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10 transtorno de personalidade

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1. Conceito 
A palavra personalidade é derivada do grego 
persona. Ele era originalmente usado para 
descrever a máscara teatral usada por alguns 
atores dramáticos da época. Ao longo dos 
anos, perdeu sua conotação de pretensão e 
ilusão e passou a representar a pessoa por trás 
da máscara – a pessoa real. (TOWNSEND, 
2014) 
 
A personalidade pode ser definida como um 
padrão de comportamento persistente e 
arraigado, relacionado com a própria pessoa, 
os outros e o ambiente, inclui percepções, 
atitudes e emoções. Esses comportamentos e 
características são consistentes ao longo de 
uma série de situações e não mudam com 
facilidade. (VIDEBECK, 2012) 
Os transtornos da personalidade (TP) são 
diagnosticados quando traços da 
personalidade tornam-se inflexíveis e mal-
adaptados, interferindo de forma significativa 
no modo como a pessoa funciona em 
sociedade ou causando a ela angústia 
emocional. 
Nos TP destacam-se, portanto os atos de 
desajustamento de comportamento, 
inabilidade para seguir normas sociais e para 
atender às próprias necessidades. Essa 
pessoa, em geral, não experimenta ansiedade 
em face destas manifestações e de suas 
consequências para as pessoas de seu 
relacionamento e para a sociedade. Em geral, 
as manifestações de comportamento são 
persistentes, em desacordo com as 
expectativas dos padrões culturais. 
(STEFANELLI et al. 2011) 
O que é observado nos transtornos de 
personalidade é que uma determinada 
característica se torna totalmente central no 
comportamento de uma pessoa. 
2. Etiologia 
A causa exata dos transtornos de 
personalidade ainda é desconhecida. 
Entretanto, acredita-se que muitos fatores 
genéticos, biológico e ambientais estejam 
envolvidos. Em geral, os transtornos são 
desencadeados por estressores, isto é, os 
problemas comuns enfrentados no dia-a-dia. 
3. Surgimento e curso clínico 
Os transtorno de personalidade são 
relativamente comuns e ocorrem em 10 a 13% 
da população em geral. Sua incidência é ainda 
maior entre pessoas de grupos 
socioeconômicos mais baixos e em 
populações instáveis e desfavorecidas. 
Clientes com TP têm taxas de morte mais 
elevada, especialmente em consequência de 
suicídio, também apresentam taxas mais 
elevadas para tentativas de suicídios, 
acidentes, visitas ao serviços de emergências, 
separação, divórcio. Os transtorno da 
personalidade têm elevada correlação com o 
comportamento criminoso (70 a 85% dos 
criminosos têm transtornos da 
personalidade). (VIDEBECK, 2012) 
Pessoas com TP costumam ser descritas 
como resistentes ao tratamento. É difícil 
mudar a personalidade de alguém, quando 
essas mudanças ocorrem, o ritmo é lento. O 
curso lento do tratamento pode ser muito 
frustrante para família, amigos e profissionais 
de serviços de saúde. 
As dificuldades associadas ao TP persistem 
durante toda a vida adulta jovem e na meia 
idade, mas tendem a diminuir na 40ª e na 50ª 
década. 
4. Tipos de transtornos de 
personalidade 
 
4.1 Transtornos excêntricos ou 
estranhos 
 Transtorno de personalidade 
paranoide - Pessoas com esse transtorno 
tendem a desconfiar dos outros e achar que 
vão ser enganadas. Por causa disso, elas 
podem ser hostis ou emocionalmente 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS 
DE 
PERSONALIDADE 
 
 
 
Assistência de Enfermagem à pessoa com Transtorno da Personalidade 
 2 
 
 
desapegadas. Os clientes interpretam as 
ações dos outros indivíduos como 
potencialmente prejudiciais. Também 
podem ser manter reservados e 
hipervigilantes, podem fazer buscas no 
quarto e nos objetos existentes ali, olhar 
atrás de armários e portas e, em geral 
parecem alerta a qualquer perigo iminente. 
Pensam continuamente que seu entorno 
conspira contra eles, e que estão sempre 
recebendo insultos e acusações infundados 
por parte de certas pessoas. Reconhecemos 
estas pessoas porque sempre interpretam 
nossas intenções com suspeita e 
desconfiança.
 
