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Trabalho ce Conclusão de Curso em Tecnologia dos Processos Químicos

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INTRODUÇÃO
O constante crescimento do setor cosmético na indústria, faz com que a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos sejam ferramentas essenciais para a manutenção da competitividade. Matérias-primas de origem vegetal têm sido constantemente utilizadas, para a criação de novos cosméticos, devido ao estudo de propriedades de vegetais que já eram utilizados na produção de cosméticos ou ao emprego de novos vegetais, que nunca foram cogitados como matéria-prima para cosméticos. O crescimento da cosmética orgânica dentro da cosmetologia vem demonstrando valores significativos em relação aos cosméticos tradicionais. Existe um grupo considerável de consumidores que priorizam a exclusão do uso de produtos petroquímicos e optam por produtos naturais e orgânicos e relacionam a estes cosméticos uma maior proteção em seu uso.(RIBEIRO, 2009 apud LYRIO et al, 2011). Neste contexto são explorados como novas matérias primas para o desenvolvimento de cosméticos, vegetais amazônicos, óleos essenciais, flores, frutas e sementes.
O vegetal linho (Linum usitatissimum L.) já empregado em cosméticos, tem como subproduto mais usado o óleo de sua semente chamada linhaça, este óleo é conhecido no mercado como “Semi di Lino”, é obtido a partir da prensagem a frio. Da semente, além do óleo, pode-se obter a mucilagem.
Este trabalho apresenta o uso da mucilagem da semente de linhaça marrom para a produção de um cosmético, no caso um gel ativador para cabelos crespos ou cacheados, preferencialmente. Segundo Ziolkovsca (2010) mucilagem, também chamada de goma, é um tipo de polissacarídeo que se torna viscoso ao se misturar com água ou outros fluidos aquosos, isto ocorre com a linhaça e a mistura possui aparência de um gel devido a sua viscosidade e transparência. Essa mistura produzida de forma caseira é utilizada como produto finalizador nos cabelos cacheados e crespos.
O principal problema nesta utilização é a durabilidade do produto que mesmo conservado em geladeira, após quatro dias adquire aparência escura e mal cheiro. 
Este trabalho apresenta o estudo de métodos e formulações para a estabilidade do gel, com o objetivo de manter o produto com características adequadas ao uso durante maior tempo. Para isto, serão empregados métodos laboratoriais em sua produção além de conservante de origem natural.
ESTRUTURA DO TRABALHO
Trabalho apresentado na disciplina ____, ___ semestre, do curso ___ , da FatecPG, sob a orientação da Professora Adélia da Silva Saraiva.
PROBLEMA DE PESQUISA
 Como estabilizar o gel obtido a partir da mucilagem de linhaça marrom, a fim de aumentar a sua durabilidade? Qual o efeito que o gel formulado proporcionará aos cabelos cacheados ?
OBJETIVOS
1.2.1Objetivo Geral: 
Desenvolver em laboratório um gel capilar a partir da mucilagem da linhaça marrom com efeito ativador de cachos e estabilizar sua fórmula para que tenha maior durabilidade do que a fórmula caseira. 
1.2.2 Objetivos específicos
Compreender a partir da literatura as características da mucilagem da linhaça;
Desenvolver método para produção do gel de linhaça marrom, em laboratório;
Verificar o método necessário para estabilizar sua fórmula; 
Relacionar as propriedades de um cosmético ativador de cachos já existente no mercado com o produto formulado;
Verificar a possibilidade de reaproveitamento das sementes para produção de gel;
Verificar o rendimento do gel obtido do reaproveitamento de sementes;
Adicionar aromatizante ao gel para aumentar sua aceitabilidade;
Testar o gel obtido em amostras de cabelo para observação de seu efeito ativador de cachos;
1.3 JUSTIFICATIVA
O gel de linhaça, produzido de forma caseira, é muito utilizado como ativador de cachos por brasileiros com cabelos cacheados ou crespos e que buscam métodos com menor custo e produtos menos agressivos para os cabelos, ou seja, que não possuam muitos conservantes ou aditivos químicos. Seu uso começou a ser muito difundido no Brasil a partir de vídeos publicados na internet, o vídeo com maior número de visualizações (152.300) foi publicado pela blogueira Rayza Nicácio, em maio de 2012. A principal dificuldade da utilização do gel é sua pouca durabilidade, pois ele dura em média quatro dias quando conservado na geladeira comum. Devido a sua larga utilização na forma caseira seria comercialmente viável a produção do gel com um período maior de estabilidade para que haja "tempo de prateleira". 
