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ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA PARALISIA FACIAL

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CEFAC 
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA 
MOTRICIDADE ORAL HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 
 NA PARALISIA FACIAL 
 
 
 
 
Monografia de conclusão do curso de 
Especialização em Motricidade Oral Hospitalar 
Orientadora: Mirian Goldenberg 
 
 
 
CARMEN MUNE DE OLIVEIRA LIMA 
 
 
 
LONDRINA 
2001 
 
RESUMO 
A Paralisia Facial é uma doença que interfere substancialmente na 
vida do indivíduo, devido às alterações que pode acarretar na expressão facial. 
O objetivo desta pesquisa teórica é verificar a eficácia da 
fonoterapia nestes casos, bem como descrever as alterações miofuncionais 
apresentadas, os diferentes tratamentos que podem ser aplicados e os 
procedimentos fonoaudiológicos que estão sendo abordados atualmente. 
Num primeiro momento são abordadas a anatomia e fisiopatologia 
do nervo facial, a diferença entre a paralisia facial central e periférica, os tipos de 
lesões que podem ocorrer, assim como os tratamentos médicos realizados, a 
avaliação e a terapia fonoaudiológica. 
Nesta abordagem, pode-se verificar a contribuição do 
fonoaudiólogo, através do trabalho de conscientização do paciente quanto à 
musculatura e à movimentação pretendidas. O trabalho fonoaudiológico visa dar 
funcionalidade à musculatura afetada, diferenciando-o dos outros tratamentos que 
visam apenas a estética facial. Além disso, a atuação fonoaudiológica contribuiu 
para diminuir o tempo de recuperação da Paralisia Facial, ponto importante para o 
paciente que quer restabelecer sua expressão facial anterior, o mais breve 
possível. 
Este estudo pretende contribuir para a fonoaudiologia como uma 
área de atuação pouco conhecida, como uma alternativa de tratamento para a 
classe médica e para o paciente que, compreendendo o funcionamento da 
movimentação facial pode conhecer melhor a si mesmo, melhorando sua auto-
estima e qualidade de vida. 
 
RESUME 
The facial paralysis is an affection, which interferes with importance 
in men’s life, due to alterations that may occur in the facial expression. 
The purpose of this theoric research is to find out the efficiency of 
the speech therapy in these cases, and also to describe the myofunctional 
alterations presented, the different treatments that may be applicable and the 
speech and language pathology procedures which have been approached 
nowadays. 
In a first moment, the anatomy and physiopathology of the facial 
nerve are approached, and the difference between facial central paralysis and 
peripheral paralysis, types of lesions that may occur, and also medical treatments 
realized, speech therapy and evaluation. 
In this approach, it is able to find out the speech and language 
pathologist contribution, through from the patient conscious of this work with the 
musculature and the movement intended. The speech and language pathologist 
works should give function to the affect able musculature, changing of others 
treatment that only searchs for facial esthetics. Besides, speech therapy actions 
also contributes to reduce time of Facial Paralysis recovery, which is an important 
point for the patient that want to reestablish their previous facial expression in a 
faster way. 
This application intends to contribute to the speech therapy as an 
area of performance which is not well known, as an alternative treatment for the 
medical class and for patient that, understanding the facial musculature functions, 
so he can know better himself, improving your self-esteem and the life quality. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
À MÍRIAM GOLDENBERG, pela orientação neste trabalho, fazendo 
-me acreditar na capacidade de escrever e pela sua forma simples de ser e 
colocar seus pensamentos. 
À MARIA VALÉRIA SCHMIDT GOFFI GOMEZ, pelo carinho, 
atenção e disponibilidade em estar revisando este trabalho. 
À CHRISTINA, amiga e terapeuta, que me fez crescer como 
pessoa e como profissional, fazendo-me crer na capacidade de realização. 
Aos MEUS PAIS, pelo carinho e incentivo para o meu crescimento. 
Ao EIDER, pelo auxílio na revisão e companheirismo nestes anos 
em que estamos juntos, crescendo e tentando ser modelo para os nossos 
pequenos. 
À LARA, YUDI E LUISA, por me ensinarem a “ser feliz” todos os 
dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução 1 
Discussão Teórica 3 
• Anatomia 3 
• Fisiopatologia 9 
• Definição de Paralisia Facial 13 
• Diagnóstico 15 
• Etiologia 18 
• Tratamento Médico 24 
• Avaliação Fonoaudiológica 27 
• Tratamento Fonoaudiológico 28 
Considerações Finais 32 
Referências Bibliográficas 33 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A expressão facial é a manifestação que pode demonstrar mais 
fielmente os sentimentos do indivíduo, às vezes transmitindo muito mais 
informações que a própria comunicação oral. Considerando isto, pode-se afirmar 
que, qualquer alteração na face, poderá influir positiva ou negativamente no seu 
relacionamento pessoal e, até profissional. Além disso, pode-se dizer que a 
estética, desde há muito tempo, tem um valor muito significativo para o homem e 
poderá também influir nesse relacionamento. Desta forma, a dificuldade em 
movimentos e expressões da face pode interferir substancialmente no 
relacionamento do ser humano, visto que essas limitações quase sempre levam a 
alterações emocionais importantes para o indivíduo. 
A Paralisia Facial é um dos acometimentos que mais afeta a 
imagem das pessoas, já que o nervo facial é responsável por várias funções da 
mímica e expressões da face, e, na hipótese de lesão desse nervo, podem ocorrer 
alterações como ausência ou lacrimejamento abundante, ausência de fechamento 
da pálpebra, dificuldade na movimentação voluntária dos músculos da face e 
outras, alterando sua própria identidade. O indivíduo portador de paralisia facial 
quase sempre sente-se inseguro e envergonhado em função das alterações, 
procurando o isolamento até mesmo dentro da família, já que apresenta 
dificuldades para se comunicar e em alguns casos de se alimentar normalmente. 
 
