudo da Teoria da Decisão que é aqui considerada um desdobramento da Teoria Matemática. A tomada de decisão é o ponto focal da abordagem quantitativa, isto é, dá Teoria Matemática. A Teoria Matemática procura construir modelos matemáticos capazes de simular situações reais na empresa. A criação de modelos matemáticos focaliza a resolução de problemas de tomada de decisão. 20 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br XI. Teoria de Sistemas A Teoria dos Sistemas derivou dos trabalhos do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy (1901- 1972). De acordo com Bertalanffy, um sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas para alcançar um propósito ou objetivo. Von Bertalanffy pretendia que os princípios e conclusões de determinadas ciências fossem aplicáveis a todas as demais ciências. A Teoria de Sistemas permite reconceituar os fenômenos dentro de uma abordagem global, permitindo a inter-relação e a integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de naturezas completamente diferentes. Na realidade, a aplicação da Teoria de Sistemas é a mais ampla possível, servindo para todas as ciências, tais como economia, sociologia, cibernética, comunicações, psicologia, medicina, engenharia. Segundo Chiavenato, os pressupostos básicos da Teoria dos Sistemas são:11 a. Existe uma tendência para a integração das ciências naturais e sociais. b. Essa integração parece orientar-se rumo a uma teoria dos sistemas. c. A teoria dos sistemas constitui o modo mais abrangente de estudar os campos não-físicos do conhecimento científico, como as ciências sociais. d. A teoria dos sistemas desenvolve princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares das diversas ciências envolvidas, visando ao objetivo da unidade da ciência. e. A teoria dos sistemas conduz a uma integração na educação científica. A Teoria dos Sistemas apresenta as organizações como sistemas abertos, isto é, realizam trocas continuamente com o meio ambiente. O meio ambiente é o ambiente externo, o ambiente no qual a organização está inserida. Com o meio ambiente a organização troca matéria-prima, energia, informações, etc. Dessa forma, um sistema ou organização possui entradas, saídas e feedback: • Entradas: tudo o que o sistema recebe tudo o que entra do ambiente externo para a organização poder funcionar. • Saídas: o que o sistema produz, as saídas podem ser bens, serviços, informações, energia etc. • Feedback: é o retorno sobre o que foi produzido, de modo que o sistema possa se corrigir ou modificar. São premissas básicas dessa teoria: 1. Os sistemas existem dentro de sistemas. Cada sistema é constituído de subsistemas e, ao mesmo tempo, faz parte de um sistema maior, o supra-sistema. Cada subsistema pode ser detalhado em seus subsistemas componentes, e assim por diante. 2. Os sistemas são abertos. É uma decorrência da premissa anterior. Cada sistema existe dentro de um meio ambiente constituído por outros sistemas. Os sistemas abertos são caracterizados por um processo infinito de intercâmbio com o seu ambiente para trocar energia e informação. 3. As funções de um sistema dependem de sua estrutura. Cada sistema tem um objetivo ou finalidade que constitui seu papel no intercâmbio com outros sistemas dentro do meio ambiente. 11 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016 21 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ▪ Principais contribuições da Teoria de Sistemas para a prática da administração Resumidamente, podemos citar duas das principais contribuições da Teoria de Sistemas para a prática da administração, a saber: a) Maior facilidade no estabelecimento dos objetivos das organizações A própria lógica da Teoria de Sistemas que determina onde são identificados os componentes de um sistema, facilita o processo de estabelecimento dos objetivos das organizações. b) Análise estruturada da organização, de cada uma de suas partes e do ambiente organizacional A Teoria de Sistemas propicia a análise estruturada da organização, de cada uma de suas partes, de seu relacionamento interativo com o ambiente organizacional - onde estão os fatores ou variáveis não controláveis -, bem como de sua interação com outras organizações. XII. Teoria da Administração por Objetivos A Administração por Objetivos (APO) ou Administração por Resultados (APR) surge em 1954 por intermédio dos postulados do austríaco Peter Ferdinand Drucker, considerado por muitos como o pai da APO. A APO é um processo pelo qual gerentes e subordinados identificam objetivos comuns, definem as áreas de responsabilidade de cada um em termos de resultados esperados e utilizam esses objetivos como guias para sua atividade. A APO é um método no qual as metas são definidas em conjunto pelo gerente e seus subordinados, as responsabilidadessão especificadas para cada um em função dos resultados esperados, que passam a constituir os indicadores ou padrões de desempenho sob os quais ambos serão avaliados. Analisando o resultado final, o desempenho do gerente e do subordinado podem ser objetivamente avaliados e os resultados alcançados são comparados com os resultados esperados. Embora tenha um passado autocrático, a APO funciona hoje com uma abordagem amigável, democrática e participativa. Ela serve de base para os novos esquemas de avaliação do desempenho humano, remuneração flexível e, sobretudo, para a compatibilização entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas. A APO apresenta as seguintes características: • Estabelecimento conjunto de objetivos entre o gerente e o seu superior. • Estabelecimento de objetivos para cada departamento ou posição. • Interligação entre os vários objetivos departamentais. • Ênfase na mensuração e no controle de resultados. • Contínua avaliação, revisão e reciclagem dos planos. • Participação atuante das gerências e dos subordinados. • Apoio intensivo do staff. 22 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ▪ Principais contribuições da Teoria da Administração por Objetivos para a prática da administração: • Estruturação do processo negocial de estabelecimento dos resultados a serem alcançados pelas organizações • Melhoria na eficácia organizacional • Redução do nível de conflitos nas organizações • Consolidação de uma estrutura organizacional dinâmica e com as responsabilidades estabelecidas • Identificação de “onde e quando” as mudanças organizacionais são necessárias A Teoria da Administração por Objetivos proporcionou efetiva colaboração para a melhor aplicação dos ensinamentos da Teoria do Desenvolvimento Organizacional. XIII. Teoria Contingencial ou Teoria da Contingência A expressão "contingência" significa algo que é incerto ou eventual, que pode se suceder ou não, a depender das circunstâncias. A Abordagem Contingencial salienta que não se alcança a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existem princípios universais que podem ser aplicados indistintamente a todas as organizações. Em suma, não há uma forma única e melhor para organizar o caminho de alcance aos objetivos variados das organizações. A Teoria Contingencial surgiu a partir de uma série de estudos feitos para verificar quais os modelos de estrutura organizacionais seriam mais eficazes em determinados tipos de indústrias. Verificou-se que não existia uma fórmula mágica para resolver os problemas das organizações. Tudo é relativo. Tudo depende. Dependia da organização, do ambiente em que estava inserida, das mudanças do ambiente, da capacidade que a organização tinha de se adaptar ao ambiente. A Teoria Contingencial levou em conta todas as teorias administrativas anteriores baseando-se no prisma da Teoria de Sistemas. Os conceitos das teorias anteriores foram atualizados e integrados dentro da abordagem sistêmica. A Teoria da Contingência preocupou-se com o desenho das organizações devido à influência da abordagem de sistemas abertos. O desenho organizacional retrata a configuração estrutural da organização e implica o arranjo dos órgãos dentro da estrutura no sentido de aumentar a eficiência e a eficácia organizacional. Como as organizações vivem em um mundo de mudança, a sua estrutura deve caracterizar-se pela flexibilidade e adaptabilidade ao ambiente e à tecnologia. A abordagem contingencial salienta que não se alcança a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma única ou universal, ou melhor, para organizar no sentido de se alcançar os objetivos variados das organizações dentro de um ambiente também variado. Essa é a concepção de um ambiente variável, contingencial. É nesse ambiente de constante inovação e adaptabilidade que se destaca a expressão "adhocracia". O termo refere-se ao oposto da "burocracia", significando uma estrutura flexível, em que se formam equipes multidisciplinares, capaz de amoldar-se contínua e rapidamente às condições ambientais em mutação. 23 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Por fim, Ao analisar o ambiente das organizações segundo a visão da Teoria da Contingência, Chiavenato separa-o em dois extratos: o ambiente geral e o ambiente de tarefa. O ambiente geral é o macroambiente, aquele ambiente genérico e comum a todas as organizações. Esse ambiente geral constituído de um conjunto de condições comuns para todas as organizações. O autor cita como exemplos as condições tecnológicas, legais, políticas, econômicas, demográficas, ecológicas e culturais. Já o ambiente de tarefa é o ambiente mais próximo e imediato de cada organização. Constitui o segmento do ambiente geral do qual a organização extrai suas entradas e deposita suas saídas, enfim, é o ambiente onde cada organização opera. São exemplos citados os fornecedores, clientes, usuários, concorrentes e entidades reguladoras. XIV. Escola Moderna Procura aglutinar as últimas abordagens e instrumentos administrativos que as organizações estão considerando para sustentar o desenvolvimento de seus negócios. A Escola Moderna pode ser considerada como constituída de duas teorias da administração: a) Teoria da Administração por Processo, a qual se consolidou em 1951 com os estudos de William Edwards Deming quanto à qualidade total nas organizações. b) Teoria da Excelência das Organizações, que começou a se desenvolver na década de 1960, mas se consolidou na década de 1990, e que tem proporcionado instrumentos administrativos sofisticados - quanto à exigência de níveis adequados de inteligência administrativa - e de elevado impacto nas organizações em geral. XV. Teoria da Administração por Processos William Edwards Deming foi o principal idealizador desta teoria que contribuiu para o desenvolvimento de instrumentos administrativos bem estruturados e que foram rapidamente assimilados pelas organizações. ▪ As principais contribuições da Administração por Processos para a prática da administração: a) Plena estruturação e consolidação otimizada do processo decisório nas organizações; A teoria da Administração por Processo proporcionou toda a base de sustentação para que a qualidade das decisões fosse a melhor possível. b) Direcionamento às expectativas e necessidades dos clientes (tanto internos quanto externos); c) Efetiva busca da eficácia organizacional; Essa questão da eficácia organizacional estava sendo debatida desde os primórdios da Teoria Geral da Administração - pela Teoria da Administração Científica - mas, apenas nesse momento, esse assunto foi identificado, debatido, consolidado e avaliado de maneira adequada e completa. 24 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Portanto, a Teoria da Administração por Processos proporciona todas as condições básicas para que o nível de racionalização das atividades das organizações alcance uma situação otimizada. d) Consolidação do modelo japonês de administração. ▪ Algumas evoluções das contribuições da Teoria da Administração por Processos: a) Os processos vão se tornar cada vez mais focos de análise das realizações consolidadas nas organizações b) Os processos vão se tornar o foco básico e sustentado do poder decisório nas organizações XVI. Teoria da Excelência das Organizações Robert Monks foi o principal idealizador da Teoria da Excelência das Organizações. Ele proporcionou o início da consolidação da governança corporativa nas organizações, queé o instrumento administrativo que mais tem contribuído para o nível de excelência administrativa das organizações, pois a governança corporativa “obriga” as organizações a aprimorar os seus modelos de administração. As principais contribuições da Teoria da Excelência das Organizações são: a) Tornar a otimizada administração das organizações como algo plenamente estruturado, lógico e disponível. b) Consolidação de um processo administrativo ágil, sustentado e focado nas pessoas. c) Maior facilidade de aprendizado e de aplicação dos ensinamentos administrativos. d) Consolidar uma interação entre os conhecimentos de administração e os acontecimentos - e indícios de acontecimentos - nas organizações. Estruturas Formais e Informais e Departamentalização I. Conceito Como consequência da criação dos processos industriais, foram desenvolvidas as estruturas organizacionais. Era preciso ter grupos produzindo compostos por trabalhadores com tarefas definidas, e grupos apoiando os que produziam, com pessoas realizando tarefas administrativas. Basta ver as fotos dos primórdios da era industrial para que se possa ter uma ideia de como essas estruturas faziam as fábricas funcionarem. Não há dúvida que nas primeiras fábricas de tecidos as funções industriais tinham importância maior que as funções administrativas. Afinal, era preciso produzir cada vez mais para não só garantir a expansão dos negócios, como também o retorno do capital investido. Esses dois tipos de estruturas organizacionais sempre existiram. Embora no início da era industrial as estruturas fossem mais informais que formais, nos dias atuais as estruturas informais continuam causando muito transtornos por terem elevada influência no dia-a-dia de qualquer organização. Até mesmo estruturas formais são muitas vezes “informalizadas” operacionalmente. Um exemplo de estrutura formal “informalizada” é a promoção ou deslocamento de um colaborador para determinado cargo e ninguém na organização fica sabendo das mudanças. Esse tipo de comportamento causa 25 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br desconforto para quem assume o cargo e proporciona a perda de produtividade nos processos com os quais o profissional atuava. As estruturas formais foram criadas para que as empresas pudessem dividir e executar as funções administrativas básicas. Essas funções permeiam todos os níveis estruturais da organização, começando pelo estratégico e descendo até o nível operacional. Cada um tem que controlar, planejar, organizar e dirigir o processo, ou parte dele, sob sua responsabilidade. No nível estratégico, as pessoas entendem o que isso significa, mas no nível operacional frequentemente ocorre falta de entendimento sobre o real significado das funções administrativas, e esse tipo de atitude é uma das causas dos problemas que fazem com que os processos de negócio não rendam o que se espera que rendam. As estruturas informais sempre contribuíram para a desaceleração do nível de produtividade dos processos de negócio, mas hoje existem meios e conhecimento para que qualquer organização possa tirar proveito desse tipo de estrutura, que a rigor pode ser combatida, mas jamais vencida. Uma estrutura formal é aquela que aparece nos organogramas, isto é, quando o organograma está atualizado, claro. Ela estabelece as relações de hierarquia e comando, responsabilidades e papéis funcionais, visando à forma como as interações devem proceder para operacionalizar os diversos processos de negócio existentes numa organização. II. Estruturas Formais As estruturas formais são estruturas criadas, aprovadas, assumidas e divulgadas pela organização mediante a organogramas e outros documentos internos e externos visando estabelecer a maneira como as interações devem-se operacionalizar no processo produtivo. Isso quer dizer que a estrutura formal, qualquer que seja ela, é fator limitante não somente das relações entre as diversas atividades como, principalmente, da maneira que o bem ou serviço deve ser produzido. A rigidez das estruturas formais propicia o aparecimento de uma série de distorções, reduz a capacidade de reação da organização em face de imprevistos e adversidades, ajuda a organização informal a prosperar e não consegue ser o retrato fiel da operacionalidade de nenhum processo existente. Entretanto, as estruturas formais foi a maneira que os teóricos conseguiram definir a forma como as empresas se organizavam. Na falta de ideias que exprimissem o dinamismo das organizações - o dinamismo da vida no interior delas -, optaram por retratá-las não como operavam, mas como elas se organizavam, o que são duas coisas distintas. Existem três tipos básicos de organização, que são achados combinados de inúmeras formas através dos negócios. Esses tipos básicos são: • Linha. • Funcional. • Linha e Assessoria III. Organização em linha Na organização em linha, a autoridade passa pelos níveis de gerenciamento e de supervisão para chegar até o trabalhador, que é quem operacionaliza a atividade. Cada unidade é responsável pela 26 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br aplicação de suas próprias técnicas e métodos. Cada unidade é, também, responsável por seus procedimentos administrativos. Uma das características mais marcantes desse tipo de organização é que, dentro de cada unidade, a responsabilidade por todo seu funcionamento é do supervisor da unidade. Isso requeria um tipo de profissional que fosse ao mesmo tempo um administrador habilidoso e um técnico experiente, o que é muito difícil de ser encontrado no mercado. As desvantagens desse tipo de organização, entre outras, são: • Falta de especialização do supervisor, o que o impede de operar em todas as esferas da organização com máxima eficiência. • Frequente sobrecarga de trabalho. • Dificuldade em assegurar a sucessão do posto, pela necessidade de encontrar-se alguém tão bom tecnicamente como administrativamente. As vantagens deste tipo de estrutura, entre outras, são: • A cadeia de comando é claramente definida. • A responsabilidade pela variação da qualidade é fácil de ser determinada. • A comunicação, geralmente, é rápida e eficiente. IV. Organização funcional A estrutura funcional retrata a organização como um conjunto de funções que podem, ou não, estar inter-relacionadas através das atividades que componham um processo. Na estrutura funcional, a autoridade passa pelos níveis de gerenciamento para ser compartilhada entre as funções técnicas e administrativas, as quais se baseiam num conjunto de tarefas comum a todas as funções. Os pontos fracos desse tipo de estrutura são: • Cadeia de comando mal definida. • Responsabilidade pela falta de qualidade do produto difícil de ser atribuída. • Comunicação difícil e de reação lenta. Os pontos fortes desse tipo de estrutura são: • A especialização numa área facilita a aquisição de experiência, o que possibilita a familiarização com os problemas encontrados nela. • A habilidade para gerenciar outros é necessária, em cada área de atuação, dentro somente do contexto da especialização. • O gerenciamento, em bases gerais, não existe abaixo do nível de superintendência, o que simplifica a sucessão. A abordagem funcional surgiu como resultado das atividades de Frederick Taylor, que questionou a prática e a tradição dos limites do gerenciamento, usando técnicas de análise científica para descobrir as possíveis melhorias para os métodos administrativos. 27 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Essa forma de estruturar a empresa, ainda hoje muito utilizada,não consegue organizar e muito menos potencializar o fluxo operacional. V. Organização linha e assessoria Também chamada de Organização linha-staff, é o resultado da combinação dos tipos de organização linear e funcional, isto é, constituída pela combinação de características dos tipos de organização linear e funcional, criada como intuito de unir as vantagens de dados estilos organizacionais. A busca por um novo estilo organizacional para atender as crescentes necessidades de eficiência das empresas impulsionou a criação desse estilo que busca especializar as áreas da organização para que os esforços dos colaboradores tenham foco em tarefas específicas. Na organização linha-staff, coexistem órgãos de linha (execução) e de assessoria (consultoria) mantendo relações simultâneas entre si. Os órgãos de linha caracterizam-se pela autoridade linear e pelo princípio escalar, enquanto os órgãos de staff prestam assessoria e serviços especializados. Atualmente, esse estilo organizacional é o mais adotado pelas empresas. Devido à alta competitividade do mercado e ao aumento de complexidade das tarefas, as organizações buscam na especialização das atividades internas unir as vantagens dos estilos organizacionais linear e funcional. A seguir abordaremos outras estruturas organizacionais tradicionais derivadas dos três tipos anteriores. 28 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br VI. Organizações Departamentalizadas Este tipo de estrutura caracteriza-se por dividir as atividades de uma organização em áreas com características bem delimitadas. Departamentalizar não é criar departamentos e sim criar unidades organizacionais. A departamentalização é a forma como uma organização pode juntar e integrar pessoas, tarefas e atividades em unidades, tendo como objetivo facilitar a coordenação da empresa. O departamento é, portanto, uma unidade de trabalho que agrega um somatório de atividades semelhantes ou coerentes entre si. De acordo com Chiavenato, a departamentalização é um meio de se obter homogeneidade de tarefas em cada órgão.12 A departamentalização deve facilitar o trabalho dos administradores, pois possibilita um aproveitamento mais racional dos recursos da organização. Assim sendo, os critérios devem ser os mais racionais, visando atingir os objetivos da organização. A departamentalização é uma característica típica das grandes organizações. Ela é diretamente relacionada com o tamanho da organização e coma complexidade das operações. Quando a organização torna-se grande, todas as atividades não podem ser supervisionadas diretamente pelo proprietário ou diretor, mas por meio de vários executivos responsáveis pelas diferentes fases da atividade ou pelos diferentes aspectos dessa atividade. Suas principais variações, que chamamos de departamentalização, são mostradas a seguir. VII. Departamentalização Por Processo Esse tipo de departamentalização é muito utilizado nas indústrias em geral, pois, na prática, divide a fabricação do produto em função das operações industriais que os empregados terão que desempenhar para produzi-lo. A estruturação por processo pode ainda ser encontrada com frequência em empresas públicas, pois os processos burocráticos nessas empresas têm imitado de forma mais ou menos desastrosa o modelo. Entretanto, é preciso ressalvar que nos últimos tempos essas mesmas empresas têm-se reorganizado com ênfase em processos de negócio com excelentes resultados. 12CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª edição. Barueri-SP: Manole, 2016 29 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br VIII. Departamentalização por Produtos ou Serviços Nesse tipo de estrutura, a empresa é dividida em função dos produtos que fabrica, ou dos serviços que comercializa. IX. Departamentalização Por Localização Geográfica Aqui, a departamentalização procura adequar a estrutura à distribuição espacial dos mercados, criando representações da matriz em cada local onde a empresa atue. Esse tipo de departamentalização pode ser interessante para marcar a presença, ou por motivos estratégicos, ou ainda por imposição de leis que protegem os consumidores. Entretanto, ela pode elevar os custos do produto de forma significativa. X. Departamentalização Por Quantidade Na prática é pouco utilizada. Esse tipo de divisão não tem outra razão que, simplesmente, a de dividir a organização pela quantidade de pessoas existente em conjunto. O exército e algumas outras entidades ainda utilizam esse tipo de estrutura. XI. Departamentalização Por Clientes Esta divisão procura concentrar esforços e especializar os funcionários no atendimento a um tipo de cliente. Isto pode ter vantagens e desvantagens. Uma das vantagens é o foco, que fica mais concentrado. Como desvantagem, em alguns casos, certas divisões podem não agir de acordo com as práticas 30 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br existentes na sociedade, principalmente quando hoje o politicamente correto é não discriminar nenhum grupo. XII. Departamentalização Por Contingência Ambiental Esta departamentalização pode ser criada para atender a uma determinada situação específica e, depois de ter atingido seus objetivos, ser simplesmente desativada. Esta estrutura é perfeita para empresas cujo negócio seja a especialização e execução de projetos, pois tem como vantagem principal conseguir restringir a um grupo de especialistas a responsabilidade necessária à execução de cada projeto. XIII. Departamentalização Por Tempo Esta estrutura mostra que o trabalho não deve parar e que para operacionalizar essa necessidade os trabalhadores estão divididos em turnos. É empregada apenas no nível de produção, onde os diversos turnos precisam ser representados no organograma, já que, dificilmente, os níveis superiores serão divididos dessa forma. XIV. Estrutura Tipo Comissão Ou Colegiado Caracteriza-se pela pluralidade de membros que dividem a responsabilidade, embora não caiba a eles o poder decisório maior. Embora prevaleça a vontade da maioria, cabe ao chefe-executivo a responsabilidade pelo que foi decidido. XV. Estrutura matricial Esta estrutura é o resultado de duas outras, a estrutura tradicional por departamento mais a estrutura por projetos. Nela há dois tipos de autoridade, uma é funcional, representada quase sempre pelas linhas pontilhadas, a outra é hierárquica, representada pelas linhas cheias. Embora seja um tipo de estrutura que permita mobilidade maior que as outras, na prática é difícil de implementar e operacionalizar em decorrência dos atritos causados pela incompreensão entre os chefes funcionais e os chefes hierárquicos. Durante um tempo - e ainda hoje eles são maioria -, os chefes hierárquicos achavam-se no direito de gerenciar pessoas com sentimento de posse exacerbado, contudo, 31 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br neste tipo de estrutura, os chefes hierárquicos devem gerenciar recursos, que são disponibilizados para os chefes de projetos. XVI. Estrutura circular ou radial Pouco utilizada, porém citamos apenas como forma registro. Esse tipo de organograma era utilizado para suavizar a apresentação da estrutura e economizar espaço em apresentações. Não há a preocupação em representar a hierarquia. É sobretudo caracterizado por economizar espaço e por suavizar a apresentação da estrutura, apesar disso é pouco utilizado. Planejamento I. Conceito O planejamentoé o processo administrativo que influencia todos os outros (direção, organização, controle). Ele é o passo inicial – quando definiremos o que a organização quer fazer, quando e como ela o fará. Segundo Chiavenato, Planejamento é um processo de estabelecer objetivos e definir a maneira como alcançá-los.13 Já para Djalma de Oliveira, o Planejamento é um processo desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada, de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa.14 Interessante também a percepção de Augustinho Paludo. Para este autor, O Planejamento consiste num processo racional para determinar, antecipadamente, os objetivos e os meios para alcançá-los (projetos, ações, métodos, técnicas e etc.)15 O planejamento é inerente ao trabalho do administrador e não se restringe ao presente, mas projeta- se para o futuro, por isso as decisões do administrador voltadas para o futuro devem resultar de um 13 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 14 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Teoria Geral da Administração. 2ª edição, Atlas, 2013. 15 PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 2017. 32 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br processo que sintetize e apresente de forma organizada as principais informações da organização, tanto internas como externas. O planejamento pode ser ousado e mudar radicalmente os objetivos e estratégias da organização; pode ser intermediário e propor apenas melhorias em uma ou diversas áreas, que também podem demandar alterações nos objetivos e estratégias; ou pode ser conservador, preocupado apenas com a estabilidade, visando assegurar a continuidade da organização. O que vai definir o modelo adotado dependerá do ‘apetite’ da alta direção em correr riscos, assim como do resultado da avaliação do estado atual da organização e da análise do mercado. Segundo Chiavenato, o planejamento ajuda o administrador em todos os tipos de organização a alcançar o melhor desempenho, porque: 1. O planejamento é orientado para resultados. Cria um senso de direção, isto é, de desempenho orientado para metas e resultados a serem alcançados. 2. O planejamento é orientado para prioridades. Assegura que as coisas mais importantes receberão atenção principal. 3. O planejamento é orientado para vantagens. Ajuda a alocar e a dispor recursos para sua melhor utilização e desempenho. 4. O planejamento é orientado para mudanças. Ajuda a antecipar problemas que certamente aparecerão e a aproveitar oportunidades à medida que se defronta com novas situações.16 I. Tipos de Planejamento O Planejamento pode ser estratégico, tático ou operacional, sendo que cada tipo de planejamento comporta objetivos específicos, mas todos concorrem para o alcance dos objetivos estratégicos da organização. O planejamento estratégico, em linhas gerais, é aquele efetuado no nível institucional da empresa, envolvendo a alta administração. É genérico e sintético, direcionado para longo prazo e considera a empresa como uma totalidade. O planejamento tático é efetuado no nível intermediário da empresa, envolvendo a gerência. É menos genérico, e mais detalhado, direcionado para médio prazo e considera cada unidade da empresa. O planejamento operacional é o efetuado no nível operacional da empresa, envolvendo a supervisão. É detalhado e analítico, direcionado para o curto prazo e considera cada tarefa ou operação. O planejamento estratégico se refere à organização de modo global e é focado no longo prazo. Esse tipo de planejamento tem uma visão forte no ambiente externo, ou seja, em como preparar a organização para os desafios do meio ambiente (economia, clientes, governos, concorrentes, fornecedores etc.). De acordo Chiavenato, o planejamento estratégico consiste em cinco características principais: 1. O planejamento estratégico está relacionado com a adaptação da organização a um ambiente mutável. Ou seja, devemos entender que estamos lidando com a incerteza. Portanto, todo planejamento deve ser dinâmico, sendo constantemente reavaliado e monitorado. 16 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 33 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 2. O planejamento estratégico é orientado para o futuro. O planejamento é voltado ao longo prazo, e como as decisões atuais poderão impactar a organização nesse futuro. 3. O planejamento estratégico é compreensivo. Desta forma, envolve a organização como um todo. Todos os recursos e pessoas devem ser envolvidos nesse processo para que a organização tenha sucesso. 4. O planejamento estratégico é um processo de construção de consenso. Naturalmente, existem pensamentos diferentes e conflitantes dentro de uma organização. Entretanto, o planejamento deve buscar o melhor resultado para todos dentro da organização. Uma das características de um planejamento de sucesso é o envolvimento e o comprometimento de todas as áreas e pessoas para que ele seja bem executado. 5. O planejamento estratégico é uma forma de aprendizagem organizacional. Com a prática do planejamento, a organização passa tanto a se conhecer melhor como a conhecer melhor seu ambiente externo e seus desafios. II. Missão e Visão e Negócio A missão e a visão de uma organização são muito importantes para o estabelecimento do planejamento estratégico, pois dão um “norte” para todos os atores envolvidos nesse processo. A Missão de uma organização é a razão de existir desta. É o motivo pelo qual ela foi criada, o que ela veio contribuir ou resolver na sociedade. Ela serve para deixar claro qual é a função maior daquela organização, para definir quais serão as necessidades que devem ser atendidas e buscar o comprometimento dos colaboradores. Muitos autores citam também a definição do negócio como de grande importância. Basicamente, a definição do negócio determina o “raio” de atuação da organização, isto é, suas atividades principais em um determinado momento. Já a Visão é um destino desejado. Uma organização deve saber aonde quer chegar, quais são seus objetivos maiores. Está ligado a ideia de como a empresa quer ser vista no futuro. III. Diagnóstico Estratégico – Análise SWOT Entre as fases do planejamento, uma das mais importantes é a fase do diagnóstico estratégico. Nesta fase, analisa-se o ambiente externo e interno da empresa para que o gestor saiba qual a real situação em que se encontra a organização e possa definir quais tipos de estratégia são mais adequados no momento. Uma das ferramentas mais utilizadas é a análise SWOT, sigla dos termos em inglês: Strengths (forças); Weaknesses (fraquezas); Opportunities (oportunidades); e Threats (ameaças). Portanto, é uma análise das forças e fraquezas da organização (ambiente interno) e das ameaças e oportunidades que ela pode ter de enfrentar (ambiente externo). 