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FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I Antonio Fernando Zanatta José Tadeu de Almeida © Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Andrea Aguiar Rita CRB) Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina Antonio Fernando Zanatta, José Tadeu de Almeida Validação da Disciplina Marcio Mori Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Noções de economia ...............................................................................................................7 02 Fatores de produção ..............................................................................................................14 03 Aplicações da Curva de Possibilidades de Produção .....................................................21 04 Modelos ....................................................................................................................................28 05 A organização econômica através das estruturas de mercado ...................................35 06 Moeda .......................................................................................................................................43 07 A demanda fundamentada no comportamento dos consumidores ...........................50 08 Teoria elementar da demanda e o processo de escolha do consumidor ...................57 09 A demanda e sua relação com os preços dos bens e serviços ....................................63 10 O conceito de elasticidade e externalidades .....................................................................70 11 A função de produção ...........................................................................................................77 12 A noção de rendimentos de escala .....................................................................................84 13 O processo produtivo no curto prazo .................................................................................90 14 Determinando o nível de produção .....................................................................................97 15 A teoria dos custos de produção...................................................................................... 104 16 Curva de oferta da indústria .............................................................................................. 111 17 O mercado em concorrência perfeita .............................................................................. 118 18 Os excedentes econômicos .............................................................................................. 125 19 O processo de discriminação de preços ......................................................................... 131 20 A propaganda e sua relação com lucro e custo ............................................................ 138 Noções de economia Antonio Fernando Zanatta e José Tadeu de Almeida Introdução Hoje é comum nos depararmos com questões que são debatidas nos meios de comunica- ção, como inflação, desemprego e crise econômica. Mas, você saberia dizer o que está por trás de cada uma destas situações? Nesta aula, vamos estudar os elementos que podem nos ajudar a compreender alguns pontos sobre a economia. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender o problema fundamental da economia; • compreender as diversas classificações de bens e serviços. 1 Problema fundamental econômico Questões como inflação, desemprego, crise, entre outras, são manifestações do funciona- mento da economia que estamos inseridos. Mas há mais elementos que devemos enfatizar no seu estudo. Você poderia citar algum deles? O ponto de partida, convencionalmente chamado de problema econômico fundamental, é a escassez. Compreender este problema significa, necessariamente, entender o conceito de econo- mia. De acordo com Garcia e Vasconcelos (2014, p. 2, grifo nosso), economia: (...) é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a dis- tribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessi- dades humanas.” Este conceito destaca dois aspectos relevantes que estão relacionados com o problema da escassez. O primeiro trata da limitação dos recursos, pois tudo o que produzimos utiliza como base recursos limitados, como o petróleo. O segundo aspecto da escassez diz respeito aos recursos requeridos pela sociedade para atenderem às necessidades humanas, que por natureza tendem a ser ilimitadas. – 7 – TEMA 1 Figura 1 – Decisão econômica versus escassez dos recursos Fonte: Scanrail1/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! O problema econômico fundamental é a escassez dos recursos presentes na eco- nomia, que está ligada a dois aspectos: à limitação dos recursos e ao fato destes recursos serem demandados pela sociedade, sendo utilizados para atender nossas necessidades materiais. Desta forma, para tratar da escassez, a sociedade criou os sistemas econômicos. De acordo com Garcia e Vasconcelos (2014, p. 2), “um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade”. Assim, podemos concluir que é a partir do sistema econômico que a sociedade define as formas de produção, dis- tribuição e consumo dos bens e serviços. Na história econômica observam-se dois tipos básicos de sistemas econômicos em que a maior parte das economias modernas se insere. Observe a seguir. • Economia de mercado: onde as decisões econômicas são tomadas de forma descen- tralizada, por meio das interações dos agentes econômicos no mercado; • Economia planificada: as decisões econômicas são tomadas de forma centralizada, por meio do planejamento estatal. EXEMPLO No artigo 170 da Constituição Brasileira podemos observar os princípios que nor- teiam a organização do sistema econômico brasileiro, como: direito à propriedade privada, função social da terra, economia de mercado, defesa do consumidor e bus- ca pelo emprego. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 8 – É importante destacar que, para resolver o problema econômico da escassez, a sociedade, por meio do sistema econômico, deve responder três questões relevantes (GARCIA; VASCONCE- LOS, 2014). • O que e quanto produzir? Considerando as possibilidades de produção, a sociedade escolhe quais produtos devem ser gerados, e suas quantidades, para atender às suas necessidades. • Como produzir? Remete à escolha dos recursos que serão utilizados para a geração dos produtos e de que forma isto será feito. • Para quem produzir? Trata-se de decidir como os produtos serão distribuídos dentro da sociedade. SAIBA MAIS! A economia de mercado é o sistema que possui maior liberdade para desenvol- ver negócios privados. Segundo o “Ranking The Heritage Foundation”, Hong Kong possui um índice de liberdade de 88,6%, sendo a economia mais livre em 2016. Já os Estados Unidos têm um índice de 75,4%, e o Brasil, 56,5%. O país com menor liberdade listado no ranking é a Coréia do Norte, com 2,3%. Este país é o exemplo mais extremo de economia planificada. Outras informações sobre a interferênciada ação governamental sobre os negócios privados podem ser acessadas no link: <http://www.heritage.org/index>. Figura 2 – Mercado público em Montreal, Canadá Fonte: meunierd/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 9 – Agora que já conhecemos os conceitos de escassez e economia, além dos sistemas eco- nômicos que atuam para atender as necessidades das populações, vamos detalhar no próximo tópico os bens e serviços gerados por estes sistemas. 2 Bens e serviços Você sabe diferenciar bem e serviço? E ainda, tem ideia de quantos tipos de bens existem? Convencionalmente, chamamos de bens todos os produtos que são artefatos materiais (tangí- veis), e de serviços, as ações ou soluções (intangíveis) que atendem às necessidades humanas. Uma característica que distingue o serviço é ser gerado ao mesmo tempo em que é consumido. Da mesma forma, os bens podem ser armazenados para consumo posterior. Nesta aula, vamos focar nossos estudos nos bens. Cabe dizer, ainda, que em economia não há, a rigor, uma distinção, um juízo de valor sobre a natureza de cada produto, por isso todos são tratados como bens, sendo eles benéficos ou não à sociedade (o lixo nuclear, por exemplo, embora seja indesejável, não deixa de ser um bem). EXEMPLO Quando você vai ao barbeiro e/ou cabeleireiro você demanda o serviço de corte de cabelo e a sua necessidade de ter o cabelo cortado e arrumado é atendida ao mes- mo tempo que o serviço é gerado. A simultaneidade entre produção e uso é caracte- rística dos serviços. Já uma geladeira (bem tangível) atende as suas necessidades durante um período muito longo, que difere de quando ela foi gerada. Para Sandroni (2016, p.149) um bem é “tudo aquilo que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade ou suprir uma carência”. O autor ainda especifica que bens econômicos são “aqueles relativamente escassos ou que demandam trabalho humano” (SANDRONI, 2016, p.149). Por exclusão, os bens livres podem ser definidos como aqueles que não são escassos e não requerem trabalho humano para obtenção. Um exemplo clássico de bens livres é o ar que respi- ramos. O ar atende a uma necessidade vital dos humanos, porém está disponível e não requer trabalho para a sua obtenção. Basta respirarmos. Porém, um bem pode ser livre em um lugar e econômico em outros. Veja o caso de Pequim, uma das cidades com a maior poluição atmosférica do mundo; ar puro é um recurso extrema- mente escasso naquele local. Da mesma forma, recursos, hoje, aparentemente livres, como a água, com o tempo se tornam econômicos. Observe, por exemplo, que o Mar de Aral, o grande lago da Ásia Central, perdeu mais de 90% de sua área. FIQUE ATENTO! Podemos dizer que o conceito de bem engloba tudo aquilo que tem utilidade e ser- ve para atender uma necessidade humana. Os bens se dividem em duas grandes categorias: bem livre e bem econômico. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 10 – Uma das formas de classificarmos os bens econômicos é pela rivalidade ou pela exclusivi- dade no ato do seu consumo. Este tipo de classificação apresenta duas categorias. Confira a seguir. • Bens privados O consumo de uma pessoa reduz a possibilidade de consumo deste bem por outra pessoa ao mesmo tempo, por exemplo, o seu almoço de hoje. • Bens públicos São bens pagos pelo Estado, logo entram na contabilidade nacional como gastos, como por exemplo, a segurança nacional oferecida pelas Forças Armadas, que protege todos os cidadãos ao mesmo tempo. Vale dizer que estes bens devem ser fornecidos pelo Estado, pois a iniciativa privada não tem condições, interesse ou mesmo não pos- sui porte para ofertá-los. SAIBA MAIS! Os bens públicos, por sua natureza, fazem com que seu consumo por uma pessoa (ao menos em teoria) não reduza a possibilidade de outra pessoa consumir o mesmo bem ou usufruir dos benefícios da disponibilidade desse bem, como no caso do Sistema Único de Saúde (SUS), se rviço de saúde do governo estendido a todos os cidadãos. Há também outra forma de classificarmos os tipos de bens, em função da sua destinação. Sendo assim, os bens também podem ser classificados em: • bens de capital ou bens de produção: são adquiridos pelas empresas na forma de investimento, e se destinam a produção de outros bens, por exemplo: máquinas e equipamentos. Figura 3 – Exemplos de bens de capital Fonte: Franck Boston/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 11 – • bens intermediários: são bens utilizados pelas empresas como investimento para fabricação de outros bens, por exemplo: a chapa de aço que fabrica o automóvel. • bens de consumo: são destinados para o uso final das pessoas (denominados assim como consumo), e ainda se desdobram em bens de consumo imediato, bens não duráveis (que se destinam ao consumo de curtíssimo e curto prazo, como alimentos e vestuário) e bens duráveis (consumíveis a prazos maiores, como automóveis e eletrônicos). Figura 4 – Esquema de classificação dos bens Livres Econômicos Bens Privados Tangíveis Intangíveis Bens Públicos Bens de Capital Bens intermediários Bens de Cunsumo Bens Bens de Capital Bens intermediários Bens de Cunsumo Tangíveis Intangíveis Fonte: elaborada pelo autor, 2016. FIQUE ATENTO! Os bens econômicos podem ser classificados pelos seguintes aspectos: pelas suas ex- clusividades no ato dos seus consumos, são os bens privados e os bens públicos; pelas suas materialidades: material (tangível = produto) e imaterial (intangível = serviços); e pelas suas destinações: são os bens de capital, bens intermediários e bens de consumo. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender que o problema fundamental da economia está relacionado com a escassez dos recursos econômicos; • compreender que a organização do sistema econômico é a forma como a sociedade resolve o problema da escassez; • conhecer os dois tipos de sistemas econômicos contemporâneos: economia de mer- cado (descentralizada) e economia planificada (centralizada); • entender que os bens econômicos são classificados pelas suas materialidades, desti- nações e rivalidades e ou exclusividades no ato dos seus consumos. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 12 – Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 170. Brasília. Disponível em: <https://goo.gl/zaRrL>. Acesso em: 21 nov. 2016. GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo- mia. São Paulo: Saraiva, 2014. ILHA DAS FLORES. Direção: Jorge Furtado. Elenco: Ciça Rodrigues. Narração: Paulo José, 1989. RAISER, Martin. Erradicar a pobreza e diminuir desigualdades são fundamentais para o desenvolvi- mento. The World Bank. Washington (EUA), 2016. Disponível em: <https://goo.gl/UJzQEE>. Acesso em: 8 dez. 2016. SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 1. ed. Record: Rio de Janeiro. 2016. THE HERITAGE FOUNDATION. 2016 Index of Economic Freedom. 2016. Disponível em: <http:// www.heritage.org/index/>. Acesso em: 5 dez. 2016. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 13 – Fatores de produção Antonio Fernando Zanatta Introdução Você saberia dizer como podemos entender os fenômenos econômicos que se manifestam em nosso dia a dia? Nesta aula você compreenderá a importância dos fatores de produção, pre- sentes na economia, entenderá ainda como eles se organizam e como são remunerados em fun- ção da sua escassez. Pronto para começar? Bons estudos. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar os recursos produtivos e suas remunerações. 1 Os fatores de produção do sistema econômico O sistema econômico é a forma como a sociedade se organiza para resolver o problema fundamental da economia: a escassez dos recursos no processo de geração dos bens e serviços.Mas, você saberia dizer o que sustenta este processo? Nesta aula, estudaremos os fatores de produção, os recursos originais e responsáveis por compor a base deste sistema. FIQUE ATENTO! O conceito de escassez é importante para entendermos como os recursos são va- lorados no sistema econômico, pois eles não dependem apenas da disponibilidade, mas também das demandas de suas utilizações. De acordo com Garcia e Vasconcellos (2014), os fatores de produção são estoques de fato- res produtivos, tais como: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), capital, terra, reservas naturais e tecnologia. Podemos também definir os fatores de produção como os meios pelos quais a sociedade econômica obtém produtos e serviços para atender suas necessidades materiais. Outro aspecto que devemos considerar é que a tecnologia é o conhecimento contido nas capacidades laborais dos trabalhadores e empresários e no capital utilizado pelas empresas. Portanto, os fatores de produção estão distribuídos em quatro categorias, presentes em todos os processos de geração de bens e serviços com destinação ao consumo final. A seguir, vamos conhecer cada uma destas categorias. Vale a pena prosseguir. – 14 – TEMA 2 • Trabalho Refere-se a capacidade laboral dos agentes econômicos, chamados de trabalhadores, e está relacionado com a força humana, a habilidade e os conhecimentos técnicos necessários e aplicados nos processos produtivos. Chamamos a remuneração do tra- balho de salário, sendo esta uma das principais formas de renda gerada na economia. Figura 1 – O fator de produção trabalho Fonte: Sebcz/Dreamstime.com • Capital São os recursos disponibilizados pelos agentes capitalistas, como acionistas ou sócios- -cotistas, que investem nas empresas. Em geral, estes recursos são materializados na forma de infraestrutura física, como os prédios, além de máquinas, equipamentos, recursos financeiros e softwares aplicados nos processos produtivos. A remuneração do capital é chamada de juros. Figura 2 – O fator de produção capital Fonte: Zhu_zhu/Dreamstime.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 15 – • Terra (Recursos naturais) São obtidos por meio das ações de extração na natureza ou da utilização do ambiente natural. A remuneração dos recursos naturais é chamada de aluguel ou royalties. Figura 3 – O fator de produção recurso natural Fonte: SvedOliver/ Shutterstock.com EXEMPLO Um exemplo de extração de recursos naturais é a obtenção dos minérios metálicos e não metálicos, como o petróleo, que ocorrem nas minas. Já a utilização do am- biente natural acontece por meio da capacidade germinativa que certos ecossiste- mas possuem e que, aplicada a determinadas culturas agrícolas, consegue gerar a alimentação humana e animal ou ainda para serem direcionados para insumos de outros processos produtivos. • Capacidade empresarial É um tipo de recurso muito semelhante ao trabalho, pois é algo que está contido nas pessoas que o desenvolvem. Trata-se da capacidade laboral do agente econômico cha- mado de empresário ou empreendedor. Este tipo de recurso está associado à força humana, com a habilidade e os conhecimentos técnicos necessários para organizar os processos produtivos internos à organização ou entre organizações (cadeias pro- dutivas) e seus mercados. A remuneração da capacidade empresarial pode ser do tipo pró-labore, com destinação aos empreendedores que atuam na gestão dos próprios negócios, ou remuneração executiva, no caso de executivos de grandes empresas e multinacionais. E o nome dado a ela é lucro. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 16 – Figura 4 – O fator de produção capacidade empresarial Fonte: Kiselev Andrey Valerevich/Shutterstock.com SAIBA MAIS! Em geral, nas pequenas empresas o detentor da capacidade empresarial (empre- endedor) é o proprietário do capital (capitalista). Entretanto, nas grandes corpora- ções é mais comum encontramos empreendedores exercendo a função executiva, gerindo os negócios e os processos produtivos, sem serem, necessariamente, os proprietários do capital que as constituiu. É importante observar que nem sempre o empreendedor é um empresário. FIQUE ATENTO! São as inter-relações existentes entre os fatores produtivos que geram os bens e serviços destinados a atender as necessidades materiais da sociedade econômi- ca. Os detentores dos fatores produtivos cooperam no esforço social de produção, transformando insumos básicos em bens e serviços demandados dentro do siste- ma econômico. 