Considerando que a fonoaudiologia dedica-se entre outras à 
adequação dos movimentos e funções da musculatura da face, o profissional 
desta área está plenamente habilitado para intervir nas ocorrências desta afecção, 
possibilitando uma melhora da comunicação do indivíduo, através do 
restabelecimento da mímica e expressão facial anteriores à lesão, bem como 
recuperando as funções alteradas, desde as primeiras manifestações, ainda no 
período de recuperação espontânea. 
Neste trabalho de pesquisa será abordada a Paralisia Facial 
Periférica, objetivando verificar a eficácia das intervenções fonoaudiológicas em 
pacientes acometidos pela paralisia facial. Tem-se como proposta descrever as 
alterações miofuncionais apresentadaspelos portadores desta afecção e quais os 
procedimentos fonoaudiológicos mais eficientes, de forma a contribuir na redução 
do tempo de recuperação do paciente. Pretende-se ainda, abordar os diferentes 
tipos de tratamentos medicamentosos e de outros profissionais aplicados a estes 
casos. 
O trabalho fonoaudiológico nos casos de paralisia facial periférica 
visa dar funcionalidade aos movimentos e à musculatura, bem como a adequação 
das funções neurovegetativas, fala e expressão do indivíduo. Este é o diferencial 
da intervenção fonoaudiológica para os outros tratamentos, que na maioria das 
vezes tentam restabelecer a estética sem a devida importância às funções. Este 
trabalho fonoaudiológico é fundamental porque possibilita a redução significativa 
das alterações, quando não o restabelecimento total das funções e, 
conseqüentemente melhora da qualidade de vida do paciente, na medida que 
recupera sua imagem pessoal e o estado emocional que se encontra alterado. 
 
Isso possibilita a manutenção de sua integração ao meio, fato este, que 
normalmente não é percebido pelos familiares e pessoas próximas. 
 
 
DISCUSSÃO TEÓRICA 
 
 
Neste item serão abordadas a anatomia e fisiologia do nervo facial, 
a diferença entre a paralisia facial central e periférica, as causas mais comuns e 
tipos de paralisias mais freqüentemente encontradas, bem como os mais recentes 
tratamentos preconizados, principalmente na área fonoaudiológica. Estas 
explanações são necessárias para melhor entendimento do assunto proposto. 
 
Anatomia 
 
O conhecimento anatômico do nervo facial é extremamente 
importante para a localização da lesão, para o prognóstico do caso e a melhor 
abordagem a ser aplicada, tanto do ponto de vista terapêutico como cirúrgico. 
O nervo facial e seus ramos estão diretamente relacionados a 
funções fisiológicas importantíssimas para o ser humano, como por exemplo: o 
lacrimejamento, a proteção da orelha interna contra sons de alta intensidade, a 
sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua, a inervação motora 
das glândulas submandibulares e salivares e expressões faciais. 
 
O nervo facial é o VII par craniano e é composto por duas raízes: 
uma motora, o nervo facial propriamente dito e outra sensitiva representada pelo 
nervo intermédio. 
Desde o córtex cerebral até as ramificações da face, podemos 
dividir o nervo facial em três segmentos: supranuclear, nuclear e infranuclear 
(Fig1). 
1. Segmento Supranuclear 
Segundo Colli et al (1994), este segmento é formado pelos tratos 
corticonucleares que são constituídos pelos axônios dos neurônios motores que 
têm origem na região do giro pré-central do córtex, caminhando pela coroa 
radiada, joelho da cápsula interna e pedúnculo cerebral médio, até chegar ao 
núcleo motor do facial. 
A maioria das fibras corticonucleares dirigem-se para um grupo de 
células ventrais (responsável pela motricidade da metade inferior da face) 
cruzando a linha média, atingindo os núcleos contralaterais. Uma parte das fibras 
que se dirige para grupos de células dorsais (responsável pela motricidade da 
metade superior da face) cruza a linha média e outra parte não cruza, resultando 
em inervação ipsi e contralateral. Isto explica a preservação de movimentação da 
metade superior da face bilateral e paralisia da metade inferior nas lesões 
supranucleares do facial, sendo esta a caracterização da Paralisia Facial Central. 
Além das fibras corticonucleares, este segmento apresenta fibras 
extrapiramidais, o que caracteriza a movimentação involuntária dos músculos da 
mímica nas manifestações emocionais. Desta forma, as Paralisias Faciais 
 
Centrais caracterizam-se por paralisia unilateral da metade inferior da face, 
apresentando movimentação involuntária nas manifestações emocionais. 
2. Segmento Nuclear 
De acordo com Colli et al (1994), o núcleo motor do nervo facial 
situa-se na parte caudal da ponte. De seu núcleo motor, o nervo facial dá uma 
volta ao redor do núcleo do nervo abducente e emerge do tronco cerebral na 
altura do sulco bulbo-pontino, mas separadamente de sua raiz sensitiva, o nervo 
intermédio. 
3. Segmento Infranuclear 
Este segmento inicia-se na emergência das duas raízes do nervo 
facial no sulco bulbo-pontino, como já foi dito acima e pode ser subdividido em: 
segmento pontino, meatal, labiríntico, timpânico, mastóideo e extratemporal. 
3.1. Segmento Pontino 
Após a emergência do sulco, as duas raízes do nervo facial se 
juntam ao nervo vestíbulo-coclear, através do ângulo pontocerebelar e penetram 
no meato acústico interno. 
May & Shambaugh (1994) colocam que as lesões deste segmento 
podem produzir déficits vestibulares e cocleares juntamente com a Paralisia Facial 
Periférica, em função da proximidade dos nervos citada no parágrafo anterior. 
Este segmento mede aproximadamente 10 mm. 
3.2. Segmento Meatal 
Depois de penetrarem no meato acústico interno, o nervo facial e o 
intermédio formam um tronco nervoso único, sendo que este segmento mede 
aproximadamente 8 mm. 
 