34 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A principal diferença entre o ambiente interno e externo para o gestor é que no primeiro caso (ambiente interno) as variáveis são controláveis, e no segundo caso (ambiente externo), não! Pontos fracos são fatores internos que, de alguma forma, deixam a empresa em desvantagem em relação aos seus concorrentes. Podem ser, por exemplo, uma marca desconhecida no mercado, uma equipe desmotivada, produtos desatualizados, alto endividamento da empresa etc. Já os pontosfortes são o contrário, ou seja, fatores internos que deixam a empresa em vantagem perante seus pares! Podem ser, por exemplo, clientes fiéis, profissionais capacitados, uma logística eficiente, produtos inovadores, custos baixos etc. Quando dizemos que os pontos fracos e fortes são variáveis controláveis, é porque esses fatores podem ser “trabalhados” mais facilmente pelos gestores. Uma marca desconhecida (ponto fraco) pode ser melhorada com uma campanha eficiente de marketing. Uma empresa endividada (ponto fraco) pode renegociar suas dívidas ou conseguir parceiros que a financiem. Já as ameaças e oportunidades são variáveis externas e, a princípio, não controláveis! Portanto, as ameaças são fatores externos (um novo concorrente no mercado, um aumento nos impostos, uma aumento no câmbio etc.) que podem prejudicar a empresa, e as oportunidades são fatores externos que podem beneficiar a empresa (crescimento econômico do país, a quebra de uma empresa rival etc.). Tomada de Decisão I. Conceito Como todas as funções importantes da administração - e a decisão talvez seja a mais importante de todas -, a tomada de decisão tem, no processo evolutivo da teoria administrativa, dois momentos característicos: 1. o primeiro, no contexto da escola tradicional, quando a decisão não possuía um tratamento global dentro da administração, era um ato isolado, profundamente individual, altamente centralizado na pessoa do chefe, em termos puramente mecânicos; 35 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 2. o outro enfoque, oriundo das ideias desenvolvidas pelos autores da escola behaviorista, dá à decisão um tratamento de processo constituído de várias etapas, devendo ser levado em conta o contexto social e psicológico da organização, o meio ambiente em que a empresa evolui, participando o elemento humano de sua elaboração, revestindo-se a decisão de um caráter descentralizado, coletivo e mais racional. Normalmente, dentro da filosofia tradicional, as decisões eram tomadas com o administrador recorrendo a sua experiência anterior ou à de sua empresa ou departamento, observando que ação foi empreendida ao se tomar decisão em circunstância algo semelhante. Se o resultado foi positivo, adota a mesma linha de ação; caso contrário, procura estabelecer outro plano. Nesse procedimento, o administrador está agindo sem se deter muito nas razões do sucesso ou insucesso da ação anterior e sem atentar especialmente para as modificações da ambiência, externa ou interna, e para a situação operacional da organização. É óbvio que tal comportamento é muito pouco racional, caracterizando-se pela ausência de metodologia e criatividade. Além disso, pode levar o administrador a desconsiderar a força de trabalho da organização, a rejeitar boas ideias sem que tenham sido sequer consideradas, ocasionando, consequentemente, dificuldades para a empresa, quer pelas mudanças nas condições operacionais e estruturais, quer pelos reflexos na ambiência da organização, dos quais decorrerão problemas junto aos empregados na implementação das decisões. Outra técnica também bastante enfatizada no passado era a de o administrador “copiar o modelo que deu certo em outra organização”, transferindo, por via de consequência, para outrem sua responsabilidade no processo decisório, essência do processo administrativo que ele completa e consolida. É claro que a adoção de um modelo não é boa solução quando não se faz previamente uma crítica adequada, pois o modelo pode não ser apropriado, haja vista que as características que distinguem uma empresa de outra podem contraindicar a solução, bem como gerar problemas para a organização no momento de implementar as decisões assim tomadas. Isto posto, podemos asseverar que a administração é constituída de uma série de decisões formuladas pelos executivos de uma organização, desde o nível mais baixo na hierarquia até a cúpula. Cada decisão, por sua vez, compõe-se de certo número de decisões menores, decorrentes de decisões anteriores. Uma decisão não constitui, obrigatoriamente, um ato que modifique a situação existente. Pode ser, simplesmente, a prática de uma rotina estabelecida ou a origem de uma inovação de caráter importante. Quando surge um problema numa empresa e o administrador não o percebe, ou não o quer perceber, ele não age, e esta atitude pode ser considerada uma decisão, tal como se uma medida positiva ou negativa houvesse sido tomada. Permitir que o problema permaneça é, também, uma decisão. Dessa forma, muitas decisões efetuam-se inconscientemente, provocando o aparecimento de inúmeros problemas. 36 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br II. Tipos de Decisões 1. Rotineiras ou Inovadoras Algumas decisões são formuladas de maneira rotineira, calcadas em alguns regulamentos vigentes ou precedentes. Provavelmente, em alguns casos, elas apresentaram características de originalidade, mas, no decurso do tempo, tornaram-se rotineiras. Essas decisões podem ser importantes no conjunto, mas são, em geral, formuladas nos escalões mais baixos da hierarquia da organização, pelos executivos a quem foram delegadas. Essas decisões visam mais aos meios, sendo, portanto, instrumentais e baseadas em fatos. As decisões inovadoras são as formuladas para resolver situações novas, criando, consequentemente, novos precedentes. A formulação dessas decisões é, geralmente, mais complexa, exigindo mais tempo e mais atenção, e requerendo, portanto, a interveniência de executivos de escalões mais elevados da organização. Algumas organizações estimulam as decisões inovadoras, enquanto outras procuram dificultá-las, o que explica o caráter conservador ou renovador de certas empresas. As decisões inovadoras visam aos fins da organização e são valorativas, ou seja, baseadas em julgamento de valores. 2. Imediatas e Mediatas Algumas decisões são formuladas pela direção, em poucos dias ou horas, enquanto outras se arrastam sem solução durante meses e até anos. O motivo pelo qual os administradores nem sempre decidem com rapidez é que, ao considerar a decisão, encontram, muitas vezes, fatores antagônicos. Pessoas e grupos interessados em determinada decisão chocam-se com outros que insistem numa formulação diferente. Havendo equilíbrio relativo entre os dois grupos, o administrador não vê uma vantagem especial em qualquer medida que modifique a situação existente, uma vez que ele correrá maiores riscos formulando uma decisão do que não o fazendo. Assim, a demora em decidir talvez seja uma consequência das forças interessadas envolvidas. 3. Premeditadas e Improvisadas Algumas decisões têm um objetivo determinado: resultam da iniciativa específica do chefe de um órgão. Ao considerar tais decisões, pergunta-se, em geral, como afetarão o objetivo da empresa ou do órgão específico. É possível avaliar uma decisão em termos dos objetivos de um indivíduo ou de um grupo ou da própria organização. Outras vezes, decide-se de maneira mais ou menos inconsciente. Os problemas não são resolvidos, tomando-se cada vez mais críticos, provocando uma crise tão grande que uma medida qualquer se torna indispensável. Quando, finalmente, o administrador age, o mais provável é que, em virtude de sua inércia anterior, o número de soluções possíveis se encontre tão reduzido que somente lhe reste uma alternativa, portanto, os acontecimentos decidiram por ele. A decisão preconcebida é típica dos administradores capazes, ao passo que as decisões improvisadas são típicas do burocrata, no sentido pejorativo do termo. Analisados os aspectos tradicionais de se enfocar o processo decisório,passemos agora a examinar o problema do ponto de vista mais condizente com a teoria administrativa atual, considerando a tomada de decisão como um processo, oriundo das condições impostas pelo meio ambiente, devendo, portanto, no desenvolvimento de suas etapas, contar com a maior participação possível das pessoas envolvidas. 37 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Existem alguns modelos, uns simples outros complexos, que descrevem o processo decisório, suas diversas etapas e demais características. Apresentaremos dois desses modelos. Antes, é oportuno esclarecer, a vantagem do modelo é permitir ao administrador não uma fórmula mágica, mas uma metodologia que lhe assegurará trilhar o caminho incerto e cheio de riscos do processo decisório com alguma segurança, de maneira lógica, coerente e racional. 4. Modelo de Newman Segundo este modelo, o processo de tomada de decisões desdobra-se em quatro etapas: 1. diagnóstico do problema; 2. planejamento de soluções; 3. projeção e comparação das consequências das alternativas; 4. avaliação dessa consequência e escolha de um curso de ação. III. Diagnóstico ou definição do Problema De início, é indispensável identificar, com propriedade, “qual é o problema?”. Normalmente, um problema emerge quando um administrador se torna agudamente consciente de uma necessidade não satisfeita. Várias circunstâncias podem dar origem ao advento de tais necessidades: ✓ relatórios internos que apontam pontos críticos; ✓ pressões dos clientes; ✓ fraco desempenho dos órgãos; ✓ reclamações dos altos escalões da empresa; ✓ programas frequentemente não executados; ✓ metas e cronogramas não observados; ✓ necessidade de mudanças organizacionais; ✓ necessidade de mudanças na linha de produtos etc. É preciso ressaltar que um bom diagnóstico é apenas o ponto de partida. Inegavelmente, este novo problema tem de ser conciliado com outros já existentes, havendo necessidade de o administrador estabelecer prioridades e procurar relacionar esse novo objetivo com os outros que tem para atingir. Portanto, o objetivo deve ser bem definido e seus reflexos, com outros pontos da organização, bem delimitados. Quanto mais específico e isolado o objetivo tanto mais fácil trabalhar com ele. Definido o objetivo, devemos procurar identificar os obstáculos que poderemos encontrar no equacionamento do problema. Assim, faz parte de um bom diagnóstico a identificação dos obstáculos que devem ser superados para a consecução dos fins, ou seja, qual a distância que nos separa de onde estamos para onde desejaríamos estar. IV. Planejamento de Alternativas Definido o problema, o tomador de decisão deve planejar as possíveis soluções que o mesmo comporta. Entre os recursos utilizáveis para se encontrar as boas alternativas, salientam-se: ➢ experiência anterior; ➢ prática dos competidores ou de outras empresas; ➢ sugestões propostas pelas partes envolvidas sejam fornecedores, clientes, empregados etc. 38 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Essas ideias, evidentemente, são úteis e servem como indicadores, mas não é bom o administrador confiar inteiramente em tais fontes. Com as crescentes mudanças em nosso ambiente social, em nossas organizações, na tecnologia e nas características da força de trabalho, a concepção de alternativas criativas está tornando-se cada vez mais complexa e importante do que foi no passado. V. Modelo de Simon Simon, citado por Chiavenato, entende que a importância da tomada de decisão no processo administrativo é tão grande que utiliza a expressão tomada de decisão como sinônimo de administração.17 Segundo ele, o homem que toma decisões é o administrador, no momento da escolha, prestes a decidir entre um ou outro dos caminhos que partem da encruzilhada. Contudo, o importante não é se concentrar apenas no momento final, pois é preciso verificar a extensão integral, o complexo processo de reflexão, a investigação e a análise que precedem este ato final. Simon, discutindo a forma como os administradores tomam decisões, distingue entre dois tipos opostos, a que ele denominou de decisões programadas e decisões não programadas, respectivamente. Não são tipos distintos, mas um todo contínuo, com decisões altamente programadas, em uma extremidade, e decisões altamente não programadas, em outra. As decisões são programadas à medida que são repetitivas e rotineiras e que foi criado um processo definido para abordá-las, de modo que não tenham de ser tratadas novamente cada vez que ocorram. As decisões serão não programadas à medida que forem novas, não estruturadas e de importantes consequências. Nesse caso, não há método estruturado para tratar o problema por diversas razões: porque não foi apresentado antes, porque sua natureza e estrutura exatas são dúbias e complexas ou porque é tão importante que merece tratamento específico. Simon enfatiza que o motivo que o leva a distinguir decisões programadas de decisões não programadas é que diferentes técnicas são utilizadas para tratar os aspectos rotineiros ou não da tomada de decisões. A distinção, portanto, será conveniente para classificar essas técnicas. VI. Métodos Tradicionais de Decisão O hábito, diz Simon, é a mais geral e a mais difundida das técnicas de tomada de decisões programadas. A memória coletiva dos membros da organização constitui vasta enciclopédia de conhecimentos concretos, de habilidades comuns e métodos de operação. Estreitamente ligados aos hábitos estão os meios padronizados de operação. A única diferença entre os hábitos e esses meios é que os primeiros se tornaram interiorizados - isto é, registrados no sistema nervoso central -, enquanto os últimos começam como programas formais, escritos e registrados. Os meios constituem forma de doutrinar os novos membros, dentro dos padrões habituais de comportamento da organização, maneiras de lembrar aos antigos membros os padrões que 17 Simon, Herbert A. O comportamento administrativo. Rio de Janeiro: FGV, Serviço de Publicações. 39 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br utilizam tão raramente, que jamais transformam-se inteiramente em hábito, e de modo que tragam à superfície os padrões habituais, para que possam ser examinados, modificados e melhorados. A estrutura da organização, acima dos meios padronizados de operação, constitui, em si mesma, especificação parcial dos programas de tomada de decisões. A estrutura estabelece um conjunto comum de pressupostos e previsões, perante o qual os membros da organização ficam responsáveis pelas decisões que tomam; fixa uma estrutura de subjetivos para servir de critérios alternativos nas várias partes da organização; prescreve responsabilidades de investigações em unidades particulares da organização para examinar partes específicas do conjunto, e para comunicar fatos que exijam atenção dos escalões encarregados de decidir. VII. Técnicas Tradicionais de Tomada de Decisões Não Programadas Simon enfatiza que, quando nos voltamos para a área de decisões não programadas, temos muito menos a comentar sobre as técnicas específicas, descritíveis. Ao indagar dos executivos nas organizações como tomam decisões não programadas, recebemos a resposta de que “fazem um julgamento” e de que este julgamento depende, de alguma maneira indefinida, da experiência, percepção e intuição. Se a decisão foi particularmente difícil, ou se deu resultados particularmente impressionantes, é possível que nos digam que era necessário espírito criador. Tomar decisões programadas dependede processos psicológicos relativamente simples, de certo modo compreendidos, pelo menos no nível prático. Envolvem eles hábito, memória e simples manipulação de coisa e símbolos. Tomar decisões não programadas depende de processos psicológicos que, até recentemente, não haviam sido explicados. VIII. Novas Técnicas de Tomadas De Decisões Programadas Em decorrência do esforço de guerra, grande número de cientistas, versados em matemática, entraram em contato, pela primeira vez, com problemas de operação e de administração. Economistas e matemáticos, responsáveis pela distribuição de material, tiveram de enfrentar complexos sistemas logísticos. A necessidade de resolver os problemas, juntamente com os instrumentos de análise quantitativa que os cientistas e os economistas trouxeram, criou novas formas de tomada de decisões administrativas que se revestem de importância fundamental. IX. Pesquisa de Operações As pesquisas de operações trouxeram para o campo das decisões administrativas o trabalho de cientistas, matemáticos e estatísticos. Sua abordagem tem muito em comum com os administradores científicos, como Taylor, por exemplo. Sua melhor contribuição para o processo de tomar decisões é o ponto de vista denominado abordagem, que significa olhar para o problema em conjunto, projetando os componentes de um sistema e tomando decisões isoladas dentro dele, à luz das implicações dessas decisões para o todo. X. Instrumentos Matemáticos A pesquisa de operações evoluiu da fase de discussão para a fase prática ao encontrar instrumentos com os quais poderia resolver problemas concretos de administração. Entre esses instrumentos, encontramos a programação linear, programação dinâmica, a teoria dos jogos e a teoria da probabilidade. 40 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A programação linear, por exemplo, pode ser utilizada para fornecer um modelo matemático de operação de uma refinaria de gasolina; pode-se utilizar a programação dinâmica como modelo para resolver a situação do planejamento de estoques e da produção; é possível utilizar os modelos da teoria dos jogos para representar problemas de comercialização. XI. Solução Heurística de Problemas É sabido que a solução de problemas envolve grande esforço de pesquisas e que muitas vezes utiliza a abstração e a imaginação. Segundo Simon, a hipótese central de sua teoria de solução de problemas parte do pressuposto de que, na solução, o pensamento humano é governado por programas que organizam miríades de processamento de informações em sequencias completas e ordenadas que constituem reações ao ambiente da tarefa, a ele se adaptam, e em indícios extraídos do ambiente, à medida que as séries se desenvolvem. O êxito na simulação do processo humano de solucionar problemas pode apresentar dois tipos de consequências: pode conduzir à automação de algumas tarefas de resolução de problemas administrativos e também dar meios para aumentar substancialmente a eficiência do ser humano na execução de tais tarefas. Estruturas Organizacionais I. Conceito A estrutura é o arranjo dos elementos constitutivos de uma organização, ou seja, é a forma mediante a qual estão integrados e se apresentam os elementos componentes de uma empresa. A estrutura organizacional atende a três funções básicas: 1. As estruturas tencionam realizar produtos organizacionais e atingir metas organizacionais. 2. As estruturas destinam-se a minimizar ou pelo menos regulamentar a influência das variações individuais sobre a organização. Impõem-se estruturas para assegurar que os indivíduos se conformem às exigências das organizações e não o inverso. 3. As estruturas são os contextos em que o poder é exercido (as estruturas também estabelecem ou determinam quais posições têm poder sobre quais outras), em que as decisões são tomadas (o fluxo de informação que entra numa decisão é basicamente determinado pela estrutura) e onde são executadas as atividades das organizações. II. Representações Gráficas da Estrutura (Gráficos de Organização) 1. Organograma Para representar a estrutura organizacional, deve ser utilizado o gráfico universal denominado organograma. O organograma é conceituado como a representação gráfica e abreviada da estrutura da organização. Existem vários tipos de organogramas, alguns simples, outros sofisticados e até complexos. Em princípio, o organograma tem como finalidade representar: ✓ os órgãos componentes da empresa; ✓ tanto quanto possível, de forma genérica, as funções desenvolvidas pelos órgãos; 41 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ as vinculações e/ou relações de interdependência entre os órgãos; ✓ os níveis administrativos que compõem a organização; ✓ a via hierárquica. Eventualmente, nos tipos mais sofisticados, o organograma pode ainda representar: ✓ o nome do dirigente do órgão; ✓ o efetivo de pessoal do órgão; ✓ o tipo de autoridade e/ou de ligação hierárquica existente etc. 1.1 Vantagens x Desvantagens Um organograma apresenta, entre outras, as seguintes vantagens: ➢ Permite rapidamente visualizar quem é quem na estrutura, ou seja, quais os órgãos de linha, quais os de assessoramento, quem está subordinado a quem, quais os órgãos que mantêm ligações funcionais etc. ➢ Possibilita melhor compreensão dos fluxos de autoridade, dos relacionamentos formais, de caráter hierárquico ou funcional. ➢ Demonstra a importância dos órgãos em termos hierárquicos, assim como das atividades exercidas através da especialização dos mesmos. Do mesmo modo, um organograma apresenta as seguintes limitações: 1. Torna-se complicado quando se tentam indicar todas as situações estruturais possíveis 2. Se não estiver atualizado, retratando a empresa naquele momento, pouca ou nenhuma validade terá. Na elaboração de um organograma, determinados cuidados deverão ser tomados, por exemplo: • Ser claro; • Ser preciso; • Ter estética 1.2 Tipos e modelos de organogramas Existem diversos tipos e modelos gráficos de organogramas, pois não existe uma padronização formal. O que se segue são regras e técnicas que auxiliam a construção mais correta, de acordo com a organização/estrutura analisada. Os organogramas mais comuns são: ✓ Estrutural ✓ Circular ou setorial ✓ Radial ou solar ✓ Linear de responsabilidade ✓ Informativo 42 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 1.3 Organograma Estrutural No organograma estrutural a responsabilidade e a autoridade são claras. É o tipo de organograma mais completo e usual, o qual permite melhor entendimento dos componentes da estrutura, principalmente a departamentalização de uma empresa. Pode ser Vertical ou Horizontal: 1. Vertical - (também chamado de clássico). É o mais usado para representar claramente a hierarquia na empresa; 2. Horizontal. Também é criado com base na hierarquia da empresa, mas tem essa característica amenizada pelo fato do cargo mais baixo na hierarquia não estar numa posição abaixo dos outros (o que pode ser interpretado como discriminação, ou que ele tem menos importância), mas ao lado. 1.4 Organograma Circular ou Setorial São elaborados por meio de círculos concêntricos, os quais representam os diversos níveis de autoridade a partir do círculo central, onde se localiza a autoridade maior da empresa. 1.5 Organograma Radial ou Solar Procura representar a estrutura formal, usando um sua configuração a filosofia do sistema solar. Desse modo, a autoridade máxima localiza-se no círculo posicionado na parte central dográfico, equivalendo à posição do sol; os departamentos ocupam as posições correspondentes às dos planetas; as 43 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br divisões e setores ou seções fazem correspondência com os satélites e subsatélites, aparecendo muitas vezes dentro dessas ramificações os órgãos menores, o que complica sobrepondo a compreensão do gráfico. Organograma Radial ou Solar 1.6 Organograma Linear de Responsabilidade Possui um diferencial em relação aos demais organogramas, pois sua preocupação não é representar o posicionamento hierárquico, mas, sim, o inter-relacionamento entre as diversas atividades e os responsáveis por cada uma delas. 2. Fluxogramas Fluxograma é a representação gráfica da sequência de atividades de um processo. Além da sequência das atividades, o fluxograma mostra o que é realizado em cada etapa, os materiais ou serviços que entram e saem do processo, as decisões que devem ser tomadas e as pessoas envolvidas (cadeia cliente/fornecedor). O uso de fluxogramas possibilita: ✓ Preparação para o aperfeiçoamento de processos empresariais (é preciso conhecer para melhorar): ✓ Identificação de atividades críticas para o processo; ✓ Conhecimento da sequência e encadeamento das atividades dando uma visão do fluxo do processo: ✓ Documentação do processo para análises futuras, adequação a normas e certificações e esclarecer sobre o funcionamento para pessoas recém admitidas na organização; 44 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ Fortalecimento do trabalho em equipe quando o desenvolvimento dos fluxogramas é feito com a participação de todos os envolvidos. Também chamado de FAP – Fluxo de Análise de Processos, é uma ferramenta gráfica que demonstra a sequência operacional do desenvolvimento de um trabalho, processo informação ou comunicação. Caracteriza: ➢ o trabalho que está sendo realizado, ➢ o tempo necessário para a sua realização, ➢ a distância percorrida, ➢ quem está realizando o trabalho, ➢ como ele flui entre os participantes deste processo. O fluxograma utiliza um conjunto de símbolos para representar as etapas do processo, as pessoas ou os setores envolvidos, a sequência das operações e a circulação dos dados e dos documentos. Os símbolos mais comumente utilizados são os seguintes: 2.1 Princípios de um Fluxograma ✓ Princípio da Evidência: não aceitar nada como verdadeiro, enquanto não for convencido como tal, de modo a procurar evitar a precipitação e a prevenção contra determinados fatos. ✓ Princípio da Análise: fracionar as dificuldades em tantas partes quantas forem necessárias, de modo a facilitar a sua compreensão e seu entendimento. 45 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ Princípio da Síntese: pensar ordenadamente, a partir dos fatos ou objetos mais simples até chegar aos mais complexos, admitindo existir entre eles uma certa ordem de execução. ✓ Princípio da Enumeração: fazer enumerações tão completas e revisões tão detalhadas, de modo a certificar-se de que nada foi omitido e esquecido. 2.2 Tipos de Fluxogramas Os fluxogramas podem ser de vários tipos. Os três mais importantes são o fluxograma vertical, o fluxograma de blocos e a lista de verificação. ▪ Fluxograma vertical. Retrata a sequência de uma rotina por meio de linhas, que traduzem as diversas tarefas ou atividades necessárias para a execução da rotina, e de colunas, que representam, respectivamente, os símbolos das tarefas ou operações, os funcionários envolvidos na rotina, o espaço percorrido para a execução e o tempo despendido. É também chamado de gráfico de análise do processo. ▪ Fluxograma de blocos. É um fluxograma que se baseia em uma sequência de blocos, cada um com um significado próprio, encadeados entre si. Apresenta uma simbologia mais rica e não se restringe apenas a linhas e colunas preestabelecidas no gráfico. O fluxograma de blocos é utilizado por analistas de sistemas e programadores de computador para representar graficamente as entradas, operações e processos, saídas, conexões, decisões, arquivamentos, que constituem o fluxo ou sequência das atividades de um sistema. ▪ Lista de Verificação. É um procedimento rotinizado no nível operacional. Constitui uma listagem de itens que devem ser obrigatoriamente considerados em uma determinada rotina de trabalho. 46 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Recebe o nome de check-list e serve como roteiro para cobrir toda a sequência de uma tarefa sem omissão de qualquer detalhe que possa prejudicá-la. A lista de verificação é frequentemente utilizada pelo pessoal de voos aéreos na subida ou descida de aviões ou em situações de emergência. É comum nos hospitais, nas oficinas mecânicas de automóveis e em todas as operações complexas em que a sequência de todos os detalhes envolvidos é importante para que o trabalho seja executado com sucesso. ▪ Funcionograma. O funcionograma é um gráfico de organização, de uso restrito aos respectivos órgãos adotantes, tendo como finalidade principal o detalhamento das atividades/tarefas que compõem uma função, da qual se originou um órgão no organograma. Assim, o supervisor de um órgão, para melhor coordenar o trabalho, institui alguns módulos integrados por equipes - cada um desenvolvendo um processo diferente -, correspondendo a um agregado de atividades/tarefas afins. Evidentemente, no organograma não figuram esses módulos nem suas atividades/tarefas, mas somente a função geral do órgão. Em consequência, para um melhor entendimento do trabalho total, favorecendo uma equitativa distribuição de sua carga entre os diversos subordinados, evitando, também, uma grande dispersão, com um mesmo empregado envolvido em diversas e díspares atividades, o chefe adota o funcionograma, para uso exclusivo em sua ambiência interna. É óbvio, esse funcionograma pode ter múltiplas utilidades, inclusive para processos de racionalização, análise da distribuição do trabalho, padronização de atividades e fluxos, estudos de layout etc. Controle I. Conceito Peter Ferdinand Drucker, em seu livro “Introdução à Administração” ensina que há diferenças entra a palavra “controles” e a palavra “controle”. Os controles significam mensurações e informações. O controle quer dizer direção. Os controles dizem respeito aos meios, o controle ao fim. Os controles ligam-se aos fatos, isto é, a acontecimentos ocorridos anteriormente. O controle relaciona-se com expectativas, isto é, com o futuro. Os controles são analíticos, preocupam-se com o que era e o que é. O controle é normativo e diz respeito àquilo que deve ser. Para que o administrador possa exercer controle, os controles devem atender a sete requisitos: 1. devem ser econômicos; 2. devem ser expressivos; 3. devem ser adequados; 4. devem ser congruentes; 5. devem ser oportunos; 6. devem ser simples; 7. devem ser operacionais. O processo de controle consiste em fazer a comparação e tomar a decisão de confirmar ou modificar os objetivos e os recursos empregados em sua realização. Portanto, um sistema de controle busca garantir que os objetivos estão sendo alcançados. 47 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Um bom sistema de controle lhe proporcionará entender como sua empresa está funcionando para que você possa tomar as decisões necessárias de modo a atingir seus objetivos. O processo de controle é formado por quatro etapas: 1. Estabelecimento dos padrões – Definição dos objetivos da atividade, ou seja, o desempenho esperado. Sem definirquais são as expectativas da empresa para determinada atividade seria impossível controlá-la. 2. Monitoramento do desempenho – Acompanhamento dos resultados decorrentes das atividades. Basicamente é um trabalho de coleta de informações. Nessa fase, iremos determinar o que será medido, como iremos medir (fontes de informação) e quando iremos medir e com que frequência. 3. Comparação do resultado com o padrão – Análise dos resultados reais em comparação com o objetivo previamente estabelecido. Quase todas as atividades, naturalmente, terão algum tipo de desvio (sejam desvios positivos ou negativos). Entretanto, uma avaliação dos motivos que levaram ao desvio também é importante. 4. Medidas corretivas – Nesse momento, devemos tomar as decisões que levem a organização a atingir os resultados desejados, se estes não tiverem sido alcançados. Dessa forma, podem acontecer três coisas: não mudar nada, buscar corrigir o desempenho ou alterar os padrões de desempenho. Existem três tipos de controle, quanto ao tempo ou timing: 1. Controle preventivo busca identificar e prevenir problemas antes de eles efetivamente ocorrerem. 2. Controle simultâneo é o monitoramento das atividades buscando garantir que estejam sendo executadas de acordo com o planejado 3. Controle posterior tem o objetivo de analisar o resultado de uma atividade após sua ocorrência. Portanto, o objetivo nesse momento é aprender com os desvios para que a organização não tenha os mesmos problemas no futuro. II. O Controle na Administração Pública Por tratar da coisa pública, que afeta diretamente os administrados e a própria Administração, a Administração Pública está sujeita a controles de fiscalização, correção e orientação, realizados por ela mesma (leia-se, Poder Executivo) e pelos poderes Legislativo e Judiciário. O controle da Administração Pública é composto por um conjunto de instrumentos legais que permitem a fiscalização, orientação e revisão da atuação administrativa. A Administração Pública está sujeita a controles, porque ela não é titular da coisa pública – a titularidade pertence ao povo –, portanto, o gestor da Administração Pública está gerindo coisa alheia e, por isso, deve prestar contas de sua atuação aos órgãos competentes e à sociedade. O objetivo do controle da Administração Pública é garantir que ela atue em conformidade com a legislação vigente e, assim, cumpra a sua missão de realizar o objetivo maior do Estado: promover o bem comum da coletividade. Portanto, o principal controle exercido sobre a Administração Pública é o controle de legalidade – a atividade administrativa deve sempre estar em conformidade com a lei. 48 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Comportamento Organizacional I. Motivação Ao iniciarmos este conteúdo, importante fazer uma reflexão sobre “o que é motivação”? Desta forma, ao começarmos a pensar em motivação, precisamos ter em mente que esse não é um conceito fácil de ser definido, nem muito menos simplista, portanto faz-se necessário esclarecer e diferenciar o uso coloquial do termo, do uso que de fato irá nos interessar, que neste caso, é a área de gestão de pessoas. Sendo assim, nosso foco será sob o ponto de vista do trabalho. Em psicologia, motivação é a força propulsora (desejo) por trás de todas as ações de um organismo. Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta. A motivação é baseada em emoções, especificamente, pela busca por experiências emocionais positivas e por evitar as negativas, onde positivo e negativo são definidos pelo estado individual do cérebro, e não por normas sociais: uma pessoa pode ser direcionada até à automutilação ou à violência caso o seu cérebro esteja condicionado a criar uma reação positiva a essas ações. Buscando outra definição para a motivação, podemos afirmar que os indivíduos se comportam individual e grupalmente, e para que isso ocorra de maneira satisfatória para ele e para a organização é preciso buscar algo que estimule esse comportamento. É aqui que entra o conceito de motivação, que podemos assim denominar como sendo a vontade de empregar altos níveis de esforço em direção a metas organizacionais, condicionada pela capacidade do esforço de satisfazer alguma necessidade. Quando falamos em motivação, devemos ter em mente que estamos falando de pessoas, indivíduos dotados de vontade e estimulados por fatores internos e externos, que agem, se comportam, mas que precisam ser estimulados para que possam e queiram empenhar esforços para satisfazerem alguma necessidade, e dentro da organização, direcionar esses esforços para que as metas estabelecidas possam ser atingidas. Com isso podemos concluir que a motivação é algo que deve ser provocado, estimulado e desenvolvido nas pessoas que atuam dentro das organizações, para que se obtenha o sucesso desejado. II. Comprometimento Antes de falarmos sobre as teorias da motivação, é importante que você entenda melhor o conceito de comprometimento. Uma primeira interpretação do termo pode ser dada em função de sua natureza afetiva e comportamental (não instrumental ou normativa), pela qual comprometimento seria uma força de envolvimento e identificação das pessoas com a organização, percebida como: ➢ forte crença e aceitação dos valores organizacionais; e ➢ vontade de se esforçar para ajudar a organização em seus objetivos e de permanecer nela. O conceito de comprometimento organizacional extrapola a ideia de mera lealdade passiva do indivíduo com relação à organização. Está associado ao que os indivíduos se dispõem a entregar de si para que os objetivos organizacionais sejam alcançados. Perceba, contudo, que essa relação pode ser influenciada por componentes ambientais e pessoais, não estando restrita a aspectos internos da organização. 