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Bioma: caatinga – serrado – floresta atlântica – floresta amazônica – pantanal – campo sulino.
1 Unidade
Noções Introdutórias:
Ecologia e Direito.
Meio Ambiente: Conceito e elementos.
Tutela Jurídica do Meio Ambiente:
Âmbito internacional
Âmbito interno
2 Unidade
Direito Ambiental
Conceito
Interdisciplinariedade
O direito ao Meio Ambiente
Interesses difusos
CONCEITO DE MEIO AMBIENTE
Meio ambiente é um conceito ambíguo. Urge defini-lo para que possamos ter um melhor delineamento de sua extensão.
Inclusive se configura a terminologia meio ambiente como pleonástica, haja vista que meio significa o local em que vivemos e ambiente o espaço que rodeia o local em que vivemos, havendo um zona de interseção entre estas duas palavras. Em Portugal e na Itália se utiliza apenas a palavra ambiente. 
A expressão Direito Ecológico não seria muito interessante porque seria muito genérico, sem esmiuçar o seu objeto. Já a expressão Direito da Natureza não é interessante em razão de que seu estudo entra em elementos abióticos, que não fazem parte da natureza propriamente dita.
Meio ambiente pode ser definido como a relação entre os organismos e o ambiente em que vivem. Busca harmonizar o homem com a natureza. Conjunto de relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que eles vivem e todas as interações desses organismos com o meio e entre si. Todo conjunto de relações, dentro de determinada circunscrição, em que interagem elementos bióticos e abióticos. 
Conceito de Edis Milaré sobre o Direito Ambiental: "O complexo de princípios e normas reguladores das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações" (Edis Milaré). 
Deve ser entendido por meio ambiente, em sua significação 
comum, “o complexo de relações entre o mundo natural e o ser vivo, as quais influem na vida e no comportamento do mesmo ser” (René Ariel Dotti, verbete “Ecologia”, “in” Enciclopédia Saraiva do Direito, Ed. Saraiva, 1977, p. 501). 
O conceito legal, de forma insólita em nosso costume jurídico em virtude da dificuldade de definição, proveio da Lei Federal n.º 6.938, de 31.08.81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, tratou do tema, definindo o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (art. 3º, inc. I).
Sua importância assume maior relevo atualmente, nessa sociedade plástica, com defende Zygmunt Bauman, em que o consumismo dos homens está levando literalmente à exaustão os recursos do planeta terra. 
O Direito Ambiental é multidisciplinar, pois seus conceitos, normas e doutrina, necessariamente recorrem às ciências que estudam o meio ambiente para serem construídos.
PRISMAS DO MEIO AMBIENTE
Visão Antropocêntrica do Meio Ambiente: É aquela em que o ser humano ocupa a centralidade das análises, construindo-se um Direito Ambiental para a satisfação das necessidades humanas. O maior papel seria desempenhado pelo homem porque ele é o único animal racional e caberia a ele o papel de preservação da espécie.
Visão Cultural do Meio Ambiente: Segundo o Prof. José Afonso da Silva compõem-se do patrimônio histórico, paisagístico, turístico, arqueológico que fazem parte da tradição de um determinado povo; unindo-se com os elementos artificiais e naturais. Serve como elemento para diferenciar e acicatar os laços de um povo. Traduzem a memória e a tradição de um povo. Privilegia o produto elaborado pelos cidadãos.
O caso do insigne José Afonso da Silva, que optou por definir o meio ambiente como “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” (“Direito Ambiental Constitucional”, Malheiros Editores, 1994, p.2).
O mesmo autor também deixa averbado que o conceito adotado compreende três classes de meio ambiente, a saber: “I - meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto); II - meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em regra, como obra do homem, defere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou; III - meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora, enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam” (ob. cit., p. 3).
Visão Centralista da Natureza no Meio Ambiente (Biocêntrica): Parte-se do pressuposto que os elementos naturais são centrais para o estudo, descurando-se de várias outras variáveis.
Visão do Meio Ambiente como Proteção das Minorias: Busca-se nesse prisma a proteção de hipossuficientes, como negros, mulheres, minorias raciais, etc. 
Visão do Meio Ambiente como Proteção do Trabalho:
OBJETIVOS
A finalidade do Direito Ambiental é a harmonização da natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas e da sadia qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver plenamente. Restaurar, conservar e preservar são metas a serem alcançadas através deste ramo do Direito, com a participação popular.
Diferença entre Preservar e Conservar
Quando você fala em conservar está a manter, sustentar qualquer coisa, fazer com que ela não mude o seu estado. Por exemplo, conservando um ecossistema você está impedindo que haja desequilíbrios, sempre atento a qualquer problema, cuidando dos animais e das plantas.
 Ao preservar uma coisa, você esta protegendo, defendendo contra o ataque dos outros, você não está "sustentando" a coisa, você está apenas impedindo que alguém a destrua. Preservando um ecossistema você está apenas protegendo da invasão de outros, não está cuidando das plantas e dos animais.
Ramo do Direito Público ou Privado?
ECOLOGIA E DIREITO
Conceito: é a ciência que estuda a interação dos organismos vivos e o meio ambiente. Ou seja, analisa as interações dos elementos bióticos com o meio ao qual circundam. Provém de “oikos” casa, mais logia que é estudo. Foi utilizada pela primeira vez por Ernst Haeckel.
Biosfera – Conjunto de todos os ecossistemas. 
Ecossistema (sistema onde se vive) designa o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades.
Conjunto de relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que eles vivem e todas as interações desses organismos com o meio e entre si. Todo conjunto de relações, dentro de determinada circunscrição, em que interagem elementos bióticos e abióticos. 
Bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de homogeneidade. Bios – vida; oma – grupo.
DIREITO AMBIENTAL E IDEOLOGIA
Não se pode negar o papel ideológico do Direito Ambiental, ao proporcionar a possibilidade da manutenção do status quo, ou de sua modificação em prol de interesses escusos. 
CONCEITUAÇÃO CONSTITUCIONAL
“ Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Direito de Todos. O que inclui os brasileiros e estrangeiros, mesmo os não residentes. Outros como Celso Antonio Fiorillo defende que apenas os residentes é que têm direito a tal prerrogativa. 
Natureza de Bem Diversa. O bem agasalhado pela mencionada proteção não se configura nem como público, nem como privado, haja vista que há responsabilidades distintas para todos (Celso AntonioPacheco Fiorillo).
Quanto aos bens ambientais não se tem prerrogativas inerentes ao Direito de Pr
opriedade, como o jus utendi, fluendi e abutendi. São bens denominados de difusos ou coletivos.
 Fator Finalístico. O telos almejado é garantir uma sadia qualidade de vida, sendo obtido através de um ambiente ecologicamente equilibrado.
Conteúdo Mínimo. Baseado na palavra essencial, em que a leitura deve ser no sentido de todas as prerrogativas inenerentes à dignidade da pessoa humana.
Ônus Obrigatório. Para o poder público e para a coletividade.
A expressão utilizou o sentido de presevar como conservar, já que mencionou defender e preservar, no que foi um pleonasmo não vicioso.
 Direito Intergeracional. Para a defesa e preservação das gerações presentes e futuras.
Voltando a atenção para o sistema normativo em vigor, é de inegável constatação a circunstância de ter a Constituição Federal de 1988 instituído um novo modelo de ordem constitucional. De fato, enquanto as Constituições anteriores primavam pela estatuição de normas supremas que cuidavam quase que exclusivamente dos direitos individuais, a atual carta Magna em muito inovou na seara dos direitos metaindividuais, ao criar normas jurídicas diretamente relacionadas à tutela dos direitos coletivos e difusos.
“A tutela do meio ambiente, como exemplo característico desta espécie de direitos metaindividuais, recebeu um tratamento amplo e moderno do legislador constituinte de 1988, o que já serve para demonstrar a consciência ecológica de que o mesmo estava imbuído, sendo encontráveis, ao longo de todo Texto Constitucional, inúmeros dispositivos concernentes ao assunto.
Cite-se, inicialmente, o art. 5º, inciso LXXIII, que, dispondo sobre a ação popular, previu a  possibilidade do seu ajuizamento para anular ato lesivo ao meio ambiente. Seguem-se os artigos 23, incisos VI e VII, e 24, incisos VI e VIII, que prevêem a competência material comum e a competência legislativa concorrente dos entres federados (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) relativamente à edição de atos normativos sobre o meio ambiente.