2 As remunerações dos fatores de produção Agora que já conhecemos cada uma das quatro categorias dos fatores de produção, vamos detalhar, neste tópico, as remunerações destinadas aos detentores destes fatores e como isso determina a forma de inserção destes no sistema econômico. Como você já sabe, o fator de produção trabalho tem o salário como forma de remuneração pela sua contribuição ao sistema econômico. Na realidade econômica encontramos uma infini- FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 17 – dade de níveis salariais, sendo os níveis mais elevados destinados aos trabalhadores com carac- terísticas (qualificações) mais escassas na economia. Já os níveis mais baixos de remuneração estão voltados para os detentores do recurso trabalho, cujas qualificações são encontradas com maior disponibilidade. SAIBA MAIS! Apesar da crise econômica que o Brasil enfrenta, o grupo dos trabalhadores mais qualificados conseguiram elevar suas rendas em 2,4% entre 2015 e 2016. Isso de- mostra a importância do impacto da qualificação na renda do trabalhador. Con- fira outras informações no texto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) “Trabalhadores com melhores salários aumentaram a renda”, disponível em <https://goo.gl/narRmp>. Seguindo a mesma lógica, agora aplicada para o fator de produção capital, cuja remuneração é o juro, podemos verificar que este recurso é, relativamente, mais escasso quando comparado ao fator trabalho. Note que a medida em que o desenvolvimento tecnológico avança, a relação capital/trabalho aumenta e requer maior quantidade de capital por unidade de trabalho. Esta nova demanda por capital a cada momento o torna mais escasso, elevando assim a sua remunera- ção. É importante observar que o aumento do capital está relacionado com a elevação da sua qualidade (modernização), exigindo, portanto, qualificação dos trabalhadores para poder utilizá-lo. Outro aspecto que remunera o capital é o nível de risco a que está submetido. Para empre- endimentos mais arriscados os detentores de capital irão exigir maiores ganhos para compensar eventuais perdas em caso de insucesso dos negócios. Mas, perceba que o mesmo não ocorre na mesma intensidade com o fator de produção trabalho, cuja rede de proteção legal (leis trabalhis- tas) minimiza os riscos. A terra ou recursos naturais, cujas remunerações são os aluguéis ou royalties, é diferente em cada país, pois existem diversas formas de tratar os direitos de propriedade a partir dos apa- ratos legais nacionais. Observe que os recursos naturais são finitos e a remuneração deste fator produtivo tende a se elevar na medida em que a sua exploração aumenta. Entretanto, o efeito da substituição desses recursos por outros, em função do desenvolvimento tecnológico pode, por exemplo, diminuir essas remunerações. É o caso do petróleo, se considerarmos a tendência das energias renováveis. A capacidade empresarial, assim como o fator de produção trabalho, tem sua inserção no sistema econômico de forma mais escassa, pois seu desenvolvimento exige uma qualificação mais elevada e, principalmente, requer um atributo difícil de encontrarmos: a atitude empreen- dedora de assumir riscos pessoais e econômicos e organizar e gerenciar uma empresa e seus negócios. Sua remuneração é o lucro. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 18– EXEMPLO Pare e pense um pouco sobre o computador que você está utilizando para acessar esta disciplina. Este equipamento contém um conjunto de componentes formados por materiais plásticos e ligas metálicas que, originalmente, foram extraídos de mi- nas e poços de petróleos (recursos naturais). Entretanto, os materiais não consegui- riam se transformar em computadores sem a participação dos trabalhadores e suas capacidades laborais (trabalho) que, aplicados às máquinas (capital), produziram os diversos componentes que formam seu computador. Perceba que nenhum dos fatores de produção poderia ter gerado sozinho este computador e para organizá-los foi necessária a capacidade empresarial, responsável por disciplinar os processos, sequenciar as cadeias produtivas e viabilizar os mercados. Todos esses recursos receberem rendas (aluguéis, salários e lucros) em função das suas participações no esforço produtivo, e foram estas rendas que possibilitam aos proprietários participa- rem do sistema econômico como consumidores e poupadores de recursos. FIQUE ATENTO! Os fatores de produção são os recursos base utilizados no esforço de geração dos bens e serviços de qualquer sistema econômico. Os detentores dos fatores de pro- dução são remunerados no sistema econômico pelo grau da escassez dos recur- sos que possuem. Quanto mais escasso for o recurso melhor será a remuneração gerada, proporcionando ao detentor deste recurso maior poder de compra dos bens e serviços disponibilizados na economia. Desta forma, podemos concluir que a interação entre os fatores de produção é responsável por gerar os bens e serviços que atendem às necessidades materiais do ser humano. É importante des- tacar ainda que a geração destes produtos só é possível por meio da participação de cada um dos fatores produtivos, e é a forma como esta participação ocorre que determina o quanto os detentores destes fatores participam dos resultados gerados nesta produção dentro do sistema econômico. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • aprender que os fatores de produção são os meios utilizados para obtermos produtos e serviços gerados em um sistema econômico; • identificar as categorias dos fatores produtivos: trabalho, capital, terra e capacidade empresarial; • perceber que cada categoria dos fatores produtivos possui uma forma de obter renda pelo uso destes recursos dentro do sistema econômico; • compreender que a remuneração de cada fator de produção ocorre em função do grau de escassez presente no sistema econômico. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 19 – Referências GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo- mia. São Paulo: Saraiva, 2014. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Trabalhadores com melhores salários aumentaram a renda. Disponível em: <https://goo.gl/narRmp>. Acesso em: 21 nov 2016. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 20 – Aplicações da Curva de Possibilidades de Produção Antonio Fernando Zanatta e José Tadeu de Almeida Introdução Diariamente estamos em contato com informações a respeito da situação econômica do país. Em geral, um dos principais debates diz respeito à capacidade de gerar empregos e renda para a população. Nesta aula, a partir do referencial de estudo da microeconomia, vamos estudar as escolhas dos agentes econômicos (em especial, as empresas) no processo de produção, e as situações de uso de mão de obra nas firmas, responsáveis pelos níveis de produção. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender as regiões da Curva de Possibilidades de Produção; • analisar as trajetórias econômicas entre pleno emprego e capacidade ociosa; • compreender a relação entre investimento e crescimento de capacidade produtiva. 1 Pleno emprego Considerando que a escassez dos recursos produtivos é um fator limitador à geração de bens e serviços que atendem as necessidades humanas, você saberia dizer quais ferramentas podemos utilizar para compreender esta situação, no âmbito das firmas e indivíduos, na microeconomia e no estudo das relações de produção? Uma das maneiras de entendermos este limite é por meio da aná- lise da Curva de Possibilidade de Produção (CPP), também chamada de Curva de Transformação. De acordo com a Teoria Microeconômica, a geração de novos bens e serviços ocorre por meio da transformação de recursos em atividade produtiva. Entre estes recursos, chamados de fatores de produção ou insumos, podemos citar matérias-primas e recursos naturais, mão-de-o- bra e trabalho, maquinários especializados, tecnologia, entre outros. É importante destacar que a possibilidade de produção, analisada pela CPP, leva em consideração a existência destes recursos. De acordo com Garcia e Vasconcellos (2014, p. 4, grifo nosso), “a curva de possibilidade de produção é um conceito teórico com o qual se ilustra como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá que fazer escolhas entre alternativas de produção”. Neste sentido, observe a figura a seguir correspondente a uma Curva de Possibilidades de Produção. – 21 – TEMA 3 Figura 1 – Curva de Possibilidade de Produção (CPP) de automóveis e tratores 2 4 0 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Tratores B Automóveis A Fonte: elaborada pelo autor, 2016. EXEMPLO A partir da CPP da Figura 1 perceba que no ponto A uma firma produz vinte automóveis e nenhum trator. Mas, quando a procura por tratores aumenta, a nova relação repre- sentada pelo ponto B passa a ser de vinte unidades de tratores e nenhum automóvel. Podemos afirmar que o agente econômico opera na Curva de Possibilidades de Produção, utilizando todos os recursos produtivos que tem à disposição, para produzir quantidades deter- minadas dos dois produtos ao longo da curva. Isso significa que há pleno emprego dos fatores produtivos, sendo possível aumentar a produção de um produto somente se houver redução da produção de outro produto. Vale ainda destacar que o fato deste agente estar produzindo a pleno emprego de seus fato- res indica que a empresa está usando os fatores de produção no limite máximo, garantindo o maior volume possível de bens finais produzidos. Por isso, grave bem: todos os pontos que estão sobre a Curva de Possibilidades de Produção garantem o pleno emprego dos fatores de produção. Mas, como é possível ampliar a capacidade produtiva de um agente e que efeito isso traz à CPP? A Curva de Possibilidades de Produção define o limite superior no qual um agente econômico pode se posicionar considerando o esforço produtivo. Entretanto, esse processo é dinâmico e, ao longo do tempo, podemos verificar que as capacidades produtivas dos agentes tendem a ser ampliadas. Tal processo é chamado de investimento, e sua finalidade é ampliar a produção e a oferta de bens e serviços nos mercados. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 22 – EXEMPLO O investimento em novas máquinas de destilação de aguardente pretende elevar a produção deste bem. Caso seja registrado um aumento da demanda, e os indiví- duos estejam demandando mais aguardente, uma firma poderá investir em novos bens destinados à produção e assim garantir o aumento do produto. Os efeitos dos investimentos na CPP provocam o deslocamento para a direita, indicando que mais produtos estarão nos mercados em decorrência da maior utilização dos novos fatores de produção disponíveis. Observe na figura a seguir o efeito deste investimento. Figura 2 – Efeito do investimento na CPP 2 4 0 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Tratores IB Automóveis G A 22 24 22 24 Fonte: elaborada do autor, 2016. Note que, inicialmente, a economia estava com seulimite superior na CPP que passava pelos pontos A e B. Mas, com os sucessivos investimentos, mais fatores de produção puderam ser alo- cados, o que provocou o deslocamento da CPP para um novo nível, que passa pelos pontos G e I. Nesta nova curva mais automóveis e tratores são disponibilizados aos mercados. Além disso, o ponto A, por exemplo, que antes era um ponto de pleno emprego dos fatores de produção, agora torna-se um ponto de capacidade ociosa, como observaremos no próximo tópico. Por sua vez, os pontos G e I tornam-se de pleno emprego. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 23 – SAIBA MAIS! A decisão de investir é sempre tomada pelos detentores do capital, que disponibilizam mais infraestrutura, máquinas e equipamentos no sistema econômico. Para que o investimento produtivo ocorra é necessário um conjunto de condições favoráveis, que possam indicar a viabilidade do retorno desse investimento, como: estabilidade dos preços no mercado, baixo nível de ociosidade na capacidade produtiva e demanda crescente nos diversos mercados de bens e serviços. Cabe afirmar, ainda, que como a ampliação da produção ocorre por meio do aumento do investimento, seja na forma de maquinários ou na ampliação de área de construções, por exemplo, está sujeito a uma certa depreciação. Note que, aos poucos, este investimento perde a capacidade de produzir como em períodos anteriores. A ampliação da CPP à direita, portanto, pode fazê-la deslocar-se à esquerda novamente, se a depreciação dos bens de capital for superior aos investi- mentos realizados pelas empresas. FIQUE ATENTO! A Curva de Possibilidades de Produção pode ser aplicada em qualquer tipo de bem e não, necessariamente, àqueles que possuem um certo grau de uso comum dos fatores de produção, como mão de obra especializada em automóveis e tratores, por exemplo. A curva pode conter a fabricação de soja e computadores, cujos requi- sitos de materiais são diferentes, desde que haja uso dos fatores de produção para a elaboração de tais bens. Por fim, é importante perceber que o crescimento é o objetivo de qualquer agente, e para que ele ocorra é necessário investimento produtivo, que permita ampliar a capacidade produtiva deslo- cando, portanto, a Curva de Possibilidades de Produção para longe da sua origem. 2 Capacidade ociosa Observando um agente econômico que produz somente dois produtos (automóveis e trato- res), pudemos notar a Curva de Possibilidades de Produção na figura “Curva de Possibilidade de Produção (CPP) de automóveis e tratores”. Posteriormente, na figura “Efeito do investimento na CPP” conferimos algumas aplicações alternativas de produção. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 24 – Figura 3 – Situações de uso de fatores considerando a CPP 2 4 0 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Tratores B Automóveis A C H G F Fonte: elaborada pelo autor, 2016. Perceba que no ponto G, situado abaixo e à esquerda da CPP, a produção observada está inferior ao limite de produção deste agente (desta empresa, por exemplo). Nesta situação, os fatores de produção não estão sendo utilizados plenamente; a produção deste agente não está em sua capacidade máxima. Deste modo, podemos afirmar que há uma capacidade ociosa deste agente, ou seja, existe uma capacidade de produzir e colocar produtos no mercado que não é atendida. Portanto, é possí- vel ampliar a produção de um dos produtos sem reduzir o outro, além de aumentar a produção de ambos até o limite definido pela curva de possibilidade de produção. FIQUE ATENTO! A capacidade ociosa de uma firma pode ocorrer de forma cíclica, em função do perfil dos produtos que ela fabrica e das condições do mercado que ela opera. Por exemplo, pequenas indústrias de sorvete podem operar em pleno emprego durante o verão no Brasil e ter capacidade ociosa no inverno, descartando-se a possibilida- de destas empresas exportarem seu produto, por exemplo. O grau de capacidade ociosa, como resposta a variações no uso dos fatores de produção e das condições de mercado, varia em função do tipo de produto que os agentes operam e produ- zem. Observe este exemplo: hotéis e pousadas de praia em período de baixa temporada podem chegar próximo do nível zero do uso de seus fatores de produção, principalmente mão de obra. Por outro lado, a demanda por cerveja pode registar uma redução no inverno, mas em níveis inferiores, ao menos potencialmente para a demanda por pousadas de praia no inverno. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 25 – FIQUE ATENTO! É importante afirmar que, geralmente, as empresas trabalham com alguma mar- gem de capacidade ociosa para poderem fazer frente a aumentos repentinos de demanda sem a necessidade de novos investimentos, como uma margem de se- gurança para possíveis aumentos da produção. 3 Pleno desemprego A partir da análise da figura “Situações de uso de fatores considerando a CPP”, que trata das possibilidades de produção, podemos observar o ponto H, localizado no ponto de origem (0,0), ele corresponde ao pleno desemprego dos fatores de produção. Desta forma, um agente, neste ponto, está com capacidade ociosa total. Figura 4 – Desemprego do fator trabalho Fonte: Everett Collection / shutterstock.com SAIBA MAIS! O desemprego não está relacionado apenas com a falta de oportunidade de trabalho para as pessoas, ele afeta também o capital ocioso, que não gera renda aos proprietários. Para saber mais leia o artigo sobre a ociosidade da indústria brasileira em 2016, disponível no link: <https://goo.gl/Hg6gEV>. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 26 – 4 Impossibilidade Técnica Ainda na análise da figura “Situações de uso de fatores considerando a CPP” podemos notar o ponto F. Este ponto, considerado apenas um ponto teórico, é chamado de ponto de Impossibili- dade Técnica. A partir das atuais disponibilidades dos fatores de produção, a fabricação de bens correspondente ao ponto F não será de modo algum alcançada, configurando-se uma impossibili- dade técnica de produção nesse nível. Preste atenção: sempre que um ponto que se referir a quantidades de bens produzidos esti- ver acima e à direita da CPP temos um ponto de impossibilidade técnica. Vale dizer ainda que, se a empresa conseguir investir e fazer crescer sua oferta de bens, este ponto de impossibilidade téc- nica pode ser revertido e tornar-se um ponto de pleno emprego, ou mais, um ponto de capacidade ociosa, se ele estiver abaixo e à esquerda da nova CPP. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender o conceito de Curva de Possibilidades de Produção; • entender como ocorrem os processos de pleno emprego e de capacidade ociosa dos fatores produtivos; • analisar o papel que o investimento cumpre no processo de ampliação da capacidade produtiva, possibilitando o crescimento dos agentes econômicos. Referências ESTADÃO CONTEÚDO. Fábricas brasileiras operam com o menor nível de ocupação em 16 anos. 2016. Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/estadao/noticia/2016/11/pegn-fabricas- brasileiras-operam-com-o-menor-nivel-de-ocupacao-em-16-anos.html>. Acesso em: 26 nov. 2016. GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2014. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 27 – Modelos Antonio Fernando Zanatta e José Tadeu de Almeida Introdução A Economia é a área do conhecimento que visa compreender as formas com que o ser humano interage no esforço de atender às suas necessidades materiais e imateriais. Ela estuda a relação entre as necessidades humanas, sempre ilimitadas, diante de uma quantidade limitada de recursos. Para compreender como a Economia realiza essa alocação entre necessidades e recursos, são uti- lizados os modelos econômicos como instrumentos de análise, osquais você estudará nesta aula. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o que é um modelo e para que serve. 