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Arbitragem como meio extrajudicial de solução de conflitos

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ARBITRAGEM
A arbitragem, considerada por ser um dos meios extrajudiciais de solução de conflitos, em que um terceiro capacitado tecnicamente, é escolhido pelas partes para dirimir e solucionar o conflito, este por sua vez, o árbitro, deve estabelecer para as partes a solução mais justa para a solução do caso, e é regida pela Lei 9.307/1996. Conceitua, Guilherme (2018, p. 44):
Colocando o instituto em posição mais próxima do cotidiano do operador do direito, consiste a arbitragem em um dispositivo alternativo ao sistema jurídico convencional formal em que novamente um terceiro, capacitado tecnicamente, é eleito pelas partes com o intuito de mediar e de dirimir o conflito, estabelecendo aquilo que é o mais justo para o caso em apreço.
Por outro lado, define Scavane Junior (2018, p. 10):
A arbitragem pode ser definida, assim, como o meio privado, jurisdicional e alternativo de solução de conflitos decorrentes de direitos patrimoniais e disponíveis por sentença arbitral, definida como título executivo judicial e prolatada pelo árbitro, juiz de fato e de direito, normalmente especialista na matéria controvertida.
Assim, com base no entendimento doutrinário verifica-se que a arbitragem é um meio privado de solução de conflitos, realizado por meio da heterocomposição, ou seja, a solução do conflito através de um terceiro imparcial.
Adiante, sobre a natureza jurídica da arbitragem, disciplina Guilherme (2018, p. 144):
Já que a natureza jurídica versa sobre a origem, ou seja, determiná-la é estabelecer seu ser jurídico, ou ainda sua essência, como mencionado, portanto a definição da natureza jurídica da arbitragem parece ser eminentemente contratual, contracenando com seu aspecto jurisdicional, haja vista que este instituto resulta de vontade entre as partes, ou seja, “constitui uma espécie de negócio jurídico, de natureza bilateral”
Sendo assim, vemos que a natureza jurídica da arbitragem se baseia em um contrato bilateral, isto é, um acordo de vontades, negócio jurídico realizado entre as partes que resulta em um título executivo judicial. Tanto é que os requisitos para a realização deste procedimento extrajudicial, é regido pelas leis do negócio jurídico, conforme preceitua o artigo 104, do Código Civil, partes serem capazes; objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. E também o artigo 1° da Lei 9.307/1996, preceitua que os conflitos a serem dirimidos são de direitos patrimoniais disponíveis.
Para a capacidade de solucionar um conflito por meio da arbitragem, é necessário que a parte tenha a livre expressão de sua vontade. Determina Guilherme (2018, p. 146):
Assim como assegura a norma regulamentadora, pode optar pela arbitragem o agente que puder contratar. Sendo assim, o mais importante é a discussão acerca da capacidade civil plena e não da processual, de tal sorte que os apenas absolutamente capazes civilmente e as pessoas jurídicas regularmente constituídas podem sujeitar seus conflitos à arbitragem. Ficam de fora desse rol as pessoas não dotadas de capacidade plena, as pessoas jurídicas irregulares e as entidades despersonalizadas, como a massa falida, o condomínio, o espólio e a herança jacente.
Nesse contexto, é de suma importância que as partes possuem a capacidade da autonomia da vontade, pois este é um dos princípios basilares da arbitragem. Por seguinte, no que se infere ao demais requisitos, ainda pontua Guilherme (2018, p. 147):
Outro requisito elementar para a instituição da arbitragem se refere aos direitos patrimoniais disponíveis. Os direitos patrimoniais disponíveis são aqueles que seus titulares gozam de plena disposição e se referem ao âmbito patrimonial. Têm como objeto um bem inerente ao patrimônio de alguém, referindo-se a um bem que pode ser alienado ou apropriado. 
