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Métodos não farmacológicos para alívio da dor

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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE – UNIPLAC
GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
GUILHERME KUNZLER
MARCELO MANFROI 
TAIANE DOS SANTOS SELL
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR
LAGES, 2019
GUILHERME KUNZLER
MARCELO MANFROI 
TAIANE DOS SANTOS SELL
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR
Trabalho para obtenção de nota para a disciplina de pediatria, na sétima fase do curso de Fisioterapia pela Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC.
Professora MSc. Lunara B. Della Justina
LAGES, 2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO p.4
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA DOR p.5
MÉTODO MÃE CANGURU p.6
ENROLAMENTO p.7
CONTENÇÃO FACILITADA p.8
CONCLUSÃO p.9
REFERÊNCIAS p.10
INTRODUÇÃO
 Durante a caracterização do recém-nascido, é avaliado sua idade gestacional, sendo termo de 37 até 41 semanas e 6 dias, pós-termo acima de 42 semanas e pré-termo, quando nasce antes das 37 semanas, podendo ser tardio (34-36 semanas) e extremo (menos de 28 semanas).Assim, como avalia-se o peso, comprimento, e Escala de Apgar.
 Na neonatologia, um neonato que nasce pré-termo e com baixo peso apresenta vários aspectos fisiológicos e metabólicos imaturos, ocorrendo risco de morbimortalidade (RUGOLO, 2011), assim como um pós-termo, ou um termo que nasce antes de seus pulmões estarem prontos. Fazendo que o neonato necessite de cuidados específicos, muitas vezes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
 Após estudos, alguns métodos não farmacológicos provaram ser eficazes no tratamento de recém-nascidos para alívio da dor, como Mãe Canguru, Enrolamento, dentre outras que serão abordadas neste trabalho.
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA DOR
 As abordagens fisioterapêuticas devem seguir protocolos e ter respaldo científico, e se tratando de recém-nascidos, os cuidados devem ser ainda maiores. Conforme o estado de saúde, o peso e a idade gestacional do neonato, algumas manobras fisioterapêuticas são contraindicadas segundo os protocolos. “As abordagens físicas de redução da dor como uso do frio, do calor, e das vibrações por estímulo elétrico percutâneo, não são apropriadas para o período neonatal” (MALUF JR, 2009, p. 155). Neste contexto, utilizar medidas alternativas e humanitárias para minimizar a dor do recém-nascido tem se provado eficaz através de estudos científicos.
 É importante o fisioterapeuta fazer uma avaliação da dor do neonato, podendo ser comportamental (choro, expressão facial, gemidos, postura, movimentação), tendo a não ser fidedigna por estes padrões serem repetidos conforme sensação de fome, frio etc. Por parâmetros fisiológicos (pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória) e ainda utilizar a escala de FLACC, sendo uma escala comportamental descrita como confiável e validada.
Fonte: J. Pediatr. (Rio J.) vol.84 no.4 Porto Alegre July/Aug. 2008.
 O neonato hospitalizado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) além da dor, pode apresentar estresse pelo excesso de manipulações, estímulos ambientais, aparelhos e acessos intravenosos. Neste ambiente, é necessário atendimento humanizado que na UTI neonatal o Ministério da Saúde preconiza diversas ações, como cuidado voltado para o desenvolvimento e facilitar o vínculo entre mãe/pai e o bebê.
MÉTODO MÃE CANGURU
 Surgiu em 1979 por Rey e Martinez no Instituto Materno Infantil de Bogotá, Colômbia, com objetivo de diminuir a taxa de mortalidade por infecção cruzada, devido a necessidade de pôr recém-nascidos juntos em uma só incubadora. No Brasil, o método começou a ser utilizado em São Paulo (Hospital Guilherme Álvaro 1992) e depois em Recife (Instituto Materno-Infantil de Pernambuco 1993). 
 Este método tem como objetivo melhora da temperatura corporal, redução da frequência respiratória, ganho ponderal, melhora a qualidade do desenvolvimento neuropsicomotor, aumento da saturação periférica, minimizar o tempo de internação e a diminuição da dor, pois o contato pele-pele que acontece no Mãe Canguru, atenua a resposta comportamental e fisiológica da dor, bem como diminuí o estresse.
 Segundo a diretriz do Ministério da Saúde, a técnica consiste em começar de forma crescente, começando pelo toque até chegar na posição canguru. O recém-nascido é posicionado apenas de fralda na posição vertical, junto ao peito da mãe (ou pai), mantendo contato pele a pele, respeitando um tempo mínimo para estabilizar o RN e se mantendo até enquanto seja prazeroso tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Importante salientar que a mãe deve estar de acordo e desejar realizar o método.