Mais à frente encontramos o artigo 129, inciso III, que estabelece ser uma das funções institucionais do Ministério Público a de promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Depois, temos o artigo 170, inciso VI, que relaciona a defesa do meio ambiente como um dos princípios da ordem econômica. Ainda no título que disciplina a Ordem Econômica e Financeira, o parágrafo 3º do artigo 174 prescreve que o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.
Já no título relativo à Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem, nos termos do artigo 186, inciso II, requisitos da função social da propriedade rural, sendo que suas inobservâncias podem levar  à desapropriação da área para fins de reforma agrária (art. 184).
Entra-se, a seguir, no título dedicado à Ordem Social, onde, no artigo 200, inciso VIII, é declarado que ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o de trabalho”. E, por fim, antes do capítulo dedicado ao meio ambiente, encontra-se o artigo 216, inciso V, que inclui os conjuntos urbanos e os sítios de valor ecológico entre os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro.
As referências acima apontadas são apenas algumas das que existem no Texto Constitucional. Selecionamos apenas as que entendemos ser mais importantes. Há, também, mais de uma dezena de referências implícitas ao meio ambiente na Constituição em vigor, para cuja verificação remetemos à obra do notável José Afonso da Silva (ob. cit., p. 28), que se preocupou em fazer uma análise completa da matéria.”
PÓS-MODERNIDADE E DIREITO AMBIENTAL
Principiologia (Dworkin - Alexy)
Redefinição dos mecanismos da subsunção – esta ganha uma liberdade inaudita (Aftalión)
Remoralização do Direito Miguel Reale
Concretização dos Direitos Humanos (Jorge Miranda – Canotilho e Ingo Sarlet)
Força normativa da Constituição (Konrad Hesse)
PRINCÍPIOS
Dworkin planteia que o acinte ao violar um princípio é mais grave em decorrência de suas ramificações dentro de um sistema.
Alexy fala dos princípios como comandos de optimização das normas jurídicas, principalmente dos direitos fundamentais. 
Não há entre os autores uma concordância entre os princípios elencados.
Princípio do meio ambiente como Direito Fundamental → 
É uma extensão ao direito à vida, mesmo não fazendo parte do art. 5° da Constituição. Direito de Terceira Dimensão.
Princípio da Prevenção → 
Dado a impossibilidade de retorno ao status quo ante. É mais eficaz impe dir a consecução de dano ambiental do que restaurar a área atingida. Igualmente há um componente econômico.
A finalidade ou o objetivo final do princípio da prevenção é evitar que o dano possa chegar a produzir-se. Deve-se tomar as medidas necessárias para evitar o dano ambiental porque as consequências de se iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são conhecidas.
Possui amparo constitucional no art. 225, §1º, IV, CF - obrigatoriedade de EIA em obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio ambiente. O principal instrumento de prevenção é o EIA/RIMA.
Os objetivos são: impossibilidade de retorno ao status quo – custos econômicos – efeitos ambientais.
Princípio da Precaução → 
Celso Antônio Pacheco Fiorillo nega sua autonomia. Seria a concretização de medidas ambientais, mesmo se a possibilidade de dano ao meio ambiente fosse considerada remota. Em caso de dúvida, deve-se evitar a prática do ato maculado.
É o que incide quando não se tem certeza científica acerca dos danos que podem ser causados. Aplica-se o primado da prudência e o benefício da dúvida em favor do ambiente. A falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar medidas para evitar ou minimizar essa ameaça. In dubio pro natura.
Inversão do ônus é seu corolário, implicando na necessidade de demonstração de que a atividade não traz riscos ao meio ambiente. Contudo, esse princípio deve ser amparado pela proporcionalidade. O princípio da precaução entra no domínio de direito público que se chama poder de polícia da administração.
Princípio do Poluidor-Pagador ou da Responsabilização → 
Uma vez identificado o poluidor, ele deve arcar com as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. Estabelece que aquele que utiliza de recurso ambiental e causa degradação (externalidades negativas) ambiental deve arcar com os custos para minimizá-la ou para recuperá-lo. Poluidor é toda pessoa física ou jurídica que causa direta ou indiretamente degradação ambiental. É preventivo (exige a prevenção do dano) e repressivo (ocorrendo danos o poluidor será responsável por sua reparação – responsabilidade objetiva).
Tem previsão constitucional no art. 225, § 3º CF.
A reparação deverá ser preferencialmente “in natura”, ou seja, buscando restabelecer o “status quo ante”. 
Não se trata de uma autorização para poluir, desde que se indenize. A poluição continua vedada; se acontecer, contudo, deve dar-se a recomposição in natura e a indenização dos danos insuscetíveis de recomposição. O custo da reparação deve ser de tal monta que possa repelir novas condutas.
Princípio do usuário- pagador →
É uma evolução do princípio do poluidor-pagador. Destaca que o uso gratuito de recursos naturais às vezes pode representar enriquecimento ilícito por parte do usuário, pois a comunidade que não usa ou usa em menor escala fica onerada. Tal princípio também não deve ser encarado como punição, pois poderá ser implementado mesmo sem haver comportamento ilícito, dentro do permitidopelo ordenamento.
Estabelece que o usuário de recursos naturais (escassos) deve pagar por sua utilização. A idéia é de definição do valor econômico ao bem natural com intuito de racionalizar o seu uso e evitar seu desperdício. O usuário é aquele que não causa poluição. Paga por um direito outorgado pelo poder público. 
Princípio do Protetor-recebedor →
Postula que aquele agente público ou privado que protege um bem natural em benefício da comunidade deve receber uma compensação financeira como incentivo pelo serviço de proteção ambiental prestado. O princípio do protetor-recebedor incentiva economicamente quem protege uma área, deixando de utilizar seus recursos, estimulando assim a preservação.
Trata-se de um fundamento da ação ambiental que pode ser considerado o avesso do conhecido princípio do usuário pagador, que postula que aquele que usa um determinado recurso da natureza deve pagar por tal utilização.
 Um exemplo adotado em alguns municípios é a redução das alíquotas de IPTU - para os cidadãos que mantém áreas verdes prote gidas em suas propriedades.
 
Princípio do Desenvolvimento Sustentável →
A idéia de desenvolvimento sócio-econômico em harmonia com a preservação ambiental, emergiu da Conferência de Estocolmo, de 1972. “É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”.
A CF abriga esse princípio (Art. 170, VI, e 225 da CF). Pilares do desenvolvimento sustentável: crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social.
Se o desenvolvimento não for sustentável, ocorre-se o risco de não haver desenvolvimento.
É definido, pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Des envolvimento como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.
Princípio da Participação Comunitária (Princípio Democrático/Cooperação) →
Dever de proteger, opinar e entrar com remédios jurídicos.
Inserido no caput do art. 225 da CF. Princípio nº 10 da Declaração do Rio de 1992. É dever de toda a sociedade atuar na defesa do meio ambiente.
A participação consubstancia-se: a) no dever jurídico de proteger e preservar o meio ambiente; b) no direito de opinar sobre as políticas públicas; e c) na utilização dos mecanismos de controle políticos (plebiscito, referendo, iniciativa popular), judiciais (ação popular, ação civil pública) e administrativos (informação, petição, EIA).
Destaca-se aqui a atuação das ONGs e assento dos cidadãos nos conselhos ambientais e da consulta pública para criação de algumas unidades de conservação.
Princípio da Publicidade ou da Informação →
 Toda informação sobre o meio ambiente é pública. Visa assegurar a eficácia do princípio da participação comunitária.
 É necessária a devida publicidade das questões ambientais, sob pena de impossibilidade de atuação do princípio democrático. 
 O art. 5º, XXXIII da Constituição Federal e a Lei 12.527/11, garantem o acesso à informação de forma ampla, incluindo aquela que diz respeito ao meio ambiente. 
Princípio da Educação Ambiental →
 Embora não seja obrigação exclusiva do poder público, encontra-se constitucionalmente previsto no art. 225, pr.1º, VI, CF. Para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação.
Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico (Canotilho) →
Vedação ao retrocesso quando já existem medidas protetivas. Impede que qualquer um dos Poderes ataque o núcleo essencial de direitos e garantias ambientais já positivados, protegidos e implementados. Não é possível a edição de normas posteriores mais flexíveis, pois comprometem a solidariedade intergeracional.
