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1 UNIDADE 1 A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • distinguir como funciona a atividade financeira do Estado e qual a nature- za das receitas que ele consegue para manter suas atividades; • identificar como e por que é realizada a repartição de receitas de origem tributária; • apontar como entra em vigor uma lei e o que significa a vigência de um diploma legal, especialmente, no campo tributário; • destacar como é feita a interpretação e a integração da legislação tributá- ria; • demonstrar o conceito do Direito Tributário; • diferenciar o que é um tributo e elencar suas espécies, bem como, suas funções; • reconhecer o funcionamento do Sistema Constitucional Tributário, tanto em relação à competência e à capacidade tributárias, quanto em relação às limitações constitucionais ao poder de tributar, representadas por diver- sos princípios constitucionais. Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de conhecimentos na área. TÓPICO 1 – ORIGEM DO DIREITO TRIBUTÁRIO TÓPICO 2 – DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA TÓPICO 3 – TRIBUTO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ORIGEM DO DIREITO TRIBUTÁRIO 1 INTRODUÇÃO Esta unidade foi elaborada com o fim de mostrar como o Estado busca recursos para desempenhar o seu papel junto à sociedade, sua principal financiadora. Estudaremos desde os fundamentos do Direito Tributário até o seu principal objeto, o tributo. Também será visto, em breves tópicos, como o Estado obtém suas receitas e como elas são distribuídas. Observaremos ainda como se interpreta a legislação tributária e, também, o conceito e classificação dos tributos. Por fim, você conhecerá como a Constituição de 1988 desenhou em linhas gerais o Sistema Constitucional Tributário, onde, de um lado, previu o poder do Estado de buscar as receitas necessárias para seu financiamento e, de outro, quais as garantias e proteções de que gozam os contribuintes. Neste tópico iniciaremos nossos estudos sobre o Direito Tributário. Veremos que ele é um ramo do Direito Financeiro, cujo objeto de estudo é o funcionamento da atividade financeira do Estado. Assim, torna-se interessante aprender como o Estado obtém as receitas de que necessita para desenvolver suas atividades. Daremos especial importância às receitas obtidas sob a forma de tributos. Também apresentaremos a forma pela qual se dá a interpretação e a integração da legislação tributária, bem como, o conceito de Direito Tributário. O assunto ora abordado é de suma importância, dado o fato de que toda a matéria tributária deve necessariamente ser prevista através de textos de lei. A importância também cresce se verificarmos que o Estado costuma editar centenas e até milhares de textos legais todos os anos. Veremos ainda os aspectos fundamentais do objeto de estudo por excelência do Direito Tributário: o tributo. Analisaremos detalhadamente o seu conceito, a sua classificação e sua função, com a finalidade de compreender sua importância na manutenção das funções estatais. Por fim, estudaremos o Sistema Constitucional Tributário, sistema de pesos e contrapesos que garantem, de um lado, o poder necessário ao Estado para UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 4 cobrar o tributo e, de outro, a proteção que o contribuinte precisa ter para não ser espoliado de seu patrimônio. 2 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO O Estado tem papel fundamental na atual estrutura humana. É seu o papel de regular as relações humanas, tornando possível a vida em sociedade. Nas palavras de Vittorio Cassone (2007, p. 5): O Estado desenvolve atividades políticas, econômicas, sociais, administrativas, financeiras, educacionais, policiais, que têm por fim regular a vida humana em sociedade, por isso que a finalidade essencial do Estado é a realização do bem comum. E na busca do cumprimento de sua finalidade essencial – ou seja, o bem comum –, o Estado necessita de receitas, que por sua vez serão convertidas em despesas. A esta busca por entradas financeiras, bem como a forma pela qual elas serão gastas, dá-se o nome de atividade financeira do Estado. Desde sua invenção, durante a Revolução Francesa, o Estado moderno passou por várias reinvenções. Todas elas visaram remodelar a sua face e o tamanho do seu papel frente à sociedade. NOTA O que é bem comum? Segundo o Papa João XXIII, é: "conjunto de todas as condições de vida social que consistam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana". Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/encyclicals/documents/hf_j- xxiii_enc_11041963_pacem_po.html>. TÓPICO 1 | ORIGEM DO DIREITO TRIBUTÁRIO 5 Ora o Estado deveria intervir o mínimo possível, deixando a maior parte da regulação das relações para o mercado (o chamado Estado liberal), ora deveria ter um papel mais atuante nas relações sociais, em especial nas de cunho econômico (o chamado Estado intervencionista). Entre esses dois extremos, o Estado vem sendo moldado nos últimos 250 anos, aproximadamente. Entretanto, independentemente do seu tamanho, ele ainda precisa de receitas para se manter, atingir seus objetivos, e, portanto, precisa manter sua atividade financeira, que segundo Harada (2006, p. 33), “está vinculada à satisfação de três necessidades públicas básicas [...]: a prestação de serviços públicos, o exercício regular do poder de polícia e a intervenção no domínio econômico”. Em outras palavras: o Estado possui despesas, que necessitam de receitas para serem quitadas. A busca dessas receitas, bem como a gestão administrativa do Estado, passam necessariamente pelo controle do orçamento público e pelo planejamento estratégico das ações estatais. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS ENTRADA R$ PLANEJAMENTO SAÍDA R$ GESTÃO Portanto, é de fundamental importância que façamos o estudo da forma pela qual o Estado obtém suas receitas. NOTA Revolução que tomou lugar na França, no ano de 1789 e que durou até 1799, e que depôs o regime monárquico então em vigor naquele país. A Revolução Francesa desempenhou papel fundamental no desaparecimento da antiga estrutura feudal, para dar lugar ao Estado moderno e à Idade Contemporânea. ATENCAO UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 6 3 RECEITAS PÚBLICAS 3.1 CONCEITO Podemos conceituar as receitas públicas como toda entrada efetiva de recursos nos cofres estatais. Entretanto, nem toda a entrada pode ser conceituada de receita pública. Como nos ensina Hugo de Brito Machado Segundo (2008, p. 5): Sempre que há a entrada de quantias nos cofres de uma entidade, diz-se que houve um ingresso. O ingresso pode, em alguns casos, representar a entrada de recurso financeiro que não acresce o patrimônio da entidade que o recebe, nem se incorpora a ele. Não configura, enfim, riqueza nova. É o caso, por exemplo, que ocorre quando o Tesouro recebe quantia que havia emprestado a alguém, ou quando toma emprestado certo valor de um particular. Tais recebimentos não configuram receita. Somente quando houver o ingresso de uma quantia nova, que se incorpora ao patrimônio do ente que a recebe, acrescendo-o, pode-se falar em receita. ‘Pública’, por sua vez, é a qualificação que é dada à receita quando a entidade que a recebe integra o Poder Público. Receita é, portanto, um aporte novo de capital que entra no caixa do Tesouro, e que implica numaumento patrimonial do Estado. E pública, pois quem a recebe é a Administração Pública. Esta, por sua vez, pode ser vista de duas formas: em sentido amplo, ou em sentido estrito. Ensinam Alexandrino e Paulo (2007, p. 13-14): A noção de Administração Pública pode ser visualizada em sentido amplo ou em sentido estrito. No seu sentido amplo, a expressão abrange tanto os órgãos governamentais (Governo), aos quais cabe traçar os planos e diretrizes de ação, quanto os órgãos administrativos, subordinados, de execução (Administração Pública em sentido estrito), aos quais incumbe executar os planos governamentais. A Administração Pública em sentido amplo, portanto, compreende tanto a função política, que estabelece as diretrizes governamentais, quanto a função administrativa que as executa. O conceito de Administração Pública em sentido estrito não alcança a função política de Governo, de fixação de planos e diretrizes governamentais, mas tão-somente a função propriamente administrativa, de execução de atividades administrativas. Em nosso caso, estamos estudando a Administração Pública em sentido estrito, pois veremos somente a execução de uma atividade administrativa específica, ou seja, a instituição, arrecadação, fiscalização e cobrança de tributos. TÓPICO 1 | ORIGEM DO DIREITO TRIBUTÁRIO 7 Como já foi visto, as receitas públicas são necessárias para que o Estado possa cumprir seu papel de alcançar o bem comum. Entretanto, a origem dessas receitas pode ser classificada de várias maneiras. É o que veremos no próximo item. 3.2 CLASSIFICAÇÃO Conforme a doutrina, existem diversas formas de classificar-se as receitas públicas, dependendo do parâmetro usado. De uma maneira geral, elas podem ser divididas quanto à periodicidade (ordinárias e extraordinárias), quanto à destinação do seu gasto (correntes e de capital), quanto à natureza (orçamentária e extraorçamentária) ou, ainda, quanto à afetação patrimonial (efetivas e por mutação patrimonial). Entretanto, para fins do estudo ora desenvolvido, a classificação de interesse é quanto à origem das receitas públicas. 