49 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Na verdade, é muito mais um reflexo de percepções individuais a respeito da cultura organizacional, destacando-se aí valores, crenças, políticas e normas de conduta adotadas e legitimadas (aceitas). Se as necessidades que a pessoa espera que a organização atenda são de fato atendidas, aumenta-se a chance de que os comportamentos apresentados sejam impulsionados por um sentimento de comprometimento do funcionário com relação àquilo que lhe foi atribuído como tarefa. Isso porque as pessoas chegam à organização trazendo anseios e objetivos sociais e financeiros, expressando-os individualmente, ou pelos grupos a que pertence (por alguma forma de representação coletiva). Estudos têm sido realizados para analisar a relação entre comprometimento e desempenho, pelo que alguns apontam para perspectivas mais simplistas e diretas, enquanto outros destacam a necessidade de questionamentos a respeito do tema. Por um prisma, acredita-se que altos graus de comprometimento das pessoas para com a organização levam diretamente a altos níveis de desempenho e produtividade. Assim, os esforços voltados ao aumento do comprometimento visam ao controle e direcionamento dos esforços para que os objetivos organizacionais sejam alcançados. Configura-se, então, como uma estratégia de controle e modelagem comportamental a ser aplicada pelos gestores. Visto de forma mais crítica, constataremos que essa relação pode não ser tão imediata nem direta (no sentido de "quanto maior comprometimento, maior desempenho"). Graus excessivamente elevados de comprometimento podem fazer com que as pessoas extrapolem seus limites, ficando propensas a doenças relacionadas ao trabalho e quedas em sua criatividade e produtividade. O comprometimentodos membros de uma equipe é influenciado pelo modelo operacional do grupo e por isso quando se criam condições que favoreçam a criatividade e a participação, as pessoas as percebem positivamente e eleva-se seu grau de entrega com relação àquilo que estão fazendo. O modelo de gestão adotado também influencia os níveis de comprometimento. Uma primeira análise diz respeito à separação entre organizações que adotam o modelo clássico e as organizações com visões modernas e modelos de gestão menos reducionistas e mecanicistas. No modelo clássico, desempenhos, resultados e políticas de reconhecimento e recompensa são individualizados, ou seja, as pessoas recebem atribuições estanques, sem que se estabeleçam metas e objetivos coletivos. Com isso, cria-se um ambiente em que a tendência é a prevalência dos interesses individuais e falta de visão sistêmica (integrada e interdependente) com relação aos macro-objetivos organizacionais. Já em organizações com abordagens mais evoluídas, tende-se à adoção de modelos participativos de gestão, dentre as quais se citam as equipes autogerenciadas. Com isso as pessoas são mais ouvidas e valorizadas em suas competências, o que é percebido como aspecto positivo e facilitador para o aumento do nível de comprometimento para com a organização. Há que se analisar também o papel do comprometimento no processo de aceitação dos valores organizacionais e dos objetivos estabelecidos pelos gestores. As políticas e estratégias são definidas pela cúpula e passadas para os gerentes, os quais têm a missão de segui-las com a cooperação coordenada de seus subordinados. Nesse contexto, desenvolver nos colaboradores o comprometimento com essas definições passadas de cima para baixo parece ser um dos instrumentos de gestão que favoreçam a adesão das pessoas e a canalização bem orientada de seus esforços. 50 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br III. Motivação e Comportamento O comportamento das pessoas dentro da organização é complexo, depende de fatores internos (decorrentes de suas características de personalidade, como capacidade de aprendizagem, de motivação, de percepção do ambiente externo e interno, de atitudes, de emoções, de valores e etc.) e externos (decorrentes do ambiente que envolve as características organizacionais, como sistemas de recompensas e punições, de fatores sociais, de políticas, de coesão grupal existente e etc.). Chiavenato, com a Teoria das Relações Humanas, passou a estudar a influência da motivação no comportamento das pessoas. Embora este seja apenas um dos fatores internos que influenciam o comportamento humano, a ele é dado tanta importância porque a motivação atua, em geral, sobre as necessidades dos indivíduos, a fim de supri-las para atingir os objetivos, tanto pessoais como organizacionais.18 Essas necessidades humanas, tidas como forças ativas e impulsionadoras do comportamento, apresentam uma enorme imensidão. Isso porque as pessoas são diferentes entre si, possuem necessidades diferentes e estas, consequentemente, produzem padrões de comportamento que variam de indivíduo para indivíduo. Apesar de todas essas diferenças enormes, em pesquisas realizadas acerca do comportamento humano, foi constatado que o processo que dinamiza o comportamento humano é mais ou menos semelhante para todas as pessoas. Baseando-se nos pressupostos de Chiavenato podem ser definidas três suposições para explicar o comportamento humano, das quais a análise nos é válida, pois elas estão intimamente relacionadas com o processo de motivação: a) O comportamento humano é causado, ou seja, existe uma causalidade do comportamento. Tanto a hereditariedade como o meio ambiente influem decisivamente sobre o comportamento das pessoas. O comportamento é causado por estímulos internos ou externos. b) O comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em todo comportamento humano. O comportamento não é causal, nem aleatório, mas sempre orientado e dirigido para algum objetivo. c) O comportamento humano é orientado para objetivos pessoais. Subjacente a todo comportamento existe sempre um impulso, um desejo, uma necessidade, uma tendência, expressões que servem para designar os motivos do comportamento. IV. Motivação e Desempenho Sendo o comportamento humano fundamentalmente orientado por objetivos, sejam eles conhecidos ou inconscientes, fica evidente a importância de se associar atitudes motivacionais a esses objetivos. Esses fatores motivacionais vão influir diretamente no comportamento do indivíduo e, consequentemente, no seu desempenho dentro da organização. 18 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª edição. Barueri-SP: Manole, 2016. 51 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Na verdade, tratam-se de três itens – motivação, comportamento e desempenho – que se apresentam estreitamente ligados. O desempenho é uma manifestação do comportamento humano nas organizações, podendo assim também ser motivado pelo próprio indivíduo (motivos internos) ou pela situação ou ambiente em que ele se encontra (motivos externos). V. Motivos internos São as necessidades, aptidões, interesses e habilidades do indivíduo, que o fazem capaz de realizar certas tarefas e não outras; que o fazem sentir-se atraído por certas coisas e evitar outras; o que o fazem valorizar certos comportamentos e menosprezar outros. Podem ser definidos ainda como os impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos: necessidades, frustração, aptidão, habilidades, atitudes e interesses. VI. Motivos externos São os estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que a pessoa persegue porque satisfazem a uma necessidade, despertam um sentimento de interesse porque representam a recompensa a ser alcançada. VII. As Teorias Da Motivação Kurt Lewin (1935), citado por Chiavenato, coloca que "o comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes formando com isso um campo dinâmico". Para entendermos seu pensamento, partimos da premissa de que o comportamento humano não depende somente de eventos passados, ou de eventos futuros, mas do momento de realidade atual do sujeito, que é o "campo dinâmico" por ele citado, ou seja, esse "campo dinâmico" é a interação do indivíduo com o ambiente em que ele está inserido.19 Partindo desse pensamento de interação entre o sujeito e o seu meio, e como se pode motivar esse sujeito em seu meio, vamos começar falando em uma primeira abordagem que afirma existirem dois tipos de teorias que procuram explicar a motivação: ✓ Teorias de contingência ou de conteúdo: a premissa básica são os fatores internos à pessoa, que ativam, dirigem, sustentam ou paralisam o comportamento. Falam sobre o que é a motivação; ✓ Teorias de processo ou categoria: buscam descrever e analisar o processo pelo qual o comportamento é ativado, dirigido, mantido ou paralisado, por meio de variáveis que serão observadas e descritas. Falam sobre como ocorre a motivação. Essas teorias são vistas e defendidas por vários estudiosos, segundo sua categorização, modo e forma de observá-las, trazendo novas perspectivas de visão. 19 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª edição. Barueri-SP: Manole, 2016. 52 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br As teorias de motivação também já foram subdivididas com base na época em que surgiram: ➢ Antigas: Teoria da Hierarquia das Necessidadesde Maslow; a Teoria X e Teoria Y de Mc- Gregor e a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg. ➢ Contemporâneas: Teoria das Necessidades de McClelland; a Teoria da Fixação de Objetivos; a Teoria do Reforço; a Teoria da Equidade e a Teoria da Expectativa. Uma terceira classificação divide as teorias em três grandes categorias: ➢ Teorias de Motivação de Conteúdo Estático: são teorias que se voltam para o estudo das variáveis que provocam o comportamento humano. São elas: a Teoria de Necessidades de Maslow; a Teoria de ERC de Alderfer; a Teoria das Necessidades Socialmente Adquiridas de McClelland e a Teoria da Motivação-higiene de Herzberg. ➢ Teorias do Processo de Motivação: que enfocam os fatores que dirigem o comportamento das pessoas, denominadas de Teoria das Expectativas ou Expectâncias de Victor Vroom; Teoria da Avaliação Cognitiva de Deci e Teoria da Determinação de Metas de Edwin Locke. ➢ Teorias baseadas no ambiente: que buscam identificar como o comportamento pode ser mantido ao longo do tempo, tratando a motivação como uma variável interventora e dependente, sendo exemplos: a Teoria do Condicionamento e Reforço Operantes de Skinner e a Teoria da Comparação Social de Festinger. O importante, no que concerne o estudo da motivação, é ter em mente a distinção entre elas e saber que a motivação é o resultado de recompensas intrínsecas (motivadores internos do ser humano) e extrínsecas (motivadores externos ao ser humano). • Recompensas intrínsecas: estão relacionadas à natureza do trabalho. • Recompensas extrínsecas: dizem respeito ao contexto e a elementos materiais do trabalho. Desta maneira, as recompensas intrínsecas são mais intangíveis e compreendem a realização pessoal, a estima de outras pessoas, ou o interesse que um trabalho possa despertar numa pessoa, ou seja, são provocadas, subjetivamente, no íntimo do indivíduo. Já as recompensas extrínsecas podem ser representadas pelos salários, benefícios adicionais ou condições de trabalho agradáveis, ou seja, são estimuladas por fatores objetivos e externos ao indivíduo. Você pode entender a motivação extrínseca pensando que as pessoas adotam comportamentos a fim de receberem incentivos ou evitarem punições, sendo ambos os aspectos externos à tarefa. Trata-se, então, de uma relação entre meios e fins. VIII. Teoria de Maslow De acordo com Abraham Maslow, assim que o homem supre suas necessidades, ele se motiva. Tais necessidades humanas são definidas em 5 níveis dentro de uma hierarquia. Somente quando um nível inferior está satisfeito, é que um nível imediatamente superior surge no comportamento da pessoa. 53 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br As necessidades são divididas, em nível crescente, da seguinte maneira: Essa cadeia não é engessada, mas sim flexível, pois, apesar das necessidades fisiológicas serem as primeiras do processo motivacional, vai depender do indivíduo a definição do que ele vem a enxergar como prioridade. IX. Teoria de Herzberg Segundo Frederick Herzberg, dois fatores são preponderantes para o alcance da motivação, são eles: 1. Fatores Higiênicos (extrínsecos). Localizados no ambiente e controlados pela organização. Abrange as condições que as pessoas trabalham. Se não atendidos, podem causar insatisfação, ou seja, são fatores esperados na relação de trabalho, por exemplo: salário, benefícios sociais, tipo de chefia, condições físicas e ambientais do trabalho, regulamentos internos e etc. De maneira geral, o desempenho e ações tomadas pelo indivíduo são melhorados por estímulos externos; porém, esses mesmos estímulos não o motiva. Ou seja, a presença destes fatores não geram motivação. Por outro lado, sua ausência gera desmotivação. 2. Fatores Motivacionais (intrínsecos): Estão dentro do indivíduo, envolvem sentimento de crescimento individual, reconhecimento profissional e auto realização gerados através de seus atos. X. Teoria de McGregor A Teoria X e a Teoria Y foram criadas por Douglas McGregor, onde ele compara dois estilos opostos e antagônicos de administrar: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, mecanicista e 54 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br pragmática (a que deu o nome de Teoria X), e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano, denominando-a de Teoria Y.20 McGregor descreveu os fatores motivacionais, agrupando em: • Fatores Extrínsecos: salário, benefícios e promoção. • Fatores Intrínsecos: autorrespeito, capacidade de solucionar problemas, autonomia, aquisição de novos conhecimentos. Motivação intrínseca ao indivíduo: os elementos motivadores, que apenas potencializam as suas ações, funcionam se, e somente se, o indivíduo já estiver motivado por algum fator pessoal (intrínseco). ➢ Teoria X: fundamentada em Taylor, o homem é avesso ao trabalho e à responsabilidade. O estilo de gestão deverá ser autoritário e coercitivo. ➢ Teoria Y: baseada na teoria humanística, as pessoas não são avessas ao trabalho, aceitam responsabilidades e não são passivas às necessidades da empresa. Importante registrar também o conceito da Profecia autorrealizável, apresentada no estudo de McGregor, de onde se extrai que há uma tendência dos indivíduos ajustarem seus comportamentos à expectativa que outros, em níveis hierarquicamente superiores, têm em relação a este. Trazendo para a prática, ela mostrou que a expectativa dos gerentes afeta o desempenho dos empregados, pois quando o chefe espera coisas positivas do subordinado, essas tendem a vir. Por exemplo: quando o chefe possui um preconceito que o funcionário é problemático, é muito comum que seu tratamento, para com ele, seja pautado nesta percepção. Por outro lado, o colaborador percebendo este tipo de tratamento, muito provavelmente vai reagir da mesma forma contra a chefia. XI. Teoria de McClelland Esse teórico identificou três necessidades caracterizadas como pontos-chave para se obter motivação. Segundo McClelland, as pessoas são divididas em: uma minoria desafiada pelas oportunidades e uma maioria que não são capazes, nem dispostas, a enfrentar desafios para alcançar objetivos. Teoria da Motivação pelo Êxito e/ou Medo: motivos que orientam o comportamento humano: • Realização (competir); • Afiliação (relacionar-se); • Poder (exercer influência). Essas necessidades são adquiridas no decorrer da vida, conhecidas como secundárias, e trazem sensações que o ser humano gosta de experimentar, como prestígio e status. XII. Teoria de campo de Lewin Kurt Lewin discorre nesta teoria sobre a ligação entre o comportamento social e o importante papel da motivação. Duas suposições foram fundamentais para a conclusão de sua pesquisa; uma delas, era de 20 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª edição. Barueri-SP: Manole, 2016. 55 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br que os fatos coexistentes dão origem ao comportamento humano; a outra, é de que tais fatos coexistentes atuam em um campo dinâmico, em que cada uma das parte desse campo é interdependente das demais partes. Conclui-se que as necessidades atuais do indivíduo estão relacionadas com a interpretação e percepção do ambiente pelo mesmo. XIII. Teoria de Teoria da Expectativa (ou Expectância) Victor Vroom Segundo a Teoria, o desempenho do indivíduo depende de seus objetivos pessoais, e o comportamento produtivo é um meio de consegui-los. Vroom acreditava que o indivíduo atinge objetivos por expectativa de satisfaçãopessoal, e não por necessidade. De acordo com a teoria, diferentes pessoas reagem de maneira diferenciada perante uma situação em que sejam colocadas. Nesta teoria, três fatores determinam a motivação para produzir em cada indivíduo: • Força de vontade para atingir metas, ou seja, objetivos pessoais; • A percepção que o indivíduo tem sobre a relação entre produtividade e o alcance de seus objetivos; • À medida que o indivíduo percebe a capacidade que tem de poder influenciar seu próprio nível de produtividade. XIV. Teoria de Lawler – Expectação Lawler acreditava, a partir de suas pesquisas, que o dinheiro poderia influenciar e motivar o desempenho e outros tipos de comportamento do funcionário dentro do trabalho. O companheirismo e a dedicação à organização eram alguns desses tipos de comportamento. Verificou-se, depois de um tempo, que o dinheiro, na verdade, tem pouca potência motivacional, em consequência de sua incorreta aplicação pela maior parte das empresas. De qualquer modo, ele concluiu que o dinheiro até pode ser um poderoso motivador, desde que as pessoas acreditem na ligação direta ou indireta entre o aumento da remuneração, por exemplo, e os desempenhos dentro da organização. O resultado financeiro desejado pode ser uma meta a ser atingida, caso o funcionário perceba que isso dependerá do seu desempenho. XV. Teoria de Chester Barnard Teoria da Aceitação da Autoridade: a autoridade depende não do superior, mas do subordinado em aceitá-la ou não, quando: • entende a ordem(comunicação); • julga compatível com os objetivos pessoais e da empresa, e é capaz de cumprir a ordem. XVI. Teoria Psicanalítica Elaborada por Freud, essa teoria afirma que as razões de carácter inconsciente, orientadas por pulsões (impulso energético ou força que conduz o organismo a uma determinada direção e fim, para 56 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br reduzir a tensão consequente de uma excitação corporal, obtendo prazer.), fundamentam o comportamento humano. Dentre os pensamentos de Freud, existem os mecanismos de defesa do ego, que visam evitar as angústias originadas dos conflitos intrapsíquicos, ou seja, aqueles cujas pessoas utilizam para tentar reduzir a tensão e ansiedade resultantes dos conflitos entre o id, o ego e o superego. Destacam-se, entre estes mecanismos: (i) o recalcamento – transmissão das pulsões, desejos e sentimentos, que não são admitidos pelo ego, para o id; (ii) regressão – quando há um retorno a uma fase anterior de comportamento; (iii) racionalização – justificativas ilusórias utilizadas pelo sujeito, por um comportamento não aceitável; (iv) projeção - atribuição de desejos, ideias à sociedade, pessoas e objetos, por não admitir tais características em si mesmo; (v) deslocamento – transferência de emoções e pulsões dos objetos que geram ameaças, para os que geram menos ameaças; (vi) formação reativa – manifestação de comportamentos opostos às verdadeiras pulsões; e (vii) sublimação - o objeto das emoções do indivíduo é substituído, de modo que possa se manifestar em modalidades socialmente aceitas. XVII. Teoria de Nuttin – Cognitiva e Relacional O teórico Nuttin declara que não é da carência ou desequilíbrio do organismo que surge o comportamento do indivíduo, mas sim de algo que ele define como “dinamismo temporal”, ou seja, uma razão que direciona o indivíduo ao desenvolvimento e progresso. Segundo o mesmo, as aspirações, projetos e desejos são pensados para o futuro com a construção de planos de ação. Necessidades, motivos e finalidades de ação possuem uma personalização, de acordo com a pessoa, suas mentalizações e projetos de vida. Liderança Estamos na Era do Conhecimento. Todas as ações, dentro da moderna Gestão de Pessoas, se baseiam em agregar valor à organização e às pessoas com vistas a trazer competitividade à organização. E, como todos sabem, é por meio do capital humano que se transforma uma organização tradicional em uma organização inovadora, flexível, sendo nesse ponto que observamos um importante papel na organização: o do líder. São os líderes que traçarão esses caminhos e guiarão as pessoas para as ações pretendidas. A fim de conquistar o comprometimento de uma equipe, é necessário que o líder inspire, e não exija o respeito e confiança dos subordinados. O colaborador evidencia seu comprometimento quando passa a se perceber como parte integrante da equipe, ou seja, quando identifica que sua contribuição é importante. Quando percebe que é considerado, compreendido e reconhecido, sua percepção de comprometimento cresce. Um líder que forma outros líderes ensina que são seis os passos que criam condições para o desenvolvimento da lealdade e do comprometimento: 1. Comunicação franca e aberta. 2. Envolvimento e potencialização dos colaboradores. 57 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 3. Desenvolvimento profissional e pessoal dos colaboradores. 4. Demonstrar o reconhecimento. 5. Liderar com ética e imparcialidade. 6. Promover o bem-estar no ambiente de trabalho. Quando Fayol anunciou as funções administrativas elas eram representadas pela sigla POCCC (planejamento, organização, comando, coordenação e controle). Com o passar do tempo as funções de comando e coordenação foram unificadas na letra D de direção. Esta função engloba atividades como a tomada de decisão, a comunicação com os subordinados, superiores e pares, a obtenção, motivação e desenvolvimento de pessoal. A liderança nas empresas pode ser de duas maneiras: a) liderança decorrente de uma função (cargo com autoridade de decisão). b) liderança como uma qualidade pessoal (conjunto de atributos e atitudes que tornam uma pessoa um líder. I. Conceito de Liderança Existem várias definições sobre liderança. Vejamos algumas: ✓ "É como uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida pelo processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos" (Chiavenato). ✓ "É a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos" (Robbins). ✓ "Liderança é a realização de metas por meio da direção de colaboradores" (Maximiano). O que podemos perceber, inicialmente, é que a liderança não ocorre sozinha. É um fenômeno social, grupal. Outro ponto importante é sua palavra-chave: influência. É ela que estabelecerá o elo no grupo social e que mostrará se estamos falando de liderança ou não. A liderança é o exercício de influência entre pessoas. Essa influência sobre o comportamento das pessoas pode ser exercida em diferentes graus. A liderança é contextual. Dependendo do contexto em que a pessoa está inserida, ela terá ou não chance de exercer liderança, bem como o grau de liderança que poderá exercer. É uma relação funcional, ou seja, só existirá liderança quando alguém (líder) for percebido pelo grupo como quem possui poder / controle sobre os meios de satisfação de suas necessidades. A concretização da liderança ocorre por meio da comunicação. O líder deve possuir habilidades de se comunicar já que, nas organizações, a liderança é exercida para o alcance de algum objetivo. Essa influência de que falamos só aparecerá e será percebida se o líder for capaz de induzir as pessoas. A liderança visa ao alcance de objetivos. Esse aspecto fica claro quando entendemos os conceitos sobre liderança já expostos. A influência do líder sobre os liderados deve ser direcionada para uma meta. O líder funcionará, portanto, como um norte, como um guia. Ele deve ter bem claro quais são os objetivos a serem perseguidos por seu grupo e deve ser sensível para perceber as diferenças individuaisdos membros do grupo, conseguindo satisfazer as diferentes necessidades deles. 58 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br II. Liderança x Administração Liderar e administrar são palavras que invariavelmente são utilizadas como sinônimas. Mas são conceitos bem diferentes. Administrar está ligado a enfrentar a complexidade. Uma boa administração traz ordem e consistência por meio da elaboração de planos formais, do projeto de rígidas estruturas organizacionais e da monitoração dos resultados em comparação com os planos. Liderar está relacionado com o enfrentamento da mudança. Os líderes conseguem estabelecer direções com visão de futuro e engajar as pessoas a superar os obstáculos para alcançarem essa visão. III. Liderança Formal x Liderança Informal Uma das definições de liderança que citamos foi a seguinte: "liderança é a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos". Porém, a origem da liderança poderá ser formal ou informal. Será formal, quando for conferida a alguém pela organização, ou seja, a organização, formalmente, designa uma pessoa para liderar outras. Assim, nem todo gestor é líder e nem todo líder é gestor. E é neste último aspecto que se refere à liderança informal. A liderança informal ocorre quando alguém, mesmo não tendo o poder formal para isso, lidera pessoas. Ela surge espontaneamente dentro do grupo. Nos quadros comparativos a seguir, podemos analisar a diferença entre a autoridade formal (gestor) e a liderança (informal): DICAS O chefe administra, o líder inova; O chefe é uma cópia, o líder um original; O chefe mantém, o líder desenvolve; O chefe prioriza sistemas e estruturas, o líder prioriza pessoas; O chefe depende de controle, o líder inspira confiança; O chefe tem uma visão de curto prazo, o líder perspectiva de futuro; O chefe pergunta como e quando, o líder o que e por quê; O chefe vive com os olhos voltados para o possível, o líder com os olhos no horizonte; O chefe imita, o líder inventa; O chefe é o bom soldado clássico, o líder é seu próprio comandante; O chefe faz as coisas direito, o líder faz a coisa certa. 59 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br O gestor será líder somente quando sua liderança for sancionada, legitimada, aceita por seus liderados. Afinal, de nada adianta dizer que alguém é líder se ninguém o considera assim, não é mesmo? Uma observação importante nesse ponto, antes de prosseguirmos: a organização precisa tanto de liderança como de administração fortes. Na verdade, todos os gerentes deveriam ser líderes. Afinal, além de planejar, organizar e controlar, o gestor deveria ser capaz de influenciar seus subordinados a o seguirem. IV. Teorias sobre liderança Além de entendermos o conceito global de liderança, é importante conhecer como esse conceito surgiu. Dessa forma, passaremos pelas diversas teorias existentes. Isso porque, apesar de muitas delas ainda serem aceitas, podemos perceber que houve uma evolução no tempo quando nos referimos ao pensamento sobre liderança. Nessa evolução, o foco foi mudando, ou seja, o entendimento sobre por que uma pessoa era considerada um líder foi ficando mais claro e mudando de perspectiva. 1. Teoria dos traços de personalidade De acordo com esta teoria, já desacreditada, o líder possuiria características marcantes de personalidade que o qualificariam para a função. Essas características eram: • Habilidade de interpretar objetivos e missões; • Facilidade em solucionar problemas e conflitos; • Habilidade de delegar responsabilidade aos outros; • Facilidade em supervisionar e orientar pessoas; • Habilidade de estabelecer prioridades; • Habilidade de planejar e programar atividades em equipe. De acordo com os autores Hersey e Blanchard, somente eram líderes potenciais quem possuía essas qualidades. 2. Estilos de liderança Esta teoria aponta três estilos de liderança: autocrática, democrática e liberal. 60 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Ela está concentrada mais especificamente no modo como os líderes tomavam decisões, e o efeito que isso produzia nos índices de produtividade e satisfação geral dos subordinados. As experiências demonstram o seguinte comportamento aos diferentes tipos de liderança a que foram submetidos: • Liderança Autocrática. O comportamento dos grupos mostrou forte tensão, frustração e, sobretudo, agressividade. De um lado e de outro, nenhuma espontaneidade nem iniciativa, nem formação de grupos de amizade. Embora aparentemente gostassem das tarefas, não demonstraram satisfação com relação à situação. O trabalho somente se desenvolvia com a presença física do líder. Quando este se ausentava, as atividades paravam e os grupos expandiam seus sentimentos reprimidos, chegando a explosões de indisciplina e de agressividade. • Liderança Liberal. Embora a atividade dos grupos fosse intensa, a produção foi simplesmente medíocre. As tarefas se desenvolviam ao acaso, com muitas oscilações, perdendo-se muito tempo com discussões mais voltadas para motivos pessoais do que relacionadas com o trabalho em si. Notou-se forte individualismo agressivo e pouco respeito com relação ao líder. • Liderança Democrática. Houve formação de grupos de amizade e de relacionamentos cordiais entre os participantes. Líder e subordinados passaram a desenvolver comunicações espontâneas, francas e cordiais. O trabalho mostrou um ritmo suave e seguro sem alterações mesmo quando o líder se ausentava. Houve um nítido sentido de responsabilidade e comprometimento pessoal. 3. Grid Gerencial ou Grade Gerencial ou Managerial Grid Robert R. Blake e Jane S. Mouton (1989) procuraram representar os vários modos de usar autoridade ao exercer a liderança através do Grid Gerencial. Esta representação possui duas dimensões: preocupação com a produção e preocupação com as pessoas. Para Chiavenato, a Grade Gerencial baseia-se na suposição de que, na mente da maioria dos líderes, há uma falsa dicotomia entre preocupação com a produção e a preocupação com as pessoas.21 21 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 61 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A preocupação com a produção refere-se ao enfoque dado pelo líder aos resultados, ao desempenho, à conquista dos objetivos. O líder com este tipo de preocupação empenha-se na mensuração da quantidade e da qualidade do trabalho de seus subordinados. A preocupação com as pessoas diz respeito aos pressupostos e atitudes do líder para com seus subordinados. Este tipo de preocupação revela-se de diversas formas, desde o esforço em assegurar a estima dos subordinados e em obter a sua confiança e respeito, até o empenho em garantir boas condições de trabalho, benefícios sociais e outras vantagens. O inter-relacionamento entre as duas dimensões do Grid Gerencial expressa o uso de autoridade por um líder. Cinco estilos básicos de uso de autoridade são definidos por Blake e Mouton, eles criaram uma grade gerencial para mostrar a preocupação com a produção e a preocupação com as pessoas são aspectos complementares e não mutuamente excludentes. Os lideres foram dispostos em dois eixos, o eixo horizontal se refere à preocupação com a produção, enquanto o eixo vertical se refere à preocupação com as pessoas. Cada eixo está dividido em nove graduações. A graduação mínima é 1 e significa pouquíssima preocupação por parte do administrador. A graduação máxima é9 e significa a máxima preocupação possível. 4. Teorias Situacionais de liderança. Nesta teoria o líder pode assumir diferentes padrões de liderança de acordo com a situação e para cada um dos membros da sua equipe. A Teoria Situacional surgiu diante da necessidade de um modelo significativo na área de liderança, onde é definido a maturidade como a capacidade e a disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento. Portanto, entende-se como Liderança Situacional o líder que comporta-se de um determinado modo ao tratar individualmente os membros do seu grupo e de outro quando se dirigirem a este como um todo, dependendo do nível de maturidade das pessoas que o mesmo deseja influenciar. A Liderança Situacional não só sugere o estilo de liderança de alta probabilidade para os vários níveis de maturidade, como indica a probabilidade de sucesso das outras configurações de estilo, se o líder não for capaz de adotar o estilo desejável. Estes conceitos são válidos em qualquer situação em que alguém pretende influenciar o comportamento de outras pessoas. Num contexto geral, ela pode ser aplicada em qualquer tipo organizacional, quer se trate de uma organização empresarial, educacional, governamental ou militar e até mesmo na vida familiar. As principais teorias situacionais são: • A escolha dos padrões de liderança. • Modelo Contingencial. • Teoria do Caminho-meta. 4.1 A escolha dos padrões de liderança Os autores da teoria consideram que o líder (gestor/gerente/administrador) deve escolher os padrões de liderança mais adequados para cada situação em que se encontra. Sendo a liderança um fenômeno situacional, deve-se considerar e avaliar três forças. 62 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ➢ Forças no gerente/administrador, como: a) seu sistema de valores e convicções pessoais; b) sua confiança nos subordinados; c) suas inclinações pessoais a respeito de como liderar; d) seus sentimentos de segurança em situações incertas. ➢ Forças nos subordinados, como: a) sua necessidade de liberdade ou de orientação superior; b) sua disposição de assumir responsabilidade; c) sua segurança na incerteza; d) seu interesse pelo problema ou pelo trabalho; e) sua compreensão e identificação do problema; f) seus conhecimentos e experiência para resolver o problema; g) sua expectativa de participação nas decisões. ➢ Forças na situação, como: a) o tipo de empresa, seus valores e tradições, suas políticas e diretrizes; b) a eficiência do grupo de subordinados; c) o problema a ser resolvido ou a complexidade do trabalho; d) a premência de tempo. Da abordagem situacional, pode-se inferir as seguintes proposições: ✓ Quando as tarefas são rotineiras e respectivas, a liderança é geralmente limitada e sujeita a controles pelo chefe, que passa a se situar num padrão de liderança próximo ao extremo esquerdo do gráfico. ✓ Um líder pode assumir diferentes padrões de liderança para cada um de seus subordinados, de acordo com as forças acima. ✓ Para um mesmo subordinado, o líder também pode assumir diferentes padrões de liderança, conforme a situação envolvida. Em situações em que o subordinado apresenta alto nível de eficiência, o líder pode dar-lhe maior liberdade nas decisões, mas se o subordinado apresenta erros seguidos e imperdoáveis, o líder pode impor-lhe maior autoridade pessoal e menor liberdade de trabalho. 4.2 Modelo Contingencial O Modelo Cntingencial de Fiedler enuncia que a liderança eficaz é função da correlação do estilo do líder e o grau de favorabilidade de uma situação. Segundo Hersey & Blanchard (1986), Fiedler enumerou como variáveis determinantes deste último, as relações pessoais entre os atores organizacionais, o modo de estruturação dos processos de trabalho e, ainda, o poder inerente à posição hierárquica do líder.22 O autor modera orientações comportamentais com fatores situacionais de modo a prever a eficácia da liderança. A eficácia tanto pode ser conseguida com uma mais elevada orientação para a tarefa como com uma mais elevada orientação para o relacionamento, dependendo do contexto organizacional. 22 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 63 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Existem alguns fatores que determinam a eficácia da liderança: relação líder-liderado, o grau de estruturação da tarefa e a quantidade de poder, por exemplo. Quanto melhor for a relação líder-liderados, mais elevada for a estruturação das tarefas e elevado o poder decorrente da posição ocupada pelo líder, maior será o controle ou influência que o mesmo pode ter. 4.3 Teoria do Caminho - Meta No cerne da Teoria do Caminho-Meta encontra-se a noção de que o propósito primordial do líder é motivar os seus seguidores, esclarecendo as metas e os melhores caminhos para alcançá-las. Essa abordagem está baseada na teoria da expectativa da motivação. Segundo a teoria do caminho-meta ou objetivos, os líderes devem aumentar o número e os tipos de recompensas aos subordinados. Além disso, devem proporcionar orientação e aconselhamento para mostrar como essas recompensas podem ser obtidas. Isso significa que o líder deve ajudar os subordinados a terem expectativas realistas e a reduzir as barreiras que impedem o alcance das metas. As pessoas estão satisfeitas com seu trabalho quando acreditam que ele levará a resultados desejáveis e trabalharão mais se sentirem que esse trabalho dará frutos compensadores. A consequência desses pressupostos para a liderança é que os liderados serão motivados pelo comportamento ou pelo estilo do líder à medida que esse estilo ou comportamento influenciam as expectativas (caminhos para a meta) e as valências (atratividade da meta).23 Essa teoria propõem quatro estilos de comportamento, que podem permitir aos líderes manipularem as três variáveis motivacionais: liderança diretiva, encorajadora, participativa e orientada para a realização. 