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APOSTILA - CARTÃO DE PONTO

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CARTDE PONTO
 
CARTÃO DE PONTO
 
ÃO DE PONTO 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 1 
QUADRO DE HORÁRIO ....................................................................... 1 
TOLERÂNCIA ....................................................................................... 2 
RASURAS OU ANOTAÇÕES EXTRAS ................................................... 3 
CARTÃO PONTO SEM VARIAÇÃO DE HORÁRIO .................................. 3 
ASSINATURA DO EMPREGADO ........................................................... 4 
FALTA DE ANOTAÇÃO ......................................................................... 4 
EXCEÇÕES – ARTIGO 62 DA CLT ........................................................ 5 
Cargo de Confiança ............................................................................. 5 
PREENCHIMENTO DO DOCUMENTO DE CONTROLE DE JORNADA .. 5 
SISTEMA ELETRÔNICO ....................................................................... 6 
Prazo para Utilização ........................................................................... 8 
INTERVALO INTRAJORNADA .............................................................. 8 
 
 1 
PRÉ-ASSINALAÇÃO DO CARTÃO DE PONTO 
Tolerância, Rasuras, Falta de Anotação, Preenchimento, Intervalo, Pré-Assinalação 
1. INTRODUÇÃO 
O artigo 74, § 2° da CLT, estabelece que para os estabelecimentos com 
mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de 
entrada e saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme 
instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo 
ocorrer pré-assinalação do período de repouso. 
Sendo assim, as empresas que se enquadrarem nos moldes estipulados 
no artigo 74 da CLT, deverão, obrigatoriamente, controlar a jornada de 
seus empregados, através da assinalação do cartão ponto do 
empregado. 
O presente trabalho tem o objetivo de destacar peculiaridades sobre 
procedimentos, exceções e tolerâncias quanto a pré-assinalação do 
cartão ponto. 
2. QUADRO DE HORÁRIO 
Conforme dispõe o artigo 74, “caput” da CLT, o horário do trabalho 
constará de quadro organizado conforme modelo expedido pelo 
Ministério do Trabalho e afixado em lugar bem visível. Esse quadro será 
discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os 
empregados de um mesmo setor. 
A fixação de quadros é necessária para conhecimento dos horários a 
serem realizados pelos empregados, em caso de fiscalização do MTE. 
Por conseguinte, é importante que as empresas deixem o quadro de 
horário em local de fácil visualização, próximo ao cartão ponto dos 
empregados. 
 2 
 