3.2.1 Receitas originárias NOTA As receitas públicas podem ser classificadas quanto: a) À periodicidade. b) Destinação do seu gasto. c) À natureza. d) À afetação patrimonial. e) À origem. Podemos dizer que são originárias as receitas advindas da exploração do patrimônio público, como, por exemplo, o fruto da venda de um imóvel do Estado. De acordo com Machado Segundo (2008, p. 6), receita pública originária é aquela: [...] decorrente da exploração de bens e empresas do Poder Público, no exercício de atividade assemelhada à dos cidadãos em geral. Por isso são chamadas de “originárias”: a receita se origina de atividade desempenhada pelo próprio Estado. É o caso dos dividendos recebidos de uma empresa estatal lucrativa, da receita oriunda do aluguel de um bem público, dos preços públicos etc. UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 8 Desta forma, é no próprio patrimônio que o Estado vai buscar esse tipo de receita. Contabilmente, não há variação patrimonial, uma vez que a entrada da receita corresponde a uma baixa no patrimônio público. 3.2.2 Receitas derivadas Já as chamadas receitas derivadas provêm do patrimônio de particulares, que abrem mão compulsoriamente de parte dele, devido ao poder coercitivo que o Estado dispõe para buscar essas receitas. Neste caso, há uma variação patrimonial positiva, já que se registra contabilmente somente a entrada dos recursos nos cofres públicos. São exemplos de receitas ditas derivadas: as multas pecuniárias pelo descumprimento da legislação do trânsito, e os tributos. Nas palavras de Machado Segundo (2008, p. 6-7), receita pública derivada é aquela: [...] obtida compulsoriamente, em função de constrangimento legal que o Poder Público exerce sobre o setor privado. Daí a denominação “derivada”: a riqueza não é originária de uma atividade econômica desempenhada pelo Estado, mas oriunda, decorrente, derivada de atividade desempenhada pela iniciativa privada, de cuja parcela o Estado se apropria. É o caso dos tributos em geral, e das penalidades pecuniárias (multas). Os tributos são, por sua vez, a maior fonte de recursos à disposição do Estado para o financiamento de suas atividades. E para buscar essas receitas, a máquina estatal tem à disposição uma série de aparatos para obrigar os contribuintes a entregar esses valores, pagos sob a forma de tributo. Entretanto, para tornar a distribuição dos valores arrecadados mais homogênea entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, a Constituição de 1988 impôs a repartição dos valores arrecadados. Dessa maneira, passaremos a ver como as receitas tributárias são constitucionalmente repartidas. TÓPICO 1 | ORIGEM DO DIREITO TRIBUTÁRIO 9 4 REPARTIÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS Como forma de manter a harmonia da Federação brasileira, a Constituição de 1988 determinou que as receitas tributárias fossem repartidas entre a União, os estados-membros, o Distrito Federal e os municípios. Conforme ensina Machado Segundo (2008, p. 8), há duas maneiras de fazer-se isso: “ou pela atribuição de competência, ou pela repartição de receitas”. Continua Machado Segundo: Pela técnica da atribuição de competência se confere ao ente tributante a aptidão de criar e arrecadar determinado tributo, facultando-lhe um “âmbito constitucional de incidência” sobre o qual o mesmo poderá ser criado. Já pela técnica da repartição de receitas, atribui-se ao ente central a competência de instituir e arrecadar o tributo, mas se lhe impõe o dever de dividir com os entes periféricos o resultado dessa arrecadação. Essa receita partilhada – frise-se – não se confunde com as “transferências voluntárias” que um ente público pode fazer ao outro, sendo, em verdade, imposta pela Constituição. (p. 8). No caso do Brasil, a Constituição Federal de 1988 adotou as duas formas de divisão de rendas. [...] NOTA Carazza (2002, p. 107) explica que: “[...] Federação (de foedus, foedoris, aliança, pacto) é uma associação, uma união institucional de Estados, que dá lugar a um novo Estado (o Estado Federal), diverso dos que dele participam (os Estados-membros). Nela, os Estados federados, sem perderem suas personalidades jurídicas, despem-se de algumas tantas prerrogativas, em benefício da União. Uma delas é a soberania”. Aqui, particularmente, trataremos da repartição das receitas arrecadadas e com transferência compulsória. De acordo com Valdecir Pascoal (2008, p. 100), “as transferências são feitas obrigatoriamente da União para os Estados e o Distrito Federal, referentes aos recursos tributários por ela arrecadados, e dos Estados para os Municípios situados em seus territórios, referentes aos recursos tributários por eles arrecadados”. No Brasil, essa transferência assume duas formas: a) Direta: é a participação direta na arrecadação do tributo. A CF/88 estabelece que parte da arrecadação deva ser entregue diretamente aos Estados e/ou UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 10 aos Municípios. Um exemplo é o repasse de 50% do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural), de competência da União, aos Municípios onde a propriedade se encontra, e ainda o repasse de 50% do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para os Municípios onde os veículos estejam registrados. b) Indireta: é a participação que ocorre quando uma parcela da arrecadação de um tributo é destinada a um fundo, que por sua vez é repassadosegundo os critérios previstos em lei complementar. São exemplos o FPE – Fundo de Participação dos Estados, composto por 21,5% da arrecadação do IR (Imposto de Renda) e por 21,5% da arrecadação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e ainda o FPM – Fundo de Participação dos Municípios, composto por 23,5% da arrecadação do IR (Imposto de Renda) e por 23,5% da arrecadação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Esses percentuais devem ser aplicados sobre a arrecadação desses impostos, excluindo-se as isenções, os incentivos e as restituições do IR. A Constituição ainda determina, nos termos do artigo 160, que esses recursos não podem ser retidos a qualquer título. Entretanto, a União e os Estados podem exigir que eles sejam entregues mediante o pagamento de seus créditos, inclusive suas autarquias, e ainda mediante o cumprimento do disposto no artigo 198, § 2º, II e III da Constituição, que exige a aplicação de percentuais das receitas de impostos estaduais e municipais nas ações e serviços públicos de saúde. FONTE: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao. htm. Acesso em: 9 ago. 2011. Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. FONTE: Disponível em: <www.datasus.gov.br/cns/legal.htm>. Acesso em: 6 jun. 2011. TÓPICO 1 | ORIGEM DO DIREITO TRIBUTÁRIO 11 Como já vimos, esses recursos são advindos de parcela do patrimônio de particulares, que são obrigados a fazê-lo em virtude do poder que o Estado tem de buscá-los. E tanto os poderes do Estado quanto as garantias do contribuinte estão obrigatoriamente previstas em lei. Portanto, é importante entender como a legislação é aplicada, a fim de saber até onde vão os direitos e deveres de um e de outro, o que é feito através da integração e interpretação da legislação tributária, que serão o foco do estudo do próximo capítulo. DICAS Prezado(a) acadêmico(a), para aprofundar seus estudos, leia o texto Repartição da Receita Tributária. Disponível em:<http://www.paraentenderdireito.org/1/post/2010/11/ repartio-da-receita-tributria.html>. 