De acordo com May & Shambaugh (1994), o nervo facial neste 
segmento é muito resistente a processos de estiramento e apresentando 
compressão lenta. Por isso, as lesões nessa região podem apresentar 
primeiramente, alterações na secreção lacrimal, salivar e na gustação e, só 
tardiamente ocorre o comprometimento motor do nervo facial. 
3.3. Segmento Labiríntico 
Este segmento recebe esse nome porque o nervo passa entre o 
labirinto coclear e vestibular, tendo aproximadamente 6 mm de comprimento. 
Inicia-se no final do meato acústico interno, penetrando no canal de 
Falópio, onde o nervo facial sofre uma compressão fisiológica porque o canal é 
mais estreito, deixando-o mais vulnerável a processos inflamatórios. Segue então 
até uma pequena dilatação, onde se encontra o gânglio geniculado. Após o 
gânglio, o nervo facial curva-se para trás, constituindo o primeiro joelho do facial, 
que marca o término do segmento. 
Do gânglio geniculado parte o 1° ramo do nervo facial, o nervo 
petroso superficial maior que é responsável pela inervação da glândula lacrimal 
(Colli et al, 1994). 
3.4. Segmento Timpânico 
Este segmento inicia-se a partir do joelho do nervo facial, tendo 
aproximadamente 13 mm de comprimento. Pode ser dividido em duas porções: 
uma proximal, relacionada ao processo cocleariforme e outra distal ou 
estapediana, relacionada ao estribo. 
 
O 2° ramo do nervo facial parte deste segmento e é o nervo 
estapédio, responsável pelos movimentos de excursão do estribo (Colli et al, 
1994). 
3.5. Segmento Mastóideo 
Inicia-se com a formação do segundo joelho do nervo facial, onde 
começa o seu trajeto vertical, medindo aproximadamente 15 mm, estendendo-se 
até o forame estilomastóideo. 
Deste segmento parte o 3° ramo do nervo facial, o nervo corda do 
tímpano, responsável pela inervação gustatória da mucosa dos dois terços 
anteriores da língua e palato, além de levar impulsos vasodilatadores às glândulas 
salivares sublinguais e submandibulares (Bento & Barbosa, 1994). 
3.6. Segmento Extratemporal 
A partir da emergência do forame estilomastóideo, o nervo facial 
emite o 4° e 5° ramos. O 4° ramo é o nervo auricular posterior e o 5° é aquele que 
inerva o ventre posterior digástrico. 
Em seguida, o nervo facial penetra na glândula parótida dividindo-
se em dois troncos, o temporo-facial e o cervico-facial, que dão origem aos ramos 
temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula e cervical. 
O ramo temporal ou frontal inerva os músculos frontal e corrugador 
do supercílio, parte superior do músculo orbicular dos olhos, os músculos 
auriculares superior e anterior e músculosintrínsecos da superfície lateral da 
orelha. O ramo zigomático inerva o músculo orbicular dos olhos, o músculo nasal 
e o elevador do lábio superior. O ramo bucal inerva os músculos levantador do 
 
ângulo da boca, zigomático maior e menor, o levantador do lábio superior e da asa 
do nariz, prócero, risório, além do bucinador e orbicular dos lábios. O ramo 
marginal da mandíbula inerva os músculos depressor do ângulo da boca, 
depressor do lábio inferior e mental. O ramo cervical inerva o platisma. 
O nervo facial apresenta um longo trajeto dentro de um canal 
ósseo estreito (Canal de Falópio) e inúmeras ramificações, portanto mais 
suscetível a lesões. Visto as várias funções pelas quais é responsável, a 
ocorrência de comprometimento, pode interferir na vida do indivíduo de maneira 
muito significativa (Fig. 2). 
 
Fisiopatologia 
 
Através da fisiopatologia pode-se conhecer melhor o 
funcionamento do nervo facial, as alterações na ocorrência de uma lesão, bem 
como o processo de regeneração do nervo, durante o período de recuperação 
espontânea. 
O nervo facial é constituído por uma reunião de axônios. Cada 
axônio é envolvido por uma bainha de mielina que é circundada por outra, 
chamada bainha de Schwann ou neurilema. Esse neurilema é formado por 
células de Schwann, que são indispensáveis à vida e funcionamento dos axônios. 
A bainha de mielina é interrompida, a intervalos regulares, pelos nódulos de 
Ranvier, onde o axônio fica desprotegido dessa bainha (Hungria, 1991). 
 
Além da bainha de mielina, temos três camadas que envolvem o 
axônio internamente à bainha: epineuro, perineuro e endoneuro (Fig. 3). 
 
Quando ocorre uma lesão, onde há interrupção do fluxo nervoso, 
levando a um bloqueio parcial ou total das funções do nervo, pode ocorrer uma 
Degeneração Walleriana abaixo do ponto lesado (Hungria, 1991)(Fig. 3). 
Pode-se classificar essas lesões em três categorias: 
a. Neuropraxia: ocorre um bloqueio fisiológico, sem degeneração 
walleriana. Após a remoção do fator causal, há regeneração 
completa dos axônios 
b. Axonotmese: é caracterizada por degeneração walleriana, onde 
há comprometimento parcial dos axônios e bainhas de mielina, 
mas o neurilema permanece contínuo, podendo ou não haver 
regeneração da fibra nervosa. No local em que o nervo está 
lesado, partindo do segmento proximal, cada axônio se divide 
formando “brotos” que crescem no sentido do segmento distal, 
procurando um axônio distal. Este processo é chamado de 
regeneração cruzada porque há um crescimento desordenado dos 
“brotos”, podendo alcançar sinapses que são destinadas a outros 
grupos musculares. Este fato pode explicar o aparecimento de 
seqüelas e sincinesias nas paralisias faciais. 
c. Neurotmese: ocorre interrupção completa do nervo sem 
possibilidade de regeneração (degeneração walleriana). No local 
da lesão, ocorre uma tentativa de regeneração, onde há a 
 
multiplicação dos axônios buscando a porção mais distal. Com 
isso, eles se agrupam formando um neuroma. Nesses casos, 
somente através da cirurgia consegue-se a reaproximação das 
extremidades lesadas, ou quando não for possível, pode-se usar o 
enxerto, que favorecerá a regeneração dos axônios seccionados 
(Bento & Barbosa, 1994). 
Dessa forma, percebe-se que as alterações que ocorrem na 
paralisia facial periférica dependem de vários fatores como: agente causal e local 
da ocorrência, determinando-se assim a maneira e o tempo que poderá se dar a 
regeneração e esta, por conseguinte determina a ocorrência ou não de sincinesias 
e seqüelas, que são importantes para o tratamento do paciente. 
 
