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Adrenérgicos Ana Paula Francisco QFII 2016-2017 Sumário O sistema adrenérgico Desenvolvimento de fármacos agonistas Desenvolvimento de fármacos bloqueadores dos recetores adrenérgicos 2 O sistema adrenérgico A d r e n a li n a e n o r a d r e n a li n a a c e ti l c o li n a 3 O sistema adrenérgico O sistema nervoso simpático, de um modo geral estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a situações de stress ou medo. 4 HO HO NH2 R OHH HO HO NHMe R OHH Noradrenalina Adrenalina É libertada pelas glândulas supra-renais Libertada na junção neuromuscular do músculo liso e cardíaco O sistema adrenérgico 5 Neurotransmitter repackaged or metabolized Target cell Receptor binding and new signal Target cell . . . nerve signal . . . Target cell . Receptor Vesicle containing noradrenaline . Transport protein Vesicles fuse and release transmitter nerve signal Target cell . . . signal Neurotransmitter reabsorbed by active transport Target cell . . Neurotransmitter departs receptor Target cell O sistema adrenérgico Como se processa a neurotransmissão adrenérgica? 6 Regulação pre-sináptica • Recetores pre-sinápticos regulam a libertação de adrenalina • Prostaglandinas, acetilcolina e noradrenalina também afetam a libertação • Sistema colinérgico inibe a atividade adrenérgica Ach NA NA Smooth muscle Prostaglandins Recetor colinérgicor Recetor adrenérgico pre- sináptico Ativação do recetor alvo reduz a libertação de adrenalina Recetor das prostaglandinas Recetor adrenérgico pós- sináptico NA Noradrenalina O sistema adrenérgico 7 • Via biossintética regulada pela tirosina hidroxilase • Regulação por feed-back pela noradrenalina Dopa decarboxylase Dopamine HO HO NH2 Levodopa HO HO NH2 CO2H H Dopamine -hydroxylase Noradrenaline HO HO NH2 OHH N-Methyl transferase Adrenal medulla Adrenaline HO HO NHMe OHH Biossíntese L-Tyrosine H O N H 2 C O 2 H H 8 Tyrosine hydroxylase HO HO NH2 Noradrenaline OHH M AO HO HO O H OHH HO HO O OH OHH COMT MeO HO O OH Vanillylmandelic acid OHH HO HO NH2 Noradrenaline OHH COMT MeO HO NH2 OHH MAO MeO HO O H OHH MeO HO O OH Vanillylmandelic acid OHH MAO = Monoamina oxidase COMT = Catechol O-metiltransferase Metabolismo 9 10 Recetores adrenérgicos • Recetores ligados a proteínas G a - a1- a1A, a1B, a1D, - ativam a fosfolipase C e produzem trifosfato de inositol e diacilglicerol como 2º mensageiro a2 - a2A, a2B, a2C, - inibem a produção do AMPc como 2º mensageiro - 1, 2, 3 – ativam a adenilciclase que catalisa a formação do AMPc • Os recetores estão distribuídos por diferentes orgãos e tecidos • Fármacos seletivos para um recetor atuam seletivamente em diferentes orgãos e tecidos 11 Distribuição e função α1 •Predominam no músculo liso dos brônquios e fígado •Activação dos recetores resulta na contração do músculo liso α2 •Predominam no músculo liso do trato gastro-intestinal •Activação dos recetores resulta no relaxamento do músculo liso do GI β1 •Predominam no músculo cardíaco •Activação dos recetores resulta na contração do músculo cardíaco •Antagonistas do recetor são usados no tratamento das doenças cardiovasculares β2 •Predominam no músculo liso dos brônquios •Activação dos recetores resulta num relaxamento do músculo liso β3 •Predominam no tecido adiposo •Activação dos recetores resulta num aumento da lipólise a1 agonistas Shock, hipotensão, descongestionantes nasais antagonistas hipertensão, HBP (hiperplasia benigna da próstata) 1 antagonistas hipertensão e antiarritmicos 2 agonistas Broncodilatadores, glaucoma 3 agonistas Perca de peso Recetores adrenérgicos . Noradrenaline Adrenergic recetor Transport protein Presynaptic receptor . Tyr 1 3 . 2 . 4 . 5 . 