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NPJ PEÇA CONSTITUCIONAL 06

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA JUSTIÇA ESTADUAL DA COMARCA DE ROSANA/SP
 
Processo nº_______________________ 
O Ministério Público do Estado de São Paulo, nos presentes autos, por seu promotor de justiça, inconformado com o não cumprimento da obrigação imposta pelo STF, interpor:
Cumprimento de sentença com fundamentos no artigo 536 a 538 do CPC
Contra, MUNICÍPIO DE ROSANA/SP, pessoa jurídica de direito público interno, representada pelo seu Prefeito Municipal, Sr._____________, pelos motivos a seguir expostos:
I - DOS FATOS
O promotor de justiça, Luiz, ajuizou uma Ação Civil Pública visando a criação de vagas para o ensino fundamental de um município do interior paulista. Foi requerida tutela de urgência em razão de as crianças não terem acesso à escola e correrem o risco de perderem o ano letivo.
O magistrado de primeiro grau indeferiu a tutela liminar, bem como sentenciou improvida a ACP. Após você ingressar com o recurso a apelação os autos foram para o Tribunal de Justiça. O Tribunal julgou o recurso de apelação também improvido.
A doutora Isabella, procuradora de justiça, após tomar ciência do Acórdão do Tribunal de Justiça opôs os chamados Embargos de Declaração a fim de que o órgão julgador esclareceu a sua decisão prequestionando expressamente o ferimento aos dispositivos constitucionais da decisão proferida, em especial os artigos 205, 208, 211 e 212 da Constituição Federal.
Com os embargos de declaração improvidos a procuradora interpôs o Recurso Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal.
O STF reconheceu que houve patente violação às normas constitucionais e apontou que o país vive um “estado de coisas inconstitucional” em diversas searas de nossa sociedade, o que não pode ser tolerado pelo Poder Judiciário.
A decisão foi favorável ao Ministério Público e entendeu que o município tem o dever de criar as vagas necessárias para o atendimento de todas as crianças em idade escolar que necessitem da escola pública, sob pena de multa diária em caso de descumprimento da ordem, bem como salientou que o agente público poderá ser pessoalmente responsabilizado pelo não cumprimento da medida.
Os autos retornaram à comarca do promotor Luiz, tanto o Ministério Público quanto a prefeitura tomaram ciência do Acórdão do STF, contudo, passados 90 (noventa) dias nada foi realizado pela prefeitura no sentido de cumprir a ordem do STF.
II – DOS DIREITOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A Constituição Federal, no art. 227, diz que: “É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, de onde extraímos os princípios da prioridade absoluta e da proteção integral, consagrados, inclusive, no Estatuto da Criança e do Adolescente. O art; 208 da CF traz também:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
O Municio tem o dever de assegurar a criança e o adolescente o direito a educação. Caso não tenha vagas em escolas o mesmo tem o prazo de 10 (dez) dias para criar tais vagas, sob pena de ser aplicada multa diária no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais). Segundo o art. 537 do CPC:
Art 537, § 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
Todo tem o direito a dignidade da pessoa humana sendo um dos fundamentos desse tão questionado Estado Democrático de Direito, chamado República Federativa do Brasil, abordado no dispositivo 1º, inciso III.
LEGITIMIDADE ATIVA
A legitimidade ativa é a forma de um terceiro ajudar em nome próprio o direito pertinente a outrem e visto o caso em tela esse é um dos motivos de seguir com a ação para que mães possam dar uma educação dignas as crianças, e sendo responsabilidade do Estado e Município de arcar com esses direitos conforme a seguir:
Conforme o artigo 5º da CF/88 tem legitimidade ativa da lei nº 7.347/85 que disciplina a ação civil pública:
Tem legitimidade para propor à ação principal e ação cautelar:
I- Ministério Público
II- Defensoria Pública
III- a união, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
V associação, que concomitantemente:
Esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; inclua, entre suas finalidades institucionais a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
LEGITIMIDADE PASSIVA
Assim conceituamos o que seria a legitimidade passiva é Pessoas que dão causa ao dano, sendo de direito público ou privado, gerando ilegalidade ou ilicitude nos atos que praticam.