12 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico estudamos a origem do Direito Tributário, que é um ramo do Direito Financeiro. Observamos como acontece a atividade financeira do Estado, que se sustenta através do tripé: receitas, que são as entradas de recursos; gestão, ou orçamento, que se desenvolve através do planejamento de como aplicar os valores disponíveis; e Despesa, que é a efetiva realização do planejamento efetuado. Estudamos as receitas públicas desde a sua conceituação, sua classificação, até a sua repartição. Vimos que as receitas públicas podem ser conceituadas, a princípio, como toda entrada efetiva de recursos nos cofres estatais. Compreendemos que a repartição de receitas pode se dar de forma direta e indireta, sendo que diretamente acontece, como, por exemplo, no caso do ITR, onde 50% da arrecadação é repassada aos Municípios onde se localizam os imóveis; e indiretamente, quando um percentual dos valores arrecadados é repassado a fundos como FPE – Fundo de Participação dos Estados. Agora você já está apto a iniciar os estudos sobre o Direito Tributário e a Legislação Tributária, mas antes não se esqueça de fazer os exercícios. 13 AUTOATIVIDADE 1 O que se pode entender como atividade financeira do Estado? 2 Conceitue Receita Pública. 3 De maneira geral, como podem ser classificadas as receitas públicas? Explique. 4 Como acontecem as transferências públicas no Brasil? Explique. 5 Explique Receita Originária e Derivada. 14 15 TÓPICO 2 DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O Direito Tributário é altamente regulado em nosso país, o que leva os estudiosos da matéria – seja por opção, seja por necessidade de ofício – a se aprofundarem nos diplomas legais. Entretanto, principalmente, para os profissionais de fora da área jurídica, este é um desafio e tanto, já que, via de regra, eles não possuem o instrumental necessário para interpretar corretamente um texto legal, bem como, suas implicações. O tópico que inauguramos agora tem por objetivo trazer os conhecimentos necessários para que essa interpretação seja feita, como também, dar um vislumbre de como funciona o sistema legal pátrio. Passemos agora a estudar quais as fontes de onde surgem as regras e os princípios que norteiam a matéria tributária. 2 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO Segundo a doutrina, há duas fontes para o Direito Tributário: a) as fontes materiais e; b) as fontes formais. As fontes materiais são os fatos que, na vida real, dão origem à obrigação tributária. Já as fontes formais são todos os diplomas legais que transformam esses fatos em fatos jurídico-tributários. UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 16 Nas palavras de Cassone (2007, p. 23): As fontes materiais exprimem situações ou fatos tributários – tais como a renda, o patrimônio, a transmissão da propriedade, os serviços, a importação, a exportação, a circulação, a distribuição, o consumo, que por si só considerados nada representam. Para surtirem efeitos no Direito Tributário, devem ser introduzidos nesse campo, o que exige uma forma. Essa forma consiste no procedimento do Poder Legislativo de elaborar uma lei tributária, com base na fonte material. Significa dizer: o legislador, sabedor da existência, no mundo das situações ou fatos econômicos, da renda, do patrimônio, dos serviços, etc., elabora lei criando o Imposto de Renda, o Imposto sobre a Propriedade Imobiliária, o Imposto sobre Serviços etc. É nas fontes formais e materiais que o jurista vai buscar o sentido e o alcance do texto legal, e assim determinar como e quando aplicar a lei. No Direito Tributário impera o princípio da legalidade, o que faz com que a sua fonte primordial seja a lei em seu sentido amplo. De acordo com o artigo 96 do Código Tributário Nacional (CTN), considera-se legislação tributária as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. FONTE: Extraído de:< www.questoesdeconcursos.com.br/.../tributario-230327>. Acesso em: 6 jun. 2011. Portanto, leis, tratados e convenções internacionais, e os decretos, são considerados fontes primárias do Direito Tributário. Por outro lado, as normas complementares são consideradas fontes secundárias do Direito Tributário. Com relação à lei, o CTN estabeleceu uma distinção relativa ao seu alcance no artigo 97, conforme se vê a seguir: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I – a instituição de tributos, ou a sua extinção; II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV – a fixação de alíquota do tributo e da suabase de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; TÓPICO 2 | DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 17 V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. FONTE: Disponível em:<questoestributarias.blogspot.com/2010_05_01_archive.html>. Acesso em: 6 jun. 2011. Somente lei pode estabelecer os principais aspectos da obrigação tributária, estando expressamente vedado o uso de qualquer outro instrumento legal. Com relação aos tratados e convenções internacionais, determina o CTN: Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha. Por sua vez, o artigo 99 estabelece o alcance dos decretos, ao estipular que o conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. Ou seja, os decretos não podem, em nenhuma hipótese, extrapolar os limites estabelecidos pela lei, sob pena de nulidade. Por fim, o CTN ainda estabeleceu as fontes formais secundárias do Direito Tributário, no artigo 100: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II – as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III – as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV – os convênios que entre si celebrem a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. FONTE: Extraído de:< www.dji.com.br/codigos/1966_lei_005172_ctn/100.htm>. Acesso em: 6 jun. 2011. UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 18 Essas normas são complementares, ou seja, servem para dar sentido às leis e aos decretos, não podendo ultrapassar seus limites. São normas menores, que servem principalmente para dar orientação ao contribuinte, a respeito de algum aspecto específico da legislação tributária. 3 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 3.1 LEI Como já vimos anteriormente, a fonte primordial do Direito Tributário é a lei. E a lei, em seu sentido estrito, é fruto de um processo legislativo. De uma maneira geral, o processo legislativo é igual em todos os níveis da Federação (União, estados, Distrito Federal e municípios), tendo início de duas maneiras: ou por iniciativa do Poder Executivo, que encaminha projeto de lei para o Legislativo, ou por iniciativa de um parlamentar, que também elabora e apresenta projeto de lei. Em ambos os casos, o projeto de lei segue a tramitação interna de cada casa legislativa, podendo ser aprovado ou rejeitado. Caso seja rejeitado, o projeto é arquivado; caso seja aprovado, segue para sanção do Chefe do Executivo. Por sua vez, o Chefe do Executivo pode sancionar ou vetar – total ou parcialmente – o projeto de lei. Caso isso aconteça, o projeto volta para o Legislativo, que pode ou não derrubar este veto. Por fim, a lei é publicada, isto é, tornada pública através da veiculação no Diário ou Boletim Oficial, ou ainda em um jornal de grande veiculação. NOTA Processo legislativo é o conjunto de ações realizadas pelos órgãos do Poder Legislativo com o objetivo de proceder à elaboração das leis, sejam elas constitucionais, complementares e ordinárias, bem como as resoluções e os decretos legislativos. TÓPICO 2 | DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 19 Em sentido amplo, lei é todo comando legal que faz parte do ordenamento jurídico. Entretanto, entre as leis existe uma hierarquia, que faz com que determinados assuntos possam ser tratados só por um tipo específico de lei. E é esta hierarquia que passaremos a estudar. 