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Educação popular - Senso Comum e conhecimento Cientifico

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EDUCAÇÃO 
POPULAR
Cléa Coitinho 
Escosteguy
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Revisão técnica:
Marcia Paul Waquil
Assistente Social
Mestre em Educação
Doutora em Educação
Ângela Ribas dos Santos 
Pedagoga
Especialista em Gestão Educacional
Mestre em Ciências Sociais
E74e Escosteguy, Cléa Coitinho.
 Educação popular / Cléa Coitinho Escosteguy ; [revisão 
 técnica: Marcia Paul Waquil, Ângela Ribas dos Santos]. – 
 Porto Alegre : SAGAH, 2017.
 161 p. : il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-192-1
 1. Educação popular. I. Título. 
CDU 37
Senso comum e 
conhecimento cientí� co 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar os conceitos de “a priori” e metafísica com a educação.
  Identi� car os conceitos de senso comum e senso empírico na 
educação.
  Reconhecer os conceitos de intuição e sensação com o cotidiano 
da escola.
Introdução
Neste texto, você vai estudar os conceitos de “senso comum” e “conheci-
mento metafísico”. Segundo Kant, é preciso aprofundar os conhecimentos 
verdadeiros, ou seja, buscar sua origem. Na realidade escolar, é preciso 
aproveitar os conhecimentos oriundos dos alunos, associando-os ao 
conhecimento metafisico (cognitivo). 
Os conceitos de a priori e metafísica para a 
educação
A priori é uma expressão usada para fazer referência a um princípio anterior 
à experiência. A priori é uma locução adverbial da língua latina que não se 
encontra no dicionário da língua portuguesa, mas é muito usada para indicar 
“aquilo que vem antes de”. 
Assim, um dos principais temas da filosofia de Kant é o conhecimento, 
quais as possibilidades que temos de conhecer, onde começa e onde termina 
a nossa capacidade de conhecimento e como podemos utilizar esse conheci-
mento. Em A Crítica da Razão Pura, em 1781, Immanuel Kant aborda alguns 
aspectos do conhecimento e os distingue, ainda que essa distinção seja feita 
“mediante uma longa prática que nos habilite a separar esses dois elementos” 
– e os elementos do conhecimento a que Kant se refere são os de a priori e a 
posteriori. Será ressaltado neste capítulo o conceito de a priori voltado para 
a experiência na educação.
Em seus estudos, Kant afirma que nenhum conhecimento precede a ex-
periência – todos começam por ela –, demonstrando que todo conhecimento 
inicia com a experiência, porém não é porque iniciou com a experiência que 
dela deve depender, pois é considerado, portanto, conhecimento a priori todo 
aquele que seja adquirido independentemente de qualquer experiência. A ele 
se opõem os opostos aos empíricos, isto é, àqueles que são a posteriori, quer 
dizer, por meio da experiência. Dessa forma, o conhecimento “a priori”, mesmo 
tendo origem na experiência, não é dependente dela. Kant afirma que, daqui 
por diante, conhecimentos a priori são todos aqueles que são absolutamente 
independentes da experiência e que são opostos aos empíricos, isto é, àqueles 
que só são possíveis mediante a experiência.
Desta forma o conhecimento a priori faz parte da razão pura e é universal e 
necessário, como, por exemplo: “o triângulo possui três lados”. Essa frase nos 
faz entender que em qualquer lugar do universo e em qualquer circunstância 
o triângulo possui três lados, assim como: “todo solteiro é não casado”, “todo 
corpo possui massa”; ou seja, são casos universais e necessários, sendo o que 
são em qualquer lugar.
Figura 1. Conhecimento a priori e a posteriori.
Fonte: Oficina de Leitura Kantiana (2011).
Senso comum e conhecimento científico78
O conhecimento a priori, ou puro, não necessita da experiência sensorial 
para acontecer e é essencial e aplicado a tudo e a todos.