TUTELA JURÍDICA DO MEIO AMBIENTE
TUTELA INTERNACIONAL
Como são os países desenvolvidos que mais poluem, também foram eles que realizaram as primeiras legislações de proteção ao meio ambiente. Os Estados Unidos editaram a National Environmental Policy Act (NEPA), com a finalidade premente de “enunciar uma política nacional que incentive uma produtiva e agradável harmonia entre o homem e o meio ambiente; promova esforços que evitem ou eliminem danos ao meio e à biosfera, bem como estimule a saúde e o bem-estar do homem; ampliar a compreensão dos sistemas ecológicos e das riqueza s naturais importantes para a Nação” (art. 2º).
Posteriormente, várias outras leis foram editadas, como: Clear Air Act (1970), o Clean Water Act (1972), o Resource Conservation and Revovery Act (RCRA) e o Comprehensive Environmental Response, Compensation and Liability Act (CERCLA) de 1980, modificado em 1986, que trata basicamente da responsabilização pelo dano ambiental.
Também nos países europeus a questão ambiental passou a ser objeto de consideração a partir da década de 70. Com o advento da “Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente”, considerado o primeiro grande documento internacional na matéria (redigido e aprovado durante a Conferência da Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972), a Comunidade Econômica Européia estabeleceu o Primeiro Plano de Ação Ambiental, que prescreveu objetivos e princípios a serem implementados pelos países que a integram.
- Conferência de Estocolmo (Suécia) – 1972 – Desenvolvimento sustentável.
- Comissão Brundtland – 1987 – Desenvolvimento sustentável
- Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) – 1992 – Introduzido o princípio da prevenção.
TUTELA NACIONAL
No Brasil, a feitura de textos normativos voltados à tutela do meio ambiente começaram a aparecer após a década de 80. Predominou entre nós, por muito tempo, “a desproteção total, em parte devido à concepção individualista do direito de propriedade, conjugado com a necessidade premente da obtenção do desenvolvimento. 
“Pode-se dizer que o marco mais importante da resposta que o ordenamento jurídico pátrio tem dado ao verdadeiro clamor mundial pela proteção do meio ambiente é o da edição da Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, que traçou a política nacional do meio ambiente e concedeu, como um dos mecanismos de sua formulação e aplicação, legitimação ao Ministério Público, da União e dos Estados, para propor ação de responsabilização civil por danos causados ao meio ambiente (art. 14, § 1º).”
Posteriormente, foi promulgada a Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplinou a ação civil pública como instrumento processual específico para a defesa do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
Mas foi com o surgimento da Constituição Federal de 1988 que passou a proliferar um grande número de diplomas legais relativos à proteção ambiental. 
O professor José Afonso da Silva ao afirmar que das mais recentes Constituições brasileiras, desde 1946, “apenas se extraía orientação protecionista do preceito sobre a proteção da saúde e sobre a competência da União para legislar sobre água, florestas, caça e pesca, que possibilitavam a elaboração de leis protetoras como o Código Florestal e os Códigos de Saúde Pública, de Água e de Pesca” (ob. cit., p. 26).
Histórico da Legislação Ambiental no Brasil
Em 22 de fevereiro de 1989, foi promulgada a Lei nº 7.735, que cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Nesse momento, a gestão ambiental passou a ser integrada. Antes, havia várias áreas que cuidavam do ambiental em diferentes ministérios e com diferentes visões, muitas vezes contraditórias. A responsável pelo trabalho político e de gestão era a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), vinculada ao Ministério do Interior.
A Sema teve um papel de articulação muito importante na elaboração da Lei 6938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, em vigor até hoje. A lei estabelece o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),único conselho com poder de legislar. A Política, além de objetivar a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental, visa também assegurar o desenvolvimento econômico, mas com racionalidade de uso dos recursos naturais.
Outro órgão que também trabalhava com a área ambiental era o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), criado com mega-estrutura, que mantinha a gestão das florestas. Além dele, a Superintendênica de Pesca (Sudepe), que mantinha a gestão do ordenamento pesqueiro, e a Superintendência da Borracha (Sudhevea), que tinha como desafio viabilizar a produção da borracha. O IBDF e a Sudepe eram vinculados ao Ministério da Agricultura e a Sudhevea ao Ministério da Indústria e Comércio.
Na realidade, indiretamente, a criação do Ibama é o ápice de um longo caminho de articulação e conscientização, que teve como pontapé, se não inicial, mas, pelo menos, mais forte, a participação do Brasil na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia), em 1972. Após Estocolmo, houve muita pressão da sociedade e internacional para que o Brasil passasse a fazer a gestão ambiental de forma integrada. Como resposta ao compromisso brasileiro assumido junto à Conferência de Estocolmo, surgiu a Sema em 1973, que realizou, nos anos seguintes, todo um trabalho de criação e atualização do marco regulatório da área ambiental.
As décadas de 70 e 80 foram marcadas por grandes empreendimentos com alto impacto ambiental - a Transamazônica e Foz do Iguaçu (que acabou com Sete Quedas), por exemplo – e outros que levaram a desastres ambientais, como a autorização para uso de agente laranja como desfolhante em Tucuruí e o acidente radioativo em Goiânia com Césio 137. 
Com tantos incidentes, foi criado, então, em 1988, pelo presidente José Sarney, o Programa Nossa Natureza, que tinha como uma das metas recriar a arquitetura organizacional ambiental. Após discussões e debates, é instituído o Ibama, com a função de ser o grande executor da política ambiental e de gerir de forma integrada essa área no país. Na fusão, o Ibama herda da Sema, por curto período, a cabeça do Sisnama, e a mantém até 1990, quando o presidente Fernando Collor cria a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República. Essa atribuição volta para o primeiro escalão do governo, quando a nova Secretaria retoma a função ministerial de formulação das políticas. O Ibama herda também todas as atribuições dos outros órgãos, à exceção da parte de fomento, que já estava em decadência a partir do início da década de 80.
 
2 - Ação Civil Pública
Estando garantido o amplo acesso ao Judiciário para a correção de eventuais lesões ocasionadas ao meio ambiente, conforme já se viu no item anterior, cumpre-nos analisar o instrumento processual mais específico e importante à defesa ambiental, que é a ação civil pública.
Como instrumento jurídico destinado à tutela do direito difuso ao meio ambiente, a ação civil pública encontra previsão constitucional no artigo 129, inciso III, que estabelece ser uma das funções institucionais do Ministério Público “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. Vale ressaltar que no parágrafo 1º do mesmo artigo foi estatuído que a legitimação do Ministério Público para as ações civis não impede a atribuição, por intermédio de lei ordinária, de legitimidade ativa a terceiros, com o que se abre a possibilidade de futuramente as pessoas físicas ajuizarem a predita espécie de demanda ambiental coletiva.
A ação civil pública vem disciplinada, presentemente, na Lei Federal n.º 7.347, de 25 de julho de 1985, que: a) estabelece como foro competente para processar e julgar a causa o do local onde ocorrer o dano (art. 2º); b) elenca como partes legitimadas ativamente à sua propositura o Ministério Público, a União, Estados, Municípios, autarquia, empresa pública, fundação e sociedades ambientalistas que estejam constituídas há mais de uma ano (art. 5º); c) prevê a prolação  de sentença de natureza condenatória, visando o pagamento em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (art. 3º); d) estabelece uma tutela preventiva para o alcance dos fins previstos na lei (arts. 4º e 12); e) exclui a eficácia “erga omnes” da coisa julgada quando seja o pedido julgado improcedente por deficiência de prova (art. 16); f) previu a hipótese de dispensa do adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais (art. 18).
Na tarefa que lhe compete como meio processual garantidor da sadia qualidade do meio ambiente, já foram ajuizadas ações civis públicas  nos seguintes casos: para impedir o religamento do reator da usina Angra I, até que sanadas as deficiências do plano de emergência para evacuação da área; para paralisar empreendimentos incompatível com a preservação do conjunto paisagístico, ambiental e ecológico da Baixada de Jacarepaguá; para responsabilizar empresa transportadora marítima pelo derramamento de óleo combustível em Santos; para que empresa de manutenção de vagões sediada em Porto Alegre cessasse sua atividade causadora de poluição sonora etc. (exemplos retirados da obra de Luís Roberto Barroso, “O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas”, Ed. Renovar, 2º ed., 1993, p. 140).
Como se verifica, grande é a utilidade e a eficácia desse instrumento legal, cabendo unicamente um correto uso das opções por ele oferecidas para que se possa diminuir gradativamente os malefícios causados ao meio ambiente.
