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GE - Atendimento Psicopedagógico_03

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UNIDADE III
GUIA DE ESTUDO
Atendimento Psicopedagógico
1
A DESCRIÇÃO E EXPLICAÇÃO A-HISTÓRICA E A DESCRIÇÃO E EXPLICAÇÃO HISTÓRICA
PALAvRAS DO PROfESSOR
Querido (a) aluno (a), pronto pra dar continuidade aos seus estudos nesta terceira unidade? Espero que 
sim! Agora você vai se debruçar no mundo do dito e do não-dito, no mundo da consciência e no mundo 
inconsciente. A psicopedagogia é uma área que recebe influência de muitas perspectivas de homem e 
campos de estudo. Mas como você já sabe, a Psicopedagogia brasileira recebeu muita influência da esco-
la argentina e consequentemente da francesa. Sabe o que isso significa? Que a Psicopedagogia brasileira 
tem muito como base o pensamento psicanalítico. Espero que goste do que irá encontrar nesta unidade!
Orientações da Disciplina
Como você já viu, nesta unidade, temos como objetivo introduzir você no discurso da psicanálise. Isso é 
fundamental para que você possa compreender com maior propriedade os sintomas e sua dinâmica, para 
auxiliar mais adequadamente o paciente. Assim, abordaremos aqui como se constitui o aparelho psíquico 
na psicanálise, conceito de inconsciente e como esse se expressa no comportamento humano e como se 
dá a escuta do discurso do sujeito, incluindo a família. Isso tudo será apenas uma introdução para a com-
preensão da descrição e explicação a-histórica e a explicação e descrição histórica do sintoma.
No decorrer deste nosso encontro, como você já deve estar acostumado (a) irei sugerir vídeos, livros e 
artigos a fim de enriquecer e complementar seus estudos. Vamos começar?
O APARELHO PSÍQUICO NA PSICANÁLISE
Sigmund Freud (1856-1939), um médico neurologista austríaco que se dedicava ao estudo da histeria, em 
uma viagem a França, teve contato com Jean-Martin Charcot (1825-1893), médico francês que realizava 
pesquisas com a hipnose em pacientes histéricas. Assim, Freud também começou a se dedicar a pesqui-
sa da hipnose como alternativa para o tratamento da histeria. Com o aprofundamento de seus estudos, 
criou a Psicanálise, que compreende que o comportamento humano é regido por desejos inconscientes. 
Assim, para Freud, nada acontece por acaso, há um motivo para cada pensamento, sentimento e para 
cada comportamento humano, contudo, em maior parte sem que o homem se dê conta do porquê de tais 
sentimentos ou ações, ou seja, inconscientes.
Sigmund Freud
Fonte: http://sereduc.com/82Di5p
Jean-Martin Charcot
Fonte: http://sereduc.com/6ze8LM
http://sereduc.com/82Di5p
http://sereduc.com/6ze8LM
2
Na tentativa de explicar a organização e a dinâmica do aparelho psíquico, Freud elaborou duas teorias 
sobre o tema, a primeira tópica e a segunda tópica.
Primeira Tópica do Aparelho Psíquico
Freud comparou o aparelho psíquico como um iceberg, dividido em 3 partes, a saber: o inconsciente, o 
pré-consciente e o consciente, que descreverei brevemente abaixo:
•	 Inconsciente: Esta é a maior instância do aparelho psíquico, justamente a parte que é submersa, 
que não é visível. Isso porque as forças inconscientes nesta instância não são nomeadas, significadas. 
É no inconsciente que ficam armazenados todo o material que foi excluído da consciência, censurado 
e reprimido, contudo, em forma de imagens. 
Segundo Freud, o inconsciente é atemporal, portanto e é nele que estão os principais aspectos deter-
minantes da personalidade, como também as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.
•	 Pré-consciente: Resumidamente, é nesta instância psíquica que são armazenados conteúdo 
da memória que podem ser recordados, como por exemplo: o aroma de um perfume, vivências do dia 
anterior, alimentos preferidos, etc, conteúdos necessários para que o consciente exerça suas funções.
•	 Consciente: É a menor instância do aparelho psíquico, apesar de ser a região que permite ao 
sujeito perceber, se dar conta do que é experienciado. 
· 
Ao contrário do inconsciente, a consciente é temporal, está submetida as regras do tempo e do espaço.
