Buscar

Contestação em Ação de Cobrança de Serviços Hoteleiros

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE __.
Processo nº ...
OZZY, representante comercial autônomo, estado civil, portador da cédula de identidade RG n. __e inscrito no CPF sob o n. __, residente em rua, número, bairro, CEP, na comarca de__, com endereço eletrônico e EMPRESA (nome), com sede em (Rua, número, bairro, CEP), inscrita no CNPJ sob o n. __, com endereço eletrônico , vem à presença de V. Exa., por seu advogado (procuração anexa), cujo escritório se localiza em (endereço), com fundamento na lei, apresentar a presente 
CONTESTAÇÃO
Em face da ação proposta por HOTEL , já qualificado, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1-0. DOS FATOS
Busca o autor o Poder Judiciário pleiteando o recebimento dos valores referentes à utilização dos serviços hoteleiros por parte do corréu OZZY. O requerente afirma na exordial que OZZY hospedou-se no HOTEL por nove oportunidades entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, e que não teria pagado a conta.
A demanda foi ajuizada em março de 2019 também em face da EMPRESA, pedindo o autor a condenação dos réus ao pagamento de R$ 2.250 (dois mil duzentos e cinquenta reais) referentes às diárias e multa de 10% (dez por cento).
É a breve síntese do fatos.
2.0 - PRELIMINARMENTE
2.1 -DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA
É patente a ilegitimidade passiva ad causam da empresa para figurar no polo passivo da presente demanda. A melhor definição para legitimidade é a coincidência entre as partes que figuram na relação processual e aquelas que figuram na relação material; no caso, é explícita a ausência de correspondência entre as partes deste processo e as partes contratantes.
Ademais, percebe que quem se valeu dos serviços hoteleiros foi OZZY e não a empresa. Portanto, há relação jurídica material (prestação de serviços hoteleiros) somente entre o corréu Tício e o hotel.
Além disso, é de se apontar que, como consta da exordial, OZZY é representante comercial autônomo, não havendo qualquer liame entre este e a empresa.
Destarte, é indubitável que a empresa (parte na relação processual) não é parte da relação jurídica material existente, razão pela qual deve ser reconhecida sua ilegitimidade passiva – com a consequente extinção do processo sem resolução de mérito, em virtude da carência de ação (CPC/2015, arts. 485, VI, e 337, XI).
Considerando que já existe litisconsórcio passivo com OZZY, e que este seria a parte legítima correta, não se faz necessária a indicação da correta parte a figurar no polo passivo (CPC/2015, art. 339).
2.2- DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO: FALTA DE PROCURAÇÃO
A petição inicial não veio instruída com a procuração outorgando poderes ao patrono do HOTEL. Nos termos dos artigos 104 e 287 do CPC/2015, é fundamental que o advogado, ao postular em juízo, apresente instrumento de mandato.
Assim, percebe-se defeito de representação (CPC/2015, art. 337, IX), devendo o autor corrigir tal vício, em 15 dias, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito (CPC/2015, arts. 76 e 321).
3.0- DO MÉRITO
Superadas as preliminares, o que se admite apenas para argumentar, tampouco no mérito prosperará a demanda proposta pelo autor. Outrossim, é de apontar também que, no caso, há questão prejudicial a ser analisada (prescrição).
3.1- DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DO AUTOR
O crédito referente às estadias já se encontra irremediavelmente prescrito. Discute-se nestes autos a cobrança da hospedagem por parte dos hospedeiros, matéria especificamente tratada no Código Civil (CC, art. 206, § 1.º, I).
Afirma-se na inicial que o corréu teria se valido dos serviços de hospedagem nos meses de dezembro de 2014 e janeiro e fevereiro de 2015.
Nos termos do dispositivo já mencionado da legislação civil, o prazo prescricional em hipóteses como a presente é de 1 (um) ano, sendo certo que a prescrição do último mês se efetivaria em fevereiro de 2016, data anterior à distribuição da petição inicial que deu origem a este processo.
Destarte, como se vê, o pedido encontra óbice na prescrição. Assim, nos termos do art. 487, II, do CPC/2015, deve haver a extinção do processo com resolução do mérito em virtude da prescrição apontada.
3.2- DO DESCABIMENTO DA MULTA, VISTO QUE NÃO PREVISTA PELAS PARTES CONTRATANTES
Acaso afastada a prescrição, o que se admite apenas ad argumentandum tantum, impõe-se o afastamento da multa pleiteada pelo autor.
É certo que houve, entre autor e o corréu OZZY, um contrato verbal de prestação de serviços hoteleiros. Contudo, não houve a formalização de qualquer instrumento contratual com a previsão de multa, nem tampouco houve qualquer informação a OZZY sobre tal existência.
Como bem destaca o art. 409 do Código Civil, a cláusula penal deve ser estipulada conjuntamente com a obrigação ou em ato posterior; tal situação não se configurou na situação sob análise porque não foi estipulada consensualmente tal obrigação acessória. Portanto, ante a inexistência de qualquer acerto prévio entre as partes, impossível alegar a incidência de multa sob pena de ensejar considerável insegurança jurídica e violação ao princípio da legalidade (CF, art. 5.º, II) e da boa-fé objetiva (CC, art. 422).
Assim, conclui-se que a multa pleiteada deve ser afastada. 
4.0- DOS PEDIDOS
Neste momento, deve o advogado sintetizar o que expôs na peça, apontando a consequência específica para cada uma das alegações apontadas na contestação.
Ante o exposto, requeremos réus a V. Exa.:
a) preliminarmente, seja reconhecida a ilegitimidade passiva da corré Empresa, com a extinção do feito em relação a ela, sem resolução de mérito com base no artigo 485, VI, do CPC/2015;
b) preliminarmente, que o autor traga aos autos procuração outorgando poderes a seu patrono, sob pena de indeferimento da petição inicial;
c) se afastadas as preliminares, no mérito, o reconhecimento da existência de prescrição, em relação a todo o valor cobrado pelo autor;
d) subsidiariamente, na remota hipótese de procedência do pedido principal, seja afastada a multa pleiteada;
e) a condenação do autor no ônus da sucumbência, em 10% do valor da causa, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º, do CPC/2015;
f) provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei, especialmente pelos documentos ora juntados aos autos – e, caso Exa. entenda necessária a realização de audiência, requerem os réus o depoimento pessoal do representante legal do autor.
Termos em que
pede deferimento.

Continue navegando