Além disso, há no mercado dos cosméticos um forte apelo à utilização de   elementos naturais como matéria-prima. Desta forma, após a produção e estabilização da fórmula do gel de linhaça como ativador de cachos seria economicamente viável a sua comercialização. 
 No desenvolvimento de novos produtos é importante a utilização de matérias-primas nacionais, para que se tenha fácil acesso aos ingredientes, por isso, neste trabalho foi escolhida a semente de linhaça marrom ao invés da semente de linhaça dourada. A linhaça marrom é cultivada em regiões de clima úmido e quente como o Brasil, o plantio se concentra no sul do país principalmente, no estado do Rio Grande do Sul, sendo Giruá a cidade com maior produção de Linhaça, esse estado possui uma área de 2 mil hectares para esta cultura que vem alcançando, em média, uma produtividade de 720 kg por hectare (IBGE, 2012).
Para a autora deste trabalho, a estabilização do gel de linhaça marrom tem relevância devido ao seu interesse em utilizar este produto, sem precisar produzi-lo na sua forma caseira, além disso, compreender a formulação e o desenvolvimento de cosméticos, devido ao seu interesse em continuar seus estudos nesta área de conhecimento.
1.4 HIPÓTESES 
A mucilagem da linhaça é hidrofílica e polar; 
A incorporação de conservantes, como por exemplo Nipagin ® na fórmula aumenta a durabilidade do gel; 
A semente reaproveitada possui rendimento de 50% em comparação com a primeira extração;
O rendimento relevante do reaproveitamento da linhaça marrom é um fator positivo na diminuição do custo de produção do gel;
O gel se decompõe mais rápido quando exposto a luz; 
A viscosidade do gel é menor em alta temperatura.
O gel é emoliente para o cabelo;
A durabilidade do produto aumentou quando produzido em laboratório;
O gel umidifica os cabelos cacheados, proporcionando efeito ativador de cachos.
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a elaboração deste trabalho foi realizada a revisão da literatura sobre as propriedades da semente de linhaça e de sua mucilagem. 
Além disso, na parte prática deste trabalho serão aplicadas condições diferentes das empregadas no método caseiro de produção do gel.Uma das condições aplicadas no método laboratorial será o tipo de água utilizada que neste caso será deionizada, isto é de extrema importância para evitar a existência de microrganismos no gel assim como garantir a afinidade do mesmo com os conservantes que serão acrescentados. 
No método caseiro, a água não recebe nenhum tipo de tratamento antes da produção do gel, e este é um fator que colabora com a pouca durabilidade do produto formulado com este método. Para a obtenção da mucilagem as sementes serão fervidas em água deionizada até que se observe o aumento da viscosidade da mistura, a mistura semente mais gel será filtrada para que se obtenha somente o gel. Para análise da possibilidade de reaproveitamento de sementes as mesmas serão fervidas novamente e será medida a quantidade de gel obtida e comparada com a quantidade anterior, obtida na primeira extração.
 Na análise da estabilidade do gel serão realizados procedimentos sugeridos no Guia de Controle de Qualidade de Cosméticos da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicado no ano de 2010 sendo eles: ensaios organolépticos para avaliar cor, odor, turvação e separação de fases, ensaios físico-químicos tais como determinação do pH, viscosidade, densidade, materiais voláteis, teor de umidade e teste de centrífuga. 
As análises serão realizadas em triplicata, no Laboratório de Química da Faculdade de Tecnologia de PraiaGrande, utilizando os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) adequados, sendo eles luvas descartáveis, jaleco, touca e máscara descartáveis para evitar ao máximo qualquer tipo de contaminação que possa influenciar na estabilidade do gel. Todos os equipamentos e vidrarias são submetidos a calibração e manutenção pelos próprios estagiários da Instituição ou por empresas responsáveis, quando necessário. 