6 Metabolites 7 Intervenção farmacológica 1. Enzimas envolvidas na biossíntese da adrenalina 2. Vesiculas contendo noradrenalina 3. Exocitose das vesicules 4. Recetor adrenérgico 5. Proteínas de transporte da noradrenalina 6. Enzimas metabólicas 7. Recetores pré-sinápticos 13 Noradrenalina - neurotransmissor HO HO NH2 R OHH Adrenalina - hormona HO HO NHMe R OHH • Atuam em todos os os recetores adrenérgicos • Não são seletivas 14 Ligandos naturais • Noradrenalina não é usada como fármaco Não é seletiva Não tem boa disponibilidade oral Causa vasoconstrição e estimulação cardíaca • Adrenalina usada no choque anafilático severo e na paragem cardíaca Atua muito rapidamente mas também tem um tempo de vida muito curto Efeitos cardíacos severos Inadequada para medicação a longo prazo O H O H Ser-207 Ser-204 TM5 Phe-290 C O 2 TM6 Asp-113 TM3 O . . . . . . . . Asn-293 C NH2 . . . . + O O H H N C H 3 O H H H Sítio de ligação 15 Os grupos N-alquilo servem para modular a seletividade Grupos alquilo volumosos aumentam a seletividade para recetores Relações estrutura-atividade 16 Grupos O-H do catecol formam ligações de H especialmente nos recetores OH em meta-pode ser substituído por outros grupos capazes de formar ligações de H Álcool também forma uma ligação de H O grupo amina forma uma ligação iónica Anel aromático faz ligações de van der Waals Enantiómero R é mais ativo que o S CH3 aumenta a seletividade para o a2 efedrina Pseudo-efedrina • Activa os recetores a e • Tem sido usada como broncodilatador em medicamentos não prescritos • Também tem sido usada como vasopressor e estimulante cardíaco • Não é metabolizada pela COMT • Atravessa a BHE e tem efeito estimulante É usada como descongestionante nasal e no fabrico ilícito de anfetaminas Agonistas adrenérgicos inespecíficos É um agonista a2 selectivo Usado no tratamento da HA Agonistas a tem menos utilidade clínica porque contraem os vasos sanguíneos e ↑PA problemas cardíacos São agonistas a1 selectivos São usados no tratamento da congestão nasal pq provocam vasoconstrição Agonistas α-adrenérgicos específicos • Os recetores β-adrenérgicos predominam no músculo liso dos brônquios • A sua ativação resulta no relaxamento do músculo liso • Dilatam ou abrem as vias respiratórias •Agonistas β2 são usados como anti-asmáticos 19 Agonistas adrenérgicos Mostrou alguma seletividade para o recetor adrenérgico em relação ao α mas não mostrou selectividade em relação aos subtipos dos (ativa não só nos 2 pulmunores mas também nos 1 cardíacos) O grupo isopropilo aumenta a seletividade para o recetor β Efeitossecundários cardiovasculares HO HO H N CH3 CH3 OHH O desenho de novos agonistas pretende compostos mais seletivos, que possam ser administrados por inalação e com um tempo de acção longo 20 Agonistas adrenérgicos. Isoprenalina HO HO H N H OH HO HO H N H OH MeO HO H N H OH COMT Isoetarina Metababolito inativo Éter A introdução de ramificações na cadeia alquilíca aumenta a seletividade para o recetor 2 A isoetarina é selectiva mas tem uma duração de acção muito curta, é rapidamente metabolizada Agonistas 2. Isoetarina 21 Inativo 2-Antagonista 2-Antagonista HO H N HO H N HO H N A B C H H HOH OH OH HO O O O Me H2N O O grupo fenol é importante para atividade (HBD e HBA) Suscetível ao metabolismo Pode ser substituído por outro grupo HBD /HBA (ácido, éster, amida, sulfonamida, hidroximetilo 22 Agonistas 2. Variação do OH em meta • O grupo sulfonamida mantem a atividade agonista β2 • Tem uma longa duração de ação •Não é usado clinicamente H N HO H N CH3 CH3 SH3C O O OHH Sulfonamide 23 Agonistas 2. R- Soterenol O grupo hidroximetileno retêm a atividade agonista β2 apesar de estar afastado uma ligação do anel aromático continua a fazer ligações de H com o recetor Não é metabolizado pela COMT Mesma potência da isoprenalina mas 2000 vezes menos ativo no coração t½ 4 h Líder de mercado no tratamento da asma Administrado como