 O fisioterapeuta junto com uma equipe multidisciplinar, proporciona além de cuidados com o neonato, orientações quanto a postura da mãe e o posicionamento do neonato na realização do método, podendo em caso de negação dos pais, realizar o método. Segundo Pinheiro (2019)
Na área da fisioterapia, desenvolve-se a perspectiva da aplicação do Método Mãe Canguru ampliando a inserção do profissional e por ser simples, eficaz e de baixo custo, pode ser aplicado em qualquer hospital, trazendo assim importante contribuição para a fisioterapia, como um recurso adicional no tratamento de recém-nascido pré-termo de baixo peso. 
 Sendo assim, o método não visa substituir a incubadora, mas sim humanizar o atendimento na Unidade de Terapia Intensiva, aumentando a sobrevida do neonato, aumentar o vínculo familiar e ser usado para melhorar a qualidade de vida do neonato enquanto hospitalizado.
ENROLAMENTO
 O Enrolamento também conhecido como swaddling é um método para analgesia do recém-nascido utilizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, desde que o neonato esteja estável clinicamente e monitorado.
 A técnica do enrolamento consiste segundo Querido et. al (2018) “um lençol deve ser utilizado para envolver a superfície corporal do bebê e uso de rolinhos empregados como subsídio para demarcar os limites e organizar o RN”. E tem como objetivo a analgesia baseada em estímulos nos receptores proprioceptivos, táteis e térmicos que favorecem a diminuição da dor e do estresse em procedimentos dolorosos, também diminui as alterações da frequência cardíaca, o tempo de choro e regula o ciclo sono-vigília devendo realizar antes do procedimento e ser mantido por algum tempo.
 O enrolamento pode ser utilizado como medida analgésica antes e durante a Fisioterapia Respiratória e outros procedimentos sendo um método de fácil aplicação e eficaz na resposta do neonato a dor e o estresse de manuseios excessivos.
CONTENÇÃO FACILITADA
 É uma das medidas do Manual de Atenção Humanizada e consiste em conter os membros junto ao tronco, com a flexão de membros inferiores e superiores, com aproximação das mãos da linha média e próximo a boca utilizando rolinhos de espuma ou ninho, promovendo segurança e estabilidade do recém-nascido, bem como era a sensação intra-uterina.
 A contenção deve ser firme, mas permitir alguns movimentos, segundo Querido et al (2018) “A contenção e o posicionamento podem ajudá-lo a se organizar e deve ser mantida por 10 minutos após o procedimento ou até que ele fique estável, recuperando os parâmetros fisiológicos e o estado comportamental”. 
 Foram comprovados em estudos que a contenção promove analgesia, estabilização fisiológica, diminuí o estresse à procedimentos dolorosos como alterações de frequência cardíaca, queda de saturação e o tempo de choro. Assim como no enrolamento, o neonato deve estar estável clinicamente e monitorado.
 Na fisioterapia, a contenção facilitadapode ser utilizada no posicionamento terapêutico, na aspiração endotraqueal dentre outras manobras que gerem desconforto ao neonato, sendo um método eficaz e não farmacológico para dor.
CONCLUSÃO
 Um estudo de Borges et al. (2014) utilizou a escala de dor Behavioral Indicators of Infant Pain (BIIP) em procedimentos de Fisioterapia Respiratória, avaliando durante o procedimento, cinco minutos antes e após e utilizou alguns dos métodos não farmacológicos para dor, como Mãe Canguru, Enrolamento e Contenção Facilitada. A conclusão do estudo apontou que há analgesia nos procedimentos, porém o enrolamento se mostrou o menos eficaz.
 Sendo assim, métodos não farmacológicos para dor devem ser utilizados para uma maior humanização da unidade de terapia intensiva (UTI), não substituindo as tecnologias e os fármacos, mas tornando a internação menos estressante e dolorosa ao neonato, promover uma aproximação familiar e diminuir o tempo de internação.
REFERÊNCIAS
PINHEIRO, M. R.; CARR, A. M. G. A Eficácia do Método Mãe Canguru em comparação aos cuidados convencionais em uma UTI neonatal. Brazilian Journal o Health Review, Curitiba, v. 2, n. 2, mar/abr 2019. Disponível em: http://brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/view/1295/1170. Acesso em 24 abr. 2019.
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