Definição de PARALISIA FACIAL 
 
A Paralisia Facial é uma doença que acomete parte da face do 
indivíduo e pode se apresentar de várias maneiras, podendo ser completa ou 
incompleta, súbita ou se desenvolver ao longo de vários anos, vir acompanhada 
de acometimento auditivo ou não (Kwartler & Shelton, 1994). 
Pode-se ter a Paralisia Facial Central, que já foi citada 
anteriormente quando se relatou sobre as lesões do segmento supranuclear (Colli 
et al, 1994). Ou seja, a Paralisia Facial Central é contra-lateral, ocorrendo no lado 
oposto ao da lesão, no segmento supranuclear e, caracteriza-se por uma paralisia 
unilateral somente na parte inferior da face, mantendo a movimentação normal da 
parte superior bilateralmente. Pode apresentar comprometimento de 
 
movimentação voluntária ou involuntária, dependendo da localização da lesão 
(Fig.4). 
Na Paralisia Facial Periférica, as lesões ocorrem do segmento 
nuclear até o segmento extratemporal. Caracteriza-se por uma dificuldade em 
toda movimentação (superior e inferior) de uma hemiface, onde se pode encontrar 
alterações quanto ao lacrimejamento, fechamento da pálpebra, alterações na fala 
e mímica facial, mastigação ineficiente, impossibilidade de ocluir corretamente os 
lábios, além de outros sintomas como otalgia, vertigens e outros. 
 
Diagnóstico 
 
Para um diagnóstico eficiente, o médico realiza uma anamnese 
criteriosa e detalhada para que se tenham indícios da provável etiologia e 
definição dos exames específicos a serem solicitados, os quais irão subsidiar o 
profissional para determinação do tratamento. 
Os exames mais indicados são: exame otorrinolaringológico, 
otoneurológico, neurológico, radiográfico, audiológico e outros. Além destes, há 
necessidade da realização de exames específicos, que são: topodiagnóstico, 
medida do grau de excitabilidade do nervo (teste de Hilger), eletromiografia, 
eletroneurografia e teste de condução motora. 
O topodiagnóstico é um conjunto de exames que, associados, 
definem o local da lesão durante o trajeto do nervo facial. Um dos testes do 
topodiagnóstico é o Teste de Schirmer ou do lacrimejamento, onde o médico 
coloca uma fita de papel de filtro nas pálpebras inferiores e mede a quantidade de 
 
umidade desse papel durante um tempo determinado. O resultado desse teste 
pode informar se a lesão ocorreu antes ou depois do gânglio geniculado, de onde 
parte o nervo petroso superficial maior, que é responsável pela glândula lacrimal. 
Geralmente, há diminuição do lacrimejamento no lado afetado. 
Outro teste do topodiagnóstico é a pesquisa do reflexo do 
estapédio realizada através da imitanciometria, onde se verifica a presença ou 
ausência desse reflexo. Esse teste deve ser realizado no início do acometimento 
e depois de um intervalo de tempo, para verificar se há ou não alteração do 
resultado, que pode indicar uma mudança do prognóstico. No início da paralisia o 
reflexo pode estar ausente e depois de alguns dias, estar presente, indicando um 
prognóstico melhor para o caso. 
A função vestibular pode ser testada quando há queixa de vertigem 
e zumbido, pois na presença de tumores ou processos inflamatórios, pode haver 
alteração do resultado. 
A audiometria de tronco cerebral (ABR), também deve ser incluída 
no topodiagnóstico, pois há uma grande proximidade do nervo facial com o nervo 
acústico, alterando o resultado do exame. 
Além destes, devem ser realizadas provas para verificar se há 
alteração do paladar e do fluxo salivar, já que as lesões do nervo facial acima do 
nervo corda do tímpano deverão alterar essas funções.Estes testes do 
topodiagnóstico seguem o trajeto do nervo desde a emergência do 1° ramo até os 
ramos terminais, justamente para identificação da localização da lesão e melhor 
indicação da conduta terapêutica. 
 
Com o teste para medida da excitabilidade do nervo (teste de 
Hilger) pode-se obter informações sobre a condução de estímulos pelo tronco do 
nervo facial. Esta pesquisa é realizada em vários pontos da face, onde pode-se 
verificar se hádegeneração walleriana dos axônios e, durante o tratamento, 
estabelecer o prognóstico da paralisia facial. 
A eletromiografia determina a atividade elétrica das fibras 
musculares através de um eletrodo aplicado no músculo durante a contração 
muscular voluntária. Registra também a fibrilação e o potencial polifásico do 
nervo. 
Na eletroneurografia, o nervo facial é estimulado junto ao forame 
estilomastóideo e os potenciais de ação global do nervo são registrados através 
de eletrodos de superfície colocados na face. Este exame também auxilia o 
prognóstico e a conduta a ser estabelecida para a paralisia facial periférica. 
Esses exames são realizados ou solicitados pelo médico que 
primeiramente está acompanhando o caso, mas devem ser de conhecimento do 
terapeuta para avaliar o grau de recuperação da lesão e o que esperar do 
tratamento. 
Todos estes exames irão auxiliar o diagnóstico médico da paralisia 
facial, objetivando determinar a etiologia e o local da lesão para que se possa 
estabelecer o tratamento mais adequado, bem como definir a intervenção cirúrgica 
que poderá ser utilizada, se necessário. Além disso, essa determinação do local 
da lesão pode auxiliar quanto ao prognóstico do caso na tentativa de tranqüilizar o 
paciente, quanto ao tempo provável e o nível de recuperação que pode ser 
esperado. 
 
