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Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus de Londrina Gerência de Ensino e Pesquisa ENGENHARIA AMBIENTAL NOTAS DE AULA CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II LONDRINA 2009 Estas Notas de Aulas são organizadas com base nas referências mencionadas abaixo, de onde também são extraídos exemplos e exercícios sugeridos. O material não pretende substituir um bom livro de Cálculo, mas serve como um apoio aos alunos no acompanhamento das aulas. Os livros textos adotados no curso são: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 1 e 2. Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Como Bibliografia Complementar sugerimos: LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica, vol 1 e 2. Harbra, São Paulo, SP: 1994 FINNEY, R. L; WEIR, M. D; GIORDANO, F. R. Cálculo de George B. Thomas, vol. 2. 10ª edição. Trad. Cláudio H. Asano. São Paulo: Addison Wesley, 2003. HOFFMANN, Laurence D. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2002. STEWART, James. Cálculo v. I e II, 5 ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006. VILCHES, M.A; CORREA, M.L. Cálculo vol. 1 e 2, UFRJ. (Material Eletrônico) Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 2 1. INTEGRAIS IMPRÓPRIAS O estudo de integrais definidas pode ser extendido além do caso, já visto, de um intervalo limitado [ , ]a b . Podemos obter integrais onde o intervalo é infinito e também para o caso onde f tem uma descontinuidade infinita em [ , ]a b . Nestes casos, a integral é denominada integrais impróprias. Intervalos Infinitos Considere a função 2 1 y x = . Selecionamos a região R sob a curva, acima do eixo x e à direita da reta 1x = . Figura 1 Poderíamos pensar que, por R ter extensão infinita, sua área deve ser infinita, mas observe que, a área de R, destacada na figura, à esquerda da reta x t= , é 2 11 1 1 1 ( ) 1 tt A t dx x x t = = − = −∫ . Independente de quão grande seja t, ( ) 1A t < , pois, 1 lim ( ) lim 1 1 t t A t t→∞ →∞ = − = . Assim, concluímos que a área da região infinita R é igual a 1 e escrevemos: 2 2 1 1 1 1 lim 1 t t dx dx x x ∞ →∞ = =∫ ∫ Definição de uma Integral Imprópria do Tipo1 a) Se ( ) t a f x dx∫ existe para cada número t a≥ , então ( ) lim ( ) t t a a f x dx f x dx ∞ →∞ =∫ ∫ desde que o limite exista. b) Se ( ) b t f x dx∫ existe para cada número t b≤ , então ( ) lim ( ) b b t t f x dx f x dx →−∞ −∞ =∫ ∫ desde que o limite exista. As integrais impróprias ( ) a f x dx ∞ ∫ e ( ) b f x dx −∞ ∫ são denominadas convergentes se os limites correspondentes existem, e divergentes se os limites não existem. c) Se ( ) a f x dx −∞ ∫ e ( ) a f x dx ∞ ∫ são convergentes, então ( ) ( ) ( ) a a f x dx f x dx f x dx ∞ ∞ −∞ −∞ = +∫ ∫ ∫ , neste caso, a∈ℝ . Exemplo_1: Determine se a integral 1 1 dx x ∞ ∫ é convergente ou divergente. (Resp. divergente) Exemplo_2: Avalie 0 x xe dx −∞ ∫ , cuja representação é dada na figura. (Resp. -1) Figura 2 Exemplo_3: Avalie 2 1 1 dx x ∞ −∞ + ∫ , cuja representação é dada na figura. (Resp. π ) Figura 3 Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 3 Definição de uma Integral Imprópria do Tipo2 a) Se f é contínua em [ , )a b e descontínua em b, então ( ) lim ( ) b t t b a a f x dx f x dx −→ =∫ ∫ se esse limite existir. b) Se f é contínua em ( , ]a b e descontínua em a, então ( ) lim ( ) b b t a a t f x dx f x dx +→ =∫ ∫ se esse limite existir. A integral imprópria ( ) b a f x dx∫ é chamada convergente se o limite correspondente existir e divergente se o limite não existir. c) Se f tiver descontinuidade em c, onde a c b< < , e ambos ( ) c a f x dx∫ e ( ) b c f x dx∫ forem convergentes, então ( ) ( ) ( ) b c b a a c f x dx f x dx f x dx= +∫ ∫ ∫ Exemplo_4: Calcule 5 2 1 2 dx x −∫ . (Resp. 2 3 ) Figura 4 Exemplo_5: Avalie 3 0 1 1 dx x −∫ se for possível. (Resp. divergente) Exemplo_6: Avalie 1 0 ln( )x dx∫ se for possível. (Resp. -1) Um teste de comparação para as integrais Impróprias Em muitos casos, é impossível encontrar o valor exato de uma integral imprópria, mas é possível saber se ela converge ou diverge. O seguinte teorema garante isso. Teorema de Comparação: Suponha que f e g sejam funções contínuas com 0 ( ) ( )g x f x≤ ≤ para x a≥ . a) Se ( ) a f x dx ∞ ∫ é convergente, então ( ) a g x dx ∞ ∫ é convergente. b) Se ( ) a g x dx ∞ ∫ é divergente, então ( ) a f x dx ∞ ∫ é divergente. Podemos interpretar os resultados pensando em termos das áreas. Se a área sob a curva superior ( )y f x= for finita, então a área sob a curva inferior ( )y g x= também é finita. E se a área sob ( )y g x= for infinita, então a área sob ( )y f x= também é infinita. A figura ilustra o caso mencionado no item a) e ajuda a compreender o exemplo 7. Figura 5 Exemplo_7: Mostre que 2 0 x e dx ∞ −∫ é convergente. Aplicação: Uma função positiva integrável em ℝ é chamada de Densidade de Probabilidade se: ( ) 1f x dx ∞ −∞ =∫ . Assim, denotamos e definimos a probabilidade de um número x estar compreendido entre a e b ( a b< ), Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 4 ( ) ( ) b a P a x b f x dx< < = ∫ ou ( ) ( ) a P a x f x dx +∞ > = ∫ , por