 Transtorno de personalidade 
esquizoide - Provoca falta de interesse em 
relações sociais. Quem tem o problema é 
indiferente às interações sociais, exibem 
afeto contraído e pouca emoção, parecem 
emocionalmente frios, indelicados e 
insensíveis. Relatam não ter atividade 
prazerosas ou de lazer, pois raramente se 
divertem. Há notável dificuldade em 
experimentar e expressar emoções em 
particular raiva ou agressividade. 
Pessoas com esse transtorno também 
tendem a ser distantes, individualistas, e 
indiferente aos relacionamentos sociais. 
Elas geralmente são solitárias, preferem 
atividades solitárias e raramente expressam 
emoções fortes. 
Muitas pessoas com transtorno de 
personalidade esquizoide são capazes de 
viver razoavelmente bem, embora tendam 
a escolher empregos que lhes permitam 
trabalhar sozinhos, como agentes de 
segurança á noite, em bibliotecas ou como 
técnicos de laboratório. 
 Transtorno de personalidade 
esquizotípica - Pode levar a um 
comportamento excêntrico, pensamentos e 
crenças incomuns ou bizarras, sentimento 
de desconforto em ambientes sociais e 
dificuldade para ter relacionamentos 
íntimos. È normal que esses clientes 
tenham uma aparência estranha, que faz 
com que sejam notados por outras pessoas. 
Podem andar despenteados e 
desalinhados, com frequência usam roupas 
mal-ajustadas, que não combinam e às 
vezes manchadas e sujas. Costumam vagar 
sem rumo e, de vez em quando, ficam 
preocupados com alguns detalhes 
ambientais. 
 Pessoas com esse tipo de transtorno são 
socialmente isoladas e emocionalmente 
afastadas. Além disso, elas têm maneiras 
estranhas de pensar, perceber e se 
comunicar, similares às das pessoas com 
esquizofrenia. Embora o transtorno de 
personalidade esquizotípica esteja algumas 
vezes presente em pessoas que 
posteriormente desenvolvem 
esquizofrenia, a maioria das pessoas com 
esse transtorno de personalidade não 
desenvolve esquizofrenia. Suspeita-se que 
os genes que causam a esquizofrenia 
estejam envolvidos, mas não totalmente 
expressos, no transtorno de personalidade 
esquizotípica. 
Maneiras estranhas de pensar podem incluir 
pensamentos mágicos e ideias paranoicas. 
No pensamento mágico, a pessoa acredita 
que os seus pensamentos ou ações podem 
controlar algo ou alguém. Por exemplo, as 
pessoas podem acreditar que elas podem 
prejudicar outros por meio de pensamentos 
negativos. Pessoas com ideias paranoicas 
tendem a ser desconfiadas e não confiáveis 
e pensam erroneamente que outras pessoas 
têm motivos hostis ou pretendem 
prejudicá-las. 
4.2 Transtornos dramáticos, 
imprevisíveis ou irregulares 
 Transtorno de personalidade antissocial 
– Quem tem o transtorno não reconhece os 
sentimentos e necessidades de outros. 
Também pode repetidamente mentir, 
agredir, roubar e ter comportamentos ilegais. 
Caracterizado por um padrão insistente de 
desconsideração e violação dos dereitos de 
outras pessoas. Com característica centrais 
de artifício e manipulação. Esse padrão 
também é chamado de transtorno da 
personalidade psicopata, sociopata ou 
dissocial. Em populações de presidiários, 
cerca de 50% são diagnósticados com 
transtorno da personalidade antissocial. 
Pessoas com esse transtorno podem explorar 
outras por ganhos materiais ou satisfação 
pessoal. Muitas ficam facilmente frustradas e 
têm pouca tolerância à frustração. Como 
resultado, elas agem impulsivamente e 
irresponsavelmente, algumas vezes 
cometendo atos criminosos. Nesses casos, 
elas agem sem considerar as consequências 
negativas do seu comportamento e os 
problemas ou danos causados aos outros e 
não sentem remorso ou culpa após os 
episódios. Elas tendem a racionalizar o seu 
comportamento ou a colocar a culpa em 
outros. Punições ou outras consequências 
negativas raramentemotiva tais pessoas a 
modificarem o seu comportamento ou a 
melhorarem seu julgamento e visão do 
futuro. Em vez disso, as consequências 
negativas tendem a confirmar sua visão cruel 
e não sentimental do mundo 
 