Deve ser ressaltado, por fim, que o Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.078, de 11.09.90) alterou sensivelmente a lei básica disciplinadora da ação civil pública, ao estabelecer, exemplificativamente, que: a) fica restabelecido o inciso IV do artigo 5º da Lei 7.347/85, anteriormente vetado pelo Presidente da República, para estender a utilização da ação civil pública a “qualquer outro interesse difuso ou coletivo” (art. 110); b) deve ser aplicada à defesa de quaisquer interesse difusos ou coletivos a disciplina processual instituída pelo Código do Consumidor para a defesa desde em juízo (art. 117); c) julgada improcedente a ação civil pública, salvo por insuficiência de provas, impede o ajuizamento de outras demandas coletivas sob o mesmo fundamento, mas não obsta a propositura ou o prosseguimento de ações individuais (arts. 103, 104 e 117); d) acrescenta a possibilidade de outros legitimados promoverem a execução da sentença condenatória na ação civil pública, antes reservada exclusivamente ao Ministério Público (art. 114); e) ocorrendo desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa (art. 112).
 
3 – Ação Popular
De todos os instrumentos processuais por nós analisados, é a ação popular a mais antiga em termos de previsão constitucional. Com efeito, semelhantemente aos contornos que possui atualmente, a ação popular foi instituída pela Constituição pátria de 1934, sendo suprimida pela de 1937 e restabelecida pela de 1946, continuando nas Cartas Magnas de 1967 e 1969.
Na atual Constituição Federal, encontra-se previsão no sentido de que “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência” (art. 5º, inc. LXXIII).
É de ser acolhida no presente  estudo a definição elaborada por José Afonso
 da Silva, segundo a qual “a ação popular constitucional brasileira é um instituto processual civil, outorgado a qualquer cidadão como garantia político-constitucional, para a defesa do interesseda coletividade, mediante a provocação do controle jurisdicional corretivo da ilegalidade de atos lesivos ao patrimônio público” (“Ação Popular Constitucional”, Ed. RT, 1968, p.105). Executando-se a cláusula relativa à “ilegalidade”, já que a atual Carta Magna somente exige a “lesividade” como requisito necessário à invalidade do ato contra o qual se insurge, a noção extraída da lição do mestre paulista será de grande utilidade na compreensão da matéria.
Interessa-nos, agora, somente o estudo da ação popular como instrumento viabilizador da tutela ambiental, ao atuar como garantia do direito difuso ao meio ambiente (que pertence à coletividade como um todo), possibilidade esta que se tornou plena a partir da Constituição de 1988, já que esta ampliou o objeto da ação popular para englobar os atos lesivos praticados contra o meio ambiente.
Infelizmente, no entanto, permanecem válidas as críticas relacionadas à restrição quanto à legitimidade ativa da ação popular, de vez que, adotando a percuciente observação da nossa ilustre professora Lúcia Valle Figueiredo, estando a legitimidade ativa afeta apenas ao cidadão, torna reduzida a possibilidade da sua utilização, pois não se pode pensar, em cidades pequenas, no autor popular, como cidadão, a enfrentar a “toda-poderosa Administração pública” (“Curso de Direito Administrativo”, Malheiros Editores, 1994, p. 277).
É também da lição sempre arguta de José Afonso da Silva, agora extraída de outra obra (“Direito Ambiental Constitucional”,  Malheiros Editores, 1994, p. 222), que constatamos ser objeto imediato da demanda popular a anulação do ato lesivo ao meio ambiente e a condenação dos responsáveis pelo ato, incluindo os seus destinatários, ao pagamento de perdas e danos ou, alternativa ou cumulativamente, a repor a situação no “status quo”, recuperando-se, em conseqüência, o meio ambiente degradado. Já o objeto mediato é a proteção do meio ambiente, o que envolve a idéia de conservação, recuperação e preservação da sua qualidade.
Como características básicas da ação popular, podem ser extraídas da Lei n.º 4.717, de 29 de junho de 1965, e da própria Constituição, as seguintes: a) o autor da ação popular somente pode ser o cidadão no gozo de seus direitos cívicos e políticos; b) o ato impugnado deve ser lesivo ao patrimônio público; c) isenção de custas judiciais e do ônus da sucumbência, salvo comprovada má-fé; d)  a competência para processar e julgar a ação popular será determinada em conformidades com a origem do ato impugnado; e) caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado; f) sujeitos passivos serão as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no artigo 1º da Lei 4.717/65, as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários da mesma; g) havendo desistência da ação, qualquer cidadão ou o Ministério Público poderá dar prosseguimento à mesma; h) a sentença terá eficácia “erga omnes”, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; e i) o prazo prescricional da ação popular é de 5 (cinco) anos.
Da análise empreendida, é possível afirmar que tratamos do mais importante meio processual existente em nosso ordenamento jurídico a ligar o cidadão ao controle da higidez do meio ambiente. Com a nova previsão constitucional, foi estendido o emprego da ação popular à tutela ambiental, importando em dizer que, ante tal inovação, foi aumentada consideravelmente a responsabilidade de todos os cidadãos na fiscalização e repressão de atitudes comprometedoras do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
 
4 – Mandado de Segurança Coletivo
O mandado de segurança coletivo é um dos meios mais eficazes para a correção de ilegalidade e inconstitucionalidades praticadas por autoridades públicas em face da coletividade, podendo ser impetrado, segundo o que vem previsto no artigo 5º, inciso LXX, da Constituição, por a) partido político com representação no Congresso Nacional, b) organização sindical, c) entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses dos seus membros ou associados.
É meio constitucional posto à disposição desses órgãos que possuem capacidade processual, sendo requisitado de sua admissibilidade a existência de direito líquido e certo, não amparado por “habeas corpus” ou “habeas data”, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (Hely Lopes Meirelles, “Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Habeas Data”, Ed. RT, 13ª ed., 1988, p. 32).
Importante aspecto do mandado de segurança coletivo é o da sua impetração para a tutela dos chamados “direitos difusos”, já que os dispositivos constitucionais relativos ao meio ambiente revestem-se da natureza dessa espécie metaindividuais. Segundo ensinamento que extraímos da doutrina elaborada pelos juristas Lúcia Valle Figueiredo (“Curso de Direito Administrativo”, Malheiros Editores, 1994, p. 260), José Afonso da Silva (“Direito Ambiental Constitucional”, Malheiros Editores, 1994, p. 223), Celso Agrícola Barbi (“Mandado de Segurança na Constituição de 1988”, “in” Revista dos Tribunais, n.º 635, p. 22), Flávia Piovesan (“O direito ao meio ambiente e a Constituição de 1988: diagnósticos e perspectivas”, “in” cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política”, Ed. RT, n.º 04, p. 91) e Francisco Antonio de Oliveira (“Mandado de Segurança e Controle Jurisdicional”, Ed. RT, 1992, p. 232), o direito ao meio ambiente é perfeitamente tutelável por intermédio do mandado de segurança coletivo.
Doutra parte, verifica-se que a  sentença proferida no mandado de segurança coletivo só produz efeitos “ultra partes” ante a concessão da segurança pleiteada, isto é, a coisa julgada terá sua eficácia estendida a terceiros “secundum litis”, advindo somente para beneficiá-los. Com a denegação do mandado de segurança coletivo, os membros ou associados da entidade impetrante poderão ajuizar ações individuais, desde que atendidos os respectivos pressupostos de cabimento.
 
5 – Ação Direta de Inconstitucionalidade
A ação direta de inconstitucionalidade é instrumento processual dos mais úteis à proteção ambiental, uma vez que poderá ser utilizada, dentre outras hipóteses de cabimento, para obter o reconhecimento da desvalia jurídica de lei ou ato normativo infraconstitucional que esteja a violar normas ou princípios constitucionais de preservação do meio ambiente.
Situa-se o estudo da precitada ação no âmbito do controle jurisdicional concentrado de constitucionalidade, que é aquele em que se confere competência a um único órgão judicial para apreciar as questões relativas à Constitucionalidade das leis, sendo que a sua origem é de ser situada na Constituição austríaca de 1920, que tomou por base projeto elaborado pelo jusfilósofp Hans Kelsen (cf. Mauro Cappelletti, “O Controle Judicial de Constitucionalidade das Leis no Direito Comparado”, Fabris Editor, 1984, p. 75).
Adota-se no Brasil a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (art. 102, I, “a”, da Carta Magna) com fito de obter, única e exclusivamente, a declaração de inconstitucionalidade de lei em tese, não existindo, portanto, conflito de interesses em discussão, mas sim um único objetivo de natureza processual que é a retirada da norma inconstitucional do ordenamento jurídico em razão da eficácia geral e do efeito “erga omnes” conferido à decisão do Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual o Senado Federal sequer é comunicado da declaração de inconstitucionalidade.
