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TCC_Autismo_Função materna e paterna na constituição do sujeito

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INSTITUTO EDUCACIONAL SANTA CATARINA – IESC 
FACULDADE JANGADA 
PSICANÁLISE "O SUJEITO E SUAS FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO" 
GERMANA PEREIRA DE MORAIS 
 
 
 
 
 
Autismo: 
Função materna e paterna na constituição do sujeito, sob um olhar psicanalítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia - GO 
Maio, 2018. 
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GERMANA PEREIRA DE MORAIS 
 
 
 
 
 
Autismo: 
Função materna e paterna na constituição do sujeito, sob um olhar psicanalítico. 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
na Especialização › Psicanálise "O sujeito e 
suas formas de subjetivação") do Instituto 
Educacional Santa Catarina – IESC – 
Faculdade Jangada, como requisito parcial para 
obtenção do título de Especialista. 
Orientadoras: Ms. Márcia Marques L. O. Pires. 
e Esp. Ana Carolina Moreira Nogueira. 
 
 
 
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Resumo 
O presente trabalho tem como objetivo investigar a função materna e paterna na constituição 
do sujeito autista, sob o olhar da psicanálise, através de um levantamento bibliográfico. Sendo 
assim, buscou-se compreender como ocorre a constituição psíquica do sujeito, desenvolvendo 
sobre as funções e entendendo a particularidade dentro dos casos de autismo. É apresentado 
também a visão da psicanálise a respeito do autismo, mostrando que mesmo dentro desse 
referencial teórico não existe unanimidade sobre o assunto, finalizando com a atuação clínica 
dos psicanalistas com esses sujeitos. 
 
Palavras-chave: autismo; constituição do sujeito; psicanálise; clínica; função paterna; função 
materna. 
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INTRODUÇÃO 
Ribeiro (2007) ao fazer um apanhado histórico sobre o autismo, aponta que quem 
primeiro descreveu enquanto uma síndrome psiquiátrica especificamente relacionada à infância 
foi Kanner (1997[1943]), que a denominou “Autismo Infantil Precoce”. Esse tema sempre foi 
alvo de muitas discussões, pesquisas e debates em diversos campos de saber. 
Dentre as correntes de saber se encontram pesquisadores e autores que entendem o 
autismo como organicista, que postulam causas metabólicas ou genéticas para o que entendem 
como uma deficiência inata. Outra corrente entende o autismo como um déficit cognitivo ou de 
interação com o ambiente, esses teóricos propõem terapias comportamentais ou cognitivas 
como método de tratamento. Já os Psicanalistas entendem a criança autista como um sujeito, 
mesmo que não falem eles são afetados pelo campo da linguagem. Mas mesmo na Psicanálise 
ainda é um tema em aberto. 
Azevedo (2009) destaca que Kanner (1943), à partir de observações de 11 casos por ele 
estudados, notou que a principal característica da síndrome seria a incapacidade das crianças se 
relacionarem com pessoas e situações, isso desde o início da vida. Elas apresentavam olhar 
ausente, ausência de movimento de antecipação, indiferença à imagem no espelho, 
estereotipias, ecolalia e o que ele chamou de desejo ansiosamente obsessivo de manter a 
igualdade. 
Já em definições mais atuais o autismo infantil, como explica a mesma autora, é 
considerado um transtorno invasivo do desenvolvimento, que se apresenta antes dos três anos 
de idade. O diagnóstico é conferido à crianças que exibem comprometimento qualitativo à 
integração social recíproca e à comunicação, além de comportamento restrito, estereotipado e 
repetitivo. 
Rocha (2002) explana sobre a dificuldade que os autores têm ao definir o autismo, não se 
faz clara a diferenciação entre psicose e autismo. Para os psicanalistas lacanianos, que partem 
do princípio da concepção estrutural da subjetividade, existem discrepâncias no consenso do 
diagnostico diferencial entre a psicose infantil e o autismo. As conclusões são variadas, 
entendendo o autismo como estrutura é possível esquematizar três posições: os defensores da 
unidade estrutural; os que apontam o autismo como uma estrutura subjetiva diferente e os que 
o definem como uma a-estrutura. 
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A partir desse embasamento, o presente trabalho tem como objetivo expor como autismo 
é percebido através do olhar psicanalítico. Para isso optamos por discorrer em um primeiro 
momento sobre a constituição do sujeito, apontando a influência da função materna e da função 
paterna. Posteriormente apresentar como a psicanalise entende esse sujeito dentro da sua 
singularidade e por fim, apresentar como seria uma possível intervenção clínica. 
 
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1- CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: FUNÇÃO MATERNA E FUNÇÃO PATERNA 
Para conseguirmos aprofundar no objetivo deste trabalho e fornecer maior entendimento 
sobre o lugar do Autista dentro da Psicanálise Clínica, é necessário partirmos da compreensão 
da estrutura do sujeito. O conceito da constituição do sujeito criado por Lacan a partir dos 
pressupostos de Freud, são de grande importância para este avanço da compreensão de nosso 
tema. A Psicanálise quando diz da subjetivação do sujeito, nos revela o sujeito da linguagem, 
Freud e Lacan fundamentam que o sujeito é um ser social no qual se subjetiva através de um 
outro da mesma espécie que lhe transmita significantes. Pode-se dizer que o sujeito nasce como 
uma espécie de folha em branco, e para que esta folha seja escrita é necessário que outro faça 
por meio de significantes. É diante desses significantes que o bebê é marcado. (Pizutti, 2012) 
No manuseio da mãe, há a amamentação, o suprir das necessidades do bebê, as marcas 
vão sendo deixadas e a falta do objeto é construída. Desta forma através dos significantes da 
mãe o sujeito vai se subjetivando e as marcas vão sendo registradas pelo Outro. Para que haja 
a estruturação do sujeito é necessário ter a falta, pois o ato da provocação gera neste bebê a 
pulsão como representante do biológico, podendo ser aliviada por meio do outro (objeto). No 
primeiro momento existe um Outro, a mãe, e o desejo de satisfazer o bebê das suas necessidades 
de sobrevivência, construindo assim no sujeito, a sua demanda. Para Lacan (1999), a demanda 
desperta o desejo de que o filho seja aquilo que supõe a mãe desejar. 
Freud define a importância do Outro na constituição do aparelho psíquico. É por meio da 
relação com esse Outro que se inscreverão as primeiras marcas no aparelho. O ser humano é 
desamparado, não apenas por ser dependente de um outro pela dependência física, mas pela 
carência que todo ser tem de se constituir como sujeito, se fazer representar no campo da 
linguagem, do Outro. É necessário que um Outro interprete sua demanda, seu grito, e o 
transforme em mensagem. Um Outro que com suas próprias demandas dará sentido às primeiras 
manifestações da criança. É o Outro que introduz a criança no mundo do simbólico. É ele que 
possibilita que a criança ocupe um lugar no desejo e fantasia dele (Ribeiro, 2007). 
Neste entrelaço libidinal entre mãe e bebe são instauradas as zonas erógenas do filho. 
Esta mãe, como Outro de linguagem, vai significando e nomeando o sujeito, dando um lugar 
ao bebê e oportunizando ao bebe o início de sua constituição psíquica. Jerusalinsky (2009, p.9) 
diz que: 
A constituição do sujeito exige a inscrição de diferentes momentos lógicos que 
não estão garantidos pela passagem do tempo, por uma simples cronologia. No 
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entanto, continua sendo necessária uma diacronia para que se precipitem os 
efeitos de inscrição que constituirão o sujeito psíquico. É preciso o transcurso de 
um tempo para que as inscrições que neles se precipitam possam ser por ele 
postadas à prova por meio de uma experiência que o implique subjetivamente. 
 
