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A PROFISSÃO DE SOCIÓLOGO: PRELIMINARES EPISTEMOLÓGICAS

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
LABORATÓRIO DE PESQUISA I 
JUAN LORENZO BORDÁLEZ HOYOS 
 
 
 
 
 
 
RESENHA DO TEXTO 
A PROFISSÃO DE SOCIÓLOGO: PRELIMINARES EPISTEMOLÓGICAS 
 
 
 
 
 
HELLEN PASTANA – 201805540020 
YVI FERNANDES - 201605540087 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém - PA 
2019 
 
BOURDIEU, Pierre; CHAMBOREDON, Jean-Claude; Et PÁSSERON, Jean-Claude. ​Profissão do 
Sociólogo: preliminares epistemológicas​. Tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira, 3ª Ed. 
Editora Vozes, Petrópolis, 2002. 
 
Hellen Patricia S. Pastana 1
Yvi Beatriz Santos Fernandes 2
 
Pierre Félix Bourdieu foi um sociólogo francês. De origem campesina, filósofo de formação, 
foi docente na École de Sociologie du Collège de France, algumas de suas principais obras são ​A 
Dominação Masculina e ​Sobre a Televisão​. Em ​A Profissão de Sociólogo​, obra que escreveu em 
companhia de dois colegas, Chamboredon e Pásseron, Bourdieu diz que o ​método estudado 
separadamente das pesquisas nas quais é utilizado não passa de um estudo morto, incapaz de fecundar 
o espírito que se entrega a ele. Para Bourdieu, somente graças ao estudo das aplicações regulares dos 
procedimentos científicos este sendo estudado junto ao método estabelecido, é que será possível 
chegar ao objetivo essencial do método, que é a formação de um bom sistema de hábitos intelectuais. 
Pierre Bourdieu se propõe a dar ao pesquisador os meios de assumir por si a vigilância de seu 
trabalho científico. O autor sugere uma investigação das condições sociais nas quais quais são 
elaboradas as obras sociológicas. O objetivo da investigação é conhecer as estruturas, tanto no que 
elas determinam as relações internas a um segmento do social, isto é, são estruturantes de um campo, 
quanto no que estas estruturas são determinadas por estas relações, isto é, são estruturadas. 
Seu principal objetivo é definir os parâmetros e o conteúdo de uma ​pedagogia de pesquisa 
ensinando a prática do ofício sociológico, sistematizando suas implicações de qualquer prática e 
detalhando em preceitos práticos os princípios da ​vigilância epistemológica​. O método consiste em 
estudar o campo mediante a aplicação dos conceitos pré-formados, de modo a desvelar os objetos 
sociais, o conjunto de relações que explicam a lógica interna do campo. No entanto, Bourdieu diz que 
esse trabalho científico não é uma operação linear. Que ao longo da pesquisa, a problemática pode ser 
alterada, a hipótese modificada, as variáveis consideradas. ​A crítica epistemológica serve como 
primeiro parâmetro onde esta, no decorrer do procedimento, não pode ser deixada de lado em 
detrimento da perversão metodológica e da mera diversão especulativa. É importante salientar, que no 
ato da pesquisa, o cientista possui o dever de ter total vigilância para com as ameaças, esta vigilância 
vai muito mais além de seguir a risca a metodologia prática e os procedimentos teóricos, mas faz-se 
necessário o questionamento sobre a eficácia dos métodos práticos e teóricos no objeto analisado, e de 
que forma o objeto responderá ao uso do procedimento. 
1 ​Bacharelanda de Ciências Sociais em Universidade Federal do Pará 
2 Bacharelanda de Ciências Sociais em Universidade Federal do Pará 
 