Do que já foi exposto, claro está que para a propositura da ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) basta a discussão a respeito de uma tese jurídica, dado que a mesma independe de uma lesão a direito individual ou coletivo, dando-se o controle em abstratoda norma indigitada. O que se busca, na verdade, nesta via de controle, é a verificação da compatibilidade da norma infraconstitucional aos preceitos superiores da Lei Maior que lhe dá fundamento de validade.
A Constituição de 1988 introduziu algumas inovações em relação ao controle concentrado de constitucionalidade, quais sejam: a) passou a denominar de ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo a antiga representação de inconstitucionalidade (art. l02, I, “a”); b) criou a ação direta de inconstitucionalidade  por  omissão (art. l03, § 3º); c) ampliou a legitimação ativa para a propositura da ADIN (art. l03, I a IX); d) estabeleceu a possibilidade dos Estados-Membros instituírem representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual (art. l25, § 2º); e) estabeleceu a arguição de descumprimento de preceito fundamental da constituição, que ainda depende de regulamentação (art.l02, § 1º).
Por imposição constitucional (art.97 da Constituição), os tribunais pátrios somente poderão declarar a inconstitucionalidade em abstrato de lei ou ato normativo  pelo voto da maioria absoluta de seus integrantes, disposição esta que se estende aos tribunais estaduais quando da análise de lei municipal ou estadual (RTJ 89/944).
O Advogado-Geral da União deverá atuar nos casos de apreciação de inconstitucionalidade de lei em tese na qualidade de defensor da norma impugnada, sob pena de invalidade da relação processual instaurada (art.l03, § 3º),sendo que também o Procurador-Geral da República tem participação garantida nesses casos (art.l03, § 1º).
Não é de se esquecer da competência originária do STF para processar e julgar o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade (art. l02,I,”a”, da Constituição), com o que se abre a possibilidade de suspensão imediata da norma tida por inconstitucional até o advento da decisão definitiva de mérito.
Esperamos que com essa breve apresentação dos principais aspectos jurídicos de ação direta de inconstitucionalidade possamos ter demonstrado a importância de sua utilização em assuntos relativos ao meio ambiente. No estudo realizado por Édis Milaré (“Tutela Jurisdicional do Meio Ambiente”, AASP, Setembro/92, n.º 37, p. l7), consta o seguinte exemplo de utilização da ADIN: ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade n.º 350-0/600 pela Procuradoria Geral da República, em atendimento á representação da Associação Brasileira de Caça e Conservação, visando a declaração de inconstitucionalidade do artigo 204 da Constituição Paulista, que proibiu a caça em todo o Estado.
 
6- Ação Declaratória de Constitucionallidade
O ordenamento jurídico pátrio recebeu, no mês de março de l993, uma inovação no âmbito do controle da constitucionalidade das leis, tendo o assunto despertado a atenção de todos que militam na área do direito constitucional.
Trata-se da outorga de mais uma competência originária ao Supremo Tribunal Federal, qual seja, a competência para processar e julgar a ação declaratória de constitucionalidade (ADCON), que veio prevista no bojo da Emenda Constitucional n.º 03 de l7 de março de l993.
Portanto, atualmente o sistema concentrado de controle da constitucionalidade das leis no Brasil compõe-se de dois tipos de ações diretas ajuizáveis perante o STF: a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade. De fato, prevê a Constituição em vigor, já com a redação dada pela Emenda n.º 03, a competência do STF para processar e julgar “a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal”(art. l02,I, “a”).
Em seguida, o parágrafo 2º do artigo l02 da Constituição dispõe a respeito dos efeitos da decisão do STF quando do julgamento da ADCON, estando assim redigido: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo”.
A respeito dos legitimados ativamente à propositura da ADCON, estabelece a Constituição que a mesma será de iniciativa exclusiva das  pessoas e entidades que arrola: Presidente da República, Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara do Deputados e Procurador-Geral da República (art. l02, § 4º).
A ação declaratória possui característica até mais graves do que a avocatória (instrumento da época do regime ditatorial militar), em face de possível violação dos princípios constitucionais do devido processo legal (art.5º, LVI), da ampla defesa, do contraditório e do duplo grau de jurisdição (art. 5º, LV), e do princípio da inafastabilidade do controle judicial (art. 5º, XXXV), com o que se estaria a violar o disposto no artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV da Constituição (ofensa a diretos fundamentais que não podem ser objeto de alteração pelo Poder  Constituinte Derivado).
Infelizmente, no entanto, o Supremo Tribunal Federal, ao decidir a  primeira ação declaratória de constitucionalidade, que dizia respeito a uma suposta inconstitucionalidade da contribuição social denominada COFINS, convalidou, por ampla, maioria de votos, o instrumento processual ora tratado, utilizando-se de argumentação segundo a qual “o que se pretende, assim, com o novo instituto, é tornar mais rápida a definição do Poder Judiciário, em abstrato, sobre a validade ou não de lei ou ato normativo federal, evitando-se, pois, se prolonguem, no tempo, com prejuízo à Justiça, as dúvidas sobre a constitucionalidade de norma, com autêntico tumulto nos Juízos e Tribunais que houverem de aplicá-la, pelo volume de demandas e divergências, em torno do mesmo tema”(trecho do voto do Ministro Néri da Silveira, “apud” “Ação Declaratória de Constitucionalidade”, coordenação de Ives Gandra da Silva Martins e Gilmar Ferreira Mendes, Ed. Saraiva, l994, p 22).
Em assim sendo, uma das utilidades que a ação declaratória de constitucionalidade poderá ter será a de servir de instrumento de tutela ambiental, na medida em que for ajuizada para obter o reconhecimento da validade constitucional de lei ou ato normativo federal que esteja, supostamente, a entrar em choque direto com normas ou princípios constitucionais relacionados à proteção do meio ambiente.
 
7- Ação Direta de Inconstitucional por Omissão
No âmbito do controle de constitucionalidade concentrado, que se dá perante o Supremo Tribunal Federal, a Constituição de l988 inovou ao introduzir em nosso ordenamento jurídico da ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
Com efeito, prevê o parágrafo 2º do artigo l03 da Constituição que “Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias”.
Assim é que preocupando-se o legislador constituinte com a efetividade das normas constitucionais dependentes de regulamentação ulterior ou de uma providência administrativa para que sejam implementadas, deixou-se clara a possibilidade de os interessados (art. l03), ante a inércia do  Legislativo ou do Executivo em não fazerem aquilo a que estão constitucionalmente obrigados, requererem ao Judiciário, em nome de toda a coletividade, o reconhecimento da omissão e a notificação do órgão competente para que este a supra, tornando possível o comprimento de preceito constitucional destituído de plena eficácia.
Infelizmente, a Constituição brasileira, neste particular, foi tímida por ter simplesmente copiado o  instituto da inconstitucionalidade por omissão da Constituição portuguesa, porque, conforme bem observou José Afonso da Silva, “a mera ciência ao Poder Legislativo pode ser ineficaz, já que ele não está obrigado a legislar. Nos termos estabelecidos, o  princípioda discricionariedade do legislador continua intacto, e está bem que assim seja. Mas isso não impediria que a sentença que reconhecesse a omissão inconstitucional já pudesse dispor normativamente sobre a matéria até que a omissão legislativa fosse suprida. Com isso, conciliar-se-iam o princípio da autonomia do legislador e a exigência do efetivo comprimento das normas constitucional”(Curso de Direito Constitucional Positivo”, EDRT, 5º ed., , p. 47). Precisa é a crítica do mestre paulista, razão pela qual adotamo-la “in totum”.
Sendo, como se viu, ineficaz o provimento jurisdicional pleiteado na ação de inconstitucionalidade por omissão, somos da idéia de que se deva acatar algumas propostas elaboradas pelo professor Luís Roberto Barroso (“O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas”, Ed. Renovar, 2ª ed., 1993, p. 171/172) e que dizem respeito ao tratamento das omissões legislativas que fossem, em princípio, insanáveis por via judicial. Vejamos quais são as propostas, que são integralmente adotadas neste estudo:
1 – Nos casos em que a iniciativa da lei dependa do Executivo, sua inércia em encaminhar a mensagem num prazo a ser fixado transferiria a competência a qualquer parlamentar para deflagrar o processo legislativo.
2 – Ampliação da legitimação para a iniciativa do processo de elaboração legislativa, estendendo-a aos Poderes estaduais e aos cidadãos, diretamente, por mecanismos a serem regulamentados.