Já o conceito de metafísica é de difícil definição, pois ele sofreu altera-
ções ao longo da história da filosofia, além de comportar internamente uma 
subjetividade. Segundo Aristóteles, metafísica é como a “filosofia primeira”, 
ou aquela que se ocupa do “ser” e de suas determinações e que, concomitan-
temente, se ocupa de algo que é superior ou supremo na ordem dos seres e, 
por extensão, na ordem do conhecimento desses seres. Para Chauí (1994), a 
metafísica é a investigação em torno da clássica pergunta: “o que é?”. Nesse 
sentido, ao questionar a existência das coisas, a metafísica cruzaria com a 
teoria do conhecimento, mas seu sentido vai além, uma vez que busca entender 
a essência das coisas, ou seja, sua natureza.
Desde a Antiguidade até o século XVIII, a metafísica realmente se con-
fundiu com a teoria do conhecimento, investigando a existência do “ente”, 
aquilo que é percebido a priori, sem o auxílio de uma experiência sensível. 
Portanto, a metafísica sempre demonstrou intensa preocupação com aquilo 
que Descartes chamou de “conhecimento inato”.
Quando, no século XVIII, Hume (1748), um empirista, demonstrou que 
os conceitos metafísicos não correspondem a nenhuma realidade externa, 
a concepção de metafísica se alterou. É necessário afirmar, portanto, que a 
metafísica não está circunscrita aos domínios da filosofia, mas que possui 
autonomia e, por isso, pode ser compreendida em várias dimensões, ou seja, 
em sua forma ocidental e em sua forma oriental. Assim, ao entender a me-
tafísica como englobando o campo de conhecimento espiritual investigado 
pelo intelecto, estará se admitindo a possibilidade de que o ser humano possua 
uma faculdade cognitiva a ser desenvolvida e que, uma vez utilizada com 
propriedade, pode ampliar a nossa visão de mundo.
Segundo Hume (1748), as ideias metafísicas existiriam apenas no interior 
do sujeito, na imaginação. A partir de então, a metafísica passou a estudar 
percepções, as quais não possuem constatação concreta, fornecidas pelos 
sentidos, servindo de parâmetro para compor teorias e não certezas.
É por isto que, para Kant, a metafísica diz respeito àquilo que a capacidade 
de cada um permite conhecer, tomando como base o já conhecido que altera a 
percepção. Em outras palavras, passaram a fazer parte da metafísica questões 
subjetivas, aquilo que existe para cada sujeito e que pode ser relativizado. A 
função da metafísica passou a ser tentar fornecer explicações lógicas para a 
percepção da realidade pelo homem – o que é diferente de tentar verificar se 
a realidade existe, tal como faz a teoria do conhecimento. 
79Senso comum e conhecimento científico
Não obstante, não era esta a concepção original da metafísica dentro do 
contexto de seu nascimento. A vinculação entre metafísica e teoria do conhe-
cimento, como é óbvio, conduziu a uma crise.
Partindo da teoria do conhecimento, Hume (1748) mostrou que as ideias 
nada mais são do que hábitos mentais que não saem do nada, não são inatas 
e não possuem inspiração divina. As ideias seriam fruto de uma associação 
de sensações, percepções e impressões recebidas pelos órgãos dos sentidos e 
retidas na memória, sendo esta última alterada por novas percepções.
Assim, as substâncias ou essências seriam apenas imagens da consciência. 
A causalidade, portanto, poderia ser definida como mero hábito da mente 
estabelecido por percepções sucessivas. Consequentemente, as questões me-
tafísicas seriam criações artificiais, não possuindo correspondência com a 
realidade. Isso se tornou tão evidente, que filósofos, como Kant, chegaram 
a afirmar que Hume tinha feito os homens despertar do sonho dogmático. 
Hume havia tornado as questões metafísicas vazias de sentido, já que não 
eram universais, mas inerentes a cada sujeito.