3.2 HIERARQUIA DAS LEIS DICAS Acesse o endereço eletrônico a seguir e aprofunde seus conhecimentos. <http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/luciano_toq23.pdf>. O sistema tributário brasileiro é de forma piramidal, ou seja, há uma hierarquia que deve ser seguida, devendo cada tipo de lei ser usada em momentos específicos. No topo desta hierarquia está a Constituição Federal, a quem todas as demais leis devem observar. Por este motivo, caso uma lei inferior estabeleça algo que vá contra o que a Constituição afirma, diz-se que esta lei é inconstitucional e ela perde sua validade. O art. 59 da Constituição Federal trata sobre o sistema legislativo brasileiro: A) Emendas Constitucionais: são as alterações do texto da Constituição Federal. Depois de incorporadas, se tornam tão importantes quanto a própria Constituição, estando no mesmo patamar. B) Lei Complementar: possui esse nome, pois tem a função de complementar o texto constitucional. Só é utilizada quando houver expressa previsão na Constituição, pois seu quorum para aprovação é qualificado (metade mais um dos membros do Parlamento). Sua utilização em matéria tributária está prevista no art. 146 da CF. C) Lei Ordinária: trata de matérias em geral; o quorum para sua aprovação, reduzido, é de metade mais um dos votantes. D) Medida Provisória: o Chefe do Executivo se utiliza desta medida quando houver relevância e urgência, e pode tratar sobre qualquer matéria, exceto aquelas reservadas para lei complementar. Depois de aprovada, tem força de lei ordinária. UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 20 E) Lei Delegada: o Congresso Nacional delega poder ao Presidente para que ele promulgue uma lei sobre determinada matéria. Seu uso é restrito, sendo que em matéria tributária não é utilizada. F) Decreto Legislativo: utilizado pelo Congresso Nacional para ratificação de acordos internacionais firmados pelo Poder Executivo. G) Resolução do Senado Federal: são transformados em direito positivo e uma vez promulgados têm o mesmo nível de lei ordinária. H) Decreto: ato típico do Poder Executivo, tem a função de regular um dispositivo legal. Ex: regulamento dos tributos. I) Normas Complementares: são portarias, instruções e circulares expedidas por servidores públicos. Têm finalidade única de complementar a lei, nunca inovar. O princípio da hierarquia das leis diz que a norma inferior só é válida se for compatível à superior. 3.3 VIGÊNCIA Estudamos anteriormente que uma lei precisa ser tornada pública para começar a valer. A isto se dá o nome de vigência. Entretanto, para que uma lei tributária passe a vigorar, ou seja, a irradiar seus efeitos, é preciso respeitar algumas regras gerais e específicas. No caso das leis em geral (aí incluídas as tributárias), as regras gerais estão previstas na Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), bem como na Lei Complementar (LC) 95/98. Há dois aspectos que devem ser observados quanto à vigência: o tempo e o espaço. Ou seja, quando e onde essa lei passará a vigorar. A regra geral determina que uma lei deva ser tornada pública antes de passar a vigorar, já que ninguém pode alegar desconhecimento da lei. A LICC também determina que, salvo disposiçãoem contrário, é necessário um lapso de tempo de 45 dias entre a publicação de uma lei e sua vigência. É a chamada vaccatio legis. TÓPICO 2 | DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 21 DICAS Caro(a) acadêmico(a), para saber mais sobre a vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação tributária, leia o texto que se encontra disponível no site: <http:// jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6651>. Além disso, a LC 95/98 estabeleceu que deve haver um tempo razoável para que uma lei passe a vigorar, já que, devido à extensão de nosso território, o conhecimento de uma nova lei não se dá ao mesmo tempo. Como podemos observar nos ensinamentos de Alexandrino e Paulo (2007, p. 182-183): A questão objeto do estudo da vigência temporal é saber quando começa a lei a viger. É uma questão importante, porque, como já afirmamos algumas vezes, uma lei não pode começar a produzir efeitos enquanto não houver iniciado a sua vigência. Uma lei pode até ter aplicação retroativa, como veremos adiante, mas mesmo essa aplicação retroativa somente poderá ocorrer a partir do instante em que a lei iniciar sua vigência. O Código Tributário Nacional (CTN) traz expressamente, no artigo 101, que as regras tributárias devem seguir as normas gerais para vigência das leis em geral. As exceções ficam por conta das chamadas normas complementares, que entram em vigor conforme o disposto no artigo 103, transcrito a seguir: Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I – os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II – as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III – os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista. FONTE: Extraído de: <www.jusbrasil.com.br/.../art-103-do-codigo-tributario-nacional- lei-5172-66>. Acesso em: 6 jun. 2011. As leis tributárias ainda devem respeitar o princípio da anterioridade e da noventena, que serão analisados com mais profundidade quando observarmos os limites constitucionais ao poder de tributar. Com relação ao espaço, ou seja, onde uma lei vai vigorar, em tese somente no território de quem a fez. É o chamado princípio da territorialidade, previsto no artigo 102: UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 22 Art. 102. A legislação tributária dos estados, do Distrito Federal e dos municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. FONTE: Extraído de:< www.jusbrasil.com.br/.../art-103-do-codigo-tributario-nacional-lei-5172-66>. Acesso em: 6 jun. 2011. Sobre este dispositivo legal, ensinam Alexandrino e Paulo (2007, p. 182-183): É extremamente simples. A regra é a legislação tributária estar submetida ao denominado princípio da territorialidade. Diz esse princípio que a legislação tributária tem vigência, portanto é aplicável, no território da pessoa política que a editou. Como vivemos em uma Federação, as leis e os atos normativos da União têm vigência em todo o território nacional; as leis e atos normativos do Estado do Rio de Janeiro têm vigência e aplicação no território desse Estado; as leis e atos normativos do Município de Curitiba têm vigência e aplicação no território desse Município; e assim por diante. Só isso. O CTN ainda prevê a possibilidade de vigência extraterritorial em caso de convênios, ou ainda no caso de leis complementares, que contenham regras gerais e que regulamentem dispositivos constitucionais. 3.4 APLICAÇÃO A aplicação da lei tributária está prevista nos artigos 105 e 106 do CTN: Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II – tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. FONTE: Disponível em: <www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.8049>. Acesso em: 6 jun. 2011. TÓPICO 2 | DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 23 3.5 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO A regra geral, portanto, é de que a lei tributária não retroage para alcançar fatos já ocorridos antes de entrar em vigor, mas pode ser aplicada a fatos que embora estejam pendentes, mas ainda não estejam concluídos. As exceções para a aplicação retroativa da lei tributária são quando: a) Ela for expressamente interpretativa, exceto nos casos de aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Ou seja, caso um texto legal tenha por objetivo dar um sentido a outro texto legal, pode retroagir. Mas para aplicar uma punição mais severa pelo descumprimento dessa lei, não. b) Aplique punição menos severa a fato ainda pendente de julgamento. Isso ocorre quando um lançamento tributário ainda esteja sendo questionado administrativa ou judicialmente. Por exemplo, o contribuinte entra com recurso administrativo questionando a aplicação de uma multa, que deixa de existir durante o período em que esse recurso está sendo apreciado; nesse caso, a lei pode retroagir para beneficiar o contribuinte, extinguindo a punição já aplicada. Veremos em mais detalhes a possibilidade de aplicação retroativa da lei tributária quando estudarmos o princípio da irretroatividade. Agora, passaremos a estudar como a lei tributária é interpretada e integrada. Existe uma ciência dedicada à interpretação e integração das normas: é a Hermenêutica Jurídica. Como ensina Amaro (2006, p. 205): Interpretar a norma jurídica consiste em identificar o seu sentido e alcance. Chama-se hermenêutica à ciência da interpretação. A interpretação (ou exegese) é necessária para que se possa aplicar a lei às situações concretas que nela se subsumam. A aplicação da lei (isto é, o enquadramento de um fato concreto no comando legal que lhe corresponda), seja ela feita pela autoridade administrativa, pelo julgador ou pelo próprio sujeito passivo da obrigação tributária, supõe que a lei seja interpretada, vale dizer, que seja identificado o seu significado e o seu alcance. Após a realização desse trabalho técnico (interpretação) é que se concluirá pela aplicação ou não da lei ao fato concreto. No caso específico das leis tributárias, as regras hermenêuticas para interpretação e integração estão previstas nos artigos 108 a 112 