5. Teoria da Liderança Transformacional Em essência, a liderança transformacional é o processo de construção do comprometimento organizacional através do empowerment dos seguidores para acompanhar esses objetivos. Ocorre quando os líderes elevam os interesses de seus empregados garantindo a aceitação dos propósitos e da missão do grupo e estimulam seus empregados a pensar além de seus interesses em prol dos interesses da organização. Considerando os lideres transacionais, segundo Bass (1997), esse tipo de liderança ocorre quando o líder utiliza autoridade burocrática, foco na realização da tarefa, e recompensas ou punições. Os lideres transformacionais preocupam-se com o progresso e o desenvolvimento de seus seguidores. Eles se preocupam em transformar os valores dos seguidores para suportar a visão e os objetivos da organização. Isso cria um clima de confiança no qual a visão pode ser compartilhada. Bass (1997) afirma que a liderança transformacional, assim como o carisma, tornou-se um tópico popular na literatura recente sobre liderança nas organizações; alguns autores usam os dois termos indistintamente, enquanto outros fazem distinção entre ambos. Define líderes transformacionais basicamente em termos do efeito dos líderes sobre os seguidores. Os seguidores sentem confiança, 23 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 64 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.bradmiração, lealdade e respeito com relação ao líder, estando motivados a fazer por ele mais do que originalmente é esperado. 6. A teoria de Ritter A teoria do autor citado se refere aos talentos do líder. De acordo com ele, o líder eficaz deve combinar quatro talentos: o cognitivo, o social e político, intrapsíquico e ético. O talento cognitivo abrange a capacidade do líder de interpretar o mundo para entender os objetivos da empresa onde atua. O talento social e político envolve a capacidade de entender a empresa como um sistema social. O talento intrapsíquico está vinculado a capacidade de perceber sua importância como líder, seu poder e os perigos ocasionados pelas suas paixões e ambições, e o talento ético se refere à capacidade de discernir o certo do errado visando o sucesso da organização. Comunicação I. Conceito O sistema de comunicação de uma organização é a forma pela qual as informações necessárias ao funcionamento da estrutura organizacional são transmitidas a todos os interessados e que permite a integração de todos em torno de objetivos comuns. O que comunicar, quem deve comunicar, qual o momento adequado e qual o meio a ser utilizado para comunicar são questões que precisam ser definidas previamente, a fim de que a comunicação possa ser eficaz. A comunicação administrativa é responsável pela circulação das informações em uma organização. É um instrumento de coerência e coesão organizacional, que se encontra presente tanto nas instituições públicas quanto nas empresas privadas. As características da boa comunicação numa organização: • são transparentes; • são uma via de mão dupla, que funciona com a mesma eficiência de baixo para cima e de cima para baixo; • possuem mecanismos formais que facilitam a abertura da comunicação interna; • informam os empregados sobre tudo que pode afetar sua vida; • informam os empregados sobre fatos que podem mudar a empresa antes que os jornais o façam; e • formam “embaixadores” da organização, que são verdadeiros multiplicadores dos valores, atividades e produtos da empresa. A comunicação interna (ou administrativa) percorre todas as áreas e ajuda a construir a própria cultura e a identidade organizacional, além de facilitar o relacionamento, a interação e a flexibilidade. Contribui para que haja um clima propício e favorável no ambiente de trabalho, reforça a confiança, fortalece o comprometimento das pessoas, e informa os programas e ações a serem executados. A comunicação externa é a que torna a empresa conhecida perante o mercado, as instituições e a sociedade. A comunicação institucional (interna ou externa) é a responsável pela formação da imagem pública da instituição e ocorre mediante a divulgação de sua missão, visão, valores e crenças, e filosofias. 65 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A comunicação pode ser formal ou informal. A formal segue uma hierarquia dentro da empresa, respeitando a administração, os valores existentes e os objetivos estabelecidos (é utilizada para tornar a organização conhecida). A informal não possui regra alguma, passando até mesmo por cima das autoridades constituídas (“rádio corredor”). Como podemos observar, a comunicação apresenta diversos fluxos: ➢ horizontal - Realizada entre unidades organizacionais diferentes, mas de mesmo nível hierárquico; ➢ vertical - Realizada entre níveis diferentes dentro da mesma organização, ou em unidades organizacionais em que uma seja superior à outra (matriz x filial); ➢ diagonal / transversal - Realizada entre unidades organizacionais e níveis diferentes; ➢ lateral - Ocorre entre funcionários/equipes/departamentos distintos; ➢ ascendente - Ocorre de baixo para cima; e ➢ descendente - ocorre de cima para baixo. A comunicação organizacional é um sistema que compreende o fluxo de informações entre a organização e seu ambiente interno e externo, e que permite à organização funcionar de forma integrada e eficaz. A comunicação organizacional comporta duas perspectivas principais: a instrumental e a participativa. Na perspectiva instrumental, a comunicação é vista como um instrumento cujo objetivo maior consiste em gerar obediência às ordens e conformidade às diretrizes e regras estabelecidas pela alta direção organizacional. A perspectiva instrumental visa “informar e divulgar”. Nesse enfoque, os instrumentos de transmissão (os meios) são determinantes para uma boa comunicação, deixando em segundo plano o autor e os demais atores. Portanto, na visão instrumental, os meios são mais importantes que os próprios autores/atores da comunicação. Na perspectiva participativa ou de interação, a comunicação é construída por todos os envolvidos, e seu significado resulta da interação entre atores, seus meios e suas particularidades. Em face da evolução e das constantes mutações no ambiente, ampliou-se a abrangência da comunicação organizacional, que passa a incluir clientes, fornecedores, a comunidade e demais entes governamentais que fazem parte desse universo. A comunicação não é mais um conjunto de atividades fragmentadas, mas um processo integrado que orienta o relacionamento da empresa ou entidade com todos os seus públicos de interesse. O próprio papel da comunicação se tornou mais abrangente. De simples divulgação de decisões e regras ou de fatos sociais, passou a abarcar tudo que diz respeito ao funcionamento da organização, seu clima interno, sua posição social e demais relações institucionais. A comunicação passou a ser fundamental para as organizações: um poderoso instrumento de gestão estratégica das organizações públicas e privadas em geral. A comunicação se tornou uma ferramenta de suporte para a gestão no enfrentamento aos mais variados desafios. A gestão da comunicação organizacional vai além da informação, incentivando engajamentos múltiplos e mútuos. Numa sociedade em que a cidadania ganha força, a comunicação tem um papel social para cumprir: o de envolver emissor e receptor em um diálogo aberto e democrático, em que a 66 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br estratégia de gestão da empresa seja construída com base em princípios sociais e éticos. Haja vista o direito universal à informação, a valorização desses canais de participação direta com a sociedade tornou-se um diferencial estratégico para as organizações públicas e privadas. Nesse novo contexto, a comunicação deixou de ser um monopólio para especialistas, para ser concebida numa visão compartilhada entre diversos profissionais. Mas esse papel estratégico e social só irá se concretizar se existirem canais que permitam aos indivíduos compartilhar a cultura organizacional (crenças, comportamentos e atitudes). A comunicação fragmentada evoluiu para a comunicação integrada, estabelecida com base numa política única e global, em que todas as áreas formam um processo único de comunicação, que inclui desde o planejamento da imagem institucional, seus atributos, os objetivos da comunicação, os diversos públicos, os planos de ação, o discurso e o feedback. Deve existir sinergia entre todos os envolvidos, e antecipadamente deve ser definido o que comunicar, como comunicar, quando comunicar e quem são os responsáveis pela comunicação: inclui as redes formais e informais. Segundo Patrícia Almeida (2005), quando se trabalha a gestão integrada, “a organização constrói uma identidade corporativa forte e sintonizada com a sociedade contemporânea, fortalecendo seu conceito institucional diante de todos os públicos e a opinião pública”. II. Processo de Comunicação A comunicação é um processo de transmissão de informações de uma pessoa para outra; de um grupo paraoutro; de um órgão para outro etc., sendo então compartilhada por ambas(os). Para que haja eficiência na comunicação, é fundamental que o destinatário da informação a receba e seja capaz de compreendê-la. A simples transmissão da informação sem o recebimento é o mesmo que não comunicar. O processo de comunicação somente se completa com o recebimento e o entendimento da mensagem pelo destinatário. O emitente utiliza algum tipo de sinal ou símbolo para a mensagem que quer transmitir, o qual denominamos código. O código “não nasce pronto” e precisa de um meio ou aparelho para codificá-lo. Uma vez codificado, é hora de transmitir a mensagem codificada que necessita de um canal para chegar até seu destino (um meio físico). A mensagem necessita, ainda, de outro meio físico capaz de decodificá- la e torná-la passível de compreensão pelo receptor, que mais do que visualizar ou escutar a mensagem, precisa compreendê-la. Durante esse processo, encontra-se o ruído, representado por tudo que perturba e pode atrapalhar a transmissão da mensagem: é a distorção da mensagem, que chega ao receptor diferente da forma como fora enviada pelo emissor. A comunicação pode ser vista como um processo composto por várias etapas, aqui apresentadas em maior número, com a finalidade de facilitar a compreensão desse processo: ➢ Emissor/Fonte: é a pessoa que, desejando se comunicar, emite a mensagem para a outra parte. ➢ Mensagem: é o conjunto de símbolos, é a ideia que o emissor quer transmitir. ➢ Codificador: é o meio ou equipamento utilizado para converter a mensagem em código passível de ser transmitido. ➢ Transmissor: é o meio ou aparelho utilizado para transportar a mensagem do emissor/fonte ao canal. 67 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ➢ Canal: é o meio de transmissão da mensagem entre a fonte e o destino. ➢ Decodificador: é o meio ou aparelho que decodifica a mensagem e a torna compreensível. ➢ Receptor/Destino: é a pessoa para quem a mensagem foi enviada. É o destinatário da mensagem, que deve recebê-la e compreendê-la. ➢ Feedback: é a parte da resposta do receptor que retorna ao emissor, e permite confirmar se a mensagem foi corretamente compreendida. ➢ Ruído: é toda interferência estranha à mensagem que torna a comunicação menos eficaz: pode ser barulho, informação ambígua, canal inadequado, aparelho com defeito etc. Em um processo de comunicação sempre existe algum ruído! Grupos e Equipes I. Conceito Será que sempre que duas ou mais pessoas se reúnem para fazer alguma coisa, elas estarão necessariamente buscando um objetivo único? A resposta é não. Apesar de haver situações em que o que se quer é justamente conseguir algo que "sirva para todos", há também casos, por exemplo, em que as pessoas se agrupam por uma questão de representatividade ou poder, visando algo que sozinhas não seriam capazes de obter. Há outros casos, ainda, em que o único propósito de estarem reunidas é simplesmente não estarem sozinhas, ou seja, é a valorização do convívio com outras pessoas, a troca de ideias, o compartilhar de sofrimentos, ou algo assim. Em síntese, existe uma "força oculta" (no sentido único de escondida) que aproxima as pessoas umas das outras e dá origem a grupos e equipes (que podem ser de trabalho ou não, como veremos). A maioria das atividades dentro de uma organização vai além da capacidade de uma única pessoa realizar o trabalho. As evidências sugerem que as equipes de trabalho normalmente superam os indivíduos e os grupos quando a tarefa necessita de múltiplas habilidades, capacidade de análise e experiência. Além disso, as equipes são mais flexíveis e se adaptam melhor aos desafios do que os grupos de trabalho normais. Vamos ver então a diferença entre um grupo e uma equipe de trabalho? Saber diferenciar grupos de equipes é importante. Isso ocorre porque também se diferenciam a forma de trabalhar com um e com outro e o que se pretende obter em cada caso. Esses são conceitos que já foram definidos por diferentes autores, em diferentes momentos, sob perspectivas também diversas. Como ponto de partida, você pode usar o que já sabe, ou seja, sempre que duas ou mais pessoas se reúnem propositalmente elas formam um grupo. Com base nisso, é fácil concluirmos que na maioria absoluta das organizações existem grupos. Para confirmarmos a existência de uma equipe, por outro lado, é necessária a constatação de um conjunto de características específicas. Veremos os dois conceitos e analisá-los separadamente. 68 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br II. Grupos Quando um grupo se forma, a situação mais comum é que as pessoas possam voluntariamente passar a fazer parte dele. Se é voluntariamente, é baseado em algum interesse, uma necessidade ou um objetivo individual que alguém tenha e na percepção de que o fato de pertencer àquele grupo pode, de alguma forma, ser a melhor opção para satisfazer ou alcançar esses "alvos". Assim, mesmo que o fato de estarem reunidas favoreça os resultados individuais, esses não deixam de ser individuais. Isso significa que em um grupo (que não se configure como equipe) não há uma busca coletiva por um objetivo único. É claro que quando um dos membros de um grupo alcança seus objetivos, é passada aos outros a ideia de "ser capaz" e isso traz, sim, efeitos positivos. No entanto, o que você deve entender é que em um grupo há uma situação de "cada um por si" onde o que se vê é a perseguição também individualizada e de alguma forma desconectada dos objetivos. No contexto das organizações, os grupos podem ser classificados como: (i) Os grupos formais são definidos pela estrutura de cargos da empresa. Assim, se você trabalha em um departamento de vendas de uma empresa, formará um grupo formal com seus colegas que pertencem ao mesmo departamento; (ii)Já um grupo informal não aparece no organograma da empresa, ou seja, não está formalmente organizado nem estruturado. Ele se forma naturalmente pela necessidade que temos de interagir com outras pessoas no ambiente de trabalho. Dessa forma, os colegas de trabalho que normalmente almoçam juntos (independentemente de trabalhar ou não no mesmo setor) podem ser considerados um grupo informal, ou seja, pessoas que não necessitariam estar juntas pelo seu cargo e suas tarefas, mas que têm a finidade umas com as outras. Os grupos informais podem ser subdivididos em: • Horizontais - formado por pessoas de uma mesma categoria profissional, de uma mesma área da empresa. • Verticais - formado por pessoas de diferentes níveis hierárquicos. • Mistos - formado por pessoas de diferentes áreas ou formações ou categorias e voltado ao atendimento de necessidades ou interesses que não possam ser realizados pela estrutura formal da organização. A formação de um grupo de trabalho pode ser classificada em um processo de quatro a cinco fases (no caso de grupos temporários): ➢ A primeira fase é a da formação do grupo, em que as pessoas se conhecem e as regras de funcionamento e comportamento dentro do grupo são estabelecidas. ➢ A segunda fase, a erupção ou conflito, consiste na formação dos primeiros conflitos, geralmente relacionados com a disputa pelo controle do poder dentro do grupo e com as restrições ao individualismo no grupo. ➢ A terceira fase é chamada de normalização. Nessa etapa já existe uma coesão dentro do grupo e o relacionamento já está mais firme. A estrutura do grupo já se solidificou e as regras de comportamento já se internalizaram, ou seja, já está claro para seus membros quais são os comportamentos aceitáveis dentro do grupo. ➢ Na quarta fase, de realização ou desempenho, a estrutura do grupojá está plenamente funcional, e as energias já são gastas na realização das atividades. Para os grupos permanentes essa é a última fase. 69 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Entretanto, no caso de grupos temporários, como comitês ou forças-tarefa, ainda existe mais uma fase: separação ou encerramento. Nessa etapa o grupo já se prepara para terminar seu trabalho e entregar o resultado final. III. Equipes O pressuposto inicial é que uma equipe é constituída para que se alcance algum objetivo específico. É possível, contudo, que um grupo se transforme em equipe e isso acontece a partir do momento em que os membros passam a dar importância à forma de funcionamento do grupo, à otimização das relações e das interdependências e à busca por soluções de problemas que de alguma forma prejudiquem a boa consecução das tarefas coletivas. De acordo com Chiavenato, equipe é um grupo de pessoas com habilidades complementares e que trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum pelo qual são coletivamente responsáveis.24 Uma equipe de trabalho gera sinergia positiva através de uma coordenação de suas atividades, ou seja, o somatório de seu resultado é maior do que seria o somatório dos resultados isolados de seus membros. Em uma equipe os papéis devem ser bem definidos e as pessoas escolhidas de forma a se ter, na configuração final, o preenchimento de todos os requisitos para que os resultados sejam, pelo menos, compatíveis aos esperados (se não puderem superá-los). Para que uma equipe tenha sucesso são necessárias algumas habilidades: ✓ Habilidades de Comunicação - Sem uma comunicação eficaz entre os membros da equipe, será muito difícil atingir os resultados desejados. Os canais de comunicação devem estar sempre abertos. ✓ Habilidade de Autogerenciamento - A equipe deve, em conjunto, ultrapassar obstáculos por meio da construção de um senso de propriedade, responsabilidade, compromisso e eficiência de cada membro, encorajando a total participação e a autocrítica para melhorar incessantemente as condições de trabalho. ✓ Habilidades de Liderança - Devem existir oportunidades para que todos exerçam a liderança. Cada membro deve aprender a organizar, colaborar, planejar, facilitar, relacionar e servir como coach e mentor. 24 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 70 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ Habilidades de Responsabilidade - Cada membro da equipe é responsável não só pelo seu trabalho, mas também pelo trabalho dos seus colegas. A responsabilidade do trabalho é compartilhada por todos. ✓ Habilidade de Apoio à Diversidade - Quanto mais diversificada a equipe, tanto maior sua habilidade de responder a novos problemas e apresentar novas soluções. Os preconceitos devem ser evitados. Pessoas com “perfis” diferentes trazem novas ideias e pontos de vista que podem acrescentar e enriquecer o trabalho da equipe. ✓ Habilidade de Retroação e Avaliação - Sem aprender com os erros passados, nenhuma equipe cresce. Devemos incentivar a autocrítica e a busca pelo autoaprendizado constante. ✓ Habilidade de Planejamento Estratégico - Em vez de responder a problemas com respostas isoladas, a equipe deve utilizar o planejamento estratégico para mapear os desafios e as oportunidades de modo participativo. ✓ Habilidade de Conduzir Reuniões Bem-sucedidas - Não deve existir perda de tempo com reuniões longas e pouco produtivas. A equipe deve aprender a utilizar técnicas de modo que as reuniões sejam curtas e produtivas. ✓ Habilidade de Resolver Conflitos - A equipe deve aprender a resolver problemas, negociar colaborativamente, responder a situações difíceis e resolver conflitos internos. ✓ Habilidades de Desfrutar - O trabalho não deve ser encarado como uma “pena” para os membros da equipe. Aprender a gostar do trabalho que é feito e desfrutar dos momentos juntos é importante para que a equipe tenha sucesso. Dessa forma, as organizações buscam a criação das equipes de trabalho, pois estas possibilitam a geração de resultados maiores com os mesmos recursos aplicados. 1. Tipos de equipes: • Equipes funcionais: funcionam mais como grupos de trabalho do que como equipes e são comumente encontradas nos departamentos em que há um "chefe" e os subordinados. Isso se deve ao fato de que as pessoas acabam realizando trabalhos paralelos e não interdependentes. O nome deriva do caso mais geral em que as pessoas são agrupadas em torno de alguma função organizacional (administrativo, técnico, jurídico, vendas e etc.). Observe que pode ser necessário, 71 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br em contextos específicos, que essas pessoas de fato formem equipes focadas em objetivos coletivos. • Equipes autogerenciáveis: termo utilizado para equipes às quais são dadas responsabilidade e autoridade (autonomia) não apenas para realização das tarefas, mas também para planejamento, avaliação e controle, e aperfeiçoamento da forma de funcionamento do grupo e execução dos trabalhos. • Equipes interfuncionais ou multidisciplinares: chamam-se assim as equipes compostas de pessoas vindas de várias áreas da organização e reunidas em torno de objetivos coletivos que, para serem alcançados, demandam experiências e formações diversificadas. • Equipes virtuais – os membros desse tipo de equipe utilizam as tecnologias de informação para trabalhar juntos e atingir seus objetivos. Através de instrumentos como e-mails, videoconferências e a internet, conseguem trocar informações e interagir. Essa forma possibilita que pessoas possam trabalhar de qualquer lugar do mundo. Pode conter apenas pessoas de dentro da mesma organização ou integrar pessoas de organizações diferentes. 2. Quando adotar o trabalho em equipe Nem sempre uma equipe é a melhor opção para um trabalho. Há casos em que será melhor escolher uma pessoa e perseguir apenas com ela determinado objetivo. Há casos, também, em que mesmo que seja necessário envolver vários recursos humanos em uma tarefa, os objetivos poderão ser estabelecidos de forma individual e não coletiva, o que não caracterizaria um "trabalho em equipe", mas um trabalho "feito por mais de uma pessoa". Para que a formação de uma equipe se mostre como a melhor alternativa para a realização de um determinado trabalho (ou o alcance de determinados objetivos), existem algumas considerações importantes a serem feitas com relação à estrutura organizacional, à integração das culturas regional, das pessoas e da empresa e ao perfil dos recursos humanos disponíveis. Para que uma equipe seja a melhor alternativa de realização de determinado conjunto de tarefas, é preciso confirmar que existe dependência mútua entre as pessoas necessárias e que o fato de trabalharem juntas (e em conjunto) poderá aumentar sua capacidade produtiva ou a qualidade do que se pretende construir a partir dos resultados obtidos. Mais do que isso, importa avaliar se as interações que existirão entre os membros da equipe têm potencial para aumentar os níveis de satisfação e comprometimento (ou se, pelo contrário, estariam criando desnecessariamente regiões de conflito). É importante avaliar até que ponto se consegue transferir poder para a equipe e isso precisa levar em conta: ➢ Fonte do poder: o grau de poder (autonomia) que pode ser concedido a um grupo está diretamente relacionado à origem desse poder, ou seja, ao fato de ser oriundo de algum nível hierárquico superior que tenha competência para delegá-lo. ➢ Instrumentos de poder:trata-se da capacitação dos membros da equipe para resolução dos prováveis (e possíveis) problemas com que venham a se deparar durante a realização das atividades. ➢ Quantidade de poder: quanto de poder (autonomia) se consegue dar à equipe em todo seu ciclo de vida, compreendendo condições para identificação e comunicação de problemas e indo até a capacidade para implementar as soluções escolhidas. 72 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ➢ Raio de ação: abrangência das responsabilidades a serem atribuídas às equipes (ou, por outra ótica, assumidas por elas), do planejamento ao controle de qualidade. Sabemos que uma equipe é criada com uma missão específica e que essa missão será desdobrada em objetivos a serem alcançados pelo grupo. Isso significa que há algo a ser modificado e isso precisa ser cuidadosamente investigado. Isso se conhece por elaboração do diagnóstico situacional, o qual servirá como referência para a escolha de se formar ou não uma equipe em cada cenário. Dentre vários aspectos relevantes, deve-se identificar que necessidades deverão ser atendidas e quais objetivos precisam ser definidos para orientar as ações nesse sentido. Além disso, os recursos necessários devem ser enumerados (não apenas os humanos, mas aqueles em geral: materiais, instalações e equipamentos, recursos financeiros e etc.) e verificada sua disponibilidade para realização dos trabalhos. Sobre as pessoas a serem envolvidas, é importante fazer uma avaliação a respeito da necessidade e das condições para desenvolvimento das competências que por acaso não estejam presentes. 3. Grupos de trabalho x Equipes de trabalho Nos grupos de trabalho encontramos as seguintes características: a) Responsabilidade: existe um líder explícito que detém a responsabilidade (ou essa é deixada a cargo de membros específicos do grupo). b) Funcionamento: o grupo de trabalho é formado por especialistas que realizam reuniões racionais em busca de solução para os problemas encontrados. As alternativas são votadas por todos, mas a decisão final é tomada pelo líder (que também foi o encarregado pela definição dos objetivos a serem perseguidos por todos). Já nas equipes de trabalho se fazem presente as características: a) Responsabilidade: tanto as responsabilidades quanto os papéis de liderança são compartilhadas pelos membros e percebe-se comprometimento de todos com relação ao que se quer alcançar. As divergências e os conflitos funcionais (construtivos) são encorajados. b) Funcionamento: a equipe de trabalho é normalmente multifuncional, ou seja, formada por pessoas de diferentes áreas da empresa. Os resultados são medidos com base nos desempenhos individuais. As decisões são tomadas por consenso (e não por imposição de uma pessoa ou de um grupo específico de membros) e os objetivos são definidos de forma participativa. Organização Formal e Informal I. Conceito A organização é um sistema planejado de esforço cooperativo no qual cada participante tem um papel definido a desempenhar e deveres e tarefas a executar. Esse conceito, contudo, compreende somente um aspecto da organização, isto é, aquele ao qual se deu estrutura formal, envolvendo, portanto, os aspectos planejados da organização. Esse ângulo ou aspecto formal da organização abrange problemas de estruturas, normas, métodos e processos de trabalho, como concebidos pelos criadores da organização. Por outro lado, quase sempre o quadro real de comportamento e de relações apresentado pelos membros de uma organização se afasta, ligeira ou amplamente, do plano formal de duas maneiras: 73 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • o plano formal pode estar incompleto - pode não compreender integralmente o padrão de comportamento efetivamente seguido; e • algumas partes do padrão de comportamento podem estar em contradição com o plano. Assim, emerge o outro ângulo, denominado organização informal, que envolve o padrão de comportamento adotado - a maneira pela qual os membros da organização realmente se comportam - à medida que esses padrões não coincidam com o plano formal. A organização formal é um sistema de atividades ou de forças, de duas ou mais pessoas, conscientemente coordenadas, enquanto a organização informal é um agregado de contatos e interações pessoais e os agrupamentos de pessoas associados. Diante do exposto, a distinção que geralmente se faz entre uma organização formal e a informal é que, enquanto a primeira é uma organização planejada, a segunda constitui o resultado da interação espontânea dos membros da organização, o impacto das personalidades dos atores sobre os papéis que lhes foram destinados. Portanto, não existe organização formal sem sua informal contrapartida, pois o plano administrativo formal não pode nunca refletir, adequada ou completamente, a organização concreta à qual se refere, pela razão óbvia de que nenhum plano abstrato pode - ou deve, se pretender ser eficiente - descrever exaustivamente uma totalidade empírica. Embora os objetivos de uma organização formal sejam mais explícitos, sua estrutura seja o resultado de decisões conscientemente tomadas e muitos de seus processos internos sejam também conscientemente planejados, algumas vezes pode ocorrer que a estrutura informal tenha uma influência tão penetrante que leve a uma redefinição da estrutura formal. Destarte, não se deve esquecer, a estrutura informal pode tornar-se um competidor em vez de um complemento da estrutura formal. Gestão de Pessoas I. Conceito A administração de recursos humanos abrange o conjunto de técnicas e instrumentos que permitem às organizações atrair, manter e desenvolver os talentos humanos. Idalberto Chiavenato ressalta que o termo Administração de Recursos Humanos restringe muito as pessoas, por tratá-las como meros recursos dentro da organização, ou seja, assim como existem os recursos financeiros e materiais, existem os recursos humanos e não pessoas. Algo parecido com o foi evidenciado durante a concepção e aplicação dos conceitos da Abordagem Clássica da Administração. Já a fundamentação da Gestão de Pessoas propõe considerar os indivíduos não mais como meros empregados e funcionários, e sim, tratá- los como parceiros, como colaboradores. Abordaremos a seguir os principais assuntos desta disciplina. II. Recrutamento Recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos oportunidades de emprego que pretende preencher. Para ser eficaz, o recrutamento deve atrair um contingente de candidatos suficiente para abastecer adequadamente o processo de seleção de matéria- prima básica (candidatos) para seu funcionamento. 74 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Segundo Chiavenato, o Recrutamento corresponde ao processo pelo qual a organização atrai candidatos do mercado para abastecer seu processo seletivo. Na verdade, o recrutamento funciona como um processo de comunicação, onde a empresa (organização) divulga e oferece oportunidades no mercado de trabalho.25 O recrutamento requer um cuidadoso planejamento, que constitui uma sequência de três fases, a saber: (i) o que a organização precisa em termos de pessoas; (ii) o que o mercado de RH pode oferecer; e (iii) quais as técnicas de recrutamento a aplicar. Daí, as três etapas: 1) Pesquisa Interna: O que a organização precisa: Pessoas necessárias para a tarefa organizacional. 2) Pesquisa Externa: O que o mercado deRH pode oferecer: Fontes de recrutamento a localizar e alvejar. 3) Técnica de recrutamento a aplicar. O planejamento do recrutamento tem, pois, a finalidade de estruturar o sistema de trabalho a ser desenvolvido. Os empregadores usam a análise de cargo e suas descrições para muitas coisas, como para desenvolver programas de treinamento ou para determinar a remuneração de vários cargos. Mas as descrições de cargo são usadas mais frequentemente para decidir que tipo de pessoas recrutar e selecionar para os cargos da empresa. 1. O Processo de Recrutamento O recrutamento envolve um processo que varia conforme a organização. O início do processo de recrutamento depende da decisão de linha. Em outras palavras, o órgão de recrutamento não tem autoridade de efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada de decisão por parte do órgão que possui a vaga a ser preenchida. Como o recrutamento é uma função de staff, suas providências dependem de uma decisão de linha, que é oficializada através de uma espécie de ordem de serviço, geralmente denominada requisição de empregado ou requisição de pessoal. Trata-se de um documento que deve ser preenchido e assinado pelo responsável que pretende preencher alguma vaga em seu departamento ou seção. Os detalhes envolvidos no documento dependem do grau de sofisticação existente na área de recursos humanos: quanto maior a sofisticação, menores os detalhes que o responsável pelo órgão emitente deverá preencher no documento. No caso da requisição de empregado, quando o órgão de recrutamento a recebe, verifica se existe algum candidato adequado disponível nos arquivos; caso contrário, deve recrutá-los através das técnicas de recrutamento mais indicadas em cada caso. O processo de recrutamento e seleção pode ser visto como uma série de etapas: a. Fazer o planejamento e a previsão da força de trabalho para determinar as vagas a serem preenchidas; b. Formar um conjunto de candidatos para esses cargos através de recrutamento interno ou externo; c. Fazer com que os candidatos preencham fichas de inscrição e talvez realizar uma entrevista de seleção inicial; 25 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 75 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br d. Utilizar várias técnicas de seleção como testes, informações sobre antecedentes e exames médicos para identificar os viáveis; e. Enviar um ou mais candidatos viáveis ao supervisor ou responsável pelo cargo; f. Submeter os candidatos a uma ou mais entrevistas de seleção com o supervisor e outros interessados para determinar qual e quais candidatos receberão propostas. 2. Meios de Recrutamento O mercado de recursos humanos apresenta fontes de recursos humanos diversificados que devem ser diagnosticadas e localizadas pela empresa que passa a influenciá-las através de uma multiplicidade de técnicas de recrutamento, visando a atrair candidatos para atender ás suas necessidades. O mercado de recursos humanos é constituído de um conjunto de candidatos, que podem estar aplicados ou empregados (trabalhando em alguma empresa) ou disponíveis (desempregados). Os candidatos aplicados ou disponíveis podem ser tanto reais (que estão procurando emprego ou pretendendo mudar de emprego) como potenciais (que não estão interessados em procurar emprego). Ocorre que os candidatos aplicados sejam reais ou potenciais, estão trabalhando em alguma empresa, inclusive na nossa. Daí os dois meios de recrutamento: o interno e o externo. 