 
 Transtorno de personalidade 
borderline/Limítrofe - as características 
principais incluem o medo do abandono, 
relacionamentos intensos e instáveis, 
explosões emocionais extremas, 
comportamento autodestrutivo e sentimento 
crônico de vazio. É comum a automutilação, 
como se cortar ou se queimar. Clientes que se 
envolvem na automutilação fazem isso para 
reforçar que ainda estão vivos, buscam sentir 
a dor física em face do entorpecimento 
emocional. 
Muitas vezes, as pessoas com personalidade 
limítrofe dizem que foram ignoradas ou 
sofreram abusos na infância. 
Consequentemente, elas se sentem vazias e 
irritadas e tentam compensar a falta de 
atenção durante a infância buscando atenção 
nos relacionamentos. Por isso, elas podem 
reagir de maneira drástica e intensa quando 
outra pessoa faz ou diz algo que possa sugerir 
falta de atenção. Quando se sentem 
criticadas ou rejeitadas por uma pessoa 
atenciosa, a sua avaliação dessa pessoa pode 
mudar abruptamente da idealização para a 
crítica contundente e elas podem 
menosprezar a pessoa. Elas podem expressar 
uma raiva inadequada e intensa. Algumas 
vezes, elas direcionam essa raiva a elas 
mesmas e se ferem deliberadamente — por 
exemplo, cortando-se ou queimando-se. 
 Transtorno de personalidade narcisista - 
são as pessoas com autoestima inflada e 
necessidade de admiração. Elas costumam 
ter pouca empatia ou preocupação com os 
 3 
 
 
outros e têm fantasias de sucesso, poder ou 
beleza. 
 
Os clientes podem exibir uma atitude 
arrogante ou altiva. Podem expressar inveja e 
demonstrar má vontade em relação ao 
reconhecimento ou sucesso material 
comquistados por outros indivíduos porque 
acreditam que tudo isso deveria ser seu. No 
trabalho podem ter certo êxito porque são 
ambiciosos e confiantes. No entanto, 
dificuldades são comuns, porque apresentam 
problemas quando trabalham com outras 
pessoas (que consideram inferiores) e têm 
limitada habilidade de aceitar críticas. 
4.3 Transtornos ansiosos ou receosos 
 Transtorno de personalidade dependente 
- Causa necessidade de ser cuidado e medo de 
estar sozinho, além de dificuldade de separar-
se de seus entes queridos ou tomar decisões 
por conta própria. Quem tem o problema 
pode ser submisso e tolerar relações abusivas. 
Em geral os clientes são ansiosos e podem se 
sentir um tanto desconfortáveis. Costumam 
ser pessimitas e outocríticos, as outras 
pessoas ferem seus sentimentos com 
facilidade. 
 5 . Tratamento 
 5.1 Psicofarmacologia 
O tratamento é difícil, pois na maioria das 
vezes, a pessoa com TP não se reconhece 
como doente e não adere ao tratamento 
proposto. 
O tratamento farmacológico é destinado ao 
alívio do sofrimento do grupo social e do 
cliente, dos sintomas de comorbidades; é 
planejado de acordo com o tipo de TP 
(antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, 
entre outros). 
O tratamento farmacológico é direcionado 
para uma das quatro categorias de sintomas 
do TP, que são: As distorções cognitivo-
perceptivas (psicoses, sintomas afetivos e 
desregulação do humor), agressividade, 
distorções de comportamental e ansiedade. 
 
 
4.2 Psicoterapia individual e em grupo 
 
 
A terapia útil para clientes com TP varia de 
acordo com o tipo e a gravidade dos sintomas 
e com o transtorno específico. Normalmente 
se indica a internação hospitalar quando a 
segurança é uma das preocupações. 
(VIDEBECK, 2012) 
Os objetivos da psicoterapia individual e em 
grupo para clientes com TP focam o 
desenvolvimento da confiança, o 
aprendizado de habilidades básicas para a 
vida, o oferecimento de apoio, a diminuição 
dos sintomas de angústia, como ansiedade, e 
a melhora das relações interpessoais. 
A terapia cognitiva-comportamental é 
particularmente útil para clientes com 
transtornos da personalidade. Várias técnicas 
de reestruturação cognitiva são usadas para 
mudar o modo como o cliente pensa sobre si 
mesmo e as outras pessoas: Interrupção de 
pensamentos, em que o cliente põe fim a 
padrões de pensamentos negativos; 
autoconversa positiva, destinada a mudar 
outomensagens negativas. 
 