A primeira experiência de satisfação marca o aparelho psíquico. E ele sempre busca essa 
primeira experiência, mesmo no decorrer da vida do indivíduo. O que motiva oaparelho 
psíquico a se manter em trabalho é essa busca pelo objeto perdido. O objeto que é encontrado 
nunca faz jus àquele primeiro, sempre marcado por tensão e conflito, pois o que é encontrado 
nunca corresponde à expectativa. Essa busca é marcada pela repetição, repetição de uma 
satisfação sempre procurada, mas inalcançável. Esse objeto não é o seio da mãe, não é a mãe, 
não é um objeto da realidade, mas as marcas que foram deixadas pelas experiências primeiras 
de satisfação na relação com o Outro. (Ribeiro, 2007) 
A mãe desta forma, investe e inscreve no corpo desse ser, fazendo mapeamento por meio 
de seus significantes. A estruturação psíquica desse sujeito só se dá a partir do momento em 
que é inscrito na linguagem. Através desse processo mãe-bebê que se é costurada as bordas do 
sujeito, borda essa, marcada pela função materna e que constrói o sujeito em suas 
representações, do que vivido por ele nas relações com a mãe e com o meio. 
Lacan ([1949],1998) em sua obra, diz sobre os dois momentos da constituição do sujeito 
no estádio do espelho. No primeiro momento, a alienação recíproca quando mãe-bebe são uno. 
No segundo momento, ocorre a separação, então o mesmo bebê se enxerga separado do corpo 
de sua mãe, podendo movimentar-se para outra coisa e nomeando outros objetos de satisfação. 
O estádio do espelho é um processo em que o sujeito se desloca do corpo da mãe e passa a 
reconhecer sua imagem diante do espelho. É, portanto, a partir deste processo de subjetivação 
do sujeito dado por Lacan que o sujeito conquista sua identidade e se introduz no Complexo de 
Édipo. 
Freud (1924) marca diferenças entre o processo edípico da menina e do menino. O 
complexo de castração é um momento crucial na constituição dos sujeitos gerando 
consequências distintas para meninos e meninas. O Édipo na menina se instaura no momento 
em que ela percebe a castração, e no menino é o medo da perda do pênis que leva ao final dele. 
Para Freud, o complexo de Édipo possibilita pensar a constituição do sujeito como a 
inscrição de um ser pulsional no campo da cultura, através da castração. Já para Lacan, essa 
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inscrição é entendida pelo campo da linguagem, representado inicialmente pela posição do 
Outro materno que nomeia, dando assim, sentido ao choro da criança. 
O menino terá então, no encerramento do Édipo, que abdicar da mãe como objeto de 
investimento libidinal e se identificar com o pai. A mãe, em ambos os sexos é o primeiro objeto 
de amor. Na constatação que sua mãe também é castrada, a menina se afasta e volta-se para o 
pai, na esperança de receber o falo negado pela mãe. Para a mulher adulta, a criança surge como 
um substituto do falo que lhe falta, a criança a proporciona satisfação e é posta como objeto 
especial de investimento libidinal. (Ribeiro, 2007) 
Lacan (1999[1957/58) chama de metáfora paterna o acesso à significação fálica que se 
dará a criança, e ela pertence à função do pai. Ele é o responsável por representar a lei da 
proibição e do incesto, sua função também é interditar a mãe. O pai seria uma metáfora, um 
significante que substitui outro significante. E o resultado dessa operação é a significação fálica. 
O Nome do Pai substitui o desejo materno. O desejo materno então fica barrado pelo Nome do 
Pai, que se inscreve no lugar do Outro, representante da lei. 
Essa lei instaurada pelo Nome do Pai é uma lei que a mãe também deve estar submetida, 
é a lei da castração, em que a mãe é privada de seu objeto e a criança é interditada ao gozo do 
Outro materno. Quando essa metáfora paterna fracassa e não há inscrição do Nome do Pai no 
Outro o que pode ocorrer é o desencadeamento de uma psicose. (Ribeiro, 2007) 
A foraclusão do Nome do Pai é o mecanismo que define a psicose como estrutura e a 
distingue da neurose. É a negação do significante Nome do Pai, esse significante restringe o 
simbólico aos limites do próprio simbólico, evitando os significantes de se desencadearem no 
real. (Ribeiro, 2007) 
Relacionado à psicose, podemos dizer que algo na trajetória normal da constituição 
psíquica não acontece. Quando a mãe não desvia seu olhar do bebê, não permitindo o corte, o 
sujeito entra na psicose. Esta estrutura acontece através da falta de inscrição no simbólico. Freud 
por intermédio do Complexo de Édipo, explica como se dá esse processo de subjetivação e faz 
entender que a não inscrição da Lei Paterna, o Nome-do-Pai, priva o filho do campo do 
simbólico. Desta forma o sujeito fica ligado a mãe e não consegue construir sua própria imagem 
e seu corpo torna-se um corpo sem bordas. (Pizutti, 2012) 
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Segundo Pizutti (2012), o psicótico não sai da relação objetal estabelecida no início de 
sua vida com a mãe, ele se aliena do seu desejo, vinculando-se ao desejo do Outro. O sujeito 
psicótico fica preso no olhar do espelho, não por se reconhecer nele, mas por ficar dentro dele, 
atrelado à imagem da mãe. Assim, ele não consegue construir sua própria imagem e ao não se 
reconhecer, também não reconhece o outro como semelhante. Desse modo não se instaura a Lei 
do Pai, como dito anteriormente. 
Ribeiro (2007) estabelece que é sabido, desde Freud e Lacan, que para a pessoa se 
constituir enquanto sujeito é necessário a presença de um Outro que lhe é precedente, não é 
algo que é simplesmente dado. Diferente de outras funções que são adquiridas por meio do 
desenvolvimento, do contato com um outro no meio ambiente, o simbólico não é uma aquisição, 
mas ele vem do lugar que o sujeito deverá advir. A presença e iniciativa do Outro para qualquer 
outro ser humano é vista como natural, para a criança autista é vista como intrusiva. Para o 
autista o olhar, a voz, qualquer demanda de um outro, a presença ou o desejo do Outro, pode 
ter consequências devastadoras. 
Para Strauss (1993) citado por Ribeiro (2007) “os autistas se apresentam assim como os 
sujeitos com menos latitude para se deslocar no mundo”. Falta nos autistas a metáfora paterna, 
consequentemente não possuem margem de manobra em relação à demanda do Outro. 
Lacan (1985[1964]) no Seminário 11 explana sobre a ideia do Outro. Ele é 
estruturalmente incompleto, mas se consolida mediante a elaboração do objeto a. Já para as 
crianças autistas esse Outro é completo, maciço e assim sendo intrusivo. Para eles a perda do 
objeto não se fez, comprometendo o registro da falta. O Outro materno deve estar atento às 
necessidades da criança, ela deve estar situada num lugar especial, sendo objeto de cuidados e 
de investimento libidinal. 
A função da mãe no complexo de Édipo, como falamos anteriormente, é associada aos 
cuidados básicos dedicados à criança em seus primeiros anos de vida. Através desses cuidados 
a mãe se tornará o primeiro objeto de amor da criança. Para Lacan, destaca-se nesse vinculo 
que é marcado por essas primeiras experiências de satisfação de necessidades, a importância da 
presença do campo da linguagem. Através dele que o grito da criança, por exemplo, adquira 
através da significação dada pela mãe, um significado. Assim, Lacan refere-se à mãe como 
Outro materno ou Outro primordial, considerando que a mãe ocupa primordialmente o lugar do 
grande Outro, A. 
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Segundo Lacan no Seminário 4 (1995), a relação mãe-criança deve ser considerada como 
uma relação ternária, pois conta com o falo como elemento terceiro. A respeito da criança 
refletir um desejo, ligado ao que o autor chama de a exigência do falo pela mãe, será em relação 
a esse desejo que a criança irá se estruturar. Assim, entendemos que o vínculo da mãe com seu 
filho depende desse investimento fálico, marcado pelo lugar que a criança ocupa na economia 
do desejo materno. 
Faria (2017), destaca a importância desseinvestimento materno, fazendo com que a 
função da mãe esteja ligada ao fato dos seus cuidados serem de um interesse particularizado. É 
essa particularização do interesse da mãe nos cuidados que ela dedica ao filho que faz do 
vínculo mãe-filho não apenas um vínculo fundamental, mas estruturante na medida de em que 
ele é único. Mesmo aqueles cuidados maternos que podem ser considerados universais, como 
os ligados a alimentação e higiene, só terão importância quando ocorrer essa particularização, 
onde cada criança será marcada por um lugar específico na economia do desejo da mãe. Só 
dessa maneira é possível à mãe supor as demandas, vontades, desejos e a própria capacidade de 
interpretá-los. 
Quando isso não ocorre, podemos falar da mãe de uma criança autista, que diante do 
balbucio do filho a mãe não consegue fazer essa interpretação, parecendo faltar a 
particularização do interesse da mãe, em que os comportamentos da criança não são tomados 
de sentido particular. Não se trata de uma rejeição, considerando que em alguns casos é possível 
que a própria se torne uma marca da particularização do interesse da mãe na relação estabelecida 
com a criança. A criança que “só atrapalha”, mostra que mesmo na aparente rejeição podem 
existir elementos simbólicos importantes na constituição do Outro como sede do desejo. Assim, 
temos que o investimento fálico não depende da existência de uma marca necessariamente 
positiva, como afirma Faria (2017). Se fazendo valer mais uma marca negativa do que a 
ausência de nenhuma marca. 
Na criança autista temos uma dificuldade em oferecer um lugar simbólico a criança, 
independentemente de ser positivo ou negativo, e de estabelecer com ela laços que irão 
depender desse simbólico. Uma característica que podemos encontrar nos pais das crianças 
autistas é a frieza no contato com os filhos. Apesar de não podermos restringir o autismo a essa 
característica, devemos levá-la em consideração ao ponderar uma certa dificuldade dos pais em 
fazer o acolhimento desejante de seus filhos. Dificuldade que pode ser revelada ao dar o nome 
à criança, preparar o enxoval e até mesmo na maneira de se relacionarem com a gravidez. Essas 
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dificuldades apontam uma dificuldade com o simbólico, associadas ao autismo podem ser 
evidências de um deslocamento entre esse lugar simbólico e a posição da criança que viria a ser 
acolhida. Por esse deslocamento que a mãe parece ser impedida de supor um sentido ao choro 
do bebê. 
No entanto esse lugar simbólico não depende unicamente da presença da mãe, da mesma 
maneira que esta presença não o garante. Dessa forma temos a importância em nomeá-lo grande 
Outro, A, indicando sua não redução à personagem materna. Como citado anteriormente os 
cuidados apesar de serem estruturantes, dão a criança um lugar de assujeitamento. Ou seja, para 
se ter qualquer satisfação, a criança irá depender de como seu balbucio é significado pelo Outro 
materno, fazendo com ela esteja assujeitada a vontade desse Outro. 
A autora faz uma distinção entre a neurose e a psicose, mostrando que a psicose irá se 
caracterizar pelo fracasso da metáfora paterna. A criança se encontra em uma posição de 
“saturar o modo de falta em que se especifica o desejo da mãe”. Ao citar Miller no texto “A 
criança entre a mulher e a mãe”, aponta que em relação a posição fálica, a criança deve ocupar 
um lugar no desejo materno, devendo o preencher até certa medida, não podendo ser 
excessivamente competente em fazê-lo. 
Com isso temos que a mãe deve manter-se, para além da relação com a criança, desejante, 
devendo possui um desejo endereçado a criança, mas também desejar além, o que Lacan irá 
chamar no Seminário 7 de desejo materno, ao mesmo tempo um investimento desejante na 
criança e a não saturação desse desejo. Quando a criança consegue dar conta de satisfazer 
totalmente esse desejo, ela se tornará uma espécie de “fetiche”, passando a ocupar, semelhante 
ao que ocorre na perversão, o lugar do objeto capaz de recobrir a falta. A mãe será 
suficientemente boa, quando também conseguir desejar enquanto mulher. 
Faria em “Constituição do sujeito e estrutura familiar” (2017) aponta que procurar na 
patologia materna a origem da saturação ou não saturação do desejo materno pela criança não 
é o caminho. Na clínica percebemos que a neurose materna não é necessariamente determinante 
de uma neurose na criança, a posição da criança de saturar o desejo da mãe, pode ocorrer 
independente da estrutura: neurótica, perversa ou psicótica. 
No primeiro tempo do Édipo, a criança está diante da onipotência do Outro materno, que 
não pode ser considerado se não uma ilusão de onipotência, ou seja, apesar da criança possuir 
essa ilusão não significa que o Outro é de fato onipotente, que sempre irá responder 
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adequadamente da mãe a todo choro do bebê. Essa resposta pode falhar, a mãe pode supor uma 
resposta e ser outra. 
O vínculo entre mãe e filho precisa ser sustentado. Quando falamos de crianças autistas 
notamos essas respostas como sendo “automáticas”, fazia o que precisava ser feito e pronto. 
Nessa situação em que o que a criança invoca na mãe é o vazio, o nada, o vínculo não se 
sustenta. Esse vazio aponta a dificuldade materna em fazer o acolhimento desejante da criança. 
Não se trata de um abandono dos cuidados da criança, nem no abandono da própria criança. 
Mesmo a mãe se referindo à criança como o vazio, o nada, ela não deixa de supor necessidades 
a serem satisfeitas. (Faria, 2017) 
O que sobressalta não é a falta de cuidados, mas os cuidados serem reduzidos à pura 
satisfação das necessidades, como se essa criança também fosse reduzida ao ser de necessidade 
e é assim que ocorre o vínculo com o Outro materno. Por isso que é comum a preferência por 
tratamentos baseados em treinamentos, condicionamentos que se adequam a esse lugar de ser 
de necessidade, assim a criança passa a ter a necessidade de ser treinada. O que se distancia da 
atuação psicanalítica, que busca algo que desloque a criança autista dessa posição, que também 
pode trazer aos pais uma dificuldade de suportar o tratamento psicanalítico. 
Ao considerarmos a particularização do interesse da mãe pela criança, se deve pensar para 
um mais além da suposição, da criança como um ser da necessidade. Nesse mais além 
encontraríamos a suposição, na criança, de um ser de demanda. Uma das principais 
características das crianças autistas é a ausência do apelo, crianças que não possuem atitudes 
antecipatórias, que não esboçam sinais de interesse. 
A passagem do campo da necessidade ao da demanda, faz com que essa demanda 
implique o Outro. A suposição, na criança, de um ser de demanda é um dos passos no sentido 
da articulação de uma lógica, sustentada pela particularização do interesse da mãe pela criança, 
da qual depende o primeiro tempo da constituição subjetiva. Porém essas considerações a 
respeito da existência de uma suposição na criança, que daria corpo à posição do Outro, não 
pode ser pontuada como uma culpa. Não se pode confundir a responsabilidade que cabe a mãe 
nessa posição com a culpabilização da mãe, que sugere uma intencionalidade inesperada nessa 
situação. (Faria, 2017) 
Ao retomar a função do pai no Complexo de Édipo, em Freud, o pai aparece de maneira 
tardia no Édipo, já no momento de sua resolução. Sendo para o menino figura de identificação 
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e para a menina, o portador do falo desejado. Lacan irá fazer a articulação da função do pai com 
o complexo de castração, dando-lhe, enquanto função simbólica, o lugar central no complexo 
de Édipo. Para ele a presença do pai no ambiente familiar não pressupõe necessariamente, uma 
função operante, como a insuficiência simbólicado pai não tem, necessariamente, relação com 
sua ausência na família. 
Faria (2017) ressalta que ao pai cabe ordenar o desejo materno, o localizando em relação 
à lei. Dessa forma a função do pai é unir (e não opor) um desejo a lei, ou seja, a interdição 
paterna não é a proibição do desejo comunicada pelo pai, mas efeito da articulação do desejo à 
lei, considerando esse desejo materno como demonstra a teoria do Édipo. Compete ao pai fazer 
a ordenação do desejo, vetorizando-o no sentido da lei. 
A entrada do pai enquanto função simbólica, depende da possibilidade de abertura a um 
terceiro, de uma mediação. O pai é presença no desejo e no discurso materno antes mesmo que 
possa ser comprovada sua entrada na logica edípica, sua entrada não pode ser articulada 
cronologicamente no desenvolvimento da criança. 
A possibilidade de abertura a um terceiro, denominaremos de entrada potencial do pai. 
Em relação a esta, a articulação nos leva a distinção entre a suposição de um ser de demanda 
ou um ser de desejo. Na criança em que recai a suposição de ser de demanda, a entrada de um 
terceiro fica comprometida, devido ao não assujeitamento da mãe a uma exterioridade que 
subordina sua relação com a criança. Nessa situação a lei aparece como a materna, e a mãe é 
onipotente no funcionamento dessa lei, mesmo havendo presença potencial do pai, a entrada 
potencial irá ficar prejudicada. 
Na suposição da criança como um ser de desejo encontramos a possibilidade da entrada 
potencial do pai, no campo do Outro, indicando que essa relação se encontra mediada por uma 
alteridade à qual a mãe também é assujeitada. Para o desejo da mãe atingir o mais além, precisa 
de uma mediação, que é dada pela posição do pai na ordem simbólica. Consideramos então, 
que a articulação da função paterna enquanto função simbólica não depende de nenhuma 
característica específica do pai. Depende, fundamentalmente, do lugar da lei na singularidade 
do vínculo de cada mãe com cada criança. Assim, a entrada potencial do pai depende, do 
assujeitamento materno a uma alteridade na relação com a criança, sendo condição para a 
instauração da metáfora paterna. 
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Faria (2017) menciona a versão do pai como as características, da paternidade 
concretamente exercida por um pai, que fornecem a função os contornos que a sustentarão. Essa 
versão irá contemplar a posteriori, as variadas configurações concretas de um pai, que é um 
reordenamento, uma re-significação, pela criança, dos elementos que são para ela a presença 
potencial do pai. Na reordenação dos elementos que marcam a presença potencial do pai é 
necessário que se dê importância à maneira como cada pai se coloca enquanto um pai, para uma 
criança. 
É de importância salientarmos sobre as configurações de família quando nos referimos a 
"mãe" e "pai" no decorrer do trabalho. Faria (2017), discorre sobre as funções paternas e 
maternas, esclarecendo que não necessariamente se trata do pai e da mãe, mostrando a 
possibilidade das novas configurações de familiares. Essas funções desempenham papel 
fundamental na constituição do sujeito. 
 