2.1 Recrutamento Interno O recrutamento é interno quando, havendo determinada vaga, a empresa procura preenchê-la através do remanejamento de seus empregadores, que podem ser promovidos (movimentação vertical) ou transferidos (movimentação horizontal) ou ainda transferidos com promoção (movimentação diagonal) Assim, o recrutamento interno pode envolver: ➢ transferência de pessoal; ➢ promoções de pessoal; ➢ transferências com promoções de pessoal; ➢ programas de desenvolvimento de pessoal; e ➢ planos de encarreiramento (carreiras) de pessoal. a) Vantagens do Recrutamento Interno: ✓ É mais econômico, pois evita: (i) despesas com anúncios em jornais ou honorários de empresas de recrutamento; (ii) custos de atendimento de candidatos; (iii) custos de admissão; (iv) custos de integração do novo empregado e etc. ✓ É mais rápido, evitando: (i) as demoras frequentes do recrutamento externo e a expectativa do dia em que o anúncio será publicado no jornal; (ii) a espera dos candidatos no processo de seleção; (iii) o cumprimento de aviso prévio pelo candidato escolhido, em sua empresa anterior; (iv) a demora natural do próprio processo de admissão e etc. ✓ Apresenta maior índice de validade e de segurança, haja vista que: (i) o candidato já é conhecido, avaliado durante certo período de tempo na empresa e submetido à apreciação dos chefes envolvidos; (ii) não necessita, na maior parte das vezes, de período experimental, de integração e indução à organização, ou de informações cadastrais a respeito; (iii) a margem de erro é reduzida, graças ao volume de informações que a empresa reúne a respeito de seus funcionários. 76 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ É uma fonte poderosa de motivação para os empregados, quando: (i) vislumbrem a possibilidade de crescimento dentro da organização, graças às oportunidades oferecidas para uma futura promoção; (ii) a empresa desenvolve uma política consistente de recrutamento interno, estimulando constantemente o autoaperfeiçoamento e a autoavaliação, no sentido de aproveitar as oportunidades ou mesmo de criá-las; ✓ Aproveita os investimentos da empresa em treinamento do pessoal, que, muitas vezes, tem o seu retorno quando o empregado passa a ocupar cargos mais elevados e complexos. ✓ Desenvolve um sadio espírito de competição entre o pessoal, tendo em vista que as oportunidades são oferecidas aos que demonstrem condições de merecê-las. b) Desvantagens do Recrutamento Interno: ✓ Exige que os novos empregados tenham condições de potencial de desenvolvimento para poderem ser promovidos, no mínimo, a alguns níveis acima do cargo onde estão sendo admitidos, e motivação para chegar lá. Todavia, se a empresa não oferecer oportunidades de crescimento aos empregados, poderá frustrá-los. ✓ Pode haver um conflito de interesses, pois muitos não demonstram condições de chegar a um posto mais elevado e impedem que outros cresçam. ✓ Sucessivas promoções não são bem vistas, porque um determinado momento esse empregado vai estacionar e não terá mais perspectivas dentro da organização. ✓ Não pode ser feita quando o presidente se afasta, assim há uma consequente estagnação do patrimônio humano na empresa. ✓ Quando efetuado continuamente, pode levar os empregados a uma progressiva limitação às políticas e diretrizes da organização, ou seja, os empregados, convivendo apenas com os problemas e com situações de sua organização, adaptam-se a eles e perdem a criatividade e atitude de inovação. A empresa pode importar soluções de outras organizações, mas terá que adaptá-la para os padrões de sua cultura organizacional. 2.2 Recrutamento Externo O recrutamento externo funciona com candidatos vindos de fora. Havendo uma vaga, a organização procura preenchê-la com pessoas estranham, ou seja, com candidatos externos atraídos pelas técnicas de recrutamento. O recrutamento externo incide sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou aplicados, em outras organizações e pode envolver uma ou mais das seguintestécnicas de recrutamento. 2.2.3 Técnicas de recrutamento externo ➢ Consulta aos arquivos de candidatos. ➢ Apresentação de candidatos por parte dos funcionários da empresa. ➢ Cartazes ou anúncios na portaria da empresa. ➢ Contatos com sindicatos e associações de classe. ➢ Contatos com universidades e escolas, agremiações estaduais, diretórios acadêmicos, centros de integração empresa-escola. ➢ Conferências e palestras em universidades e escolas. ➢ Contatos com outras empresas que atuam no mesmo mercado. ➢ Viagens de recrutamento em outras localidades. ➢ Anúncios em jornais e revistas. 77 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ➢ Agências de recrutamento. 2.2.4 Recrutamento on-line As organizações estão apostando na Internet para recrutar talentos e reduzir custos dos processos de provisão de pessoas, ao mesmo tempo em que aumentam os horizontes do recrutamento e facilitam a vida dos candidatos. A Internet proporciona velocidade de informação e facilidade em trabalhar grandes volumes de dados. Permite agilidade, comodidade e economia. A Internet constitui uma valiosa ferramenta para as empresas e para os candidatos se aproximarem, embora distantes fisicamente. Os serviços on-line de recrutamento abrem as portas de muitas empresas e permitem eliminar etapas da provisão. Além do mais, permitem a montagem de bancos de talentos, ao se guardar currículos de candidatos internos (os próprios funcionários) e externos. 2.2.5 Vantagens do Recrutamento Externo: ✓ Traz “sangue novo” e experiências novas para a organização. ✓ Renova e enriquece os recursos humanos da organização. ✓ Aproveita os investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoal efetuados por outras empresas ou pelos próprios candidatos. 2.2.6 Desvantagens do Recrutamento Externo: ✓ É geralmente mais demorado que o recrutamento interno. O período de tempo despendido com a escolha e mobilização das técnicas mais adequadas, com técnicas de recrutamento, apresentação de candidatos, com recepção e triagem inicial, entre outros. ✓ É mais caro e exige inversões e despesas imediatas com anúncios, jornais, honorários de agências, despesas operacionais relativas a salários e encargos sociais da equipe de recrutamento, material de escritório, formulários, etc. ✓ Em princípio, é menos seguro que o recrutamento interno, pois os candidatos externos são desconhecidos, por isso que geralmente as empresas contratam por um período de experiência e probatório. ✓ Quando monopoliza as vagas e as oportunidades dentro da empresa, pode frustrar o pessoal que passa a visualizar barreiras, fora de seu controle, para seu crescimento profissional. Os empregados podem perceber o monopólio do recrutamento externo como uma política de deslealdade da empresa com seu pessoal. ✓ Geralmente, afeta a política salarial da empresa, influenciando faixas salariais internas, principalmente quando a oferta e a procura de recursos humanos estão em situação de desequilíbrio. 2.3 Recrutamento misto Na realidade, uma empresa nunca faz apenas recrutamento interno ou externo. Um sempre complementa o outro, pois, ao se fazer um recrutamento interno, o indivíduo deslocado para a posição vaga precisa ser substituído em sua posição atual. Se for substituído por outro empregado, o deslocamento produz uma vaga que precisa ser preenchida. Quando se faz um recrutamento interno, em algum ponto da organização surge sempre uma posição a ser preenchida através do recrutamento externo, a menos que seja cancelada. Por outro lado, sempre que faz recrutamento externo, algum 78 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br desafio, alguma oportunidade ou algum horizonte devem ser oferecidos ao novo empregado, sob pena de procurar desafios e oportunidades em outra organização que lhe pareça melhor. Em face das vantagens e desvantagens dos recrutamentos interno e externo, uma solução eclética tem sido preferida pela maioria das empresas: o recrutamento misto, ou seja, aquele que aborde tanto fontes internas como fontes externas de recursos humanos. O recrutamento misto pode ser adotado em três alternativas de sistema: a) Inicialmente, recrutamento externo, seguido de recrutamento interno. b) Inicialmente recrutamento interno, seguido de recrutamento externo. c) Recrutamento externo e recrutamento interno, concomitantemente. A seleção de recursos humanos pode ser definida como a escolha do homem certo para o cargo certo ou a escolha dos candidatos recrutados mais adequados aos cargos existentes na empresa. A seleção visa solucionar: • adequação do homem ao cargo; • eficiência do homem no cargo. As exigências de seleção baseiam-se nas especificações do cargo, com o objetivo de fornecer maior objetividade e precisão ao processo seletivo. III. Seleção A seleção implica uma comparação e uma escolha. Comparação entre as características de cada candidato com o padrão de referência que são as especificações do cargo. As especificações são decorrentes da descrição e análise do cargo a ser preenchido e definem o que o cargo requer do seu ocupante. O candidato adequado deverá possuir as características requeridas pelo cargo. Feita a comparação, pode ocorrer que existam vários candidatos adequados ao cargo. Sobrevém, então, a escolha. Isto é, qual dos candidatos adequados ao cargo deverá ser escolhido para ocupá-lo. E esta é uma decisão de cada gerente ou supervisor. A participação do gerente ou supervisor no processo seletivo tem um forte impacto sobre a escolha da pessoa mais adequada. E a troca aberta de informações corretas entre o gerente ou supervisor e o candidato ao cargo é importante. Na realidade, os gerentes ou supervisores e suas equipes estão sendo cada vez mais envolvidos no processo de seleção de pessoal das empresas bem-sucedidas. Em muitas empresas, são os gerentes que entrevistam os candidatos e tomam as decisões sobre quem será admitido em sua equipe. Em outras palavras, são as próprias equipes que entrevistam seus prováveis futuros colegas, cabendo ao gerente a palavra final na escolha. Isto significa que a seleção está se tornando cada vez mais uma responsabilidade de linha e uma função de staff do órgão de Recursos Humanos. O processo de seleção ou de contratação é basicamente uma série de estudos de pessoal. Cada passo na sequência deve contribuir com nova informação. Os objetivos de informação devem ser atribuídos ao passo mais indicado para extrair o tipo de dados que se procura obter. Uma entrevista preliminar pouco pode fazer, porém faz uma seleção prévia, eliminando os candidatos que não possuem o perfil adequado. 79 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A seleção de pessoal é basicamente comparativa e restritiva. Ela utiliza as chamadas técnicas de seleção. A aplicação dessas técnicas se faz através de diversas fases, conforme a complexidade do cargo a ser preenchido. Cada fase funciona como um filtro seletor que vai gradativamente afinando as peneiras até chegar a uma sintonia fina em relação aos candidatos. É como se cada fase fosse parte de um sistema de decantação progressiva. Assim sendo a seleção visa solucionar dois problemas básicos: • Adequação do homem ao cargo; • Eficiência e eficácia do homem no cargo. A variabilidade humana é enorme, as diferenças individuais tanto no plano físico como no psicológico, levam as pessoas a perceberem situações de maneiras diferentes, a se comportarem e desempenharem diferentemente, com maior ou menor sucesso nas organizações. O processo seletivo deve fornecer não apenas uma ideia atual, mas também uma projeção de como a aprendizageme a execução se situarão no futuro. 1. Seleção como um Processo de Comparação A seleção é um processo de comparação entre duas variáveis: os requisitos do cargo a ser preenchido e o perfil das características dos candidatos que se apresentam. Essa comparação exige que a descrição e a análise do cargo seja transformada em uma ficha profissiográfica ou ficha de especificações (representa as características que o ocupante do cargo deverá possuir), a partir da qual se possa estruturar o processo seletivo com maior rigor. Na realidade essa comparação não se concentra em um único ponto de igualdade entre as variáveis, mas sobretudo em uma faixa de aceitação, admitindo certa flexibilidade a mais ou a menos ao redor do ponto ideal. 2. Seleção como um Processo de Decisão Como um processo de decisão, a seleção de pessoal, comporta quatro modelos de tratamento26: • Modelo de colocação – Há um só candidato e uma só vaga a ser preenchida por aquele candidato. Não inclui a categoria de rejeição, o candidato apresentado deve ser admitido sem sofrer rejeição alguma; • Modelo de seleção – Existe vários candidatos e apensas uma vaga a ser preenchida. O candidato é comparado com os requisitos exigidos pelo cargo que se pretenda preencher, podendo ocorrer aprovação ou rejeição; • Modelo de classificação – neste modelo existem vários candidatos para vários cargos. Se rejeitado, passa a ser comparado com os requisitos exigidos por outros cargos que se pretende preencher até se esgotarem os cargos vacantes. • Modelo de agregação de valor – se fundamenta no conceito ampliado de candidato da organização, que será posicionado no cargo mais adequado às suas características pessoais. 26 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 80 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Deste modo, temos dois requisitos: a) técnicas de seleção: capaz de permitir comparações de vários candidatos em relação aos vários cargos; b) existência de modelos de seleção: permitem o ganho máximo nas decisões sobre candidatos ou simplesmente padrões quantitativos de resultados. 3. Colheita de Informações sobre o Cargo Segundo Chiavenato, as informações do cargo que se pretende preencher podem ser obtidas através de cinco maneiras:27 1. Descrição e Análise do cargo: Constituem o levantamento de aspectos intrínsecos (conteúdo do cargo) e extrínsecos (requisitos que o cargo exige de seu ocupante) do cargo, ou seja, é o levantamento das informações a respeito dos requisitos e das características que o ocupante do cargo deverá possuir a fim de que o processo de seleção se concentre neles. 2. Aplicação da técnica dos incidentes críticos: Consiste na anotação sistemática e criteriosa que os gerentes devem fazer a respeito de todos os fatos e comportamentos dos ocupantes do cargo considerado que produziram um excelente ou péssimo desempenho ou resultado. Essa técnica localiza as características desejáveis (que melhoram o desempenho) e as indesejáveis (que pioram o desempenho) nos futuros candidatos. 3. Requisição de pessoal (ou empregado): Constitui uma ordem de serviço que o gerente emite para dar início ao processo seletivo. Consiste na verificação dos dados na requisição do empregado, preenchidos pelo chefe direto, especificando os requisitos e as características que o candidato ao cargo deverá possuir; 4. Análise do cargo no mercado: quando se tratar de algum cargo novo, sobre o qual a empresa não tem nenhuma definição “a priori”, é preciso saber o que estão fazendo outras organizações. As empresas estão fazendo o benchmarking, isto é, comparando os seus cargos com as estruturas de empresas bem sucedidas no mercado. 5. Hipótese de trabalho: caso nenhuma das alternativas anteriores possa ser utilizada, resta uma previsão aproximada do conteúdo do cargo e sua exigibilidade em relação ao ocupante. 27 Ibidem. 81 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br IV. Escolha das Técnicas de Seleção Com as informações a respeito do cargo a ser preenchido, o passo seguinte é a escolha das técnicas de seleção adequadas para conhecer e escolher os candidatos adequados. As técnicas de seleção podem ser classificadas em cinco grupos:28 1. Entrevista de seleção 2. Provas de conhecimento ou capacidade 3. Testes psicométricos 4. Testes de personalidade 5. Técnicas de simulação Comumente, escolhe-se mais de uma técnica de seleção para cada caso. Cada técnica auxilia as demais fornecendo amplo conjunto de informações sobre o candidato. As técnicas escolhidas deverão representar o melhor preditor para o desempenho futuro do cargo. Preditor é a característica que uma técnica de seleção deve possuir no sentido de predizer o comportamento do candidato em função dos resultados que alcançou quando submetido a essa técnica. Pode-se avaliar esta característica das técnicas aplicando-as em determinados candidatos que depois de admitidos são avaliados quanto ao desempenho nos cargos. Tanto a avaliação de desempenho quanto o resultado da técnica de seleção utilizada devem ter resultados positivamente correlacionados. V. As principais características das técnicas de seleção 1. Entrevista de Seleção É técnica de seleção mais utilizada nas grandes, médias e pequenas empresas, seja como única técnica a ser utilizada ou como complemento a outras. Embora careça de base científica e se situe como a técnica mais subjetiva e imprecisa de seleção, a entrevista pessoal é aquela que mais influencia a decisão final a respeito dos candidatos. Assim, a entrevista constitui-se num instrumento vital em matéria de seleção de RH. Através de uma conversação bem dirigida, o selecionador busca informações sobre os candidatos que não puderam ser mensurados pelos testes de seleção e pode confirmar ou não as demais informações, bem como, proceder ao exame do currículo do candidato. Para que haja um grau mais de confiabilidade nos resultados da pesquisa é necessário que duas providências sejam tomadas: a) Treinamento dos Entrevistadores: Para alcançar os objetivos da entrevista todo entrevistador deve observar os seguintes aspectos: ✓ Examinar seus preconceitos pessoais e dar-lhes o devido desconto. ✓ Evitar perguntas do tipo “armadilha”. ✓ Ouvir atentamente o entrevistado e demonstrar interesse por ele. ✓ Fazer perguntas que proporcionem respostas narrativas. ✓ Evitar emitir opiniões pessoais. ✓ Encorajar o entrevistado a fazer perguntas sobre a organização e o emprego. 28 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 82 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ Evitar a tendência de classificar globalmente o candidato como apenas bom, regular ou péssimo. ✓ Evitar tomar muitas anotações e registros durante a entrevista para poder dedicar-se mais atentamente ao candidato e não às anotações. ✓ Ter em mãos, antes da entrevista, todas as características do cargo a ser preenchido, tais como: título do cargo, do superior hierárquico, uma descrição detalhada das tarefas que compõem o cargo, máquinas e equipamentos a serem utilizados no exercício do cargo, requisitos mentais exigidos, nível de instrução, responsabilidades inerentes ao cargo e outras informações concernentes. As empresas bem-sucedidas estão descentralizando totalmente as atividades de seleção de pessoal.Nelas, o processo de seleção não está mais nas mãos de uma única pessoa e, sim, sob responsabilidade da equipe com que o candidato selecionado vai trabalhar. Cada equipe entrevista e escolhe seus futuros participantes. Nada melhor para a consolidação do espírito de equipe. b) Construção do Processo de Entrevista: Dependendo das habilidades do entrevistador, pode- se lhe dar menor ou maior liberdade na condução da entrevista. Assim as entrevistas podem ser classificadas em função do formato das questões e das respostas requeridas em cinco tipos, a saber: ✓ Entrevista totalmente padronizada - É a entrevista estruturada, fechada ou direta, com roteiro preestabelecido. Ela pode assumir uma variedade de formas, como escolha múltipla, verdadeiro ou falso, sim ou não etc. As perguntas e as respostas são fechadas. O candidato deve escolher entre as respostas apresentadas. ✓ Entrevista padronizada apenas quanto às perguntas ou questões - As perguntas são previamente elaboradas, mas permitem respostas abertas ou livres. ✓ Entrevista diretiva - Não especifica as questões, mas o tipo de resposta desejada. ✓ Entrevista não diretiva - Não específicas nem as questões nem as respostas. São as entrevistas informais, totalmente livres e cuja sequência e orientação fica a cargo do entrevistador. O único problema deste tipo de entrevista é que o entrevistador pode despercebidamente esquecer ou omitir alguns assuntos ou informações. 2. Etapas da Entrevista de Seleção A entrevista de seleção merece cuidados especiais e seu desenrolar passa por cinco etapas, a saber: ❖ Preparação da Entrevista: A entrevista não deve ser realizada de improviso, ela precisa ter algum tipo de preparação ou planejamento que permita determinar os seguintes aspectos: • O que se pretende com a entrevista? • Qual o tipo de entrevista (estruturada ou livre)? • Leitura preliminar do curriculum vitae do candidato. • Levantar o maior número possível de informações sobre o candidato a entrevistar. • O maior número possível de informações sobre o cargo a ser preenchido e as características pessoais essenciais exigidas pelo cargo. Com os itens acima o entrevistador poderá comparar entre o que o cargo exige e o que o candidato oferece. 83 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ❖ Ambiente de entrevista: É necessária a preparação do ambiente onde ocorrerá a entrevista, sob dois prismas: • Físico - O local físico deve ser privado e confortável. Sem ruídos e sem interrupções de outras pessoas. • Psicológico - O clima da entrevista deve ser ameno e cordial, sem receios ou temores, sem pressões de tempo, sem coações ou imposições. 3. Processamento da Entrevista Existe um intercâmbio de informações entre entrevistador e entrevistado. O entrevistador provoca estímulos (perguntas) ao candidato a fim de estudas suas respostas e reações comportamentais (retroação), que lhe permitam reelaborar novas perguntas, realimentando o processo, e assim por diante. Da mesma forma que o entrevistador obtém as informações que deseja, deve também prestar as informações que o candidato necessita para tomar decisões. Uma parte da entrevista consistirá em prestar ao candidato informações sobre a oportunidade existente e sobre a organização, com o intuito de transmitir-lhe uma imagem favorável e positiva e reforçar seu interesse. O processamento da entrevista deve levar em conta dois aspectos: • Material - É o conteúdo da entrevista, isto é, o conjunto de informações que o candidato fornece a seu respeito. • Formal - É o comportamento do candidato, isto é, a maneira pela qual o candidato se comporta e reage dentro da situação. O que se pretende neste aspecto é ter um quadro das características pessoais do candidato, independentemente. A entrevista deve ser objetiva e deve durar o tempo suficiente que varia de candidato para candidato. 4. Encerramento O encerramento deve ser elegante, ou seja, o entrevistador deve fazer um sinal claro que demonstre o fim da entrevista, bem como posicionar o candidato de como ele será contatado para saber o resultado da seleção ou quais serão os desdobramentos daquele contato. 5. Avaliação do Candidato Depois do entrevistado deixar a sala, o entrevistador deve consultar as anotações feitas durante a entrevista, que não deverão ser muitas, e avaliar o candidato. No final, deve definir se o candidato foi rejeitado ou aceito e qual sua colocação em relação aos demais candidatos que disputam a mesma vaga. O entrevistador deve funcionar como o fiel da balança, que compara objetivamente as características oferecidas pelo candidato com os requisitos exigidos pelo cargo a ser preenchido. 6. Provas ou Testes de Conhecimentos ou de Capacidade Estas provas ou testes procuram medir o grau de conhecimentos profissionais ou técnicos exigidos pelo cargo, ou o grau de capacidade ou habilidade para certas tarefas. São classificadas em três tipos: a) Classificação quanto à maneira como as provas são aplicadas: • Orais: perguntas verbais específicas e respostas verbais específicas. 84 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • Escritas: aplicadas por escrito procuram avaliar os conhecimentos adquiridos. • Realização: aplicadas por meio da execução de um trabalho ou tarefa, de maneira uniforme e com tempo determinado. Ex.: digitação, desenho, manobra de um veículo etc. b) Classificação quanto à área de conhecimentos abrangidos: • Provas gerais: refere-se à cultura geral ou conhecimentos gerais. • Provas específicas: pesquisa conhecimentos técnicos e específicos diretamente relacionados ao cargo a ser preenchido. c) Classificação quanto à forma como as provas são elaboradas: • Tradicionais: do tipo dissertativo ou expositivo. • Objetivas: em forma de testes objetivos que podem ser: (i) de alternativas simples (certo/errado) ou sim/não; (ii) De preenchimento de lacunas; (iii) De múltipla escolha; (iv) De ordenação ou conjugação de pares. • Mistas: apresentam tanto perguntas dissertativas quanto testes. 7. Testes Psicométricos São testes que avaliam o comportamento das pessoas sob um prisma objetivo e padronizado. Sua função é analisar essas amostras de comportamento humano, examinando sob condições padronizadas e comparando-as com padrões baseados em pesquisas estatísticas. Estes testes focalizam principalmente as aptidões das pessoas. Enquanto as provas de conhecimentos ou de capacidade medem a capacidade de realização atual de uma pessoa, os testes psicométricos enfatizam as aptidões individuais. Existe uma grande diferença entre aptidão e capacidade. A aptidão nasce com as pessoas e representa a predisposição da pessoa em aprender determinada habilidade de comportamento. Assim, a aptidão é uma habilidade em estado latente ou potencial na pessoa e que pode ser desenvolvida ou não por meio do exercício ou da prática. A capacidade é a habilidade atual da pessoa em determinada atividade ou comportamento. Ela é adquirida do desenvolvimento de uma aptidão preexistente. Modernamente, está se dando muita ênfase à chamada inteligência emocional, ou seja, o grau de ajustamento do comportamento emocional da pessoa. Os testes psicométricos têm duas importantes características: • Validade - Um teste de seleção é valido quando é capaz de prognosticar o desempenho futuro da pessoa no cargo. • Precisão - Um teste é preciso quando aplicado várias vezes em uma mesma pessoa, e não apresenta distorções consideráveis em seus resultados. 85 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 8. Testes de Personalidade Os testes de personalidade analisamos diversos traços de personalidade, sejam eles determinados pelo caráter (traços adquiridos) ou pelo temperamento (traços inatos). Um traço marcante de personalidade é uma característica marcante da pessoa e que é capaz de distingui-la das demais. Os testes de personalidade podem ser: • Genéricos - quando revelam traços gerais de personalidade – psicodiagnósticos. • Específicos - quando pesquisam determinados traços ou aspectos da personalidade, como equilíbrio emocional, frustrações, interesses, motivação e etc. Tanto as aplicações, como a interpretação dos testes de personalidade, exigem necessariamente a participação de um psicólogo. 9. Técnicas de Simulação As técnicas de simulação são essencialmente técnicas de dinâmica de grupo. A principal técnica de simulação é o psicodrama, que se fundamenta na teoria geral de papéis. Cada pessoa põe em ação os papéis que lhe são mais característicos sob forma de comportamento, seja isoladamente, seja em interação com outra pessoa ou outras pessoas. Age no aqui e agora como em seu cotidiano, o que permite analisar e diagnosticar seu próprio esquema de comportamento. Muitas organizações utilizam além das técnicas de entrevista e dos testes psicológicos, também a técnica de simulação, onde o candidato é submetido a uma situação de dramatização de algum acontecimento, geralmente relacionado ao futuro papel que desempenhará na organização, fornecendo alguma expectativa mais realista acerta de seu comportamento frente às situações. Estas técnicas promovem também uma autoavaliação do candidato, que tem uma noção mais real do que enfrentará no cargo que pretende assumir. 10. Avaliação e Controle dos Resultados O processo seletivo precisa ser eficiente e eficaz, a eficiência consiste em fazer corretamente as coisas: saber entrevistar bem, aplicar testes de conhecimento que sejam válidos e precisos, dotar a seleção de rapidez e agilidade, contar com o mínimo de custos operacionais, envolver as gerências e suas equipes no processo de escolher candidatos. A eficácia consiste em alcançar resultados e atingirem objetivos: saber trazer os melhores talentos para a empresa e, sobretudo, tornar a empresa cada dia melhor com novas aquisições de pessoal. Um dos problemas principais na administração de um processo é medir e avaliar seu funcionamento por meio de resultados, ou seja, de suas saídas. Para medir a eficiência do processo, deve-se levar em conta uma estrutura de custos: a) Custo pessoal: que incluem o pessoal que administra os processos de provisão de pessoal. b) Custos de operação: que incluem telefonemas, telegramas, correspondência, honorários de profissionais e de serviços envolvidos (agências de recrutamento, consultoria), anúncios nos jornais e revistas despesas de viagens de recrutamento e etc. c) Custos adicionais: que incluem outros custos, como equipamentos, software, mobiliário, instalações etc. 86 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Para medir a eficácia do processo de provisão de pessoas é muito útil a utilização do quociente de seleção que pode ser calculado por meio da seguinte equação: QS = (Nº de candidatos admitidos/Nº candidatos examinados) *100. O quociente de seleção é o resultado da proporção entre o número de pessoas admitidas e o número de candidatos submetidos às técnicas de seleção. À medida que o quociente de seleção diminui, aumenta sua eficiência e seletividade. Em geral, o quociente de seleção sofre alterações provocadas pela situação de oferta e procura no mercado de recursos humanos. • Custo total das operações de recrutamento e seleção. • Custo por admissão. • Custo por admissão por fonte de recrutamento. • Totais de admissões. • Totais de admissões por fonte de recrutamento. • Qualidade do recrutamento por fonte. • Benefícios por fonte e eficiência da fonte. • Análise dos resultados das provas e testes dos admitidos versus rejeitados. • Análise dos resultados das provas e testes dos admitidos versus rendimentos observados. • Total de admissões por anúncio. • Custos diferenciais por fonte. • Custo total das operações de recrutamento e seleção. Apesar de seu elevado custo operacional, a seleção de pessoas traz importantes e enormes resultados para a organização. • Adequação das pessoas ao cargo e consequente satisfação do pessoal com o emprego. • Rapidez no ajustamento e integração do novo empregado às novas funções. • Melhoria gradativa do potencial humano. • Maior estabilidade permanência das pessoas e decorrente redução de rotatividade. • Maior rendimento e maior produtividade pelo aumento da capacidade do pessoal. • Melhoria do nível das relações humanas pela elevação do moral. • Menores investimentos e esforços em treinamento. A seleção também promove importantes resultados para as pessoas: • Aproveita ao máximo as habilidades e características de cada um no trabalho. • Com isso, favorece o sucesso potencial no cargo. • Eleva a satisfação das pessoas pelo fato de localizar a atividade mais indicada para cada indivíduo. • Evita perdas futuras na recolocação ou substituição de pessoas pelo provável insucesso no cargo. Para que haja melhoria contínua do processo de provisão de pessoas, é necessário que ele não seja estritamente condicionado por normas, diretrizes e rotinas de trabalho que provoquem rigidez, uma vez que ele deve ser adaptável, ágil e flexível. Além disso, para que seja participativo, é fundamental que os gerentes de linha e suas equipes estejam envolvidas com o processo de recrutar e selecionar pessoas. 87 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br É que a administração participativa se caracteriza pelo fato de que o gerenciamento das pessoas é descentralizado, a fim de que cada gerente torne-se gestor de pessoas, isto é, gestor de seus subordinados, cada gerente administra os demais recursos com a ajuda de sua equipe de trabalho. Treinamento e Desenvolvimento I. Conceito O desenvolvimento de pessoal representa um conjunto de atividades e processos cujo objetivo é explorar o potencial de aprendizagem e a capacidade produtiva do ser humano nas organizações. Visa a aquisição de novas habilidades e novos conhecimentos e a modificação de comportamentos e atitudes. O conteúdo do treinamento envolve quatro tipos de mudanças de comportamento, descritas abaixo: a) Transmissão de informações: visa o aumento de conhecimento das pessoas, informando-lhes sobre a organização, seus produtos/serviços, políticas e diretrizes, regras regulamentos e seus clientes; b) Desenvolvimento de habilidades: visa a melhoria nas habilidades e destrezas, habilitando-lhes para a execução e operação de tarefas, manejo de equipamentos, máquinas e ferramentas, e ainda para possíveis ocupações futuras. c) Desenvolvimento ou modificação de atitudes: mudança de atitudes para atitudes favoráveis, de conscientização e sensibilidade com as pessoas, com os clientes internos (colaboradores) e clientes externos, podendo envolver aquisição de novos hábitos e atitudes ou técnicas de abordagem (vendas/cobrança). d) Desenvolvimento de conceitos: este tipo de treinamento visa elevar o nível de abstração de ideias e conceitos para ajudar as pessoas a pensarem em termos globais e amplos. O desenvolvimento procura definir métodos e procedimentos que possibilitem maximizar o desempenho profissional e com isso elevar os níveis de motivação para o trabalho. O plano de desenvolvimento motiva as pessoas da organização, cria perspectivas de evolução e contribui para a melhoria dos resultados. Hoje as empresas consideram o desenvolvimento de pessoal fator decisivo, motivo pelo qualfazem constar do seu plano estratégico a intenção de investir em programas que lhes propiciem um bom clima organizacional. O treinamento, um dos muitos recursos utilizados no processo de desenvolvimento, visa ao aperfeiçoamento do desempenho funcional, ao aumento da produtividade e ao aprimoramento das relações interpessoais. Na realidade, o treinamento é o responsável em manter as pessoas aptas aos seus cargos e mantê-las atualizadas com a tecnologia. Para uma organização ter um bom nível e produtividade, ela necessita de uma equipe de profissionais bem preparados. O fator humano influi de maneira decisiva para o futuro das organizações. Os treinamentos podem ser classificados de acordo com a sua abrangência: • gerencial: para ocupantes de cargos executivos ou de gerência; • técnico: para ocupantes de cargos técnicos, quer das atividades-fim, quer das atividades-meio da organização; 88 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • médio: para certos empregados, em face de algumas limitações (por exemplo, escolaridade); • amplo: para todos os empregados (por exemplo, curso na área das relações humanas). Para ser eficaz, o programa de treinamento de uma organização deve: • considerar seu plano estratégico; • observar o seu plano de desenvolvimento; • limitar-se aos recursos financeiros disponíveis para o exercício; • eleger os projetos prioritários; • evitar a discriminação de pessoas; II. Custos ou Investimentos? Há alguns anos, os administradores classificavam o treinamento como custos desnecessários e que poderiam comprometer a saúde financeira da organização. Hoje, treinar e desenvolver pessoas significa investir nos colaboradores para aumentar o conhecimento e consequentemente melhorar a qualidade dos produtos e serviços e o atendimento aos clientes. As organizações aumentaram os investimentos em atividades de treinamento e a tendência é que continue assim devido aos seguintes motivos: ✓ as deficiências observadas na educação fazem com que os alunos saiam das escolas e faculdades com um nível de conhecimento muito aquém do desejável; ✓ as características peculiares a determinados cargos e empresas exigem uma adaptação dos empregados recém-contratados; ✓ a constante evolução tecnológica requer a atualização de conhecimentos dos empregados; ✓ cumpre explorar o inesgotável potencial de crescimento encontrado nos seres humanos. Por isso, é preciso lembrar que as organizações além de propiciar treinamentos aos executivos (nível gerencial), também deve se preocupar com os demais colaboradores, pois estes têm maior necessidade de educação básica para se qualificar com o trabalho. Afinal, os resultados dependem das atividades de todos. Com relação às atividades de treinamentos, devem ser considerados os seguintes pressupostos: • não existem técnicas melhores ou piores, e sim técnicas mais ou menos adequadas, conforme os objetivos que se pretende atingir; • treinamento se baseia nos princípios universais do ensino convencional, exceto aqueles que necessitam de ajustes induzidos pelas condições de aprendizagem e as finalidades do programa. Principais objetivos do treinamento: • preparar as pessoas para a execução imediata das diversas tarefas peculiares à organização; • dar oportunidade para o contínuo desenvolvimento pessoal, não apenas no cargo atualmente ocupado, mas também em outro que o indivíduo possa vir a exercer; • mudar a atitude das pessoas, a fim de criar entre elas um clima satisfatório, aumentando a motivação e tornando mais receptivas às técnicas de supervisão e gestão. 