Entretanto, Kant não concordava inteiramente com Hume, pois considerava 
conceitos científicos inatos como questões metafísicas. No caso, conceitos 
como espaço, tempo, quantidade ou causalidade eram, para Kant, apenas 
questões metafísicas, sendo subjetivos e não possuindo uma natureza concreta 
ou real, embora palpável.
O tempo, por exemplo,não pode ser tocado, então não possui materialidade 
concreta, mas seus efeitos podem ser sentidos, remetendo à investigação me-
tafísica. Podemos notar que, mesmo quando um objeto parece ser de natureza 
puramente cientifica, a metafísica ressurge das cinzas como uma fênix.
Assim, é preciso dotar a metafísica de um método seguro. Esse método 
revolucionou a concepção de conhecimento: em vez de os objetos penetrarem 
passivamente na mente, os objetos são regulados pelo entendimento do sujeito 
de conhecimento, que estabeleceria algo “a priori” sobre os objetos. Isso se dá 
por meio de uma faculdade capaz de apreender o que é dado à experiência e 
que, portanto, se encontra no tempo e no espaço. Assim, para Kant, o conhe-
cimento é ativo – não pura apreensão passiva da mente, como se ela fosse uma 
página em branco na qual são impressas as qualidades sensíveis dos objetos.
Senso comum e conhecimento científico80
Os conceitos de senso comum e senso empírico 
na educação
Desde a Antiguidade até os dias de hoje, um lavrador, mesmo iletrado 
e/ou desprovido de outros conhecimentos intelectuais, possui algum tipo de 
conhecimento, como, por exemplo, saber o momento certo da semeadura, 
da época da colheita, o tipo de solo adequado para diferentes culturas etc. 
Todos são exemplos do conhecimento que é acumulado pelo homem na sua 
interação com a natureza.
O conhecimento torna o ser humano diferente dos demais seres, pois lhe 
possibilita fugir da submissão à natureza. Todo conhecimento, tanto comum 
como científico, é formado por elementos fornecidos pela intuição sensível e 
elaborados pelo pensamento (RUIZ, 1995). A elaboração é a obra da razão, 
que se define como a função de coordenação do pensamento na sua atividade 
de conhecimento, função que se exerce mediante princípios (de identidade, 
de contradição, de causalidade, etc.) constitutivos da razão. 
O conhecimento comum é quase sempre o produto de uma elaboração 
espontânea da razão, ao passo que o conhecimento científico resulta de uma 
elaboração refletida, metódica, prosseguida de modo voluntário e, por vezes, 
árduo. Conhecer algo é adquirir um novo conceito sobre algo. Esse novo 
conceito nasce das nossas experiências. O ser humano pode adquirir conhe-
cimento de diversas formas diferentes: por meio de experiências, relações 
interpessoais, através da leitura e dos meios de comunicação.
Um dos conhecimentos mais comuns é o conhecimento empírico. O co-
nhecimento empírico, que também é conhecido como senso comum, é o 
conhecimento sem qualquer base de pesquisa teórica. Ele é passado de geração 
em geração ou adquirido da experiência de vida das pessoas. É baseado apenas 
nas crenças do indivíduo.
O senso comum é desconsiderado como uma forma de argumento para as 
pesquisas científicas. Isso acontece pelo fato de esse tipo de conhecimento 
não possuir nenhum embasamento teórico, sendo desvalorizado no meio 
acadêmico e científico.
81Senso comum e conhecimento científico
Figura 2. Representação do senso comum.
Fonte: Diego Schtutman/Shutterstock.com.
A melhor forma de validar o conhecimento empírico é testá-lo e transformá-
-lo em conhecimento científico que tenha sido testado por pesquisadores. Um 
bom exemplo é a afirmação “leite com manga faz mal”, que é um conheci-
mento empírico, apenas reproduzindo uma afirmação passada de geração para 
geração. Se uma comunidade científica fizesse testes com isso e descobrisse 
que é uma realidade, então esse conhecimento empírico passaria a ser válido 
e aceito como um conhecimento científico.