 
Etiologia 
 
As causas da paralisia facial periférica têm grande importância para 
a determinação da conduta terapêutica, visto que o paciente pode apresentar 
sintomas complementares muito variados e que exigem tratamentos diferenciados. 
Devido à grande quantidade de doenças que podem estar 
associadas à paralisia facial periférica, a correta determinação de sua etiologia 
pode ser difícil de ser definida. Apesar disso, será abordada neste item uma 
classificação das paralisias faciais periféricas, segundo sua etiologia, onde pode-
se dividí-las em: idiopáticas, traumáticas, infecciosas, tumorais, metabólicas, 
congênitas, vasculares e tóxicas (Bento & Barbosa, 1994). 
A seguir, serão descritas suas características principais: 
1. Idiopáticas 
1.a. Paralisia de Bell 
É a mais freqüente e caracteriza-se por seu aparecimento súbito, 
sem acometimento neurológico ou do ouvido. Pode apresentar pródromos como 
stress, dor, cefaléia, otalgia, dormência ou febre. 
De acordo com Bento & Barbosa (1994), sua etiologia é 
desconhecida, mas há concordância entre os autores de que ocorre um distúrbio 
vascular dentro do canal de Falópio, levando a um edema e compressão do nervo 
facial. 
Os mesmos autores relatam que a grande maioria dos casos de 
paralisia de Bell evolui espontaneamente em algumas semanas, mas alguns 
 
podem ter um mau prognóstico e devem ser encaminhados para descompressão 
do nervo facial. Entretanto, May & Shambaugh (1994) afirmam que se não houver 
melhora significativa após seis meses do início da paralisia, deve-se pesquisar 
melhor a causa, pois o diagnóstico pode estar equivocado, em função dos 
sintomas serem muito parecidos quando há presença de tumor. Portanto, o 
diagnóstico da Paralisia de Bell deve ser sempre de exclusão de outras possíveis 
causas. 
1.b. Síndrome de Melkersson-Rosenthal 
Sua etiologia também é desconhecida e suas características são: 
início súbito; é recidivante; apresenta edema na hemiface paralisada ou nos 
lábios; língua plicata ou fissurada; antecedentes familiares; e, maior incidência no 
sexo feminino. Pode apresentar os mesmos pródromos da paralisia de Bell e 
ocorrer de um lado ou outro da face. 
Para May & Shambaugh (1994), na maioria dos casos o 
prognóstico é favorável, mas podem ocorrer recidivas, mesmo após a 
descompressão do nervo facial, dependendo da abordagem cirúrgica realizada, 
havendo permanência de seqüelas piores a cada ocorrência da paralisia. 
2. Traumáticas 
O nervo facial é o par craniano mais atingido por traumas, devido 
ao longo trecho intracanal, que favorece a lesão traumática compressiva, 
principalmente quando ocorre fratura do osso temporal. 
2.a. Fraturas 
 
São as causas mais comuns de paralisia facial traumática, sendo a 
maioria do osso temporal e o restante dos ossos da face. Essas fraturas podem 
ocorrer na maior parte das vezes, por acidentes automobilísticos e quedas. 
O tempo de instalação da paralisia interfere no prognóstico. As 
paralisias faciais imediatas tem prognóstico pior, sendo que as tardias são 
causadas geralmente, por compressão de sangramento intracanal ou retenção de 
retorno venoso e regridem espontaneamente. 
As fraturas do osso temporal podem ser classificadas quanto à sua 
localização em longitudinais, transversais ou cominutivas. 
As fraturas longitudinais são as mais comuns e geralmente lesam o 
nervo nas proximidades do gânglio geniculado, antes da emergência do nervo 
petroso superficial maior ou ao nível do segmento timpânico. Clinicamente pode 
apresentar otorragia com hipoacusia condutiva e seu prognóstico geralmente é 
bom. 
As fraturas transversais são raras. Podem atingir o ouvido interno 
acarretando surdez neurossensorial e vertigem intensa. Têm um prognóstico pior 
porque na maioria das vezes estão acompanhadas por outras lesões 
intracranianas. 
As fraturas cominutivas são mais graves e acometem vários pontos 
do canal de Falópio, geralmente apresentando disacusia neurossensorial profunda 
(Bento & Barbosa, 1994). 
2.b. Projétil de arma de fogo 
 
Este tipo de lesão, normalmente leva à secção total ou parcial do 
nervo, sendo rara a lesão só compressiva. Há indicação imediata de cirurgia e 
reparação das lesões causadas (Bento & Barbosa, 1994). 
O prognóstico é diretamente proporcional ao tempo entre a lesão e 
a reparação. 
2.c. Ferimentos corto-contusos da face 
Ocorrem por lesões de objetos cortantes nas partes moles da face, 
principalmente por vidros ou armas brancas. 
2.d. Traumas de parto 
A paralisia facial no recém-nascido pode ser traumática, devido ao 
uso de fórceps, compressão do rosto do feto no canal de parto ou posição fetal 
durante a gestação. Se não ocorreu nenhum dos fatos acima, pode-se suspeitar 
de malformação congênita. 
2.e. Iatrogênicas 
Pode ocorrer quando há presença de tumor, onde o cirurgião é 
obrigado a lesar o nervo para realização do tratamento. Ou então, quando 
durante uma cirurgia próxima ao nervo, o cirurgião o lesa inadvertidamente. 
3. Infecciosas 
3.a. Virais 
Podem ser confundidas com a paralisia de Bell quando não há 
identificação do vírus. 
O herpes zoster, vírus semelhante ao da varicela é o causador da 
síndrome de Ramsay Hunt. Apresenta paralisia facial súbita que pode ser 
precedida ou sucedida pelo aparecimento de vesículas no pavilhão auditivo, 
 