exemplo. Também podemos definir o valor esperado do número x, como: ( ) ( )E x xf x dx +∞ −∞ = ∫ . Exercícios E01: Para quais valores de p a integral 1 1 p dx x ∞ ∫ converge. E02: Para determinado tipo de bateria elétrica, a função densidade de probabilidade de que x horas seja o tempo de vida útil de uma bateria escolhida ao acaso é dada por 601 se 0 ( ) 60 0 se 0 x e x f x x − ≥ = < . Ache a probabilidade de que uma bateria escolhida ao acaso tenha: a) um tempo de vida entre 15 e 25 horas; (Resp. 0,120) b) um tempo de vida de pelo menos 50 horas. (Resp. 0,435) E03: Verifique que 2 1 1 dx x π ∞ −∞ = +∫ . E04: Determine quão grande tem de ser o número a de modo que 2 1 0,001 1 a dx x ∞ < +∫ . (Resp. 1000) Exercícios Recomendados: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 1 Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Páginas, de 577 à 579 Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 5 2. COORDENADAS POLARES Exercícios Recomendados: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 2 Tradução:Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Páginas, de 727 à 730 Páginas, de 744 à 746 Um método importante de representação de pontos num plano consiste no uso de coordenadas polares. Para introduzir um sistema de coordenadas polares no plano, partimos de um ponto fixo O, chamado de origem ou pólo, e uma semirreta orientada, chamada eixo polar, com extremidade O. Neste sistema a cada ponto P do plano podemos associar as coordenadas polares ( , )r θ onde: r é a distância de O a P; θ é o ângulo orientado, no sentido anti-horário, desde o eixo até à semirreta OP. Figura 2.1 Se r for negativo, deve-se representar r unidades na semirreta, com extremidade O e sentido oposto a OP. É importante considerar que, quando consideramos o sistema de coordenadas cartesianas cada ponto tem representação única. Usando o sistema de coordenadas polares isto não acontece. Veja: ( , ) ( , ) ( , 2 )P r r r kθ θ π θ π= = − + = + , para k∈ℤ . Relação entre Coordenadas Cartesianas e Coordenadas Polares A relação entre ambos os sistemas de coordenadas pode ser obtido por meio da relação de Pitágoras e trigonometria elementar, considere a Figura 2.2. Figura 2.2 Sejam ( , )x y as coordenadas cartesianas e ( , )r θ as coordenadas polares de um mesmo ponto P. Pelas relações descritas acima, tem- se: 2 2 2 cos( ) sen( ) ( ), 0 x r y r x y r y tg x x θ θ θ = = + = = ≠ Exercícios E01_Realize as conversões dos pontos: a) (2, / 3)P π= de c. polares para c. cartesianas; b) (1, 1)Q = − de c. cartesianas para c. polares. E02_Encontre a equação cartesiana para a curva descrita pela equação polar 3sen( )r θ= . E03_Encontre a equação polar para 2 2 1x y− = . Representação Gráfica em Cooedenadas Polares Uma mesma curva pode ser representada em coordenadas cartesianas ou em coordenadas polares, porém, um sistema de representação pode ser mais adequado que o outro em determinadas situações, como será ilustrado em seguida. Ao conjunto de pontos ( , )r θ do plano que verificam a equação ( , ) 0F r θ = chama-se curva em coordenadas polares. Exemplos: A Figura 2.3 mostra os gráficos plotado em coordenadas polares. A curva em a) tem equação polar ( )1 2cos 3r t= , sendo que a correspondente equação cartesiana é dada por 4 3 2 2 2 42 2 6 0x x x y xy y− + + + = (Verifique!). A curva em b) tem equação 2 sen 4 r θ = , com 0 10θ π≤ ≤ . Como seria sua equação em coordenadas cartesianas? Seria ela obtida facilmente? Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 6 a) 1 2 x y b) x y Figura 2.3: Gráficos gerados pelo Winplot 9.0 Vejamos algumas equações polares de retas e circunferências, escritas de forma geral, com a∈ℝ : • Retas verticais: cos( )r aθ = ou sec( )r a θ= • Retas horizontais: sen( )r aθ = ou cosec( )r a θ= • Retas que passam pela origem: 0θ θ= • Circunferência centrada na origem: r a= • Circunferência centrada no eixo Ox e tangente ao eixo Oy: 2 cos( )r a θ= • Circunferência centrada no eixo Oy e tangente ao eixo Ox: 2 sen( )r a θ= Podemos verificar que a expressão em coordenadas polares fica mais simples, por exemplo, a última circunferência mencionada acima tem equação polar 2 sen( )r a θ= , enquanto em coordemadas cartesianas a mesma circunferência teria equação: 2 2 2( )x y a a+ − = . Exercício E04_Esboce o gráfico das equações polares, plotando pontos: a) ar θ= b) sen( )br θ= Outras equações serão apresentadas a seguir, a título de ilustração: Família de Rosáceas i) sen( )r a nθ= , 0a > 2n = 3n = 4n = 5n = Figura 2.4 ii) cos( )r a nθ= , 0a > 2n = 3n = 4n = 5n = Figura 2.5 Exercício E05_Defina Cardióides e Limaçons, depois use um recurso computacional, como WinPlot por exemplo, e ilustre alguns membros de cada família. Teste de Simetria para gráficos polares Teorema a) uma curva polar é simétrica em relação ao eixo x se substituindo θ por θ− obtivermos uma equação equivalente; b) uma curva polar é simétrica em relação ao eixo y se substituirmos θ por π θ− obtivermos uma equação equivalente; c) uma curva polar é simétrica em relação a origem se substituirmos θ por π θ+ , ou sbstituírmos r por –r, obtivermos uma equação equivalente. Figura 2.6: Ilustração das simetrias indicadas no teorema. Exercício E06_(ANTON, 2007, p.722) Verifique a ocorrêcia de simetrias no gráfico de cos( )r a a θ= − , depois faça o esboço com 1a = para confirmar o resultado. Retas tangentes a Curvas Polares A inclinação de uma reta tangente a curvas polares de equação ( )r f θ= , em que r é uma função diferenciável de θ é dada por: cos( ) sen( ) sen( ) cos( ) drdy r dy d d dx drdx rd d θ θ θ θ θ θθ θ + = = − + A expressão acima decorre do fato que ( )cos( )x f θ θ= e ( )sen( )y f θ θ= . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 7 Exercício E07_(ANTON, 2007, p.734): Encontre a inclinação da reta tangente ao círculo 4cos( )r θ= no ponto em que 4 π θ = . Área em Coordenadas Polares Definição: Se α e β forem ângulos que satisfaçam a condição 2α β α π< ≤ + e se ( )f θ for contínua e não-negativa para α θ β≤ ≤ , então a área A da região R envolvida pela curva polar ( )r f θ= (α θ β≤ ≤ ) e os raios θ α= e θ β= é 2 21 1[ ( )] 2 2 A f d r d β β α α θ θ θ= =∫ ∫ . (Veja interpretação geométrica e deduza a fórmula). Os extremos de integração podem ser determinados seguindo os procedimentos: i) Esboçar a região R do plano, cuja área se deseja determinar; ii) Desenhar uma linha radial arbitrária do pólo até a curva ( )r f θ= da franteira; iii) Avaliar sobre qual intervalo θ deve variar para que a reta radial varra a região R; iv) Os extremos do intervalo fechado obtido no item iii) são os extremos de integração. Exercícios E08_(ANTON, 2007, p.742): Determine a área da região do primeiro quadrante dentro da cardióide 1 cos( )r θ= − . (Resp. 3 1 8 π − ) E09_(ANTON, 2007, p.742): Determine a área interna à cardióide do exercício anterior. (Resp. 3 2 π ) E10_(ANTON, 2007, p.743): Determine a área da região que está dentro da cardióide 4 4cos( )r θ= + e fora do círculo 6r = . (Resp.18 3 4π− ) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 x y Figura 2.7: Representação gráfica das curvas polares do exercício E10. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 8 3. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS Exercícios Recomendados: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 2 Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Páginas, de 932 à 936 Páginas, de 944 e 945 Vamos ampliar o conceito de função de uma variável real, para domínios de dimensão igual ou maior que dois. Tais funções ocorrem com freqüência em situações práticas, como vemos: i) no estudo de um gás ideal, onde o volume ocupado por um gás confinado é diretamente proporcional à sua temperatura e inversamente proporcional à sua pressão; ii) na avaliação do crescimento populacional de certos fungos, pode-se considerar que o número de indivíduos depende essencialmente da quantidade de nutrientes, da disponibilidade de água, da temperatura e da presença de uma certa proteínaPara ampliar o conceito para várias variáveis, devemos entender a representação de um ponto no espaço n-dimensional. • Um ponto em ℝ é representado por um número real x; • Um ponto em 2ℝ é representado por um par ordenado de números reais ( , )x y ; • Um ponto em 3ℝ é representado por uma tripla ordenada de números reais ( , , )x y z ; Podemos generalizar o conceito para o espaço n- dimensional. Definição: O conjunto de todas as n-uplas de números reais é chamado de espaço numérico n- dimensional, sendo denotado por nℝ . Cada n- uplas 1 2 3( , , ,..., )nx x x x é chamada de ponto no espaço numérico n-dimensional. Agora, estamos em condições de definir uma função de várias variáveis reais. Como segue: Definição: Uma função de n variáveis é um conjunto de pares ordenados ( , )P w , onde dois pares distintos não podem ter os primeiros elementos iguais. P é um ponto no espaço n- dimensional e w é um número real. O conjunto de todos os valores possíveis de P é denominado domínio da função, enquanto que o conjunto de todos os valores possíveis de w é chamado de imagem da função. A última definição pode ser escrita também da seguinte forma: Definição: Uma função f definida no subconjunto A com valores em ℝ é uma regra que associa a cada u A∈ um único número real ( )w f u= . Neste caso, 1 2 3( , , ,..., )nu x x x x= é chamada variável independente da função cuja notação é: : nf A⊂ →ℝ ℝ Considerando as definições dadas, responda: Exercícios: E01: Seja a função de duas variáveis 2( , ) 3 1f x y x y= − . Determine: a) (1,4)f b) (0,9)f c) 2( , )f t t d) o domínio natural de f. E02: Esboce o domínio natural da função 2( , ) ln( )f x y x y= − . E03: Seja a função de três variáveis 2 2 2( , , ) 1f x y z x y z= − − − . Determine: a) 1 1(0, , )2 2f − b) o domínio natural de f. Gráfico de uma Função de duas Variáveis Figura 3.1: Representação da variação da probabilidade de reprodução em função da idade e da área foliar. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 9 Fonte: COLIN, R. et. al. Fundamentos em Ecologia. 