Os conceitos de intuição e sensação no 
cotidiano da escola
As funções irracionais ou pré-racionais são assim chamadas porque são funções 
de percepção, ou seja, as pessoas percebem e só depois julgam. Estas funções 
são: sensação e intuição. “A sensação constata o que realmente está presente; 
a intuição aponta as possibilidades do ‘de onde’ e do ’para onde’ que estão 
contidas neste presente.” (JUNG, 1999). 
Franz (1971) sinaliza a presença da função superior e da função inferior ou 
inconsciente na pessoa. Assim, uma pessoa extrovertida consequentemente 
terá como função inferior a intuição introvertida. O mesmo acontece com as 
funções irracionais, isto é, uma pessoa introvertida terá – inconscientemente 
– como função inferior a intuição extrovertida. Por exemplo, se uma pessoa é 
do tipo sentimento, a função pensamento não será uma função auxiliar, pois 
Senso comum e conhecimento científico82
também é uma função de julgamento e, neste caso, inconsciente. Segundo este 
autor, para este indivíduo do tipo sentimento, a função secundária ou auxiliar 
seria a sensação ou a intuição. Veja as definições de Franz:
Sensação: essa função privilegia os órgãos dos sentidos. É a função que 
nos diz que algo existe. As pessoas que preferem receber informações pela 
sensação são pessoas voltadas para o aqui–agora, mostrando-se práticas e 
realistas. Elas tendem a aceitar as coisas como lhes parecem ser, não utili-
zando muito a imaginação. Preferem ver as coisas funcionando em vez de 
criar novos caminhos.
Elas preferem ver as partes em vez do todo, aprendem melhor uma tarefa a 
ser executada quando os passos práticos para tal são explicitados. Apresentam 
bom controle psicomotor e preferem relacionar-se com coisas concretas e 
objetivas. Por exemplo, são pessoas do tipo sensação aquelas que, entrando 
em um ambiente completamente novo, podem descrever detalhadamente os 
objetos que compõem esse lugar (FRANZ, 1971).
O aluno sensitivo aprende com maior facilidade quando o educador segura 
em sua mão para formar a letra que está aprendendo. O toque físico como a 
mão em seu ombro ou em sua mão proporciona-lhe atenção redobrada, pois 
o sensitivo é bastante ligado ao corpo, à concretude das coisas. O educador 
deve explorar os sentidos como abordagem para o ensino: olfato, tato, paladar, 
audição e visão. Se acontecer de desenvolver alguma patologia, poderá estar 
ligada a algo bem corpóreo, como, por exemplo, a mania e a obsessão.
Outra maneira de receber informações é pela intuição, que está mais 
adequada aos sentimentais. O aluno do tipo pensamento pode sentir dificul-
dades nas relações que se fazem mais pelo sentimento, mas o aluno intuitivo 
será o “diferente”, o “esquisito”, o “estranho”, quando não aquele que precisa 
tomar Ritalina®.
O intuitivo não se fixa no dado concreto, no aqui–agora, mas vai além, 
buscando o significado intrínseco das coisas e de suas possibilidades futuras. O 
intuitivo vê o todo e não apenas as partes. Quando uma tarefa lhe é designada, 
ele precisa compreender o todo para poder realizá-la a contento.
São pessoas que preferem planejar a executar. Estão sempre adiante de seu 
tempo quanto a projetos e possibilidades. São mais criativas e inovadoras do 
que o tipo sensação; mostram-se, no entanto, inábeis para lidar com a realidade 
concreta de maneira prática e com a rotina de uma atividade qualquer, o que, 
para o sensitivo, é fácil e desejável.
Quando o educador pede para desenhar uma árvore, o aluno sensitivo 
pegará imediatamente o lápis e iniciará a tarefa; se errar, usará a borracha, e 
assim por diante. O intuitivo precisa de um tempo para formular essa árvore 
83Senso comum e conhecimento científico
em sua tela mental, em sua imaginação, para somente depois disso colocá-
-la no papel. Caso o educador lhe forneça esse tempo necessário para sua 
composição imaginativa, esse aluno não utilizará a borracha, pois sua árvore 
já estava pronta, restando apenas expressá-la totalmente acabada no papel. 