racemato por inalação mas o isómero R é 68 vezes mais ativo que o S (“Levalbuterol”- isómero R) Hydroximetileno HOCH2 HO H N C CH3 CH3 CH3 OHH Grupo t-butilo 24 Agonistas 2. Salbutamol • adição de um grupo N-Arilalquilo • o grupo metoxilo estabelece uma ligação extra numa região polar do sítio de ligação • 1.5 vezes mais ativo que o salbutamol • t½ de 6 h (maior duração de ação) HO H N CH3 OMe HO OHH Extensão 25 Agonistas 2. Salmefamol Hidrofóbico Hidrofóbico • Usado para tratar a asma noturna • Mais lipofílico • Liga-se mais fortemente aos tecidos na vizinhança do recetor • 2x mais ativo que o salbutamol • t½ 12 horas- maior duração de ação Polar 26 H O C H 2 H O H N O O H H Agonistas 2. Salmeterol HO2C AcO Aspirin AlCl3 PhNO2 Fries rearrangement HO2C HO CH3 O Ketoacid MeOH HCl Esterification MeO2C HO CH3 O Ketoester MeO2C HO CH2 O Bromoketone Br Bromination Br2 Nucleophilic substitution PhCH2NH tBu MeO2C HO N C CH3 O CH3 CH3 CH2Ph (R/S)- Salbutamol HOCH2 HO H N C CH3 OH CH3 CH3 Hydrogenolysis H2 Pd/C reduction LiAlH4 THF HOCH2 HO N C CH3 OH CH3 CH3 CH2Ph 27 Síntese do salbutamol Rearranjo de Fries 28 • Isoprenalina é um β-agonista • É seletiva para os recetores β • O grupo N-isopropilo é o responsável pela seletividade HO HO H N H OH Isoprenalina - protótipo Isopropilo 29 Antagonistas 1 • Os OH catecólicos não são necessários para a atividade antagonista • Método clássico adicionar grupos extra • Grupos hidrofóbicos formam ligações de van der Waals extra • O composto liga-se ao recetor mas induz uma conformação diferente • Atuam como agonistas parciais - ativam muito pouco o recetor - bloqueiam o mensageiro natural HO HO H N H OH Isoprenalina (agonista) Cl Cl H N H OH Dicloroisoprenalina (agonista parcial) H N H OH Pronetalol (agonista parcial) 30 Antagonistas 1. Como converter um agonista num agonista parcial? espaçador O N H OHH1 • Introdução do espaçador- extensão da cadeia de modo a aumentar a seletividade • O substituinte está localizado numa posição diferente do anel aromático • O éter é aceitador de ligações de H • É um antagonista 10-20 vx mais forte que o pronetalol • Clinicamente é usado como racemato mas o enantiomero ativo é o S • Tem estrutura geral de arilóxipropanolamina • Atua sobre os recetores β1 e β2 H N H OH Pronetalol (agonista parcial) H N X OHH 2 •Introdução de um espaçador (extensão da cadeia) •Várias posições O N H OHH1 Propranolol antagonista Éter 31 Antagonistas 1. Apesar de na adrenalina o isómero activo ser o R e no propanolol o isómero activo ser o S a disposição espacial do grupo é a mesma Antagonistas 1. •Este método permite introduzir variações no anel aromático e nos substituintes da amina •Formam-se misturas racémicas Ar OH Phenol O CH2Cl NaOH H2O Ar O O RNH2 Ar O OH NHR 33 Antagonistas 1. Síntese de arilóxipropanolaminas N-Alkyl group • Éter funciona como HBA mas pode ser substítuído por outro grupo HBA • O álcool é essêncial • A amina tem que ser 2ária ; está ionizada a a pH fisiológico; forma uma ligação iónica no sítio de ligação • Naftaleno pode ser substítuído por outro anel aromático • Os grupos N-alquilo ocupam uma bolsa hidrofóbica • A extensão do grupo N-alquilo por um N-ariletilo é benéfica OH O N H Éter Álcool Naftaleno Amina OH O N H OH O N H Substituição ↓ atividade Grupo ariloxi OH O N H Propanolamina OH O N H 34 Antagonistas 1. Relações estrutura-atividade Propranolol OH O N H O N H N H OHH O N H N S N N O OHH Pindolol Timolol •Efeito protetor na redução do enfarte de miocárdio recorrente •Também é usada no tratamento do glaucoma e enxaquecas •Causa menos bradicardia do que outros bloqueadores β • Causa menos arrefecimento das extremidades 35 Antagonistas 1. Variação do anel de naftaleno Relações estrutura-atividade • Grupos N-alquilo volumosos importantes para atividade antagonista • Permitidos outros anéis heteroaromáticos • Substituição na cadeia Hc aumenta a estabilidade metabólica mas diminui a atividade • OH essencial para atividade • A 1ª geração de bloquedores beta atuam sobre os recetores β1 e β2 •Não podem ser usados em doentes asmáticos. O antagonismo nos recetores β2 contrai as vias respiratórias • A 2ª geração foi desenhada para ser seletiva para os β1 36 Antagonistas 1. 