2a edição. Ed. Artmed. Porto Alegre: 2006. Definição: Se f for uma função de duas variáveis, então o gráfico de f será o conjunto de todos os pontos ( , , )x y z 3ℝ para os quais ( , )x y e um ponto no domínio de f e ( , )z f x y= . Podemos afirmar que o gráfico de uma função f de duas variáveis e uma superfície que representa o conjunto de todos os pontos no espaço tridimensional, cujas coordenadas cartesianas são dadas pelas triplas ordenadas de números reais ( , , )x y z . Exemplos a) 2 21 ( ) 2( , ) x y f x y xye − + = b) 2( , ) 2 3f x y x y= + + c) 2 2( , )f x y x y= + d) ( , )f x y xy= Figura 3.2: Gráficos gerados pelo WinPlot. Exercícios E04: (ANTON, v.2, 2007, p. 927) Em cada parte, descreva o gráfico da funcao num sistema de coordenadas xyz. a) 1 ( , ) 1 2 f x y x y= − − b) 2 2( , ) 1f x y x y= − − c) 2 2( , )f x y x y= − + Curvas de Nível Uma forma de representar uma função de duas variáveis geometricamente é similar à representação de uma paisagem tridimensional por um mapa topológico bidimensional. Suponha que uma superfície ( , )z f x y= seja interceptada por um plano z k= e que a curva de intersecção seja projetada no plano xy. A curva projetada tem por equação ( , )f x y k= e é chamada de curva de nível ou curva de contorno da função f em k. Cada ponto da curva de nível corresponde a um único ponto na superfície que está k unidades acima, se k for positivo, ou k unidades abaixo, se k for negativo. A Figura 3.3 ilustra as curvas de nível sobre a superfície. O conjunto as várias curvas de nível, projetadas no plano xy compõe um mapa de contorno ou de nível. Figura 3.3: As condições ambientais influenciam as taxas intrínsecas de crescimento. As taxas de crescimento geométrico dos besouros Caladra orizae e Rhizopertha dominica, que vivem no trigo, variam com a temperatura e a umidade. As taxas de crescimento estão dadas pelas linhas de contorno que descrevem as condições com valores idênticos de. λ . Segundo L. C. Birch. Ecology, 34:698- 711 (1953). Fonte: RICKLEFS, R. A Economia da Natureza, 5a edição. Ed. Guanabara/ Koogan. Na Figura 3.4 temos a representação de um mapa de contorno. Figura 3.4: Na America do Norte, a diversidade de espécies de mamíferos aumenta em direção ao Equador e nas regiões de alta heterogeneidade de habitat. As linhas de contorno no mapa indicam o numero de espécies de mamíferos ocorrendo em células de 150 mi (~240km) de lado. De G. G. Simpsom, Syst. Zool. 13:57-73 (1964). Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 10 Fonte: RICKLEFS, R. A Economia da Natureza, 5a edição. Ed. Guanabara/ Koogan. Exemplos i) (ANTON, v.2, 2007, p. 928) O gráfico da função 2 2( , )f x y y x= − no espaço xyz é o parabolóide hiperbólico, conhecido por superfície de sela, mostrado na Figura 3.5 a. As curvas de nível têm equações da forma 2 2y x k− = . Para 0k > , essas curvas são hipérboles abrindo ao longo de retas paralelas ao eixo y; para 0k < , elas são hipérboles abrindo ao longo de retas paralelas ao eixo x; e para 0k = , a curva de nível consiste nas retas que se intersectam y x= e y x= − , conforme Figura 3.5 b. a) b) Figura 3.5: Função sela e seu mapa de contorno, gerados pelo Winplot. ii) Se ( , )z T x y= é a temperatura em cada ponto de uma região do plano, as curvas de nível correspondem a pontos de igual temperatura. Neste caso, as curvas são chamadas isotermas. Considere 2 2 2 2 2 ( 1) ( , ) 3 4 1 x y T x y x xy y + + = + + + cujo mapa de contorno está ilustrado na Figura 3.6. a) b) Figura 3.6: Gráficos gerados pelo software Maple 12. Exercícios E05: (ANTON, v.2, 2007, p. 929) Esboce o mapa de contorno de ( , ) 2f x y x y= − − usando as curvas de nível de altura 6, 4, 2,0,2,4,6k = − − − . E06: (ANTON, v.2, 2007, p. 929) Esboce o mapa de contorno de 2 2( , ) 4f x y x y= + usando as curvas de nível de altura 0,1,2,3,4,5k = . E07: Defina o que é uma superfície de nível e exemplifique. 4. LIMITES E CONTINUIDADE Exercícios Recomendados: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 2 Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Páginas, de 944 e 945 Quando estudamos limites de funções de uma variável real, temos a opção de estudar os limites à direita e à esquerda do ponto em questão. No estudo de funções de duas ou mais variáveis está noção deve ser ampliada, de modo que não temos mais apenas duas direções para observar, mas sim infinitas. Figura 4.1: Diferentes caminhos passando pelo ponto ( , )x y . Vamos considerar, inicialmente, uma função ( , )f x y quando ( , )x y tende a 0 0( , )x y ao longo de uma curva C. Se C for uma curva paramétrica lisa no espaço, representada pelas equações: ( )x x t= , ( )y y t= e se 0 0( )x x t= e 0 0( )y y t= , então podemos definir que 0 0 0( , ) ( , ) ao longo de lim ( , ) lim ( ( ), ( )) x y x y t t C f x y f x t y t → → = . Nesta formulação, o limite da função de t deve ser tratado como um limite lateral se 0 0( , )x y for um ponto extremo de C. Exemplo: Avalie o limite da função 2 2 ( , ) xy f x y x y = − + ao longo dos seguintes caminhos que passam pelo ponto 0 0( , ) (0,0)x y = e conclua sobre a existência do limite no ponto em questão: a) do eixo x b) do eixo y Notas das Aulade Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 11 c) da reta y x= d) da reta y x= − e) da parábola 2y x= A Figura 4.1 ilustra o gráfico da função deste exemplo. Figura 4.1: Gráficos gerados pelo software Maple 12. Vejamos alguns conceitos de topologia, antes de definirmos limites para funções de várias variáveis. Conjuntos Abertos e Fechados Algumas definições: Disco Aberto: é o conjunto de todos os pontos englobados por um círculo C no espaço bidimensional, centrado em 0 0( , )x y e de raio positivo δ , desconsiderando os pontos que estejam sobre a circunferência. Disco Fechado: é o conjunto de todos os pontos englobados por um círculo C no espaço bidimensional, centrado em 0 0( , )x y e de raio positivo δ , incluindo os pontos sobre a circunferência. a) b) Figura 4.2: a) disco aberto; b) disco fechado. Analogamente, para o espaço tridimensional, temos os conceitos de bola aberta e bola fechada. As noções de aberto e fechado podem ser estendidas a conjuntos mais gerais dos espaços bi e tridimensionais. Definição: Se D um conjunto dos pontos do espaço bidimensional, então dizemos que um ponto 0 0( , )x y e um ponto interior de D se existir algum disco aberto centrado em 0 0( , )x y que contenha unicamente pontos de D; dizemos que 0 0( , )x y e um ponto de fronteira de D se qualquer disco aberto centrado em 0 0( , )x y contiver pontos tanto de D quanto não de D. Figura 4.3: Ponto interior e ponto de fronteira de D. Vejamos a definição de limites para funções de duas variáveis. Definição: Seja f uma função de duas variáveis e suponha que f esteja definida em todos os pontos de algum disco aberto centrado em 0 0( , )x y , exceto, possivelmente, em 0 0( , )x y . Escrevemos 0 0( , ) ( , ) lim ( , ) x y x y f x y L → = , se, dado qualquer número 0ε > , pudermos encontrar um número 0δ > tal que ( , )f x y satisfaça ( , )f x y L ε− < sempre que a distância entre ( , )x y e 0 0( , )x y satisfizer 2 2 0 00 ( ) ( )x x y y δ< − + − < . Faça a interpretação geométrica desta definição. Exemplo: Observando o comportamento das funções 2 2 2 2 sin( ) ( , ) x y f x y x y + = + e 2 2 2 2 ( , ) x y g x y x y − = + em torno do ponto 0 0( , ) (0,0)x y = , por meio da tabela de valores, podemos supor que: 2 2 2 2( , ) (0,0) sin( ) lim 1 x y x y x y→ + = + e 2 2 2 2( , ) (0,0) lim x y x y x y→ − + não existe. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 12 Veja Tabela 4.1. Tabela 4.1: Valores da função ( , )f x y -1,0 -0,5 -0,2 0,0 0,2 0,5 1,0 -1,0 0,455 0,759 0,829 0,841 0,829 0,759 0,455 -0,5 0,759 0,959 0,986 0,990 0,986 0,959 0,759 -0,2 0,829 0,986 0,999 1,000 0,999 0,986 0,829 0,0 0,841 0,990 1,000 1,000 0,990 0,841 0,2 0,896 1,500 2,971 4,967 2,971 1,500 0,896 0,5 0,759 0,959 0,986 0,990 0,986 0,959 0,759 1,0 0,455 0,759 0,829 0,841 0,829 0,759 0,455 x y Tabela 4.2: Valores da função ( , )g x y -1,0 -0,5 -0,2 0,0 0,2 0,5 1,0 -1,0 0,000 0,600 0,923 1,000 0,923 0,600 0,000 -0,5 -0,600 0,000 0,724 1,000 0,724 0,000 -0,600 -0,2 -0,923 -0,724 0,000 1,000 0,000 -0,724 -0,923 0,0 -1,000 -1,000 -1,000 -1,000 -1,000 -1,000 0,2 -0,769 -0,172 2,000 5,000 2,000 -0,172 -0,769 0,5 -0,600 0,000 0,724 1,000 0,724 0,000 -0,600 1,0 0,000 0,600 0,923 1,000 0,923 0,600 0,000 y x As Tabelas 4.1 e 4.2 mostram valores para ambas as funções em alguns pontos em torno da origem, sendo que ambas não estão definidas na origem. Porém, de fato, não podemos tirar conclusões apenas baseadas em evidências numéricas. Com a definição acima podemos provar a veracidade das afirmações ou então podemos fazer uso de propriedades algébricas para garantir os resultados mencionados. A Figura 4.1 representa os gráficos das funções f e g, respectivamente, em uma região em torno da origem. Figura 4.1: Gráficos gerados pelo wxMaxima 0.7.5. Relação entre Limites Gerais e Limites ao longo de Curvas Lisas. Teorema: Seja ( , )f x y uma função de duas variáveis. a) Se ( , )f x y L→ quando 0 0( , ) ( , )x y x y→ , então ( , )f x y L→ quando 0 0( , ) ( , )x y x y→ ao longo de qualquer curva lisa. b) Se o limite de ( , )f x y deixar de existir quando 0 0( , ) ( , )x y x y→ ao longo de alguma curva lisa, ou se ( , )f x y tiver limites diferentes quando 0 0( , ) ( , )x y x y→ ao longo de duas curvas lisas diferentes no domínio de f, então o limite de ( , )f x y não existe quando 0 0( , ) ( , )x y x y→ . Exemplo: Mostre que 2 2( , ) (0,0) lim x y xy x y→ − + são diferentes quando ( , ) (0,0)x y → ao longo do eixo y e ao longo da reta y x= . Exemplo: Determine, se existir, o 2 2 2( , ) (0,0) 3 lim x y x y x y→ + usando mudança de coordenadas de cartesianas para polares. Continuidade Definição: Dizemos que uma função ( , )f x y é contínua em 0 0( , )x y se: i) 0 0( , )f x y estiver definido e ii) 0 0 0 0 ( , ) ( , ) lim ( , ) ( , ) x y x y f x y f x y → = Além disso, se f for contínua em cada ponto de um conjunto aberto D, então dizemos que f é contínua em D; e se f for contínua em todo ponto do plano xy , então dizemos que f é continua em toda parte. Agora enunciamos algumas propriedades sobre continuidade de funções contínuas combinadas. Teorema: a) Se ( )g x for contínua em 0x e ( )h y for contínua em 0y , então ( , ) ( ) ( )f x y g x h y= é contínua em 0 0( , )x y . b) Se ( , )h x y for contínua em 0 0( , )x y e ( )g u for contínua em 0 0( , )u h x y= , então a