Prévia do material em texto
1 UPC II – MATERIAIS ODONTOLOGICOS ADESÃO EM ODONTOLOGIA Quando duas substâncias são postas em contato íntimo uma com a outra, as moléculas de uma substância se aderem ou são atraídas às moléculas da outra substância. Está força é denominada adesão. Adesão é a propriedade pela qual se unem duas superfícies diferentes quando em contato Indicações de sistemas adesivos: • Restaurações diretas com resina composta • Cimentação adesiva de pinos pré-fabricados (metálicos e em fibras) • Cimentação adesiva de pinos fundidos • Restaurações indiretas (metálicas, em porcelana e em compósito restaurador • Reparo em compósito restaurador • Reparo em porcelana • Colagem de brackets ortodônticos • Técnica de amálgama adesivo • Dessensibilização de raízes expostas Molhamento É essencial para o sucesso de todos os mecanismos de adesão. Molhamento é quando o líquido escoa facilmente sobre toda a superfície e adere ao sólido. O fluido tem que escoar para dentro das irregularidades e promover contato com uma parte maior da superfície do sólido. Se o líquido não molhar a superfície do aderente, a adesão entre o líquido e o aderente será desprezível ou inexistente. Embora o molhamento seja um requisito essencial para a adesão dentro da boca, ele não é suficiente para uma adesão duradoura. Isso porque os principais substratos (aderentes), esmalte e dentina são hidratados, hidrófilos e permeáveis a água. Tais aderentes necessitam de um adesivo hidrófilo e estável a hidrolise para que o molhamento possa ocorrer. Entretanto mesmo que a superfície seja seca antes da aplicação do adesivo, a difusão resulta em uma ou mais monocamadas de H2O que adere fortemente ao tecido e o adesivo. A H20 apresenta resistência ao cisalhamento muito baixa, com isso, a resistência ao cisalhamento da união entre duas superfícies é muito baixa. Capacidade de molhamento É dada pelo ângulo de contato formado entre o adesivo (líquido) e o substrato: menor o ângulo de contato a capacidade de molhamento Energia de superfície de substrato Característica diretamente relacionada à sua capacidade de reagir, ser molhada, impregnada pelos líquidos – superfícies com alta energia superficial tem melhor molhabilidade, e consequentemente, são favoráveis ao estabelecimento da adesão. Gota pingada sobre uma superfície com + energia → a H20 irá se espalhar → formando um ângulo baixo → ... contato com a superfície 2019/1 Andressa Pinho Editado: Daniela Haubman ATO 221 2 Sistemas adesivos 1. Condicionador (ácido) 2. Primer (resina hidrófila + solvente) 3. Adesivo (resina hidrófoba) 1. CONDICIONADOR (ácido - 35 ou 37%) • Principal: criar retenção • Aumenta a superfície de contato de energia do aderente • Melhora o escoamento e molhamento do adesivo ESMALTE • Para que o esmalte seja condicionado adequadamente o ideal é que o ácido permaneça por 30 segundos. • O efeito do condicionador no esmalte é a desmineralização (remoção do conteúdo mineral) • O condicionamento ácido do esmalte cria uma dissolução seletiva, formando microporosidades. • O esmalte condicionado possui uma energia superficial maior (+), permitindo que a resina molhe corretamente a superfície e penetre os microporosidades. • Pela penetração da resina nas microporosidades ela pode ser polimerizada e formar “TAGS” resinosos permitindo a adesão. • A superfície deve ser mantida limpa e seca para uma boa adesão, pois a contaminação pode levar a redução do nível de energia da superfície condicionada e isso torna mais difícil o processo de molhamento da superfície, mesmo um contato com saliva e sangue pode reduzir a formação de “TAGS” e reduzir a resistência da união. Composição química do esmalte: tecido mineralizado, poroso de estrutura prismática Fatores que interferem no condicionamento ácido do esmalte: • Tempo de aplicação • Tempo de lavagem (remoção do precipitado formado pelo condicionamento ácido) • Tipo de ácido usado e concentração DENTINA Efeito do condicionamento ácido: • remoção da Smear Layer • Exposição dos túbulos • Remoção de conteúdo mineral • Exposição da matriz de colágeno Composição química da dentina: TAGS = comprimento dos prolongamentos resinosos Camada híbrida: forma quando as moléculas do adesivo interagem com a dentina formando um híbrido. É a camada que se forma após o condicionamento ácido da dentina e é formada pela dentina e o adesivo dentinário • 70% inorgânico • 20% orgânico • 10% água 3 A adesão não ocorre na região dos túbulos, pois é mais (+) profundo e mais (+) úmido Na dentina a aplicação do ácido tem como função principal a remoção do SMEAR LAYER – uma camada superficial formada por detritos geradas durante o preparo cavitário. A remoção da lama dentinária (smear layer) é acompanhada da dissolução mineral superficial da dentina e da exposição de fibras colágenas, além de aumentar a exposição dos túbulos dentinários, que permite o afloramento do fluido dentinário. Com isso, a superfície dentinária pós-condicionamento apresenta-se extremamente úmida e com considerável teor orgânico o que faz com que ela tenha baixa energia de superfície. Para contornar as dificuldades impostas pela estrutura orgânica da dentina, deve-se entender primeiramente porque ela não deve ser seca com jatos de ar, mas sim algodão ou papel absorvente, com a remoção da lama dentinária e a mineralização da dentina superficial, ocorre a exposição de um emaranhado de fibras colágenas, que contam com a umidade para manter a configuração espacial, de modo a permitir infiltração do adesivo. Se a dentina for seca com jatos de ar, após o condicionamento a rede colágena perde a sustentação da H2O e impedindo a penetração do adesivo colabamento • Smear on = camada externa superficial amorfa • Smear plug = interna (no interior do complexo da dentina) 2. PRIMER Composição: • Monômeros mais hidrófilos (HEMA, PENTA) • Moléculas pequenas, baixo peso molecular • Caráter ambifílico • Solvente (acetona ou etanol) – tem a função de remover água e permitir infiltração dos monômeros Graças a sua natureza úmida, orgânica e a baixa energia de superfície a dentina condicionada não é um bom substrato para a adesão. Por essa razão antes da aplicação do agente adesivo é necessário aplicar o primer na superfície dentinária. O primer é composto por monômeros bifuncionais – extremidade hidrófila (afinidade com H2O) e outro hidrófoba (tem afinidade pelo H2O, mas com alta afinidade química pelos monômeros do adesivo) ele serve de elo entre a superfície úmida da dentina condicionada e o agente adesivo. Ao penetrar na superfície desmineralizada e preencher os espaços antes ocupados pelos cristais de hidroxiapatita, os componentes do primer estabilizam a rede de fibras colágenas e promovem a evaporação do excesso de água. O que resulta é o aumento da energia livre de superfície da dentina, tornando-a apta a interagir com o agente adesivo. Aplicação do primer sobre o esmalte é totalmente desnecessária, uma vez que este não apresenta fibras colágenas. Pode ser seco com jatos de ar e apresenta alta energia de superfície. 4 3. ADESIVO • Penetração das irregularidades formadas pelo condicionamento • Dentina: estabilização da malha de colágeno Composição: • Monômeros mais hidrófobos (Bis-GMA, TEGDMA) – moléculas grandes, alto peso molecular • Iniciadores (canforoquinona, amina) • Alguns sistemas: carga, flúor, agentes antimicrobianos No esmalte o adesivo preenche as irregularidades e microporosidades criadas pelo condicionamento ácido. Na dentina condicionada e tratada pelo primer, o adesivo preenche os espaços da rede de fibras colágenas expostas,penetra em alguns túbulos dentinários e é, então, polimerizado. O resultado é uma região de interdifusão entre os polímeros do adesivo e os componentes da dentina → região conhecida como camada hibrida – estende-se desde a zona de dentina não afetada pelo condicionamento ácido até a superficie das fibras colágenas expostas. Classificação e apresentação comercial ― Sistema adesivo convencional de 2 passos • Gel de ácido fosfórico • Primer + adesivo 1. O campo operatório deve estar adequadamente preparado (isolamento, controle de umidade, prévia profilaxia) 2. Aplicação do gel de ácido fosfórico no esmalte por 30 segundos e na dentina por 15 segundos 3. Remoção do gel de ácido fosfórico com jato de ar e água por, no mínimo, 15 segundos no esmalte 4. A remoção do excesso de água da dentina deve ser realizada com papel absorvente (filtro de papel) deixando a dentina úmida 5. Aplicação do primer + adesivo (utilizando um microbrush) durante 20 segundos 6. Aplicação de leve jato de ar a 10cm da superfície, por 10 segundos. A dentina deve apresentar aspecto brilhante e sem excessos de material 7. Fotoativação por 20 segundos 8. Realização do procedimento restaurador ― Sistema adesivo convencional de 3 passos • Gel de ácido