O principal objetivo da produção deste gel em laboratório é atingir uma fórmula com maior durabilidade. Para isso serão empregadas condições de produção diferentes do método caseiro além do acréscimo de algumas substâncias que atuarão como conservantes. Segundo a RDC número 29, conservantes são substâncias adicionadas como ingrediente aos Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes com a finalidade de inibir o crescimento de microrganismos durante sua fabricação e estocagem, ou para proteger os produtos da contaminação inadvertida durante o uso. O conservante aplicado para a estabilização do gel de linhaça será inicialmente o Nipagin ® que é um Metilparabeno de fórmula molecular C8H8O3 (PINTO, 2005) pois este possui afinidade com a água que será o meio utilizado para extração do gel. Após preparado e condicionado o gel permanecerá em temperatura ambiente (aproximadamente 25 ºC) por um mês e a análise organoléptica será realizada todos os dias e fotografada de dois em dois dias, para que se verifique a durabilidade do gel.
Após a estabilização e envase correto do gel, este será testado em amostras de cabelo humano in vitro . O produto será aplicado em mechas de cabelo humano, após os fios secarem naturalmente, a temperatura ambiente, será comparado com a amostra de cabelo referência que estará sem produto para que possa se observar o efeito do produto nos cabelos. Esta comparação será realizada visualmente e fotografada.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A Linhaça
A linhaça é originada da Ásia e norte da África e é utilizada principalmente para obtenção do linho, além disso, desde a Antiguidade é consumida pelos humanos, há indícios de sua utilização desde 5.000 a.C. na Mesopotâmia de onde se espalhou para outros continentes (TRUCOM, 2006). Há mais de 2.500 anos, a semente já era utilizada como medicamento, Hipócrates, usava linhaça para o alívio de dores de estômago em 650 a.C., e o filósofo grego, Theophrastus, recomendou o uso de mucilagem da linhaça para curar tosse. Carlos Magno, Imperador Romano considerou a linhaça tão importante para a saúde que ele decretou leis e regulamentos exigindo seu consumo. (MACIEL, 2006).
O linho (Linum usitatissimum L.) é uma planta anual de inverno, pertencente à família das Lináceas que tem sido cultivada há cerca de 4000 anos nos países mediterrâneos, e apresenta a estatura entre 30 e 130 cm e exibe flores de pétalas azuis conforme apresentado na Figura 1 (FLOSS, 1983; BALDANZI et al ; 1988 ; TOMM et al ;2006 ).Disponível em: http://flaxcouncil.ca/resources/image-catalogue/#* 
(Acesso em 24/04/2015)
Figura 1- Flor de Linho
A linhaça uma semente com várias aplicações, pode ser usada como matéria-prima para produção de óleo e farelo. O óleo é usado pelas indústrias na fabricação de tintas, vernizes e resinas, e o farelo é vendido para fábricas de rações animais.
Existem dois tipos de linhaça a marrom e a dourada, as duas praticamente não se diferem em sua composição, mas sim em relação ao local de plantio, cultivo e à utilização de agrotóxicos (COLPO et al., 2006).  As sementes do tipo marrom(Figura 2) que são as mais cultivadas no Brasil já foram acusadas de maior toxicidade e menor funcionalidade nutricional. Isso ocorre talvez por serem menos estudadas que as douradas, variedade que é consumida e pesquisada há mais tempo pelos maiores produtores mundiais do hemisfério norte (TRUCOM, 2006). 
Disponível em: http://flaxcouncil.ca/resources/image-catalogue/#* (Acesso em: 24/04/2015)
Figura 2- Semente de Linhaça Marrom
No Brasil, o plantio de linhaça é realizado como rotação para soja e milho principalmente no sul do país com destaque para o estado do Rio Grande do Sul (IBGE, 2009). Atualmente o linho é cultivado principalmente no Canadá, na Argentina nos Estados Unidos, na Rússia e na Ucrânia (MOURA et al., 2009). A produção mundial de linhaça se encontra entre 2 300 000 e 2 500 000 toneladas anuais, sendo o Canadá seu principal produtor. A Argentina é o maior produtor da América do Sul, com cerca de 80 toneladas/ano, já o Brasil apresenta uma produção menor, de cerca de 21 toneladas/ano (ALMEIDA, 2009). 
