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Antropologia cultural - resumo primeiro capítulo

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Resumo Antropologia Cultural
O estudo científico 
1. Um tipo especial de conhecimento 
Entende-se que o estudo da ciência é essencial para a compreensão dos demais temas antropológicos. Com certeza a ciência traz certos fatos não demonstrados que são aceitos através de suposição. Tais pontos estão subentendidos como filosofia da ciência.
Definições de ciência partindo do âmbito geral:
 *Geralmente no ocidente não se separa 《ciência》 de 《tecnologia》.
 *É definido como o caminho mais curto para o progresso. 
 *O cientista é associado sempre ao que vive preso em laboratórios fazendo experiências.
 *Grande parte de nossos empreendimentos é julgada pelos resultados e não pelo modo como é realizado.
Fatos sobre a ciência:
 *A ciência é apenas um tipo especial de conhecimento.
 *Todos nós somos dotados de um chamado 《senso comum》.
 *Para Conant, senso comum pode ser considerado como uma série de conceitos e sistemas de conceitos que demonstram ser sumamente satisfatórios para os usos práticos da humanidade. Ex.: Sabedoria popular.
 * O senso comum aproxima-se muito do conhecimento científico, naquilo que tem de prático e tem sua força na experiência diária. 
 * A diferença principal entre a ciência e o senso comum é que a ciência, como conhecimento experimental, destaca o controle dos experimentos e das observações; ao passo que o senso comum é um conhecimento experimental não controlado. Por isso, Conant afirma que a ciência é o prolongamento do senso comum.
 * A ciência é apenas mais um tipo de conhecimento, partindo do ponto de que seus experimentos são invalidados ao longo do tempo.
	2. O método científico
A palavra 《método》 (do grego methodos vocábulo composto de meta = junto/ao lado de, e hodos = caminho) etimologicamente significa atalho, rodeio. Método é então uma maneira/caminho para se alcançar um objetivo. É necessário distinguir método de metodologia. A 《metodologia》 (do grego: methodos e logia, este ultimo termo significando estudo/ ciência) é o estudo de métodos e técnicas.
O que caracteriza o método científico?
 * Ele é, em consequência, um método analítico, ou seja, um procedimento que parte dos casos particulares para chegar à síntese, à sistematização. É, portanto, um método dedutivo.
 * Geralmente, o seu caráter principal é definido como o experimento, isto é, um método indutivo, partindo da observação dos casos particulares e pretende chegar a uma conclusão universal, também válida para os casos não observados, sendo que isso não é verdade.
 * O método científico é o conjunto de procedimentos que levam ao objetivo científico.
Qual o objetivo da ciência?
 * O conhecimento/verdade objetiva.
 * Acredita-se que o método experimental/controlado seja o método mais eficiente e seguro de se chegar ao conhecimento.
 * A ciência não tem orientação, não possui um caráter normativo. Seus resultados são aproveitados pelos homens, mas não significa que isso deve ou não ser feito. Apenas que dizer esta aplicação da ciência não compete ao cientista. Para isso existem os técnicos e profissionais.
 *Para Conant não há uma ciência pura. Para ele, a ciência existe e se desenvolve porque atende as necessidades do homem.
 *Max Weber discorda ao citar Tolstoi: “A ciência não tem sentido porque não responde à nossa pergunta: o que devemos fazer e como devemos viver?”
 * A ciência se preocupa apenas com os fatos, com “o que é?” e não com “o que deve ser?”. 
 * Na prática, um mesmo homem pode agir como cientista e como técnico, assim, percebemos que o valor da ciência é encontrado, não nos resultados, mas no método utilizado.
 *O rigor metodológico não é dever apenas do indivíduo, mas de toda a humanidade, fazendo com que a ciência alcance seu conhecimento objetivo, sendo que esse conhecimento advém de dados verificados e verificáveis. 
	3. Conceito de ciência
 * A palavra 《ciência》provém do latim scientia e significa conhecimento. 
 * Os filósofos consideram a filosofia uma ciência se levarmos em conta a definição de conhecimento partindo do ponto de vista generalizado, ou seja, enquadra tanto a filosofia e as humanidades como a ciência (não são definições exclusivas). Ex.: “A ciência é um corpo de conhecimentos sistematizados”; “A ciência é um conjunto de verdades certas e logicamente encadeadas entre si, de maneira a formar um sistema coerente”.
 * A definição mais aceita hoje em dia é a de Goode e Hatt, onde afirma que a ciência é um método de abordagem do mundo empírico todo, isto é, um mundo que é suscetível de ser experimentado pelo homem.
 * Apesar de ser a definição mais aceita, existe uma lacuna onde o caráter sistemático resulta da aplicação do método científico, se bem que este caráter seja próprio de toda atividade mental (possivelmente encontrado no termo《abordagem》de modo indireto).
	4. Objeto da ciência
 * A palavra《objeto》advém do latim objectum e significa atirado; em frente; posto adiante. Com outras palavras, o objeto da ciência é composto pela realidade que ela se propõe estudar. Ex.: O objeto da biologia é o conjunto dos seres vivos.
 * Na definição de Goode e Hatt, o objeto da ciência é o próprio mundo empírico, ou seja, o mundo que está ao alcance dos sentidos, passível de ser experimentado.
 * Santo Tomás de Aquino acredita em dois tipos de objeto da ciência: Material (concreto) e Formal (característica particular do concreto). Ex.: Material: O homem é objeto material da biologia, zoologia e etc. Formal: A biologia estuda o homem enquanto ser vivo; A zoologia enquanto animal e etc.
 * Pode-se concluir que a teologia e a filosofia não são ciências, pois seus objetos são metacientíficos.