1 
 
O autor, ao explicitar a questão do método aplicado a sociologia, se depara com uma aparente 
contradição entre a objetividade do método, usualmente utilizado a rigor nas ciências exatas, com a 
subjetividade alinhada necessariamente às demandas das ciências humanas, ou seja, a prática 
propriamente dita. Inclusive até demonstra um exemplo da contribuição que o método pode oferecer, 
pois “uma explicitação da lógica da invenção, por mais parcial que seja, pode contribuir para a 
racionalização da aprendizagem da aptidão para inventar”, levando a crer que o caráter objetivo é um 
meio para alcançar, de forma ordenada, a subjetividade. Pode parecer paradoxal, mas a objetividade e 
a subjetividade podem trabalhar de forma complementar tanto como as análises qualitativas com as 
quantitativas, uma não anula a outra. Bachelard ratifica este ponto de vista no que tange a legitimidade 
das ​ciências em vias de se fazer​, afirmando “próximo, isto é, retificado”, aceitando que o método 
torna o que já era verdadeiro em mais verdadeiro, pela disciplina e organização de ideias estimuladas 
pelo mesmo. 
A ordem do questionamento, é analisado não apenas pelo processo epistemológico do 
conhecimento, mas também, pela análise epistemológica da sociologia, que trabalha justamente as 
urgências e como trabalhar com a ocorrência destas. Falar sobre processo epistemológico, é lembrar 
de Bachelard e seu estudo sobre o processo do conhecimento “todo processo de conhecimento é 
construído, constatado” sendo assim negasse o empirismo, que só possui como conclusão do 
procedimento científico uma mera constatação e convencionalismo que faz com que o cientista apenas 
produza uma prévia construção, é com o trabalho da desvinculação com a filosofia especulativa, a 
comunidade sociológica tende a romper com a hierarquização epistemológica dos atos científicos, que 
subordina a a constatação a construção, e a construção a ruptura. 
Em suma há uma necessidade de indagação à metodologia utilizada na experimentação, pois é 
no uso dos questionamentos que o processo de experimentação deixa de ser apenas um processo de 
tautologia para se fixar a uma experimentação heurística. 
A primeira parte do livro ocupa-se dos atos de ruptura. Desenvolvendo a partir do tema ​“O 
fato é conquistado contra a ilusão do saber imediato” o autor elabora uma crítica ao fato do 
sociólogo não conseguir se desvencilhar da sociologia espontânea, a qual trabalha com o uso, da visão 
aparente sobre o objeto de estudo, Bourdieu utiliza o termo ​vigilância epistemológica ​para a 
necessidade característica dos estudiosos das ciências dos homens, de desprender a opinião comum e 
o discurso científico que ainda é indefinido e impreciso. As evidências ofuscantes que permeiam os 
olhares dos sociólogos advém da chamada sociologia espontânea , esta possui a necessidade de ser 
enfrentada, porém podemos enfatizar que o sociólogo não conseguirá se desfazer da sociologia 
aparente, pois a ilusão do saber imediato é um problema e isso se sustenta com o fato dos mesmo não 
 
2 
 
encontrarem na herança teórica, instrumentos que lhe fizessem negar as noções comuns que carrega a 
habitualidade do meio social, o que ainda é prejudicado pelo aparente desvencilhamento com o campo 
comum devido ao método de leitura simples (ou leitura simples do objeto) que desconcerta o cientista 
pois, transmite um aparente conhecimento do real. 
No processo de ruptura entre o senso comum e o campo científico a linguagem é 
imprescindível, pois entre o uso de termos banais e eruditos a linguagem possui o papel de conduzir as 
representaçõescomuns da sociedade e uma crítica lógica a linguagem comum, outro ponto de ruptura 
importante no processo é a utilização a estatística, que de imediato possui a função mesmo que 
negativa de desconstruir as primeiras impressões perante os objetos de estudo, outra função que o 
método estatístico abrange, é a construção das relações, entre o caráter insólito do objeto de estudo 
sociológico (visto que o mesmo não é algo palpável como é o caso dos objetos de estudo das ciências 
naturais) e a busca das relações que os explicam. 
Durante a análise de ruptura, um dos pontos mais importantes elaborados por Bourdieu é ​“a 
ilusão da transparência e o princípio da não consciência”. ​A análise proposta por Bourdieu no tópico 
exposto nesse instante, se faz no diagnóstico, sobre como a sociologia pode ser fundida como ciência, 
que é imposta pelo autor através da oposição a sociologia espontânea e a elaboração de uma 
resistência organizada ​de uma teoria do conhecimento social, pois as técnicas citadas acima 
(linguagem e estatística) não são o suficiente para romper a sociologia do conhecimento aparente, o 
artificial, que caberia salientar neste ponto a suposição do cientista de que o objeto possui uma 
transparência, “...visto que a vida social deve ser explicada, não pela concepção que tem a seu 
respeito os que participam nela, , mas por causas profundas que escapam à consciência”. (É. 
Durkheim, texto n.8). 
É com a referência citada acima que podemos dar início sobre a concepção de ​não 
consciência​, crítica elaborada aos psicólogos sociais, que utilizam como método a análise de discursos 
individuais e não levam em consideração, a integração social dos indivíduos. Trata-se de escolhas e 
modelos que não estão sob a consciência dos indivíduos durante a sua integração social, mas sim 
sobre o erro , fora aos cientistas, o que podemos caracterizar como “fato social”, e que atrapalha 
designação da sociologia como ciência, visto que é no problema das prenoções que cabem os erros 
nos diagnósticos sobre os objetos de estudo e na busca por uma metodologia, de uma sociologia que 
insista na análise teórica ao invés de uma defesa da verdade vivida (ação social), que procura as suas 
próprias verdades dentro de seu determinismo , humanista ingênuo que tenta reduzir as práticas 
humanas, a sociedade que os cercam. Porém o princípio da não consciência determina a imposição de 
um sistema com relações objetivas nas quais os indivíduos encontram - se inseridos de forma 
adequada na economia ou morfologia dos grupos do que apenas em meras opiniões e aspirações 
 
3 
 
individuais, visto que não são as opiniões e vontades pessoais de indivíduos não agrupados que 
explicaram processos justificativos de funcionamento de organizações, tratar como método as análises 
individuais é cometer um erro epistemológico. 
Em outro momento do texto, chamado de ​“a tentação do profetismo”​, os 
sociólogos, se instrumentalizando em Karl Marx e Nietzsche , criticando a prática do público 
leigo em tentar criar afinidades do discurso científico com suas próprias ideologias, quando 
estas se aproximam mesmo que somente no aspecto semântico. Então o sociólogo passa por 
críticas severas do público quando estes discordam das conclusões científicas, e quando é o 
contrário o sociólogo é colocado como um profeta ou detentor do saber supremo. Esta é a 
posição perigosa do ​saber social científico​. 
No fim desta primeira parte do capítulo, fala-se a respeito da renovação do fazer 
sociológico, onde teorias e métodos devem sempre se modificar, onde o fazer do sociólogo ao 
longo do tempo possua rupturas e continuidades. A crítica é de não se utilizar as teorias como 
cartilhas prontas. Todas as teorias devem passar pelo debate metacientífico, e que 
necessariamente uma nova teoria não é uma síntese de todas as antigas, nem uma negação 
delas, e sim algo novo que foi fruto da análise de um novo objeto ou resultado de um novo 
método que expande a compreensão dos fenômenos, sendo estes já conhecidos ou não. 
Na segunda parte do capítulo, chamada de ​“A construção do objeto”​, os autores 
aprofundam mais o debate anterior, dividindo alguns aspectos para serem mais didáticos. 
Evoca-se Max Weber, Karl Marx e E. Durkheim diversas vezes para se debater sobre o 
empirismo e a construção dos fatos e experiências, destacando-se a necessidade de ao 
construir um objeto de estudo, são necessárias as rupturas para uma melhor compreensão dos 
dados e que são equivocados aqueles que acreditam em um empirismo puro, em uma 
apreensão do objeto de forma a não se carregar conceitos ou pré-noções sobre os objetos 
(pág. 52). Desenvolve-se o texto explicando com bases em Max Weber, à construção de 
hipóteses, teorias e métodos. Criticam as construções teóricas, em ciências sociais, que se 
limita a imitar a realidade, numa aproximação com o senso comum ou mera descrição, 
demonstrando que não são modelos abstratos bem trabalhados com a função de explicar bem 
um determinado fenômeno que vai além do óbvio. 
​A partir da afirmação de Bachelard, de que “o fato científico se conquista, constrói e 
comprova”, a proposta se completa com o estabelecimento de uma hierarquia epistemológica entre 
 
4 
 
estes atos científicos: a comprovação subordina-se à construção e esta, por sua vez, à ruptura. Os fatos 
sociais, como objeto de conhecimento assumem aspectos peculiares, uma vez que o homem é a uma 
vez, ator e espectador dos mesmos, investindo-se no papel de cientista, estabelecendo hipóteses, 
manipulando os conceitos, imaginando as teorias para a formulação de uma teoria que explique as 
questões sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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