3. TOLERÂNCIA 
O artigo 58, § 1° da CLT estabelece que, “não serão descontadas nem 
computadas como jornada extraordinária as variações de horário no 
registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite 
máximo de dez minutos diários”. 
Conforme análise do artigo referido, é possível concluir que, deverão ser 
desprezadas as batidas não superiores ao limite de 05 minutos, 
computando-se apenas os o que exceder ao limite de 10 minutos 
diários. 
Existe atualmente a discussão na doutrina trabalhista se as batidas 
ocorridas durante o intervalo interjornadas (ex: período destinado ao 
almoço) entrariam para a contagem diária de variações de horários ou 
não. 
Contudo, com a edição da Súmula 437, item I do TST, o entendimento 
majoritário estabelece que, a concessão parcial do intervalo 
intrajornada, acarreta o pagamento total do período correspondente e 
não apenas daquele suprimido, devendo haver o acréscimo de, no 
mínimo 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho 
(artigo 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor 
para efeito de remuneração. 
A Súmula 437, item II do TST, estabelece ainda que, é inválida cláusula 
de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão 
ou redução do intervalo intrajornada, porque este constitui medida de 
higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem 
pública assegurado pela Constituição Federal. 
 3 
Sendo assim, não seria válida a negociação coletiva realizada no sentido 
de autorizar a realização de horário intrajornada inferior ao 
determinado por Lei. 
A exceção a esta regra consta no artigo 13 da Lei Complementar n° 
150/2015, a chamada Lei dos Domésticos, uma vez que, referida Lei 
admite que o intervalo intrajornada seja reduzido a 30 minutos, 
mediante acordo prévio escrito entre empregado e empregador. 
4. RASURAS OU ANOTAÇÕES EXTRAS 
A fim de evitar fraudes em relação à anotação dos horários realizados 
pelos empregados, a rasura no cartão ponto é considerada falta grave, 
passível de punição as empresas que permitirem tal prática, em caso de 
fiscalização do MTE (Portaria MTE n° 290/97). 
Ademais, em caso de uma possível reclamatória trabalhista (artigo 
7°, inciso XXIX, da Constituição Federal) o cartão rasurado pode tornar-
se sem efeito, conforme entendimento do magistrado, razão pela qual, 
orienta-se que o mesmo nunca contenha rasuras. 
5. CARTÃO PONTO SEM VARIAÇÃO DE HORÁRIO 
O cartão ponto que não possui variação de horário, chamado também 
de “ponto britânico” pela doutrina, não é aceito na Justiça do Trabalho 
como forma de comprovar qual era a jornada realizada pelo empregado. 
O TST (Tribunal Superior do Trabalho), na edição da Súmula 338, item 
III, estabelece que, “os cartões de ponto que demonstram horários de 
entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, 
invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser 
do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se 
desincumbir”. 
 4 
Portanto, os registros de ponto devem transmitir a realidade da jornada 
estabelecida pelo empregado, uma vez que, o cartão ponto sem 
variações de horário presume-se infiel à realidade dos fatos. 
 