89 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Alguns treinamentos tem como objetivos: • formação de pessoal (por exemplo, curso de formação de mestre de eletricidade); • a capacitação (por exemplo, curso de CAD para desenhista projetista); • a atualização/reciclagem (por exemplo, curso da nova legislação previdenciária para técnicos de pessoal); • novas tecnologias (por exemplo, curso de automação da unidade de refino para operadores de refinaria); • a readaptação (por exemplo, curso de ajudante administrativo para ex-motorista); • a formação de gerentes (por exemplo, curso de formação para gerentes); • a formação de supervisores (por exemplo, curso de desenvolvimento da supervisão); • clima organizacional (por exemplo, seminário de relações interpessoais). III. Etapas do processo de treinamento Para se elaborar um programa de treinamento deve se levar em conta alguns aspectos da organização, onde pode-se dividir esse processo em quatro etapas, descritas abaixo: • diagnósticos das necessidades de treinamento; • programação de treinamento para atender às necessidades diagnosticadas; • implementação e execução; • avaliação dos resultados. IV. Diagnóstico das necessidades de Treinamento O primeiro passo para a implementação de um programa de treinamento é levantar as necessidades de capacitação e desenvolvimento de recursos humanos da organização. Um correto trabalho nesse sentido poderá evitar a promoção de cursos desvinculados dos interesses da organização, os quais representarão um ônus sem o benefício correspondente. O diagnóstico de necessidades de treinamento deve englobar três níveis de análise complementares: a) Análise Organizacional Envolve o estudo da empresa como um todo, ou seja, sua missão, seus objetivos, seus recursos, a distribuição desses recursos para atingir os objetivos e o ambiente socioeconômico e tecnológico no qual a organização está inserida. Pode se dizer que a análise no nível organizacional é a determinação de onde se deverá dar ênfase ao treinamento. Para isso, deve-se analisar fatores como planos, força de trabalho, dados sobre eficiência organizacional, clima interno e etc., a fim de avaliar os custos envolvidos e os benefícios esperados do treinamento. Nessa análise deve-se levar em conta o planejamento da organização, as características básicas dos colaboradores e do corpo gerencial e a cultura organizacional, entre outros aspectos que contribuam para determinar o perfil e as necessidades da empresa. 90 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br b) Análise das Operações e Tarefas A análise dos cargos permite identificar necessidades de treinamento pela simples comparação entre os requisitos do cargo e a efetiva capacitação de seu ocupante. Focaliza os requisitos para o bom desempenho de cada cargo, definindo as habilidades, os conhecimentos, as atitudes e os comportamentos a serem desenvolvidos. c) Análise individual e por equipe Verifica-se quais as pessoas que são adequadas às necessidades organizacionais. Examina-se o potencial de crescimento de cada colaborador e de cada equipe, procurando identificar eventuais problemas de desempenho que possam ser corrigidos pelo treinamento. Normalmente, a análise individual e por equipes conta com a participação dos gerentes dos diversos órgãos da empresa. Os principais meios de colher informações são: ✓ entrevista com os gerentes; ✓ questionários; ✓ observação direta da execução das tarefas pelos empregados; ✓ solicitação da gerência; ✓ resultado da avaliação de desempenho. d) Programação de Treinamento Trata-se de planejar como as necessidades diagnosticadas deverão ser atendidas, utilizando os recursos didáticos mais adequados. Um programa de treinamento deve responder às seguintes indagações: • O QUE deve ser ensinado? • QUEM deve aprender? • QUANDO deve ser ensinado? • ONDE deve ser ensinado? • COMO se deve ensinar? • QUEM deve ensinar? Para se ter uma boa programação de treinamentoé necessário: • definir claramente o objetivo do treinamento; • determinar o conteúdo do treinamento; • definir o público-alvo, o local e a carga horária. • dividir em módulos, ou em partes, o trabalho a ser desenvolvido; • escolher o método de treinamento; • definir os recursos didáticos; • abordar uma necessidade específica de cada vez; Após isso, faz-se necessário decidirmos qual a modalidade de treinamento que iremos aplicar. Logo abaixo, temos alguns tipos que podem ser usados: 91 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ Treinamento Presencial: treinamento realizado com a presença física do instrutor e treinador, com o objetivo de qualificação, reciclagem, atualização e/ou aperfeiçoamento de desempenho. ✓ Treinamento à Distância: treinamento que se caracteriza pela separação física entre instrutor e treinando, utilização de meios de comunicação - impressos, eletrônicos e outros - para promover a interação entre instrutor e treinando e transmitir os conteúdos educativos. ✓ Treinamento em Serviço: treinamento realizado no próprio ambiente de trabalho do funcionário, destinado à aquisição de conhecimentos práticos e /ou desenvolvimento de habilidades específicas, sob orientação. ✓ Algumas ações de capacitação de iniciativa interna da instituição da área de RH podem contribuir muito para a melhoria da qualificação dos recursos humanos, tais como: rodízios, estágio, visita técnica, reuniões informativas, delegação de competência, grupos de estudo, assinaturas de jornais e revistas, etc. ✓ Participação em eventos externos como palestras, workshops, seminários, etc., são imprescindíveis para atender as necessidades de atualização e aperfeiçoamento. Para que o RH não fique à mercê de pedidos de treinamento externo, sobre os quais não possui suficiente informação sobre sua relevância e pertinência, é necessário criar uma base de dados sobre os eventos, mediante consulta às áreas e setores. Nessa fase, deve-se tomar as seguintes providências: • estabelecer a relação custo/benefício, em face da situação existente e dos objetivos propostos; • fazer com que os gestores e os altos-escalões assumam compromisso com o treinamento; • apresentar soluções alternativas para os problemas, analisando suas vantagens e desvantagens. Um planejamento proativo deve cumprir as seguintes etapas: • identificação dos principais clientes internos; • elaboração do programa de desenvolvimento de pessoal em conjunto com o cliente; • consolidação de todos os programas de desenvolvimento pessoal; • revisão periódica do programa em conjunto com o cliente. V. Execução do treinamento A execução do treinamento envolve o binômio instrutor/aprendiz e a relação instrução/aprendizagem. A execução de programas de treinamento deve levar em conta os seguintes fatores: ✓ Adequação do programa às necessidades da organização: o treinamento deve ser a solução dos problemas que deram origem às necessidades diagnosticadas ou percebidas. ✓ Qualidade do material didático: o material didático deve concretizar a instrução, objetivando facilitar a compreensão pela utilização de recursos audiovisuais, aumentar o rendimento do treinamento e racionalizar a tarefa do instrutor. ✓ Cooperação do pessoal de chefia: é necessário contar com o espírito de cooperação do pessoal e com o apoio dos dirigentes, pois todos os chefes e supervisores devem participar na execução do programa. 92 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ✓ Qualidade e preparo dos instrutores: devem reunir qualidades pessoais, tais como: facilidade no relacionamento humano, motivação, raciocínio, didática, exposição fácil, além do conhecimento da especialidade. ✓ Qualidade do pessoal a ser treinado: os melhores resultados são obtidos com uma seleção adequada dos aprendizes, em função da forma e conteúdo do programa e dos objetivos do treinamento para que se tenha um grupo homogêneo de pessoas. VI. Avaliação dos Programas de Treinamento A avaliação tem por finalidade verificar como foi executado o treinamento e qual o desempenho obtido, seja em termos organizacionais e de recursos humanos, seja de tarefas e operações. Trata-se de comparar os objetivos pretendidos com os resultados efetivamente alcançados. A avaliação deve considerar dois aspectos principais: a) determinar até que ponto o treinamento produziu as modificações de comportamento pretendidas; b) verificar se o treinamento guarda relação com o cumprimento das metas estabelecidas. Existem três formas de avaliação dos programas de treinamento: 1. Avaliação do Aprendizado - É a forma de avaliação mais conhecida. Verifica quanto foi assimilado durante o processo de ensino e aprendizagem. Embora nos treinamentos empresariais não seja muito comum aplicar provas, sempre deverá haver alguma forma de avaliar como foi efetivamente assimilado. Em vez de teste, pode-se aplicar exercícios ou questionários. 2. Avaliação de Reação - Visa conhecer a opinião do grupo sobre o curso nos seus mais diversos aspectos, desde a adequação do conteúdo até a eficiência das atividades de apoio, passando pelo desempenho docente e a qualidade dos recursos didáticos utilizados. Serve de feedback para o aprimoramento dos programas de treinamento. O grupo pode manifestar suas opiniões oralmente ou através de questionários. Estes últimos tem a vantagem de deixar os participantes mais à vontade para formular as críticas, pois normalmente não é preciso identificar-se. 3. Avaliação dos Resultados do Treinamento - Trata-se de averiguar até que ponto o treinamento produziu as modificações desejadas e se os resultados obtidos contribuíram efetivamente para os objetivos da organização. Isso pode ser feito de três maneiras: (i) realizando entrevistas com os participantes e seus supervisores após o curso; (ii) comparando a produtividade alcançada antes e depois do treinamento e (iii) analisando os diversos indicadores referentes a situação dos recursos humanos na organização. No nível organizacional, cumpre verificar se o treinamento produziu melhorias em termos de eficácia, imagem externa, clima de trabalho e relacionamento com os colaboradores. Quanto ao desempenho das pessoas, além dos indicadores já mencionados, deve-se examinar as variações no volume de produção dos colaboradores treinados e as mudanças verificadas em seu comportamento. No que refere-se as tarefas e operações, deve se verificar se houve aumento da produtividade, melhoria da qualidade dos produtos e serviços e redução do índice de acidentes. 93 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br VII. Critérios básicos da eficácia do treinamento Em todas as suas etapas, desde o levantamento das necessidades até a avaliação dos resultados, as atividades de treinamento devem adotar três critérios básicos de eficácia: • Critério da relevância - cumpre desenvolver prioritariamente os conhecimentos e as habilidades mais importantes para o bom desempenho das tarefas; • Critérios da transferibilidade - os conhecimentos adquiridos nos programas de treinamento devem ser passíveis de aplicação no trabalho cotidiano; • Critério do alinhamento sistêmico - os comportamentos difundidos pelo treinamento em um setor da organização devem ser estendidos também ao sistema organizacional como um todo, visando obter maior eficácia. A análise dos resultados da organização certamente virá comprovar que treinamento significa investimento visando à consolidação de sua imagem e à ampliação de seu universo. Por fim, vale lembrar que treinamento eficaz é aquele que gera resultados concretos para a organização, proporcionandoaos seus colaboradores a justa expectativa de satisfação e progresso. Avaliação de Desempenho e Potencial I. Conceito A Avaliação do Desempenho é um procedimento que avalia e estimula o potencial dos funcionários na empresa. Seu caráter é fundamentalmente orientativo, uma vez que redireciona os desvios, aponta para as dificuldades e promove incentivos em relação aos pontos fortes. A avaliação deve ocorrer todos os dias e não apenas em momentos formais. O esforço individual é direcionado pelas capacidades e habilidades do indivíduo e pelas percepções que ele tem do papel a desempenhar e função do valor de as recompensas dependerem do esforço. Na maior parte das vezes, a avaliação do desempenho é responsabilidade de linha e função de Staff (consultoria) com a assistência do órgão de ARH. Quem avalia é o superior imediato que, melhor do que ninguém, tem condições de acompanhar e verificar o desempenho de cada subordinado, diagnosticando com precisão os pontos fortes e fracos. II. Algumas definições de Avaliação do Desempenho ❖ Avaliação do desempenho é o processo que mede o desempenho do funcionário. O desempenho do funcionário é o grau em que ele alcança os requisitos do seu trabalho. ❖ Avaliação do desempenho é o processo de rever a atividade produtiva passada para avaliar a contribuição que os indivíduos fizeram para o alcance dos objetivos do sistema administrativo. ❖ Avaliação do desempenho é a identificação, mensuração e administração do desempenho humano nas organizações. A identificação se apoia na análise de cargos e procura determinar quais as áreas de trabalho que se deve examinar quando se mede o desempenho. A mensuração é o elemento central do sistema de avaliação e procura determinar como o desempenho pode ser comparado com certos padrões objetivos. A administração é o ponto-chave de todo sistema de avaliação. A avaliação 94 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br deve ser mais do que uma atividade orientada para o passado, ou seja, deve estar orientada para o futuro para poder alcançar todo o potencial humano da organização. ❖ Avaliação do desempenho constitui a maneira pela qual os fornecedores internos e clientes internos avaliam as competências individuais de uma pessoa com a qual mantêm relacionamentos de trabalho e fornecem dados e informações a respeito de seu desempenho e competências individuais para a sua melhoria continua.29 III. A Responsabilidade pela Avaliação do Desempenho A responsabilidade pelo processamento da verificação, medição e acompanhamento do desempenho humano é atribuída a diferentes órgãos dentro da organização, de acordo com a política de Recursos Humanos desenvolvida. Em algumas organizações existe uma rígida centralização da responsabilidade pela avaliação do desempenho neste caso é totalmente atribuída a um órgão de Staff pertencente à área de Recursos Humanos. Em outros casos, é atribuída a uma comissão de avaliação do desempenho, em que a centralização é relativamente amenizada pela participação de avaliadores de diversas áreas da organização. Em outras organizações, ainda, a responsabilidade pela avaliação de desempenho é totalmente descentralizada fixando-se na pessoa do empregado como uma parcela de controle por parte do superior direto. O meio termo mais utilizado é o sistema do qual existe centralização no que tange ao projeto a construção e a implantação do sistema e a relativa descentralização no que tange a execução. Nem sempre a administração do plano de avaliação de desempenho é função exclusiva do órgão de ARH. 1. O Gestor ou supervisor direto Na maior parte das vezes, cabe ao gerente - enquanto gestor de pessoas – a responsabilidade de linha pelo desempenho de seus subordinados e pela constante a avaliação e comunicação dos resultados. Nessas organizações, , quem avalia o desempenho do pessoal é o próprio gerente, com assessoria da área de RH, que estabelece os meios e os critérios para que a avaliação possa acontecer. Como o gerente não tem conhecimento especializado para projetar, manter e desenvolver um plano sistematizado de avaliação de pessoas, a área de RH entra com a função Staff de montar, acompanhar e controlar o sistema, enquanto cada gerente mantém a sua autoridade de linha avaliando o trabalho.30 2. O empregado Algumas organizações utilizam a autoavaliação por parte dos empregados como método de avaliação de desempenho. Realmente, é pouco comum este tipo de avaliação de desempenho, porque pode ser somente utilizado quando o grupo de trabalho é composto por pessoas de bom nível cultural e de alto quociente intelectual, além de equilíbrio emocional e de capacidade para fazer uma autoavaliação destituída de subjetivismo e distorções pessoais. É um tipo de avaliação de desempenho aplicável com relativo sucesso ao pessoal de nível universitário que ocupa elevadas posições na empresa. Na auto avaliação de desempenho, o próprio empregado preenche o questionário e submete-o, posteriormente, a 29 CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública: provas e concursos. 4ª ed. Barueri-SP: Manole, 2016. 30 Ibidem. 95 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br seu superior e, juntos, analisam os resultados, as providências a serem tomadas e os objetivos de desempenho a serem atingidos. Todavia a avaliação de desempenho não pode ser exclusiva responsabilidade do próprio indivíduo porque: ✓ pode haver uma heterogeneidade incrível de objetivos, com a fixação de padrões individuais de comportamento profissional; ✓ os empregados nem sempre tem condições de se autoavaliar dentro dos requisitos estabelecidos pelo sistema, o que provocaria distorções e perda de precisão dos mesmos; ✓ os pontos de vista dos empregados dificilmente coincidem com os de seus superiores acerca da avaliação de seu desempenho; ✓ os objetivos do desempenho podem tornar-se demasiadamente por pessoais e individuais, subjetivos e personalizados. 3. A comissão de avaliação de desempenho Em algumas organizações a avaliação de desempenho é atribuída a uma comissão especialmente designada para este fim e constituída de elementos pertencentes a diversos órgãos ou departamentos. A avaliação neste caso é coletiva, e cada membro terá igual participação e responsabilidade nos julgamentos. Geralmente, a comissão é formada de membros permanentes e transitórios. Os membros permanentes e estáveis participarão de todas as avaliações e seu papel será a manutenção do equilíbrio dos julgamentos, do atendimento aos padrões e da constância ao sistema. Os membros transitórios ou interessados, que participarão exclusivamente dos julgamentos dos empregados direta ou indiretamente ligados a sua área de atuação terão o papel de trazer as informações a respeito dos avaliados e proceder ao julgamento e a avaliação. Enquanto os membros transitórios trazem a avaliação e julgam seus subordinados diretos ou indiretos. Os membros permanentes procuram manter a estabilidade e a homogeneidade das avaliações. Podemos citar como exemplo de comissão de avaliação do desempenho: ➢ Membros Estáveis ou Permanentes • Presidente ou diretor • Diretor de RH • Especialista em avaliação de desempenho • Executivo de organização e métodos Realmente, se a organização conseguir obter pleno funcionamento da comissão, e através dela uma harmonia consistente nas avaliações, terá atingido uma técnica avançada de avaliação de desempenho. IV. Objetivo da Avaliação de Desempenho A Avaliação de Desempenho não tem um fim em si mesma, mas é um instrumento, um meio, uma ferramenta para melhorar os resultadosdos recursos humanos da organização. Através de um estudo científico desenvolvido pela General Electric Company, criado para verificar a eficácia de seu tradicional programa de avaliação do desempenho, verificou-se um aspecto fortemente positivo: muitas pessoas tem uma ideia favorável a respeito da avaliação de desempenho e acham que 96 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br todo indivíduo deve saber como está indo em seu cargo; e outro aspecto fortemente negativo: são extremamente raros os gerentes que empregam o programa de avaliação de desempenho por sua própria iniciativa, só o fazendo sob forte controle e cobrança, mesmo sabendo que o sistema visa melhorar o desempenho dos subordinados. Considera-se 3 os objetivos fundamentais da avaliação de desempenho: 1. Permitir condições de medição do potencial humano no sentido de determinar plena aplicação. 2. Permitir o tratamento dos Recursos Humanos como um recurso básico da organização e cuja produtividade pode ser desenvolvida indefinidamente, dependendo, obviamente, da forma de administração. 3. Fornecer oportunidades de crescimento e condições de efetiva participação a todos os membros da organização, tendo em vista, de um lado, os objetivos organizacionais e, de outro, os objetivos individuais. V. Aplicação - A entrevista da Avaliação de Desempenho A Avaliação de Desempenho é uma sistemática apreciação do comportamento das pessoas nos cargos que ocupam. Apesar de ser uma responsabilidade de linha é uma função de Staff, em algumas empresas, a avaliação do desempenho pode ser um encargo do gestor ou supervisor direto do próprio empregado, ou ainda de uma comissão de avaliação, dependendo dos objetivos da avaliação. A avaliação com o empregado avaliado constitui o ponto principal do sistema: a comunicação que serve de retroação e que reduz as distâncias entre o superior e o subordinado. A avaliação do desempenho tem várias aplicações e propósitos, tais como: ➢ Processos de agregar pessoas. A avaliação do desempenho funciona como insumo para o inventário de habilidades para construção do banco de talentos e para o planejamento de RH. Constitui a base de informação para o recrutamento e seleção ao indicar as características e atitudes adequadas dos novos funcionários que serão futuramente cobrados pelo resultado final de suas unidades negócios. ➢ Processos de aplicar pessoas. Proporciona informação sobre como as pessoas estão integradas e identificadas com seus cargos, tarefas e competências. ➢ Processos de recompensar pessoas. Indica se as pessoas estão sendo motivadas e recompensadas pela organização. Ajuda a organização a decidir sobre quem deve receber recompensas como aumentos salariais ou promoções, ou a decidir quem deve ser desligado da organização. Em suma, deve encorajar a iniciativa, desenvolver senso de responsabilidade e estimular o esforço de fazer melhor as coisas. ➢ Processos de desenvolver pessoas. Indica os pontos fortes e fracos de cada pessoa, quais os colaboradores que necessitam de treinamento e quais os resultados dos programas de treinamento. Facilita a relação de aconselhamento entre colaborador e superior e encoraja os gerentes a observar o comportamento dos subordinados para ajudar a melhorá-lo. ➢ Processos de manter pessoas. Indica o desempenho e os resultados alcançados pelas pessoas. 97 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ➢ Processos de monitorar pessoas. Proporciona retroação às pessoas a respeito de seu desempenho e potencialidades de desenvolvimento. 1. Benefícios Quando um programa de avaliação é bem planejado, coordenado e desenvolvido, traz benefícios a curto, médio e longo prazos. 2. Benefícios para o chefe • melhor avaliar o desempenho e o comportamento dos subordinados, contando com uma avaliação que elimina a subjetividade. • propor medidas e providências no sentido de melhorar o padrão de comportamento de seus subordinados. • comunicar-se com seus subordinados, fazendo-os compreender a mecânica da avaliação do desempenho como um sistema objetivo. 3. Benefícios para o subordinado • aprende quais são os aspectos de comportamento e de desempenho que a empresa mais valoriza em seus funcionários. • fica conhecendo quais as expectativas de seu chefe a respeito de seu desempenho e seus pontos fortes e fracos, segundo a avaliação do chefe. • conhece as providências tomadas por seu chefe quanto à melhoria de seu desempenho (programa de treinamento, estágios, etc.) e as que ele próprio deverá tomar (auto correção, maior capricho, mais atenção no trabalho, cursos por conta própria, etc.). • condições para fazer avaliação e crítica para o seu próprio desenvolvimento e controle. 4. Benefícios para a organização: • mais condições para avaliar seu potencial humano a curto, médio e longo prazos e definir a contribuição de cada empregado. • identificação dos empregados que necessitam de reciclagem e/ou aperfeiçoamento em determinadas áreas de atividade e selecionar os empregados com condições de promoção ou transferências. • pode dinamizar sua política de recursos humanos, oferecendo oportunidades aos empregados (não só de promoções, mas principalmente de crescimento e desenvolvimento pessoal), estimulando a produtividade e melhorando o relacionamento humano no trabalho. VI. Métodos de Avaliação Há diversos métodos para avaliar o desempenho humano. Dentre os métodos tradicionais mais utilizados, veremos: Relatórios verbais, Escala Gráficas, Escolha Forçada, Pesquisa de Campo e Incidentes Críticos. Já dentre os métodos mais modernos, abordaremos: Avaliação Participativa por Objetivos (APPO) e Avaliação 360º. 1. Relatórios Verbais É a comunicação verbal que o avaliador fala ao avaliado sobre seu desempenho profissional em determinado período de tempo. Mesmo com todas as suas limitações, esse método é o mais utilizado. 98 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Apenas deve ser empregado quando não há outros métodos de avaliação disponível. O avaliador precisa ser um profissional experiente, responsável e imparcial. 2. Escalas gráficas O método das escalas gráficas avalia o desempenho das pessoas através de fatores de avaliação previamente definidos e graduados, para tanto, utiliza um formulário de dupla entrada, no qual as linhas horizontais representam os fatores de avaliação do desempenho, enquanto as colunas verticais representam os graus de variação daqueles fatores. Este método também é conhecido como sistemas de gráficos analíticos, pois consiste numa sequência de fatores de desempenho que o supervisor imediato pretende medir ao analisar a execução do trabalho de seu auxiliar. Este tipo de avaliação não elimina o chamado Efeito Halo, isto é, a possível interferência ocasionada devido à simpatia ou antipatia que o avaliador possui pelo profissional que está sendo avaliado, muitas vezes ocasionada por um fato específico e isolado. Existem dois tipos de gráficos analíticos: gráfico de escala contínua e de escala descontínua. 3. Escolhas forçadas Para eliminar a superficialidade, a generalização e a subjetividade - aspectos característicos do método da escala gráfica - surgiu, então, o método da escolha forçada. Este modelo busca eliminar o Efeito Halo. Consiste na descrição de fatores que compõem determinado cargo. Esses fatores são classificados de forma crescente, ou seja, graduações inferiores ou negativas até atingir a graduações superiores ou positivas. A elaboração das frases que compõem o formulário dos padrões comparativos é mais demorada e complexa doque montar um instrumento de escalas gráficas, entretanto é um sistema bem mais compensador, objetivo e se adapta melhor a necessidades específicas das funções a serem avaliadas. Na escolha forçada, o superior imediato do avaliado analisa seu desempenho através de graduação conforme o número de fatores colocados nos blocos descritivos, que são blocos que em cada um consta várias frases quais o avaliador deve escolher forçosamente uma ou duas frases que melhor se apliquem ao desempenho do avaliado. 99 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 4. Método de pesquisa de campo Baseado em entrevistas padronizadas mantidas com a gerência imediata do avaliado. Nesses contatos obtém-se o máximo de informações sobre o desempenho do empregado avaliado por meio de levantamento das causas, origens e dos motivos do citado desempenho. Além de possibilitar um diagnóstico seguro do avaliado, o método de pesquisa de campo permite programar o desenvolvimento do funcionário em termos de carreira na companhia. 5. Incidentes Críticos Toma por base o registro feito pelo avaliador sobre o comportamento crítico do avaliado. Assim, toda vez que o funcionário realiza um trabalho tido como realmente excepcional ou desenvolva uma tarefa de forma negativa, a crítica, segundo este método, se aplicará a ambas as situações. São três fases de aplicação deste método: 1. Observação sistemática, pelo supervisor imediato, do comportamento funcional do avaliado; 2. Registro dos fatos excepcionais no desempenho do funcionário e 3. Pesquisa de atitudes e do comportamento do funcionário analisado. 6. Avaliação participativa por objetivos (APPO) Buscando um conceito na antiga Administração por Objetivos (APO), algumas organizações estão adotando uma metodologia de avaliação de desempenho mais moderna que possui uma intensa participação do gestor e do empregado. A APPO é democrática, participativa, envolvente e motivadora. Dentro desta perspectiva, este modelo segue 6 etapas: a) Formulação de objetivos consensuais - Os objetivos são conjuntamente formulados entre o colaborador e seu gestor através de uma negociação consensual. b) Comprometimento pessoal no alcance dos objetivos formulados em conjunto - É imprescindível a aceitação da meta pelo o avaliado e seu comprometimento em alcançá-la. c) Negociação com o gerente sobre a alocação dos recursos e meios necessários para o alcance dos objetivos; d) Desempenho - Cada pessoa deve escolher com total autonomia os seus próprios meios para alcançar os objetivos definidos; e) Constante monitoração dos resultados e comparação com os objetivos formulados; e f) Retroação intensiva e contínua avaliação conjunta. 100 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 7. Avaliação 360º Esta avaliação é feita de modo circular por todas as pessoas que mantêm alguma forma de interação profissional com o avaliado, ou seja, participam da avaliação o superior, os colegas e pares, os subordinados, os clientes internos e externos, os fornecedores e todos aqueles que giram em torno do avaliado com abrangência de 360º. Remuneração I. Conceito Ninguém trabalha de graça. Como parceiro da organização, cada funcionário está interessado em investir com trabalho, dedicação e esforço pessoal, com os seus conhecimentos e habilidades desde que receba uma retribuição adequada. As organizações estão interessadas em investir em recompensas para as pessoas desde que delas possam receber contribuições ao alcance de seus objetivos. Daí decorre o conceito de remuneração total. A remuneração total de um funcionário é constituída de três componentes principais, conforme figura abaixo. A proporção relativa de cada um dos três componentes varia de uma organização para outra. II. Os três componentes da remuneração total Segundo Chiavenato, na maioria das organizações, o principal componente da remuneração total é a remuneração básica, que é o pagamento fixo que o funcionário recebe de maneira regular na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. O segundo componente da remuneração total são os incentivos salariais, que são programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho. Os incentivos são concedidos sob diversas formas, como bônus e participação nos resultados a título de recompensa por resultados alcançados. O terceiro componente da remuneração total são os benefícios, quase sempre denominados remuneração indireta. Os benefícios são concedidos através de vários programas (como férias, seguro de vida, transporte subsidiado, refeições subsidiadas etc.). 101 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br III. Administração de salários É o conjunto de normas e procedimentos utilizados para estabelecer e/ou manter estruturas de salários equitativas e justas na organização. É um assunto que envolve a organização como um todo e que repercute em todos os seus níveis e setores. É um conjunto de faixas salariais relacionado com os diferentes cargos existentes na organização. 1. Formas de equilíbrio salarial Para estabelecer e manter estruturas salariais equitativas e justas torna-se necessário estabelecer duas formas de equilíbrio, a saber: a) Equilíbrio interno – consistência interna entre os salários em relação aos cargos da própria organização, ou seja, estrutura salarial justa e bem dosada. b) Equilíbrio externo – consistência externa dos salários em relação aos mesmos cargos de outras organizações que atuam no mercado de trabalho, ou seja, compatível com o mercado. 2. Objetivos da administração de salário ✓ Atrair e reter talentos na organização. ✓ Motivação e comprometimento do pessoal. ✓ Aumento da produtividade e qualidade do trabalho. ✓ Controle de custos laborais. ✓ Tratamento justo e equitativo às pessoas. ✓ Cumprimento da legislação trabalhista. ✓ Ajudar no alcance dos objetivos organizacionais. ✓ Proporcionar um ambiente amigável e impulsionador de trabalho. 3. Qual o foco da remuneração? Cada vez mais as organizações estão migrando do foco da remuneração nos CARGOS para o foco nas COMPETÊNCIAS. A remuneração baseada em CARGOS verifica a descrição e análise de cargos para permitir decisões comparativas entre eles. Verifica-se o que o ocupante do cargo faz, quando faz, como faz, onde faz e por que faz. A remuneração baseada em COMPETÊNCIAS paga de acordo com a avaliação das competências individuais ou grupais. Faz justiça equitativa e dinâmica do equilíbrio interno e externo da remuneração. Faz adequação da remuneração às competências individuais e grupais. As competências são adequadamente remuneradas. 4. Objetivos a serem atingidos com um Plano de Cargos e Salários (PCS) • Estabelecer política salarial justa e competitiva com base nos fatores internos e externos, com normas que assegurem um tratamento equitativo. • Determinar estruturas salariais capazes de reter seus profissionais e de atrair colaboradores para atividades específicas. • Definir claramente as responsabilidades básicas de cada cargo. • Determinar os valores relativos dos cargos e estabelecer um equilíbrio interno sem distorções salariais, de acordo com as referências de mercado; • Harmonizar os interesses econômico-financeiros da organização com os interesses de crescimento e qualidade de vida de seus colaboradores 102 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br • Racionalizar a estrutura organizacional; possibilitar redução / simplificação da estrutura organizacional. • Servir de base para evolução qualitativa dos profissionais.5. Remuneração Variável O conceito de Remuneração variável (ou flexível) está ligado a remunerar pessoas pelos resultados alcançados. Logo, Remuneração Variável é a parcela da remuneração total creditada periodicamente (trimestral, semestral ou anualmente) a favor do colaborador. O Objetivo da remuneração variável é fazer do executivo ou do colaborador um aliado e um parceiro nos negócios da empresa. 5.1 O que considera a Remuneração Variável? O sistema da remuneração variável não considera: tempo de casa; lealdade; formação escolar. O sistema da remuneração variável considera: resultados; competências; criatividade; inovação; espírito empreendedor; valor agregado. 