3 – Fixação de um prazo para a discussão e votação dos projetos que tenham por objeto integrar os comandos constitucionais cujos efeitos estejam paralisados por falta de regulamentação. Ao término deste prazo, o projeto seria incluído na ordem do dia, obrigatoriamente, por determinado número de sessões, ao termo das quais, se não houvesse sido apreciado, nenhum outro projeto poderia ser votado antes que sobre ele se deliberasse.
Como a matéria relativa ao meio ambiente também está entre aquelas em que, em alguns casos, é necessária a edição de lei integradora de um comando constitucional ou a prática de atos impostos pela Constituição para que se possa dar plena eficácia jurídica e social às  normas de direito por ela (Constituição) previstas, a omissão do legislador ou de órgão administrativo leva ao descumprimento da Constituição e caracteriza sua abstenção como ilegítima, possibilitando, assim, o ajuizamento da competente ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Exemplos de normas constitucionais, relativas ao meio ambiente, que exigem a expedição de normação jurídica ordinária executória são as seguintes: artigo 174, parágrafo 3º, artigo 200, inciso VIII, artigo 225, parágrafo 1º (que traz, em sua maioria, previsão de normas de conteúdo programático).
Há que se anotar, por fim, que os tribunais superiores têm firmado entendimento segundo o qual o pedido de liminar é incompatível com o objeto mediato da ação por omissão (RT 668/212 e RTJ 133/569) e que é desnecessária, nessa espécie de demanda, a audiência do Advogado-Geral da União (JSTF 133/8, RTJ 131/463, RT 659/205 e RDA 179/138).
 
8 – Mandado de Injunção
Outra inovação constitucional relacionada ao suprimento da inércia legislativa, configurando uma autêntica ação de defesa de direitos assegurados pelo constituinte de 1988, diz respeito ao mandato de injunção, que encontra supedâneo no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, que tem a seguinte redação: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.
Marcelo Figueiredo, monografista do tema, elaborou uma definição do instrumento processual ora tratado que, pela precisão, merece ser transcrito, “in verbis”:
“Mandado de injunção é a ação constitucional posta à disposição de qualquer pessoa física ou jurídica, apta à tutela de direito individual, coletivo e difuso, toda vez que houver falta de regulamentação de direito infraconstitucional, que obstaculize sua fruição” (“Mandado de Injunção e a Inconstitucionalidade por Omissão”, Ed.. RT, 1991, p. 36).
Da definição precitada já se antevê que o mandado de injunção poderá ser utilizado por qualquer pessoa, e até mesmo pelo Ministério Público, para tornar viável o exercício de um direito constitucionalmente assegurado, inerte em razão da existência de norma regulamentadora desse mesmo direito. É medida apta à tutela ambiental, uma vez que é a própria Constituição que assegurou que todos têm  direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito este que é considerado como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (art. 225).
Ao sustentar o cabimento do mandado de injunção individual na tutela do meio ambiente, estamos a fugir de interpretações restritivas e reducionistas dos direitos e garantias constitucionais, de vez que a interpretação extensiva, fruto da síntese lingüística e do princípio da rigidez formal da Constituição, “é rotineiro e necessário expediente de trabalho de quantos se detenham no exame aprofundado da normativa constitucional” (Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres de Brito,  “Interpretação e Aplicabilidade das Normas Constitucionais”, Ed. Saraiva, 1982, p. 24). Ademais, o constituinte, ao inscrever o mandado de injunção no rol dos remédios constitucionais (art. 5º, inc. LXXI), não fez nenhuma restrição quanto à espécie de direito constitucional a ser por ele protegido, com o que abrangidos estão todos os direitos constitucionais.
Também alvitramos a possibilidade de impetração do mandado de injunção coletivo por entidades associativas que detenham poderes expressos para representar seus filiados (art. 5º, inc. XXI, da Constituição) e que tenham como uma de suas finalidades sociais a proteção ao meio ambiente. No entanto, cumpre anotar que o supremo Tribunal Federal, segundo nos dá conta o procurador estadual Milton Flaks (“Instrumentos Processuais de Defesa Coletiva”, “in” Revista de Direito Administrativo, n.º 190 p. 61), por intermédio do Ministro Celso de Mello, em despacho no Mandado de Injunção n.º 390-4 (DJ de 9.6.92), impetrado por um sindicato, ressalvou que a questão do cabimento do mandado de injunção coletivo e da legitimidade ativa para sua impetração não foi ainda definida no âmbito daquela Corte. Em razão disso, e considerando o dissenso que lavra na doutrina, resolveu processá-lo, reservando-se para apreciar o problema quando do julgamento da demanda.
O mandado de injunção não se confunde com a ação de inconstitucionalidade por omissão. Esta é uma assertiva feita por todos os estudiosos da matéria. E com razão. Veja-se que a legitimação ativa para o ajuizamento da ação de inconstitucionalidade por omissão é privativa das pessoas e entidades arroladas no artigo 103 da Constituição. Por sua vez, o mandado de injunção tem como legitimados ativamente qualquer um do povo, pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado ou público, desde que tenham interesse de agir.
Mas a principal diferença entre os dois remédios constitucionais está no conteúdo da decisão a ser proferida. É o que esclarece o mestre processualista Celso Agrícola Barbi, quando averba que “na ação de inconstitucionalidade por omissão, o STF limita-se a reconhecer a existência desta e dá ciência ao Poder Legislativo, para que este a supra. Enquanto isto, no mandado de injunção, o juiz criará a regra concreta necessária a satisfazer o direito de requerente” (“Supremo Tribunal Federal, Funções na Constituição Federal de 1988”, “in” Revista dos Tribunais, n.º 656, p. 18).
O STF, infelizmente, por uma opção política de todo criticável, tem interpretado o mandado de injunção de maneira a igualá-lo, no tocante aos seus efeitos, à ação de inconstitucionalidade por omissão, pois tem se limitado a comunicar a mora legislativa ao Poder competente, quando deveria criar, para o caso concreto e com efeito “inter partes”, a norma regulamentadora para tornar eficaz o direito garantido na Constituição.Exemplo dessa interpretação equivocada é dado pelo acórdão inserto na Revista Trimestral de Jurisprudência, n.º 131, página 492, cuja ementa está assim redigida:
“O mandado de injunção nem autoriza o Judiciário a suprir a  omissão legislativa ou regulamentar, editando o ato normativo omissivo, nem, muito menos ainda, lhe permite ordenar, de imediato, ato concreto de satisfação do direito reclamado; mas, no pedido, posto que de atendimento impossível, para que o Tribunal o faça, se contém o pedido de atendimento possível para a declaração de inconstitucionalidade da omissão normativa, com ciência ao órgão competente para que a supra”.
É bem verdade que já começou a mudar a orientação pretoriana dada pelo STF ao mandado de injunção. Como exemplo, é de ser citado acórdão em que se discutiu o alcance do parágrafo 7º do artigo 195 da Constituição Federal, assim ementado: “Mandado de injunção conhecido, em parte, e, nessa parte, deferido para declarar-se o estado de mora em que se encontra o Congresso Nacional, a  fim de que, no prazo de seis meses, adote ele as providências legislativas que se impõem para o cumprimento da obrigação de legislar decorrente do art. 195, § 7º da Constituição, sob pena de, vencido esse prazo sem que essa obrigação se cumpra, passar o requerente a gozar da imunidade requerida” (MI 232-1-RJ, Rel. Min. Moreira Alves, D.J. 27.03.92, p. 3.800).
Temos para nós que este instrumento de garantia dos direitos constitucionais foi uma das grandes inovações da Constituição de 1988 por estar relacionado ao maior problema do direito positivo nacional, qual seja, o da inaplicabilidade de suas normas e princípios, incumbindo ao STF e ao STJ, na medida de suas competências (art. 102, I, “q”, e  art. 105, I, “h”, da Constituição), dar ao mesmo o seu verdadeiro e legítimo objetivo de instrumento viabilizador do exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, como positivamente legislou o constituinte federal.
 
CAPÍTULO IV: PROTEÇÃO PENAL DO MEIO AMBIENTE
Certamente o estudo que estamos a  realizar ficaria incompleto se deixássemos de tratar dos aspectos jurídicos relacionados à proteção penal do meio ambiente. Não pretendendo dar azo a lacuna de tal ordem, passamos a analisar o tema, iniciando por dizer que a importância do presente tópico reside em que a tutela penal visa evitar e ao mesmo tempo punir a degradação da sadia qualidade ambiental, que se implementa por intermédio de uma correta e eficaz aplicação da legislação penal em vigor pelas autoridades competentes.