Qualquer pessoa pode ter legitimidade passiva sendo jurídica ou física, configurando o polo passivo da ação, visando que a uma lesão contra os bens juridicamente tutelados nessa ação, ou seja as mães têm todo o direito a querer jus a lesão sofrida.
Vossa excelência a Prefeitura do município de Rosana está praticando o descumprimento de uma ordem judicial caracteriza uma grave ilegalidade administrativa, passível de configuração de improbidade, conforme legislação aplicável, LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
 VI - Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo.
Ora Meritíssimo, eis que o objetivo da presente ação é reparar um direito corrompido, buscando assim a garantia do equilíbrio do Estado Democrático de Direito, para que seja efetivado o cumprimento da decisão.
Assim destacamos que o descumprimento de ordem judicial é uma grande ofensa a estrutura judiciária. Embasando assim medidas coercitivas para que o município de Rosana cumpra com a Decisão estabelecida pelo STF.
Na ADPF 347 de 2015, o Ministro Marco Aurélio do STF entendeu haver o denominado “estado de coisas inconstitucional” ao constatar a sistêmica violação de direitos fundamentais, bem como princípios, regras constitucionais e normas legais no que se refere ao sistema penitenciário nacional.
Visando a uma maior segurança jurídica o CPC de 2015 trouxe a disposição do art. 927: 
art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - As decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 
II - Os enunciados de súmula vinculante; 
III - Os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV - Os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - A orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
O princípio do não retrocesso da proteção dos direitos fundamentais.
A proteção dos direitos fundamentais e sociais previstos na constituição somente podem ser ampliados pelo legislador. Sendo a proteção de direitos uma conquista social, não pode o legislador pretender diminuí-la sob nenhum pretexto.
São protegidas pelas cláusulas pétreas o princípio federativo, o princípio democrático, a separação dos poderes e as garantias e direitos fundamentais. “Cláusulas pétreas” previstas no artigo 60 §4º da CF.
Aduzimos na sequência as Astreintes
Conforme o CPC,as astreintes são um estímulo queimpele aquele que está obrigado a cumprir uma decisão judicial por meio da cominação de uma multa que aumenta com o passar do tempo.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
Por sua vez o Ministério Público e a prefeitura tomaram ciência do Acordão do STF, contudo, passados 90 (noventa) dias nada foi realizado pela prefeitura no sentido de cumprir a ordem do STF.
Assim o artigo abaixo enfatiza a obrigação de fazer ou não fazer, uma vez visto que não se pode descumprir obrigação estabelecida por competência maior no caso em tela o STF determinou que fosse cumprida os pedidos e decisão pelo promotor de justiça.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
EXECUÇÃO MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. Aplicação da multa por dia de atraso face o reiterado descumprimento injustificado de ordem judicial em afronta à dignidade da Justiça. (TRT-4 - AP: 00000357420125040204, Data de Julgamento: 11/10/2017, Seção Especializada em Execução)
Aduzimos a Súmula 410 do Superior Tribunal de Justiça.
“A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
Ora meritíssimo, caso a Prefeitura não cumpra com a obrigação firmada pelo STF requeremos o bloqueio das verbas públicas conforme mencionado acima.
Assim a medida traz eficácia às decisões judiciais que não devem ser descumpridas, pois viola o direito líquido e certo das crianças e adolescentes de ter acesso à educação, conforme estipula a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer que:
Seja concedida a obrigação de fazer contra a Prefeitura do município de Rosana;
Aplicar multa de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
Que seja determinado as medidas necessárias para a satisfação de cumprimento da obrigação.
Não havendo o cumprimento da obrigação intime se a prefeitura por seu representante legal para esclarecimento.
Não fazendo jus a decisão tomada pelo STF requereu o bloqueio das verbas públicas.
Seja expedida a intimação ao Município de XXXX, para que forneça vagas solicitadas em ensino fundamental para todas as crianças de 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, residentes neste município no prazo máximo de 10 dias, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia até o integral cumprimento.
Termos em que pede, espera
Deferimento.
RASANA, ____ de____________ de ___________
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OAB/SP
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