acompanhado de dor intensa local, vertigem, zumbido e diminuição da audição. A 
paralisia facial se dá pelo envolvimento do nervo por extravasamento de sangue e 
infiltração de células inflamatórias levando a uma degeneração de fibras nervosas. 
É também chamada de herpes zoster cefálico ou herpes zoster oticus (Bento & 
Barbosa, 1994). 
O prognóstico é semelhante ao da paralisia de Bell, com maior 
prevalência de seqüelas. 
3.b. Bacterianas inespecíficas 
Pode-se encontrar paralisias faciais causadas por otite média 
aguda ou crônica. 
A paralisia facial concomitante com otite média aguda apresenta 
uma paresia facial no início, que evolui lentamente em dias e pode não se tornar 
completa. O tratamento é o mesmo dado à otite média aguda e seu prognóstico é 
favorável. 
A paralisia facial acompanhada de otite média crônica tem início 
mais lento e a evolução se dá em meses. Após o tratamento da infecção, a 
conduta é cirúrgica para liberação e limpezado tecido de granulação. O 
prognóstico, após a cirurgia é bom com recuperação da paralisia e poucas 
seqüelas. 
3.c. Bacterianas específicas 
A tuberculose e a lues são as principais infecções bacterianas que 
causam paralisia facial. 
 
 
 
4. Tumorais 
Há vários sintomas que podem sugerir uma paralisia facial na 
presença de tumor. Podemos citar: dor; hipoacusia; espasmo facial; sincinesia; 
períodos de melhora e piora do quadro; é progressiva e recorrente; apresenta 
associação com lesões de outros nervos cranianos; e, ausência de recuperação 
após seis meses (Bento & Barbosa, 1994). 
5. Congênitas 
A paralisia facial congênita, normalmente indica um mau 
prognóstico, porque se apresenta na ocorrência de síndromes com vários outros 
comprometimentos. As síndromes que podem apresentar a paralisia facial 
neonatal são: Síndrome de Goldenhar, Síndrome de von Recklinghausen, 
Síndrome de Paland, Seqüência de Möebius, Síndrome de McCune-Albright 
(Bento & Barbosa, 1994). 
6. Metabólicas 
Apesar de apresentar menor incidência, pode-se encontrar 
paralisia facial na presença de diabetes, hipotireoidismo e gravidez (Bento & 
Barbosa, 1994). 
Como se viu, a paralisia facial periférica pode ter inúmeros agentes 
causais, sendo estes os mais freqüentemente encontrados e, como já foi descrito 
acima, pode estar acompanhada ou não de outros sintomas dependendo do 
acometimento. Desta forma percebe-se a importância do diagnóstico diferencial, 
onde cada manifestação necessitará de uma conduta terapêutica específica. 
 
 
 
Tratamento Médico 
 
O tratamento médico baseia-se na identificação da etiologia da 
paralisia facial e dos sintomas que o paciente apresenta, para que possa ser feita 
a prescrição terapêutica mais adequada, seja ela por traumatismo, infecção ou 
tumor. 
A seguir, serão abordados alguns tratamentos empregados nos 
casos de paralisia facial periférica, que têm sido estudados mais recentemente. 
Conforme Kwartler e Shelton (1994), a paralisia facial, 
independente de sua causa, pode afetar a mastigação, a fala, a expressão facial, 
além do risco de lesão da córnea, conduzindo o paciente a problemas emocionais 
em função da deformidade. Desta forma, os autores colocam que um tratamento 
deve abranger todos esses níveis. Relatam que se pode incluir a utilização de 
antiinflamatórios, agentes bacterianos, agentes antivirais ou cirurgia, dependendo 
do diagnóstico. É importante que o paciente seja informado sobre a regeneração 
nervosa espontânea, bem como a utilização de exercícios e massagens faciais e 
uso do colírio para prevenção de problemas na córnea, que podem amenizar o 
problema psicológico, na medida que ele pode acreditar na recuperação e 
colaborar para que isso ocorra. 
De acordo com Testa e Fukuda (1993), nos casos de paralisia 
facial periférica idiopática, o tratamento é uma questão polêmica, pois se a 
etiologia for desconhecida, a patogenia incerta e o prognóstico discutível, é difícil 
instituir um tratamento com bases sólidas. 
 
Kwartler & Shelton (1994) preconizam a utilização de 
medicamentos ou corticosteróides que teriam efeito benéfico para os pacientes. 
Porém, May & Sahmbaugh (1994) colocam que através de estudos e controles 
realizados, não há evidências de associação entre o tipo de tratamento e o 
resultado quanto ao grau de recuperação desses pacientes. 
Goffi Gomez et al (1996) afirmam que nenhum medicamento até 
hoje, provou ser eficaz para diminuição do tempo de evolução da paralisia facial. 
Acrescentam ainda que o paciente portador de paralisia facial periférica deve 
iniciar a reabilitação o mais breve possível, aproveitando o período de 
recuperação espontânea, onde os resultados do tratamento podem ser mais 
positivos. 
Segundo Hungria (1991), o uso de corticóides parece ter efeito 
benéfico apenas quando administrados precocemente, nos 10 a 15 dias iniciais de 
instalação da paralisia. 
Taverner, citado por Hungria (1991), considera o tratamento 
fisioterápico pelo estímulo dos músculos mímicos com corrente galvânica, ineficaz 
porque há presença de espasmo hemifacial após o tratamento. Entretanto, as 
massagens faciais várias vezes ao dia, a aplicação de calor úmido na face e a 
tentativa de exercícios com a musculatura afetada são prescrições freqüentes que 
podem auxiliar muito o processo terapêutico. 
Brach et al, citados por Altmann (1999), afirmam que a 
eletromiografia é extremamente importante para o controle da evolução e melhoria 
do quadro muscular, mas que a eletromioestimulação deve ser usada com 
 
