Buscar

CONTRARRAZOES RECURSO INOMINADO - CRISTIANE 2

Prévia do material em texto

AO JUÍZO DA VARA DO ______ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO DE CEILÂNDIA/DF.
PROCESSO Nº
XXXXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificada nos autos em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, com escritório no SAUS Quadra 04, Bloco A, Sala 309, Ed. Vitória Office Tower, Brasília/DF, CEP: 70.070-938, onde recebe intimações, nos autos em tela que move contra o XXXXXXXXXXXXX, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência oferecer:
CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO
interposto, na forma do artigos. 42, § 2º da Lei nº 9.099/95, requerendo a remessa dos autos para a superior instância para a manutenção da respeitável sentença recorrida.
Termos em que,
pede deferimento.
Brasília, 24 de Agosto de 2017.
JOHNATHAN LUCIANO LAMOUNIER TOMAZ SANTOS
OAB-DF 54.692
CONTRARRAZÕES DO RECURSO INOMINADO
Processo nº:
Recorrente: XXXXXXXXXXX
Recorrida: XXXXXXXXXXXXX
EGRÉGIO COLÉGIO RECURSAL
COLENDA TURMA
ÍNCLITOS JULGADORES
Merece ser mantida integralmente a respeitável sentença recorrida, em razão da correta apreciação das questões de fato e de direito, conforme restará demonstrado ao final.
DA TEMPESTIVIDADE
De acordo com o disposto no art. 42, § 2º, da Lei nº 9.099/95, o Recurso Inominado deverá ser respondido no prazo de 10 dias a contar da intimação do recorrido.
Desta forma, as contrarrazões são tempestivas.
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, sob as penas da Lei, e de acordo com o disposto no art. 4º, § 1º, da Lei 1.060/50, com a redação introduzida pela Lei 7.510/86, a recorrida afirma não ter condições financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, razão pela qual faz jus ao benefício da Gratuidade de Justiça, uma vez que labora como estagiária no Tribunal de Contas da União – TCU, conforme documento comprobatório anexado juntamente a presente petição.
DOS FATOS
A recorrida era cliente da empresa XXXXXXXX (recorrente), sendo titular da linha telefônica (61) XXXXXXXXXX, e requereu, em meados de 2013, o serviço de PORTABILIDADE para a operadora de telefonia XXXXXXXXXXX, o que foi devidamente realizado.
Ocorre que, no mês de abril de 2016, a recorrida percebeu que NÃO RECEBIA LIGAÇÕES DE OUTRAS OPERADORAS, tão somente de ligações provenientes da operadora XXXXXXXXX, pois nas tentativas de receber ligações de outras operadoras era informado uma mensagem que “ESTE NÚMERO NÃO EXISTE”.
Ao encaminhar-se para a operadora XXXXXXXX, era informado que a linha estava em pleno funcionamento, até que um técnico específico de linhas telefônicas informou que sua linha constava com a operadora XXXXXXXXXXX.
Ao entrar em contato com a recorrente, ficou constatado que a linha da recorrida continuava em seu banco de dados e que não havia no sistema NENHUMA SOLICITAÇÃO DE PORTABILIDADE, o que foi devidamente contestado, haja vista, ter realizado a portabilidade junto a primeira requerida em 2013 e desde então, utilizava os serviços da atual operadora (XXXXXX).
A parte recorrida sofreu diversos transtornos, constrangimento e aborrecimentos com essa situação ocasionadas pelas operadoras acima, pelo tempo em que ficou sem poder receber ligações, perdendo contatos de oportunidades de emprego, entre outros fatos.
Após infrutíferas tentativas no escopo de solver imbróglio em questão, não restou outra alternativa a recorrida, a não ser a busca da tutela jurisdicional, onde requereu condenação a indenização por títulos de danos morais, bem como, o funcionamento da linha citada.