6. ASSINATURA DO EMPREGADO 
Não há previsão legal que traga obrigatoriedade de assinatura do cartão 
ponto do empregado. 
Contudo, quando o controle de jornada do empregado é realizado de 
forma manual, a jurisprudência majoritária tem entendido que a 
assinatura do empregado faz-se necessária para comprovar que houve 
concordância do empregado com as informações contidas no referido 
documento. 
Sendo assim, orienta-se que a assinatura do empregado seja colhida no 
cartão ou, ainda, no “espelho” do ponto, a fim de resguardar a empresa 
no caso de uma possível reclamatória trabalhista. 
7. FALTA DE ANOTAÇÃO 
Quando ocorrer a ausência da anotação no cartão ponto em um 
determinado dia, tal fato não autoriza o empregador a descontar o dia 
sem a assinatura do empregado, devendo ser confirmado se no dia em 
questão ele de fato se ausentou ou, trabalhou normalmente, deixando 
de anotar a sua jornada diária. 
Caso seja comprovada a negligência ou má-fé por parte do empregado, o 
empregador poderá aplicar a punição que entender cabível, levando em 
consideração a gravidade da ação realizada pelo empregado. 
Por ser considerada uma falta leve, poderá o empregador aplicar uma 
advertência disciplinar por escrito, pela desatenção do empregado à sua 
obrigação diária decorrente da relação de emprego. 
 5 
8. EXCEÇÕES - ARTIGO 62 DA CLT 
O artigo 62 da CLT estabelece que nem todos os empregados estarão 
sujeitos ao controle de jornada, através da marcação do ponto, sendo 
eles: 
• os empregados que exercem atividade externa incompatível com a 
fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na 
Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; 
• os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, 
aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os 
diretores e chefes de departamento ou filial. 
8.1. Cargo de Confiança 
Para que o empregado detenha, de fato, o denominado cargo deconfiança, faz-se necessário analisar se este possui três requisitos que 
podem identificá-lo: 
a) mandato de forma legal; 
b) efetivo exercício de encargos de gestão; 
c) remuneração mais elevada que a dos demais empregados. 
Somente quando identificado é que o empregado exerce, de fato, o cargo 
de confiança e, portanto, é liberado do controle de jornada (artigo 62 da 
CLT). 
9. PREENCHIMENTO DO DOCUMENTO DE CONTROLE DE 
JORNADA 
Não há previsão expressa quanto a forma de assinalação do controle de 
jornada do empregado. Contudo, a fim de que todas as informações 
necessárias estejam contidas no referido documento de controle, 
orienta-se que sejam observados dados a seguir: 
 6 
a) identificação do empregado: 
- o nome do empregado; 
- a função; 
- o número e a série da CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência 
Social); e 
- a ficha de registro de empregado ou o número de ordem no livro. 
b) identificação do empregador: 
- o nome do empregador ou razão social; 
- o CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; 
- o CNAE - Código Nacional de Atividades Econômicas; e, 
- o endereço. 
c) horário de trabalho do empregado, com indicação dos intervalos para 
repouso ou alimentação e repousos semanais remunerados (RSR); 
d) espaços para as anotações do horário de entrada e saída da jornada 
diária, registros de ocorrência e assinatura do empregado. 
10. SISTEMA ELETRÔNICO 
Conforme já mencionado anteriormente, o artigo 74, § 2° da CLT dispõe 
que, para os estabelecimentos com mais de 10 empregados, é 
obrigatório o controle de jornada, podendo ser realizado de forma 
manual, mecânico ou eletrônico. 
Quando a marcação for manual, restou demonstrado que não pode 
ocorrer de forma “britânica”, ou seja, sem variação de horários, uma vez 
que não será demonstrada a real jornada realizada pelo empregado. 
 7 
Ademais, verificaremos que ao optar pelo controle eletrônico, o 
empregador deverá, necessariamente, respeitar as determinações 
estabelecidas pela Portaria MTE n° 1.510/2009. 
Referida Portaria dispõe sobre o Sistema de Registro Eletrônico de Ponto 
- SREP - que é o conjunto de equipamentos e programas informatizados 
destinado à anotação por meio eletrônico da entrada e saída dos 
trabalhadores das empresas, previsto no artigo 74 da Consolidação das 
Leis do Trabalho - CLT. 
Sendo assim, ao escolher o controle de jornada eletrônico, os 
empregadores deverão observar os requisitos determinados pela referida 
Portaria. 
Os principais pontos a realçar na Portaria MTE n° 1.510/2009, são os 
seguintes: 
• Proibição de todo tipo de restrição à marcação de ponto, marcações 
automáticas e alteração dos dados registrados; 
• Requisitos para a utilização de equipamento de registro de ponto, 
identificado pela sigla REP (Registrador Eletrônico de Ponto); 
• Obrigatoriedade na emissão de comprovante da marcação a cada 
registro efetuado no REP; 
• Requisitos para os programas que farão o tratamento dos dados 
oriundos do REP; 
• Formatos de relatórios e arquivos digitais de registros de ponto que os 
empregadores deverão armazenar, uma vez que serão necessários em 
caso de uma possível fiscalização do trabalho. 
 