2- COMPREENSÃO PSICANALÍTICA SOBRE O AUTISMO 
Ribeiro (2007) explana que diferente da criança dita normal, a criança autista surpreende 
por ir na contramão dos comportamentos esperados. Elas recusam a alimentação, não se 
interessam por ser tomadas no colo, se apresentam desinteressadas em estabelecer laços sociais, 
pois se rejeitam a falar ou até mesmo ignoram completamente a presença de outros. 
 Jerusalinsky (2010) apreende que é possível existir casos em que os autistas são 
acometidos por transtornos genéticos, mas não se deve afirmar que todo caso de autismo é 
genético. Ele compreende ainda que mediante a precocidade do início do tratamento 
psicanalítico com crianças autistas a probabilidade de cura é real. O primeiro passo do 
tratamento demanda do analista uma identificação literal do automatismo do autista. Não para 
recompor uma identidade perdida, mas para do interior dela adquirir uma chance de quebrá-
la. 
Koerbivcher (2010) diz que o termo autismo é questionável sob o campo da psicanálise 
Lacaniana, principalmente quando se trata da questão estrutural do indivíduo. Aos olhos de 
Jonas de Oliveira Boni (2017), citado pela autora: “o estado autístico pode ser considerado 
como um conjunto de reações severas para o sujeito psicótico, não havendo a necessidade de 
supô-lo como uma quarta estrutura ou um quadro crônico e irreversível do sujeito.” 
De acordo com o autor, no que se refere a posição médica frente ao diagnóstico, são 
necessárias três categorias para enquadrar-se no quadro autístico, são eles: a perda acentuada 
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de interação social; inabilidade de comunicação e padrões de linguagem, comportamento e 
motor restritos, repetitivos e estereotipados, segundo os critérios estabelecidos no DSM-IV 
(Boni 2017). 
Koerbivcher (2010) ao citar Tustin (1990) relata que nos estados de trabalhos com 
crianças autistas e a relação mãe-bebê, o que predomina são as manifestações em nível 
protomental, onde físico e mental não se discriminam, ou seja, ainda estão inseparados e 
indiferenciados. 
Eu chego a pensar neste ponto que a consciência da separação corporal é o amago de 
toda a existência humana e por diversas razões algumas pessoas experimentam isto de 
forma mais drástica do que outras. A maneira como vão lidar com esta consciência 
parece afetar o desenvolvimento de toda a personalidade. A hipótese que levanto diz 
respeito ao que chamei de estados de consciência. Desde o nascimento há flutuações de 
estados de consciência, que são a base para os estados de mente através da vida. 
Algumas mães e bebês se mantem num estado de indiferenciação, e se nesta 
circunstância a separação for abrupta, aquele bebê vai sofrer do que denominei de agonia 
de consciência (Tustin, 1990, p.217-24 citado por Koerbivcher, 2010). 
 