No decorrer das suas pesquisas e estudos, Freud se deparou com uma complexa dinâmica de energias 
que exercem influência sobre o aparelho psíquico e com o objetivo de melhor descrever o aparelho psí-
quico desenvolveu a segunda tópica, onde concebe o aparelho psíquico com três componentes básico: ID, 
EGO e SUPEREGO, descritas brevemente a seguir:
•	 ID: É a estrutura da personalidade original, presente desde o nascimento e que rege o bebê a 
partir do chamado princípio do prazer, ou seja, as necessidades básicas do bebê de fome e conforto 
devem ser atendidas, caso contrário ele se desorganiza e chora intensamente. No ID encontra-se nos-
sos instintos, que com o decorrer do desenvolvimento e a interação com o ambiente dá espaço para 
o desejo, originando daí as pulsões, que são energias psíquicas que se direcionam para um objeto, a 
fim de satisfazer o desejo. Assim, o ID está exposto às exigências do corpo, do EGO e do SUPEREGO.
•	 Assim como o inconsciente, o ID não está vinculado as leis lógicas do pensamento, por conta dis-
to, nele encontramos impulsos opostos lado a lado, sem que um amenize a força do outro. É no ID que 
se armazena a energia toda a vida psíquica. As forças do ID são quase todas inconscientes, contudo, 
o conteúdo não é lembrado, mas suas forças não deixam de exercer influência sobre o comportamento 
humano, que passam a ser expressas de formas diferentes daquelas que na realidade a originaram, 
daí o surgimento dos sintomas. 
Como também é atemporal, os conteúdos vivenciados por um sujeito na sua infância podem se manter 
ativados com a mesma intensidade em qualquer fase da vida do sujeito, sem necessariamente estar 
relacionado a eventos cronológicos e associado a conteúdos específicos.
3
•	 EGO: Se comparada ao consciente, esta estrutura psíquica também é a que nos permite ter 
contato, perceber a realidade externa. O EGO se desenvolve a partir do ID, e, num primeiro momento, 
nosso EGO é corporal e progressivamente se constituí como um EGO psíquico, nos permitindo sair da 
centralização do princípio do prazer e nos permitindo nos constituir a partir do princípio da realidade. 
Uma das suas principais funções é fazer conexão com a percepção sensorial e a ação muscular. Em 
relação ao ID, o EGO tem a função de manter em equilíbrio as exigências dos instintos e das pulsões, 
no sentido de definir se estas devem ser satisfeitas, atendidas ou não. O equilíbrio dessas forças se faz 
necessário para a manutenção do prazer. Uma elevada pressão das energias advindas do ID, que não 
podem ser atendidas elevam o nível de tensão, desencadeando o desprazer. Dessa forma, o EGO pre-
cisa encontrar soluções mais apropriadas, mesmo que estas não sejam imediatas e um tanto realistas.
•	 SUPEREGO: É a última estrutura do aparelho psíquico que é formada e tem a função de moderar 
as ações entre o EGO e o ID. No SUPEREGO são armazenados os códigos morais, os modelos de con-
duta e os parâmetros que formam as inibições da personalidade. Dessa forma, o SUPEREGO sonda as 
ações do sujeito e define o que pode ser consciente. 
vEjA O vÍDEO!
Para lhe auxiliar em seus estudos, que tal assistir ao vídeo abaixo com duração de 
dezenove minutos e vinte e nove segundos, que aborda a teoria de Freud acerca da 
dinâmica psíquica. Ele te ajudará a aprofundar a compreensão sobre a dinâmica do 
aparelho psíquico. Clique aqui para assistir.
A ESCUTA DO INCONCIENTE
Caro (a) aluno (a), escutar o inconsciente significa ter acesso a uma parte do homem que é desconhecida 
dele mesmo e o tempo de uma escuta que destaca a singularidade de sentidos da palavra dita, falada. Es-
sas palavras ditas desvelam e velam, que, ao serem pronunciadas, expressas, produzem inicialmente uma 
descarga e, depois, associações. Essas palavras revelam um outro-interno, mas que também possibilitam 
acesso a um outro-externo. A Psicanálise constitui-se de uma comunicação entre o analista e o paciente, 
onde um chega com palavras que demandam o desejo de ser escutado e compreendido, enquanto o outro 
escutaas palavras a fim de ter acesso ao desconhecido que existe no sujeito. Neste processo de comu-
nicação nem sempre há um percurso lógico ou de fácil desvendamento, pois, como vimos anteriormente, 
o inconsciente é atemporal.
vOCê SAbIA?