composição ( , ) ( ( , ))f x y g h x y= é contínua em 0 0( , )x y . c) Se ( , )f x y for contínua em 0 0( , )x y e ( )x t ( )y t forem contínuas em 0t , com 0 0( )x t x= e 0 0( )y t y= então a composição ( ( ), ( ))f x t y t é contínua em 0t . Podemos afirmar que: Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 13 a) a composição de funções contínuas é contínua; b) a soma, diferença ou produto de funções contínuas é contínua; c) o quociente de funções contínuas é contínua, exceto onde o denominador for zero. Exemplo: Verifique se as funções seguintes são continuas: a) 2/3( , ) xyf x y xe y= + b) 2 2 ( , ) 1 uv k u v u v = + + c) 2( , ) ln( )z x y x y= − Limites em Descontinuidades A função 2 2 1 ( , )f x y x y = + permite concluir, facilmente, que 2 2( , ) (0,0) 1 lim x y x y→ = ∞ + . Assim, a função não é limitada e apresenta descontinuidade em (0,0) . Figura 4.2: Gráfico gerado pelo WinPlot. A avaliação da função 2 2 2 2( , ) ( ) ln( )g x y x y x y= + + já não é tão óbvia, tendo em vista que ( , ) (0,0)x y → conduz a uma indeterminação. Neste caso, podemos lançar mão da mudança para coordenadas polares e aplicação da regra de L’Hôpital. Verifique que está função só não é contínua na origem. Figura 4.3: Gráficos gerados pelo wxMaxima 0.7.5. Os resultados obtidos para funções de duas variáveis podem ser estendidos para funções de várias variáveis, com as devidas adaptações. Assim, temos a seguinte definição: Seja : nf A⊂ →ℝ ℝ uma função e 0x A A∈ ∪∂ (A unido com a fronteira de A). Intuitivamente 0x A A∈ ∪∂ significa que se 0x A∉ deve estar arbitrariamente “próximo” de A. Definição: O limite de f quando x aproxima-se de 0x é L quando para todo 0ε > , existe 0δ > tal que 0( ,)x B x Aδ∈ ∩ implica ( )f x L ε− < . Notação: 0 lim ( ) x x f x L → = . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 14 Derivadas Parciais Exercícios Recomendados: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 2 Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Páginas, de 954 à 959 Definição: Se ( , )z f x y= e 0 0( , )x y é um ponto do domínio de f, então a derivada parcial de f em relação a x em 0 0( , )x y é a derivada em 0x da função que resulta quando 0y y= for mantido fixado e a x variar. Essa derivada parcial é denotada por 0 0( , )xf x y e é dada por 0 0 0 0( , ) [ , ]x x x d f x y f x y dx = = e 0 0 0 0 0 0 0 ( , ) ( , ) [ , ] lim x x x f x x y f x yd f x y dx x∆ →= + ∆ − = ∆ Analogamente, a derivada parcial de f em relação a y em 0 0( , )x y é a derivada em 0y da função que resulta quando 0x x= for mantido fixado e a y variar. Essa derivada parcial é denotada por 0 0( , )yf x y e é dada por 0 0 0 0( , ) [ , ]y y y d f x y f x y dy = = e 0 0 0 0 0 0 0 ( , ) ( , ) [ , ] lim y y y f x y x f x yd f x y dy y∆ → = + ∆ − = ∆ A definição anterior é relativa às derivadas parciais em um ponto, porém, podemos definir derivadas parciais como funções: A derivada parcial de f em relação a x: 0 ( , ) ( , ) ( , ) limx h f x h y f x y f x y h→ + − = A derivada parcial de f em relação a y: 0 ( , ) ( , ) ( , ) limy h f x y h f x y f x y h→ + − = Exemplo: Encontre ( , )xf x y e ( , )yf x y para 3 2( , ) 2 2 4f x y x y y x= + + depois indique ambas as derivadas para o ponto (1,3) . Notação de Derivadas Parciais Se 1 2( , ,... )nz f x x x= com n∈ℕ então as derivadas parciais podem ser denotadas por: • 1x f , 2x f , ... , nx f • 1 f x ∂ ∂ , 2 f x ∂ ∂ ,..., n f x ∂ ∂ onde o símbolo ∂ é lido como del. Observe que as derivadas parciais de uma função são tantas quantas forem o número de variáveis da função. Exemplos: Calcule as derivadas parciais em cada caso, usando as regras de derivação. a) 3 2 4( , , ) 2f x y z x y z xy z= + + b) 2( , , ) cos( )sen( )f ρ θ ϕ ρ ϕ θ= Interpretação Geométrica Para funções de duas variáveis f x ∂ ∂ pode ser vista geometricamente como a inclinação da reta tangente à curva 1C no ponto 0 0( , )x y e f y ∂ ∂ como a inclinação da reta tangente à curva 2C no ponto 0 0( , )x y . Além disso, 0 0( , ) f x y x ∂ ∂ é entendida como a inclinação da superfície na direção de x e 0 0( , ) f x y y ∂ ∂ é a inclinação da superfície na direção de y Exemplo: Seja 2 2( , )z f x y x y= = + . Determine a equação da reta tangente à curva gerada pela interseção do gráfico de f como o plano de equação 2y = , no ponto (2,2,8) . Exemplo: A lei de um gás ideal confinado é 8PV T= , onde P é a pressãoem N/cm2, V é o volume em cm3 e T é a temperature em graus. Se o volume do gás é de 150cm3 e a temperatura é de 1000, pede-se: Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 15 a) Determine a taxa de variação da pressão em relação à temperatura para o volume fixo de 150cm3. b) Determine a taxa de variação do volume em relação à pressão para a temperatura fixa de 1000. Exemplo: Seja 2 2 ,( , ) (0,0) ( , ) 0, ( , ) (0,0) xy x y f x y x y x y − ≠ = + = a) Mostre que f x ∂ ∂ e f y ∂ ∂ existem em todos os pontos ( , )x y ; b) Explique por que f não é contínua em (0,0) . Derivação Implícita Derivadas de equações são obtidas implicitamente. Exemplo: Seja ( , )z f x y= e 2 2 3x y z xz= − . As derivadas parciais de z são as seguintes: 2 2 2 3 2 3 3 3 z z z x z