Para a autora acima uma parte da mente se recusa a nascer (protomental), como se ficasse 
encapsulada no espaço do corpo da mãe. Há variações na organização de cada psiquismo 
quando falamos da separação corporal, cada indivíduo é capaz de tolerar esta separação de 
formas e possibilidades diferentes. Em algumas situações pessoas com configurações mentais 
primitivas vivenciariam a experiência da separação não como a ausência do objeto, e sim como 
se uma parte do seu próprio corpo tivesse sido arrancada, trazendo com isso uma experiência 
de vazio, buracos internos, aniquilamento. 
Tustin ainda diz que indivíduos nestes estados constroem para si uma “concha protetora” 
na qual refugiam-se, voltando-se para si próprio, procurando bastar-se com isso. Protegendo-se 
desta forma, do estado horrorizante que nele é desencadeado por vivencias não integradas de 
grande vulnerabilidade. As relações entre “eu” e “não-eu”, neste âmbito, acontecem por meio 
de “objetos-sensação” – “formas autísticas” e “objetos autísticos” (1980,1984). Isso pode 
significar uma forma de tampar este buraco originado pela falta do objeto concreto. Os objetos 
autísticos concedem um lugar de uma experiência sensorial de dureza e de bordas, como uma 
armadura, proporcionando um sentimento para o sujeito de proteção contra um pavor que não 
tem nome (Citado por Koerbivcher,2010). 
17 
 