2ª geração de bloqueadores β groupo amida O N H NHCOCH3 OHHPractolol • Antagonista β1 seletivo • Grupo amida é importante para a seletividade • Mais polar • Menos efeitos centrais (CNS) • Usado no tratamento da hipertensão e angina de peito • Já retirado do mercado Interações do practolol com o sítio ativo • Grupo amida tem que estar para para ser seletivo par os 1 • Forma uma ligação de H extra que não é possivel nos recetores 2 para substitution Extra H-bonding interaction meta substitution H N C H 3 O X H O H O N H 2 N H H 3 C O X H O H O N H 2 37 Antagonistas 1. 2ª geração de bloqueadores β 38 Antagonistas 1. Outros • Possuem um grupo N-arilalquilo adicional • São capazes de fazer ligações de H adicionais • extensão da cadeia Epanolol NC O OH N H H N O Primidolol H3C O OH N H N H NO O CH3 Xamoterol OH O OH N H H N O N O Ligações de H extra EpanololNC O OH N H H N O Primidolol H3C O OH N H N H NO O CH3 Xamoterol OH O OH N H H N O N O 39 Antagonistas 1. 3ª geração de bloqueadores β Antagonistas a e Uso clínico: Anti-hipertensores O carvedilol também tem sido usado em situações de falha cardíaca Antagonistas adrenérgicos antagonistas selectivos a1 Uso clínico: tratamento da hipertensão Hiperplasia benigna da próstata Mecanismo de acção: bloqueiam os recetores α1 presentes no músculo liso e nos vasos sanguíneos impedindo a adrenalina e noradrenalina de se ligarem relaxação do músculo liso e dilatação dos vasos Maior duração de acção recetor a1 pós-sináptico bloqueado noradrenalina actua nos recetores β Vasodilatação periférica e hipotensão Antagonistas a1- adrenérgicos • Quimicamente são derivados de 2,4-diaminoquinazolinas Na prazosina o grupo amino em 2 é uma amina cíclica pertencendo ao anel de piperazina e os derivados diferenciam-se pela natureza do substituinte acilo na posição 4: furano para prazosina, tetrahidrofurano para terazosina e 1,4- benzodioxanilcarbonilo para a doxazocina. Antagonistas a1- adrenérgicos antagonistas selectivos a2 Uso clínico: antidepressivos mirtazepina Mecanismo de acção: os recetores α2 são recetores pré- sinápticos ou autorecetores. Estes recetores servem como mecanismo de controlo da libertação de noradrenalina pelo neurónio pré-sináptico, quando activados inibem a libertação de NA. Quando bloqueados os níveis de NA na fenda sináptica aumentam. O recetor α2 também controla a libertação de serotonina fazendo ↑os níveis desta. Antagonistas a2- adrenérgicos 44 1 – Observe as estruturas que se seguem e diga quais poderão ter uma boa ou má atividade como bloqueadores dos recetores β-adrenérgicos. Problemas 45 2 – O salmeterol é um broncodilatador duas vezes mais potente que o salbutamol e de ação mais duradora. Indique as diferenças estruturais e a sua influência na ligação ao respetivo recetor. salmeterol salbutamol Problemas Bibliografia: Patrick G. L. – An Introduction to Medicinal Chemistry. 5ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2010. e correspondente online resource centre http://www.oxfordtextbooks.co.uk/orc/patrick5e/ Williams D. A., Foye W. O, L. L. Thomas. – Foye's principles of medicinal chemistry. 6ª ed. Lippincott Williams & Wilkins, 2008. ISBN 0-7817-6879-9. Burger’s Medicinal Chemistry and Drug Discovery 6th Edition, Volume 6: Nervous Systems Agents, Edited by Donald J. Abraham New York: John Wiley & Sons, INC., 2003.
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