A semente de linhaça é um grão oleaginoso rico em ácidos graxos poli-insaturados como o alfa-linolênico, contêm altos teores de proteína, fibra solúvel e insolúvel, goma também chamada de mucilagem, compostos fenólicos, ácido fítico, vitaminas e minerais, conforme a tabela 1.
Tabela 1- Composição Química (g %) do grão de Linhaça.
	
	Grão *
	Grão **
	Umidade (g %)
	9,0
	6,7
	Cinzas (g%)
	-
	3,7
	Proteína (g%)
	26,0
	14,1
	Lipídio (g%)
	35,0
	32,3
	Fibra Alimentar (g%)
	14,0
	33,5
	Carboidratos (g)
	-
	43,5
	Cálcio (mg)
	-
	211,0
	Fósforo (mg)
	-
	615,0
	Magnésio (mg)
	-
	347,0
	Potássio (mg)
	-
	869,0
	Sódio (mg)
	-
	9,0
	Ferro (mg)
	-
	4,7
 Fonte: *Oomah; Mazza ,2000;**NEPA; UNICAMP , 2006.
Os principais subprodutos da semente de linhaça, que são potencialmente classificados como promissores no emprego de formulações cosméticas tópicas como ativos ou excipientes são o óleo e a mucilagem extraídos desta semente. (BENVENUTO et al, 2013 ; LOPES, 2009). 
2.2 A MUCILAGEM DA LINHAÇA
A goma extraída da linhaça, (Figura 3) independente do estágio operacional, pode se tornar um produto de elevado valor tecnológico na indústria alimentícia e cosmética, especialmente pelo seu excelente potencial
como hidrocolóide, destacando-se a sua capacidade de inchamento e alta viscosidade em solução aquosa (CHEN; XU; WANG, 2006). 
 Figura 3- Mucilagem formada ao redor da semente macerada.
 Fonte: Wu, 2004
Hidrocolóides são polímeros de cadeia longa, de alto peso molecular extraídos de algas marinhas, sementes, exudados de árvores, colágeno animal, por sínteses microbianas ou pela modificação de polissacarídeos naturais. (RIBEIRO; SERAVALLI, 2004).
Segundo Trucom (2006) a diferença entre mucilagem e goma é a sua solubilidade em meio aquoso e a estrutura química. Sendo que a mucilagem forma massas mais viscosas do que as gomas, e as mucilagens possuem poucas ramificações em sua cadeia polimérica. De acordo com Chen et al. (2006) a goma da semente de linhaça é um hidrocolóide com boa capacidade de retenção de água, atingindo uma expressiva capacidade de distensão e alta viscosidade em solução aquosa. Esta propriedade é fundamental para a formação do gel de linhaça.
Tanto a mucilagem como a goma são consideradas fibras solúveis e representam de 6 a 11 % da composição da semente de linhaça como demonstra a tabela 2.
Tabela 2 - Os carboidratos da Linhaça.
	Componente
	Quantidade %
	Classificação
	Carboidratos
	1 a 2
	Açúcares e amidos
	Fibras Insolúveis
	17 a 22
	Ligninas, celulose e amido resistente
	Fibras solúveis
	6 a 11
	Pectina, gomas e mucilagens
	Fibras (total)
	28
	Solúveis+ Insolúveis
	Carboidratos totais
	30
	
Fonte: www.flaxcouncil.ca apud TRUCOM ,2006. 
2.3 GEL CAPILAR DE LINHAÇA
O gel de linhaça é largamente utilizado no Brasil por pessoas com cabelo cacheado. O método caseiro de preparo é muito difundido na internet através de blogs e vlogs. O resultado obtido geralmente após a utilização do gel é cabelos com cachos mais definidos e com mais brilho. Os fatores que colaboram com a difusão do método caseiro são o baixo custo, a improbabilidade da ocorrência de alergias devido ao emprego de ingredientes naturais na formulação do produto.