 
 
Ribeiro (2014) diz que para a Psicanálise as causalidades do autismo estão presentes 
através da palavra, que o faz emergir como protagonista de um texto que conta a história de sua 
vida, e o objeto, este que nunca existiu, mas que condensa toda a nostalgia da suposta 
completude com a mãe, é o objeto que causa o seu desejo. Quanto ao objeto, a autora, afirma 
que é ele próprio, o sujeito autista, que ocupa o lugar de objeto daqueles que,do lugar do Outro, 
dele se ocupam e dele cuidam. 
Lacan (1976, p.45), refere-se ao autista como sujeito que possui dificuldades para dizer 
algumas palavras, havendo desta forma uma perturbação clara na relação sujeito e linguagem. 
Em sua Conferência de Genebra sobre Sintoma (1974/1988), relata que autistas não podem 
escutar aqueles que deles cuidam. Pontuando que para os autistas os cuidados corporais, os 
quais são necessários diariamente para todo sujeito, são extremamente invasivos para eles. 
Através de uma experiência do psicólogo Henri Wallon, Lacan (1966/1988), mostra o 
reconhecimento da criança no espelho. Onde podemos dizer que é através de nossas ações 
psíquicas que nós reconhecemos na imagem de nosso corpo. Para que este reconhecimento se 
dê a criança busca a confirmação no Outro, ou seja, o adulto que a sustenta frente ao espelho. 
Sem a palavra do Outro, não haverá o reconhecimento no espelho, ou seja, o EU não irá se 
constituir. Esta situação pode ser observada em crianças autistas nas quais não se reconhecem 
no espelho. 
“São simplesmente pessoas para as quais o peso da palavra é muito sério e não estão 
facilmente dispostas a estar à vontade com essas palavras” diz Lacan (1976, p.45-46) referindo-
se aos autistas nas Conferências Americanas. Foi chamado por Lacan de la língua, a língua 
materna, esta é a primeira linguagem que o sujeito recebe. Enfatizando que esta linguagem não 
é aprendida pela criança, é recebida. Nos primeiros momentos de vida, o bebê recebe sem 
compreensão ou desaprovação a la língua que vem da mãe. É possível dizer que é na relação 
com este Outro da la língua que algo é impedido na criança autista de receber os significantes 
da língua como um dom de amor materno, tornando as palavras algo tão ponderoso. 
Alfredo Jerusalinsky (2015), aponta que em todos os casos de autismo há um ponto em 
comum, que é a quebra ou descontinuidade no reconhecimento recíproco entre filho e mãe (ou 
cuidadora do sujeito). Para o autor o autismo é uma quarta estrutura dentro das três já 
reconhecidas. Nas neuroses a relação com o outro é desejada, mas conflitiva, nas Perversões a 
relação é de usufruto do outro, nas Psicoses a relação com o outro é temida, confusa, invasiva, 
18 
 