Recebida a ação, designou-se audiência de conciliação, que restou infrutífera, uma vez que o recorrente não mostrou interesse em compor o litígio. Conclusos os autos, a r. Magistrada julgou procedente a demanda, cito:
“Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido para condenar a 1ª ré (Tim Celular S.A.) na obrigação de transferir a linha telefônica (61) 98101-1959 para a base de dados da 2ª ré (Claro S.A.), no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais) até o limite de R$ 2.000,00 (dois mil reais); e a condenar solidariamente as rés a pagarem à parte autora, a título de indenização por danos morais, a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais). Referido valor será corrigido monetariamente pelo INPC desde a presente data e acrescido de juros de mora de 1% a partir do evento danoso (data do início da falha na prestação do serviço – 05/04/2016)”.
Assim sendo, justa e equânime foi a decisão do magistrado de primeiro grau, uma vez que pode-se perceber que houve a correta apreciação das questões de fato e de direito.
DO DIREITO
Merece ser mantida em todos os seus termos a respeitável sentença uma vez que o recorrente ofendeu norma preexistente; causou danos a recorrida; e assim existindo o nexo de casualidade entre um e outro como poderá observa a seguir.
É nítido o dever de indenizar do recorrente uma vez que a prestação de serviço oferecida por ele foi defeituosa, em virtude disso causou danos a recorrida.
No caso em apreço o recorrente, de forma equivocada, não retirou a linha telefônica (61) XXXXXXXXX do banco de dados após realizado a portabilidade para operadora XXXXXXX no dia 20.08.2013.
Diante disso, em 2016, pelo equívoco do recorrente ao não retirar a linha telefônica do seu banco de dados, ocorreram diversas falhas na prestação do serviço, haja vista que, a recorrida recebia, apenas, ligações oriundas da operadora XXXXXXX, (ANEXO 01), bem como, inviabilizou acesso aos diversos aplicativos do aparelho celular, como aplicativo bancário, conta de registo App Store e o que é mais danoso, vossas excelências, inviabilizou ligações de oportunidades de emprego, uma vez que o número da linha em questão, estava cadastrado no currículo da recorrida. (ANEXO 02, 03, 04 e 05).
O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor contempla a responsabilidade objetiva dos fornecedores no caso de defeito do serviço, assim assevera a norma ofendida:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Código Defesa do Consumidor - Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990.
Quanto ao dever de indenizar é o entendimento da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF:
I - JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. RELAÇÃO DE CONSUMO. CÓDIGO DE ACESSO A SERVIÇO MÓVEL PESSOAL. PORTABILIDADE (...) CONTRATEMPOS NÃO MINIMIZADOS EM RAZÃO DA POSTURA DE DESPREZO E FALTA DE CONSIDERAÇÃO ADOTADA PELA RÉ FRENTE AOS PROBLEMAS VIVENCIADOS PELO CONSUMIDOR. CASO CONCRETO EM QUE ULTRAPASSADA A FRONTEIRA DO MERO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL E ALCANÇADOS ATRIBUTOS DA PERSONALIDADE HUMANA. PAZ DE ESPÍRTIO E TRANQUILIDADE INDEVIDAMENTE AFETADOS PELO DESAPREÇO COM QUE TRATADO O AUTOR. VIOLAÇÃO A DIREITO DA PESSOA HUMANA CONFIGURADA. COMPENSAÇÃO MORAL DEVIDA. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO SEGUNDO PRINCÍPIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃO INCABÍVEL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. CONFORME DISCIPLINA EXPRESSA EM ANEXO À RESOLUÇÃO Nº 477, DE 7 DE AGOSTO DE 2007, QUE REGULAMENTA O SERVIÇO MÓVEL PESSOAL, É DIREITO DO USUÁRIO OBTER RESSARCIMENTO POR DANOS ADVINDOS DA VIOLAÇÃO DE SEUS DIREITOS (ART. 6º, XII). NO MESMO SENTIDO, O ARTIGO 10, INCISO V, DO ANEXO À RESOLUÇÃO 460/2007 - ANATEL, QUE ESTABELECE SER DIREITO DO USUÁRIO OBTER REPARAÇÃO PELOS DANOS QUE VIER A SUPORTAR POR VIOLAÇÃO DE SEUS DIREITOS, EM ESPECIAL DO DIREITO À PORTABILIDADE. ADEMAIS, É DE NATUREZA OBJETIVA A RESPONSABILIDADE DOS FORNECEDORES DE INDENIZAR OS PREJUÍZOS CAUSADOS AOS CONSUMIDORES POR DEFEITOS RELATIVOS À PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS (ARTIGO 14 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (...). (GRIFO NOSSO)