cautela, pois pode favorecer o aparecimento de sincinesias sobre a musculatura 
comprometida. 
Com relação à intervenção cirúrgica, Kwartler e Shelton (1994), 
afirmam que a cirurgia para descompressão do nervo facial é controversa, porque 
depende do resultado da eletroneurografia e do tempo de regeneração 
espontânea do nervo, devendo ser estudado caso a caso. 
De acordo com Testa e Fukuda (1993), a cirurgia, quando bem 
indicada e no tempo adequado, produz resultados satisfatórios. 
Nos casos em que a paralisia facial é pós-cirúrgica, o tratamento é 
mais complexo. Para Hungria (1991), se a paralisia facial é imediata, o paciente 
deve ser encaminhado para nova intervenção imediatamente, onde ocorrerá a 
descompressão ou quando o nervo já foi lesado, o uso do enxerto. Quando a 
paralisia facial não é imediata, o prognóstico é melhor e a recuperação, 
geralmente é boa. 
Neste trabalho não serão abordados os tipos de cirurgias utilizadas 
para descompressão ou enxerto do nervo facial, pois não é o objetivo dessa 
pesquisa. 
Conforme Kwartler e Shelton (1994), o tratamento da paralisia 
facial pressupõe um conhecimento anatômico e fisiológico do nervo facial, de sua 
degeneração e regeneração, assim como as possíveis causas e os testes 
disponíveis para sua correta aplicação. 
Há opiniões diversas sobre o tratamento mais adequado, mas 
antes de tudo deve-se ver o paciente como um todo e um ser único, visto todas as 
implicações psicológicas que a doença acarreta. Como afirmam Testa e Fukuda 
 
(1993), “o bom senso é que deve nortear o tratamento da paralisia facial que, às 
vezes, evolui bem com, sem ou apesar do tratamento” (p. 16). 
 
Avaliação Fonoaudiológica 
 
Neste item será abordada a anamnese e a avaliação realizadas 
pelo fonoaudiólogo através de entrevista e de um exame clínico minucioso. 
Durante a anamnese, o fonoaudiólogo poderá obter informações 
sobre quando ocorreu a paralisia facial, se trata-se de reincidência e quais os 
tratamentos já realizados. 
No exame clínico do fonoaudiólogo, verifica-se a postura da face 
do paciente em repouso e durante a conversa espontânea, observando os desvios 
e marcas que possam estar ocorrendo. Solicita-se movimentos específicos da 
testa, olhos, nariz e lábios, verificando o tônus e a qualidade da movimentação 
dessas estruturas. Verifica-se também a presença e ausência dos movimentos, 
se a movimentação é simétrica ou não, as sincinesias e a mastigação. 
É importante ainda na avaliação, ouvir o paciente quanto às 
dificuldades que vem apresentando no relacionamento pessoal e profissional 
diante da paralisia facial e o que espera do tratamento. Ouvir suas queixas e 
tentar tranqüiliza-lo, explicando o que pode ter ocorrido para que essa paralisia se 
manifestasse, pode dar mais segurança e confiança ao paciente que pode se 
encontrar com alterações emocionais importantes. Isso pode ser feito pelo 
fonoaudiólogo que terá um relacionamento por um período maior com o paciente, 
 
pois geralmente o médico não tem oportunidade de se aproximar para que ele 
manifeste seus sentimentos em relação à alteraçãoda motricidade. 
Após esta avaliação, pode-se traçar um programa terapêutico, 
visando a adequação das funções e movimentos alterados, bem como a tentativa 
de melhora da mímica facial, o mais próximo possível do normal. 
 
Tratamento Fonoaudiológico 
 
No Brasil, o atendimento fonoaudiológico ao paciente portador de 
paralisia facial periférica é recente, visto que o encaminhamento geralmente é feito 
para outros profissionais de áreas afins. Por isso, é difícil encontrar na literatura, 
referências sobre esse tipo de atendimento na área fonoaudiológica. 
Na literatura internacional (Adour & Swanson Jr, 1971; Daniel & 
Guitar, 1978) há vários trabalhos publicados em que se propõe tratamentos e 
terapias paralelos ao tratamento médico com a utilização de estimulação elétrica 
ou biofeedback, massagens e exercícios musculares, terapia de fala e cirurgias. 
A seguir, serão abordados alguns trabalhos publicados sobre esta 
afecção na literatura nacional. 
Guedes (1994) apresentou um trabalho mostrando a importância 
da terapia fonoaudiológica em pacientes portadores de paralisia facial periférica, 
com orientação de exercícios miofuncionais e massagens, visando minimizar as 
seqüelas nas funções estomatognáticas e de fala. Descreve também os vários 
trabalhos publicados até o momento na tentativa de melhorar as manifestações da 
patologia. Neste trabalho, Guedes relata o uso de compressa úmida quente ou 
 
fria, massagens passivas e ativas, bem como exercícios para mobilidade e 
resistência da musculatura, dependendo do caso em que se encontrava, 
comprovando a eficácia do trabalho fonoaudiológico para a recuperação do 
paciente. 
Goffi Gomez et al (1996) propõem um trabalho miofuncional 
visando a adequação do tônus, na tentativa de acelerar o processo de 
recuperação dos movimentos faciais, minimizando as seqüelas e contribuindo 
para o restabelecimento do equilíbrio da identidade do indivíduo. 
Esse trabalho miofuncional leva o indivíduo a tentar manter a 
musculatura envolvida em constante atividade, preparando-a para a regeneração, 
de forma controlada e simétrica, não somente a musculatura isolada da função. 
Goffi Gomez et al (2000) afirmam que o trabalho miofuncional deve 
se iniciar com a orientação de exercícios, sem esquecer o aspecto emocional, 
tentando motivar e estimular o paciente para o trabalho que será realizado. 
Devem ser usados exercícios isométricos e isotônicos para a musculatura facial, 
em ambos os lados, para adequação do tônus. As funções de expressão facial, 
sopro, sucção e mastigação também devem ser trabalhadas. Isto porque a 
incompetência labial associada a hipofunção do bucinador para manter o bolo 
alimentar entre as arcadas, impede uma mastigação efetiva, prejudicando o 
processo de alimentação. Com isso, o indivíduo pode derrubar o alimento da 
boca, babar, mastigar sem vedamento labial, ou seja, uma mastigação não 
compatível com os padrões ditos normais para a sociedade, o que faz com que o 
paciente se envergonhe e comece a se isolar interferindo no aspecto emocional. 
É importante o trabalho de conscientização do que ocorre no processo de 
 