Esses alunos podem desenvolver ansiedade ou baixa autoestima caso lhe seja 
exigido que sua produção seja do modo sensitivo.
Por outro lado, “[...] quando o aluno é intuitivo e introvertido em sua atitude, 
os educadores poderão acreditar que ele seja antissocial, preguiçoso, desatento, 
etc.” (JUNG, 1991),gerando no aluno o mesmo sentimento de inadequação 
que, por sua vez, poderá progredir para patologias diversas.
Segundo Jung (1991), o aluno intuitivo utiliza bastante a imagem. Ele 
aprenderá com mais facilidade quando os educadores utilizarem contos, cantos 
e histórias. A música suave de fundo, essencialmente as músicas clássicas, 
podem ser um excelente veículo para sua aprendizagem, pois a música capta 
seu senso imaginativo, permitindo-lhe produzir de acordo com sua tipologia 
que primeiramente vai para a imagem para depois surgir no concreto.
Não é apenas um escape da realidade de um meio que não o acolhe como 
ele é, mas também uma necessidade altamente prazerosa, pois estão em seu 
domínio e lhes é fascinante, posto que o intuitivo é criativo e inventivo, de 
modo que sua mente já se encontra em sintonia e aberta ao novo e ao bizarro.
Você conhece aquela frase popular: “só não esquece a cabeça porque está 
grudada no pescoço”? Ela foi feita para os intuitivos. Eles não concentram 
sua percepção no corpo das coisas, mas sim em seus valores intrínsecos. É 
muito comum para o intuitivo fazer a compra do mercado automaticamente 
enquanto está desenvolvendo mentalmente aquele projeto de seu interesse.
Segundo Lessa (2003), é comum que o indivíduo que tem de dar uma aula 
no dia seguinte esteja mentalmente trabalhando nela, então ele pode guardar o 
controle remoto da TV dentro da geladeira. Também é bastante comum a esse 
tipo psicológico que o aluno esteja jogando com seus amigos no computador 
enquanto está estudando para a sua prova de matemática, motivo pelo qual os 
educadores se mostram surpresos por este aluno tirar nota boa sem estudar. 
Ele estuda, mas de sua maneira, ou seja, em sua tela mental onde o filme e 
o projeto se fazem. Da mesma maneira, é muito comum que este aluno não 
concretize aquele determinado projeto que antes lhe causava entusiasmo, 
pois, devido a já estar feito em sua mente, pode significar para ele que já está 
pronto, passando imediatamente a outro projeto.
Para o educador do tipo sensação, esse aluno é um preguiçoso e só faz 
bem as tarefas quando ele quer. Para o aluno intuitivo, o educador sensitivo 
é sufocante e irritante, pois está sempre o julgando negativamente, pois não 
Senso comum e conhecimento científico84
confia em seu trabalho, pois está sempre exigir tudo na hora em que ele quer 
e sempre fala as mesmas coisas.
Saiani (2003) afirma que o sensitivo percebe a sala escolar materialmente, 
elencando quantas carteiras há na sala, quem senta em cada uma delas, qual é a 
cor da sala – ou seja, suas características físicas. O intuitivo pode nem notar que 
existem paredes ou teto, mas sabe exatamente do que se passa emocionalmente 
naquele ambiente. Com muita facilidade, detecta se seu educador está bem 
ou mal, se a sua sala está acolhedora ou estressante, sente tudo e responde ao 
que sente e não ao que vê concretamente. Se o ambiente lhe é de algum modo 
hostil ou emocionalmente oneroso, poderá se sentir muito cansado e, de fato, 
dormir por 13 horas seguidas ou, simplesmente, somatizar.
E devido a nossa sociedade negligenciar esse tipo de percepção, o intuitivo 
pode nem ao menos se dar conta do modo peculiar de sua própria percepção. 