 
 
incompreensível, distorcida, seus símbolos são absolutos e os únicos válidos, e, no entanto, o 
Autista não possui representação do outro e por isso rechaça sua relação com ele, sendo que, 
quando essa relação acontece, ela é episódica, fugaz, descontextualizada, mínima, espasmódica, 
de nenhuma ou escassa extensão imaginária e de nula extensão simbólica. 
 
3- O AUTISMO E A CLÍNICA 
Freud (1912) postula que na Psicanálise o analista deve trabalhar cada caso como se fosse 
o primeiro, em sua singularidade. É preciso se reinventar em cada caso. Na clínica com autistas 
não deve ser diferente, pois crianças autistas convocam o analista a esse lugar, um lugar 
enigmático. Elas não falam, não endereçam ao outro nenhum apelo ou demanda, elas estão ali 
mas como se não estivessem. 
Não podemos nos esquecer de que nada do que diz respeito ao comportamento do 
ser humano como sujeito, e ao que quer que seja no qual ele se realize, no qual 
simplesmente ele é, não pode escapar de ser submetido às leis da fala. (Lacan, 
1985[1955/56], p.100). 
 
As estereotipias típicas do autista como: abrir e fechar portas, ligar e desligar a luz, 
movimentos repetidos do corpo, bater ritmadamente em objetos, para Baio e Kusniereck (1993), 
seriam consideradas um trabalho que esses infantes realizam para evitar e barrar a intrusão do 
Outro. Então, diferente do que se pensa que o autismo é um lugar onde nenhuma elaboração é 
exercida, essas estereotipias então seriam uma tentativa de adentrar a diferença, escansões num 
real indiferenciado. (Ribeiro, 2007) 
Freud em 1895 define o trabalho psíquico como um trabalho de ligação. O aparelho 
psíquico busca manter a tensão o mais baixo possível e evitar o desprazer. Ribeiro (2007) 
pondera que as crianças autistas também realizam um trabalho, numa tentativa de saída do 
objeto, no sentido de furar o Outro maciço, no próprio corpo. Os alimentos, que também são 
objetos demandados pelo Outro, são tratados de forma especial, a criança só come depois de 
realizar uma série de rituais previamente definidos por ela, os alimentos devem ser servidos 
numa determinada ordem e sequência, cortados e picados de uma maneira especial. 
A repetição, que é vista com prazer pelos neuróticos, é para os autistas um excesso que 
não conseguem escapar. Para essas crianças o prazer só ocorre quando elas começam a construir 
recursos para se subtrair desse excesso. Elas estão sempre tentando advir como sujeitos, num 
19 
 
 
 
trabalho de escapar desse Outro, dessa intrusão. Uma possível alternativa de tratamento seria 
pensar na particularidade de cada caso, entender qual a lógica que cada criança usa para se fazer 
sujeito, e entendendo essa lógica o analista vai poder se incluir nesse trabalho. (Ribeiro, 2007) 
Na clínica com autistas o analista tem que fazer uma aposta, a de que o sujeito pode surgir 
e se comprometer no trabalho de barrar o gozo do Outro e se lançar como sujeito. O trabalho 
com os pais não assume lugar de orientação, mas de trabalhar o lugar que a criança, ou o 
sintoma, ocupa para eles. Essa escuta produz efeito de separação, vai além das funções de pai 
e mãe, ideais, vai além do sentimento de fracasso, pode também gerar efeitos na criança, a 
fazendo mudar de posição. 
Se há um trabalho então existe a chance de que alguém – um analista – se inclua na 
atividade que o autista já realiza de tentar tornar-se sujeito. O analista deve permitir à criança 
modos de produzir-se sujeito, deve ser um parceiro nesse trabalho. Pois elas estão em constante 
tentativa de emersão da posição de objeto de gozo do Outro para surgirem como sujeitos. 
(Ribeiro, 2007) 
O Outro deve acreditar que existe uma convocação dirigida a ele nas manifestações 
iniciais da criança, é necessário que o Outro também dirija à criança uma demanda 
singularmente endereçada. A autora realça a relevância de uma transmissão, não apenas dos 
cuidados para satisfação de necessidades, mas de um desejo que não seja anônimo à 
constituição do sujeito. 
Para Ribeiro (2007) o autismo está atrelado ao campo da psicose, pois o que está presente 
é a não-inscrição do Nome do Pai. Na mãe da criança autista não impera a falta do desejo, mas 
sim um desejo anônimo. O autismo não se trata de um estado de isolamento, onde nenhuma 
elaboração seria efetivada, pelo contrário, o comportamento segue uma lógica de extremo rigor. 
Por não serem inscritas na Lei e no lugar do Outro as crianças autistas trabalham para simbolizar 
a perda do objeto e barrar o Outro que é desregulado e sem lei. 
Na clínica constatamos a importância da inserção da linguagem, de um Outro que atribua 
sentido as demandas das crianças. Para Tanaka (2017) as intervenções que produzem efeito 
apontam para a incidência da linguagem sobre a criança e mostram a importância dos pais de 
sustentarem esse lugar. É imprescindível que se ouse falar, que se atreva a supor essa demanda. 
20 
 
 
 