2.4 CARACTERÍSTICAS DE UM GEL PARA CABELOS
Segundo o Manual de Farmacopeia Brasileira, (2010) um gel é a forma farmacêuticasemissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelificante para fornecer viscosidade a um sistema de partículas coloidais com dimensões entre 1 nm e 1 μm distribuídas uniformemente, um gel pode conter partículas suspensas. São classificados quanto a sua afinidade com a água em: hidrofílicos e hidrofóbicos. 
Os géis hidrofílicos, são uma preparação semissólida composta de partículas coloidais que não se sedimentam (ficam dispersas), geralmente, as substâncias formadoras de géis são polímeros que, quando dispersos em meio aquoso assumem conformação doadora de viscosidade à preparação como amido, derivados de celulose, polímeros carboxivinílicos e silicatos duplos de magnésio, glicerol ou propilenoglicol (CORRÊA, 2005). O gel de linhaça é classificado como hidrofílico. Os géis hidrofóbicos são aqueles que consistem usualmente de parafina líquida com polietileno, óleos gordurosos com sílica coloidal ou sabões de alumínio ou zinco.
As principais características analisadas em um gel são transparência, viscosidade, solubilidade, estabilidade em diferentes valores de pH e de temperatura assim como sua estabilidade quando exposto a luz. Cada uma dessas características pode variar dependendo do tipo de polímero usado na formulação. Em muitos casos, géis são utilizados como veículos de substâncias, por exemplo, no caso de géis com efeito anti-inflamatório e géis com fator de proteção UVA e UVB. (ANVISA, 2004)
2.5 MÉTODO CASEIRO PARA A PRODUÇÃO DO GEL DE LINHAÇA
O método caseiro de produção do gel, é um conhecimento popular que foi obtido de forma empírica, portanto não há literatura disponível sobre a sua descrição. Sendo assim, será usado o método que é propagado na internet tendo como fonte o vídeo da Rayza Nicácio publicado em 2012.
Material e ingredientes:
- 1 colher de chá de semente de linhaça (aproximadamente 15 gramas);
- 1 copo de água filtrada (aproximadamente 200 ml);
- Peneira;
- Panela.
Modo de preparo: 
Coloque a água e a linhaça dentro da panela e leve ao fogo médio até que comece a ferver. Quando começar a ferver diminua o fogo e mecha a mistura até obter a consistência desejada. Espere a mistura esfriar e usando a peneira filtre a mistura para separar o gel das sementes. As sementes podem ser reutilizadas para fazer um novo gel ou podem ser ingeridas. O gel dura até quatro dias na geladeira comum após esse tempo começa a escurecer e apresenta odor desagradável.
2.6 Análises e procedimentos para a estabilização do gel
Os métodos empregados visando a estabilização do gel produzido a partir da mucilagem de linhaça devem seguir as orientações do Guia de Controle de Qualidade de Cosméticos da ANVISA (2010) . Estão separados em Ensaios organolépticos e ensaios físico-químicos e serão descritos a seguir.
2.6.1 Ensaios Organolépticos
Os ensaios organolépticos são procedimentos utilizados para avaliar as características de um produto, detectáveis pelos órgãos dos sentidos: aspecto, cor, odor, sabor e tato. 
Estes testes fornecem parâmetros que permitem avaliar de imediato, o estado da amostra em estudo por meio de análises comparativas, com o objetivo de verificar alterações como separação de fases, precipitação e turvação, possibilitando o reconhecimento primário do produto.
2.6.2 Análise do Aspecto
Nesta etapa é observado de forma visual se a amostra de gel de linhaça em estudo mantém as mesmas características “macroscópicas” ao longo do tempo ou se ocorreram alterações do tipo separação de fases, precipitação, turvação, etc. 
2.6.3 Análise da Cor 
A análise da cor (colorimetria) é realizada por meio visual. Nesta análise compara-se visualmente a cor da amostra com a de um padrão armazenado em frasco da mesma especificação, neste caso a referência será a inicial da amostra pois a mudança de cor do gel é um dos indicadores de que o mesmo está em estado de decomposição. A análise será realizada na presença de luz natural.
2.6.4 Análise do odor
Esta análise é realizada diretamente através do olfato. O odor desagradável é um indicador de que a amostra está em decomposição. 
2.7 ENSAIOS FÍSICO- QUÍMICOS 
Os ensaios físico-químicos são operações técnicas que consistem em determinar uma ou mais características de um produto, processo ou serviço, de acordo com um procedimento especificado. 
Os equipamentos devem ser submetidos à manutenção e à calibração/aferição periódicas, de acordo com um programa estabelecido pelo laboratório, de forma a garantir que forneçam resultados válidos. A fim de garantir a rastreabilidade dessas ações, todos os documentos e registros referentes a elas devem ser mantidos nos arquivos do laboratório.
2.7.1 Determinação do pH
É o logaritmo negativo da concentração molar de íons de hidrogênio. Representa convencionalmente a acidez ou a alcalinidade de uma solução. A escala de pH vai de 1 (ácido) a 14 (alcalino), sendo que o valor 7 é considerado pH neutro.
Segundo a legislação brasileira (DECRETO Nº 79.094, DE 05 DE JANEIRO DE 1977) o pH de produtos de uso tópico para cabelos com efeito frisador ou ondulador não devem ser maior que 10,0. 
O pH será determinado com o uso de medidor digital de pH devidamente padronizado e calibrado. Após realizada a verificação a amostra não pode apresentar pH maior que 10,0 se isto ocorrer o pH da amostra deverá ser ajustado usando diluição com água ou introduzindo excipientes ácidos ou básicos conforme a necessidade.
2.7.2 Determinação da Viscosidade
Este ensaio consiste em medir a resistência de um material ao fluxo por meio da fricção ou do tempo de escoamento. A medição será realizada através de um viscosímetro capilar. 
Para determinar a viscosidade, a amostra é transferida para o viscosímetro e estabilizada até a temperatura especificada. A seguir, a amostra será aspirada com o auxílio de um pipetador até a marca superior do menisco no viscosímetro e o tempo de escoamento cronometrado entre a marca do menisco superior e do inferior. Esse procedimento será repetido três vezes para que se possa calcular a média do tempo de escoamento, usando o método a seguir para a determinação da viscosidade.
Cálculo da constante K: 
 K = 1
 0,99823 x T
Sendo: 1 = 1 centipoise
 T = tempo de escoamento da água em segundos 
Cálculo da viscosidade: 
 v =TxK
Sendo: v = viscosidade da amostra em centipoises (cps)
 T = tempo de escoamento da amostra em segundos 
K = constante 
2.7.3 Determinação da Densidade absoluta
A densidade é a relação entre a massa e o volume. A densidade absoluta é uma propriedade física de cada substância, cujo valor se calcula pela relação:D = m
 V
Sendo: D= densidade absoluta em (g/cm3)
m= massa (g)
V= volume ocupado por essa massa.
Esta análise é realizada a partir de um densímetro de metal.
2.7.4 Teste de Centrífuga
A força da gravidade atua sobre os produtos, fazendo com que suas partículas se movam no seu interior. 
A centrifugação produz estresse na amostra, simulando um aumento na força de gravidade, aumentando a mobilidade das partículas e antecipando possíveis instabilidades. Estas poderão ser observadas na forma de precipitação, separação de fases, formação de sedimento compacto (caking) e coalescência, entre outras. Após essa análise repete-se a análise organoléptica da amostra.
2.8 Envase e Rotulagem
Na produção e desenvolvimento de cosméticos, um dos fatores importantes para a sua durabilidade é a embalagem usada no envase do produto. 
Dependendo das características do produto ele necessitará de uma embalagem específica, há legislações que orientam e determinam quais são as embalagens adequadas para determinado produto, assim como quais dizeres o seu rótulo deve conter. Segundo a RDC Nº 48, DE 25 DE OUTUBRO DE 2013 envasar ou embalar um produto consiste em um conjunto de operações pelas quais, a partir do produto a granel e do material de embalagem (incluindo rótulo), chega ao produto acabado. 