do CTN: UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 24 Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I – a analogia; II – os princípios gerais de direito tributário; III – os princípios gerais de direito público; IV – a equidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdoe do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I – suspensão ou exclusão do crédito tributário; II – outorga de isenção; III – dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I – à capitulação legal do fato; II – à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III – à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV – à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. FONTE: Disponível em:< www.dji.com.br/codigos/1966_lei_005172.../107a112.htm>. Acesso em: 6 jun. 2011. Segundo os ensinamentos de Cassone (2007, p. 158-164), esses artigos devem ser interpretados da seguinte maneira. O artigo 108 prevê quais os instrumentos que deverão ser usados para suprir eventuais lacunas da lei tributária. Esses instrumentos deverão ser usados na ordem estabelecida pelo artigo, conforme disposição expressa do caput. TÓPICO 2 | DIREITO TRIBUTÁRIO E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 25 Analogia é a aplicação da lei para uma situação similar, sem previsão legal. Esse instrumento é permitido, desde que não seja usado para cobrar tributo não previsto em lei, já que somente por disposição legal expressa é que se pode cobrar tributo. Equidade é uso da justiça na avaliação do caso em particular. É vedada em matéria tributária para dispensar o pagamento de tributo devido. Também os Princípios Gerais do Direito Tributário e do Direito Público (encontrados no Direito Administrativo e no Direito Constitucional) podem ser empregados na interpretação das normas tributárias. Esses princípios são encontrados na Constituição, e são normas primordiais na confecção de todas as normas jurídicas. Segundo o postulado de Geraldo Ataliba (2001, p. 34): Os princípios são as linhas mestras, os grandes nortes, as diretrizes magnas do sistema jurídico. Apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e obrigatoriamente perseguidos pelos órgãos do governo (poderes constituídos). Os princípios são anteriores ao sistema legal e trazem em si os limites e o desenho geral desse sistema. Assim, sempre que houver dúvidas com relação a uma lacuna na lei tributária, devem ser buscados esses princípios. Ainda segundo Cassone (2007, p. 158-164), os artigos 109 e 110 estabelecem que, se por um lado se deve buscar o significado dos institutos privados nos princípios do direito, por outro se deve respeitar o conteúdo e o alcance dos efeitos desejados pela lei tributária ao usar esses institutos e conceitos. Isso é especialmente importante, já que o Direito Tributário costuma “emprestar” vários conceitos de diversos ramos do Direito, e mesmo do conhecimento humano (especialmente da Economia) para definir seus institutos. O artigo 111 determina a interpretação literal dos dispositivos legais que determinem a suspensão ou exclusão do crédito tributário, a outorga de isenção e a dispensa do cumprimento de obrigações acessórias, já que esses dispositivos atingem o direito do Estado de cobrar tributo. Portanto, devem ter a interpretação mais fechada possível, para, de um lado, beneficiar somente aqueles a quem pretende alcançar, e, de outro, não ampliar a restrição do direito de cobrança do tributo. Por fim, o artigo 112 determina a aplicação de interpretação mais benéfica para o contribuinte. É a importação do princípio do direito penal in dubio pro reo, ou, na dúvida, deve-se decidir em favor do réu. Sempre que as circunstâncias permitirem, deve-se buscar a aplicação mais amena da lei tributária, em especial daquela que determinar a punição por alguma infração. UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 26 4 CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO Já vimos que o tributo é a maior fonte de receita do Estado moderno, que vai buscar no patrimônio de particulares – os chamados contribuintes – esses valores. E esta relação nem sempre amistosa entre Estado e contribuinte é o objeto de um ramo do Direito, chamado Direito Tributário. Seu principal objetivo é estudar essa relação obrigacional nascida da vontade da lei, bem como seu principal produto, o tributo. De acordo com Cassone (2007, p. 12): O direito tributário é parte do direito financeiro que estuda as relações jurídicas entre Estado (fisco) e os particulares (contribuintes), no que concerne à instituição, arrecadação, fiscalização e extinção dos tributos. É direito autônomo, pois se rege por princípios e normas próprias. O principal foco de estudo do Direito Tributário é o tributo. E esse será o assunto do nosso próximo tópico. NOTA NOTA Os instrumentos de integração e interpretação da legislação tributária são: 1. A analogia. 2. Os princípios gerais de direito tributário. 3. Os princípios. 4. A equidade. Para saber mais, leia o texto “DIREITO TRIBUTÁRIO E SEUS CONCEITOS GERAIS”, disponível no endereço: <http://www.advogado.adv.br/artigos/2005/ marcusviniciusguimaraesdesouza/direitotributarioconceitosgerais.htm>. 27 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico estudamos as fontes do Direito Tributário, que podemos dividir em materiais e formais. Fontes materiais: são os fatos que, na vida real, dão origem à obrigação tributária. Fontes formais: são todos os diplomas legais que transformam esses fatos da vida real em fatos jurídico-tributários. Observamos a legislação tributária, analisando todo o sistema tributário brasileiro, e vimos que ele é organizado de forma piramidal, ou seja, há uma hierarquia que deve ser seguida, devendo cada tipo de lei ser usado em momentos específicos. Aprendemos que uma lei, para estar vigente, deve se tornar pública, como também, para que passe a vigorar, ou seja, a irradiar seus efeitos, é preciso respeitar algumas regras gerais e específicas. Analisamos também a interpretação e a integração da legislação tributária e, finalmente, conceituamos Direito Tributário como parte do Direito Financeiro que estuda as relações entre o Estado e os contribuintes. 28 AUTOATIVIDADE 1 Quais as fontes do Direito Tributário? 2 O que vem a ser uma lei? 3 Quais são as exceções para a aplicação retroativa da lei tributária? 4 O que se entende por analogia, quando aplicada às leis? 5 Qual o conceito de Direito Tributário? 29 TÓPICO 3 TRIBUTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO É senso comum que, sempre que o estado – e em especial, a União – resolve aumentar a carga tributária, surjam manifestações indignadas de entidades empresariais e da sociedade em geral. Por outro lado, quando há a (rara) redução dessa mesma carga, invariavelmente existe o comentário unânime de que poderia haver uma redução ainda maior. Quem nunca reclamou do pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), que não tem a justa contrapartida em estradas seguras e bem pavimentadas? Ou que se indignou contra o pagamento de uma taxa para retirar um documento na Prefeitura? Claro que sempre haverá essa tensão entre quem arrecada e quem paga, cada um querendo melhorar a sua situação frente ao outro. Entretanto, pordesconhecimento, as pessoas costumam confundir as diversas espécies tributárias previstas na Constituição, bem como sua real função. E este é o assunto sobre o qual se passa a discorrer. 2 CONCEITO DE TRIBUTO O conceito do que é tributo está previsto no artigo 3º do CTN: FONTE: Disponível em: <www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1230>. Acesso em: 7 jun. 2011. Art. 3° Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade plenamente vinculada. 30 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO E o que o legislador quis dizer com isso? Vamos à explicação: Prestação pecuniária compulsória: significa dizer que o tributo é um valor que deve ser pago obrigatoriamente, uma vez surgida a obrigação tributária. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: fala sobre a forma pela qual o tributo deve ser quitado, ou seja, preferencialmente em dinheiro. Porém, a lei admite que a obrigação tributária possa ser satisfeita com, por exemplo, a entrega de um imóvel. Entretanto, esta é a exceção. Que não constitua sanção de ato ilícito: ato ilícito é todo aquele proibido por lei; por sua vez, esta proibição, para ser efetiva, deve ser acompanhada de uma penalização que iniba e puna o comportamento ilícito. Existem várias formas de sanção previstas em lei, sendo a mais clássica a pena de privação de liberdade ou penas de prisão. Também as penas pecuniárias ou em dinheiro são largamente usadas; o exemplo mais clássico é a multa de trânsito. O CTN reforça com essa expressão que o tributo não é uma punição, e sim um valor que deve ser entregue pelo contribuinte obrigatoriamente, para custear as despesas do Estado. Instituída em lei: com relação à sua instituição, somente a lei pode obrigar alguém a pagar um tributo, inclusive contra sua vontade. O sistema funciona desta maneira para assegurar que o Estado não ultrapasse o limite do tolerável pelo contribuinte. Há inclusive um princípio constitucional que veda expressamente o confisco via tributo, que será estudado mais adiante. Cobrado mediante atividade plenamente vinculada: em relação à forma de arrecadação, mais uma vez o CTN reforça que o exercício da cobrança de um tributo deve ser vinculado à lei. E mais, que os agentes estatais encarregados dessa cobrança devem observar rigorosamente o que a lei estabelece, não podendo usar de discricionariedade para aplicar a lei, ou seja, aplicá-la de acordo com a sua vontade. Agora que vimos quais as características de um tributo, vamos ver sua classificação? Vamos lá! TÓPICO 3 | TRIBUTO 31 3 CLASSIFICAÇÃO DO TRIBUTO Os tributos são classificados quanto à destinação específica da sua arrecadação e dividem-se em vinculados e não vinculados. Os tributos vinculados são aqueles arrecadados, tendo por condição uma contrapartida do Estado. Isso significa dizer que o tributo é cobrado do contribuinte e, em retorno, o Estado deve prestar um serviço ou fazer outro tipo de retribuição. Um exemplo são as taxas, cobradas em função de uma atividade que o Estado vai desenvolver, como fiscalizar se um estabelecimento está de acordo com as leis de ocupação do solo. Nas palavras de Alexandrino e Paulo (2007, p. 12): Os tributos vinculados são aqueles cujo fato gerador é alguma atividade específica do Estado relativa ao contribuinte. O fato gerador do tributo é vinculado a uma atividade específica do Estado. O contribuinte pagará o tributo em razão da existência de uma atividade estatal específica (descrita na lei como hipótese de incidência) a ele direcionada. São exemplos as taxas, as contribuições de melhoria e algumas contribuições. Os tributos não vinculados, ao contrário, não estão atrelados a nenhuma contraprestação estatal específica para o contribuinte. O exemplo clássico são os impostos, cujo fruto da arrecadação é usado para custear as despesas gerais da máquina estatal. Assim, os valores arrecadados a título de Imposto de Renda podem ser destinados, por exemplo, ao pagamento de fornecedores da União. Novamente nos socorremos de Alexandrino e Paulo (2007, p. 12-13): Os tributos não vinculados são aqueles cujo fato gerador não é nenhuma atividade específica do Estado direcionada ao contribuinte. A hipótese de incidência dos tributos não vinculados descreve algum fato econômico pertinente ao sujeito passivo: a propriedade de um bem, uma operação que ele tenha realizado, uma renda que ele tenha auferido. A cobrança do tributo baseia-se na manifestação de capacidade econômica do contribuinte, não na realização ou disponibilização de uma atividade estatal específica e direcionada. É o caso dos impostos. O contribuinte dá surgimento à obrigação de pagar o IPVA e o IR simplesmente em razão da demonstração de uma capacidade econômica (ser proprietário de um veículo e auferir renda, respectivamente), independentemente de quaisquer outras considerações. 32 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Desta maneira, enquanto nos tributos vinculados espera-se alguma contraprestação do Estado, nos tributos não vinculados basta ocorrer o fato jurídico tributário para que nasça a obrigação de pagar. 4 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS O tributo é gênero, e possui as seguintes espécies tributárias, previstas na Constituição Federal: a) impostos; b) taxas; c) contribuição de melhoria; d) empréstimo compulsório; e e) contribuições parafiscais. Todas essas espécies atendem aos requisitos previstos no artigo 3º do CTN, e serão vistas a seguir. 4.1 IMPOSTO A definição do que é imposto está no artigo 16 do CTN, que reza: imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Por ser um tributo não vinculado, basta que alguém dê causa a um fato considerado como gerador da obrigação tributária para que automaticamente passe à condição de contribuinte. Nos ensinamentos de Amaro (2006, p. 30): O fato gerador do imposto é uma situação (por exemplo, aquisição de renda, prestação de serviços etc.) que não supõe nem se conecta com nenhuma atividade do Estado especificamente dirigida ao contribuinte. Ou seja, para exigir imposto de certo indivíduo, não é preciso que o Estado lhe preste algo determinado. A atuação do Estado dirigida a prover o bem comum beneficia o contribuinte, mas este frui das utilidades que o Estado fornece porque é membro da comunidade e não por ser contribuinte. DICAS Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar seus conhecimentos, leia o texto a seguir: “O tributo e a sua classificação”. Disponível em: <http://www.lfg.com.br/public_ html/article.php?story=20080414105908809>. TÓPICO 3 | TRIBUTO 33 Se o fato gerador do imposto não é um ato do Estado, ele deve configurar uma situação à qual o contribuinte se vincula. O legislador deve escolher determinadas situações materiais (por exemplo, aquisição de renda) evidenciadoras da capacidade contributiva, tipificando-as como fatos geradores da obrigação tributária. As pessoas que se vinculam a essas situações (por exemplo, pessoas que adquirem renda) assumem o dever jurídico de pagar o imposto em favor do Estado. Os impostos estão previstos na Carta Magna, nos artigos 153, 154 (impostos de competência da União), 155 (impostos de competência dos estados e do Distrito Federal) e 156 (impostos de competência dos municípios e do Distrito Federal). 4.2 TAXA A taxa está prevista no artigo 145, inciso II e § 2º da CF: FONTE:Disponível em: <www.dji.com.br/constituicao_federal/cf145a149.htm>. Acesso em: 7 jun. 2011. Assim, o texto constitucional dá duas autorizações para a instituição de uma taxa: o exercício do poder de polícia, ou a utilização de serviços públicos postos à disposição do contribuinte. Art. 145. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição; [...] § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. 34 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal ou pelos municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I – utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II – específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público. FONTE: Extraído de:< www.dji.com.br/codigos/1966_lei...ctn/077a080.htm>. Acesso em: 6 jun. 2011. Infraconstitucionalmente, a taxa é regulada pelos artigos 77 a 80 do CTN: TÓPICO 3 | TRIBUTO 35 Podemos conceituar o poder de polícia como sendo o poder-dever que a Administração Pública tem para agir preventivamente ou coercitivamente para regular e, se for o caso, punir atividades ilícitas. Essa ação pode se dar através das seguintes maneiras: ● Limitação, ou do disciplinamento de direito, interesse ou liberdade. ● Regulamentação da prática de ato ou a abstenção (proibição) de fato. ● O respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Nas palavras de Hely Lopes Meirelles (apud ALEXANDRINO; PAULO, 2007, p. 177), “poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. Assim, o poder de polícia é exercido em nome da prevalência do interesse público sobre o interesse privado. Já a taxa cobrada em função da prestação de um serviço somente pode ser cobrada se este serviço for específico e divisível. Ou seja, é necessário identificar quem são os contribuintes e qual o valor que cada um deve pagar, e que não é necessariamente igual para todos. Um exemplo é a taxa cobrada pela coleta de lixo. Rocha França (2002) assim ensina sobre o conceito de serviço público: O serviço público, enquanto objeto da prestação, representa uma comodidade ou utilidade material para o cidadão (ou mesmo outro ente estatal na posição de seu consumidor), cuja fruição é direta e depende necessariamente de seu oferecimento. São necessidades constitucional ou legalmente fixadas como bens (num sentido lato) relevantes para a coletividade. Como, por exemplo, os serviços de telecomunicações. Contudo, o serviço somente merecerá o adjetivo "público" quando se tratar de objeto de uma prestação somente