É de ser enfatizado, preliminarmente, que, como é de correntia sabença, perante o nosso ordenamento jurídico, como de resto também nos ordenamentos de todos os países em que vigora o Estado de Direito, toda e qualquer previsão de tipo penal, somente será válida se for instituída por meio de lei formal, uma vez que é imposição da nossa Carta Magna que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. (art. 5º, inc. XXXIX). A referência à necessidade de edição de lei formal já implica em dizer que não há qualquer possibilidade de delegação a outrem, que não o Legislativo, da função de definir crimes e de estabelecer penas.
Existe no direito positivo pátrio toda uma vasta gama de textos normativos instituidores de tipos penais de proteção ao complexo de relações entre o mundo natural e os seres vivos (rectius: meio ambiente), sendo de bom alvitre, entretanto, que antes de arrolarmos algumas dessas previsões penais passemos a adotar como definição de delito ambiental o excerto doutrinário do promotor de justiça Luiz Renato Topam, segundo o qual delito ambiental é “a conduta típica e antijurídica, descrita em lei, tendo como objeto da tutela penal o meio ambiente, em todas as suas formas e manifestações” (“Delitos Ambientais”, COAD/ADV, Seleções Jurídicas, Fevereiro/1990, p. 51).
Feitas essas considerações, iniciamos o exame da legislação penal tipificadora de delitos ambientais pela própria Constituição Federal, que, em dispositivo que tem suscitado alguma polêmica interpretativa,  preceitua até mesmo a responsabilidade penal das pessoas jurídicas que lesaram o meio ambiente. O comando que impõe a referida sanção vem inscrito no artigo 225, parágrafo 3º, assim redigido:
“§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Como se vê, o constituinte, além de Ter deixado estabelecida a responsabilização civil e administrativa em decorrência de condutas lesivas ao meio ambiente, previu, ainda,  a possibilidade das pessoas jurídicas virem a ser sujeitos ativos de ilícito penal. Com essa interpretação, porém, não concorda o penalista René Ariel Dotti, que, ao criticar a irrazoabilidade do texto sob enfoque, assim se expressa:
“A disposição poderia, em sua interpretação literal, sugerir o entendimento de que é admissível a responsabilidade penal dos entes coletivos. Em nosso entendimento, o texto constitucional deve ser compreendido como a possibilidade tanto da pessoa natural como da pessoa jurídica de responderem civil e administrativamente. Porém, a responsabilidade penal continua sendo de natureza e de caráter estritamente pessoais” (“Meio Ambiente e Proteção Penal”, “in” Revista de Informação Legislativa, n.º 108, p. 138).
Nós não concordamos, com a devida vênia, com observações dessa natureza, por entendê-las equivocadas. E isto porque é possível sim a responsabilização criminal de pessoas jurídicas, conforme dispôs claramente o constituinte de 1988. Ora, é a própria Constituição, ainda uma vez, que prevê quais as espécies de penas que a legislação infraconstitucional poderá vir a adotar (art. 5º, inc. XLVI), sendo que, dentre elas, encontram-se as penas de multa, de perda de bens e de suspensão ou interdição de direitos, espécie de penas que são perfeitamente aplicáveis às pessoas jurídicas. A Constituição registra, inclusive, norma semelhante à da proteção ambiental, ao prescrever, no artigo 173, parágrafo 5º, que “A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-se às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”.
Ademais, não deixa de ser importante lembrar que são exatamente as pessoas jurídicas, personificadas em grandes empresas industriais, as grandes e principais causadoras dos eventos danosos ao meio ambiente que tipificam delitos ambientais. Em assim sendo, agiu bem o constituinte em prever a hipótese de pessoa jurídica eventualmente pode vir a ser apenada criminalmente por conduta lesiva ao meio ambiente, que é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Porém, a bem da verdade, necessário é dizer que não se tem notícia da edição de legislação infraconstitucional que responsabilize penalmente as pessoas jurídicas, seja com multas ou suspensão de atividades, em razão mesmo da matéria ser altamente controvertida (exemplos de conhecidos apotegmas que são constantemente lembrados como barreiras impeditivas de predita responsabilidade são os seguintes: “societas delinquere non potest”, “nullum crimen sine actione” e “nullum crimen sine culpa”).
No que pertine às previsões ambientais penais, adotamos, integralmente, duas severas críticas feitas por um especialistas no assunto. Primeiramente, é de ser transcrita a opinião autorizada de Édis Milaré, segundo o qual “o velho Código Penal brasileiro, de quase meio século de vigência, mostra-se desatualizado para reprimir os abusos contra o meio ambiente, mesmo porque, ao tempo de sua elaboração, o problema ecológico não se fazia sentir com a  intensidade atual” (“Ministério Público e a responsabilidade civil do profissional nas atividades modificadoras do meio ambiente”, “apud”“Crimes contra a Natureza”, Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas”, Ed. RT, 2ª ed., 1991, p. 15).
O mesmo ambientalista, agora em outro trabalho, também lamenta que “nossa legislação penal não contém previsões normativas eficientes para uma defesa racional e contínua do meio ambiente” (Édis Milaré, “Tutela Jurídica do Meio Ambiente”, Revista dos Tribunais, n.º 605, p. 21).
As críticas são procedentes, mas é preciso anotar que desde 1984 bem antes, portanto, da promulgação da inovadora Constituição de 1988, o Anteprojeto da Parte Especial do Código Penal passou a dedicar um Título inteiro (o de n.º XIII) à relação dos crimes perpetrados contra o meio ambiente (arts. 401 a 416), tendo sido desdobradas as espécies delituosas de acordo com objetos específico, constando da seguinte maneira: “Da degradação Ambiental” (poluição da água, do ar e do solo, e atentados contra a flora, a fauna e a paisagem) e “Do favorecimento aos crimes contra o Meio Ambiente” (caracterizáveis a) pela omissão em promover medidas determinadas pela autoridade competente e necessárias a impedir a prática dos crimes contra o meio ambiente e b) pela omissão de providência a que se está obrigado por dever legal, a fim de evitar ou fazer evitar o cometimento dos delitos ambientais” (cf. René Ariel Dotti, ob. Cit., p. 132/133).
Pois bem, mesmo sendo procedentes as críticas endereçadas contra a legislação penal do meio ambiente, parece-nos de grande importância a relação de alguns textos penais que visam a contenção e punição de crimes ambientais, a saber:
-         Código Penal: art. 163, “caput” (dano causado ao patrimônio público ou particular, incluindo os atentados à flora e fauna); art. 250, “caput”, § 1º, “h” (incêndio causado em lavoura, pastagem, mata ou floresta); art. 259, “caput” (difusão de doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica); art. 270, “caput” (envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal); art. 271, “caput” (corrupção ou poluição de água potável).
- Lei das Contravenções Penais: art. 38, “caput” (emissão de fumaça, vapor ou gás capaz de ofender ou molestar alguém); art. 37, “caput” (arremesso ou colocação perigosa de coisa que possa sujar ou molestar alguém); art. 42, “caput”(perturbação do trabalho ou do sossego alheios); art. 64, “caput”(crueldade contra animais).
Código Florestal (Lei n.º 4.77l/65): art 26 (elenca várias hipóteses de contravenções florestais).
- Lei n.º 5.l97/67, com as modificações de Lei n.º 7.653/88: art. 27 (prevê crimes tendo por objeto a proteção à fauna).
Código de Pesca (Decreto-lei n.º 22l/67): dispões sobre a proteção e estímulos à pesca.
- Lei 7.643/87: proíbe a pesca de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras.
- Lei 7.679/88: dispõe sobre a proteção da pesca de espécies em períodos de reprodução.
- Lei 7.802/89: art. l5 (prevê crime ambiental relativo à comercialização de agrotóxicos).
- Lei n.º 7.803/89: art. 45, # 3º (uso de motossera sem licença).
- Lei n.º 7.804/89: cuida dos delitos de poluição.
- Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, modificada pelas Leis nºs  6.938/8l e 7.938/8l e 7.804/89: art. l5 (tutela a incolumidade humana, animal e vegetal).
- Lei 7.805/89: art 2l (realização de trabalhos de exploração mineral sem as licenças cabíveis).
Sendo grande o número de textos normativos criadores de tipos penais relativos à proteção do meio ambiente, urgente é a necessidade de reunião de todos eles num único código Nacional do Meio Ambiente, para que se consolide, de uma vez por todas, a legislação esparsa existente sobre a matéria.