Você sabia que uma frase atravessada pelo inconsciente apresenta mensagens cifradas? Pois é, escutá-
-las e compreendê-las é como decifrar um enigma. Para isto, se faz necessário debruçarmo-nos sobre a 
escuta do corpo que fala; dos sonhos, com seus elementos que se condensam e se deslocam, criando uma 
cena diferente da real, mas que comunica a “verdade” do sujeito; e os lapsos presentes nas falas, que 
revelam sem querer o que de fato gostaria de ser dito.
???
https://youtu.be/MZxykE_YihI
4
Desenvolver esta técnica demanda de quem se propõe a escutar, poder escutar antes de mais nada a si 
mesmo. Por isso, é fundamental que o analista se submeta a um processo psicanalítico, a fim de que não 
projete no paciente conteúdos seus e possa se posicionar de forma neutra frente à escuta do outro.
ACESSE O LINk!
Não temos como nos aprofundar aqui neste conteúdo, mas, caso você tenha interesse, 
sugiro que leia o link abaixo, que apresenta um caso clínico. Isto ajudará você a com-
preender um pouco mais a técnica da escuta psicanalítica. Clique aqui para acessar.
DESCRIÇÃO E EXPLICAÇÃO A-HISTÓRICA
No processo diagnóstico dos problemas de aprendizagem pautado numa perspectiva onde são conside-
rados todos os fatores que interferem na aprendizagem, a escuta do inconsciente é fundamental para 
compreender o significado, as causas e a modalidade de perturbação que é apresentada pelo sujeito. Ou 
seja, a compreensão mais aprofundada dos sintomas referentes aos problemas de aprendizagem, que 
aqui, baseia-se numa escuta do não-dito (conteúdo verbalizado inconscientemente) e que, como sendo 
conteúdo inconsciente, é atemporal, ou seja, não está vinculado a um discurso cronológico, histórico, 
sequenciado. Em vez disso, é apresentado através de significantes a partir do discurso dos sujeitos en-
volvidos, pai, mãe, paciente etc. A seguir, sinalizarei para você alguns aspectos que precisam ser signifi-
cados e esclarecidos.
No atendimento psicopedagógico de uma criança ou de um jovem, é fundamental que o contexto familiar 
em que aquele está inserido e o que demanda o atendimento sejam escutados e compreendidos. Assim, é 
extremamente importante voltar-se para o caminho pelo qual o paciente chegou até o terapeuta, ou seja, 
se este foi encaminhado pela professora, por um médico ou pela iniciativa dos próprios pais. Isso permite 
ao profissional compreender o nível de investimento e envolvimento com o serviço psicopedagógico, já 
que procurar o serviço porque percebeu que o filho precisa é bem diferente de buscar atendimento espe-
cializado porque o professor do filho indicou.
Considerar também a dinâmica de comportamento do sujeito frente à definição de horários e honorários, 
a ansiedade de expor o motivo da consulta, as queixas diante dos sintomas, as objeções etc, dão um 
significado ao tipo de vínculo que o paciente estabelecerá com o terapeuta, além do tipo de investimento 
que depositará no tratamento.
Antes da anamnese, também é primordial esclarecer se o objetivo da consulta restringe-se apenas a uma 
investigação diagnóstica seguida de uma orientação sobre pontos positivos e negativos que interferem 
nos processos cognitivos e de aprendizagem, ou se a demanda para o atendimento é abordar integral-
mente o problema, no caso, direcionar o tratamento além do diagnóstico, ou seja, promover condições 
psicológicas favoráveis para que o paciente se envolva com o tratamento, colaborando com o processo 
psicopedagógico.
http://www.uva.br/trivium/edicoes/edicao-i-ano-v/artigos/sobre-a-emergencia-do-sujeito.pdf
5
GUARDE ESSA IDEIA!
A partir desses contextos, é realizada a primeira entrevista com os pais e/ou responsável do paciente, 
que devem ser motivados a expressar “quais os motivos pelos quais buscam o atendimento”. A presença 
do casal é imprescindível na entrevista. Caso não seja viável o atendimento com os dois conjuntamente, 
este pode ser feito separadamente. O que não pode deixar de acontecer é a escuta dos pais, pois todo 
o contexto familiar está envolvido e interfere na situação da criança. No momento da entrevista, o psi-
copedagogo deve estimular a fala e o diálogo, a fim de coletar informações sobre a rotina e, sobretudo, 
a dinâmica afetiva em que a criança está inserida. Também é importante que os pais sejam acolhidos e 
esclarecidos sobre as etapas do atendimento.