realizável pelo Estado ou por quem tenha recebido delegação hábil para tanto. E continua o autor, lecionando sobre serviço específico e divisível: Outra proposta doutrinária é identificar os "serviços públicos específicos" como serviços uti singuli, por se referirem a uma pessoa ou a número determinado (ou determinável) de pessoas, distintos dos "serviços públicos gerais" (serviços uti universi), que seriam prestados indistintamente a todos os cidadãos. Seria uma decorrência natural da natureza vinculada do tributo sob análise. Já a divisibilidade da prestação do serviço público, por sua vez, decorre do caráter exclusivo e direto dos efeitos práticos que o benefício pode assumir na esfera do cidadão que a solicitou. Sem a possibilidade da delimitação de uma classe de indivíduos que possa fruir separadamente a prestação do serviço público, fica impedida a instituição da taxa. 36 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Uma taxa ainda não pode ter base de cálculo de imposto, e pode ser instituída por União, Estados, Distrito Federal e Municípios, desde que atendidos os requisitos legais. Em função de suas especificidades, a taxa é um tributo de difícil cobrança. Existe ainda uma grande discussão na doutrina a respeito da diferenciação entre a taxa e o preço público. De uma maneira geral, diferenciam-se os dois através da natureza da cobrança de cada um deles. Enquanto a taxa é um tributo – e, portanto, deve obedecer a todos os preceitos constitucionais a ela relacionadas –, o preço público são cobranças administrativas. A confusão ocorre principalmente com relação à cobrança sobre os serviços públicos. Afinal, quando seria taxa e quando seria preço público? Ensina Amaro (2006, p. 40-41): A taxa é um tributo, sendo, portanto, objeto de uma obrigação instituída por lei; já o preço é obrigação contratual. O preço é, pois, obrigação assumida voluntariamente, ao contrário da taxa de serviços, que é imposta pela lei a todas as pessoas que se encontrem na situação de usuários (efetivos ou potenciais) de determinado serviço estatal. O que se deve discutir, obviamente, não são esses conceitos (de taxa e de preço público), mas sim os critérios que permitiriam segregar, de um lado, os serviços que devessem ser taxados e, de outro, os serviços que ensejariam a cobrança de preços públicos. Em suma, onde pode haver a imposição (da taxa) e onde deve haver a contratação (do preço público)? E continua o autor (2006, p. 45): Assim, o Estado adstringe-se a adotar a figura da taxa, se o serviço (que ele executa) deve ser realizado por imperativo de ordem pública. Por outro lado, se o serviço puder ser remunerado por preço público, pornão apresentar as características que o restrinjam à remuneração por taxas, o legislador pode optar pela adoção do regime de taxas. Em suma, há situações em que o legislador (à vista da execução pelo Estado de um serviço divisível) só tem a via da taxa. Noutros casos, para os quais seja possível o preço público, o legislador pode optar entre adotar o regime jurídico das taxas ou dos preços públicos. Institui-se a taxa (por opção ou porque não é aplicável o regime de preços), a exação se sujeita ao regime jurídico respectivo: princípio da legalidade, princípio da anterioridade, restrições quanto à base de cálculo (CF, Art. 145, § 2º) etc. TÓPICO 3 | TRIBUTO 37 Se adotado o regime jurídico de preço público (nos casos em que o Estado não esteja adstrito a utilizar a taxa, é óbvio), sua cobrança dependerá do que estipular o contrato com os indivíduos que solicitarem a prestação do serviço. A adoção do regime jurídico das taxas permitirá, por razões assinaladas anteriormente, a opção do legislador pela incidência mesmo nos casos em que não haja efetiva utilização do serviço público. Os preços, evidentemente, só poderão ser cobrados nos termos do contrato firmado, não cabendo impor ao indivíduo o pagamento, se ele se recusa a contratar; nada impede, por outro lado, cobrar preço pela simples colocação do serviço à disposição, se isso tiver sido contratado. (grifos em itálico no original) Há, por fim, a tarifa, que é o valor cobrado por empresas privadas concessionárias de serviços públicos. As concessionárias desempenham, mediante concessão pública, serviços públicos remunerados, pelos quais cobram uma tarifa. O exemplo são as empresas concessionárias de transporte público, por exemplo, ônibus ou metrô. Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 4.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA A contribuição de melhoria está prevista no artigo 81 do CTN: FONTE: Disponível em: <www.ufsm.br/direito/artigos/tributario/contribuicao.htm>. Acesso em: 7 jun. 2011. O fator decisivo para a cobrança da contribuição de melhoria é a valorização patrimonial que o contribuinte obtém depois de uma obra pública. O objetivo deste tributo é nobre e visa evitar que particulares ganhem vantagens pessoais em função de uma obra pública feita com o dinheiro de todos os contribuintes. Ensinam Alexandrino e Paulo (2007, p. 83): É um tributo de cobrança vinculada a uma atividade estatal específica: a realização de uma obra pública que beneficie imóveis determinados ou determináveis. 38 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO A doutrina, e também o STF, somente admitem a cobrança da contribuição de melhoria posteriormente à realização da obra pública ou, pelo menos, de parcela da obra suficiente para justificar a ocorrência de acréscimo de valor ao imóvel beneficiado. Em outras palavras, a contribuição de melhoria visa a ressarcir parte (ou a totalidade) dos gastos incorridos na realização da obra e não a permitir o levantamento de obra futura. Entretanto, a grande dificuldade é verificar o montante desta valorização patrimonial, pois todos os imóveis devem sofrer tributação, inclusive aqueles que valorizaram indiretamente. Digamos que uma rua muito usada como via de tráfego seja pavimentada, depois de anos de reivindicações dos seus moradores. Não somente os imóveis da rua pavimentada em si sofrem valorização, mas também os imóveis das ruas secundárias, que também ganham com a obra. Assim, todos aqueles que se beneficiarem dessa obra passam a ser contribuintes do tributo. Sobre a forma de cálculo da contribuição de melhoria, ensinam Alexandrino e Paulo (2007, p. 84): O CTN estabelece limites à cobrança da contribuição de melhoria. São dois os limites: a) limite individual, correspondente ao acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado; e b) limite total, correspondente à despesa realizada. Em cada caso, o limite que prevalecerá será o primeiro a ser atingido. Assim, se uma obra de custo R$ 100.000,00 beneficiou igualmente 10 imóveis e cada imóvel valorizou-se em exatos R$ 7.000,00, o máximo que pode ser cobrado de cada proprietário é R$ 7.000,00. Se a mesma obra de R$ 100.000,00 tivesse valorizado cada imóvel em exatos R$ 12.000,00, o máximo que poderia ser cobrado de cada proprietário seria R$ R$ 10.000,00. Por quê? Porque, nesse caso, o limite total seria atingido primeiro, uma vez que R$ 10.000,00 multiplicados por 10 (o número total de imóveis beneficiados) já perfazem os R$ 100.000,00, que é o custo da obra. Diz-se que a contribuição de melhoria tem como fundamento a vedação ao enriquecimento sem causa. Como o particular teve um aumento em seu patrimônio que não resultou do seu trabalho ou do emprego de capital seu, é justo que ele devolva à coletividade, que custeou a obra que o beneficiou, o acréscimo de patrimônio que ele obteve sem uma causa justa. Além da mensuração da valorização ser por si só complicada, pois envolve valores subjetivos de mercado, o total arrecadado não pode ultrapassar o custo total da obra. Isso sem contar todos os requisitos exigidos para a cobrança, especificados no artigo 81. Por este motivo, raramente a contribuição de melhoria é lançada. TÓPICO 3 | TRIBUTO 39 4.