1 Conceituação As ciências econômicas, como área de conhecimento, representam os esforços em explicar a realidade econômica (que consiste em seu objeto de estudo) por meio das teorias e seus modelos. Modelos são estruturas analíticas, de natureza algébrico-matemática, que destinam-se a investigar o comportamento de uma série de dados ou observações de uma realidade ao longo do tempo, ou mesmo a antecipar possíveis tendências em torno de algum fenômeno de natureza econômica. Há vários modelos em uso nas ciências econômicas atuais, sendo que vários de seus autores já foram laureados com o Prêmio Nobel de Economia. SAIBA MAIS! Desde 1969, o Prêmio do Banco da Suécia para as Ciências Econômicas, o Nobel de Economia, já premiou 78 pesquisadores que contribuíram para o desenvolvimento dessa área do conhecimento. Em 2016, os premiados foram os professores Oliver Hart e Bengt Holmström, que ajudaram a desenvolver a teoria dos contratos. Veja mais sobre eles no link: <https://goo.gl/EdaQBY>. É possível, assim, analisar o processo de construção das teorias e modelos econômicos como instrumentos analíticos de explicação dos fenômenos e projeção dos seus resultados. – 28 – TEMA 4 2 Objetivo O mundo real possui diferentes complexidades, inerentes ao funcionamento de um sistema econômico: há relações de produção, entre produtores e consumidores, entre economias, fluxos de capitais e mercadorias, entre diferentes países... Para Rizzieri (2005, p. 4.), a teoria “[...] pode ser entendida como um conjunto de ideias sobre a realidade, sempre analisada de forma interde- pendente [...]”. Para ele, as teorias são compostas por: 1) definições, que são os significados das ideias; 2) argumentos, que são as condições nas quais as ideias se sustentam; e 3) hipóteses, que são as afirmações de como as questões se comportam na realidade estudada. Mais adiante, Rizzieri (2005, p. 4) acrescenta que os modelos são “[...] a representação das principais características dos componentes de uma teoria [...]”. Sendo assim, os modelos cum- prem o papel de expressar as relações entre os elementos previstos na teoria. Esses elementos podem possuir diversas origens e naturezas. Pode-se modelar, por exemplo, o comportamento da taxa de inflação no Brasil, seu crescimento e o desemprego nos últimos 12 anos, a fim de efetuarmos estimativas sobre a performance da economia no futuro. Mas, atenção! Modelos econômicos não preveem o futuro, pois economistas não são visionários; os modelos são ferramentas de análise de fenômenos que permitem antever futuros resultados possíveis em alguma variável de natureza econômica. Modelos são necessários e sua existência se justifica por serem mecanismos que simplificam, na medida do possível, a complexidade do mundo real, atra- vés de hipóteses sobre a condução da economia e da sociedade. Figura 1 – Modelagem econômica Fonte: Gajus/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! A Economia tem o propósito de explicar os fenômenos econômicos por meio de teorias. Estas são formadas por premissas iniciais, propondo hipóteses e argumen- tos que as sustentam. Os modelos representam as relações funcionais presentes na teoria e buscam prever certos resultados decorrentes dessas relações. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 29 – Inicialmente, definem-se as premissas, que são as proposições iniciais que organizam o raciocínio a ser desenvolvido pela teoria e pelo modelo. Adotaremos um exemplo a respeito do comportamento da demanda. Há algumas premissas iniciais como: • os consumidores buscam atender às suas necessidades materiais e imateriais, que são ilimitadas. • o Estado não exerce impacto significativo sobre o comportamento dos consumidores e da demanda. Cabe lembrar que, quando estudamos modelos, costumamos adotar algumas reduções de possibilidades para não os tornar mais complexos do que devem ser, atendo-se ao principal. Ao analisarmos as possibilidades do crescimento da renda de um consumidor, dada a inflação e o crescimento da economia, assumimos, como hipótese, que todas as outras variáveis que podem interferir na economia e no comportamento do consumidor, como crises financeiras, falências e movimentos comerciais negativos, são constantes, ou seja, não interferem no modelo. Esta expressão “tudo o mais constante”, em latim, é conhecida como coeteris paribus. 3 Hipóteses Partindo-se da definição expressa pelas premissas iniciais cujo objetivo é o de estabelecer relações de consumo excluindo todas as outras possibilidades e enfatizando-se o papel do Estado, temos uma hipótese que, pelo fato de ele não impactar as escolhas dos consumidores, o Estado não legisla favorecendo grupos ou pessoas, agindo, assim, de forma igualitária e limitando-se a cuidar do bem-estar dos consumidores em seu mercado, evitando distorções neste mercado. Observe que a hipótese apresentada constitui-se em um desdobramento de nossas premis- sas iniciais a respeito do comportamento dos consumidores em um mercado, de modo que discu- tiremos ainda mais sobre esses conceitos posteriormente. EXEMPLO A formulação de hipóteses (que é uma afirmação a respeito do comportamento de certas variáveis de estudo) faz parte do cotidiano. Quando você ajusta o seu relógio para despertar na manhã seguinte, está considerando, em hipótese, que terá uma quantidade certa de minutos para tomar seu café e que o trânsito estará em tal or- dem que você, ao acordar naquele horário definido, terá tempo suficiente para não chegar atrasado ao seu trabalho. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 30 – 4 Exemplos Estabelecidas as premissas, a definição e a hipótese, é possível construir alguns tipos de modelos, a saber: o modelo teórico; o modelo determinístico e o modelo econométrico. O modelo teórico é, essencialmente, uma tradução mais genérica de uma definição estabe- lecida anteriormente, utilizando a linguagem matemática. Por exemplo, considerando que o preço do produto é essencial para o consumidor que o compre, teríamos a seguinte equação: Qd = f(Pr) Veja que, neste caso, a quantidade demandada (Qd), que é a variável determinada, está em função do nível do preço do produto (Pr), que é a variável determinante da relação. Um modelo teórico se destina a investigar comportamentos de variáveis (como preços e quantidades de bens, por exemplo) ao longo de um determinado período ou série de dados. O modelo determinístico conduz a uma previsão única (exata), a depender de cada nível de preço. Ele difere do modelo teórico na medida em que considera a hipótese que opera a relação. No caso que estamos estudando, você pode observar uma relação inversa entre as variáveis: Qd = a – b * (Pr) Na equação apresentada, temos que: Qd corresponde à quantidade demandada; a é um coeficiente linear (parâmetro); b é um coeficiente angular (e também um parâmetro); e Pr é o preço do produto. EXEMPLO Considere que a demanda apresenta o seguinte comportamento em relação aos diversos níveis dos preços, com base na função: Qd = 13,5 – 2,5 (Pr). É possível es- timar as quantidades demandadas por um bem em função dos preços praticados no mercado, conforme a tabela: Tabela 1 – Tabela 1 – Perfil de demanda Preços (Pr) Quantidade demandada (Qd) 1,00 11,00 2,00 8,50 3,00 6,00 4,00 3,50 Fonte: elaborada pelo autor, 2016. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 31 – Figura 2 – Gráfico de um modelo determinístico 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Preço (Pr) Quantidade demandada (Qd) Função demanda Qd = a – b(Pr) Qd = 13,5 – 2,5 (Pr) Fonte: elaborado pelo autor, 2016. O importante a destacar neste modelo determinístico é que, quando o preço se eleva,a quan- tidade demandada será menor. E, em sentido oposto, quando o preço decresce, a quantidade demandada pelos consumidores aumentará. A medida da variação de Qd, a cada nível de preço, é dada pelo parâmetro “b” (coeficiente angular). Já o parâmetro “a” (coeficiente linear) apenas indica que há certa quantidade demandada que independe da variação do preço. FIQUE ATENTO! Uma das diferenciações do modelo determinístico em relação ao modelo teórico é a inclusão de coeficientes que ajudam a explicar as oscilações das variáveis em análise. Por fim, no modelo econométrico, as relações econômicas possuem uma variabilidade nos seus resultados. Para poder capturar essa variação, utiliza-se o método estatístico aplicado à eco- nomia (Econometria), que permite isolar outros fatores não previstos no modelo (erro estatístico) que interferem na variação do componente dependente da relação. Isolando os efeitos não pre- vistos no modelo, desde que não sejam significativos, é possível estabelecer uma relação mais confiável entre os elementos que explicam o modelo e o componente que é explicado por ele. No caso da curva da demanda, temos que: Qd = β1 – β2 Pr + u Observe que, agora, os parâmetros “a” e “b” são substituídos por β1 e β2, que expressam os valores a serem estimados por meio de uma base de dados estatística levantada no mercado. Já a variável “u” é aquela que captará a variabilidade na quantidade demandada causada por fatores FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 32 – não previstos no modelo. É importante que a variável aleatória “u” não tenha uma dimensão sig- nificativa que invalide a análise. FIQUE ATENTO! Todas as ciências utilizam modelos, não somente as Ciências Econômicas. Por exemplo, a Astrofísica utiliza-se do modelo do “Big Bang” para explicar a origem do universo, com hipóteses (o universo encontrava-se em sua origem comprimido sob forte pressão) e seus desdobramentos (o universo continua a expandir-se). Figura 3 – Gráfico de um modelo econométrico Preço (Pr) Quantidade demandada (Qd) Qd = β1 – β2 Pr + u u Fonte: elaborada pelo autor, 2016. SAIBA MAIS! A aplicação dos modelos econométricos é de extrema relevância como instrumento de orientação para a tomada de decisão dos gestores econômicos. Um exemplo disso são os Boletins Focus do Banco Central, que apresentam semanalmente as expectativas para os próximos 12 meses das principais variáveis macroeconômicas (inflação, juros, câmbio), que são desenvolvidas pelos departamentos econômicos dos bancos e corretoras brasileiros. Para ver o relatório, acesse o link do Banco Central do Brasil: <https://goo.gl/AYdsDa>. Você observou, portanto, a importância que os modelos têm para auxiliar nas tomadas de decisões econômicas, como eles são desenvolvidos e aplicados em nosso cotidiano. Você, caro aluno, perceberá que as Ciências Econômicas, como regra geral, operam através de modelos. As deduções apresentadas como conclusões, portanto, dependem destes modelos, querem eles confirmando hipóteses, quer não. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 33 – Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender que a Economia é tanto uma área de conhecimento quanto um objeto de estudo; • entender que os modelos econômicos são formas funcionais de operacionalização das teorias e são de três tipos: modelo teórico, modelo determinístico, e modelo econométrico. Referências BANCO Central do Brasil. Focus – relatório de mercado. Atualizado em 9 dez. 2016. Disponível em: <https://goo.gl/AYdsDa>. Acesso em: 16 dez. 2016. GLOBO.com. Oliver Hart e Bengt Holmström vencem o Prêmio Nobel de Economia. G1 – Econo- mia. 10 out. 2016. Disponível em: <https://goo.gl/EdaQBY>. Acesso em: 16 dez. 2016. GREMAUD, Amaury Patrick et al. Manual de Economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. PINDYCK, Robert Stephen; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 5. ed. São Paulo, 2002. RIZZIERI, Juarez Alexandre Baldini. Introdução à economia. In PINHO, Diva Benevides; VASCON- CELLOS, Marco Antônio Sandoval. Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2005. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 34 – A organização econômica através das estruturas de mercado José Tadeu de Almeida Introdução Neste tema, você fará uma imersão em algumas das estruturas de mercado presentes no campo de estudos da microeconomia moderna. Verificará suas diferenças, principalmente em termos de concentração de mercado e poder de compra. Verá que a organização econômica será definida com base na relação entre empresas e consumidores (ROSSETTI, 2016). Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender e identificar as diferentes formas das estruturas de mercado. 1 Concorrência perfeita Antes de iniciarmos uma discussão a respeito dos modelos na área da microeconomia, é conveniente realizar um estudo inicial a respeito do conceito de mercado. Trata-se de uma expres- são muito utilizada no nosso cotidiano, não é mesmo? Quantos exemplos você poderia dar a esse respeito? Temos o mercado de capitais, o mercado de alimentos, o mercado da esquina... Enfim, várias formas em que o termo mercado tem aplicação. Na microeconomia, o mercado é um espaço onde se realizam operações de compra e venda de bens e serviços entre agentes, que podem ser indivíduos, empresas, indústrias, instituições e outros. Estes agentes são compradores e vendedores desses produtos. É, essencialmente, a relação entre oferta/venda e demanda/compra que determina as condições do mercado, notoria- mente o seu preço de equilíbrio (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). SAIBA MAIS! Adam Smith (1723-1790), um dos pais da economia moderna, definiu como a mão invisível o mecanismo de coordenação dos mercados em regime de concorrência. Ainda que não existisse um órgão regulador, a economia funcionava da mesma forma, com compradores e vendedores determinando oferta, demanda e preço como se uma mão invisível coordenasse o sistema econômico. – 35 – TEMA 5 O mercado, enquanto espaço para trocas de diferentes quantidades de diferentes bens entre demandantes e compradores, possui características diferenciadas no que diz respeito ao perfil dos compradores e vendedores. Este perfil é baseado, dentre outras características, no tamanho dos vendedores e compradores no mercado, ou seja, na sua participação (conhecida também pela expressão market share). Quanto mais o mercado de um determinado produto é concentrado na mão de poucos agentes, maior será a sua capacidade de definir preços e quantidades de compra e venda nesse mercado (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Algumas hipóteses são fundamentais para definirmos qual tipo de estrutura de mercado estaremos evidenciando. Dentre elas, cabe enfatizar: • a quantidade de empresas e consumidores que compõem esse mercado; • o perfil do produto fabricado – este bem é homogêneo no mercado (ou seja, todos os itens fabricados são absolutamente semelhantes, o que torna possível a escolha do bem produzido por qualquer produtor) ou é diferenciado (com características que des- taquem um produtor no mercado, como marca, gosto, aroma, sabor etc)? Da mesma forma, você precisa perceber que, se os consumidores preferem os bens de um deter- minado produtor, mesmo que eles sejam idênticos, não há mais homogeneidade. Ou seja, além de serem perfeitamente iguais, as preferências de consumo estão também distribuídas de forma homogênea. • a existência ou não de barreiras à entrada ou à saída de empresas desse mercado em função de seus resultados econômicos. Exemplos de barreiras à entrada e à saída são, por exemplo, leis que dificultam o funcionamento das empresas por excesso de burocracia, além de eventuais custos, normalmente contábeis, de abertura e fechamento de empresas. • o grau de informação que os agentes (consumidores e produtores) dispõem sobreseu mercado, sobretudo a respeito dos preços praticados nele. Iniciemos, portanto, nossa análise a partir do modelo de concorrência perfeita. Nesta estru- tura de mercado, assumindo as hipóteses mencionadas, você pode distinguir os seguintes efeitos: há um grande número de empresas (alguns autores dizem mesmo que as empresas são atomiza- das por serem de pequeno porte) e elas não se organizam em associação, de modo que nenhuma delas, isoladamente, é capaz de determinar, por conta própria, a oferta de bens no mercado, muito menos o seu preço de venda (ROSSETTI, 2016). Da mesma forma, há um grande número de con- sumidores isolados. Portanto, sob um modelo de concorrência perfeita, os quatro pontos considerados ante- riormente podem ser tratados da seguinte forma: primeiro, o mercado é dividido em inúmeras empresas e consumidores; segundo, os bens são homogêneos, ou seja, totalmente semelhantes, e nenhum produtor se diferencia pelo perfil de seu produto; terceiro, os produtores e consumidores podem entrar nesse mercado ou deixá-lo quando acharem conveniente, caso os preços de venda não sejam atrativos para eles; e quarto, os produtores e consumidores possuem informação plena sobre o mercado, o nível de preços praticado e demais características deste mercado, tornando transparente a sua escolha (no caso dos consumidores). FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 36 – FIQUE ATENTO! Há dificuldade em estabelecer um setor que opere sob condições de concorrên- cia perfeita atualmente: por mais homogêneos que os bens sejam, haverá algum grau de diferenciação entre eles – o leite de vaca, por exemplo, é relativamente homogêneo, porém, há uma diferenciação por marca que define a demanda do con- sumidor, ao menos em parte. As empresas e os consumidores que se situam em um mercado de concorrência perfeita são atomizados e não determinam o preço dos bens, pois é o próprio mercado que determina esses preços (chamamos essas empresas de price-takers, ou seja, “tomadoras de preços”). Se o preço é dado pelo mercado e a empresa isolada não pode alterá-lo, caso ela decida bai- xá-lo por conta própria, venderá toda a sua produção, irá à falência e o preço de mercado não será alterado (ROSSETTI, 2016). Se quiser aumentá-lo, não venderá um bem sequer – os compradores têm conhecimento total da dinâmica de preços no mercado. Figura 1 – Concorrência perfeita: feira livre em Hoi An, Vietnã Fonte: Roman Babakin/Shutterstock.com O objetivo dessas empresas, naturalmente, é obter lucros, formados a partir da equação: Lucros = Receitas – Despesas = (Quantidade * Preço) – Custos Como as empresas são de pequeno porte, não há lucros significativos. As receitas são fruto das vendas e as despesas se originam no pagamento dos chamados fatores de produção, como matérias-primas, mão de obra, maquinário etc. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 37 – FIQUE ATENTO! Como a condição de concorrência perfeita nem sempre é visível, o exemplo mais realista é a estrutura de mercado denominada Concorrência Monopolística ou Concorrência Imperfeita, na qual as empresas produzem bens não exatamente homogêneos, mas muito próximos entre si. Não há barreiras de mercado e a percepção de lucros tende a ser normal. Você pode encontrar exemplos disso em Pelegrini e Baís (2014). Disponível em <http://intertemas.toledoprudente.edu.br/ revista/index.php/ETIC/article/viewFile/4304/4063>. 