Vamos lá, o profissional deve buscar compreender:
•	 Significado do sintoma no contexto familiar: Geralmente se destaca que o sintoma da criança 
é originado do contexto do grupo primário no qual está inserido, ou seja, a família. Porém, não deve-
mos considerar a criança como uma parte de um todo. Na realidade, deve-se considerar que a família 
se trata de um sistema e a criança, de outro. Ou seja, se constitui de um sistema incluído em outro 
sistema, que se interinfluenciam, no sentido de que se há algum sinal indicando que a criança não está 
bem, este sinal é o sintoma e o sintoma é o significado.
A versão dos pais acerca da problemática pode dar ao terapeuta dicas para se aproximar do significado 
que o não-aprender tem na família. Muitas vezes este significado é expresso inconscientemente através 
do discurso dos pais. Por conta disto, é muito importante ficar atento para alguns significantes da lingua-
gem que os pais expressam em seu discurso, pois estes ajudarão a emergir conteúdos latentes. 
vOCê SAbIA?
Muitas coisas que falamos tem significados mais amplos ou até mesmo outro sentido, em relação ao que 
dissemos, devido às representações inconscientes. Por exemplo, ao dizer: “Está chovendo”, posso estar 
também lamentando porque não poderei ir para a praia. Assim, em relação aos problemas de aprendiza-
gem, uma mãe pode declarar: “Não fica nada na cabeça dessa criança!”, a mãe pode estar situando o filho 
no lugar de dependente, de não-capaz.
Meu caro (a), se concebermos a aprendizagem como uma função que, principalmente na infância e na 
adolescência, promove a conservação e ampliação das estruturas do sujeito, como também sua adap-
tação à mudança contínua que lhe impõe o crescimento, compreenderemos o não-aprender como uma 
inibição ou disfunção. Todavia, o crescimento da criança, seu processo de crescimento até a fase adulta, 
altera continuamente a imagem que os pais constroem do filho, o que muitas vezes gera desequilíbrios na 
relação, que podem ou não ser compensados adequadamente.
???
6
As perturbações na aprendizagem, normais ou patológicas, têm a tendência de evitar aquelas mobiliza-
ções que o grupo familiar não consegue suportar, em função de um pacto inconsciente de sobrevivência. 
A primeira entrevista é fundamental para descrever e esclarecer estes pactos inconscientes que interfe-
rem na constituição da criança enquanto sujeito psíquico, e, consequentemente, com o seu processo de 
aprendizagem, como por exemplo:
•	 Alguns segredos existentes na dinâmica familiar, como o filho fruto de uma relação extraconjugal, 
ou de ter sido gerado após um aborto provocado ou mesmo a adoção da criança. Desse modo, a mãe de 
uma criança adotada pode ter a fantasia de que, se contasse sobre a adoção, o filho não a obedeceria.
•	 Repetição inconsciente da criança que se identifica com o comportamento e conduta dos pais, 
como por exemplo: a mãe apresenta uma postura de dependência e formação carente e o pai justifica 
na entrevista o comportamento da criança dizendo que: “Ela é igual a mãe, vai ser mais feliz cozinhan-
do do que estudando com os livros”.
•	 A superproteção tem sido apontada como causa do déficit de aprendizagem, a partir de dois sig-
nificados: o primeiro, no sentido da criança se opor a ela, reinvidicando sua independência; o segundo, 
no sentido de se defender da possibilidade de perder toda a proteção, atuando de forma a boicotar seu 
crescimento,portanto, não se permitindo crescer;
GUARDE ESSA IDEIA!
Na entrevista, o psicopedagogo deve buscar descrever e esclarecer em que contexto se torna compreensí-
vel, inteligível o problema de aprendizagem, ou seja, o sintoma. A princípio, a resposta servirá de hipótese 
provisória que poderá ser descartada ou confirmada no decorrer do diagnóstico.
•	 Significado do sintoma para a família: A partir do momento que é compreendido como se 
estabelecem os vínculos e as relações no contexto familiar, torna-se possível compreender qual per-
turbação interfere na adaptação do sujeito, uma vez que o significado do sintoma fica esclarecido. A 
partir de então, a família precisa tomar consciência do significado deste sintoma e como este está 
relacionado com o déficit de aprendizagem e suas implicações no processo do aprender do sujeito.