	5. A divisão da ciência
 * A ciência é una, embora na prática nenhum cientista possa estudar e trabalhar em todos os ramos e disciplinas da ciência. Sua unidade se fundamenta no método científico e no objetivo de todas as ciências: o conhecimento objetivo-experimental.
 * Isso não nos impede de falar de ciências naturais, humanas ou exatas. Todavia, essas classificações são puramente operacionais. Visam facilitar a identificação dos diversos ramos da ciência e agrupá-los de acordo com a proximidade de seus objetos.
 * Normalmente é aceita a autonomia das ciências simplesmente porque cada ramo forma um conjunto sistematizado de conhecimentos coletados através de técnicas próprias: organização, teorias, leis, tipos de hipótese e etc. 
 * Por outro lado, nenhuma ciência é isolada das demais, pois, ainda assim, a ciência é una. Portanto, não se vê razão para serem dispensadas. É apenas um modo de facilitar a especificação do trabalho da ciência.
	6. A dinâmica científica 
 * De acordo com James Conant, a ciência apresenta duas visões distintas: Estática (todo o conhecimento já colhido – o que é aprendido nas escolas) e Dinâmica (busca por conhecimento, pela evolução das ciências). 
 * A visão estática é fruto da dinâmica, contudo, existe certo contraste entre as duas visões, pois sem a atividade do dinamismo a visão estática seria mero dogma.
 * Por essa razão a validade da ciência não está nos resultados, e sim no método aplicado, pois se todo o conhecimento que dispomos hoje não pudesse ser comprovado, não teria nenhuma validade. É por isso que quando se aprende determinada disciplina científica, embora não se esteja fazendo ciência, está se adquirindo meio indispensável para ingressar no campo científico.
	7. Ciências naturais e humanas 
 * Armando Asti Vera, em seu livro Metodologia da Pesquisa Científica, trata de dois tipos principais de ciência: Formais (utiliza-se do objeto das idéias através da dedução com o intuito de não contradizer seus enunciados) e Fáticas (possui objeto material por meio de observações e experimentos – a dedução é encontrada em segundo plano – e seu critério é a verificação dos fatos).
 * O próprio autor considera sua classificação extremamente esquemática “condenando as ciências da culturaa uma contínua oscilação entre o grupo das ciências fáticas e das ciências formais”. Sua conclusão é de que “um procedimento mais adequado seria o de aceitar um terceiro grupo c, integrado pelas ciências da cultura, que conviria chamar de ‘ciências do homem’”.
 * Conforme o concluído, esse esquema se transformaria ou se reduziria a dois grupos: ciências fáticas naturais e ciências fáticas do homem. Isto porque a característica fática é fundamental, ou seja, experimentável. Percebe-se que o autor está tomando a ciência em um sentido amplo.
 * Neste livro, mesmo reconhecendo a dificuldade que se tem no estudar os assuntos humanos, deve-se estudá-los mediante método científico. Durkheim defendia esta tese apresentando os perigos da individualidade que atinge tanto as ciências humanas quanto as naturais alegando que a sensibilidade é essencialmente subjetiva e facilmente manipulada, podendo assim, interferir nos resultados.
 * Outro problema que se antepõe quando se trata do assunto relacionado é a dificuldade de experimentação no campo das ciências humanas. Outra vez a dificuldade é de duas faces.
 * Experiência é definida como uma observação controlada de eventos provocados conscientemente pelo pesquisador. Dificilmente as ciências humanas podem se utilizar desse ensaio, pois, tendo como objeto o homem, estará implicando em danos materiais e morais. 
 * Daqui parte a pergunta: Tem valor científico a observação fora do laboratório? Costuma-se utilizar como resposta o exemplo dos astrônomos, que se contentam em observar atentamente os corpos celestes sem jamais tentar intervir em suas rotas. Um fato importante é o de que os cientistas naturais também se utilizam do meio extra laboratorial para observar as condições reais e normais, já que as criadas em laboratório são artificiais e raramente encontradas na vida real. Os efeitos práticos são por muitas das vezes incontroláveis.
 * A ciência tem sido desprezada por seus próprios cultivadores. Os mesmos, juntamente com a sociedade consideram a ciência um dogma, com características imutáveis, a solução para todos os problemas, sendo que ela é apenas uma tentativa de conhecimento experimental e essencialmente probabilístico.
 * As ciências humanas freqüentemente tomam valores como objetos de conhecimento, de estudo. Aqui se reconhece a dificuldade em discernir entre “o que é?” e “o que deve ser?” quando estudamos o homem e seu comportamento. Por outro lado, se defende a necessidade de se identificar um e outro para assim se poder fazer da análise a mais objetiva possível dos fatos. 
 * Apesar do fato de que as interferências dos valores estejam presentes no subconsciente do pensamento humano, é necessário que o cientista se submeta aos resultados indicados pelos fatos e não por sua intuição pessoal, por interferência de outros interesses ou por conveniência. Uma possível saída para esse dilema é a utilização da transubstanciação de papéis de um cidadão em uma sociedade diversificada, assumindo o papel de pai e esposo em casa e, durante o dia, desempenhando um papel de gerente no escritório, sem apelar para sua qualidade de bom esposo e extremoso pai. Enfim, a saída é procurar desempenhar seus papéis da melhor forma possível e como especialista, como exige a sociedade moderna. 
 * O pesquisador precisa ter em mente que não está na pesquisa para resolver problemas e nem encontrar soluções práticas. Cabe a ele interessar uma descrição sistemática dos fatos e a detecção de uniformidades desses fatos, sejam eles humanos ou não.

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