2 Monopólio Neste caso, você observará a situação exatamente contrária ao modelo de concorrência per- feita. Há apenas uma firma que domina inteiramente a oferta, ou seja, sua concentração de mercado é de 100%. Não há concorrência e o próprio vendedor determina o preço de seus produtos por ser o único agente vendedor do mercado, independentemente do número de consumidores, que poderão ser muitos. Definimos uma empresa assim como fazedora de preços ou price-maker. Há barreiras à entrada de outras firmas que desejem operar nesse setor. Aos consumidores, enfim, restará apenas as opções de adquirir o produto ou não, pois não há outras opções (ROSSETTI, 2016). Há algumas formas para uma empresa garantir seu papel de monopolista em um mercado. Uma delas é o monopólio puro, em que há setores cujo volume de investimentos é tão alto e as dimensões de produção tão grandes que torna-se praticamente impossível para outras empresas operarem nesse mesmo setor oferecendo preços equivalentes ao de monopólio ou ainda meno- res. Há ainda as patentes, que impedem a produção de um produto por seus concorrentes, têm o controle de matérias-primas ou mesmo o monopólio estatal ou institucional. Podemos citar, ainda, os casos dos monopólios naturais, que ocorrem quando uma empresa possui alguma característica em seus bens que a torna mais eficiente que as outras em seu mer- cado, agregando, assim, a maior parte dele (como nos sistemas operacionais para computadores, por exemplo); e os monopólios não-naturais, quando empresas vão comprando outras até atingi- rem a maior participação de mercado. Lembre-se de que, no cotidiano, já se considera um monopólio quando uma empresa pos- sui mais de 50% de um mercado. Neste sentido, no Brasil, há instituições que zelam para que as empresas não possuam um grau excessivo de controle do mercado, gerando efeitos negativos em termos de preços e qualidade dos produtos aos clientes, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avalia se determinadas fusões serão ou não benéficas para os con- sumidores, aprovando-as ou não conforme esta avaliação. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 38 – EXEMPLO A rigor, é difícil estabelecer um setor cuja concentração de mercado seja de 100% nas mãos de um único produtor. Porém, determinados produtos podem ser produ- zidos por apenas uma firma (caso ela detenha uma patente, como no setor de me- dicamentos). Ou, o Estado pode garantir a concessão de um determinado serviço a uma única empresa (como no caso dos Correios, ainda que hoje empresas privadas também venham trabalhando no setor, sobretudo para encomendas internacionais). Como o agente monopolista pode fixar seus preços, há a possibilidade de ele obter um lucro extraordinário, acima do lucro normal. Mas lembre-se de que as empresas possuem o monopólio de suas marcas, ou seja, somente elas podem explorar a marca que é de sua propriedade (como a famosa marca que fabrica refrigerantes do tipo cola, por exemplo). Note, contudo, que isso não indica necessariamente que essa empresa pratica monopólio; veja que ela está inserida em um mercado de refrigerantes, embora detenha controle absoluto sobre sua marca (a política de gestão de marcas em uma empresa é conhecida como branding). FIQUE ATENTO! Na Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVIII, os monopólios de comércio eram concedidos pelos Estados como forma de controlar a compra e a venda de bens. Um exemplo é o da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, que tinha o mono- pólio do comércio holandês com a Ásia desde 1621 (ARRUDA, 2003). 3 Oligopólio A estrutura de mercado denominada por oligopólio é visualizada quando poucas empresas dominam a maior parte do mercado com muitos consumidores; o restante é dividido em empre- sas menores, cada uma com uma concentração pequena. As empresas maiores, neste sentido, são price-takers. Saiba que este é o tipo de mercado mais comum nos dias de hoje. O oligopólio se caracteriza, além do número pequeno de produtores que assumem boa parte da produção, também por um processo interdependente de decisões de preço e produção – as grandes empresas organizam entre si a oferta e o preço da oferta de bens e serviços, maximizando lucros. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 39 – Figura 2 – Setor petroquímico é fortemente oligopolizado Fonte: 3DSculptor/Shutterstock.com. É por exigir conhecimento extremamente especializado, altos aportes de capital na forma de investimentose, em vários casos, concessões governamentais, que o setor petroquímico é um grande exemplo de oligopólio. Quanto mais coordenada for a ação das grandes empresas, mais próxima sua operação estará de um cartel. Por exemplo, se uma empresa abaixa seu preço para atrair novos clientes, as demais empresas seguirão o mesmo processo, preservando seus lucros o quanto possível. Da mesma forma, há grande dificuldade à operação de novas empresas (ROSSETTI, 2016). EXEMPLO Um setor fortemente oligopolizado é o das empresas aéreas no Brasil. No tercei- ro trimestre de 2016, quatro empresas (Gol, Latam, Azul e Avianca) concentraram 98,39% do faturamento do setor de voos domésticos, conforme a tabela a seguir. Tabela 1 – Participação das empresas aéreas por volume de vendas(2015) Latam 29,98% Gol 29,80% Azul 29,67% Avianca 8,95% Outras 1,61% Fonte: ABRACORP, 2016. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 40 – Para diferenciarem-se e atraírem novos consumidores sem entrar em uma guerra de preços, que seria danosa para todos os produtores, essas empresas procuram investir parte de seu capital em esforços de propaganda e marketing, bem como diferenciar seu produto para fidelizar sua clientela. 4 Cartéis Um cartel consiste em um grupo de produtores de um mesmo bem, em regime de oligopólio, que reúne-se em um acordo, explícito ou não, e que aproveita-se de sua condição de alta concen- tração de mercado como objetivo de fixar preços além dos de mercado, obtendo lucros extraordi- nários, afetando a concorrência e mesmo restringindo a produção para expandir artificialmente a demanda pelos bens que produzem. Um exemplo de formação de cartel ocorreu em uma cidade do interior de São Paulo, no setor de postos de combustíveis, no ano de 2006. Todos os postos da cidade, com exceção de um ou dois, fixaram seus preços acima da média do mercado. Mediante denúncia da Câmara de Vereadores ao órgão fiscalizador do setor, a Agência Nacional do Petróleo, os postos foram lacrados e multados. Figura 3 – Fixação de preços entre produtores através de cartel Fonte: Lightspring/Shutterstock.com Trata-se, como você pode observar, de uma atitude danosa aos consumidores, principal- mente por restringir a oferta de produtos e aumentar o seu preço, dificultando a competição em seu mercado. Normalmente, os cartéis afetam a eficiência da economia. Sendo assim, eles são fortemente combatidos pelas entidades governamentais de defesa da concorrência, como o Con- selho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), no Brasil, que tem a capacidade de averi- guar se certas operações, como compras de empresas e fusões, são capazes de gerar uma con- centração excessiva que poderá trazer dano ao livre mercado e não beneficiar os consumidores. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 41 – SAIBA MAIS! Você pode obter maiores informações a respeito das políticas de formação de car- téis e do combate a tais medidas através de um estudo-síntese da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, denominado “Cartéis – seus danos e ações efetivas” (OCDE, 2002). Disponível em: <http://www.oecd.org/com- petition/cartels/1935129.pdf>. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • verificar que o mercado consiste em um espaço de transações de bens e serviços entre compradores e vendedores; • perceber que cada estrutura de mercado está relacionada a diversos fatores, entre os quais cabe destacar o grau de concentração de mercado das empresas, que determina sua capacidade de fixar os preços que serão adotados dentro daquele mercado; • conhecer diferentes estruturas de mercado, quais sejam, os que operam sob regime de concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e por políticas de formação de cartel. Referências ARRUDA, José Jobson de Andrade. Nova História Moderna e Contemporânea. Bauru: Edusc, 2003. ASSOCIAÇÃO Brasileira de Agências de Viagens Corporativas– Abracorp. Segmento Aéreo Nacional – Bilhetes emitidos e vendas – 3º Tri 2016.Disponível em <http://abracorp.org.br/wp-content/uplo- ads/2016/10/Aereo-Nac-bilhetes-e-vendas-1.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2016. ORGANIZAÇÃO para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. Carteis – seus danos e ações efetivas. 2002. Disponível em <http://www.oecd.org/competition/cartels/1935129.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2016. PELEGRINI, Andréa de Oliveira; BAÍS, Isadora Ceolin. Da concorrência perfeita e imperfeita. Toledo Prudente Centro Universitário. Encontro de Iniciação Científica – Etic 2014. Disponível em: <http:// intertemas.toledoprudente.edu.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/4304/4063>. Acesso em: 10 jan. 2017. PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2013. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 42 – Moeda José Tadeu de Almeida Introdução Todos os dias realizamos transações para satisfazer nossas necessidades em relação à alimentação, vestuário, lazer e aquisição de bens, por exemplo. Além disso, também temos que pagar impostos. Mas, para que estas operações sejam feitas é necessária a existência de um denominador comum, um recurso aceito por todos. Nesta aula vamos estudar este recurso, atual- mente, representado pela moeda. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender o conceito de moeda. 