x y z x x x x y x ∂ ∂ ∂ + = − − ⇔ = ∂ ∂ ∂ − 2 2 2 0 2 3 3 z z z yz yz y x y y y y x ∂ ∂ ∂ = + − ⇔ = − ∂ ∂ ∂ − Exemplo: Determine a inclinação da esfera 2 2 2 1x y z+ + = na direção y nos pontos 2 1 2 , , 3 3 3 e 2 1 2 , , 3 3 3 − . Veja esboço do gráfico, onde a interseção dos dois planos e a esfera indicam os dois pontos acima: Derivadas Parciais de ordem Superior Se : nf A⊂ →ℝ ℝ é uma função tal que suas derivada parciais existem em todos os pontos x A∈ , definimos as derivadas parciais de segunda ordem de f da seguinte forma: 0 ( ) ( ) ( ) lim j i i h j i f f x he x x xf x x x h→ ∂ ∂ + − ∂ ∂∂ ∂ = ∂ ∂ se os limites existirem. A notação é 2 ( ) ( ) j i j i f f x x x x x x ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ e definimos que existem 2n funções derivadas parciais de segunda ordem. Para uma de duas variáveis ( , )z f x y= , temos: 2 2 2 2 2 2 ( , ) xx x yx yy y xy f f f x f x f f x y f x y f f yf f y f f y x ∂ = ∂ ∂ = ⇒ ∂ ∂ = ∂ ∂ ⇒ ∂ = ∂∂ = ⇒ ∂ ∂ = ∂ ∂ Observe a ordem em que se deve derivar a função pelo exemplo: 2 f f x y x y ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ . Analogamente podemos obter as derivadas de ordem superior a 2. Teorema: Seja f uma função de duas variáveis. Se 2 f x y ∂ ∂ ∂ e 2 f y x ∂ ∂ ∂ forem contínuas em algum disco aberto, então 2 2f f y x x y ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ neste disco. Exemplo: Calcule as derivadas de segunda ordem da função ( , , )f x y z xyz= . Exemplo: Determine xyyf para 2( , ) xf x y y e y= + . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 16 Equações Diferenciais Parciais a) A Equação de Laplace 2 2 2 2 0 u u x y ∂ ∂ + = ∂ ∂ tem como soluções as denominadas funções harmônicas e tem aplicações no estudo de condução de calor, escoamento de fluidos e potencial elétrico por exemplo. Exemplo: Mostre que a função ( , ) sen( )xu x y e y= é solução da equação de Laplace. b) Equação da Onda 2 2 2 2 2 u u a t x ∂ ∂ = ∂ ∂ pode descrever o movimento de uma onda que pode ser do mar, de som, luminosa ou de uma corda vibrante de um violino. A constante a depende da densidade da corda e da tensão aplicada nela e ( , )u x t pode representar o deslocamento da corda vibrante de um violino no instante t e a distância x de um dos terminais da corda. Exemplo: Verifique que ( , ) sen( )u x t x at= − satisfaz a equação da onda. Diferenciabilidade Definição: Dizemos que uma função ( , )f x y é diferenciável em 0 0( , )x y se ambas as derivadas 0 0( , )xf x y e 0 0( , )yf x y existem e 0 0 0 0 2 2( , ) (0,0) ( , ) ( , ) lim 0 ( ) ( ) x y x y f f x y x f x y y x y∆ ∆ → ∆ − ∆ − ∆ = ∆ + ∆ . Exercício: Fazer a interpretação geométrica da definição. Observação: Se o limite da definição acima existir, fica assegurado que: • A superfície ( , )z f x y= tenha um plano tangente não-vertical no ponto 0 0 0 0( , , ( , ))x y f x y ; • Os valores de f podem ser bem aproximados pelos valores de uma função linear nas proximidades de 0 0( , )x y ; • f é contínuaem 0 0( , )x y . Exemplo: Use a definição para provar que 2 2( , )f x y x y= + é diferenciável em (0,0) . Exercício: Enuncie a definição de diferenciabilidade para funções de mais de duas variáveis. Diferenciabilidade e Continuidade Teorema: Se uma função é diferenciável num ponto, então ela é contínua neste ponto. Verificar a continuidade por definição nem sempre é simples, então, o próximo teorema contribui com a busca. Teorema: Se todas as derivadas parciais de primeira ordem de f existem e são contínuas num ponto, então f é diferenciável neste ponto. Observe que o teorema estabelece apenas uma condição suficiente, portanto, nem todas as funções diferenciáveis num ponto devem ter derivadas parciais contínuas numa vizinhança deste ponto. Exemplo: É possível determinar se a função é contínua em todos os pontos se ( , , )f x y z x yz= + ? Exemplo: Estude a continuidade de 2 2( , )f x y x y= + . Exemplo: A energia cinética de um corpo de massa m e velocidade v é 2 1 2 K mv= . Mostre que 2 2 K K K m v ∂ ∂ = ∂ ∂ . Definição: Uma função é denotada de classe 1C em A quando existem as derivadas parciais em cada ponto de A e estas são contínuas. Logo, f de classe 1C implica em f diferencíavel. Proposição: Se f e g são funções de classe 1C no ponto 0 0 0( , ,...)x x y= , então: i) f g+ é de classe 1C em 0x . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 17 ii) .f g é de classe 1C em 0x . iii) f g é de classe 1C em 0x , se 0( ) 0g x ≠ . Exemplo: Avalie se 2 2 2 2 ( , ) 1 y f x y x y x y = + + + é de classe 1C . Observação: f é 1C implica f é diferenciável implica f é contínua. Diferenciais Para uma função ( , )f x y , a aproximação 0 0 0 0( , ) ( , ) f f f x y x x y y x y ∂ ∂ ∆ ≈ ∆ + ∆ ∂ ∂ tem a seguinte formulação na linguagem de diferenciais. Assim, se ( , )z f x y= é diferenciável num ponto 0 0( , )x y , denotamos 0 0 0 0( , ) ( , ) f f dz x y dx x y dy x y ∂ ∂ = + ∂ ∂ , onde dz é uma nova função com variáveis independentes dx e dy . Essa função é a diferencial total de z ou de f em 0 0( , )x y . Podemos estimar a variação em f∆ de f pelo valor da diferencial df , em que dx x≈ ∆ é a variação em x e dy y≈ ∆ é