alimentação para que se possa orientar sobre os movimentos que ele deve 
realizar para conseguir uma melhor mastigação. Além dos exercícios, deve-se 
usar massagem indutora para auxiliar a movimentação da musculatura. 
Segundo Colli et al (1994), quando não ocorrer a recuperação 
completa até o 3° mês após a instalação da paralisia, isto sugere um envolvimento 
mais severo das fibras nervosas. Se a lesão levou à degeneração Walleriana, a 
regeneração através do crescimento dos axônios não ocorre com o 
direcionamento anterior. Esse crescimento é aleatório, o que pode levar à 
ocorrência de sincinesias quando os axônios se direcionam para outras 
inervações que apresentem funções diferentes das anteriores. 
Para Goffi Gomez et al (2000), essas sincinesias são trabalhadas 
através da conscientização e identificação dos movimentos associados, 
juntamente com sua dissociação. Pode-se usar alongamentos, relaxamentos e 
exercícios isotônicos para melhorar a elasticidade da musculatura contraída. 
Os mesmos autores afirmam que todos os exercícios devem ter 
uma orientação adequada para o controle voluntário do paciente. Se não for 
trabalhada essa conscientização dos movimentos, o resultado do trabalho não 
alcançará seu objetivo de reprogramação. 
Apesar de todo trabalho de conscientização e da colaboração do 
paciente, pode-se ter prognósticos reservados devido ao grau avançado da 
contratura e da limitação da reinervação. 
 
Testa e Fukuda (1993) desenvolveram um trabalho com pacientes 
portadores de paralisia facial periférica idiopática, verificando o tempo de 
recuperação das paralisias com cura total, onde a média foi de 56,32 dias. 
De acordo com Goffi Gomez et al (1996), em um trabalho 
desenvolvido com pacientes portadores da mesma patologia, comprovou-se que o 
trabalho miofuncional pode acelerar o processo de recuperação dos movimentos 
faciais, onde a média foi de 48 dias para cura total. 
Altmann et al (1999) concordam com a afirmação de Guedes 
(1994), de que a fonoterapia miofuncional é extremamente importante no 
tratamento das paralisias faciais. Relatam ainda que numa pesquisa feita com 
publicações sobre o tratamento da paralisia facial, concluiu-se que o exercício 
terapêutico, a massagem e o biofeedback proprioceptivo tendem a ter um efeito 
positivo. Entretanto, colocam que as intervenções cirúrgicas devem ser 
consideradas. Nos casos de uso de retalhos musculares para correção da 
paralisia facial, somente deve ser empregada essa técnica, quando se esgotarem 
todos os recursos do tratamento fonoaudiológico. 
Goffi Gomez (1999) acrescenta ainda que o trabalho 
fonoaudiológico, nos casos cirúrgicos, pode ser realizado antes da intervenção, 
onde a musculatura será preparada para a cirurgia e, após, visando a diminuição 
do tempo e auxílio da recuperação funcional, melhorando a mímica e expressão 
facial do paciente. 
Conclui-se assim, que a intervenção fonoaudiológica nos casos de 
paralisia facial periférica tem apresentado um bom resultado, na medida que 
percebe o paciente como um todo, trabalhando as funções alteradas, fala e 
 
expressão facial, assim como, o aspecto emocional que não pode ser esquecido 
numa patologia que interfere tanto na imagem do paciente. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
A Paralisia Facial, sendo uma doença que provoca deformações na 
expressão facial e alterações emocionais importantes, impossibilitando o indivíduo 
de expressar sua identidade e sentimentos, despertou meu interesse em 
aprofundar os conhecimentos nesta área. Além disso, a sociedade costuma 
valorizar o que é belo e o que não está fora dos padrões normais, o que não é o 
caso da paralisia facial. 
Conhecer melhor essa nova atuação da fonoaudiologia e saber 
que esse tratamento pode trazer resultados mais satisfatórios para o paciente foi 
muito importante durante a pesquisa. Através deste estudo, pude verificar que a 
fonoterapia, trabalhando com a conscientização do paciente quanto aos 
movimentos realizados, vai estimulá-lo na realização dos exercícios por ele saber 
o que está fazendo e em quê isso irá auxiliá-lo. 
Pude constatar ainda, que a utilização da fonoterapia em 
detrimento da eletroestimulação, possibilita uma redução no tempo de 
recuperação e, o que é mais importante favorece a funcionalidade da musculatura 
na tentativa de minimizar a ocorrência de seqüelas. O trabalho fonoaudiológico 
pode ser realizado também nos casos em que há indicação cirúrgica, podendo ser 
 
feito antes para a preparação da musculatura e, após, visandoauxiliar a melhor 
recuperação. 
Da atuação fonoaudiológica na paralisia facial, não se pode deixar 
de abordar o aspecto emocional, extremamente importante para a colaboração do 
paciente na reabilitação. 
A partir deste estudo, posso divulgar o trabalho fonoaudiológico na 
paralisia facial junto à classe médica que pouco conhece sobre essa atuação, 
além de orientar as pessoas acometidas a procurarem o tratamento o mais breve 
possível, para que tenham uma melhor recuperação. 
Esta pesquisa pretende contribuir para a divulgação desta nova 
área de atuação entre os fonoaudiólogos, para que possam conquistar um novo 
campo de trabalho, assim como para que os pacientes tenham a oportunidade de 
um tratamento mais eficiente. 
A Fonoaudiologia como uma ciência que se preocupa com a 
adequação dos movimentos e funções da musculatura da face, pode contribuir 
para o restabelecimento da mímica e expressão faciais do indivíduo. E é, através 
da expressão facial que demonstramos, às vezes, muito mais do que as palavras 
conseguem dizer. 
 
 
 
 
 
 
 
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