1 Conceituação Antes do surgimento da moeda, você saberia dizer como as pessoas adquiriam o que precisa- vam? Nos primórdios da civilização as necessidades da população eram limitadas e baseadas na sobrevivência. Mas, com a divisão do trabalho acentuando-se, na Idade Antiga, os trabalhadores pas- saram a se especializar, surgindo os ferreiros, carpinteiros e lavradores, por exemplo. Foi desta forma, com a circulação de bens entre as pessoas mediante trocas, que surgiu o escambo (ROSSETTI, 2016). SAIBA MAIS! No capítulo 6 da obra “Uma Breve História do Brasil” (2010), Mary Del Priore e Renato Venâncio explicam que, na formação da sociedade brasileira, o escambo subsistiu na época colonial, nos séculos XVI e XVII, por meio da troca de bens entre portugueses e índios, e mesmo após este período, entre escravos fugitivos (quilombolas). Porém, é importante perceber que o escambo enquanto atividade comercial tem uma limitação. Você saberia dizer qual é? Note que o escambo depende de uma sintonia de interesses em torno da utilidade do bem que cada indivíduo dispõe para trocar, e ambos deverão ainda estar de acordo sobre o valor atribuído para aquele bem. Ou seja, deve haver uma coincidência de demandas e valores. – 43 – TEMA 6 EXEMPLO Uma espada deve possuir a mesma utilidade de uma dúzia de ovos, pois um ferreiro deseja se alimentar e um criador de aves precisa defender-se. Porém, ambos neces- sitam de roupas. Portanto, é necessário que a espada, ou os ovos, também permi- tam a aquisição do couro de um boi para a confecção da roupa. Assim, a utilidade dos recursos está expressa a partir do que eles representam para cada indivíduo. Figura 1 – Indivíduos transacionando cabras em uma praça Fonte: Peter Stuckings/Shutterstock.com Antes do surgimento da moeda, como a conhecemos hoje, era comum o uso de mercadorias para a avaliação de valores dos bens. Um destes itens, por exemplo, era o sal: foi assim que surgiu o termo salário (do latim salarium). No entanto, com o tempo tornou-se impossível a utilização de mercadorias-moeda como referencial (ROSSETTI, 2016). Foi então, no século VIII a.C, na região da Lídia, no Oeste da Turquia, que as primeiras moedas foram cunhadas em metal. 2 Funções da moeda Vamos estudar agora as diferentes funções da moeda. A primeira delas, conforme vimos no tópico anterior, é ser um meio de troca, ou seja, uma referência para medir o valor de todos os bens (ROSSETTI,2016). FIQUE ATENTO! A moeda é reconhecida como meio de troca em uma sociedade quando ela, de fato, funciona como um equivalente-geral e é reconhecida pelas pessoas como este meio de troca. Mas quando a moeda perde seu valor, como no caso da hiperinflação ale- mã, após a Primeira Guerra Mundial, o dinheiro praticamente não era mais reconhe- cido como meio de trocas, e um pedaço de pão chegou a custar bilhões de marcos. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 44 – Figura 2 – Cédula de dez bilhões de marcos impressa em 1923 Fonte: Kondor83/Shutterstock.com A segunda função da moeda é ser uma unidade de conta. Em uma economia monetária, ou seja, baseada em transações em moeda, o valor das mercadorias tem como equivalente-geral a pró- pria moeda, que permite expressar a soma do valor dos bens produzidos (PAULANI & BRAGA, 2013). EXEMPLO Se sabemos que uma bicicleta tem o valor de R$ 500,00 e um litro de leite custa, em média, R$ 2,50, podemos deduzir que uma bicicleta tem o mesmo valor monetário de duzentos litros de leite. Esta é a chamada estrutura de preços relativos. Neste caso, cada mercadoria tem seu valor associado a uma quantidade de moeda. Se o leite tem seu valor alterado para R$ 3,00 e a bicicleta não teve seu valor alterado, ela passa a valer pouco mais de 166 litros de leite. Ou seja, os preços relativos passa- ram por uma distorção. Assim, quando pensamos o valor dos produtos, em função de unidades monetárias, verificamos que a moeda também tem a função de ser uma unidade de conta, ou seja, ela expressa o valor de todos os recursos somados e produzidos pela sociedade. A terceira função da moeda é ser uma reserva de valor. A moeda é o vetor responsável pelas operações de compra e venda a qualquer tempo. Porém, os agentes podem optar por não efetua- rem transações agora. Ou seja, a moeda permite que a utilizemos quando acharmos conveniente, como uma ponte entre o presente e o futuro (PAULANI & BRAGA, 2013). FIQUE ATENTO! Em uma economia monetária moderna, a moeda, para ser considerada um equi- valente geral para as trocas, deve possuir três características: deve ser uma unida- de de conta, um meio de troca e uma reserva de valor. Caso a moeda perca uma destas três funções ela se deteriora. Assim, ela continuará sendo um recurso, mas não será uma moeda. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 45 – Agora que enfatizamos as principais funções da moeda, vamos aprender mais sobre as suas características, igualmente importantes, que formam o sistema monetário internacional. SAIBA MAIS! A moeda possui diversas funções. Ela também permite que salários, por exemplo, possam ser pagos ao longo do tempo, no chamado padrão de pagamentos diferidos. Da mesma forma, também constitui-se em um instrumento de poder, já que moedas de países com poder econômico e militar tornam-se referências de valor para outras moedas. Para aprender mais sobre as funções da moeda consulte o primeiro capítulo da tese do professor Raul Jorge Curro, “Mercosul: a moeda única e suas consequências no comércio internacional” (2009), disponível em <http://www.teses. usp.br/teses/disponiveis/2/2135/tde-24092009-153739/pt-br.php> 3 Características Como vimos anteriormente, a dificuldade em se estabelecer um equivalente-geral para as trocas tornava necessário escolher bens que pudessem ser reconhecidos como reserva de valor e ter facilidade de circulação, além do reconhecimento por todas as pessoas – era necessário obter um recurso de alta liquidez. A liquidez é a possibilidade da moeda, ou de outros recursos, serem negociados livremente e aceitos pelos agentes a qualquer tempo. A moeda é o recurso líquido por excelência, pois ela pode ser trocada por qualquer bem, a qualquer momento, em circunstâncias normais – ela torna-se poder de compra imediatamente. Uma casa por exemplo não tem a mesma rapidez para trans- formar-se em outro bem: ela possui menos liquidez do que a moeda (PAULANI & BRAGA, 2013). Figura 3 – Barra de ouro, recurso tão líquido quanto o dinheiro Fonte: hidesy/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 46 – Agora, preste atenção: na evolução do mercado, os metais preciosos foram assumindo a fun- ção de moeda. Entre eles, destacaram-se a prata e o ouro. É importante perceber que estes metais carregam altos valores em pequenas quantidades, não se deterioram e podem ser divididos em porções menores, permitindo a expressão de qualquer valor que as transações pudessem exigir (PAULANI & BRAGA, 2013). Há algumas características que fizeram com que os metais, sobretudo o ouro e a prata, fos- sem preferidos como moeda. Observe a seguir. • Escassez: o ouro, sobretudo, é um metal raro. Há, na crosta terrestre, em média, um quilo de ouro para cada 350 mil toneladas de terra. • Durabilidade: o ouro é resistente à oxidação, e tem uso em diversas aplicações, da joalheria à engenharia espacial; • Divisibilidade: o ouro é maleável, e pode ser moldado conforme as necessidades de tamanho e peso, ideais para a cunhagem de moedas. • Facilidade de manuseio e armazenamento: o brilho do ouro (e também da prata) é reco- nhecido em praticamente qualquer lugar. Isto cria uma relação de confiança dos indivíduos em relação a estes metais, permitindo seu armazenamento e uso (ALMEIDA, 2015). FIQUE ATENTO! Nos séculos XVIII e XIX as economias ocidentais, lideradas pela Inglaterra, fixaram o valor de suas moedas a partir dos estoques de ouro e prata disponíveis, com o ouro assumindo o principal referencial de valor para as moedas. Este sistema fica- ria conhecido como padrão-ouro (ALMEIDA, 2015). Figura 4 – Antiga moeda de pedra do arquipélago de Yap Fonte: evenfh/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 47 – Contudo, diante dos problemas de segurança dos metais preciosos, dado o risco de roubos, as pessoas passaram a evitar o seu porte, preferindo guardá-los junto a pessoas e instituições de confiança – originando as primeiras casas bancárias. Em troca, elas recebiam um certificado em papel, que garantia ao portador um determinado valor naquela casa comercial. Com o tempo, estes papéis começaram a circular e serem aceitos pela comunidade como moeda, com as suas três funções. Surgia o papel-moeda, utilizado ainda hoje. O papel-moeda é tido como uma moeda fiduciária. Não há, em todo o mundo, estoques de metal precioso suficientes para fornecer lastro, ou seja, cobrir o valor do papel-moeda em circula- ção e em poder do público, como na Idade Média. Quem garante o valor que o papel-moeda possui é o próprio governo. Desta forma, o valor da moeda se assenta na confiança (fidúcia) da sociedade em relação a um governo e na estabilidade de sua moeda (ROSSETTI, 2016). O papel-moeda ainda é tratado como moeda manual ou corrente, pois se caracteriza como um meio de pagamento que efetivamente está em poder dos agentes. Esta classificação existe para diferenciar a moeda manual da moeda escritural, ou seja, aquela que está guardada nas casas bancárias, na forma de depósitos à vista (ROSSETTI, 2016). Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os modelos sociais primitivos e o sistema de trocas baseado no escambo e na utilidade dos bens; • estudar as três funções da moeda: unidade de conta, meio de troca e reserva de valor; • verificar que outros recursos também podem ser reserva de valor, porém têm menor liquidez do que a moeda; • perceber que os sistemas monetários modificaram-se em prol das trocas comerciais, e a moeda teve este mesmo curso, dos padrões metálicos para o papel-moeda. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA I – 48 – Referências ALMEIDA, José Tadeu. Padrão-ouro: Experiências comparadas Brasil-Portugal no Século XIX. 253p. Tese (Doutorado em História). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo,
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