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DIREITO DE FAMÍLIA

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ATUALIZADO EM 02/06/2018[1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ]
DIREITO DE FAMÍLIA
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988, especialmente em seu artigo 226, superando paradigmas clássicos, consagrou um sistema normativo de Direito de Família aberto, inclusivo e não discriminatório. Para além do tradicional standard casamentário, o sistema constitucional expressamente reconheceu, na perspectiva do princípio da dignidade da pessoa humana, outros núcleos familiares de afeto: a união estável e a família monoparental (quaisquer dos pais e sua prole). 
Por muito tempo, a Igreja determinava e legitimava o conceito de família. Invocando a advertência feita pelo Professor Caio Mário da Silva Pereira (Direito Civil: alguns aspectos da sua evolução), não é possível fixar um modelo social uniforme de família. 
Por conta disso, o sistema normativo constitucional não poderia vedar o reconhecimento de outras formas de arranjos familiares, não expressamente previstos, a exemplo da relação travada ao longo da vida entre uma madrinha e um afilhado ou integrantes de um núcleo homoafetivo (como inclusive já decidiu o STF). Ex.: madrinha criou o afilhado pela vida toda; irmão mais velho criou o mais novo. 
A CF só fala em casamento, união estável e família monoparental. Finalmente, o Direito de Família brasileiro percebeu que a plasticidade do conceito de família encontra sua justificativa na plenitude do afeto, e não na aridez da norma jurídica. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.  (Regulamento)
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Obs.: duas questões especiais devem ser levantadas: 
I. O que é princípio da intervenção mínima do Direito de Família? Trata-se da regra segundo a qual o Estado não pode intervir indevida e coercitivamente no âmbito familiar, pondo em risco a perspectiva de realização individual de seus integrantes. Em outras palavras, o Estado não pode invadir o espaço de autonomia privada da família. Ex.: planejamento familiar. EC/66 (divórcio direto) é a prova disso. O prazo de dois anos imposto pelo Estado era uma ingerência injustificada.
II. O que é função social da família? Assim como importantes institutos de Direito Civil foram funcionalizados, a exemplo do contrato e da propriedade, a família também o foi. Superado o paradigma clássico “da estabilidade do casamento a todo custo”, entende-se que, em respeito à dignidade humana, a família tem o papel e a função social de propiciar o bem estar e permitir a busca da felicidade pelos seus integrantes.
CONCEITO DE FAMÍLIA
A despeito de não se poder apresentar um conceito absoluto, imutável e uniforme, entendemos que, teoricamente, a família deve ser entendida como um ente despersonificado, base da sociedade (art. 226 da CF), moldado pelo vínculo da afetividade que deve ligar os seus próprios integrantes. OBS: Já houve quem defendesse a família como pessoa jurídica (Savatier), mas prevaleceu a tese de que se trata de um ente despersonificado (Dabin). 
2.1. CARACTERÍSTICAS
a) socioafetiva: pois é moldada e construída pelo vínculo da afetividade.
b) eudemonista: na perspectiva da função social, deve servir de ambiência para a busca da felicidade individual.
c) anaparental: pois o moderno conceito de família abrange inclusive pessoas que não guardem vínculo técnico ou consanguíneo de parentesco. A lei Maria da Penha, em seu artigo 5º, ao definir o que se entende por âmbito da unidade doméstica e da família aproximou-se desta moderna caracterização do conceito de família. 
*#OUSESABER #DEOLHONOSSINONIMOS: O QUE É FAMÍLIA RECONSTITUÍDA? Também denominada de família recomposta, segundo Rolf Madaleno, consiste na estrutura familiar originada em um casamento ou uma união estável de um par afetivo, onde um deles ou ambos os integrantes têm filhos provenientes de um casamento ou de uma relação precedente. Ressalta-se que a lei reconhece o parentesco entre os componentes dessa família, isto é, entre madrasta/padrasto e enteados, ao prever no art. 1595, § 1º, que "Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade".
"§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro".
Ademais, consoante o estimado civilista já mencionado acima, a legislação valoriza e prevê consequências jurídicas do reconhecimento dessa espécie de unidade familiar, dentre as quais estão a possibilidade de adoção do filho exclusivo do companheiro sem que importe na obrigação de destituição do poder familiar do pai biológico (art. 41 do ECA), conhecida como adoção unilateral; e a autorização de o enteado incluir o sobrenome da madrasta e do padrasto em seu nome, desde que haja concordância destes, sem prejuízo dos seus apelidos de família, nos termos do art. 57, § 8º da Lei de Registros Públicos.
*#DIREITODIRETONOBLOG: Família multiespécie. Segundo Maria Berenice Dias, família multiespécie é aquela constituída pelos donos e seus animais de estimação, membros não humanos.
É cada vez mais comum a existência de decisões judiciais que, após o fim da convivência entre os tutores do animal, fixam guarda compartilhada, inclusive com a fixação de alimentos. Nesse sentido, destaca-se o enunciado nº 11 do IBDFAM: "na ação destinada a dissolver o casamento ou união estável, pode o juiz disciplinar a custódia do animal de estimação do casal."
DIREITO MATRIMONIAL – PARTE I
O CASAMENTO NA ÓTICA CIVIL- CONSTITUCIONAL
Evolução do casamento como única forma de constituição de família para a pluralidade de entidades familiares.
Para ter família, historicamente, precisava casar, posto que o Direito Brasileiro recebeu influência direta do Direito Canônico, tendo como finalidade a reprodução. As pessoas tinham no casamento a única forma de constituição de família vocacionada para a reprodução. 
Proteção constitucional como entidade familiar. Entidade familiar formal e solene. Projeção de efeitos erga omnes.
Consta do Texto Bíblico: “e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher: e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso de meus ossos, e carne da minha carne: esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2: 21 a 24).
Com a CF/88, o casamento deixou de ser a única forma de constituição de família e passou a estar dentro da estrutura de uma série de entidades familiares. O casamento agora é uma dentre as várias formas de constituição de família (visão contemporânea)
NOÇÕES CONCEITUAIS SOBRE O CASAMENTO. COMUNHÃO DE VIDA
O casamento é a união formal e solene entre pessoas humanas para constituição de uma família com eficácia erga omnes. 
Art. 1.511, CC: O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
A nova ideia do casamento é que ele deixou de ter uma finalidade reprodutiva para ter a finalidade de comunhão de vidas. Entidade familiar atravésda qual duas pessoas se unem a fim de comunicar uma vida. Não há mais necessariamente uma finalidade reprodutiva, pois o planejamento familiar é livre e de deliberação do casal.
Essa comunhão de vidas deve estar a salvo da interferência de terceiros. É o que se vem chamando de função social da família. 
A função social da família e a intangibilidade do casamento. A questão da responsabilização civil do amante – STJ, REsp. 922.462/SP.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL. DANOS MATERIAIS E MORAIS. ALIMENTOS. IRREPETIBILIDADE. DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE FIDELIDADE. OMISSÃO SOBRE A VERDADEIRA PATERNIDADE BIOLÓGICA DE FILHO NASCIDO NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. DOR MORAL CONFIGURADA.REDUÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO. 1. Os alimentos pagos a menor para prover as condições de sua subsistência são irrepetíveis. 2. O elo de afetividade determinante para a assunção voluntária da paternidade presumidamente legítima pelo nascimento de criança na constância do casamento não invalida a relação construída com o pai socioafetivo ao longo do período de convivência. 3. O dever de fidelidade recíproca dos cônjuges é atributo básico do casamento e não se estende ao cúmplice de traição a quem não pode ser imputado o fracasso da sociedade conjugal por falta de previsão legal. 4. O cônjuge que deliberadamente omite a verdadeira paternidade biológica do filho gerado na constância do casamento viola o dever de boa-fé, ferindo a dignidade do companheiro (honra subjetiva) induzido a erro acerca de relevantíssimo aspecto da vida que é o exercício da paternidade, verdadeiro projeto de vida. 5. A família é o centro de preservação da pessoa e base mestra da sociedade (art. 226 CF/88) devendo-se preservar no seu âmago a intimidade, a reputação e a autoestima dos seus membros. 6. Impõe-se a redução do valor fixado a título de danos morais por representar solução coerente com o sistema. 7. Recurso especial do autor desprovido; recurso especial da primeira corré parcialmente provido e do segundo corréu provido para julgar improcedente o pedido de sua condenação, arcando o autor, neste caso, com as despesas processuais e honorários advocatícios.
(REsp 922.462/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe 13/05/2013)
Art. 1.513, CC: É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Não se pode interferir na comunhão de vida formada pelo casamento, por uma família. A partir dessa percepção, alguns autores começaram a dizer que este artigo permitia a responsabilização civil do amante ou da amante, pois este ou esta estaria intervindo na constituição da família.
Para Cristiano Chaves, esse artigo se dirige ao Estado. Não se pode impor a terceiros o dever de fidelidade. O dever de fidelidade é entre o casal. Seria uma extensão subjetiva do dever de fidelidade. 
Aqui é um exemplo muito claro da Teoria do Direito de Família mínimo – art. 1.513 – intervenção mínima do Estado no Direito de Família. 
Obs.: a comunhão de vida formada pela união estável é informal e não solene, pois isso que não produz efeito erga omnes (não emancipa; não muda o estado civil), só produzindo efeito entre as partes.
NATUREZA JURÍDICA
Existem diferentes teorias que justificam a natureza jurídica do casamento:
Teoria Contratualista – o casamento tem natureza de contrato, um negócio jurídico entre as partes, fundado na vontade (natureza negocial).
Teoria Institucionalista – o casamento não seria negocial, pois não é de interesse privado, e sim de interesse público. Para essa teoria o casamento é uma instituição jurídica e social.
Teoria Mista ou Eclética – para essa teoria o casamento seria a um só tempo contrato e instituição. Contrato na sua formação, mas os efeitos do casamento seriam institucionais. 
No Brasil a natureza jurídica foi se modificando com o tempo. Na vigência do CC/16 prevalecia a visão institucionalista. Com a EC 9/77, regulamentada pela Lei 6.515/77 – Lei do Divórcio, passou a ser permitido o divórcio, em situações excepcionais, e uma única vez, pois a natureza do casamento continuava sendo público. Assim, de 1977 até 1988 o casamento tinha natureza mista. Com a CF/88, art. 226 e a EC 66/2010, o casamento passou a ter natureza contratualista. Deixou de ser uma instituição e passou a ser contrato, pois como a EC 66, o divórcio passou a ser ainda mais facilitado, deixando de ter prazo e causa. 
O casamento é celebrado e desfeito com base única e exclusivamente pela vontade das partes. E o que se forma e se dissolve pela vontade das partes é contrato, com regras e princípios próprios. Prevalência contemporânea da natureza contratual. A Lei n. 11.441/07 – endossa a tese que o casamento é um contrato, permitindo o divórcio em cartório. 
PROVA DO CASAMENTO
O casamento é ato formal e solene. Como produz efeito erga omnes, é preciso que se prove.
A prova do casamento se dá a partir de uma concepção binária, direta ou indireta. A prova direta é o registro no cartório de pessoas. A prova indireta (supletória) do casamento é a partir de qualquer meio de prova, através de um procedimento especial de jurisdição voluntária (ação de justificação de casamento) de competência da vara de família. Nessa ação, a sentença produz efeitos retroativos. 
Não se pode utilizar essa ação para reconhecimento de União Estável. A união estável pode ser convertida em casamento, mas não se confunde com a possibilidade de justificação de casamento. A ação de justificação de casamento visa a demonstrar que aquelas pessoas eram casadas desde aquela data. A conversão de união estável em casamento é para converter. 
Um dos meios de prova indireta é a posse do estado de casado. É a aplicação da teoria da aparência, provando que aquelas pessoas estavam convivendo como casados. 
Art. 1.543, CC: “O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.”
Art. 1.547, CC: “Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.” (aplicação do princípio do “in dubio pro casamento”).
Art. 1.545, CC: “O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado.”
A questão do casamento no estrangeiro. Necessidade de harmonização do art. 1.544, do CC com o art. 7º da LINDB: o registro no Brasil é condição para a prova do casamento, não para a sua validade ou eficácia (STJ, REsp.280.197/RJ). Distinção em relação ao casamento consular. 
Restrição de celebração aos cônsules de carreira (Decreto nº 24.113/34). Somente os cônsules de carreira do Itamaraty poderão realizar casamento, não sendo admitida a prática do ato aos seus substitutos.
Obs.: Estatuto pessoal – direito de família se submete à lei do domicílio do interessado. 
Art. 1.544, CC: “O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.” (casamento de brasileiro com estrangeiro). 
Registrado esse casamento no Brasil produzirá regulares efeitos. O registro é condição de prova do casamento e não para validade e eficácia. Em resumo, o casamento celebrado no exterior é válido e eficaz no Brasil. Entretanto, enquanto ele não for registrado não terá prova da existência desse casamento. 
Art. 18, LINDB: “Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro civil e de Tabelionato, inclusiveo registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no pais da sede do Consulado”. (casamento consular – submetido aos requisitos brasileiros)
ESPONSAIS OU PROMESSA DE CASAMENTO/PROMESSA ESPONSALÍCIA. INEXISTÊNCIA DE EFEITOS FAMILIARES DECORRENTES DO NOIVADO
Os esponsais são aquilo que na linguagem cotidiana chamamos de noivado – assunção de obrigações recíprocas para o casamento. Duas pessoas que assumem obrigação para casar (compra de um imóvel, aluguel, etc.). Os esponsais despertam o interesse do Direito de Família, mas não despertam efeitos nem familiares e nem sucessórios. E porque interessa ao direito de família?
O noivado pode produzir efeitos em um outro campo do direito: na responsabilidade civil. A questão da responsabilidade civil pela ruptura dos esponsais. Os danos materiais e os danos morais. A caracterização dos danos materiais é bem mais fácil. 
Lembrar que a ruptura do noivado, por si só, não gera direito à indenização dor dano moral, pois as pessoas têm o direito de não querer casar. Não se indeniza pelo fim do amor, e sim uma ruptura injustificada que gera humilhação, constrangimento, traduzindo a quebra do compromisso de casamento. 
É impensável a incidência da teoria da perda de uma chance pela ruptura do noivado.
“O Direito Civil brasileiro não reconhece efeito jurídico aos esponsais, ainda que estabelecido o noivado com um certo grau de estabilidade. No noivado não comparecem os pressupostos da união estável, que se caracteriza pela convivência diária, prolongada, com dedicação recíproca e colaboração de ambos os companheiros no sustento do lar.” (TJ/DFT, Ac.2aT.Cív., Rec. 2007.06.1.003339- 3, rel. Des. Waldir Leôncio Júnior, DJU 10.9.08, p.54). O simples fato do noivado não presume união estável. O noivado só caracteriza união estável se estiverem presentes seus requisitos. União estável não é quem quer casar, é quem vive como casado fosse.
MODALIDADES DE CASAMENTO
Quais são?
Somente civil – não se admite o casamento religioso (ex: Argentina, Chile, Uruguai, etc.). O casamento religioso não produz efeito.
Civil ou religioso em igualdade de produção de efeitos (EUA).
Somente religioso (ex.: Líbano) – o casamento é uma manifestação da religião
Preferencialmente religioso para a religião oficial e para as outras religiões o casamento será civil.
No direito brasileiro casamento é apenas civil, nos termos da CF/88 e art. 1512 do CC/1916. O casamento é civil e são civis os seus efeitos. A cerimônia é gratuita para todas as pessoas, mas para as pessoas pobres na forma da lei, além da gratuidade da cerimônia, serão gratuitos o registro, a habilitação e a primeira certidão. 
A gratuidade obrigatória da celebração (civil) do casamento.
A gratuidade eventual do registro, certidão e habilitação (Lei n.1.060/50). Suficiência da simples declaração de pobreza, independente de efetiva comprovação documental (STJ, REsp.463.231/RS).
No Brasil, o que pode ser religiosa é a celebração do casamento em qualquer possibilidade de crença (admissibilidade no candomblé e no centro espírita).
Art. 1.512, CC: “O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.”
O casamento religioso com posterior efeitos civis deve ser antecedido da habilitação de casamento e a ata da cerimônia religiosa precisa ser registrada no cartório, no prazo de 90 dias, sob pena de inexistência. O casamento meramente religioso não produz efeitos civis (casamento Eclesiástico). O estado civil dessas pessoas que não cumpriram as formalidades da lei não se modifica. Pode constituir, se presente os requisitos, uma união estável. 
Art. 1.515, CC: “O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.”
Art. 1.516, CC: “O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. 
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil”
O CC/2002, atento às crenças religiosas do país, cria a figura jurídica do “casamento religioso com posterior efeitos civis”. Aquelas pessoas que casaram somente no religioso podem requerer, posteriormente, efeitos civis, habilitando-se regularmente, dispensando da cerimônia civil, com efeitos retroativos. Importante salientar que essa retroação da eficácia do casamento pode ser requerida a qualquer tempo; não existe prazo. A retroação da eficácia do casamento religioso depende da prova da inexistência de impedimento matrimonial. Se havia impedimento matrimonial não é possível retroagir. 
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS. IMPEDIMENTOS COMO PROIBIÇÕES ESPECÍFICAS PARA CASAR
Impedimento não se confunde com incapacidade (falta de aptidão para a prática de um ato). Impedimento é a proibição para o casamento. Até porque, uma pessoa incapaz, pode não ser impedida de casar (menor de 18 anos). 
Fundamento: proteção do núcleo familiar pelo prisma biológico (eugênico), moral ou social. É matéria de ordem pública, por se tratar de proibições de ordem legal.
- Momento de oposição dos impedimentos e consequências:
Possibilidade de oposição por qualquer interessado, pelo MP, pelo Oficial do cartório ou pelo juiz de ofício, a qualquer tempo até o momento da celebração. Depois da celebração o impedimento não fica convalidado, pois é matéria de ordem pública. Entretanto, depois da celebração, o impedimento somente pode ser discutido em ação declaratória própria, imprescritível.
Nulidade e insanabilidade (não convalidação) dos impedimentos. O impedimento matrimonial é causa de nulidade, impedindo a produção de efeitos do casamento. Aquele casamento com impedimento matrimonial estará isento de qualquer efeito, salvo a hipótese de putatividade. O casamento putativo (nulo ou anulável) pode produzir efeitos por declaração judicial (CC, art. 1.561). 
Os impedimentos matrimoniais também se aplicam à união estável (CC, art. 1.723), com exceção do separado de fato. Só é união estável aquilo que pode ser convertido em casamento, na medida em que todos os impedimentos matrimoniais incidirão na união estável como regra. 
A exceção, como dito acima, é o separado de fato. A simples separação de fato, embora não afaste o impedimento matrimonial, já permite a caracterização da união estável. 
- Interpretação restritiva dos impedimentos: a questão dos enteados recíprocos e das pessoas desaparecidas – nesses casos não há impedimento, por ausência de previsão legal (rol taxativo).
Art. 1.522, CC: “Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.”
Art. 1.521, CC: “Não podem casar: (rol taxativo – não havendo proibição, não há que se falar em impedimento)
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.”
	IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS – ART. 1.521
	Os ascendentes com os descendentes, qualquer que seja o tipo de parentesco.
	Os colaterais, até o 3o grau (tio – sobrinho), qualquer que seja o tipo de parentesco – excetuado o exame pré-nupcial de compatibilidade sanguínea – DL 3.200/41 (casamento avuncular – casamento de tio com sobrinho que só é possível após exame de compatibilidade sanguínea).
	As pessoas já casadas (proibição de bigamia). A questão do casamento religioso apenas.
	Sobrevivente com quem foi condenado por homicídio ou tentativa contra o falecido cônjuge (há necessidade de condenação criminal).
Art. 67, §5º, da Lei de Registros Públicos. Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo.
CAUSAS SUSPENSIVAS[2: A seguinte assertiva foi considerada incorreta: As causas suspensivas do casamento, quando violadas, geram nulidade absoluta ou relativa, conforme o caso, e ainda impõem sanções patrimoniais aos cônjuges. (MPMG – 2017).]
Natureza: proteção patrimonial de terceiros, em relação aos efeitos de um casamento alheio. Não são proibições. Não geram nulidade/anulabilidade ou ineficácia. A violação de causa suspensiva não gera nenhum vício, gera apenas a privação da escolha do regime de bens. Quem casa violando uma causa suspensiva, deve se submeter ao regime de separação obrigatória de bens.
 
Tocam o interesse particular e, por isso, não podem ser conhecidas de ofício. Entretanto, são impostas pela lei.
Percebe-se, em suma, que as causas suspensivas não têm natureza proibitiva, mas sim INIBITÓRIA, procurando obstar a realização de matrimônios enquanto não adotadas providências acautelatórias do interesse de terceiras pessoas. Resguardam, pois, situações particulares que atingem a família dos nubentes ou eles mesmos, sem repercussão social.
Privação da escolha do regime de bens. Interesse privado. Impossibilidade de reconhecimento de ofício pelo Oficial do cartório, pelo MP ou pelo juiz. Limitação da provocação das causas suspensivas (CC, art. 1.524). Não incidência na união estável (art. 1.723, §2o).
Há possibilidade de afastamento da causa suspensiva e permissão para a escolha do regime de bens? Sim, posteriormente, desde que cessada a causa suspensiva correspondente.
Assim sendo, demonstrada a inexistência de prejuízo patrimonial ou da turbação de sangue (confusão se sangue) para o ex-cônjuge ou terceiros (caso, por exemplo, a viúva apresente laudo médico provando não estar grávida), poderá o juiz dispensar a incidência da causa suspensiva, autorizando as partes a escolherem livremente o regime de bens. 
Possibilidade de modificação posterior do regime de separação obrigatória imposto por conta das causas suspensivas – CC, art. 1.639, §2º.
Art. 1.523, CC: “Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando- se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex- cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.”
	CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO – ART. 1.523
	O viúvo (a), que tem filhos do falecido (a), enquanto não fizer a partilha dos bens deixados (a questão da hipoteca legal – art. 1.489, I). Só há causa suspensiva se houver filhos. Enquanto não for feita a partilha dos bens deixados pelo falecido, os bens ficarão em hipoteca legal. 
	A mulher cujo casamento se desfez nos 10 meses subsequentes ao término (turbatio sanguinis)
	O(a) divorciado(a), enquanto não fizer a partilha dos bens (STJ 197 e CC 1.581)
	O tutor/curador e seus parentes com o tutelado/curatelado enquanto perdurar a tutela/curatela.
Art. 1.524, CC: “As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.”
Não pode o Oficial de Registro, o magistrado, nem mesmo o MP suscitá-las de ofício, uma vez que o interesse vislumbrado nas causas suspensivas é estritamente particular.
Súmula 197, STJ: “O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens”. (casará no regime de separação obrigatória).
Importante salientar que essa possibilidade de separação e de divórcio independentemente de partilha (mantendo-os em condomínio) incide, inclusive, no procedimento de separação e divórcio em Cartório, regulado pela Lei n. 11.441/07, através da lavratura de escritura pública. 
DIREITO MATRIMONIAL – PARTE II
HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
Procedimento de natureza administrativa, não judicial (dispensa da necessidade de advogado, sem participação obrigatória do juiz, mas com a intervenção do MP), tendente a averiguar a inexistência de impedimentos matrimoniais. 
Procedimento formal em face da solenidade do casamento. Finalidade: verificação de eventual impedimento matrimonial. Possibilidade de habilitação por meio de procurador, apesar do caráter personalíssimo do casamento.
Competência? Procedimento tramitará perante o Cartório do Registro Civil do domicílio dos noivos (LRP, art. 67). Nubentes com domicílios distintos – o procedimento tramitará no Cartório de domicílio de um deles. Porém, os editais dos proclamas serão, obrigatoriamente, publicados em ambos os domicílios. 
As suas diferentes fases procedimentais (4 fases diferentes):
Fase de requerimento e documentação;
Editais de proclamas;
Registro;
Entrega da certidão.
É possível que a habilitação seja feita por procurador com poderes especiais (procuração em documento público). Ambos os noivos podem estar representados por procurador, embora o ato seja personalíssimo. Entretanto, não podem ter o mesmo procurador, evitando a ocorrência do autocontrato. A validade dessa procuração será de 90 dias, salvo se um prazo menor for estabelecido. 
É neste momento do requerimento que os noivos indicam se vão ou não alterar o sobrenome. 
Art. 1.565, CC: § 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.”
Essa mudança de sobrenome é facultativa, podendo gerar, inclusive, a supressão de algum outro sobrenome (STJ – REsp.662.799/MG). Esse requerimento deve conter alguns documentos.
Art. 1.525, CC: “O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão denascimento ou documento equivalente;
Para comprovação da idade núbil (16 anos). Quem tem menos de 16 anos não pode casar (casamento anulável), podendo ser convalidado. 
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
Noivos entre 16 e 18 anos de idade precisam do consentimento dos pais. Esse consentimento pode ser revogado até a celebração. Se os pais se recusarem, o juiz pode suprir, se a recusa for injusta, autorizando o casamento do menor. 
Tanto no suprimento de idade, quanto no suprimento de consentimento, o casamento ficará sob o regime de separação obrigatória. Quando os noivos alcançarem a maior idade podem requerer a modificação desse regime de bens.
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
Com exceção do casamento nucunpativo, as testemunhas do casamento podem ser parentes.
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.”
Art. 1.518, CC: “Até à celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a autorização”.
Art. 1.519, CC: “A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz”.
Art. 1.520, CC: “Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.”
O juiz pode permitir o casamento de quem ainda não atingiu os 16 anos. Não há mais extinção de punibilidade pelo casamento da vítima, ficando remota essa hipótese.
Art. 1.526, CC: “A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.
Feito o requerimento e apresentados os documentos obrigatórios pelos noivos, vão ser publicados os proclames, no prazo mínimo de 15 dias.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.”
Com ou sem impugnação, o MP apreciará a habilitação. O juiz só precisará deliberar se houver impugnação por qualquer um dos interessados ou pelo MP. Se não houver impugnação, os autos do MP voltarão para o Cartório. 
Art. 1.527, CC: “Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.”
Art. 1.532, CC: “A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.”
Uma vez expedida a certidão, os noivos dispõem de 90 dias para casar. Não sendo realizado o casamento, caducará a certidão. Caso os noivos desejem casar, vão ter que iniciar, novamente, o procedimento.
	PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO (CC – ART. 1.525)
	Requerimento formulado pelos noivos, pessoalmente ou por procurador, com a apresentação dos documentos exigidos.
	Publicação dos proclamas na Imprensa oficial, onde houver, e no Cartório, e audição do Ministério Público (eventual deliberação judicial, quando houver impugnação).
	Registro e expedição de certidão de habilitação para casamento (validade de 90 dias, sob pena de caducidade).
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Formalidades da celebração do casamento (casamento é negócio jurídico formal e solene, daí exigir formalidade na sua celebração).
Autoridade competente designará, com os noivos, data, horário e local para a cerimônia. 
Pode ser realizado em qualquer lugar. Se for em prédio particular ou se um deles for analfabeto, dobra o numero de testemunhas (de 2 para 4), podendo ser parentes. Se for em prédio particular há necessidade de portas abertas.
Necessidade da presença de 6 pessoas para o início da cerimônia.
Presença dos nubentes pessoalmente ou por procurador (procuradores diferentes).
As duas testemunhas (que podem ser parentes) e o dobro do número de testemunhas quando se tratar de casamento em prédio particular ou quando houver analfabeto.
A questão do momento existencial do casamento.
A natureza do registro posterior no caso de cerimônia religiosa.
Superação da proibição de registro de filho na ata do casamento (Lei n. 8.560/92).
- CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO:
Instalação da cerimônia (presença mínima de 6 pessoas – 2 testemunhas, autoridade, os noivos e o oficial do cartório), dentro do prazo de 90 dias da expedição da certidão de habilitação. Se for religiosa, dispensa-se a presença do oficial do cartório. Os noivos terão o prazo de 90 dias para registrar a ata do casamento religioso. Se não registrarem, o casamento é inexistente.
↓
Declaração de vontade (expressão afirmativa, sem gracejo, dúvida ou hesitação, sob pena de suspensão da cerimônia, que só poderá ser retomada, 24 horas depois). Não precisa que a resposta seja “sim”, bata qualquer palavra afirmativa. 
↓
Leitura da fórmula sacramental: momento existencial do casamento (CC, arts. 1.535 e 1.514)
Art. 1.534, CC: “A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.”
Art. 1.535, CC: “Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.”
Art. 1.514, CC: “O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”. (momento existencial do casamento)
O casamento se consuma com a declaração de vontade seguida da leitura da fórmula.
- FLEXIBILIZAÇÃO DAS REGRAS SOBRE CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO:
Existem 2 hipóteses em que a celebração é flexibilizada:
Casamento por moléstia grave;
Casamento nuncupativo (“in extremis vitae”/”in articulo mortis” – iminente risco de morte).
O casamento com moléstia grave (CC 1.539). Flexibilização mínima da celebração do casamento, autorizando a sua realização quando um dos noivos estiver em risco de morte. Prévia realização da habilitação para o casamento. Flexibiliza-se, nesse caso, o dia, a hora e o local.
Art. 1.539, CC: “No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir- se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.”
O casamento nuncupativo (iminente risco de morte ou in extremis vitae) – CC, art. 1.540. Excepcionalidade. Flexibilização máxima, com habilitação posterior e necessidadede homologação judicial. Sem prévia habilitação e sem a presença de autoridade. Na presença de 6 testemunhas que não podem ser parentes em linha reta ou colateral até o segundo grau. Essas testemunhas disporão do prazo de 10 dias para comparecer perante o juiz para a homologação do casamento. Prazo de preclusão fraco. Mesmo que as testemunhas não o façam os interessados poderão fazer. As testemunhas precisam provar a situação de risco e a declaração de vontade, mesmo diante daquela situação de risco de morte. O regime de bens será o da separação obrigatória.
Art. 1.540, CC: “Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.”
Art. 1.541, CC: “Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: 
I - que foram convocadas por parte do enfermo; 
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
 III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. 
§ 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. 
§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
 § 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no Livro do Registro dos Casamentos. 
§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. 
§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.”
PLANOS JURÍDICOS (DIMENSÕES) DO CASAMENTO
Escada ponteana (Pontes de Miranda) – histórica classificação de Pontes de Miranda, influenciada pelo Direito Germânico, afirmando que os fatos jurídicos passam por três dimensões: existência, validade e eficácia. O casamento, como qualquer outra situação jurídica, precisa respeitar a Escada Ponteana. 
Quais são os planos jurídicos do casamento?
Existência;
Validade;
Obs.: o casamento não permite controle de eficácia, diferentemente dos negócios jurídicos comuns. O casamento não permite a imposição dos elementos de controle da eficácia (inadmissibilidade de condição, termo e encargo). Se o casamento existe e é válido, o casamento produz efeitos.
Invalidades do Casamento[3: A prova da DPE-BA propôs o seguinte enunciado: “João, atualmente com 20 anos de idade, foi diagnosticado com esquizofrenia. Em razão desta grave doença mental, João tem delírios constantes e alucinações, e apresenta dificuldades de discernir o que é real e o que é imaginário, mesmo enquanto medicado. Em razão deste quadro, em 2014, logo após completar 18 anos, sofreu processo de interdição, que culminou no reconhecimento de sua incapacidade para a prática de todos os atos da vida civil, sendo-lhe nomeado curador na pessoa de Janice, sua mãe. Entretanto, ele é apaixonado por Tereza e deseja com ela se casar. Afirmou que em sinal de seu amor, quer escolher o regime da comunhão total de bens”. A banca FCC, em 2016, considerou correta a seguinte alternativa: “Levando em consideração o direito vigente, João poderá contrair matrimônio de forma válida independentemente do consentimento de sua curadora, mas depende da sua assistência para celebrar validamente pacto antenupcial para a escolha do regime de bens.”]
Casamento Inexistente
Casamento Nulo
Casamento Anulável
Somente as hipóteses do casamento nulo e anulável constam do Código Civil de 2002, assim como no Código de 1916. O casamento inexistente é uma criação doutrinária. A teoria da inexistência se desenvolveu na doutrina e jurisprudência francesa e italiana, tendo sido desenvolvida por Zachariae (Zacarias) para explicar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, hipótese não tratada, na época, como nulidade pelo Código Civil Francês. Muitos doutrinadores brasileiros admitem o casamento inexistente, matéria que deve ser estudada para provas e concursos.
3.1. CASAMENTO INEXISTENTE
Doutrina representada por Venosa e Carlos Roberto Gonçalves. 
A sua hipótese clássica era o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Porém, no Brasil, esse casamento é possível juridicamente na atualidade (Supremo Tribunal Federal, 2011, Inf. 625). O Supremo Tribunal Federal entendeu que todas as regras previstas para a união estável são aplicáveis, por analogia, à união homoafetiva. Resolução nº 175/2013 do CNJ: os registradores são obrigados a fazer a conversão da união estável em casamento das relações homoafetivas. Se é possível converter a união estável homoafetiva em casamento homoafetivo, também é possível o casamento homoafetivo diretamente no Cartório de Registro Civil (STJ, REsp 1.183.378/RS, 2011) 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Essa resolução torna obrigatório o casamento de casais homoafetivos em cartório. Esse exemplo de casamento inexistente desapareceu do sistema jurídico.
Obs.: Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil. STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892). 
Quais são os casos atuais de casamento inexistente?
 Ausência de vontade. Simão – vontade zero. Ex.: casamento contraído por pessoa hipnotizada ou desfalecida. 
Casamento celebrado por autoridade absolutamente incompetente. Ratione materiae. CF/88 autoriza juiz de paz. Muitos estados não regulamentaram a justiça de paz. São casos de inexistência os casamentos celebrados somente pela autoridade eclesiástica (sem conversão no casamento civil), por Promotor de Justiça, Delegado de Polícia e autoridade local.
- Efeitos e procedimentos do casamento inexistente: não existe previsão no CC/02. A doutrina entende pela aplicação, por analogia, das mesmas regras do casamento nulo. O ato inexistente é um nada para o direito, de forma que não há a ressalva de se admitir convalidação por putatividade (boa-fé).
3.2. CASAMENTO NULO (NULIDADE ABSOLUTA)
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civilI - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
II - por infringência de impedimento.
- Hipóteses (art. 1548)
a) contraído pelo enfermo mental (mesma coisa de doente mental. É a mesma hipótese do art. 3º, II do CC, com a ressalva de não haver necessidade de interdição prévia) sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
*#ATENÇÃO: Essa hipótese foi revogada pela Lei nº 13.146, de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), subsistindo apenas a hipótese mencionada no inciso II, a saber, “por infringência de impedimento”.
b) infringência a impedimento matrimonial. Art. 1521, CC.: Não podem casar:
I. Ascendentes com os descendentes (até o infinito), seja o parentesco natural ou civil (adoção). 
II. Os afins em linha reta até o infinito também (exemplos: sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado e assim sucessivamente). Esse vínculo é perpétuo. “Sogra é para vida toda”. Mesmo no caso de dissolução do casamento, o impedimento permanece.Os cunhados podem ser casar livremente, são afins colaterais.
III. O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. A adoção imita a família consanguínea.
IV. Os irmãos unilaterais (mesmo pai ou mesma mãe) ou bilaterais (mesmo pai e mãe) e demais colaterais até o terceiro grau, inclusive. 3º grau – tios e sobrinhos genericamente. Continua em vigor o Decreto Lei nº 3.240/1941 que autoriza o casamento entre tios e sobrinhos (casamento avuncular) se uma junta médica demonstrar que não há risco à prole. Enunciado nº 98 da I Jornada de Direito Civil. Primos podem se casar livremente (são colaterais de 4º grau).
V. O adotado com o filho do adotante (irmão). 
VI. As pessoas casadas (impedimento decorrente de vínculo matrimonial – princípio da monogamia. Há dúvidas se esse impedimento se aplica à união estável).
VII. O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte (o crime deve ser doloso e com trânsito em julgado da sentença penal condenatória). Sentença penal superveniente invalida o casamento? Pablo entende que sim. Tartuce entende que não. 
Os impedimentos matrimoniais envolvem ordem pública. Assim, podem ser opostos até o casamento, por qualquer pessoa capaz, cabendo conhecimento de ofício pelo juiz (de direito, de paz) ou pelo oficial de registro civil.
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil (adoção);
II - os afins em linha reta (exemplos: sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado e assim sucessivamente. Os cunhados podem ser casar livremente, são afins colaterais);
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive (tios e sobrinhos);
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas (princípio da monogramia);
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte (o crime deve ser doloso e com trânsito em julgado da sentença penal condenatória).
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Obs.: não confundir os impedimentos matrimoniais com as causas suspensivas do casamento (art. 1523, CC). As causas suspensivas não geram invalidade do casamento, mas apenas impõem sanções patrimoniais (ordem privada). A primeira sanção é a adoção do regime da separação obrigatória de bens (art. 1641, CC). As causas suspensivas servem para afastar a confusão patrimonial.
Vamos analisar o rol das causas suspensivas. Aqui o casamento não é nulo nem anulável. Elas servem para afastar confusão patrimonial:
I. O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. Além da imposição de regime de separação obrigatória, há uma outra sanção que é uma hipoteca legal sobre os bens do casal em favor dos filhos. (art. 1489, II).
II. A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal (para evitar a confusio sanguinis – confusão quanto à origem da prole).
III. O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. 
IV. O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas (para evitar fraudes patrimoniais). É moral.
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal (para evitar a confusio sanguinis – confusão quanto à origem da prole)
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas (para evitar fraudes patrimoniais)
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Se for provada a ausência de prejuízo patrimonial, cessa a causa suspensiva (art. 1523, parágrafo único). Ex.: inciso II – ausência de gravidez ou nascimento do filho. 
Obs.: Por ser de ordem privada, somente podem ser arguidas pelos interessados, não podendo ser conhecidas de ofício.
- Efeitos e procedimentos do casamento nulo: cabe ação declaratória de nulidade. A ação é imprescritível (art. 169, CC). A ação pode ser proposta por qualquer interessado ou pelo MP, por envolver ordem pública (art. 1549).
*#PEGADINHA: Segundo o entendimento majoritário, a nulidade absoluta do casamento não pode ser conhecida de ofício pelo juiz (Venosa). Deriva do princípio da não intervenção (art. 1.513, CC). 
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
A ação de invalidade pode ser precedida por medida cautelar de separação de corpos. Havendo boa-fé, o casamento pode ser convalidado por putatividade (art. 1.561, CC). Os efeitos da sentença são erga omnes e ex tunc (art. 1.563, CC). Crer que é por amor (putativo). Ressalvas – coisa julgada, terceiro de boa-fé.
Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.
3.3. CASAMENTO ANULÁVEL (NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE) – PLANO DA VALIDADE
- Hipóteses (art. 1550, CC):
I. Casamento contraído por quem não completou a idade núbil, que é de 16 anos.
II. Casamento contraído por menor em idade núbil (16 -18 anos), não havendo autorização do representante legal. Nos dois casos de menor o casamento é anulável.
III. Havendo coação psicológica (vis compulsiva). O art. 1558 fala em fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra do cônjuge ou de seus familiares. Na coação física (vis absoluta) retira-se a vontade do coacto (ou haveria casamento inexistente ou casamento nulo). COAÇÃO GERAL pode estar relacionada a bens. Art. 151 e pessoas que não são da família do coacto. 
IV. Erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (error in persona, art. 1.557); I. Identidade, honra e boa fama do outro cônjuge. 
OBS.: ALTERAÇÃO LEGISLATIVA: ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA:
Redação anterior:
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado (exemplos: homossexualidade, bissexualidade, pan-sexualismo, pessoa violenta, viciado);
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal (nãohá necessidade do trânsito em julgado da sentença);
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (deformações genitais, hermafroditismo, AIDS, Hepatite, Sífilis, impotência coeundi – instrumental. A impotência generandi não anula o casamento);
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
V. incapaz de construir o de manifestar de forma inequívoca a vontade.
Redação atual:
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; 
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
 III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;          (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
VI. Casamento celebrado por procuração, havendo revogação do mandato. Mandato por escritura pública. Se houver nulidade do mandado o casamento é anulável.
VII. Havendo incompetência relativa da autoridade celebrante. É a incompetência em relação ao local. Ratione loci. Juiz de paz de uma comarca que celebra o casamento em outra. 
- Efeitos e procedimentos do casamento anulável: Ação anulatória de casamento. Os prazos são decadenciais. 4 anos – coação. 3 anos – erro. 2 anos – incompetência relativa. 180 dias – demais casos. Essa ação somente pode ser proposta pelo interessado que, em regra, é o cônjuge (MP não, nem em caso de menor). E não cabe conhecimento de ofício pelo juiz. É possível a convalidação livre, inclusive putatividade (art. 1.561, CC). Os efeitos são inter partes e ex nunc (entendimento majoritário). Esse efeito ex nunc é criticado, pois as partes voltam a ser solteiras, provando que seria ex tunc. 
O plano da validade é um plano normativo. O casamento deve obedecer os requisitos estabelecidos em lei. A nossa lei partiu da premissa que a matéria deveria ser tratada por exclusão. Ao invés de dizer quando o casamento será válido, a lei resolveu estabelecer quando o casamento será inválido. Essas hipóteses são divididas em 2 grupos: nulidade e anulabilidade.
	CASAMENTO NULO
	CASAMENTO ANULÁVEL
	Fundamenta-se em razões de ordem pública.
	Fundamenta-se em razões de ordem privada.
	Pode ser declarada pelo juiz, a requerimento do MP, ou de qualquer interessado, inclusive os próprios noivos (em ação própria – CC 1.549 – impossibilidade de reconhecimento de oficio – é necessária a propositura de ação). 
	Somente poderá ser invocada por aquele a quem aproveite, não podendo ser reconhecida de ofício.
	Não é suscetível de confirmação.
	É suscetível de confirmação ou redução.
	Não convalesce pelo passar do tempo.
	Submete-se a prazos decadenciais.
	Não produz efeitos.
	Produz efeitos, enquanto não for anulado por sentença.
	Reconhecido através de ação meramente declaratória (imprescritível)
	Reconhecido através de ação desconstitutiva, sujeita a prazo decadencial.
	Admite conversão substancial.
	Admite sanção pelas próprias partes.
A nulidade é ope legis (força de lei). O anulável é ope judicis (por força de decisão judicial), produzindo efeitos enquanto não for declarado por sentença, no bojo de uma ação anulatória, no prazo previsto em lei.
Resumo das hipóteses de nulidade (CC 1.548) e anulabilidade (CC 1.550):
	HIPÓTESES DE NULIDADE DO CASAMENTO (CC, 1.548)
	HIPÓTESES DE ANULABILIDADE DO CASAMENTO (CC, 1.550)
	Impedimentos matrimoniais (CC, 1.521)
	Defeito de idade (falta de idade núbil).
- exceção do CC, 1.551.
	Incapacidade do agente, por causa psicológica (mental).
	Falta de consentimento dos responsáveis, exceto se o juiz supriu a falta de consentimento.
	
	Erro essencial ou coação (vício de consentimento).
	
	Incapacidade relativa por causa psicológica.
	
	Revogação do mandato.
Obs.: convalida-se o casamento se, depois do casamento, houve coabitação.
	
	Incompetência da autoridade celebrante.
*#PEGADINHA: Segundo o entendimento majoritário, a nulidade absoluta do casamento não pode ser conhecida de ofício pelo juiz (Venosa). Deriva do princípio da não intervenção (art. 1.513, CC). 
- Erro para fins de anulabilidade casamento:
É um erro sobre a pessoa. Não é possível alegar erro em qualquer hipótese. Não é possível muita elasticidade, pois, se assim fosse, toda causa de divórcio seria uma anulação de casamento. O CC estabeleceu os parâmetros do erro, no art. 1.557. Somente nessas hipóteses é que se pode ter como caracterizado o erro sobre a pessoa para fins de anulação do casamento (desconstituir o casamento). Nas demais hipóteses de erro, será cabível o divórcio.
	HIPÓTESES DE ERRO SOBRE A PESSOA DO CÔNJUGE, TORNANDO O CASAMENTO ANULÁVEL (CC, 1.557)[4: Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência Não há razão, efetivamente, para reputar inválido o casamento de uma pessoa humana que, embora com deficiência, pode manifestar a sua vontade. Absolutamente justificável, portanto, o afastamento da invalidade absoluta de um casamento pela simples deficiência mental de um dos noivos.]
	Erro sobre a identidade do cônjuge (identidade física ou civil). Ex: casar com um ex-transexual operado.
	Ignorância de crime anterior ao casamento, tornando insuportável a vida conjugal. (ex.: estupro, homicídio, latrocínio – não é um crime qualquer).
	Ignorância de defeito físico irremediável ou moléstia grave e transmissível, anteriores ao casamento. É aquele defeito que impede a prática de relações sexuais – Impotência Coeundi.
Obs.: a impotência generandi (esterilidade) não é causa de anulação do casamento. 
O defeito deve ser irremediável. 
	Ignorância de doença mental grave que torne o casamento insuportável, existente antes do casamento. REVOGADO
Só haverá anulação pelo erro nessas hipóteses taxativamente previstas no art. 1.557.
- Prazos decadenciais para anulação do casamento:
	HIPÓTESE DE ANULAÇÃO DO CASAMENTO
	PRAZO DECADENCIAL
	Defeito de idade (inciso I)
	180 dias
	Falta de consentimento (inciso II)
	180 dias
	Erro essencial (inciso III)
	3 anos
	Coação (inciso III)
	4 anosIncapacidade relativa por causa psíquica (inciso IV)
	180 dias
	Revogação de mandato (inciso V)
	180 dias
	Incompetência da autoridade celebrante (inciso V)
	2 anos
A regra é de 180 dias contados da celebração do casamento.
O prazo de 4 anos para anular o casamento por coação é contado da data da celebração do casamento, diferentemente dos negócios jurídicos, que é do término da coação.
 
Obs.: tanto o casamento nulo, quanto o casamento anulável, pode ser enquadrado como PUTATIVO. O casamento nulo e o anulável pode produzir efeitos para quem está de boa-fé. A putatividade pode ser conhecida de ofício, na própria sentença que declara a nulidade ou anula o casamento. Também é Possível ser analisada em ação autônoma. Para fins de putatividade é preciso provar a boa-fé de um ou de ambos os cônjuges. É preciso que um ou ambos os cônjuges não tivesse conhecimento da causa de nulidade ou anulabilidade casamento. O erro aqui é de fato. Para fins de putatividade, admite-se, inclusive o erro de direito, mitigando o art. 3o da LINDB. Nessa hipótese o casamento será existente, inválido, porém eficaz. O casamento inexistente não pode ser putativo, pois casamento inexistente é um nada jurídico. 
O casamento putativo. Possibilidade de reconhecimento ex officio. Reconhecimento nos autos da nulidade/anulabilidade declaratórios. Impossibilidade de putatividade do casamento inexistente. Mitigação da proibição de alegação de erro de direito (LINDB, 3º).
Art. 1.561, CC: “Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
 § 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. 
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.”
EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO. MULTIPLICIDADE DE EFEITOS.
O casamento produz efeitos em diferentes âmbitos:
Pessoais – entre os cônjuges – efeitos de um em relação ao outro;
Sociais – decorrem dos cônjuges com relação a terceiros. Esses efeitos sociais garantem a oponibilidade erga omnes.
Econômicos – patrimoniais – decorrentes do regime de bens. O regime de bens disciplinará os efeitos patrimoniais. 
4.1 EFEITOS PESSOAIS DO CASAMENTO.
São aqueles efeitos produzidos entre os cônjuges, de um relação ao outro. São plúrimos.
	EFEITOS PESSOAIS DO CASAMENTO
	Estabelecimento de uma comunhão de vida (CC, 1.511).
Impossibilidade de interferência de terceiros (direito público e direito privado) – função social da família.
	Fixação do domicílio conjugal (CC, 1.569) – é o lugar escolhido por eles, conjuntamente.
Se os cônjuges têm domicílios profissionais distintos, ambos serão considerados domicílios (princípio da igualdade entre homem e mulher).
Se um dos cônjuges tiver de se ausentar do domicílio, o outro automaticamente administrará o patrimônio comum (preso, incapaz, ausente).
	Contribuição proporcional para a manutenção do lar conjugal, independente do regime de bens (CC, 1.568).
Essa contribuição se dará mesmo no regime de separação absoluta.
A contribuição é proporcional aos ganhos. Não é igualitária. 
	Exercício conjunto da direção da sociedade conjugal (em caso de divergência, deliberação judicial).
Princípio da igualdade entre homem e mulher.
	Possibilidade de acréscimo de sobrenome (facultatividade).
Esse acréscimo se dará independentemente da vontade do outro cônjuge. 
Cabe a quem alterou o nome deliberar quando ocorrer eventual divórcio, decidir se o mantém ou não. Nome é direito da personalidade e adere à pessoa. 
O STJ entende que, se voltar ao nome anterior, é possível retificar o registro civil dos filhos – REsp 1.041.751/DF.
	Imposição de deveres recíprocos (fidelidade, coabitação – vida em comum no domicílio conjugal, assistência recíproca, guarda, sustento e educação da prole, respeito e consideração mútuos) – art. 1.566.
Obs.: a fidelidade e a vida em comum no domicilio conjugal não incidem na união estável. No que tange à fidelidade, apesar de não ser expressa, é parte integrante do respeito.
No divórcio não mais se discute culpa. O eventual descumprimento de algum dos deveres conjugais não pode imputar culpa no divórcio, mas pode gerar algum tipo de inadimplemento.
Art. 1.569, CC: “O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.”
Art. 1.568, CC: “Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial.”
Art. 1.567, CC: “A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.”
Art. 1.566, CC: “São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos.”
4.2. EFEITOS SOCIAIS DO CASAMENTO
Decorrem da eficácia erga omnes do casamento. Efeitos dos noivos para terceiros.
	EFEITOS SOCIAIS DO CASAMENTO
	Constituição de uma entidade familiar.
	Emancipação do cônjuge incapaz (sem retorno ao status quo ante, no caso de dissolução do casamento).
O eventual desfazimento do casamento, antes dos 18 anos, não restabelece a incapacidade.
E no caso de invalidade? Depende, o casamento nulo não produz efeito, salvo na hipótese de putatividade.
O anulável produz efeitos, portanto, emancipa. 
	Presunção de paternidade dos filhos nascidos na constância do casamento (presunção pater is est – CC, 1.597).
Seja oriunda de fertilização sexual, seja oriunda de presunção assistida.
Aplicação da presunção de paternidade na união estável – STJ, REsp.23/PR (não existe essa presunção legal). Na letra fria do CC, a presunção de paternidade é só para o casamento.
	Mudança do estado civil.
A união estável não muda o estado civil.
	Estabelecimento do parentesco por afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro (CC, 1.595), na linha reta ou colateral.
#CUIDADO: o parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, descendentes e aos irmãos. Apenas! Não há parentesco por afinidade, por exemplo, de tios ou sobrinhos do cônjuge ou companheiro. 
O parentesco por afinidade na linha reta não dissolve nunca. Nem pelo divórcio, nem pela morte (o impedimento matrimonial se mantém sempre).
Na linha colateral se dissolve (é possível casar com ex cunhada (o)).
O parentesco por afinidade também é aplicável para a união estável. 
REGIME DE BENS DO CASAMENTO
REGIME DE BENS
É o estatuto que regula as relações patrimoniais decorrentes do casamento. Possui o propósito de regular a titularidade e a administração dos bens do casal produzindo efeitos entre si e perante terceiros. A matéria é regulada nos arts. 1.639 a 1688, do CC. É composta, em sua maioria, por normas de ordem privada. 
	
1.1 PRINCIPAIS MUDANÇAS TRAZIDAS PELO CC/2002
→ No CC/1916, a regra era a imutabilidade do regime de bens. No CC/2002, a regra passou a ser a mutabilidade. 
→ Extinção do Regime Dotal (vem da expressão “dote). Este regime já se encontrava em desuso. 
→ O legislador criou o regime da participação final nos aquestos. 
1.2. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO REGIME DE BENS 
1.2.1 Princípio da Livre Estipulação 	
Também conhecido como principio da autonomia privada (autonomia da vontade), é a regra que permite a livre escolha do regime de bens pelos nubentes. Está prevista no caput do art. 1639, CC. A liberdadede pactuar o regime de bens não é absoluta, pois o pacto não pode conter cláusulas que violem as normas de ordem pública a respeito da matéria. 
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
	
Regime legal (ou supletório) é aquele que será aplicado ao casamento na hipótese de omissão de vontade dos nubentes. Também deve ser aplicado nos casos de vícios que conduzam à nulidade do pacto. Antes do advento da Lei n. 6.515/77 (Lei do Divórcio), o regime legal era o da comunhão de bens. Com a entrada em vigor do referido diploma, o regime legal passou a ser o da comunhão parcial, regra mantida pelo CC/2002.
1.2.2 Princípio da Variedade 
O CC prevê quatro regimes distintos. Além disso, possibilita a criação de regimes mistos desde que respeitadas as normas de ordem pública quanto à matéria.
Enunciado n. 331, JDC: “O estatuto patrimonial do casal pode ser definido por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados no Código Civil (art. 1.639 e parágrafo único do art. 1.640), e, para efeito de fiel observância do disposto no art. 1.528 do Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do processo de habilitação matrimonial”.
1.2.3 Princípio da Indivisibilidade
	
É o princípio que proíbe a celebração de casamento com regimes distintos para cada um dos cônjuges. O regime é uno. Contudo, isso não impede disposições especiais no pacto antenupcial de doação de bens de um cônjuge ao outro.
Exceção: o princípio da indivisibilidade é excepcionado na hipótese de casamento nulo ou anulável em que apenas um dos cônjuges agiu de boa-fé. Nessas hipóteses, o regime de bens é aplicado de forma diferente para cada um dos cônjuges. O regime de bens beneficiária o cônjuge que agiu de boa-fé. 
1.2.4 Princípio da Mutabilidade Justificada
O entendimento pacificado na jurisprudência do STJ é no sentido de que é possível (atualmente) a alteração do regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do CC/1916. O art. 2.039, do CC/2002, não impede a mudança. O objetivo do dispositivo é apenas chamar a atenção para o fato de que os regimes do CC/1916 não foram reproduzidos integralmente no CC/2002. Ex.: o regime da comunhão parcial do CC/1916 não é idêntico ao regime da comunhão parcial do CC/2002.
Art. 2.039. O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, é o por ele estabelecido.
1.2.4.1 Requisitos para alteração do regime 
a) ação judicial: a escolha do regime de bens é feita através de contrato (pacto antenupcial), mas a alteração só é possível mediante ação de alteração do regime de bens. Em regra, esta ação deve ser distribuída na Vara de Família. Na ausência desta, deve ser distribuída na Vara Cível. 
b) absoluto consenso entre os cônjuges: se houver qualquer divergência entre eles, o juiz não modificará o regime de bens, ainda que um deles apresente razões plausíveis. 
c) justo motivo: o pedido de alteração do regime de bens deverá ser motivado e o juiz analisará a procedência das razões invocadas. 
d) ressalva de direitos de terceiros: a decisão judicial que determina a modificação deve ressaltar expressamente direitos de terceiros. 
É necessária a publicação de editais referentes à alteração do regime de bens? Algumas corregedorias estaduais baixaram exigindo a publicação de editais informando a alteração do regime de bens. Contudo, o STJ afastou tal requisito. 
*#ATENÇÃO: O NOVO CPC previu a necessidade de publicação de edital de alteração pelo prazo de, pelo menos, 30 dias! Art. 734 § 1o Ao receber a petição inicial, o juiz determinará a intimação do Ministério Público e a publicação de edital que divulgue a pretendida alteração de bens, somente podendo decidir depois de decorrido o prazo de 30 (trinta) dias da publicação do edital.
Qual a eficácia no tempo da alteração do regime? 
Corrente 1 – Defende que a alteração do regime de bens só pode ter eficácia “ex nunc”. 
Corrente 2 – Defende que a alteração do regime de bens pode ter eficácia “ex tunc” dependendo do regime escolhido ou do que foi requerido ao juiz. Ex.: a mudança do regime de comunhão parcial para comunhão universal. Para o professor, essa corrente parece estar prevalecendo. 
Obs.: o ideal é a que a sentença judicial especifique se a alteração produzirá efeitos “ex nunc” ou “ex tunc”.
É possível a alteração do regime de bens na hipótese de casamento celebrado pelo regime da separação obrigatória?
Corrente 1 – defende que é possível a modificação do regime, desde que superada a causa que determinou a imposição do regime de separação. Isso é possível na hipótese do inciso I (causas suspensivas) e do inciso III (casamento celebrado mediante autorização judicial), ambos do art. 1641, CC. A alteração só não é possível na hipótese do inciso II (maiores de 70 anos). 
Corrente 2 – defende que o regime de separação obrigatória não pode ser alterado. 
Qual é a consequência para o negócio jurídico da ausência de vênia conjugal? 
Em algumas situações, o legislador exige a vênia conjugal para validade de negócios jurídicos celebrados pelos cônjuges. Ex.: alienação gratuita ou onerosa de bens imóveis. 
A vênia é exigida, em regra, para todos os regimes. Exceções:
a) regime de separação absoluta; 
Obs.: a dispensa vale para todos os atos previstos no art. 1.647, CC. 
b) regime de participação final dos aquestos – se houver disposição nesse sentido no pacto antenupcial. 
Obs.: a dispensa vale apenas para a alienação de bens particulares.
 
Assim, se o negócio jurídico for praticado sem a devida vênia conjugal, será considerado anulável pelo prazo decadencial de 02 anos, a contar da dissolução da sociedade conjugal.
 
É necessária a vênia do companheiro em caso de união estável? 
O entendimento majoritário na doutrina é no sentido de que não é necessária a vênia do companheiro em caso de união estável. Entretanto, há um julgado do STJ exigindo a vênia do companheiro (RESP 755830-SP). 
#NOVOCPC
Seção IV
Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio
Art. 731.  A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
Parágrafo único.  Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658.
Art. 732.  As disposições relativas ao processo de homologação judicial de divórcio ou de separação consensuais aplicam-se, no que couber, ao processo de homologação da extinção consensual de união estável.
Art. 733.  O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
Art. 734.  A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais, poderá ser requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros.
§ 1º Ao receber a petição inicial, o juiz

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