 
 8 
10.1. Prazo para Utilização 
O prazo para a utilização do sistema eletrônico do REP iniciou após 
doze meses contados da data da publicação da Portaria MTE n° 1.510, 
de 21 de agosto de 2009, e é vigente até os dias atuais. 
A Referida Portaria entrou em vigor na data de sua publicação 
(25.08.2009), mas, começou a produzir efeitos somente após 12 meses. 
11. INTERVALO INTRAJORNADA 
Conforme o artigo 71 da CLT, quando a duração da jornada de trabalho 
for superior a 04 horas e desde que não exceda 06 diárias, será 
obrigatória a concessão de um intervalo de 15 minutos, não devendo ser 
computado na duração do trabalho. 
Além disso, quando a duração da jornada de trabalho exceder a 6 (seis) 
horas diárias, será necessária a concessão de um intervalo para 
repouso ou alimentação, de no mínimo 01 hora, salvo acordo escrito ou 
convenção coletiva, e não poderá exceder a 02 horas. 
O limite de uma hora poderá ser reduzido, conforme artigo 71, § 3° da 
CLT, por ato do Ministro do Trabalho, ouvida a Secretaria de Segurança 
e Saúde do Trabalhador (SSMT), ao verificar que o estabelecimento 
atende integralmente às exigências concernentes à organização dos 
refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob 
regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. 
Conforme o artigo 71, § 4° da CLT, ocorrendo a inobservância do 
empregador quanto a concessão do intervalo intrajornada, este ficará 
obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de 
no mínimo 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de 
trabalho. 
Segue jurisprudência quanto ao tema: 
 9 
INTERVALO INTRAJORNADA NÃO CONCEDIDO INTEGRALMENTE. 
PAGAMENTO DA TOTALIDADE DO PERÍODO COM ACRÉSCIMO DE 
50%. 
Nos termos da Súmula n° 437, item I, do TST (antiga Orientação 
Jurisprudencial n° 307 da SBDI-1 desta Corte), -após a edição da Lei n° 
8.923/94, a não concessão ou concessão parcial do intervalo 
intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados 
urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, 
e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% 
sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da 
CLT ), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito 
de remuneração-. Dessa forma, suprimido parte do intervalo destinado 
ao repouso e à alimentação do empregado, é devido o pagamento de 
todo o período, com o acréscimo citado em lei, sem a limitação 
determinada pelo Regional. Recurso de revista conhecido e provido (TST 
- RECURSO DE REVISTA RR 847120115090670 84-71.2011.5.09.0670 
- Data de publicação: 03/05/2013). 
12. PRÉ-ASSINALAÇÃO 
Muito se discute sobre a pré-assinalação do intervalo para repouso e 
alimentação no cartão ponto, quanto a efetiva comprovação da 
concessão do intervalo, uma vez que, se não concedido corretamente, 
torna-se devido o pagamento de horas extras de todo o período e não 
somente das horas suprimidas. 
Parte da doutrina dispõe que independente da forma de controle de 
jornada adotada pelo empregador (manual, mecânica ou eletrônica), 
poderá expressamente estabelecer no cartão ponto, de forma 
antecipada, o período para o intervalo de repouso e alimentação. 
Sendo ônus do empregado, comprovar que respectivo intervalo não foi 
concedido por parte do empregador, conforme dispõe decisão abaixo: 
 10 
RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA - PRÉ-
ASSINALAÇÃO - ÔNUS DA PROVA. (ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE 
À SÚMULA/TST N° 338, III). 
A pré-assinalação do intervalo intrajornada é procedimento referendado 
pelo artigo 74, § 2°, da CLT e pela Portaria/MTE n° 3.626/91, que, ao 
disciplinarem o registro de empregados, anotação na CTPS e registro de 
horário, admitem que empregador pré-assinale o período referente ao 
intervalo intrajornada, sob pena de sanção meramente administrativa. 
Assim, a pré-assinalação do período de intervalo mantém com o 
reclamante a carga probatória de demonstrar o efetivo desrespeito ao 
repouso, não incidindo o teor da Súmula/TST n° 338, III. Recurso de 
revista não conhecido. REFLEXOS, MULTA CONVENCIONAL E 
HONORÁRIOS DE ADVOGADO - PEDIDOS ACESSÓRIOS. Prejudicado 
o exame das pretensões, tendo em vista a manutenção da 
improcedência do pedido principal. 
Contudo, estabelece outra parte da doutrina que, diariamente o 
empregado irá proceder a informação do período gozado para repouso e 
alimentação, a fim de efetivar o cumprimento da necessidade de 
pagamento das horas extras em caso de supressão do intervalo. 
Por fim, a pré-assinalação poderá ser realizada de forma antecipada 
quando o empregador se utilizar da marcação eletrônica de ponto, uma 
vez que, é possível, através da programação do REP, a concessãode 
comprovante efetivo da marcação de ponto do empregado, sendo 
possível observar se houve a supressão do intervalo (TST - RECURSO 
DE REVISTA RR 9279820105150057 - Data de publicação: 
05/06/2015).