A forma como a família reage frente ao fracasso escolar, ou de lacunas no processo de desenvolvimento 
da criança ou do adolescente, está relacionado aos valores que influenciam a classe e o grupo aos quais 
pertence a família. O fracasso escolar não é visto como algo grave no contexto de uma família com poucas 
expectativas de promoção social, como, por exemplo, nas famílias de operários. Na família de operários a 
dificuldade na escolarização é concebida como um “estar em falta”, não cumprir com as obrigações, não 
ter competência de estar em uma instituição prestigiada e alheia, o que é justificado através do discurso 
de que “a criança não serve para a escola”. Se você tem vivência em escola pública, possivelmente já 
reproduziu também este discurso.
Considerando que o fracasso escolar é determinado pelas expectativas da família em função dos seus 
ideais e de sua ideologia, teremos que interpretar de forma diferente os comportamentos provocados 
pelo fracasso. Por exemplo, uma mãe da classe média alta, representante da burguesia, identificada com 
7
seu filho, justifica os problemas dele responsabilizando a professora. Já a mãe da classe operária talvez 
perceba o abismo que se estabelece entre o que a professora solicita e o que seu filho pode e necessita 
saber. A submissão e a identificação da mãe para com a professora, duplica a exigência depositada na 
criança.
Assim sendo, os pais podem responsabilizar as instituições pelo problema do filho ou podem depositar na 
criança toda a responsabilidade pelo fracasso escolar. 
vOCê SAbIA?
Quando o fator psicógeno se destaca frente aos problemas de aprendizagem, os pais ficam ansiosos ao se 
deparar com a “realidade” do problema. Muitos chegam a solicitar que o filho repita o ano por considerar 
fraca a base da aprendizagem, mesmo que ele tenha tido bom desempenho nas avaliações. Há aqueles 
que colocam as crianças na escola antes da idade recomendada para a série, demandando altas expec-
tativas em relação à criança.
O significado do sintoma para a família é, portanto, a representação que os pais têm das causas e motivos 
que desencadeiam o problema e os mecanismos que servem como defesa frente à desvalorização social 
que ele simboliza.
a) Expectativas dos pais em relação ao atendimento psicopedagógico: Apesar dos pais se 
depararem com a necessidade do filho ser submetido a um atendimento psicopedagógico, o sinto-
ma da criança pode revelar demandas inconscientes dos pais, como por exemplo: não suportar o 
crescimento ou as mudanças do filho, pois não sabem lidar com a ideia de vê-lo se tornar independen-
te e questionador. Assim, apesar de buscarem o atendimento psicopedagógico, ao mesmo tempo os 
pais podem apresentar resistências e opor obstáculos em relação ao processo através de atos como 
sedução, ocultamento de informação, dentre outros. Dessa forma, é muito importante buscar identi-
ficar quais as expectativas dos pais frente ao atendimento, quais suas fantasias em relação à “cura”. 
Ou seja, muitas vezes os pais chegam ao tratamento com a expectativa de que o filho deixe de apre-
sentar a dificuldade, como se esta fosse uma doença e pudesse ser tratada. Contudo, os transtornos 
de aprendizagem não se constituem uma doença, portanto, não cabe a concepção de cura, mas sim, a 
de amenizar as dificuldades apresentadas pela criança, através de estratégias de aprendizagem. 
•	 A dinâmica de comportamento expressa pelo casal: Buscar descrever e explicar a dinâmica 
de comportamento apresentada pelos pais, como: qual o tipo de comunicação que estabelecem com 
um terceiro; a cumplicidade entre ambos, como cada um exerce seu papel na dinâmica familiar etc.
Neste processo, é importante ficar atento ainda ao que os pais comunicam inconscientemente quando 
estão juntos no atendimento e quando este é realizado individualmente. Por exemplo, muitas vezes o filho 
fica no lugar do problema, quando na realidade se trata de um conflito oculto entre o casal. 
???
8
GUARDE ESSA IDEIA!
Neste tópico, é necessária a busca da escuta de como o discurso dos pais, ou seja, o que eles comunicam 
inconscientemente se interrelaciona com o significado do sintoma, pois aquela, esclarece a dinâmica 
relacional do triângulo pai-mãe-filho, e consequentemente, a relação entre os significantes que os repre-
sentam.