5.Diagnósticos de enfermagem comumente 
associados a transtorno da personalidade 
antissocial 
 
 Risco de violência direcionada aos outros 
relacionado à substâncias psicoativas e 
impulsividade, evidenciado por 
enfrentamento inadequado. 
 Enfrentamento defensivo relacionado à 
hipersensibilidade ao menosprezo ou á 
críticas e projeção de culpa ou 
responsabilidade. 
 Baixa autoestima crônica 
 
 Interação social prejudicada em 
decorrência da internação disfuncional com o 
grupo familiar e social. 
 
 
 
 Manutenção ineficaz da saúde relacionada 
à não aceitação da necessidade de 
tratamento decorrente da falta de percepção 
de seu estado de saúde. 
Opções de fármacos para sintomas dos 
transtornos a personalidade 
Agressão/impulsividade 
Agressão afetiva 
(normal) 
Lítio, 
anticonvulsiva
nte, 
antipsicóticos 
em doses 
baixas. 
Agressão predatória 
(hostilidade/crueldade) 
Antipsicóticos, 
Lítio. 
Desregulação do humor 
Labilidade emocional Lítio, 
Carbamazepin
a 
Depressão 
atípica/disfórmica 
IMAOs, ISRSs 
Ansiedade 
Ansiedade congnitiva 
crônica 
ISRSs, IMAOs 
Grave IMAOs, 
Antipsicóticos 
em dose baixa 
Sintomas psicóticos 
Agudo Antipsicóticos 
Comportamento: Linguagem corporal 
(postura rígida, cerramento dos punhos, 
posições ameaçadoras), crueldade com 
animais, reação de raiva, história de 
abusos na infância, impulsividade, 
incapacidade de tolerar frustrações. 
 
Comportamento: Desrespeitos por 
normas e leis sociais, ausência de 
sentimentos de culpa, negação de 
problemas óbvios, riso hostil, projeção 
de culpa e responsabilidade, ridículos dos 
outros. 
 
Comportamento: Manipulação dos 
outros para satisfazer os próprios 
desejos, incapacidade para formar 
relações estreitas e pessoais, 
agressividade. 
 
Comportamento: Incapaz de formar um 
relacionamento íntimo, satisfatório, 
duradouro com outro, interação 
disfuncional com outros. 
 
Comportamento: Demonstração da 
incapacidade de assumir a 
responsabilidade de atender práticas 
básicas de saúde, falta de interesse 
manifestado em melhorar 
comportamento de saúde. 
 
 4 
 
 
 
6.Diagnósticos de enfermagem 
comumente associados a transtorno da 
personalidade Borderline. 
 
 Risco de automutilação 
 
 Risco de violência autodirigida: risco de 
suicídio. 
 
 
 Risco de violência direcionada aos outros 
 
 Pesar disfuncional 
 
 Distúrbio da identidade pessoal 
 
 Ansiedade (grave a pânico) 
 
 Baixa autoestima crônica 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
STEJANELLI, M. C.; FUKUDA, I.M.K.; 
ARANTE, C. A. Enfermagem psiquiátria em 
suas dimensões assistenciais. Barueri – SP: 
Manole, 2008 
VIDEBECK, S. L. Enfermagem em saúde 
mental e psiquiatria: 5. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2012 
TOWNSEND, M. C. Enfermagem 
psiquiátrica: conceitos de cuidados na 
prática baseada em evidências: 7. ed. Rio de 
Janeior: Guanabara Koogan, 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comportamento: História de 
comportamento autoagressivo, história 
de incapacidade de planejar soluções, 
impulsividade, irresistível desejo de se 
lesionara si mesmo, sente-se ameaçado 
com a perda de relação significativa. 
 
Comportamento: História de tentativas 
de suicídio, plano suicida, impulsividade, 
abuso na infância, temores de abandono, 
raiva interiorizada. 
 
Comportamento: Linguagem corporal 
(postura rígida, cerramento dos punhos, 
posições ameaçadoras), história de 
abusos na infância, impulsividade, 
sintomatologia psicótica transitória. 
 
Comportamento: Depressão: 
sofrimentos emocional persistente, 
ruminação, angústia a separação, 
verbaliza sensação de vazio, expressão 
inapropriada de raiva. 
 
Comportamento: Sentimentos de 
despersonalização e desrealização. 
 
Comportamento: Sintomas psicóticos 
transitórios (pensamento 
desorganizado, má interpretação do 
ambiente), diminuição do campo 
perceptivo). 
 
Comportamento: Dependentes dos 
outros; excessivamente procura de 
tranquilização, manipulação dos outros, 
incapacidade de tolerar estar sozinho. 
 
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