a variação em y. Aproximação Linear Local Se uma função for diferenciável num ponto, então ela pode ser bem aproximada por uma função linear na vizinhança desse ponto. Assim, 0 0 0 0 0 0 0 0( , ) ( , ) ( , ) ( , ) f f f x x y y f x y x y x x y y x y ∂ ∂ + ∆ + ∆ ≈ + ∆ + ∆ ∂ ∂ Tomando 0x x x= + ∆ e 0y y y= + ∆ , temos 0 0 0 0 0 0 0 0( , ) ( , ) ( , )( ) ( , )( ) f f f x y f x y x y x x x y y y x y ∂ ∂ ≈ + − + − ∂ ∂ Quando f é diferenciável em 0 0( , )x y , 0 0 0 0 0 0 0 0( , ) ( , ) ( , )( ) ( , )( )x yL x y f x y f x y x x f x y y y≈ + − + − é a aproximação linear de f em 0 0( , )x y . Exemplo (ANTON, 2007, p.965): Seja ( , )L x y a aproximação linear local de 2 2( , )f x y x y= + no ponto (3,4) . Compare o erro da aproximação de 2 2(3,04;3,98) (3,04) (3,98)f = + por (3,04;3,98)L com a distância entre os pontos (3,4) e (3,04;3,98) . Exemplo: O comprimento, a largura e a altura de uma caixa retangular são medidos com um erro de no máximo 5 %. Use um diferencial total para estimar o erro percentual máximo que resulta se essas quantidades forem usadas para calcular a diagonal da caixa. Regra da Cadeia Vamos, inicialmente, considerar funções de duas variáveis que satisfaçam a seguinte condição: ( , )z f x y= e por sua vez ( )x x t= e ( )y y t= , ou seja, x e y são funções só da variável t. Neste caso, a função composta ( ( ), ( ))z f x t y t= expressa z como função unicamente da variável t. Vamos identificar a derivada de z, nestas condições: Teorema (Regra da Cadeia para funções de duas variáveis): Se ( )x x t= e ( )y y t= , forem diferenciáveis em t e se ( , )z f x y= for diferenciável no ponto ( , ) ( ( ), ( ))x y x t y t= , então ( ( ), ( ))z f x t y t= é diferenciável em t e dz z dx z dy dt x dt y dt ∂ ∂ = + ∂ ∂ , onde as derivadas comuns são calculadas em t e as derivadas parciais são calculadas em ( , )x y . Assim, podemos representar o esquema: Exemplo: Suponha que 2z x y= , 2x t= e 3y t= . Obtenha dz dt . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral II– Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 18 Exemplo: Suponha que z xy y= + , cos( )x θ= e sen( )y θ= . Use a regra da cadeia para obter dz dt , quando 2 π θ = . O teorema anterior, válido para duas variáveis, pode ser estendido para funções de várias variáveis. Vejamos como fica para o caso de três variáveis: Teorema (Regra da Cadeia para funções de três variáveis): Se cada uma das funções ( )x x t= , ( )y y t= e ( )z z t= , forem diferenciáveis em t e se ( , , )w f x y z= for diferenciável no ponto ( , , ) ( ( ), ( ), ( ))x y z x t y t z t= então ( ( ), ( ), ( ))w f x t y t z t= é diferenciável em t e dw w dx w dy w dz dt x dt y dt z dt ∂ ∂ ∂ = + + ∂ ∂ ∂ , onde as derivadas comuns são calculadas em t e as derivadas parciais são calculadas em ( , , )x y z . Taxas Relacionadas Os teoremas anteriores podem ser úteis para resolver problemas com taxas relacionadas. Exemplo: A que taxa está variando o volume de uma caixa retangular se seu comprimento é de 8cm e está aumentando a 3cm/s, sua altura é de 6cm e está aumentando a 2cm/s e sua altura é de 4cm e está aumentando a 1cm/s? Exemplo: De um funil cônico escoa água à razão de 18cm3/s. Se a geratriz faz com o eixo do cone um ângulo de 3 π α = , determine a velocidade com que baixa o nível da água no funil, no momento em que o raio da base do volume líquido é igual a 6cm. Vamos considerar agora, o caso em que ( , )x x u v= , ( , )y y u v= e ( , )z f x y= , ou seja, z é uma função composta, nas variáveis u e v, de modo que ( ( , ), ( , ))z f x u v y u v= . Quanto as derivadas parciais, temos: Teorema (Regra da Cadeia de funções de duas variáveis independentes): Se ( , )x x u v= , ( , )y y u v= tiverem derivadas parciais de primeira ordem no ponto ( , )u v e se ( , )z f x y= for diferenciável no ponto ( ( , ), ( , ))x u v y u v , então ( ( , ), ( , ))z f x u v y u v= tem derivadas parciais de primeira ordem no ponto ( , )u v dadas por: dz z x z y du x u y u dz z x z y dv x v y v ∂ ∂ ∂ ∂ = + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ = + ∂ ∂ ∂ ∂ Esquematicamente, fica: Exemplo: Dado que xyz e= , 2x u v= + , u y v = encontre z u ∂ ∂ e z v ∂ ∂ usando a regra da cadeia apropriada. O seguinte teorema traz uma generalização da regra da cadeia para n variáveis. Teorema: Suponha que u seja uma função diferenciável de n variáveis 1 2, ,..., nx x x e cada uma dessas variáveis por sua vez seja uma função de m variáveis 1 2, ,..., my y y . Suponha ainda que cada uma das derivadas parciais i j x y ∂ ∂ exista ( 1,2,..., ; 1,2,...,i n j m= = ). Então, u é uma função de 1 2, ,..., my y y e: 1 2 1 1 1 2 1 1 1 2 2 1 2 2 2 2 1 2 1 2 ... ... ... n n n n n m m m n m xx xu u u u y x y x y x y xx xu u u u y x y x y x y xx xu u u u y x y x y x y ∂∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ = + + +∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ = + + +∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ = + + +∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ⋮ Exemplo: Suponha que xyzw e= , 3x u v= + , 3y u v= − e 2z u v= obterw u ∂ ∂ e w v ∂ ∂ .
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