Logo, o que dispõe os últimos requisitos para a validade da arbitragem é que o objeto resultante da lide, deve ser um direito disponível, e deve seguir ordinariamente o que está previsto na lei, para o ato ter validade e eficácia. Disciplina Scavane Junior (2018, p. 13/14):
Nos termos do art. 1º da Lei de Arbitragem (Lei 9.307/1996), a arbitragem se limita à capacidade de contratar e aos direitos patrimoniais e disponíveis. Todavia, para que possa ser adotada como meio de solução dos conflitos, além de se limitar aos direitos patrimoniais, a arbitragem ainda exige a existência de direitos disponíveis. A disponibilidade dos direitos se liga, conforme pensamos, à possibilidade de alienação e, demais disso e principalmente, àqueles direitos que são passíveis de transação.
No entanto, conflitos que não envolverem direito que é possível realizar transação entre as partes, não é possível realizar o procedimento da arbitragem.
De acordo com o entendimento do doutrinador Guilherme (2018, p. 150), a arbitragem é classificada, “arbitragem facultativa e arbitragem obrigatória; arbitragem formal e arbitragem informal; arbitragem de direito e de equidade e, por fim, arbitragem ad hoc e institucional.” (grifo do autor)
Na arbitragem facultativa e obrigatória, é importante salientar que no Brasil somente se aplica a facultativa, tendo em vista que um dos pressupostos essenciais para a validade deste negócio jurídico é a autonomia de vontade das partes, no entanto, a arbitragem importa por lei às partes é proibida pela Constituição Federal. (GUILHERME, 2018)
Já a arbitragem formal e informal, está ligada a função social do contrato, em que o contrato cria e assegura direitos e deveres como instrumento do interesse dos contratantes, assim como o interesse social. Nesta senda, aponta Guilherme (2018, p. 153):
A arbitragem formal ou ritual, portanto, é aquela prevista em lei e que atende ao interesse social. Somente esta produz efeitos jurisdicionais. A arbitragem informal é, ao contrário, aquela que não observa as prescrições impostas pelas normas. Esta tem sua forma livre. Caso as partes recorram à arbitragem informal ou livre ou não ritual, para resolver suas diferenças, há que se verificar que este tipo de arbitragem não tem aptidão para desencadear os efeitos legais atribuídos à arbitragem formal, ou seja, não há a garantia da coisa julgada e o valor de título executivo da sentença condenatória do árbitro.
Por sua vez, no que compreende a respeito da classificação de arbitragem de direito e de equidade, é no sentido quanto ao critério que o terceiro imparcial (árbitro) recorrerá para dirimir o conflito. Estabelece Guilherme (2018, p. 153/153):
Arbitragem de direito, como o indica o nome, é aquela em que o árbitro está obrigado a resolver a disputa aplicando as normas de direito positivo. Arbitragem de equidade, ao contrário, é aquela em que o árbitro pode decidir segundo seu entendimento de justiça, dadas as circunstâncias de cada caso, ou seja, aplicando regras por ele formuladas.
Posto isto, entende-se que a arbitragem de direito é aquela em que o árbitro aplica somente o que dispõe e prevê a lei, já na arbitragem de equidade, o terceiro imparcial, pode seguir a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, isso quando a lei for omissa, art. 4º da LINDB.
E por fim, no que se depreende da arbitragem ad hoc e institucional, delineia o doutrinador Guilherme (2018, p. 158):
Na prática a arbitragem na forma ad hoc é aquela administrada pelos próprios envolvidos naquilo que se tem como estágio inicial, e pelas partes, de forma conjunta com os árbitros após a sua instauração, o que se dá com a aceitação destes para o encargo proposto. Já na arbitragem institucional o preceito é distinto. Os litigantes recorrem a uma entidade especializada em administrar procedimentos arbitrais, sempre tendo em mente a utilização do regramento interno da instituição. O procedimento é amparado pela entidade selecionada, devendo a última fornecer o aparelhamento técnico, operacional e logístico para tanto. Isso é acalentador para as partes que se sentem mais guarnecidas com uma estrutura bem sacramentada, além de terem acesso a expedientes
transparentes a seu favor. (grifo do autor)
Portanto, para o uso deste meio de solução de conflitos extrajudiciais, tem-se a classificação exposta, podendo as partes ou o árbitro seguir um deles.

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