Assim, seu desconhecimento contribui para seu sentimento de inadequação 
e até de incompetência, pois, afinal, não percebe da forma como a maioria 
percebe, de modo que não responde como a maioria responde, então conclui 
que ele está “quebrado” ou que está no lugar errado, no mundo errado. Não 
podemos nos esquecer de que o olhar do outro é de grande importância, 
principalmente para aquela personalidade que ainda está em formação.
A dificuldade encontrada nesse tipo psicológico é a de que “[...] eles podem 
ter um excesso de confiança em sua intuição e, mediante isso, criarem fatos 
e até memórias falsas [...]” (JUNG 2004), as quais serão por eles defendidas 
como sendo completamente reais.
“O professor introvertido não empatizava com o aluno e, por isso, não entendia o que o 
aluno queria. Por estar completamente voltado para suas ideias, não reagia na direção 
do desejo pessoal de seu aluno, mas na direção das ideias que a pergunta do aluno 
nele despertavam; e isso tão rápida e profundamente, que logo se dava conta de um 
contexto maior, mas impossível de ser examinado naquele momento e apresentado 
de forma abstrata e bem elaborada; portanto, não foi por ser muito lento no pensar, 
mas pela impossibilidade objetiva de captar num piscar de olhos toda a extensão do 
problema e reduzi-lo a uma fórmula pronta.” (JUNG, 1991, p. 313).
85Senso comum e conhecimento científico
1. O que é conhecimento sintético?
a) Conhecimento anterior.
b) Senso comum.
c) Relativismo.
d) Toda mudança tem uma causa.
e) Analítico.
2. O que é metafísica? 
a) Conhecimento epistemológico.
b) Estudo da ética.
c) Intuição.
d) Verdades implícitas.
e) Moral.
3. Qual a relação dos conceitos de “a 
priori” e senso comum? 
a) Comprovação e análise 
pela ciência.
b) Conhecimento prévio.
c) Sentimentos.
d) Premissa.
e) Faculdades cognitivas.
4. O que são perspectivas para a 
teoria de Kant? 
a) Visão coletiva.
b) Visão metafísica.
c) Visão moral.
d) Visão ética.
e) Visão individual.
5. O que são faculdades 
ativas? 
a) Faculdade acadêmica.
b) Entendimento.
c) Intuição.
d) Perspectivas.
e) Juízo sintético a priori.
Senso comum e conhecimento científico86
CHAUÍ, M. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. 8. ed. São 
Paulo: Cortez, 2000. 
FRANZ, M. L. V. A função inferior. In: FRANZ, M. L. V.; HILLMAN, J. A tipologia de Jung. 
São Paulo: Cultrix, 1971. 
HUME, D. Inquiry concerning human understanding. [S.l.: s.n.], 1748.
JUNG, C. G. Chegando ao inconsciente. In: JUNG, C. G. (Org.). O homem e seus símbolos. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
JUNG, C. G. O problema dos tipos de atitude. In: JUNG, C. G. Psicologia do inconsciente. 
15. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. 
JUNG, C. G. Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991. v. VI.
LESSA, E. A contribuição da tipologia de Jung no processo de aprendizagem. Revista 
Aprender, São Paulo, ano 3, n. 6, nov./dez. 2003.
OFICINA DE LEITURA KANTIANA. Conhecimento “a priori” e “a posteriori”. [S.l.]: Oficina 
de Leitura Kantiana, 2011. Disponível em: <http://oficinakantiana.blogspot.com.
br/2011/05/conhecimento-priori-e-posteriori.html>. Acesso em: 13 ago. 2017. 
RUIZ, J. A. Metodologia da pesquisa: guia para eficiência nos estudos. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 1995.
SAIANI, C. Jung e a educação: uma análise da relação professor/aluno. 3. ed. São Paulo: 
Escrituras, 2003. (Coleção Ensaios Transversais, v. 4).
87Senso comum e conhecimento científico
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo: