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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO RELATÓRIO I: Trabalhando com o bico de Bunsen Curso: Licenciatura Plena em Química. Departamento de Química (DQ). Disciplina: Química Experimental LI. Turma: LQ3 – Vespertino. Docente: Ivoneide de Carvalho Lopes Barros Colaboradores: José Felipe de Barros Marilia Gabriela Wevelin Rocha Autor: José Felipe de Barros Recife, 05 de Abril de 2019. INTRODUÇÃO O Bico de Bunsen é um dispositivo usado para efetuar aquecimentos em geral. Este queimador é muito usado em laboratório, constituído por um tubo com orifícios laterais, os quais permitem regular a entrada de oxigênio, que irá se misturar com o gás que entra através do tubo de borracha, normalmente o GLP (gás butano e propano). Dependendo do ponto da chama a temperatura varia, podendo atingir 1560ºC. Figura 1. O bico de Bunsen, mostrando os controles das entradas de gás e áreas de várias regiões da chama. O bico de Bunsen demonstra sua utilidade para diversas funcionalidades em um laboratório, entre elas: Aquecimento de soluções; Secar sais hidratados; Preparação de peças de vidro; Esterilização de determinados objetos; Fundir amostras; Aquecer sais para observar os espectros emitidos. AQUECIMENTO DE SOLUÇÕES Grandes recipientes como béqueres, erlenmeyer ou algum outro frasco de vidro, precisar ser aquecido com algum líquido, coloque-o sobre um tripé contendo uma tela de amianto, ou sobre um anel adaptado a um suporte universal, em uma altura conveniente; neste caso, não se pode esquecer de colocar uma tela de amianto sobre o anel a fim de evitar danos ao frasco sob aquecimento direto (Figura 2). Os tubos de ensaio com líquidos podem ser aquecidos diretamente na chama do bico de Bunsen. A chama deve ser média, e o tubo deve estar seco por fora, para evitar que se quebre ao ser aquecido. O tubo deve ficar virado para a parede ou numa direção em que não se encontre qualquer pessoa, pois é comum, aos operadores sem prática, deixar que repentinamente o líquido quente salte fora do tubo, o que pode ocasionar queimaduras. O tubo é segurado, próximo de sua boca, pela pinça de madeira e deve ser agitado brandamente, para evitar superaquecimento do líquido, conforme mostra a figura 3. ESPECTROS DE EMISSÃO DOS METAIS Quando um composto metálico é aquecido numa chama, arde, dando a esta uma cor particular e específica para cada substância. Isto acontece porque o calor da chama excita os elétrons dos átomos originando transições electrónicas em que há emissão de fótons com energia na faixa do visível, quando os elétrons dos átomos regressam ao estado fundamental. Metais diferentes originam cores de radiações diferentes na chama e estas cores identificam o metal. Figura 2. Sistema de aquecimento. Figura 3. Aquecimento em tubo de ensaio. OBJETIVOS Aprender a manusear o bico de Bunsen; Conhecer as fases da chama do bico de Bunsen; Aquecimento de soluções; Identificar os elementos formadores de um determinado composto, através do ensaio de coloração da chama. MATERIAIS E REAGENTES Bico de Bunsen; Tubo de Ensaio; Estante para Tubos de Ensaio; Béquer de 100 mL; Pinça de Madeira; Cabo de Kole; Fio de Mole; Fio de Cobre (P.F 1083°C); Fio de Alumínio (P.F 660°C); Fio de Ferro (P.F 1535°C); Tela de Amianto; Tripé; Termômetro; Argola; Suporte Universal; Solução de HCl 6 mol/L (ácido clorídrico); CaCO3(carbonato de Cálcio); BaCl2 (cloreto de bário); NaCO3 (carbonato de sódio); LiCl (cloreto de lítio); SrCl2 (cloreto de estrôncio); KCl (cloreto de potássio); CuSO4 (sulfato de cobre II). PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARTE A: MANUSEIO DO BICO DE BUNSEN A.1. Regiões da Chama Fechou-se o anel de regulagem de ar na parte inferior do bico de Bunsen, de modo a impedir a mistura do ar atmosférico com o gás GLP, em seguida foi aceso um palito de fósforo na parte superior do bico de Bunsen e abertas às válvulas de gás. Com o dispositivo aceso, foi feito o ajuste da entrada de ar, de modo que a chama ficou completamente azul. Anotaram-se todas as observações experimentais. A.2. Temperatura da Chama Foi feito todo procedimento correto para acender o bico de Bunsen, regulou-se a entrada de ar, até que a chama ficar totalmente azul. Com o auxílio de uma pinça de madeira, foi pego um fio de alumínio, cobre e ferro, respectivamente, onde os mesmos foram direcionados as várias regiões da chama do bico de Bunsen, por um tempo de trinta segundos cada. Anotaram-se todas as observações experimentais. A.3. Aquecimento de Solução Foi montado um sistema de aquecimento com o auxílio de um termômetro, argola e um suporte universal, sobre uma tela de amianto e tripé. Em seguida pegou-se um béquer de cem mililitros (100 mL), onde foram adicionados cinquenta mililitro (50 mL) de água da torneira. O termômetro foi ajustado de modo que ficasse submerso na água, evitando contato com o fundo do béquer. Em seguida o bico de Bunsen foi aceso com o anel de regulagem de ar totalmente fechado, evitando-se a mistura do ar atmosférico com o GLP. Anotaram-se todas as observações experimentais. O procedimento anterior foi repetido com o anel de regulagem totalmente aberto. Anotaram- se todas as observações experimentais. PARTE B: ESPECTRO DE EMISSÃO DOS METAIS B.1. Foi pego o fio de Monel, em seguida, ele foi mergulhado numa solução de ácido clorídrico (HCl) a 6 mol/L, contida no tubo de ensaio, na sequência foi queimado na chama oxidante do bico de Bunsen. Esse procedimento foi repetido diversas vezes até que o fio estivesse totalmente limpo. Anotaram-se todas as observações experimentais. B.2. Mergulhou-se o fio (que já se encontrava totalmente limpo) na solução de ácido clorídrico, contida no tubo de ensaio e, em seguida, numa porção de solução salina que estava em análise, fazendo com que a substância em analise ficasse aderida ao fio e então o fio contendo a amostra de sal foi levado à zona oxidante inferior da chama. Foram anotadas todas as observações experimentais. B.3. O procedimento de limpeza do fio foi repetido todas as vezes que eram feitas análises com sais diferentes. RESULTADOS E DISCUSSÕES PARTE A. MANUSEIO DO BICO DE BUNSEN. A.1. Regiões da Chama Ao ser aceso o bico de Bunsen, que utiliza como combustível o gás GLP, composto por dois gases extraídos do petróleo (propano e butano), foi notado inicialmente uma chama de colocação amarelo forte (chama de segurança), difusa e sem forma definida, onde se pode observar um desprendimento de fuligem. Após as observações anteriores, foi aberto o anel do bico de Bunsen para permitir a passagem de oxigênio, onde se conseguiu observar de imediato uma mudança na cor da chama, chegando a atingir uma chama de coloração azul, limpa (sem desprendimento de fuligem), o que também se pode observar foi que a área da chama ficava menor na medida em que se abria o anel de regulagem de ar do bico de Bunsen, ou seja, foi ficando mais estável, conforme observado na figura A.1. Figura A.1. Chamas do bico de Bunsen: 1- Válvula de ar fechada, 2 – Válvula de ar quase fechada, 3- Válvula de ar semiaberta, 4- Válvula de ar totalmente aberta. A chama amarela e mais difusa se dá por falta de comburente (oxigênio) suficiente para queimar o combustível (gás GLP), resultando numa reação de combustão incompleta, namedida em que foi abrindo-se o anel, entrou oxigênio suficiente para queimar o gás GLP, que resulta numa reação de combustão completa, resultando na chama de coloração azul. A.2. Temperatura da Chama Foi pego três fios metálicos (alumínio, cobre e ferro), com o auxílio de uma pinça de madeira, cada um dos metais foi expostos por um tempo de até meio minuto a várias regiões da chama azul: Cone azul claro (na base), não derreteu nenhum dos metais em análise (alumínio, cobre e ferro), o que deixou claro que essa parte da chama é a parte menos quente, já que tem uma temperatura menor do que o ponto de fusão do alumínio, ou seja, não chega a seiscentos e sessenta graus Celsius (660°C). Cone amarelo derreteu o alumínio no tempo de onze segundos (11s), deixou o cobre em brasa em vinte e oito segundos (28s) e o ferro em vinte segundos (20s). O que evidenciou que a temperatura nessa parte da chama é maior que seiscentos e sessenta graus Celsius (660°C) e menor que mil e oitenta e três graus Celsius (1083°C). Pode-se dizer que essa é a parte intermediária da chama. Cone quase invisível derreteu o cobre e deixou o ferro em brasa, o que evidenciou que essa parte da chama tem temperatura maior que mil e oitenta e três graus Celsius (1083°C), mas não atinge plenamente a temperatura de mil quinhentos e trinta e cinco graus Celsius (1535°C). Pode-se dizer que essa é a parte mais quente da chama. A coloração que o cobre obteve ao ser exposto a chama dificultou na observação, mas não prejudicou os resultados. A.3. Aquecimento de Solução Depois do sistema de aquecimento montado, foi aquecido cinquenta mililitros (50 mL) de água da torneira no béquer de cem mililitros (100 mL) sobre o tripé e tela de amianto, com o anel de entrada de ar do bico de Bunsen totalmente fechado. Pode-se observar que a água atingiu a temperatura de cinquenta graus Celsius (50°C) no tempo de cento e noventa e sete segundos (197s), verificou-se que a tela de amianto estava cheia de fuligem. O procedimento anterior foi repetido, mas desta vez com a entrada de ar totalmente aberta, possibilitando que o oxigênio misture-se com o GLP. Observou-se que a atingiu a temperatura de cinquenta graus Celsius (50°C) no tempo de cento e quarenta e seis segundos (146s), verificou-se a tela de amianto mais uma vez e foi constatado que não havia fuligem. O que evidencia que a chama azul (com a entrada de ar totalmente aberta) é ideal para trabalhar com o bico de Bunsen, pois a mesma quando comparada com a chama amarela (entrada de ar totalmente fechada) tem um alto poder energético, favorecendo no aquecimento de soluções. PARTE B. TESTE DA CHAMA. Inicialmente foi fixado o fio de Monel na extremidade do cabo de Kole, em seguida o fio de Monel foi submerso numa solução de HCl (6mol/L) que estava contida no tubo de ensaio, na sequencia o mesmo foi exposto a chama oxidante do bico de Bunsen para que fosse limpo, foi observado uma chama esverdeada todas as vezes que o fio era exposto a chama, o procedimento de limpeza foi realizado por diversas vezes, até ser notado que o fio não emitia nenhuma coloração (esverdeada) quando exposto a chama, o que ficou evidente que o fio estava devidamente limpo. Depois do fio de Monel limpo, ele foi submerso outra vez no tubo de ensaio com HCl e em seguida foi colocado em contato com o sal em analise e exposto a zona de fusão da chama do bico de Bunsen (todo procedimento de limpeza, submersão do fio de Monel no HCl para facilitar a fixação do sal, para expô-lo a chama, foi repetido todas as vezes que era analisado um novo sal) onde foi observado que cada sal em analise (analisados na ordem da tabela 1) apresentava coloração distinta, conforme a tabela apresentada abaixo: Tabela 1 – Resultados das cores obtidas no aquecimento dos sais analisados Elemento Cor Cálcio Vermelho Alaranjado Bário Laranja Esverdeada Lítio Rosa Estrôncio Vermelho Carmim Potássio Violeta Cobre Verde Sódio Amarelo Alaranjado As cores observadas em cada chama caracterizam-se pelo elemento presente em cada substância aquecida. Isso ocorre porque cada elemento é formado por átomo diferente, pois cada camada eletrônica possui um valor definido de energia, que aumenta na medida em que se distancia do núcleo. Quando o sal é aquecido, ocorre o seguinte: o elétron absorve energia e salta para um nível mais externo, de maior energia. Nesse momento o elétron realizou um salto quântico e está em um estado excitado. Porém, esse estado é instável e logo ele retorna para a sua órbita anterior, mas quando o elétron salta de um nível até outro que seja mais próximo do núcleo, ele libera energia. Essa liberação acontece na forma de luz visível. Como os átomos de cada elemento possuem órbitas com níveis de energia diferentes, a luz liberada em cada caso será diferente. CONCLUSÃO O bico de Bunsen se caracteriza como um instrumento primordial em um laboratório. Com ele torna-se possível a realização de procedimentos de extrema importância no dia-a-dia de um químico, desde o aquecimento de soluções e substâncias, até análises químicas, que ajudem a identificar elementos químicos. O objetivo do experimento foi alcançado: manusear o bico de Bunsen, conhecer as fases das chamas, aquecimento de soluções, identificação de alguns cátions, possibilitando um entendimento prático do modelo de Rutherford-Bohr. QUESTIONÁRIO 1. Quais os postulados do modelo de Bohr? Os elétrons se movimentam ao redor do núcleo em um número limitado de orbitais bem definidos, que são denominados orbitais estacionários; Movendo-se em órbita estacionária, o elétron não absorve nem emite energia; Ao saltar de uma órbita estacionária, o elétron emite ou absorve uma quantidade bem definida de energia. 2. Por que ocorre a mudança de cor da chama? Ocorre quando o/os elétron/elétrons que recebeu/receberam energia voltam para seu estado fundamental, liberando a quantidade de energia recebida em forma de fótons. 3. Usando o sódio como exemplo (emite na região do amarelo), qual o E (E = h) dos elétrons que estão sofrendo transição eletrônica? E após anotar as cores observadas, calcule a energia correspondente a cada comprimento de onda típico dos elementos analisados. E = h E= h.c/λ 1m=109nm h=6,63x10-34J.s = C/λ C=3x108m/s λ = comprimento de onda (nm) C = velocidade da luz (m/s) h= constante de Planck (J.s) = frequência (Hz) Energia Correspondente a cada comprimento de onda Elementos λ (m) E (J) Cálcio 5,544x107 6,203x107 3,587x10-19 3,206 x10-19 Bário 5,137x107 5,347x107 5,519x107 5,778x107 3,872x10-19 3,719x10-19 3,604x10-19 3,442x10-19 Lítio 6,103x107 6,708x107 3,259x10-19 2,965x10-19 Estrôncio 6,60x107 6,628x107 6,747x107 6,87x107 3,014x10-19 3x10-19 2,948x10-19 2,895x10-19 Potássio 4,044x107 7,669x107 4,918x10-19 2,593x10-19 Cobre 5,105x107 5,218x107 3,896x10-19 3,812x10-19 Sódio 5,89x10 7 3,377x10-19 4. Estime a cor luminosa correspondente onde cada elemento emitirá radiação, baseado nos comprimentos de onda fornecidos. Para isso, utilize um espectro eletromagnético que relacione comprimento de onda com coloração. Sódi o Potássio Cálcio Estrôncio Bário Cobre Lítio 5. Verifique se suas observações podem ser sustentadas pelo que éescrito na literatura. Sim, os resultados obtidos no experimento coincidem com as teorias descritas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATKINS, P. Princípios de Química, 3ºEd. Porto Alegro: Bookman,2006. Usberco e Salvador, QUÍMICA, VOLUME ÚNICO, 5º Ed. Reformulada, Editora SARAIVA, 2004 Radiação - A cor dos Metais Aquecidos, 2019 [Internet] Disponível em: <http://fisicaradiacao.blogspot.com/2010/06/cor-dos-metais-aquecidos.html >. Acesso em: 11 abril 2019.