Segundo Nominé, citado por Steinberg (2017), o problema do autista é que a sua borda 
pulsional não funciona. Dessa maneira, na falta da borda pulsional, o sujeito autista reduz todo 
o seu ser à encarnação do corpo metáfora do gozo do Outro. Assim "o sujeito gozaria do Outro 
na própria posição em que ele mesmo se faz objeto de gozo desse Outro". Para a autora o autista 
não tem corpo, pois para tal supõem que seja aceita a inscrição do ser na metáfora proposta do 
Outro, ou seja, o autista não possui corpo porque não está envolvido ao Outro. Por nãose 
enlaçar nesse Outro o corpo sofre as consequências. 
A questão para o analista é como dirigir o tratamento se o autista não está com o Outro, 
como se tornar esse Outro menos invasivo e ameaçador. Por isso a importância de saber o que 
os angustiam e caso a caso criar as intervenções necessárias. 
Azevedo (2009) interroga o leitor sobre o que o analista pode fazer diante de um sujeito 
insconstituído que está inteiramente no indiferenciado, por outra forma, como é possível ao 
analista ter um lugar frente ao autista. A autora utiliza do texto de Lacan (1953) A direção do 
tratamento para elucidar esse lugar, tentando que alguma alteridade possa se constituir ali onde 
então tudo era indiferenciado. Nesse texto Lacan introduz três conceitos: tática, estratégia e 
política. 
Na tática o analista noticia a tentativa da criança em significar o real. Na estratégia o 
analista vem ocupar para o sujeito o lugar de Outro na transferência, e é desse lugar que o 
analista deve operar. É nessa hora que a demanda ocorre, um olhar, uma fala, pois está desviada 
do sujeito. É na transferência que o analista possibilita ao sujeito esvaziar-se do Outro. E ligado 
a isso vem a política, que é o analista nada desejar, demandar ou compreender. Não se trata de 
um desejo de ser do analista, não é um desejo pessoal, e nem um desejo dirigido ao paciente, 
de querer sua felicidade ou infelicidade. 
Celia Korbivcher (2010) ao citar Bion (1965), diz que o campo de trabalho do analista 
em que Bion sugere, remete-se ao "aprendizado com a experiência emocional" compartilhada 
pela dupla analítica na sessão, e a teoria das transformações é sugerida como um vértice de 
observações de fenômenos neste campo, permitindo ao analista discriminar em face de que tipo 
de transformações da vivência emocional ele se situa. 
Koerbivcher (2010, p.66) ainda diz 
Adotando esse vértice, o analista passa a incluir na sua observação a distorção intrínseca 
ao ato de observar, posto que a ferramenta de que dispõe para o trabalho é a sua própria 
21 
 
 
 
mente, sujeita a movimentos psíquicos equivalentes aos de seu cliente. É a partir do 
contato com esses movimentos que o analista formula a sua versão da experiência 
emocional em curso. 
 
Assim, é abandonada a sua configuração de autoridade, de um dono do saber, com 
capacidade de visualizar a totalidade do fenômeno mental. 
A atmosfera vivenciada pelo analisa na esfera autística é a de "ausência de vida afetiva", 
segundo Koerbivcher (2010), levando a sua mente a um alto nível de angústia e revelando uma 
tendência à evasão, o que obstaculariza a ele manter-se em contato com a situação e poder 
comunicar com o paciente. A autora ainda diz que essas vivências requerem certa disciplina de 
constante auto-observação, deixando sua mente disponível, presente e operante na situação. 
Frances Tustin (1986), citado por Koerbivcher diz que ao vivenciar a experiência de 
isolamento de seus pacientes autistas, sujeitos completamente recolhidos em seu próprio 
mundo, observou que muitas das vezes eles se agarravam a "objetos duros" e a "objetos 
macios". Desta forma levantou uma hipótese de que a sensação tátil representada pelos objetos 
duros era relacionada a uma experiencia sensorial de dureza e de contato com bordas, 
associando essa situação a uma busca de vivência de alguma coesão corporal. Tustin diz: "o 
contato com os objetos duros resulta numa experiência sensorial de uma 'armadura', propiciando 
um sentimento de proteção contra um pavor inominável". Já quando é falado sobre os objetos 
macios, ou como denominou a autora "formas autísticas" foi vinculado a impressões sensoriais 
deixadas por um objeto ou substâncias corporais que, ao tocarem a superfície da pele, propiciam 
experiências reconfortantes e calmantes. Embasado nas observações, Tustin realça que as 
relações de objeto no âmbito dos estados autísticos acontecem de um modo particular, ou seja, 
acontecem através das sensações que os objetos e formas autísticas produzem no sujeito, e não 
a partir das fantasias ou significados que eles provocam. 
Ainda seguindo os pensamentos de Koerbivcher (2010), a autora relata seu interesse em 
investigar o modo específico dentro da clínica, em que alguns pacientes, especialmente 
sensíveis à experiência de separação corporal entre Self e objeto, organizam-se psiquicamente. 
Para ela cada paciente, indiferente de seu grau de comprometimento, organiza-se dentro de um 
sistema defensivo próprio, de acordo com sua maior ou menor possibilidade de tolerar a dor 
mental. A autora cita Mitrani (2001), e diz: "quando é extrema, o paciente irá utilizar proteções 
22 
 
 
 
igualmente extremas, como um meio de evitar vivências insuportáveis de não integração." E 
enfatiza: 
O trabalho de análise com pacientes que operam em áreas em que 
prevalecem fenômenos autísticos tem constituído um desafio constante 
para mim, devido à enorme complexidade que esses fenômenos 
encerram. O descompasso que se cria entre o funcionamento da mente do 
analista e a mente do analisando é um dos principais fatores responsáveis 
por esse desafio (Koerbivcher, 2010, p108). 
 
Desta forma colocamos a necessidade clara da participação do analista dedicando-se ao 
bem-estar do sujeito autista; é o analista que pode escutar este sujeito que não fala, mas assim 
como todo sujeito, habita a linguagem. (Maria Anita Ribeiro, 2014). 
Assim como a clínica com autista possui suas singularidades, a clínica psicanalítica com 
crianças se apresenta com particularidades. Desde o início, a demanda do tratamento é 
apresentada inicialmente pelos pais, são eles que procuram, pedem ajuda e levam a queixa. A 
presença deles define a maneira como o psicanalista irá atuar, pois da mesma maneira em que 
irá cobrar uma intervenção do profissional, seja diminuindo a presença nas sessões, reduzindo 
o número de entrevistas, o manejo marcará e irá influenciar na transferência dos pais com o 
psicanalista que interferirá na análise da própria criança (Faria, 2016) 
O manejo e as intervenções que o psicanalista realizar também influencia nas condições 
para o acontecimento da análise. Para isso se faz necessário as entrevistas preliminares, um 
primeiro momento em que o profissional avaliará as circunstâncias necessárias para o 
acompanhamento analítico. Quando se trata da clínica com crianças, esse momento se faz ainda 
mais necessário, pois será nessa oportunidade que o psicanalista poderá observar se a queixa 
dos pais seria o suficiente para iniciar um processo analítico com essa criança. 
Uma análise não pode ser feita por que alguém deseja isso no lugar do suposto analisando. 
Por isso na clínica com crianças se faz necessário uma reflexão pois essa criança será levada 
por um terceiro, por isso pensar no lugar desses pais nas análises dos seus filhos e do manejo 
com a presença deles. 
As entrevistas preliminares irão auxiliar para evitar essa “análise por encomenda”, como 
diz Freud (1920), orientada pelas demandas, interesses e expectativas dos pais. Esse período 
inicial oferecerá ao psicanalisa uma avaliação das condições necessárias ao início da análise e 
23 
 