6. Avaliação e classificação de Cargos Avaliação de cargo é uma comparação formal e sistemática de cargos para determinar o valor de um cargo em relação a outro. Como Fazer? Compare o conteúdo dos cargos em termos de esforços, responsabilidades e habilidades exigidas; faça pesquisa salarial dos cargos no mercado e compare com os seus. Objetivos da Avaliação: valoração de todos os cargos da empresa com equidade. 6.1 Fatores para uma valoração - Na valoração de cada cargo, leve em conta os seguintes fatores, dentre outros: conhecimentos necessários (know-how); habilidades necessárias; esforço físico e mental; responsabilidades exigidas; resolução de problemas; e condições de trabalho. 6.2 Método da pontuação para a valoração de um cargo - É uma técnica de avaliação de cargo mais quantitativa. Envolve a identificação de diversos fatores compensáveis, cada um com vários graus, bem como o grau de presença de cada um desses fatores no cargo. 6.3 Amplitude de valor de uma determinada faixa salarial - A maioria das empresas não paga um valor único para todos os cargos em uma dada faixa, mas desenvolve uma amplitude para os valores de cada faixa. 6.4 Outros fatores para a valoração de cargos - A avaliação de cargos fornece apenas uma resposta parcial à questão da remuneração dos cargos. Assim, além dos fatores de avaliação de cargos referidos (know-how, habilidades, esforço físico e mental, responsabilidades, resolução de problemas, condições de trabalho etc.), a remuneração de gerentes e profissionais também tende a basear-se mais em fatores como: desempenho, salários da concorrência e potencialidades individuais. 6.5 Salários de altos executivos - Para os altos executivos de uma empresa (Presidente, Vice- Presidentes e Diretores), o plano de remuneração geralmente consiste em 5 componentes básicos: salário 103 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br básico (faixa salarial elevada); incentivos de curto prazo (percentuais sobre o lucro); incentivos de longo prazo (percentuais de aumentos sucessivos a cada ano, opções de compra de ações); Benefícios exclusivos (educação gratuita para o próprio e filhos, planos de previdência privada, planos de saúde etc.); e privilégios executivos (residência, veículo, passagens aéreas 1a. classe, clubes vip, professor particular, presentes luxuosos etc.). 8. Resumo – Remuneração As organizações tem sistemas de recompensas para seus membros. Recompensa é uma retribuição, prêmio ou reconhecimento pelos serviços de alguém. A recompensa mais comum é a remuneração. A remuneração total é o pacote de recompensas quantificáveis que uma pessoa recebe pelo seu trabalho e é constituída de remuneração básica, incentivos salariais e benefícios. Existem recompensas financeiras e não-financeiras. As recompensas financeiras podem ser diretas (como salário direto, prêmios e comissões) ou indiretas (férias, DSR, gratificações e etc.). O salário pode ser nominal ou real. Remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensa dadas aos funcionários e decorrentes do emprego. O salário pode ser por unidade de tempo (mês ou hora de trabalho), por resultado ou por tarefa. O salário é importante para a pessoa (define seu padrão de vida) e para a organização (impacta em seus custos) e depende de fatores internos (organizacionais) e externos (ambientais). O desenho do sistema de remuneração deve levar em conta certos critérios para a sua construção. A administração de salários é o conjunto de normas e procedimentos para estabelecer e/ou manter estruturas salariais equitativas na organização que tenham equilíbrio interno e externo. O equilíbrio interno é assegurado pela avaliação e classificação de cargos, enquanto o externo é assegurado por pesquisas salariais. Os métodos tradicionais de avaliação de cargos são: escalonamento simples, categoriais predeterminadas, comparação por fatores e avaliação por pontos. As decorrências dos salários são os encargos sociais que alavancam os custos do trabalho nas organizações. 104 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: Reformas Administrativas e a Nova Gestão Pública I. Modelos Teóricos de Administração Pública Podemos dizer que, basicamente, há três diferentes formas de se administrar o Estado: patrimonialismo, burocracia e gerencialismo. O termo patrimonialismo vem de “patrimônio”, isso porque o governante administrava o patrimônio público como se fosse seu patrimônio privado. Era o modelo característico das monarquias europeias até o Século XIX, quando se desenvolve as ideias de legalidade e impessoalidade com o modelo burocrático. A burocracia surge como uma forma de proteger o patrimônio coletivo contra os interesses privados, estabelecendo procedimentos a serem seguidos. Contudo, o exagero no controle prévio, enrijecimento das estruturas e ausência de cobrança de resultados deixou a máquina pública lenta e cara, logo, o termo “burocracia” virou sinônimo de ineficiência. Isso se torna um problema sério com a crise fiscal a partir da década de 1970, quando ganham força as ideias de uma administração gerencial. Esta busca adotar técnicas de gestão da administração privada e tem como principal diferença em relação ao modelo burocrático o foco no controle, que deixa de ser a priori nos processos para ser a posteriori nos resultados. Podemos enxergar melhor essa evolução no resumo da tabela a seguir. São três modelos que se sucederam ao longo do tempo, tendo cada um prevalecido em épocas diferentes, mas isso não significa que foram deixando de existir à medida que outro surgia. Dessa forma, tanto o patrimonialismo quanto a burocracia ainda estão presentes, apesar de prevalecer o gerencialismo. II. Reformas Administrativas no Brasil após 1930 O Brasil vem passando, ao longo destes anos, por algumas reformas administrativas. Na Década de 1930, no governo Getúlio Vargas, a Reforma Burocrática foi a pioneira dentre estas reformas. Até 1930, a Administração Pública brasileira era basicamente patrimonialista, tendo o poder político-econômico controlado por grupos oligárquicos, principalmente de Minas Gerais e São Paulo. 105 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Paludo, citando Flávio Resende (2004), afirma que até 1930, o Estado Brasileiro era um verdadeiro mercado de troca de votos por cargos públicos; uma combinação de clientelismo e patrimonialismo.31 Com a grande crise mundial, a econômica brasileira teve um abalo inexorável. O cenário era preocupante, pois o carro-chefe da economia brasileira, no momento, era a cultura do Café e o mercado para o produto tinha despencado após a crise da Bolsa de Nova York no ano anterior. Chega ao poder o presidente Getúlio Vargas, adotando medidas enérgicas para conter a crise instalada no país, saneando as contas públicas e racionalizando a máquina administrativa.Ele fechou a economia brasileira, buscando alternativas econômicas no mercado interno, incentivou a industrialização e modernização da máquina estatal. III. A Reforma Burocrática de 1930 Na era Vargas, a partir da década de 1930, o Brasil passou a enfrentar um forte momento de industrialização e de intervenção do Estado no setor produtivo. Sob este cenário, surge o modelo de administração burocrática, em um quadro de aceleração da industrialização brasileira em que o Estado assume papel decisivo intervindo pesadamente no setor produtivo de bens e serviços. O modelo burocrático brasileiro buscou modernizar a máquina pública baseando-se nos paradigmas taylorista, fayoliano e weberiano, pautado na teoria administrativa importado dos países mais desenvolvidos. A burocracia inspirada nestes paradigmas foi constituída por princípios que enfatizavam a racionalização da administração pública em busca da eficiência através da profissionalização, formalismo, impessoalidade e hierarquia funcional. A reforma administrativa promovida por Maurício Nabuco e Luís Simões Lopes no governo Vargas possibilitou um processo de racionalização no serviço público, surgindo as primeiras carreiras burocráticas e a tentativa de adotar o concurso como forma de ingresso ao serviço público. Alguns pontos principais desta época que merecem destaque são: • tentativa de implantar estruturas gerenciais e de coordenação; • processo de racionalização; • surgimento das primeiras carreiras burocráticas; • tentativa de adoção do concurso como forma de acesso ao serviço público; • mudanças na forma de gestão dos recursos humanos e orçamentários; • implantação de mecanismos de controle na burocracia para romper com o clientelismo e com o patrimonialismo. Vale ressaltar que muitas das medidas adotadas na época acabaram levando em consideração as feridas geradas pela crise internacional de 1929. Desta forma, diz-se que a partir de 1930 emergiu um Estado Novo, também denominado de Estado Administrativo. 31 PALUDO Agostinho Vicente. Administração Pública, 6ª ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2017. 106 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br IV. A Criação Do DASP Em substituição ao Conselho Federal do Serviço Público (CFSPC), surge em 1938 o Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP, órgão central ligado diretamente ao presidente da república, tendo por missão introduzir o modelo racional-legal do sociólogo alemão Max Weber, inaugurando a reforma burocrática no Brasil. O DASP tinha como metas: (i) centralizar e reorganizar a administração pública, mediante a uma ampla reforma; (ii) definir política para gestão de pessoal; e (iii) racionalizar métodos, procedimentos e processos administrativos em geral. Em um sentido mais amplo, o que buscava era o combate às práticas patrimonialistas de gestão. Observa-se, então, que a ênfase maior da reforma promovida por Vargas concentrou-se nos meios e nas atividades de administração em geral. Houve pouca, ou nenhuma preocupação com as atividades fins. A reforma administrativa do Estado Novo foi o primeiro esforço sistemático de superação o patrimonialismo. Este esforço agiu no sentido da burocratização do Estado, por meio da inserção de aspectos como a centralização, a impessoalidade, a hierarquia, o sistema de mérito e a separação entre o público e o privado (Paludo, 2017). Ainda, Paludo (2017) destaca que o coronelismo patrimonialista dava lugar ao: I. Clientelismo - tipo de política em que uma pessoa (patrão) dá proteção à outra (o cliente) em troca de apoio, estabelecendo uma certa submissão pessoal que independe de relações de parentesco e não possui conotação jurídica; e II. Fisiologismo: busca de ganhos ou vantagens pessoais, esquecendo de ter como foco o interesse público. Apesar de tudo, importante ressaltar que a reforma administrativa realizada através do DASP trazia a ideia de modernização, de aumento da produtividade e da eficiência. É certo que o DASP – que era um órgão dotado de amplos poderes – representou a busca pela adoção do modelo weberiano na administração pública brasileira, ancorado pela meritocracia. Todavia, apesar da adoção de instrumentos importantes na área de pessoal (treinamento, concurso, instituição de carreiras, hierarquia e impessoalidade), o Patrimonialismo ainda se fazia presente na política nacional. V. Período De 1946 Até 1964 Ao final do período Vargas, os problemas de desempenho do Estado suscitavam a necessidade de novas reformas. No entanto, conforme afirma Rezende (2004), nenhum grande programa foi implementado no período que vai desde a criação da constituição democrática de 1946 até o golpe militar de 1964. Contudo, cabe ressaltar algumas alterações ocorridas neste período. Apesar de ser reconhecidamente uma evolução ao modelo patrimonialista existente, o modelo burocrático não alcançou, em sua totalidade, o resultado esperado. Com o passar do tempo, percebeu-se que a burocracia se exacerbava em suas características, revelava-se um modelo pouco flexível, sendo inadequada em cenários dinâmicos, que exigem agilidade. 107 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Dessa forma, o Estado brasileiro passou por diversas tentativas de reformas a fim de caminharmos para um modelo mais moderno de Administração Pública. Como exemplo, podemos registrar a tentativa no governo Juscelino Kubitschek (JK), com a criação das seguintes comissões especiais: • Comissão de Estudos e Projetos Administrativos (CEPA), objetivando a realização de estudos para simplificação dos processos administrativos e reformas materiais, como também assessorar o Congresso Nacional em assuntos ligados a reforma Administrativa; • Comissão de Simplificação Burocrática (COSB), que visava à elaboração de projetos direcionados para reformas globais. Tinha como objetivo: definir formas de delegação de competência, fixar responsabilidades, descentralizar serviços e aprimorar a prestação de contas das autoridades. Acerca das tentativas reformistas do Governo JK, verifica-se uma maior centralização e rigidez na Administração Direta, ao mesmo tempo em que foram criadas estruturas paralelas na Administração Indireta, flexíveis e compatíveis com os objetivos do plano de metas. Nos ensina Paludo que muito embora existam várias iniciativas anteriores, e outras no período militar, o “Estado desenvolvimentista” ou a “administração para o desenvolvimento” têm como marca o governo JK. Ao final da década de 1950 e no início da década de 1960, nos deparamos com o seguinte cenário na máquina pública: (i) se por um lado, tínhamos a Administração direta mais rígida, burocrática, formal e defasada; (ii) por outro, encontrávamos a Administração indireta mais flexível, moderna e tecnocrática. Eram considerada verdadeiras ilhas de excelência no setor público. Esta foi a forma que JK encontrou para superar as amarras existentes na administração direta, criando estruturas paralelas (Administração Indireta) a fim de implementar seu plano econômico e desenvolvimentista. Já no governo Joao Goulart, foram constituídos grupos de estudos com objetivo de elaborar um projeto de reforma geral da Administração Pública Federal. Foi nomeado como ministro extraordinário o deputado Amaral Peixoto, visando coordenar o grupo formado para apresentar um projeto de reforma administrativa, buscando a descentralização administrativa e a delegação de competência. A Comissão Amaral Peixoto, instituída pelo Decreto 51.705/63, reunia o que havia de melhor na inteligência nacional, embora cada membro fosse portador deuma visão distinta sobre o tema, tendo em Hélio Beltrão um forte defensor da descentralização. Todavia, as reformas de base propostas por Jango foi de encontro aos interesses econômicos de poderosos grupos nacionais e multinacionais, proporcionando, assim, grande agitação política à época. Por outro lado, a mobilização de movimentos esquerdistas e insurgências de militares de baixa patente aconteciam por todo país. Dado este cenário, apoiado pela direita católica, em 1º de abril de 1964, surgiu o golpe militar. VI. Decreto Lei 200 De 1967 – Primeiro tentativa da Reforma Gerencial A reforma administrativa instituída através do Decreto-Lei 200/67 proporcionou contribuições muito positivas, estabelecendo, mesmo que de forma preliminar, os princípios da reforma gerencial brasileira, constituindo-se em uma tentativa de superação da rigidez burocrática anteriormente 108 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br praticada. Para alguns especialistas, este foi o marco principal da implantação do modelo gerencial público no Brasil. Interessante a análise de Bresser Pereira a respeito deste período histórico: A primeira tentativa de reforma gerencial da administração pública brasileira, entretanto, irá acontecer no final dos anos 60, através do Decreto-Lei 200, de 1967, sob o comando de Amaral Peixoto e a inspiração de Hélio Beltrão, que iria ser o pioneiro das novas ideias no Brasil. Beltrão participou da reforma administrativa de 1967 e depois, como Ministro da Desburocratização, entre 1979 e 1983, transformou-se em um arauto das novas ideias. 32 O Decreto-Lei 200/67 fortaleceu a administração indireta, transferindo atividades para autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, a fim de obter-se maior dinamismo operacional por meio da descentralização funcional. Surgem como pilares na Administração Pública: • o planejamento e o orçamento; • o descongestionamento das chefias executivas superiores através da desconcentração e da descentralização; • a busca pela adoção da competência e da informação no processo decisório; • a sistematização; • a coordenação e o controle. O Decreto-lei 200/1967 foi inspirado nos estudos das comissões criadas no governo João Goulart (COSB e CEPA) e, principalmente, nos estudos e projetos da comissão Amaral Peixoto, que indicavam duas questões primordiais a serem tratadas: a centralização excessiva da administração em órgão de cúpula e ausência na coordenação das ações. Como bem nos ensina o professor Lustosa: Do trabalho dessa comissão e das revisões que se seguiram em âmbito ministerial resultou a edição do Decreto-Lei no 200, de 25 de fevereiro de 1967, o mais sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da administração federal. Esse dispositivo legal era uma espécie de lei orgânica da administração pública, fixando princípios, estabelecendo conceitos, balizando estruturas e determinando providências. O Decreto-Lei no 200 se apoiava numa doutrina consistente e definia preceitos claros de organização e funcionamento da máquina administrativa.33 Ele materializou o passo inicial para adotarmos um modelo de administração mais gerencial, aplicando a descentralização administrativa através da instituição de empresas públicas, fundações e autarquias, as quais teriam a responsabilidade de atuar nas funções meio do Estado. Distinguia a administração direta (ministérios, secretarias e outros órgãos de atividades fins do Estado) da indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista). Cabe 32 Disponível: http://bresserpereira.org.br/categoria/mare-ministerio-da-reforma-do-estado/reforma-gerencial-brasil. Visualizado em 25/06/2018. 33 DA COSTA, Frederico Lustosa. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200 anos de reformas. Disponível em: http://www.historiadaadministracao.com.br/jl/artigos/276-brasil-200-anos-de-estado-200- anos-de-administracao-publica-200-anos-de-reformas. Visualizado em 25/06/2018. 109 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br ressaltar que aproximadamente 60% das empresas públicas, fundações, autarquias e empresas estatais existentes no país foram criadas entre 1966 e 1976. Determinava que a administração pública se pautasse pelos princípios do planejamento, da coordenação, da descentralização, da delegação de competência e do controle. O planejamento ganhou força através da criação da SEPLAN (Secretaria de Planejamento), agência central responsável pelo sistema de contabilidade e auditoria interna Um dos pontos mais importantes deste decreto foi a flexibilização das relações de trabalho, permitindo a contratação do empregado público sem a rigidez de concurso, passando-se a dotar o regime celetista. Este vínculo jurídico permitiria agilidade nas contratações e demissões, além de poder competir com o mercado privado contratando os melhores profissionais com salários compatíveis com qualificação almejada. Muito embora não se possa negar a expansão da administração pública implantada pelo Decreto- Lei 200, este diploma teve duas consequências inesperadas e indesejáveis: de um lado, permitiu a contratação de servidores sem concurso público, facilitando a sobrevivência de práticas patrimonialistas e nepotistas; de outro, não se preocupou com mudanças na estrutura da administração direta ou central, não conferindo a devida importância às carreiras de altos administradores, bem como deixando de considerar os funcionários públicos como profissionais engajados no mercado de trabalho. Com esta prática, como seria previsível, a reforma administrativa embutida no Decreto-Lei 200 ficou pela metade e acabou por fracassar. 3. Estabeleceu regras para a aquisição direta de bens e serviços, ou mediante contratação; 4. Fortaleceu e expandiu o sistema de mérito, e estabeleceu diretrizes para elaboração de plano de classificação de cargos. VII. O Programa Nacional de Desburocratização Em 1979, Hélio Beltrão assume o Ministério Extraordinário da Desburocratização, com a proposta de direcionar a Administração Pública para o atendimento das demandas do cidadão. Surge, então, o Programa Nacional de Desburocratização (PrND), cujos objetivos eram: a revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização da autoridade, a melhoria e simplificação dos processos administrativos e a promoção da eficiência. No início da década de 1980, o PrND priorizou as privatizações, pois pretendia transferir para iniciativa privada atividades não essenciais ao Estado, haja vista que este atuaria tão somente através do fomento, apoio e controle na prestação destes serviços. Seus principais objetivos eram: (i) contribuir para melhoria do atendimento aos usuários do serviço público; (ii) reduzir a interferência do Estado na atividade do cidadão e do empresário, eliminando as formalidades e exigências; (iii) agilizar a execução de programas federais; (iv) substituir, quando possível, o controle prévio; (v) frear o excessivo crescimento da administração indireta, através do contrato com empresas privadas. Para Bresser Pereira, as ações do PrND voltaram-se, inicialmente, para o combate à burocratização dos procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num esforço para conter os excessos da expansão da administração descentralizada estimulada pelo Decreto-Lei 200/67. 110 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br O mestre Chiavenato registra que o PrND foi uma nova tentativa de reformar a burocracia presente namáquina pública, orientando-a para o caminho da reforma gerencial. No início dos anos 1980, registrou-se uma nova tentativa de reformar a burocracia e orientá-la na direção da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização - PRND, cujos objetivos eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização da autoridade, a melhoria e simplificação dos processos administrativos e a promoção da eficiência. As ações do PRND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização dos procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num esforço para conter os excessos da expansão da administração descentralizada, estimulada pelo Decreto-Lei 200/1967.34 Para Lustosa, diferentemente dos outros programas, o PrND privilegiava o usuário do serviço público. Esperava-se que a supressão de etapas desnecessárias tornaria mais ágil o sistema administrativo, trazendo benefícios para funcionários e clientes. Diferentemente dos outros programas, o da desburocratização privilegiava o usuário do serviço público. Daí o seu ineditismo, porque nenhum outro programa antes era dotado de caráter social e político. Mas, ele também incluía entre seus objetivos o enxugamento da máquina estatal, já que recomendava a eliminação de órgãos pouco úteis ou cuidava para impedir a proliferação de entidades com tarefas pouco definidas ou já desempenhadas em outras instituições da administração direta e indireta.35 Resta claro que o Programa Nacional de Desestatização focava no fortalecimento da livre iniciativa empresarial, pautando-se pelos seguintes princípios: 1. A organização e exploração das atividades econômicas competem à empresa privada, tendo o Estado um papel suplementar, encorajando e apoiando o setor privado; 2. O Governo brasileiro tem por objetivo promover a privatização das empresas estatais onde o controle público mostra-se desnecessário ou injustificável; 3. A privatização não deverá alcançar, nem enfraquecer, as entidades que continuarão a ser mantidas sob controle público, por motivos de segurança nacional ou por possuírem condições favoráveis ao desenvolvimento do próprio setor privado nacional. VIII. A Nova República A partir de 1974, as dificuldades do governo militar se agravam. A alta no preço dos combustíveis – em virtude da segunda grande crise do petróleo –, o erro na condução da política energética do país e as altas taxas de juros internacionais propiciaram um aumento crescente nos índices de inflação. Apesar do cenário desfavorável, o então presidente Geisel não interrompeu o ciclo de expansão da economia – baseado em empréstimos internacionais com altas taxas de juros –, mantendo os programas 34 CHIAVENATO, Idalberto. Administração Geral e Pública, 4ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier. 35 DA COSTA, Frederico Lustosa. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200 anos de reformas. Disponível em: http://www.historiadaadministracao.com.br/jl/artigos/276-brasil-200-anos-de-estado-200- anos-de-administracao-publica-200-anos-de-reformas. Visualizado em 25/06/2018. 111 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br oficiais e incentivos à atividade econômica. Contudo, o desenvolvimento do segundo setor desacelera e a taxa de desemprego aumenta. Estes entraves se agravaram ainda mais no governo de João Figueiredo (década de 1980), alcançando um dos maiores índices inflacionários da história, somado às várias denúncias de corrupção na máquina pública, o que resultou em um descrédito total do seu governo, tornando-o sem de legitimidade política e popular. Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, tendo José Sarney como vice-presidente. Tancredo, porém, foi internado em Brasília um dia antes da cerimônia de posse. Tancredo falece em 21 de abril de 1985 e José Sarney assume a Presidência no dia 15 de março, dando fim a 21 anos de ditadura militar no Brasil. De acordo com Paludo, um novo projeto de reforma administrativa foi aprovado em 1985, através do decreto 91.309/85. O projeto estava voltado para ações: (i) de cidadania, guiado por critérios de universalidade e acesso irrestrito; (ii) de democratização, mediante redução dos mecanismos de controle e do formalismo; (iii) de descentralização e desconcentração; (iv) de valorização do servidor e melhorias no serviço público; (v) e de melhoria nos padrões de desempenho e na utilização de recursos. No entanto, mais uma vez as reformas não forma implementadas, por causa dos problemas de ordem econômico-financeiro, aliados à falta de apoio político.36 Em 1986, com objetivo de dar suporte ao programa de reforma administrativa, Sarney extinguiu o DASP e criou a SEDAP (Secretaria de Administração Pública da Presidência da República), com a responsabilidade de reformar e modernizar a Administração Federal. O governo Sarney reestabeleceu o Ministério Extraordinário para Assuntos Administrativos e com ele a Comissão Geral do Plano de Reforma Administrativa, sendo esta subdividida em câmaras especializadas. Após um ano de estudos, a Comissão apresenta suas propostas de estruturação da máquina pública ancorada em três princípios básicos: (i) racionalização das estruturas administrativas; (ii) política de recursos humanos; e (iii) contenção dos gastos públicos. Segundo Bresser Pereira, o ministro Aluísio Alves, em vários de seus pronunciamentos, apontava como objetivos da reforma: a modernização da administração pública, tornando-a compatível com os modernos processos de gestão; a adequação do serviço público a padrões de eficiência que dessem suporte aos planos do governo; a eficiência na prestação de serviços públicos ao cidadão.37 Mesmo diante de um cenário favorável à reforma administrativa, novamente a crise político- econômica inviabilizou a implantação dos principais pontos da reforma. Além disso, o Decreto-Lei 200/67 foi alterado pelo Decreto-Lei 2.299/1986, incluindo as fundações na Administração Indireta, fazendo com que estas passassem a ser regidas por normas de direito público. Neste período surgiu a ENAP (Escola Nacional de Administração Pública). 36 PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 6ª edição. Rio de janeiro, Forense, 2016, p.105. 37 Disponível em http://www.bresserpereira.org.br/papers/1996/96.ReformaDaAdministracaoPublica.pdf. Visualizado em 25/06/2018. 112 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br IX. O Retrocesso da Constituição federal de 1988 A tão sonhada abertura democrática e as crescentes críticas aos abusos ocorridos no governo militar caminharam para convocação de uma nova assembleia constituinte imbuída da criação de um no texto constitucional. Diversas práticas contra o funcionalismo público geraram condições favoráveis ao enrijecimento dos critérios de admissão de servidores. Segundo o especialista Renato Rezende, mudanças já se faziam previsíveis no anteprojeto da Comissão Afonso Arinos. Já no anteprojeto da Comissão Afonso Arinos as mudanças se faziam sentir. Esse texto previa que a admissão no serviço público, sob qualquer regime, dependeria sempre de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, assegurado o acesso funcional na carreira (art. 242). Assim, se de um lado se mantinha a figura do acesso, de outro se preconizava a necessidade de aprovação em concurso como requisito para o ingresso no serviço público “sob qualquer regime”, não apenaso estatutário.38 A Constituição Federal de 1988 (CF88) ampliou os direitos e garantias individuais e os direitos sociais, contudo, trouxe um retrocesso na tentativa de reforma gerencial proposta pelo Decreto-Lei 200/67, pois estendeu à Administração Indireta as regras rígidas da Administração Direta, reduzindo a flexibilidade daquela. Dessa forma, o custo da máquina pública aumentou consideravelmente, gerando, também, um aumento na ineficiência dos serviços públicos. A bem da verdade, a Constituição de 1988 buscava o retorno da meritocracia para o ingresso no serviço público, tendo em vista que o Decreto-Lei 200, através da adoção do regime celetista, flexibilizou por demais o ingresso no serviço público. Se por um lado, este novo vínculo jurídico-trabalhista introduzido pelo referido Decreto possibilitava a contratação de especialistas para algumas áreas, por outro, perpetuava o clientelismo e favorecimento na ocupação de determinados cargos. Contudo, o excesso criticado na reforma anterior se fez presente também com a nova Constituição, desta vez, de forma inversa. Todos os servidores da Administração Pública Direta e Indireta passaram a ser regidos por um estatuto jurídico único (RJU. Em um único momento, mais de 400 mil servidores da Administração Direta ganharam “status” de Servidor. Os parlamentares não perceberam que a estabilidade no serviço público é uma proteção do cargo, e não do servidor. O Estado adotou o mesmo tratamento para professores, juízes, policiais e todos os outros funcionários das mais diversas funções. O poder coercitivo que era utilizado para a cobrança do desempenho dos funcionários sem comprometimento com a produtividade foi, com isso, extinguido. Foi criado, também, um sistema que privilegiava a aposentadoria integral dos funcionários públicos sem nenhuma correlação com o tempo de serviço prestado ao Estado, podendo o servidor se aposentar com 50 anos de idade. Um professor universitário, por exemplo, poderia acumular aposentadorias. Foi um custo muito alto pago pelo Estado. 38 REZENDE, Renato Monteiro. Concursos Públicos: Avanços e Retrocessos. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii- constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/concurso-publico-avancos-e-retrocessos. Visualizado em 25/06/2018. 113 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Segundo Paludo, estas foram as principais mudanças relacionadas à Administração e aos servidores públicos que a Constituição de 1988 proporcionou: • Necessidade de autorização do poder Legislativo quanto à criação, transformação e extinção de órgãos/entidades, e criação de cargos, empregos e função pública; • Extensão às entidades da Administração indireta dos procedimentos e mecanismos de controle aplicáveis à Administração direta, ocasionando perda de flexibilidade; • Descentralização para Estados e Municípios de parcela de recursos tributários e da responsabilidade pela execução de serviços públicos (repartição de competências); • Instituição do direito à associação sindical para servidores públicos civis; • Criação do regime jurídico único para União, Estados e Municípios; • Garantia de estabilidade para os servidores concursados após dois anos de efetivo exercício (atualmente é adquirida após três anos); • Aposentadorias com salários integrais, independentemente do tempo de contribuição (atualmente esta regra não está mais em uso).39 Entendemos que realmente a CF de 1988 tornou a máquina pública mais burocrática, rígida e centralizada, contudo, também tivemos avanços no texto constitucional: 1. Tornou o poder político mais decentralizado, com transferência de competência para Estados e Municípios. 2. Proporcionou o retorno do concurso público como meio de acesso ao serviço público, inibindo o apadrinhamento e o empreguismo que tradicionalmente se estabeleceram em nosso país. 3. Criou mecanismos para exercício da democracia direta (referendo, plebiscito, ação popular...), propiciando maior controle social da gestão estatal; 4. Fortaleceu o Ministério Público. X. A Reforma Administrativa no Governo Collor Em 15 de março de 1990, tomou posse o primeiro presidente civil eleito pelo voto direto pós- ditadura militar, Fernando Collor de Melo. Collor herda uma inflação anual de 1.764% (fonte: IBGE), recorde absoluto na economia brasileira. Sua campanha à presidência tinha sido alicerçada no combate à hiperinflação e aos altos salários dos servidores públicos (marajás). Fernando Collor buscou implementar a reforma administrativa em seu governo, adotando o discurso da desestatização, da desregulamentação e da abertura econômica. Ele rompeu com o modelo de Estado Desenvolvimentista e Interventor - o qual ele considerava um entrave à modernização da economia -, passando a adotar o Estado mínimo, característico do sistema neoliberal. Collor ainda adotou outras medidas para conter a crise econômico-financeira: (i) a redução da máquina administrativa através da extinção ou fusão de ministérios e órgãos públicos; (ii) a demissão de funcionários públicos; (iii) o congelamento de preços e salários. Extingui a SEPLAN e criou a SAF (Secretaria de Administração Federal), a responsável pelas ações administrativas do seu governo. Se por um lado, foram demitidos ou dispensados 112 mil servidores, além de 45 mil aposentadorias incentivadas, por outro lado, foram criados mega ministérios (Economia/Fazenda/Planejamento e 39 PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 6ª edição. Rio de janeiro, Forense, 2016, p.113 e 114. 