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO O empréstimo compulsório é cobrado com base no artigo 148 da CF/88: FONTE: Disponível em: <www.ufsm.br/direito/artigos/tributario/impostos.htm>. Acesso em: 7 jun. 2011. Ao contrário dos demais tributos, neste caso a receita não é definitiva, pois o Estado “pega emprestado” o valor dos contribuintes, que são obrigados a desembolsar o valor, com a condição de devolução posterior. Ensina Machado Segundo: Diferentemente dos impostos, das taxas e das contribuições de melhoria, que têm no seu “fato gerador” o principal elemento diferenciador, os empréstimos compulsórios caracterizam-se por serem restituíveis. [...] Os empréstimos compulsórios somente podem ser criados diante de situações específicas (guerra externa ou sua iminência e calamidade pública, ou investimento público de caráter relevante), e a aplicação dos recursos provenientes de sua arrecadação é vinculada à despesa correspondente, que justificou sua instituição. Trata-se de exceção, prevista em norma de superior hierarquia (CF/88, art. 148, parágrafo único), e ao disposto no art. 4°, II, do CTN. O país testemunhou uma única tentativa de cobrança deste tributo, quando, na década de 1980, a União instituiu a cobrança de empréstimo compulsório sob o pretexto de investimento público de caráter relevante, com a finalidade de aplicar os valores nas estradas, então em situação extremamente precária. Todos os proprietários de veículos automotores desembolsaram um valor fixo toda vez que abasteciam seus veículos. Porém, o fato da União simplesmente não ter devolvido os valores cobrados fez com que milhares de contribuintes acionassem o Judiciário em busca dos valores cobrados. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. Parágrafo único. A aplicaçãodos recursos provenientes do empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou a instituição. 40 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Como esta não é uma receita definitiva, aliado ao fato de ser de difícil cobrança, fez com que a União não mais lançasse este tributo. 4.5 CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS As contribuições parafiscais ou, simplesmente, contribuições, estão previstas no Artigo 149 da Constituição: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto no art. 146, III e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. FONTE: Disponível em: <www.guiatrabalhista.com.br/.../contr_sindical_empresa.htm>. Acesso em: 7 jun. 2011. São três as categorias de contribuições previstas: a) Contribuições sociais: vinculadas à seguridade social (saúde, previdência e assistência social). Aqui se enquadram as contribuições previdenciárias, como a COFINS. b) Contribuições de intervenção do domínio econômico: usadas para fomentar atividades econômicas. O maior exemplo é o CIDE combustível. c) Contribuições de interesse de categorias profissionais: destinadas aos órgãos de classe de cada uma das respectivas categorias. São exemplos deste tipo de tributo as anuidades pagas para órgãos reguladores de categorias profissionais como CRC (Conselho Regional de Contabilidade) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Há ainda uma quarta espécie de contribuição, prevista no art. 149-A da CF/88: a contribuição para custeio da iluminação pública (COSIP), de competência dos municípios. ESTUDOS FU TUROS Caro(a) acadêmico(a), na Unidade 3 aprofundaremos nossos estudos sobre os diversos tributos e suas características! TÓPICO 3 | TRIBUTO 41 Agora que já vimos as espécies tributárias que existem em nosso sistema, veremos que os tributos podem ser usados de diversas formas pelo Estado. 5 FUNÇÃO DOS TRIBUTOS Apesar de terem nascido para arrecadar dinheiro para os cofres públicos, os tributos passaram, com o tempo, a serem usados com diferentes funções pelo Estado. Vamos a elas. a) Função Fiscal: quando o tributo tem por papel primordial a busca de recursos para o Estado. Aqui se enquadra a maioria dos impostos, como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto Sobre Veículos Automotores (IPVA). b) Função Extrafiscal: aqui o tributo é usado para intervir em determinada situação da economia. Exemplos clássicos são o Imposto de Exportação (IE) e o Imposto de Importação (II), que incidem sobre a saída e a entrada de mercadorias no território nacional. Eventualmente suas alíquotas podem subir ou baixar, para equilibrar a balança comercial do país. c) Função Parafiscal: também visa a geração de receitas, mas difere da função fiscal, pois visa gerar receitas à margem do Estado (INSS, OAB). Essas receitas destinam-se a financiar órgãos que desempenham um papel pertencente ao Estado, mas não desempenhado por ele, como o da OAB, que fiscaliza as atividades dos advogados, no lugar da União. 6 TRIBUTOS DIRETOS E INDIRETOS DICAS Leia e conheça “As Espécies Tributárias”. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/6457/1/as-especies-tributarias/pagina1.html>. Apesar de ser um ramo do Direito, o Direito Tributário vai buscar em várias áreas do conhecimento conceitos para definir seus estatutos. Um desses estatutos é a classificação dos tributos em diretos e indiretos, e é definido por critérios econômicos. Seu objetivo é buscar quem efetivamente arca com o custo financeiro do tributo. Para tanto, dividiu os contribuintes em dois grupos: os contribuintes de fato e os contribuintes de direito. 42 UNIDADE 1 | A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Os contribuintes de fato são aqueles que efetivamente pagam o tributo, arcando com seu custo financeiro. Por outro lado, os contribuintes de direito são aqueles indicados na lei como sendo os responsáveis pelo pagamento do tributo, mas que não desembolsam o valor, uma vez que o repassam para o consumidor final – o chamado contribuinte de fato. Com isso em mente, essa classificação divide os tributos em diretos e indiretos. Nos tributos diretos, o contribuinte de fato e o de direito se confundem, sendo um só. Os impostos sobre a renda e sobre o patrimônio (IR e IPVA, por exemplo) estão nessa categoria. Já nos tributos indiretos, o contribuinte de direito é um, enquanto o contribuinte de fato é outro. Os impostos sobre o consumo – como o ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) – são exemplo clássico, já que o contribuinte de direito, nesse caso, é o prestador de serviço, mas quem realmente arca com o custo do imposto é o tomador desse serviço, que o paga embutido no preço do final. NOTA TRIBUTOS DIRETOS ⇒ Contribuinte de direito = Contribuinte de fato TRIBUTOS INDIRETOS ⇒ Contribuinte de direito ≠ Contribuinte de fato DICAS INDICAÇÃO DE SITES PARA PESQUISAR E CONSULTAR 1 Associação Brasileira de Direito Tributário - ABRADT <http://www.abradt.org.br/home.asp>. 2 FISCOSoft on-Line <http://www.fiscosoft.com.br/>. 3 Tributario.net <http://www.tributario.net/>. 4 Jus Navegandi <http://www.jusnavegandi.com.br>. TÓPICO 3 | TRIBUTO 43 FLUXOS DO PROCESSO LEGISLATIVO Esta área do portal permite acesso a fluxogramas simplificados do processo legislativo de um projeto de lei ordinária (PL) e de uma proposta de emenda à Constituição (PEC). O Fluxo Constitucional reflete, em linhas gerais, o conteúdo dos artigos 65 e 66 da Constituição Federal e é referente ao processo legislativo de um PL, que ocorre no âmbito das duas casas do Poder Legislativo, Câmara dos Deputados e Senado Federal, e se finaliza com a participação do Poder Executivo. O item Projeto de Lei Ordinária mostra a tramitação mais detalhada de um projeto de lei ordinária na Câmara dos Deputados. O fluxo se desdobra em dois, a partir da forma de apreciação definida para o projeto, que pode ser conclusiva nas comissões ou em Plenário. O item Proposta de Emenda à Constituição apresenta a tramitação de uma PEC no âmbito da Câmara dos Deputados. Os fluxos foram desenvolvidos em linguagem simplificada e didática, de modo a permitir uma compreensão geral dos passos mais importantes da tramitação de um projeto de lei e de uma PEC, sem a pretensão de esgotar ou detalhar todo o processo. Caso deseje conhecer mais detalhes do processo legislativo, acesse a Constituição Federal, artigos 59 a 69, e o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, Resolução nº 17/89. Alguns passos dos fluxos são ilustrados com perguntas e respostas que detalham e esclarecem aspectos não retratados no fluxo em si. [...] FONTE: Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/processolegislativo/fluxo/index.html>. Acesso em: 24 abr. 2009. LEITURA COMPLEMENTAR 44 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico estudamos os tributos, seu conceito, sua classificação e sua espécie, bem como a sua função. Estudamos que tributo, como bem disposto no artigo 3°, do CTN, é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade plenamente vinculada. Vimos que os tributos são classificados quanto à destinação específica da sua arrecadação, e se dividem em vinculados, que são aqueles arrecadados, tendo uma contrapartida do Estado, e não vinculados, que não estão atrelados a nenhuma contraprestação estatal específica para o contribuinte.
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