 
 
o manejo que o psicanalista deverá ter com a criança e os pais. As entrevistas também irão 
auxiliar na discussão dos efeitos do triangulo pai-mãe-criança e como realizar o manejo da 
presença desses pais levando em conta as particularidades dos laços constituintes desse 
triangulo (Faria, 2016). 
A diferenciação entre o sintoma da criança e o sintoma na criança é necessário para 
manter uma escuta da criança orientada na noção de que o sintoma é da criança e se refere a sua 
própria posição de sujeito. Também pode ser um auxílio para observar que a presença dademanda dos pais nas entrevistas, será um fator dificultador para o analista manter essa escuta 
orientada para a criança e seu sintoma. Porém é um recurso para o psicanalista dar o lugar 
necessário à queixa dos pais que remete à posição e ao sofrimento de cada um deles, diminuído 
a possibilidade de uma análise por encomenda. 
Alguns psicanalistas utilizam como recurso, para diminuir o risco de um desvio no qual 
as demandas dos pais dificultem a escuta da criança, a manutenção desses pais fora do 
tratamento, sendo uma maneira de preservar uma escuta da criança, tornando mais clara a 
diferenciação do lugar que a criança ocupa na estrutura e sua posição enquanto sujeito. 
Diminuindo a possibilidade de confundir a criança em análise com aquela presente na fala dos 
pais. 
Porém esse manejo apresenta suas consequências. O efeito dessa exclusão dos pais se 
apresentará naquilo que não será escutado da posição de cada um, o que causará interferências 
denominadas como resistências. Seja não pagando as sessões, não levando as crianças ou 
abandonando o tratamento. Isso poderá acontecer quando a transferência dos pais não encontra 
no manejo do psicanalista um ponto de sustentação. 
Uma alternativa seria encaminhar esses pais a uma análise pessoal, porém nem sempre é 
bem-sucedida, muitas vezes os pais insistem em endereçar as demandas ao analista do filho, já 
que os sintomas destes se apresentam alienados no sintoma da criança. Por tanto se percebe 
uma diferença entre encaminhar para uma análise e oferecer uma escuta, o que irá gerar efeitos 
diversos na transferência dos pais. A análise dos pais, não exclui a necessidade de falar sobre o 
sintoma na criança (Faria, 2016). 
É importante escutar esses pais, para o desenrolar da própria analise da criança, através 
dos relatos de certas situações será possível desenrolar alguns nós que possam estar emperrando 
o andamento. Quando não ocorre essa escuta, não só perde a possibilidade de desenrolar algum 
24 
 
 
 
impasse, como ocorre o risco de que o trabalho com a criança se transforme numa resposta para 
uma demanda de cura que é dos pais. 
A escuta também possibilita situar como pai e mãe lidam com o sintoma do qual se 
queixam e de que é dos seus próprios sofrimentos e das suas próprias posições que eles falam. 
Quando consideramos que os pais servem de suporte às funções e aos lugares de que depende 
a constituição psíquica da criança, podemos esperar que a escuta desses pais, também irá ter 
efeitos sobre toda a estrutura, que poderão ser notados tanto pela criança, quanto pelos pais. 
Assim, o nó que une pais e crianças através do sintoma na criança poderá se desatar, e a 
questão, antes alienada, irá retornar para o sujeito que a traz. A criança também irá perceber os 
efeitos na sua análise que poderá seguir, considerando que o psicanalista ficará com a escuta 
livre das interferências dos pais e da procura constante que acarretam em interrupções causadas 
pelas demandas desses pais dirigidas ao analista. Que poderão ser abordadas por outra maneira, 
na qual eles também se sentirão envolvidos. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de realizar um esclarecimento sobre a função 
materna e paterna na constituição do sujeito autista, baseado na abordagem psicanalítica. Foram 
destacados a importância da subjetivação do sujeito e as inscrições das marcas registradas de 
um Outro na constituição deste sujeito (sujeito este que está inscrito no campo linguagem), a 
constituição deste sujeito enquanto autista e, também, o manuseio deste, na clínica psicanalítica. 
Para realizar o trabalho, foram necessários diversos estudos e revisões bibliográficas em 
textos que abordam este tema, para assim, identificarmos os principais conceitos apresentados 
pela psicanálise. Foi visto desta forma que ainda há muito que se trabalhar dentro das diversas 
definições e formas de tratamento que o Autismo nos mostra. 
Os psicanalistas lacanianos se encontram divididos com relação ao que pensam, 
psicanaliticamente, sobre o sujeito autista. Alguns acreditam que o autismo está integrado na 
chamada “clínica diferencial das psicoses”, também composta pela esquizofrenia e pela 
paranoia, cuja linha divisora metapsicológica seria a forclusão do Nome-do-pai. Para Sauvagnat 
(2005), a ecolalia diferida (ou tardia) do autista tem a mesma estrutura de linguagem que a 
alucinação auditiva psicótica. Levando-o a afirmar que autismo e psicose não são diferentes. 
Segundo outros autores, como Rosine et Robert Lefort (1980), o autismo é tido como uma 
25 
 
 
 
quarta estrutura, ao lado das outras três enunciadas por Freud: neurose, psicose e perversão. 
Existem, ainda, os que consideram o autismo como a expressão clínica de um impasse, o mais 
precoce, na estruturação subjetiva (Catão, 2011). 
O que podemos concluir é que diante tantas hipóteses, diagnósticos, curas, entre outros, 
este trabalho nos resultou apenas em uma reflexão inicial sobre o uso e potencialidade da 
psicanálise como referencial teórico para a compreensão do autismo. É de grande valia destacar 
que no tratamento do autismo há um sujeito a ser escutado em seu modo particular de 
funcionamento, sujeito este que antecede o sujeito do inconsciente. O psicanalista nesta árdua 
tarefa é aquele que se oferece como um Outro que escuta a criança autista com suas meias 
palavras, meias ecolalias, sendo um “secretário” das invenções desta criança e o auxiliando na 
constituição da voz enquanto objeto pulsional, ou seja, na constituição de uma voz que lhe seja 
própria. 
 
26 
 
 
 
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