As embalagens são classificadas em primárias, envoltórioou recipiente que se encontra em contato direto com os Produtos, ou secundárias, destinadas a conter a embalagem primária ou as embalagens primárias. Finalizadores capilares tais como géis e condicionadores sem enxágue geralmente são encontrados no mercado apenas em embalagens primárias.
Além da embalagem também há o rótulo que é definido pela RDC Nº 211, DE 14 DE JULHO DE 2005, como a identificação impressa ou litografada, bem como dizeres pintados ou gravados, decalco sob pressão ou outros, aplicados diretamente sobre recipientes, embalagens, invólucros, envoltórios ou qualquer outro protetor de embalagens. Os itens necessários em um rótulo de gel de cabelo, serão descritos a seguir.
2.8.1 Nome do produto 
Nome do produto e grupo a que pertence devem constar na embalagem primária, no caso de não estar implícito no nome, consiste na designação do produto para distingui-lo de outros, ainda que da mesma empresa ou fabricante, da mesma espécie, qualidade ou natureza.
2.8.2 Marca
Marca, é o elemento que identifica um ou vários produtos da mesma empresa ou fabricante e que os distingue de produtos de outras empresas ou fabricantes, segundo a legislação de propriedade industrial. Não cabe ao objetivo deste trabalho a criação de uma marca para o cosmético que está sendo estudado.
 
2.8.3Número de registro do produto
Número de registro do produto corresponde ao número de identificação de empresa e o número de Resolução ou Autorização de comercialização do produto. Como o produto desenvolvido neste trabalho não será comercializado o número de registro que constará no rótulo será somente para identificar as amostras, facilitando as análises posteriores. 
2.8.4 Lote
Lote é a Quantidade de um produto em um ciclo de fabricação, devidamente identificado, cuja principal característica é a homogeneidade.
2.8.5 Prazo de Validade
Prazo de Validade tempo em que o produto mantém suas propriedades, quando conservado na embalagem original e sem avarias, em condições adequadas de armazenamento e utilização. Aumentar este tempo é o objetivo principal do trabalho, o prazo de validade será estabelecido conforme as análises organolépticas do produto após estabilizado, conforme descrito nos procedimentos metodológicos.
2.8.6 Fabricante
Fabricante é a empresa que possui as instalações necessárias para a fabricação/elaboração de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. No caso do gel de linhaça o fabricante é a própria autora do trabalho em conjunto com a sua instituição de ensino.
2.8.7 Modo de Uso 
O modo de uso consiste em recomendações que permitam que o usuário do cosmético use o produto de forma correta e segura. Para o gel de linhaça o modo de uso correto é, dividir o cabelo em mechas, com as mãos aplicar uma quantidade suficiente a cada mecha de cabelo em seguida deixar o produto no cabelo e não enxaguar. 
2.8.8 Advertências e Restrições de uso
Advertências e Restrições de uso são as estabelecidas nas listas de substâncias quando exigem a obrigatoriedade de informar a presença das mesmas no rótulo e aquelas estabelecidas no anexo V da RDC Nº 211, DE 14 DE JULHO DE 2005 denominado como "Regulamento Técnico sobre Rotulagem Específica para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes". A Rotulagem Específica, consiste em determinados dizeres aplicados especificamente a um tipo de produto, isto também é estabelecido pela os dizeres aplicáveis no caso de neutralizantes, produtos para ondular e alisar os cabelos são “ Não aplicar se o couro cabeludo estiver irritado ou lesionado” e “Manter fora do alcance das crianças. ” E para tônicos capilares a frase aplicada é “Em caso de eventual irritação do couro cabeludo, suspender o uso. ” 
2.8.9 Ingredientes ou Composição
Ingredientes ou Composição que consiste na descrição qualitativa dos componentes da fórmula através de sua designação genérica, utilizando a codificação de substâncias estabelecida pela Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos (INCI).
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. RDC Nº 211, de 14 DE JULHO de 2005. . Brasília: ANVISA
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