(TJ-DF - ACJ: 20130110066614 DF 0006661-69.2013.8.07.0001, Relator: DIVA LUCY DE FARIA PEREIRA, Data de Julgamento: 19/11/2013, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE : 26/11/2013 . Pág.:274)
Ao contrário do que fora alegado pelo recorrente, não foi solicitado pela recorrida a portabilidade da operadora XXXXXXX para XXXXXXXX no dia 05.04.2016, e até o presente momento, a linha telefônica continua na operadora XXXXXXXX, conforme devidamente comprovado na conta telefônica (ANEXO 06 e 07) e buscando informações a respeito do procedimento de PORTABILIDADE, a recorrida dirigiu-se até uma loja física da XXXXXXXX, e foi orientada de que QUALQUER PESSOA pode solicitar uma portabilidade via LIGAÇÃO TELEFÔNICA, necessitando APENAS ter o número da linha telefônica e o CPF do titular, caracterizando a vulnerabilidade do procedimento, uma vez que, qualquer pessoa poderá fazer tal procedimento. (ÁUDIO ANEXO 1).
Além disso, outro ponto danoso quanto a má prestação do serviço, é o fato da recorrente ter comercializado a linha telefônica em chip novo, o que posteriormente, foi comercializado para o Sr. Sydney de Andrade, não sendo possível transferir a linha (61) 98101-1959 para a base de dados da Claro S/A.
Cabe ressaltar que a referida transferência, de forma indevida, da linha telefônica ativa para terceiros acarreta em dano moral, haja vista que, a recorrida vem sofrendo com esse fato danoso, já que pessoas, diariamente, à procuram nessa linha telefônica, expondo a privacidade da recorrida. (ANEXO 08).
Nesse sentido temos a jurisprudência:
DANO MORAL. MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE DE LINHA NÃO AUTORIZADA. COBRANÇAS INDEVIDAS. AMEAÇA DE INCLUSÃO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO CONFIGURADO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO.
(TJ-BA 262472005 BA, Relator: MARIA CARLOTA SAMPAIO DOS HUMILDES OLIVEIRA, 1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS, Data de Publicação: 18/12/2006)
Assim sendo é de extrema importância a manutenção da sentença do juiz de primeiro grau, para que sirva de óbice a novos casos de condutas lesivas.
Importante ainda salientar que o Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 6º, inciso VIII:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Neste sentido é a lição do doutrinador José Geraldo Brito Filomeno:
[...] em geral, como se sabe, a prova de um fato incumbe a quem alega. No caso do consumidor, contudo, em face de sua reconhecida vulnerabilidade, pode haver a inversão desse ônus, ou seja, fica a cargo do réu demonstrar a inviabilidade do fato alegado pelo autor. (FILOMENO, Manual de Direito do Consumidor, pag. 413, Ed. Atlas, São Paulo, 2014).
Isto posto, ainda deve-se observância o princípio da vulnerabilidade, aquele que estabelece que o consumidor merece, antes de tudo, ser considerado como a parte mais débil da relação jurídica material. Ou seja, trata-se de um “sujeito concreto vulnerável”. A Lei nº 8.078/90 flagrantemente visa proteger o consumidor. Desta forma, havendo essa proteção direcionada a este, o princípio da isonomia resta observado, uma vez que outrora o recorrente encontra-se numa posição de superioridade frente a recorrida.