A DESCRIÇÃO E EXPLICAÇÃO HISTÓRICA
Querido (a) estudante, a anamnese se constitui de um momento onde coletamos informações sobre a 
história de vida do paciente. Aqui sim, nos detemos em informações objetivas, voltadas para um tempo 
cronológico, diferente da escuta do discurso inconsciente, também realizada na anamnese. 
A coleta de informações acerca da história vital do paciente com problemas de aprendizagem deve con-
siderar os seguintes aspectos:
Antecedentes Natais 
a) Pré-natais: relaciona-se às condições da gestação e às expectativas dos pais e da família. O 
entrevistador deve buscar investigar desde a alimentação da mãe na gestação até as condições do 
ambiente em que a mãe circulava, a fim de verificar se este era propício para o desenvolvimento do 
feto e se houve doenças adquiridas pela mãe neste período.
b) Perinatais: refere-se às condições e circunstâncias em que o parto foi vivenciado, como cianose, 
incompatibilidade de RH, cesária sem real indicação médica etc.
c) Neonatais: investigar como ocorreu as condições de sobrevivência do bebê recém-nascido, como 
alimentação, sono, ganho de peso, adaptação do contexto familiar à chegada do bebê etc. 
Doenças
Aqui, é importante investigar o histórico de doenças na primeira infância, como:
a) Doenças e traumatismos relacionados a atividade nervosa superior, como: perda de consciência, 
sonambulismo, espasmos ou convulsões, terrores noturnos, crises de ausência, dentre outros que são 
investigados de forma interdisciplinar com médicos, psicólogos, fonoaudiólogos etc.
b) Caso haja ocorrência das patologias ou déficits descritos anteriormente, é importante investigar 
como foi vivenciado o período de internamento, adoecimento, no sentido de compreender o quão 
doloroso e sofrido foi o processo e de esclarecer como esta vivência pode interferir no processo de 
aprendizagem.
c) Não é comum que o problema de aprendizagem se faça presente em crianças que somatizam; 
contudo, é importante esclarecer quando e como os sintomas foram deslocados. Podem ser conside-
rados sintomas psicossomáticos, como nos casos de eczemas, bronquite asmática, diarréia, vômito, 
dor de cabeça etc.
9
Desenvolvimento
Este ponto é importante para se apropriar do ritmo e do tempo cronológico em que se dá o desenvolvi-
mento, como, por exemplo, se este foi precoce ou retardado. Assim, é necessário investigar o desenvolvi-
mento motor, da linguagem e de atividades da vida diária.
Aprendizagem
Este tópico refere-se à investigação e compreensão de como a criança foi e é oportunizada a aplicar e 
transformar seus esquemas, segundo os seguintes aspectos:
a) Processo de assimilação-acomodação da aprendizagem: os problemas de aprendizagem geral-
mente estão relacionados a perturbações que inibem os processos de assimilação-acomodação, que, 
segundo o psicólogo Jean Piaget, se interelacionampromovendo a aprendizagem. A inibição destes 
processos podem se caracterizar da seguinte maneira:
•	 Hipoassimilação: a capacidade de desenvolver esquemas de ação para interagir com o meio é 
pobre, o que consequentemente prejudica a capacidade de acomodação;
•	 Hiperassimilação: é a aquisição precoce de esquemas de ação, que de tão intensa interfere nega-
tivamente no pensamento da criança, como, por exemplo, ser muita ativa, mas pouco produtiva, pois 
acaba não conseguindo concluir a atividade;
•	 Hipoacomodação: ocorre quando o ritmo de assimilação-acomodação da criança não foi respei-
tado, o que desencadeia prejuízos na internalização de imagens, podendo prejudica a aquisição da 
linguagem;
•	 Hiperacomodação: se evidencia quando há superestimulação da imitação, ou seja, a criança res-
ponde a comandos, orientações, reproduz situações, mas não tem iniciativa e criatividade aflorada. 
b) Situações dolorosas: Relaciona-se às condições em que a criança e a família vivenciam eventos 
traumáticos, principalmente perdas, como: falecimento ou perda de contato com pessoas do convívio 
da criança e com forte vínculo afetivo, mudança de escola, nascimento de irmãos etc. É importante 
compreender se a criança participou e como reagiu posteriormente em relação ao fato. 