fosfórico • Primer • Adesivo Procedimento apenas no esmalte: 1. Campo operatório preparado 2. Aplicação do ácido fosfórico 30 segundos 3. Remoção do ácido fosfórico, com jato de água por no mínimo 15 segundos 5 4. Secagem da superfície do esmalte com jato de ar até a remoção completa até a remoção completa da umidade 5. Aplicação de uma fina camada do adesivo (utilizando microbrush) sobre a superfície condicionada 6. Fotoativação 7. Realização do procedimento restaurador Procedimento no esmalte e dentina: 1. Campo operatório preparado 2. Ácido fosfórico 30 segundos no esmalte e 15 segundos na dentina 3. Remoção do ácido fosfórico, com jato de água por no mínimo 15 segundos 4. Remoção do excesso de água da superfície da dentina com papel absorvente, deixando úmida 5. Aplicação do primer sobre a dentina (utilizando o microbrush), esfregando levemente por 20 segundos 6. Aplicação de um leve jato de ar a 10cm da superfície por 10 segundos 7. Aplicação de uma fina camada do adesivo sobre o esmalte e a dentina (utilizando um microbrush) 8. Fotoativação do adesivo por 20 segundos 9. Realização do procedimento restaurador ― Adesivos autocondicionantes • Condicionamento é realizado por monômeros ácidos, dispensando o gel de ácido fosfórico (em dentina) • Dispensam as etapas de lavagem e secagem da dentina • Aplicados sobre o substrato seco • Hibridização similar aos adesivos convencionais, apenas camada híbrida menos espessa Podem ser: • leves (pH > 2), • moderados (1,1 < pH < 2) • agressivos (pH < 1) Composição básica: • Primer ácido – monômeros hidrófilos, água, monômeros metacrilatos fosfatados, solvente • Adesivo – monômeros hidrófobos, fotoiniciador Vantagens dos autocondicionantes • Dispensa lavagem e secagem da dentina • Redução do tempo clínico de aplicação • Redução da sensibilidade técnica de aplicação • Redução da sensibilidade pós-operatória (pois a técnica convencional possui dificuldade em preencher os espaços desmineralizados e incompleta infiltração dos monômeros gera a sensibilidade) Limitações dos autocondicionantes • Pobre condicionamento do esmalte (usar ácido fosfórico na margem em esmalte) 6 • 1 passo: os primeiros no mercado eram altamente hidrófilos Técnica 1. Colocar primer + ácido no microbrush e passar na cavidade 2. Jato de ar para votalizar o solvente 3. Colocar o adesivo no microbrush e passar na cavidade 4. Fotopolimerização ― Sistema adesivo autocondicionante de 2 passos Primer ácido + agente adesivo Não há uma etapa separada de condicionamento ácido, cabendo ao primer a modificação do substrato dentais a fim de torná-los aptos para interagir com o adesivo. Para isso é importante que o primer tenha Ph baixo o suficiente para desmineralizar os cristais de hidroxiapatita do esmalte/dentina. Nesse sistema a camada de lama dentinária não é removida, mas sim modificada e incorporada a camada híbrida. ― Sistema autocondicionante de passo único Todos os componentes – ácido primer, adesivo – são aplicados simultaneamente sobre os tecidos dentais. Pode ser: • Frasco único – todos os componentes já se encontram misturados • 2 frascos – basta misturar uma gota de cada frasco, após a mistura é aplicada como um produto único Universal São adesivos que tem a capacidade de se unir a vários substratos tanto os tecidos dentários, como os diversos materiais. O nome universal também pode ser pela forma de aplicação que pode ser o sistema convencional de 2 passos ou pode ser usado como sistema autocondicionante de passo úncio (podem ser utilizados como técnica de condicionamento ácido total ou como autocondicionante) Diferença entre as técnicas Convencional • Promove remoção da smear layer • Necessita lavagem do condicionador ácido • Necessita controle da umidade da dentina condicionada • Maior profundidade de desmineralização Autocondicionante • Não remove a smear layer (modifica) • Aplicado c/ fricção na superfície (aplicação ativa) • Não requer lavagem, apenas secagem do solvente 7 • Infiltração de monômeros mais uniforme 8 9 Procurar sobre adesão em Odontologia: • Por que a adesão à dentina é mais desafiadora que ao esmalte? • Por que idealmente não deveríamos aplicar ácido na dentina? • O que são adesivos universais? • Qual a vantagem de adesivos autocondicionantes de pH intermediário (mild) sobre os demais adesivos? • Qual a durabilidade clínica de restaurações realizadas utilizando diferentes sistemas adesivos?