Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Evolução da Administração Universidade Federal de Sergipe Disciplinas: Introdução à Administração / Administração de Empresa Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso Unidade 2 / Parte 1 – Maio de 2019 A Importância das Teorias • Razões que justificam a análise das principais teorias administrativas e organizacionais: – As teorias influenciam a prática, servindo como guia para as decisões da administração. – As teorias influenciam a forma como enxergamos as pessoas, as organizações e o ambiente em que elas estão inseridas. – As teorias servem como fonte de compreensão e/ou previsão de práticas observadas nas organizações. • Um bom administrador não se faz apenas na prática! – O bom administrador precisa conhecer teorias de administração, assim como os seus princípios e métodos. – É o conhecimento teórico que fornece “armas” ao administrador. – A teoria permite compreender as práticas observadas nas organizações Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 2 A Evolução da Administração • Mesmo que o pensamento sistemá7co acerca da administração possa ser considerado recente, organizar e administrar são prá7cas humanas seculares. • A administração, seus conceitos e técnicas sempre foram usados, consciente ou inconscientemente. • O pensamento administra7vo se desenvolveu lentamente por várias razões: – Desde o tempo dos filósofos gregos até depois da Idade Média as a7vidades comerciais e ou industriais não eram aceitas como profissões respeitáveis. – Os primeiros economistas não se preocuparam com os aspectos empreendedores ou administra7vos das empresas. – Os próprios administradores consideravam sua profissão uma arte e não uma ciência. – Até o século XIX, os negócios eram operados em bases pessoais e pequena escala, com alguns proprietários e poucos sócios. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 3 A Evolução da Administração • Houve uma evolução gradual na prática administrativa, sendo que muitos desses conceitos são usados até hoje: • As civilizações antigas (4.000 a.C.) tinham administradores experientes, suas obras exigiram vocação empresarial e organizacional para serem realizadas: – Muralhas e canais da Suméria, os Jardins suspensos da Babilônia (sistema de irrigação) Estradas e bibliotecas da Assíria, grandes cidades da Pérsia e o código de Hammurabi. • Grécia (800 a.C.): arte, arquitetura, literatura e governo civil sofisticados demandaram a aplicação de conhecimento administrativo complexo. • Roma (500 a.C.): sistema militar que aplicava conceitos de administração na construção de estradas, na arquitetura, nas relações comerciais e no governo civil. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 4 A Evolução da Administração • China (200 a.C.): a Muralha da China, seus exércitos compactos, o enorme sistema viário e o comércio da seda também exigiram conhecimentos de administração. • Maquiavel: aplicou conceitos de liderança em seu livro O Príncipe (1.513 d.C.), um tratado para um príncipe e demonstrava como fazer para ter sucesso no governo. • Igreja Católica: conceitos como a definição de missão, objeQvos, regras e regulamentos, e a hierarquia baseada na centralização da autoridade. • Idade Média (até séc. XV): aQvidade empresarial quase desapareceu. – A Igreja católica considerava o lucro um pecado e o comércio um “mal necessário”. – No ProtestanQsmo, Lutero e Calvino criaram a ÉQca Protestante ou ÉQca do Trabalho. – Segundo Weber, isto teve grande impacto na evolução do capitalismo. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 5 A Revolução Industrial • A Revolução Industrial permitiu a consolidação de um novo modo de produção e organização do trabalho, o capitalismo, estabelecendo assim as condições necessárias para o surgimento dessa nova área do conhecimento, a administração. – Ocorre na Europa entre 1700 e 1850, mas só chega aos EUA no fim do séc. XIX. – Substituiu a produção manual pela mecânica e fabril. – Foi acelerada por um novo sistema de produção, a invenção de novos instrumentos, processos e máquinas para a fabricação de produtos têxteis. – Aparecimento de nova fonte de energia, o vapor para mover máquinas, resultado do período de muita atividade intelectual, a Renascença. – Surgimento de uma nova doutrina econômica baseada no laissez-faire francês, precursor do capitalismo, na qual o governo não deveria interferir no comércio. – Tais mudanças resultaram no sistema fabril de produção que desencadeou o processo de produção em massa. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 6 A Revolução Industrial • O sistema fabril elevou o padrão de vida, mas também trouxe mudanças: – A produção saiu das casas e foi para as fábricas, o que se tornou possível pela subs@tuição da força humana e animal por máquinas a vapor e gasolina. – Mestres e comerciantes se tornaram empregados dos emergentes capitalistas e as habilidades dos empregados foram transferidas para as máquinas. – Surgiram muitos problemas psicológicos pelo número excessivo de horas trabalhadas, monotonia, fadiga, barulho, e o perigo de acidentes. – Os novos empregadores podiam contratar mulheres e crianças para lidar com as máquinas por salários bem mais baixos. – Não por acaso, nesse contexto surgem as primeiras ideias socialistas. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 7 As Teorias da Administração • O início da Administração como campo de estudo é marcado pela resposta aos desafios postos pelas novas relações de trabalho, especialmente nas fábricas. • Os estudos que originaram as primeiras Teorias da Administração foram comandados por engenheiros no início do séc. XX. • Essas primeiras teorias formaram a Escola Clássica da Administração, um conjunto de contribuições teóricas que buscaram identificar princípios racionais e universais de gestão que tornariam a organização mais eficiente. • Essa perspectiva é formada por três sub-campos, com ênfases distintas: – A Administração Científica – A Gestão Administrativa ou Teoria Clássica – A Teoria da Burocracia Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 8 Administração Cien/fica • O Movimento da Administração Cien0fica surge como uma resposta eficiente à questão da existência de uma nova força de trabalho, desqualificada e barata. • Ela enfaDzava mudanças cienDficamente determinadas nas práDcas administraDvas, como a solução para melhorar a produDvidade. • Foi liderada pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que basicamente, defendia os seguintes princípios: – Cada trabalho deve ser executado seguindo um método padronizado. – Os trabalhadores devem ser cienDficamente selecionados para cada trabalho. – O trabalhador deve ter medido e planejado cada um de seus movimentos. – O trabalhador deve ter incenDvos salariais para aumentar sua produDvidade. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 9 Administração Cien/fica • Outro importante teórico que contribuiu para o movimento de administração científica de Taylor, foi Frank Gilbreth. • Gilbreth se preocupou em estudar os movimentos mais adequados para a realização de cada atividade, dando origem ao “estudo dos tempos e movimentos”. • Enquanto Taylor cronometrava o tempo de execução de cada tarefa, Gilbreth analisava os movimentos executados pelos trabalhadores, a fim de eliminar os movimentos que considerava desnecessários. • Assim como Taylor, Gilbreth e se preocupou com a melhor maneira de executar cada tarefa. Para ele, os movimentos desnecessários eram um sinônimo de fadiga e, portanto, deveriam ser eliminados. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 10 Administração Cien0fica A Contribuição de FORD • Quando fundada a Ford Motor Company, em 1903, os automóveis eram artesanais. • Para Henry Ford (1863-1947), a única forma de se produzir um carro “popular” seria produzi-lo em grande quanVdade e a baixocusto. • Para isso, concentrou-se na eficiência da produção, mecanizando tudo o que fosse possível e dividindo as tarefas em seus menores componentes, seguindo os princípios da administração cien0fica de Taylor. • Em 1908, lançou um carro que revolucionou o conceito de automóvel: o Modelo T. • O primeiro modelo T levou mais de 12 horas para sair da linha de produção, mas, em 1925, saía um a cada quinze segundos. • O modelo de produção fordista marcou a indústria automobilísVca, assinalando o início da era da produção em massa e da sociedade do consumo em massa. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 11 Resumo da Administração Cien2fica • Contexto: Muito desperdício de recursos, baixa produ<vidade e força de trabalho desqualificada. • Pressupostos: Homo economicus – ser humano é egoísta e racional, orientado por mo<vações materiais. A organização é um sistema fechado. • Foco de análise: Processos operacionais de trabalho. • Conceitos-chave: Há uma única maneira certa para fazer cada tarefa. Concepção do trabalho dissociada da sua execução. Seleção e treinamento u<lizando métodos cien2ficos. Remuneração baseada em incen<vos materiais. • Principais contribuições: Melhoria acentuada da produ<vidade nas fábricas. Remuneração baseada na produ<vidade. Criação da produção em série. • Crí<cas: Trabalhador é uma peça de uma máquina. Baseia-se em pressupostos mo<vacionais simplistas. Não vê o risco de existência de conflitos entre obje<vos dos trabalhadores e gerências. Cria condições para a alienação do trabalhador. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 12 Gestão Administra/va ou Teoria Clássica • Abordava os princípios gerais da administração, enfa/zando a organização como um todo e não apenas o operário. • Liderada por Henry Fayol, um engenheiro de minas francês, teve contribuições importantes de Mary Parker FolleJ e Chester Barnard. • Fayol definiu as funções da administração da seguinte maneira: ü Prever é traçar um plano de ação que permita à organização a/ngir seus obje/vos. ü Organizar é estruturar o duplo organismo, material e social, da empresa. ü Comandar é dirigir o pessoal na direção dos obje/vos. ü Coordenar é ligar, unir e harmonizar todo o fluxo de recursos e a/vidades. ü Controlar é garan/r que tudo corra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 13 Gestão Administra/va ou Teoria Clássica • Tal como Taylor, Fayol também acreditava em princípios gerais de administração que poderiam ser iden/ficados e analisados. • Ele acreditava também que a boa administração não era fruto de habilidades inatas do gestor, mas da aplicação de métodos cienFficos à administração. • Com base em sua experiência, o autor divide as operações empresariais em seis grupos inter-relacionados: – Operações técnicas: produção, fabricação e transformação de produtos. – Operações comerciais: compras, vendas, permutas de matéria-prima e produtos. – Operações financeiras: procura e gerência de capitais. – Operações de segurança: segurança e proteção da propriedade e das pessoas. – Operações de contabilidade: inventários, registros, balanços, custos, estaFs/cas etc. – Operações de administração: previsão, organização, comando, coordenação e controle. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 14 Os 14 Princípios de Administração de Fayol • Divisão de Trabalho: Especializar funções e separar poderes de forma a obter o máximo proveito do indivíduo e da coleBvidade em uma organização. • Autoridade e responsabilidade: Fazer uso do direito de mandar e de se fazer obedecer para que as coisas sejam feitas; estabelecer responsabilidades via recompensa ou sanção. • Disciplina: Estabelecer convenções, formais ou informais, entre a empresa e seus agentes, para incenBvar obediência, assiduidade, aBvidade, presença e respeito. • Unidade de comando: Fazer com que, para a execução de um ato qualquer, um trabalhador possa receber ordens somente de um chefe. • Unidade de direção: Especificar um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objeBvo. • Subordinação do interesse individual ao geral: O interesse de um agente ou grupo não pode prevalecer sobre o interesse da empresa, do Estado, ou outra organização social. • Remuneração do pessoal: Premiar e recompensar os serviços prestados por meio de: a) pagamento por dia; b) por tarefa; c) por peça; d) prêmios; e) parBcipação nos lucros. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 15 Os 14 Princípios de Administração de Fayol II • Centralização: Especificar a importância rela=va do papel do superior e do subordinado, levando em conta a vontade dos dirigentes e as circunstâncias. • Hierarquia: Es=mular via hierarquia – a série dos chefes que vai da autoridade superior aos agentes inferiores – a comunicação e a unidade de comando. • Ordem: Estabelecer ordem material – “um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar” – para evitar perdas de materiais e de tempo; e ordem social – “um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar” – tendo como obje=vo um equilíbrio constante entre as necessidades da empresa e os recursos humanos. • Equidade: Tratar o pessoal de forma benevolente e justa. • Estabilidade de Pessoal: Manter as pessoas na mesma função o tempo necessário para iniciar-se e chegar a desempenhá-la bem, evitando a alta rota=vidade. • Inicia;va: Promover nos subordinados a liberdade de propor, conceber e executar. • Espírito de equipe: Incen=var o espírito de equipe e a harmonia do pessoal como fontes de vitalidade para a empresa. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 16 Resumo da Gestão Administra1va • Contexto: Fase monopolista do capitalismo. Existência de empresas ver1calizadas e hierarquizadas. Conscien1zação sobre a importância da função da administração. • Pressupostos: O sucesso da administração reside não na u1lização de métodos cienFficos aplicados a ela. Existem princípios gerais e a ciência de administração. • Foco de análise: A organização como um todo. • Conceitos-chave: As seis áreas de operações empresariais. As cinco funções da administração. Os quatorze princípios de administração • Principais contribuições: A administração pode ser uma profissão capaz de ser treinada e desenvolvida. Muitos dos princípios desenvolvidos por Fayol são atuais. A administração é um processo, composto de funções-chave, visão ainda em uso. • Crí<cas: Organização vista como um sistema fechado. Foca no sistema formal da organização, não considerando o seu lado informal. Os pressupostos mo1vacionais são de natureza material e simplista. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 17 Max Weber e a Burocracia • Para Weber, o poder é a habilidade de forçar alguém a obedecer uma ordem a despeito de resistência, ao passo que a autoridade (legi?mada) é quando os comandos são voluntariamente obedecidos por aqueles que os recebem. • Weber desenhou três “?pos ideais” de autoridade legi?mada: – Carismá.ca: se sustenta nas qualidades pessoais do líder (carisma), que seria alguém dotado de poderes ou qualidades excepcionalmente raras. Ex. religiosos, polí?cos, profetas, etc. – Tradicional: suas bases são a procedência e o uso. Os líderes herdariam a autoridade. Aplica-se ao sistema feudal e ao patrimonialismo. Ex.: a monarquia. – Racional-legal: é considerada “racional” porque seus meios são concebidos para se a?ngir determinados obje?vos e é “legal” porque a autoridade é legi?mada através de um sistema de regras e procedimentos estruturados em cargos e funções. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 18 • A principal contribuição do filósofo, sociólogo e economista alemão Max Weber para as organizações foi sua teoria sobre as estruturas de autoridade. • Sua preocupação básica era entender que razões levamas pessoas a obedecerem determinados comandos. Teoria da Burocracia • Sua teoria da burocracia critica o modo pessoal que as organizações europeias eram geridas ao final do séc. XIX e tem as seguintes características: – Divisão de trabalho com definições claras de autoridade e responsabilidade. – Posições organizadas em uma hierarquia de autoridade. – Gerentes sujeitos a regras que asseguram comportamentos previsíveis. – Administração separada da propriedade da organização. – Atos e decisões administrativas registradas por escrito. – Pessoal selecionado e promovido com base nas qualificações técnicas. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 19 • EnfaLzava que as organizações deveriam ser administradas de maneira impessoal e racional. Resumo da Teoria da Burocracia • Contexto: Consolidação da autoridade racional-legal nas sociedades ocidentais. Racionalização do direito. Centralização do poder estatal. Expansão do capitalismo. Racionalidade técnica presente em grandes empresas. • Pressupostos: Trata-se de um modelo ideal, impossível de ser encontrado na práBca na sua forma pura. • Foco de análise: A organização como um todo. • Conceitos-chave: Os princípios da burocracia. • Principais contribuições: Predomínio da lógica cienIfica. Consolidação de metodologias de análise racionais. Caráter democráBco, mediante redução dos favoriBsmos e clientelismos. Desencadeamento de uma série de reformas de cunho democráBco em sociedades capitalistas em expansão. • Crí<cas: A organização é vista como um sistema fechado. As disfunções da burocracia, como a rigidez pela excessiva formalização e abuso de poder tecnocráBco (limitações já previstas por Weber). Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 20 Comparação entre os principais autores da escola clássica de administração Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 21 Administração científica Gestão administrativa Teoria da burocracia Orientação do modelo teórico Prescritiva Prescritiva Descritiva Pressuposto básico Existe uma ciência de administração, com capacidade de universalização. Existem princípios gerais de administração, com capacidade de universalização. Burocracia é um modelo ideal, impossível de ser encontrado na prática. Foco de análise Processos operacionais de trabalho. Organização como um todo. Organização como um todo. Principal conclusão Existe uma melhor maneira de administrar e organizar. Existe uma melhor maneira de administrar e organizar. A burocracia é a forma organizacional mais eficiente. Principal crítica Foco interno, em detrimento da análise do ambiente. Foco interno, em detrimento da análise do ambiente. Foco interno, em detrimento da análise do ambiente. Principais autores Frederick Taylor Henri Fayol Max Weber Referências CHIAVENATO, I. Teoria geraI da administração. 6ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2003. p. 1-6. LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G. L. J. Administração: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003. cap.1, p. 3-12. PUGH, D. S.; HICKSON, D. J. Os Teóricos das Organizações. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2004. SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso 22
Compartilhar