DICA
Para que uma experiência de perda não desencadeie um problema de aprendizagem, é 
fundamental que a criança tenha elaborado-a. Para isto, a criança precisa compreender 
o motivo da perda, participar ativamente do processo com uma linguagem que atenda 
sua faixa etária (conversas, historinhas, desenhos, visitas a lugares que frequentava 
com a pessoa perdida etc).
10
vOCê SAbIA?
Você sabia que vivenciar ativamente as experiências dolorosas e de perda da história vital permite ao 
psicopedagogo esclarecer como a criança lida com as transformações? Pois é, com o passar do tempo, 
como resgata suas experiências, tanto através da descrição dos familiares sobre seu nascimento, suas 
primeiras gracinhas etc. Tendo acesso às informações adequadamente sobre o contexto e memória fami-
liar, é permitido à criança viver plenamente todas as vivências familiares, contribuindo para a construção 
e fortalecimento de sua identidade. Crianças com problemas de aprendizagem dificilmente entraram em 
contato adequadamente com as vivências da família, não sendo oportunizada por esse motivo a receber 
os benefícios da memória e da antecipação.
Informação
Aqui, buscamos esclarecer como se dá a comunicação com a criança, de forma que ela tem ou não aces-
so a temas sexuais, não sendo o discurso dos pais apenas sobre o nascimento, mas também quanto ao 
desenvolvimento, à masturbação etc. Novamente, pontuo a necessidade de adaptar o discurso à idade da 
criança. Isso não significa omitir informações, mas como se explica.
Isso permite-nos compreender o que a família quer que a criança pense, saiba, ou seja, qual a ideologia do 
grupo familiar. Para isto, se faz necessário saber ainda quais as estimulações culturais que ela tem aces-
so e como tem, se através de televisão, revistas, livros, rádio. Também é importante saber se a criança 
participa de atividades extra-escolares, como: esportes, aulas de língua estrangeira, música, teatro etc. 
GUARDE ESSA IDEIA!
A existência de fantasias muito estranhas e inapropriadas para a idade da criança indica que esta aceitou 
alguma crença muito valorizada pelo grupo familiar. Isto denuncia que pode haver uma negação de algo, 
que sustenta a permanência do sintoma. Por exemplo, acreditar que o bebê nasce porque foi trazido por 
uma cegonha, ajuda a manter a dificuldade da família em abordar e experienciar conteúdos relacionados 
à sexualidade. Assim, a criança tem dificuldade em compreender e aceitar explicações diferentes das 
dadas pela família.
Escolaridade
Este aspecto da história vital do paciente é fundamental para compreender os problemas de aprendiza-
gem no que se refere às experiências escolares vivenciadas pela criança, desde as mudanças ligadas 
à instituição e as transformações apresentadas na criança. Por exemplo: como a criança vivencia as 
mudanças de série, de turma; como vivenciou a entrada precoce no ensino fundamental; a proposta dos 
estabelecimentos de ensino (bilinguismo, religiosidade etc), a metodologia da escola, dentre outros.
???
11
Geralmente, a família se identifica com a instituição escolar. Esta pode representar “um depósito de 
crianças”, “o segundo lar”, “um espaço disciplinado”r etc. Também pode ocorrer o contrário, por exemplo: 
pais superprotetores se desestruturarem porque a professora é muito rigorosa. O psicopedagogo precisa 
esclarecer o que a escola representa para a família, quais funções cumpre relacionadas às expectativas 
dos familiares. Assim, este aspecto auxilia a identificar se de fato se trata de um problema de aprendiza-
gem ou um problema escolar.
PALAvRAS DO PROfESSOR
Querido (a) aluno (a), espero que o conteúdo abordado nesta unidade ajude na compreensão de como con-
duzir uma anamnese e na descrição e explicação dos sintomas. A prática clínica é quem de fato favorece 
o amadurecimento da sua escuta, tanto dos conteúdos a-históricos quantos dos históricos. Contudo, se 
aprofundar teoricamente sobre psicanálise irá ajudar significativamente neste processo. 
Concluímos esta unidade, mas não deixe de complementar seus estudos lendo o livro texto e realizando 
os fóruns e os questionários. Lembre também da vídeoaula. 
Em caso de dúvidas, consulte seu tutor! Ele estará sempre disponível para esclarecimentos.
Espero que você tenha gostado dos assuntos abordados aqui! Na nossa próxima aula, a unidade IV, ire-
mos estudar sobre as formas de intervenção.
Até breve!

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