A despeito da sua difusidade, a correta e eficaz aplicação da legislação em vigor, tanto pelas autoridades administrativas como pelas judiciárias, pode atuar como solução para minorar sensivelmente os danos causados ao meio ambiente, sendo certo que a apuração de responsabilidades penais dar-se-á por intermédio da instauração do competente inquérito policial e da respectiva ação penal pública, ou no caso do não ajuizamento desta no prazo legal, mediante ação penal privada (art. 5º, inc. LIX, da Constituição Federal).
BENS DIFUSOS
Bem difuso → objeto indivisível – sujeitos indeterminados
Bem coletivo → objeto indivisível – sujeitos determináveis
Bem individual homogêneo → objeto divisível – sujeitos determináveis.
COMPETÊNCIA AMBIENTAL NO BRASIL
Competências de um Federalismo Cooperativo:
Suplementar ou Supletivo – aquele que é exercitado diante de uma omissão do ente que detém sua titularidade.
Subsidiário – aquele que é exercitado para auxiliar um ente que não cumpre s
uas atribuições de forma devida.
Residual – aquele que é exercitado em uma seara de competências que não fora definida para ninguém. 
A REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS EM MATÉRIA AMBIENTAL. 
COMPETÊNCIA FEDERATIVA 
Segundo a maioria dos doutrinadores brasileiros, a repartição de competências é o tema mais controvertido de Dir. Ambiental, pelos seguintes motivos: a) pela primeira vez, nossa Constituição (de 1988) distinguiu, em matéria ambiental, competências administrativas e legislativas (anteriormente quem legislava era quem tinha o poder de atuar); b) a CF/88, ao estabelecer referidas competências, estabeleceu rol de competências tanto comuns (administrativas) quanto concorrentes (legislativas), sem fixar, com segurança, onde começa e termina a atuação de cada ente, gerando superposição de competências; c) o legislador constituinte utilizou-se de conceitos jurídicos indeterminados como “interesse local” e “normas gerais”, bem como a doutrina e a jurisprudência também os utiliza, sem definir com precisamente seu conteúdo, a exemplo do que seria “predominância de interesse”; d) os bens tutelados pelo Dir. Ambiental têm natureza difusa, cabendo a todos (Poder Público e coletividade) sua proteção. 
A repartição da competências nas Federações é matéria reservada à Constituição, sendo emanação direta da própria estruturação do Estado Federal, caracterizado pela divisão do poder político em diversas esferas, notadamente no Brasil onde o Município é ente federativo . Para José Afonso da Silva, “competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões. Competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades para realizar suas funções”. 
A repartição da competências nas Federações é matéria reservadO que norteia a repartição de competências é a predominância do interesse, segundo o qual caberá à União aquelas matérias de predominante interesse geral, nacional, ou regional (quando ultrapassem mais de um Estado), ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional (rectius: estadual), e aos Municípios os predominantes interesses locais. 
A Cf de 88 adota, em matéria de repartição de competências entre os entes políticos, tanto a técnica de repartição horizontal – separar radicalmente a competência dos entes federativos - como a vertical – objetiva dividir uma mesma matéria em diferentes níveis).		
COMPETÊNCIA AMBIENTAL 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DO MEIO AMBIENTE
É de grande relevância examinar a divisão da competência legislativa em matéria ambiental, pois há vários campos em que os limites são imprecisos e vagos, ocorrendo “superposição legislativa”. 
Em Direito Ambiental não há competência exclusiva, haja vista que o critério de repartição de competência é o vertical, dividido por níveis.
Em Direito Ambiental a competência legislativa é privativa e concorrente.
Não há em Direito Ambiental competência administrativa exclusiva.
A União detém competência privativa e concorrente para legislar sobre o meio ambiente. No primeiro caso, a matéria, em princípio, deve ser tratada pela União com exclusividade, com fulcro no princípio da predominância do interesse, não obstante exista a possibilidade de delegação. Nos termos do art. 22 da CF/88:
Art. 22. Competeprivativamente à União legislar sobre:
IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV – populações indígenas;
XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacional;
XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Ressalte-se que a autorização, mediante lei complementar, aos estados para legislar sobre matérias do artigo 22 tem que ser específica, sendo vedada a delegação genérica de toda uma matéria. 
Ressalte-se, ainda, que o fato de ser da União o poder legiferante não significa, em princípio, que só a ela caiba a fiscalização. Estados e Municípios podem e devem zelar pela proteção do meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.
Compete-lhe, ainda, na seara das atribuições concorrentes, estabelecer normas gerais sobre as matérias discriminadas no art. 24 da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais;
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Exemplo de norma geral da União em matéria ambiental é o Código Florestal, que dispõe, entre outras coisas, sobre a proteção da vegetação nativa. Nada impede que os Estados instituam também seus Códigos Florestais, desde que não disponham de forma contrária ao Cód. Nacional. Outro exemplo de norma geral é a Lei do Saneamento Básico (Lei 11.445/07).
Observe-se, contudo, que “normal geral” não é o mesmo que norma genérica. Segundo a melhor doutrina, geral é o interesse abarcado pela norma e não a regulamentação em si, podendo a lei geral tratar uma questão de forma pormenorizada. Por exemplo: largura mínima de 30 metros para faixas marginais ao longo das bordas de determinados cursos d’água fixada pelo Código Florestal. É norma geral, apesar de detalhista. Assim, a antítese da normal geral é a norma particular, que adentra a peculiaridade de determinado Estado ou Município, sendo, esta inconstitucional. Por outro lado, uma norma que diga respeito apenas a determinada área do Brasil como, v.g., a Lei da Mata Atlântica, também é considerada norma geral.
No âmbito da competência concorrente-suplementar dos Estados (art. 24, CF), inexistindo lei geral da União acerca de determinado assunto os Estados (ou o DF) exercerão a competência plena. A superveniência da lei federal suspenderá a eficácia da lei estadual (ou distrital) no que lhe for contrário.
MUNICÍPIOS
Predomina na doutrina o entendimento de que os municípios também detêm competência legislativa no que se refere à matéria ambiental. 
A base constitucional para a elaboração da lei municipal encontra-se no art. 30, I e II da Carta Magna. Embora o inciso I não seja específico para o meio ambiente, a matéria encontra-se nele incluída, conforme se observa na expressão “assuntos de interesse local”. Igualmente, pode-se verificar, a partir do inciso II, a possibilidade de o Município suplementar, no que couber, a legislação federal e estadual (competência concorrente implícita). 
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
(...)
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
A matéria está disciplinada no § 2º do art. 6º da Lei nº 6.938/81, que subordina a legislação municipal sobre o meio ambiente aos preceitos contidos nas leis estaduais existentes. 
Art. 6º
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
Quando, não obstante existentes os interesses nacional e estadual, não houver legislação editada por tais entes, os Municípios podem livremente atuar no campo do interesse local. Existindo leis estaduais e federais, porém, há nítida inconstitucionalidade da lei municipal se for mais concessiva que aquelas. Sendo, no entanto, mais restritiva, ela em nada afronta os textos dos demais entes políticos.
O Ministério do Meio Ambiente elaborou um roteiro básico elencando matérias que considera incluídas entre os “assuntos de interesse local”, passíveis de tratamento por lei municipal: 1) licenciamento ambiental; 2) plano diretor do Município; 3) lei do uso e ocupação do solo; 4) Código de Obras; 5) Código de posturas municipais; 6) legislação tributária municipal; 7) Lei do orçamento do município.
Em regra, o policiamento de determinada atividade é da atribuição da pessoa de Direito Público interno dotada de competência legislativa sobre a mesma. Contudo, observa Terence Dornelles, que “a Constituição atribuiu, pela primeira vez, separadamente, competências administrativas, as quais eram, até então, automaticamente incluídas nas competências legislativas correspondentes.(...) Depois da entrada em vigor do art. 23, qualquer ente público tem competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que a norma não tenha sido de autoria do ente que a aplica. O art. 23, VI e VII, da CF dispõe que os três níveis da federação têm competência para tomar medidas em prol da defesa do meio ambiente, da flora e fauna, contra poluição etc., ficando agora ao critério das prefeituras executar também normas federais ou estaduais, quando necessário”. 
O artigo 23 estabeleceu a competência comum da União, Estados e Municípios para tratar de matéria ambiental, nos seguintes termos:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Em face da competência comum, não importa quem possua o domínio do bem ou o ente que legislou a respeito. Todos podem atuar na preservação da fauna e da flora, de forma ampla.
UNIÃO (COMPETÊNCIA EXCLUSIVA)
Além da

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