Observar-se-á ainda o princípio da hipossuficiência, que diz que Consumidor hipossuficiente é aquele que possui uma debilidade processual, ou seja, aquele que encontra dificuldade em comprovar seus direitos.
Assim, a recorrida além de já ser vulnerável, também é hipossuficiente frente ao recorrente. Devendo a este comprovar que não casou dano à recorrida, o que este não fez durante todo o curso do processo.
Sobre o assunto retro mencionado é o entendimento jurisprudencial da Quarta Turma Recursal Cível e Criminal do TJBA:
RESPONSABILIDADE CIVIL. DEVOLUÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. TRATANDO-SE DE RELAÇÃO CONSUMERISTA, DEVE A DECISÃO SE NORTEAR SOBRE OS PRINCÍPIOS ALI ESTABELECIDOS SOBRETUDO A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ALÉM DE CONSIDERAR O CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE. ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE PROVISÃO DE FUNDOS, NÃO OBSTANTE HAVER FUNDOS SUFICIENTES NA CONTA CORRENTE DO AUTOR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA POR FORÇA DA LEI. INEXISTÊNCIA DE PROVA QUANTO À AUSÊNCIA DO DEFEITO ALEGADO E À CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR. PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. REJEITADAS. RESPONSABILIDADE CONCORRENTE DOS ACIONADOS. (...) OS DANOS MORAIS SE PRESUMEM DIANTE DA MÁ-PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RECURSO IMPROVIDO, PARA MANTER A SENTENÇA. SEM ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA EM FACE DA INEXISTÊNCIA DE CONTRARRAZÕES. (TJBA, Quarta Turma Cível e Criminal. Recurso Cível dos Juizados Especiais Cível, 585-1/2002, julgado em 30/06/2004). (Grifos meus)
Depreende-se se então do referido julgado que o entendimento jurisprudencial é que cabe ao recorrente comprovar que não casou dano à recorrida. Sendo assim, o recorrente não demonstrou e nem comprovou durante todo o processo que NÃO casou dano à recorrida, lembrando que, a imagem da tabela de consulta do histórico, conforme introduzida no recurso inominado, não corrobora a falta de dano à recorrida.
Destarte, uma vez demonstrado o nexo de causalidade entre a conduta danosa do recorrente, que por defeitos relativos à prestação do serviço, veio a causar para a recorrida pela frustração de não poder receber ligações, bem como, a duplicidade de usuários da mesma linha, configuram, por si só o dano moral, consubstancia também o dano moral a forma com que o recorrente vem tratando a questão o que é uma afronta a dignidade da recorrida.
Sendo assim, importa o recorrente na responsabilidade civil da demanda, com fundamento no artigo 5º, inciso X da CF e nos artigos 186 c/c o artigo 927 do Código Civil e no artigo 6º, inciso VI do CDC.
Frisa-se mais uma vez que a manutenção da sentença é de suma importância uma vez que se visa o desestimulo do recorrente de continuar praticando condutas lesivas.
DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer que essa Egrégia Turma Recursal:
a) Que negue provimento ao recurso inominado interposto pela XXXXXXXX e que seja mantida a respeitável sentença do juiz de primeiro grau em todos os seus termos, como forma de inteira justiça, caráter inibitório de condutas lesivas e caráter também educativo.
b) Requer ainda, os honorários advocatícios em 20% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55 da lei 9099/95.
c) Que seja concedido a gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1.060/50 e art. 98 do CPC, haja vista que a recorrida não ter condições financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios.
d) Pela impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer imposta ao recorrente em 1ª instância, que consiste em devolver a linha à recorrida, que seja, então, convertida em indenização perdas e danos.
Termos em que,
pede deferimento.
Brasília, 24 de agosto de 201

Continue navegando