114 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Infraestrutura) e instituído o Regime Jurídico Único (Lei no 8.112/90), que permitiu a todos os celetistas optar pelo regime estatutário, sendo um retrocesso na administração pública federal. Em 1991, Collor encaminhou ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC nº 59) propondo a alteração do regime de estabilidade do servidor público. Somente os servidores das atividades típicas do Estado (segurança, diplomacia, advocacia e defensorias públicas e etc.) obteriam estabilidade após dois anos de exercício efetivo. Nas demais carreiras, e estabilidade somente seria obtida após dez anos de exercício efetivo na função. Um ano após encaminhar a proposta, o próprio presidente solicita a retira da PEC da apreciação do Congresso. Apesar do Governo Collor ter incorrido em decisões desastrosas, há que se exaltar os acertos em algumas medidas, por exemplo: a abertura do mercado consumidor para importações, a assinatura do contrato de gestão com o hospital Sara Kubitschek e a criação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, voltado para setor público. Alguns especialistas afirmam que no governo Collor a Administração Pública iniciou sua caminhada para um modelo gerencial, mais flexível e descentralizado. No dia 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados se reuniu para votar o impeachment do presidente. Era o fim do “caçador de marajás”. Assume, então, o vice-presidente Itamar Franco. Inicia-se um governo sem maiores debates sobre a reforma administrativa, com poucas ações que mereçam destaque, por exemplo: a criação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), da Agência Espacial Brasileira, do Departamento Nacional da Produção Mineral e da Secretaria Federal de Controle. O governo Itamar Franco adotou uma postura tímida e conservadora com relação à reforma do Estado e à reforma administrativa. Para conservara ampla base de apoio, ressuscitou ministérios extintos por Collor e restringiu-se a tocar, de forma hesitante, o programa de privatização. XI. O Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) Em outubro de 1994, FHC foi eleito Presidente da República, em primeiro turno, graças ao sucesso do Plano Real. Sua proposta era que o Estado deveria regular e coordenar a economia, dentro de uma era de globalização econômica. Fernando Henrique tinha como desafio redefinir o papel do Estado e da Administração Pública Federal. Urgia a necessidade de integrar o Brasil à economia globalizada e, para isso, era necessária a modernização do aparelho estatal. Apesar da estabilidade democrática, as demandas sociais cresciam em um momento de crise financeira do Estado, fazendo-se necessário a criação de um Estado Gerencial forte e ativo. A estrutura política deveria ser alterada, a fim de tornar a Administração Pública mais flexível, estabelecendo parcerias com a sociedade civil, com organismos internacionais e os demais entes federativos. Agostinho Paludo, em breve síntese, discorre sobre o cenário encontrado por FHC. Desenha-se um cenário em que o setor público e o setor privado devem caminhar juntos na busca de soluções para o atendimento das demandas sociais e para a melhoria na prestação dos serviços públicos. O Estado continuará a manter um núcleo central forte, através de uma burocracia altamente profissionalizada, e transferirá 115 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br outras ações para as organizações não governamentais, e ainda implementará um programa de privatizações.40 O controle social e as entidades não governamentais necessariamente fazem parte deste processo e pelo tamanho da reforma que necessariamente devia ser realizada, ela deveria ser lenta e gradual e não rápida e abrupta. A fim de dar início a Reforma, foi criado em 1995 o Ministério da Administração e Reforma do Estado – MARE, sendo capitaneado por Bresser Pereira. XII. O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) A grande crise enfrentada nos anos 1980 não era tão somente uma crise de Estado, mas também uma crise cíclica, decorrente das distorções sofridas pelo Estado em décadas anteriores. Segundo Bresser (2001), “a solução não era substituir o Estado pelo mercado, mas reconstruir o Estado”, para que este pudesse se tornar um “agente efetivo e eficiente de regulação do mercado e de capacitação das empresas no processo competitivo internacional”. Foi então que o citado Ministro do MARE elabora o PDRAE, tendo como referência as reformas acontecidas em países desenvolvidos, como os EUA e a Inglaterra e das Ideias contidas no livro Reinventando o Governo de David Osborne e Ted Glaeber. Façamos uma breve pausa para abordar alguns aspectos desta interessante obra literária. Uma nova gestão da máquina pública surgia na Europa, em resposta à crise econômica mundial, como a crise do petróleo da década de 1970, levando os países centrais a adotarem novas estratégias em busca da adoção, na máquina estatal, do modelo gerencial empregado nas empresas privadas. Nos Estados Unidos, essa mudança ocorreu na década de 90, principalmente, nos municípios e condados, onde o livro Reinventando o Governo, de David Osborne e Ted Gaebler, abordava de forma interessante como o espírito empreendedor poderia transformar o setor público. Os autores faziam alusão a diversas iniciativas de como o Estado poderia eliminar a burocracia, superando a crise que se instalara em todo o mundo. Há uma série de princípios no livro de Osborne e Gaebler que orientam aos gestores públicos agirem como empreendedores, possibilitando reformar radicalmente o governo, por exemplo: 1. Governo catalisador: navegando em vez de remar – promove a atuação em conjunto entre o público, o privado e o voluntário. O governo regula e fomenta. 2. Governo próprio da comunidade: é melhor dar responsabilidades aos cidadãos em vez de servi- los; Os cidadãos são convocados a participarem das decisões que afetam suas comunidades. 3. Governo competitivo: introduzindo a competição entre os prestadores de serviços – buscando aumentar a eficiência, aprimorar a prestação de serviços públicos, reduzir gastos e minimizar esforços. 40 PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 6ª edição. Rio de janeiro, Forense, 2016, p.120. 116 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 4. Governo movido por missão: transformar órgãos burocratizados – as antigas regras são transformadas em missão e aos objetivos organizacionais; 5. Governo orientado para resultados: melhor financiar resultados que recursos - não se financia a estrutura administrativa, mas a prestação de serviço com eficiência e qualidade (uso de indicadores de desempenho); 6. Governo voltado ao seu cliente: atendendo às necessidades do cliente e não da burocracia – ouvir o cliente (cidadão) e direcionar a prestação do serviço para o atendimento de sua necessidade; 7. Governo empreendedor: melhor gerar receitas do que despesas – governo empreendedores criam novas fontes de recursos e economizam recursos orçamentários. 8. Governo descentralizado: da hierarquia à participação e ao trabalho em equipe - possibilita mais autonomia ao servidor público, democratizando a gestão, propiciando maior agilidade na prestação de serviços. Retomando a nossa caminhada, Paludo (2017) nos chama atenção que mesmo tendo essa inspiração, a reforma brasileira não era neoliberal, pois não visava um Estado mínimo, mas sim um Estado Forte. Apesar de inicialmente ter um reação negativa, a Reforma passou a contar com apoio da classe política e de intelectuais. XIII. A Crise do Estado O Plano Diretor de Reforma do Estado surge no meio de um intenso debate sobre a redefinição do papel do Estado. De forma generalizada entre os países, a maciça interferência do Estado no mercado proporcionou crescentes distorções, fazendo com que o Estado convivesse com artificialismos que se tornaram insustentáveis na década de 1990. Estas distorções deram origem à crise econômica, e tornou- se imperativo a reforma, ou reconstrução, do Estado, haja vista que não mais conseguiria atender de forma eficiente à sobrecarga de demandas, principalmente na área social. (Paludo: 2017). A crise do Estado teve início nos anos 70, porém só nos anos 80 se tornou evidente. Paralelamente ao descontrole fiscal, diversos países passaram a apresentar redução nas taxas de crescimento econômico, aumento do desemprego e elevados índices de inflação. A desordem econômica expressava a dificuldade do Estado em continuar a administrar as crescentes expectativas em relação à política de bem-estar aplicada com relativo sucesso no pós-guerra. No Brasil, embora esteja presente desde os anos 70, a crise do Estado somente se tornaria clara a partir da segunda metade dos anos 80. Suas manifestações mais evidentes foram a própria crise fiscal e o esgotamento da estratégia de substituição de importações, que se inseriram em um contexto mais amplo de superação das formas de intervenção econômica e social do Estado. O aparelho do Estado também concentrava e centralizava funções, possuía rigidez nos procedimentos e excesso de normas e regulamentos. A reação imediata à crise - ainda nos anos 80, logo após a transição democrática - foi ignorá-la. Uma segunda resposta igualmente inadequada foi a neoliberal, caracterizada pela ideologia do Estado mínimo. Ambas revelaram-se irrealistas: a primeira, porque subestimou tal desequilíbrio; a segunda, por ser utópica. 117 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.brNos anos 90, como proposta consistente à superação da crise, de forma a resgatar a autonomia financeira e a capacidade de implementar políticas públicas, surge a Reforma do Estado. Neste sentido, tornam-se inadiáveis: • O ajustamento fiscal duradouro; • As reformas econômicas orientadas para o mercado - acompanhadas de uma política industrial e tecnológica -, que garantam a concorrência interna e criem condições para o enfrentamento da competição internacional; • A reforma da previdência social; • A inovação dos instrumentos de política social, proporcionando maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os serviços sociais; e • A reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua “governança”, ou seja, sua capacidade de implementar de forma eficiente políticas públicas. Podemos definir como Aparelho do Estado a Administração Pública em sentido amplo, ou seja, a estrutura organizacional do Estado, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), estabelecida nos entes federativos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. O Estado, por sua vez, é mais abrangente que o aparelho, porque compreende adicionalmente o sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território. O Estado é a organização burocrática que tem o monopólio da violência legal; é o aparelho que tem o poder de legislar e tributar a população de um determinado território. A reforma do Estado envolve diversos aspectos, como: (i) o ajuste fiscal, que visa devolver ao Estado a capacidade de implementar políticas públicas; (ii) a liberação comercial, abandonando o protecionismo ao impedir as importações; (iii) privatizações, que decorrem da gravidade da crise fiscal e da limitação da capacidade do Estado de promover poupança forçada através das empresas estatais; (iv) publicização, onde se transfere ao setor público não estatal a produção dos serviços competitivos ou não exclusivos de Estado, em parceria com a sociedade, para seu financiamento e controle. Reduz-se o papel do Estado como prestador direto de serviços, direcionando-o para o papel de agente regulador, controlador e fiscalizador. Reforça-se a governança, através da transição da Administração Pública burocrática (rígida e ineficiente, voltada para si mesmo e para o controle interno) para Administração Pública Gerencial (flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão). O problema brasileiro era de governança e não de governabilidade.41 XII. Principais Diretrizes do PDRAE Segundo Frederico Lustosa (2008), o PDRAE propôs aumentar a governança através de uma “nova gestão pública” a partir de cinco diretrizes principais: 1. Institucionalização: A Reforma só poderia ser concretizada com a alteração da base legal, inclusive, através da reforma constitucional; 41 PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 6ª edição. Rio de janeiro, Forense, 2017, p.123. 118 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br 2. Racionalização: Aumentar a eficiência através de corte de gastos sem perda, ou até com ganho, na prestação do serviço; 3. Flexibilização: Permitir maior autonomia ao gestor público na administração de recursos humanos, materiais e financeiros, estabelecendo o controle e a cobrança a posteriori dos resultados. 4. Publicização: É a transferência para organizações públicas não estatais de atividades não exclusivas do Estado, sobretudo nas áreas da saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia e meio ambiente. 5. Desestatização: Compreende a privatização, a terceirização e a desregulamentação. XIII. Diagnóstico O retrocesso burocrático de 1988 trouxe um aumento significativo do custo da máquina administrativa, no tocante aos gastos com pessoal, bens e serviços, além de maior ineficiência na prestação dos serviços públicos. Embora tenha havido uma substancial diminuição do número de servidores civis ativos do Poder Executivo da União (pois ocorreu suspensão dos concursos públicos, logo os servidores que se aposentavam não eram substituídos.), a participação da folha de pagamentos da União no PIB não se reduziu; na verdade, aumentou, passando de 2,89% para 3,17%. Não se podia falar em excesso de quadros na União. O diagnóstico da administração pública brasileira concentrou a atenção, de um lado, nas condições do mercado de trabalho e na política de recursos humanos, e de outro, na distinção de três dimensões dos problemas: (1) a dimensão institucional-legal, relacionada aos obstáculos de ordem legal para o alcance de uma maior eficiência do aparelho do Estado; (2) a dimensão cultural, definida pela coexistência de valores patrimonialistas e principalmente burocráticos, com os novos valores gerenciais e modernos na administração pública brasileira; e (3) a dimensão gerencial, associada às práticas administrativas. As três dimensões estão inter-relacionadas. XIV. Dimensão institucional-legal Os movimentos de reforma administrativa ocorridos no Brasil - como a fusão, extinção e criação de órgãos -, revelaram uma grande instabilidade do organograma governamental, não evitando a manutenção de estruturas obsoletas, pesadas, hierarquizadas, pouco dinâmicas e excessivamente caras, devido, sobretudo, à tendência de centralização e superposição de órgãos e de funções. A CRFB de 1988, assegurou a descentralização da execução dos serviços sociais e de infraestrutura, bem como dos recursos orçamentários para os estados e municípios. Entretanto, os avanços no sentido de conceder maior autonomia na execução de serviços e de favorecer às unidades subnacionais caminham lentamente, menos por falta de definição legal do problema, e mais pela crença arraigada na cultura política brasileira de que cabe à União promover diretamente o desenvolvimento social do país. O modelo burocrático tradicional, o qual a Constituição de 1988 privilegiou com pretexto de garantir a impessoalidade, dificulta a transparência administrativa e inibe o controle social. 119 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br A excessiva regulamentação é expressão da ênfase nas normas e processos e ocorre em detrimento dos resultados. A rigidez da estabilidade assegurada aos servidores públicos civis impede a adequação dos quadros de funcionários às reais necessidades do serviço e dificulta a cobrança de trabalho. Da mesma forma, a transformação do concurso público em uma espécie de tabu - cuja exigência generalizada na administração pública representou o grande avanço da Constituição de 1988 - dificulta as transferências de funcionários entre cargos de natureza semelhante. Por outro lado, as exigências excessivas de controles no processo de compras e o detalhismo dos orçamentos são exemplos dessa perspectiva burocrática implantada na lei brasileira, que dificultam de forma extraordinária o bom funcionamento da administração pública. Destaca-se a deficiência de sistemas de informação e a inexistência de indicadores de desempenho claros para os diversos órgãos da administração direta e indireta. XV. Recursos Humanos A legislação brasileira refletia a ausência de uma política de recursos humanos coerente com as necessidades do aparelho do Estado. É, em princípio, o aspecto da administração pública mais vulnerável aos efeitos da crise fiscal e da política de ajuste. A legislação que regulava as relações de trabalho no setor público é inadequada, notadamente pelo seu caráter protecionista e inibidor do espírito empreendedor. São exemplos imediatos deste quadro a aplicação indiscriminada do instituto da estabilidade e os critérios rígidos de seleção e contrataçãode pessoal que impedem o recrutamento direto no mercado. Os concursos públicos eram realizados sem nenhuma regularidade e não existia uma avaliação periódica da necessidade de quadros, fato que leva à admissão de um contingente excessivo de candidatos a um só tempo, seguida de longos períodos sem uma nova seleção, o que inviabiliza a criação de verdadeiras carreiras. Além disso, a extensão do regime estatutário para todos os servidores civis não apenas encareceu enormemente os custos da máquina administrativa, mas também levou muitos funcionários a não valorizarem seu cargo. Nada obstante, como os incentivos eram também limitados – devido à dificuldade de estabelecer gratificações por desempenho e ao fato de que a amplitude das carreiras (distância percentual entre a menor e a maior remuneração) foi violentamente reduzida –, os administradores públicos ficaram destituídos de instrumentos para motivar seus funcionários, a não ser através das gratificações por ocupação de cargos em comissão (DAS). Do ponto de vista dos quadros técnicos, gerenciais e operacionais, a administração de recursos humanos carecia da existência de um sistema de incentivos para o servidor, sendo latente a ausência de uma política orgânica de formação, capacitação permanente e de remuneração condizente com a valorização do exercício da função pública. O perfil da distribuição de servidores em carreiras apresentava sérias distorções. Do total de funcionários civis estatutários, cerca de 47% estavam agrupados fora de carreiras específicas, sem definição de atribuições, e alocados no Plano de Cargos e Carreiras - PCC. Ressalta-se, ainda, uma 120 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br concentração de pessoal nos níveis operacionais, enquanto o quadro técnico, representante da inteligência do Estado, encontrava-se bastante reduzido. A administração pública brasileira, embora marcada pela cultura burocrática e regida pelo princípio do mérito profissional, não chegou a se consolidar, no conjunto, como uma burocracia profissional nos moldes weberianos. Formaram-se grupos de reconhecida competência (Diplomacia, Magistério, Militares, Procuradores, Polícia Federal), bem como em áreas da administração indireta, mas os concursos jamais foram rotinizados e o valor de sua remuneração real variou intensamente. Além disso, os instrumentos de seleção, avaliação, promoção e treinamento que deram suporte a esse modelo encontravam-se superados. XVI. Gastos com Ativos e Inativos A participação dos gastos com pessoal na receita da União apresentou uma tendência histórica crescente. Observou-se a evolução proporcionalmente maior dos gastos com inativos do que com ativos, fruto do crescimento do número de servidores aposentados (não acompanhados de novas contratações) e do pagamento de proventos superiores ao valor do último salário recebido em atividade. O incremento dos valores na década de 1990 em relação aos observados na década de 1980, deve-se, em grande parte à Constituição Federal de 1988. Sendo assim, a reforma do sistema previdenciário do servidor público era um passo fundamental e imprescindível para o equacionamento da crise fiscal e a própria reforma do Estado. Além disso, do ponto de vista social, o sistema previdenciário era injusto e desequilibrado, na medida em que aposentava o servidor quando ele ainda possuía plena capacidade para trabalhar e pagava uma aposentadoria ao servidor muito acima da recebida no setor privado, não guardando correspondência com sua contribuição. Tudo isto pago pelo contribuinte, ou seja, recaía sobre o Tesouro Nacional, pois só recentemente os servidores passaram a contribuir para o seu regime de Previdência Social. XVII. Desequilíbrios nas Remunerações A característica fundamental do sistema remuneratório da União é o desequilíbrio. Um sistema burocrático de remuneração é um sistema em que todos os vencimentos estão organizados em uma tabela única, constituída de 30 a 40 entradas. As carreiras se organizam nessa estrutura de remunerações universal. Uma carreira de nível superior teria uma maior extensão e ocuparia a faixa superior da tabela, uma carreira operacional situar-se-ia na parte inferior da tabela. O Plano de Cargos e Carreiras - PCC, que poderia preencher esse papel, era na verdade apenas a situação da qual todos querem sair para integrarem carreiras específicas que, graças a seu sistema de gratificações especiais, acabam sendo razoavelmente remuneradas. No geral, o que existia era um sistema de remunerações extremamente distorcido, em que algumas carreiras, especialmente as jurídicas e, em segundo plano, as econômicas, eram bem remuneradas, em função de gratificações que premiavam o desempenho, enquanto que os demais cargos, especialmente os de nível superior do PCC, eram mal remunerados. Eram também muito bem remuneradas, quando comparadas com o setor privado, as funções operacionais, que exigem baixa qualificação. 121 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br XVIII. Dimensão Cultural e Dimensão-Gestão Os problemas enfrentados tinham forte relação com a cultura burocrática existente no pais, preocupada em evitar as práticas clientelistas ou patrimonialistas. Esta cultura não reconhecia que o patrimonialismo, embora presente como prática, já não constituía mais valor no Brasil. Também, não reconhecia que os políticos, em uma democracia, são crescentemente controlados por seus eleitores. Por isso, ela mantém uma desconfiança fundamental nos políticos, que estariam sempre prontos a subordinar a administração pública a seus interesses eleitorais. Na prática, o resultado é uma desconfiança nos administradores públicos, aos quais não se delegava autoridade para decidir com autonomia os problemas relacionados com os recursos humanos, materiais e financeiros. Explica-se daí a rigidez da estabilidade e dos concursos, o formalismo do sistema de licitações e o detalhismo do orçamento. Esses obstáculos a uma administração pública eficiente só poderão ser superados quando, conjuntamente com a mudança institucional-legal, ocorrer uma mudança cultural no sentido da administração pública gerencial. Os entraves da dimensão institucional-legal e da dimensão cultural a uma administração pública moderna, gerencial, eficiente e voltada para o atendimento do cidadão complementam-se com a dimensão-gestão. Na verdade, é nesta última que a administração pública demonstra sua energia, pois sua eficiência e efetividade dependerão da capacidade de gestão nela existente. Esta dimensão diz respeito a um elemento central da técnica administrativa de como fazer, com que métodos, de que modo, sob orientação de quais valores. A boa gestão é aquela que define objetivos com clareza, recruta os melhores elementos através de concursos e processos seletivos públicos, treina permanentemente os funcionários, desenvolve sistemas de motivação - não apenas de caráter material, mas também de caráter psicossocial -, dá autonomia aos executores e, ao final, cobra os resultados. Nada disto existia na administração pública federal em 1995. O modelo de administração pública implantado até então no país somava aos defeitos inerentes à administração pública burocrática (relacionados com o controle rígido dos processos), à falta de treinamento e de estrutura de carreiras. Os instrumentos de supervisão e acompanhamento eram pouco criativos, sendo deste modo insuficientes para caminhar passo a passo com a mudança tecnológica e para atender à necessidade de repensar e propor novos objetivos e métodos de forma ágil, em menor tempo e a um custo mais baixo. O mecanismo de motivação na administração públicaburocrática era a promoção por mérito em carreiras formalmente estabelecidas. Através desse mecanismo, em que o tempo, além dos cursos, a avaliação de desempenho e os exames são essenciais, o administrador ascende lentamente na sua profissão. No Brasil, a amplitude de carreiras era baixa e a motivação dos funcionários públicos ocorria mediante à ocupação de cargos em comissão e a promoção era por tempo de serviço. Não há dúvida de que a motivação positiva fundamental é aquela relacionada com o sentido de missão do servidor, diretamente voltada para o interesse público. A segunda motivação é a da profissionalização do serviço público, não apenas através de concursos e processos seletivos públicos, mas principalmente através de um sistema de promoções na carreira em função do mérito, acompanhadas por remuneração correspondentemente maior. Finalmente, era essencial contar com uma motivação 122 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br negativa, possibilitada através da demissão por insuficiência de desempenho, levando o funcionário comum a valorizar o seu emprego. O diagnóstico mostrou que para uma reforma consistente do aparelho do Estado era necessário mais do que um mero rearranjo de estruturas. Era preciso descentralizar e redesenhar estruturas, dotando- -as de inteligência e flexibilidade e, sobretudo, desenvolver modelos gerenciais capazes de gerar resultados. A modernização do aparelho do Estado exigia, também, a criação de mecanismos que viabilizassem a integração dos cidadãos no processo de definição, implementação e avaliação da ação pública. Através do controle social crescente será possível garantir serviços de qualidade. Resumidamente, podemos dizer que a estratégia da reforma do aparelho do Estado foi idealizada através de três dimensões: • Dimensão institucional-legal – refere-se à reforma do sistema jurídico e das relações de propriedade, permitindo mudanças na estrutura do funcionamento do aparelho do Estado, eliminado os principais entraves no sistema jurídico-legal. • Dimensão cultural – refere-se à transição da cultura burocrática para a cultura gerencial, viabilizando a operacionalização da cultura gerencial focada em resultados, através da efetiva parceria com a sociedade e da cooperação entre administradores e funcionários. • Dimensão da gestão – refere-se ao aperfeiçoamento da administração burocrática vigente, introduzindo a administração gerencial, com a modernização da estrutura organizacional e dos métodos de gestão. Em um balanço da reforma administrativa proposta por Bresser-Pereira, podemos apontar os maiores obstáculos: 1. Dificuldades de gestão de programas complexos e heterogêneos; 2. Dificuldade de implementar ações coordenadas e orientadas para desenvolvimento nacional; 3. Falta de sintonia entre o PPA (Plano Plurianual) e o orçamento anual; 4. Resistência cultural à implementação de indicadores de desempenho; 5. Falta de cooperação entre os órgãos, departamentos de controle e gestores públicos. Resta claro que a dimensão institucional e a cultural tiveram maior avanço do que a dimensão administrativa/gestão. Na dimensão institucional, foram aprovadas emendas constitucionais – a exemplo da EC 19/98, e legislações infraconstitucionais, além da execução dos planos de reestruturação e reorganização da Administração Pública do Poder Executivo Federal. Na dimensão cultural, através da conscientização de que a Administração Pública existe para atender o cidadão, ocorreram mudanças significativas nas atitudes e comportamentos dos servidores. Se intensificaram, também, as parcerias com outras instituições públicas e privadas. Na dimensão administração/gestão, muito embora o modelo gerencial ter “permeado as entranhas” da Administração, ainda coexistem os modelos burocráticos e patrimonialista. Na área de recursos humanos, por exemplo, avanços ocorreram na reestruturação de carreiras, nas contratações de servidores e no treinamento contínuo, todavia, a meritocracia não passa de uma pura ilusão. As nomeações paras funções gratificadas, ou para cargos em comissão, continuaram tendo por base critérios políticos, a 123 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br progressão/promoção nas carreiras continuaram ter como preceito a antiguidade e, em regra, não há remuneração vinculada ao desempenho do servidor. Sendo assim, observamos que a reforma gerencial implantada por Bresser-Pereira somente atingiu parte do seu objetivo. Contudo, não há como negar a mudança significativa ocorrida na Administração Pública Federal, inclusive, inspirando os governos estaduais e municipais a inovar suas administrações, tornando-as mais modernas e eficientes na prestação do serviço público aos cidadãos. Conclui-se, então, que o desafio da reforma administrativa está intimamente ligado à dimensão gestão, através da mudança de procedimentos e da aplicação de melhorias de gestão, a fim de expurgar práticas patrimonialistas e burocráticas indesejáveis, dando lugar às práticas da administração gerencial. XIX. A Nova Gestão Pública – New Public Management A Nova Gestão Pública – ou New Public Management é o conjunto de doutrinas administrativas surgidas na década de 1970, que orientaram as reformas realizadas na Administração Pública em nível mundial, tendo por objetivo de implantar os princípios gerenciais utilizados nas empresas privadas, no meio público (Paludo:2017), pressupondo a redução do tamanho da máquina administrativa, o aumento de sua eficiência e a criação de mecanismos voltados à responsabilização dos atores políticos. Segundo Donald kettl (2001), citado por Paludo (2017), a ideia de reformar o setor governamental é tão antiga como a própria ideia de governo. Contudo, este esforço foi maior nas décadas de 1970, 1980 e 1990. Dois fatores foram primordiais para impulsionar esta ação: (i) a democracia, por cobrar eficiência, participação nas decisões e accountability governamental, e a globalização, por trazer as inovações tecnológicas e de comunicação, e a competitividade. Num primeiro momento, as ideias do neoliberalismo (disciplina fiscal rígida, economia aberta e fluxo livre de capital externo) ganham força e o Estado é considerado o causador da crise, sendo reduzido drasticamente. Contudo, em um segundo momento, percebeu-se que a resposta era inadequada, logo, vieram estímulos a um Estado regulador e controlador, sem esquecer que suas ações devem ser orientadas à satisfação dos cidadãos-usuários, pois a democracia, a liberdade política e a justiça social não se coadunam com um estado mínimo (Paludo:2017). A Nova Gestão Pública introduz a busca pela eficiência e pela qualidade dos serviços prestados à sociedade, considerando a satisfação das necessidades dos cidadãos-usuários e não as da máquina pública. As premissas do modelo apoiam-se na descentralização, incentivo à competitividade e flexibilização dos modelos contratuais. Ela se utiliza de tecnologias e modelos de mercado para melhorar a produtividade e a qualidade dos serviços públicos para melhor atender seu cliente-cidadão. Para Paludo, dentro desse novo modelo de gestão pública gerencial, ou novo Gerencialismo, são identificados 3 estágios: 1. O Gerencialismo Puro; 2. O Consumerismo ou Consumerism; 3. Public Service Orientation (PSO). 124 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br Todavia, essa separação consiste em alguns traços apenas, visto que a maior parte das ideias são comuns aos três estágios. XX. O Gerencialismo puro ou Managerialism Esse primeiro estágio gerencial foi inspirado na gestão de empresas privadas e surgiu na Administração Públicacomo resposta à crise fiscal do Estado, objetivando o incremento da eficiência no setor público. Havia a busca pela reconstrução do Estado em bases pós-burocráticas, identificando- se com as ideias neoliberais, introduzindo técnicas de gerenciamento concomitantes com programas de ajuste estrutural. O foco era na redução de custos, no enxugamento de pessoal e aumento da eficiência, com clara definição de responsabilidades, dos objetivos organizacionais e da maior consciência acerca dos recursos públicos. O Managerialism buscou tornar a Administração Pública mais ágil no atendimento das demandas sociais, ao mesmo tempo que pretendia devolver a capacidade de investir ao Estado mediante a contenção da dívida pública e redução do custo do serviços prestados. Segundo Paludo (2017), nesse primeiro estágio, a maior preocupação era com a eficiência econômica e não com a sociedades. O usuário do serviço público era tido somente como financiador do sistema. As primeiras reformas, nesse sentido, ocorreram na Inglaterra (em 1979, com Margaret Thatcher), nos EUA (em 1981, com Reagan), na Europa Ocidental (1989) e no terceiro mundo (em 1991). Podemos citar também a Nova Zelândia, Canadá, Austrália, França e Alemanha. XXI. O Consumerismo (ou Consumerism) Este segundo estágio gerencial passa a focar suas ações no cliente-cidadão, flexibilizando a gestão e introduzindo a perspectiva da qualidade como uma estratégia voltada para a satisfação do consumidor, através de medidas que tornavam o poder público mais rápido, leve e competitivo, através da descentralização administrativa, criando opções de atendimento, incentivando à competição entre organizações públicas e passando a adotar modelo contratual na prestação de serviço. O Foco das ações decorre de um novo modo de perceber o cidadão; se num primeiro momento, este era apenas tido como financiador, agora ele era percebido como cliente-destinatário das ações do Estado. Esta mudança tinha como objetivo melhorar a prestação de serviços, a fim de que atenda às expectativas do cidadão. XXII. Public Service Orientation – PSO Por último, mas ainda vigente, surge na Inglaterra e nos EUA (ao final da década de 1980 e início de 1990), o Public Service Orientation – PSO, agregando princípios mais ligados à cidadania, como accountability e equidade, visando superar a ideia de que a Administração Pública deve tratar os administrados somente como clientes. O PSO inclui a participação destes nas decisões públicas. Este modelo tem como premissas centrais a transparência, a accountability, a equidade, a flexibilidade, o planejamento estratégico, a justiça e a participação popular. O PSO visa aproximar o 125 SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br cidadão do Estado, não busca apenas a melhoria na prestação dos serviços, mas também a participação na formulação das políticas de Estado. O termo “cliente”, embora ainda utilizado, fica em segundo plano, ganhando força o termo “cidadão”, pois este traz consigo a noção de tratamento isonômico e a noção de bem comum, isto é, a busca pela equidade. Todavia, o termo cidadão não confere apenas direitos, mas também obrigações, como a de fiscalizar a coisa pública e cobrar a accountability (prestação de contas) dos governos, dos gestores e dos políticos pelos atos praticados. Por fim, a maneira de perceber o cidadão completa seu ciclo, pois se ele já havia migrado de financiador do serviço público para destinatário das ações do estado, agora, neste terceiro estágio, compreende-se algo ainda maior: ele é o titular da coisa pública. Questões COSEAC Assistente Administrativo – Edital 212/2016 O modelo de Administração Pública em vigência no Brasil tem por alicerce o princípio da eficiência e o controle dos resultados pretendidos. Esse modelo foi inserido na Constituição Federal de 1988 por meio de Emenda Constitucional e denomina-se: (A) administração moderna. (B) planejamento governamental. (C) administração gerencial. (D) administração globalizada. (E) planejamento institucional. Gabarito: C Os modelos organizacionais de Administração Pública - Patrimonialista, Burocrata e Gerencial - evoluíram, ao longo do tempo, para atender melhor os anseios da sociedade. Em relação às características do modelo Patrimonialista é correto afirmar que ele: (A) coibia o nepotismo. (B) tratava dos interesses públicos com impessoalidade. (C) combatia a corrupção. (D) não fazia distinção entre os limites do público e do privado. (E) determinava a escolha do gestor público pelo voto direto. Gabarito: D