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AS CORES NA COMUNICAÇÃO “Psicodinâmica das cores em comunicação” (Modesto Farina) e “A cor como informação” (Luciano Guimarães) O homem reage à cor de acordo com suas condições físicas e suas influências culturais. A cor é: • vista: impressiona a retina • sentida: provoca uma emoção • construtiva: tem um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade de construir uma linguagem que comunique uma idéia. Para estudar a cor como informação comunicacional, é preciso analisá-la sob a ótica de cada um dos três tipos de códigos que participam na construção da informação cromática: - Códigos primários: baseia-se na predisposição humana à leitura das cores. Nessa dimensão, analisa-se a construção físico- química dos estímulos e como funciona a percepção humana a eles. - Códigos secundários: é a ordenação e classificação dos estímulos cromáticos, manipulados pela linguagem verbal. - Códigos terciários: são os códigos culturais, socialmente compartilhados, armazenados e transmitidos de geração para geração. Códigos primários São os primeiramente ativados quando se observam as cores. Refere-se à decodificação da cor pelo aparelho óptico e pelo cérebro. Esse processo se baseia em estruturas preexistentes e por sistemas informacionais hereditariamente transmitidos. São considerados invariantes. 1. A recepção da informação visual Os objetos se manifestam aos nossos olhos por meio do reflexo de inúmeros feixes luminosos que os atingem. Todo o espaço tridimensional é ocupado por vetores luminosos em todos os sentidos. A projeção desses feixes que atingem as pupilas de nossos olhos definem nosso campo visual, uma área de quase 180°. A imagem se forma pela passagem da luz pela pupila, em seguida atravessando o cristalino (uma lente biconvexa) que converge os raios luminosos para a retina, uma membrana fotossensível, cuja camada nervosa é a responsável pela visão. O cristalino é o responsável pela perfeita projeção das imagens na retina. A precisão de foco da imagem só é possível devido à capacidade do cristalino de alterar sua convexidade. A visão de perto exige uma convexidade maior do cristalino, atingida por um maior esforço dos músculos. A visão de longe não necessita de uma convexidade maior do cristalino, então há um relaxamento dos músculos. Por isso, a visão de uma paisagem é relaxante, mesmo quando é apenas a sua imagem impressa. Em pessoas mais novas, o cristalino tem mais capacidade de “acomodação” para as diversas distâncias, sendo que essa capacidade se perde com o passar dos anos. No universo da cores, a percepção de espaço se dá de forma peculiar: As cores da faixa dos amarelos, laranjas e vermelhos são percebidas como “mais próximas” que as da faixa dos azuis e violetas, essas percebidas como “mais distantes”. Por isso, as últimas são percebidas com mais prazer pelas pessoas de mais idade e as primeiras pelos mais jovens. Ambientes cujas paredes são pintadas em tons de laranja ou vermelho tendem a parecer menores, porque essas cores “se aproximam” do observador. Se uma sala é pintada de azul, por outro lado, ela tende a parecer mais ampla. -Percepção de luminosidade: O controle de entrada de luz no olho é feito pela íris. Quando há pouca luz, os músculos da íris se contraem para abrir a pupila e permitir a entrada dessa luz. Quando há muita luz, a íris relaxa para fechar a pupila. Portanto, há menos esforço para perceber a luz. O que significa mais prazer. As cores de maior luminosidade são as que provocam maior prazer e, por conseguinte, atenção do receptor. Por isso, a cor amarela (considerada a mais luminosa depois do branco) apresenta a maior retenção mnemônica dentre todas as cores. Por isso, o amarelo é uma cor que oferece ótima legibilidade, sendo usada, por exemplo, nas legendas de filmes. 2. A percepção da informação cromática Quando uma imagem de determinada cor é projetada na retina por longo tempo, ocorre a saturação dessa cor. Quando cessa esse estímulo, é provocada a sensação da cor oposta. Ou seja, um estímulo cromático prolongado satura os canais da retina, que “solicitam” o retorno ao equilíbrio. O vermelho busca o verde (e vice-versa) e o azul busca o amarelo (e vice-versa). Como efeito, há a necessidade que o olho tem de se desviar do objeto cuja cor foi saturada e buscar a cor complementar para recuperar o equilíbrio. Uma vista saturada pelo amarelo busca o violeta, por exemplo. Com estes recursos também é possível contribuir no direcionamento da leitura de uma página impressa. A predominância de determinada cor atrairá o olhar para a cor complementar. Reação corporal à cor Embora não bem definidas cientificamente, reações físicas à cor têm sido observadas e largamente utilizadas em diversas áreas, como a psicologia, decoração, educação, artes, propaganda, medicina, etc. O efeito produzido pelas cores vai se manifestar em diversas reações físicas e segue, basicamente, uma escala que vai do vermelho (auge da estimulação física, com intensificação da circulação sangüínea e do ritmo cardíaco e aumento da pressão) ao azul (auge do relaxamento, com diminuição dos batimentos cardíacos e do ritmo da respiração). As cores e o fator idade Uma pesquisa do psicólogo J. Bamz alia o fator idade à preferência que o indivíduo manifesta por determinada cor. Vermelho 01 a 10 anos – idade da efervescência e da espontaneidade Laranja 10 a 20 anos – idade da imaginação, excitação e aventura Amarelo 20 a 30 anos – idade da força, potência e arrogância Verde 30 a 40 anos – idade da diminuição do fogo juvenil Azul 40 a 50 anos – idade do pensamento e da inteligência Lilás 50 a 60 anos – idade do juízo, do misticismo e da lei Roxo acima de 60 anos – idade do saber e da experiência Códigos secundários ou de linguagem Baseados em regras convencional e arbitrariamente definidas, os códigos secundários são a forma de se ordenar, classificar, registrar e armazenar a informação de cor, por meio da linguagem verbal. Há três parâmetros para definição da aparência das cores que são praticamente universais: Matiz: determina a própria coloração. Ex.: vermelho, verde, azul, ... Valor (ou luminosidade): é a denominação que damos à capacidade que possui qualquer cor de refletir a luz branca que há nela. Pode-se graduar a luminosidade da cor, seguindo atenuações ascendentes (a cor ganha luminosidade, tendendo ao branco) e as descendentes (perde luminosidade, tendendo ao preto). Saturação: determina a intensidade da cor. Uma cor saturada está exatamente dentro do comprimento de onda que lhe corresponde no espectro solar. “Satura-se” uma cor quando se busca a aproximação de seu matiz mais alto. Ao “desaturar” uma cor, ela vai se aproximando do cinza. Claro/escuro Duas cores fundamentais da sintaxe visual correspondem a esses dois extremos: o branco e o preto. Além do preto e do branco, as outras cores também podem ser classificadas dentro dos parâmetros “claro” e “escuro”, que pode se dar de duas formas: Pela luminosidade natural de cada cor (matiz): relacionada à capacidade que cada cor possui de refletir a luz branca que há nela. Das cores primária e secundárias, numa escala de 0 (preto) a 12 (branco), o amarelo é a cor mais luminosa (9), vindo em seguida o vermelho (8), o magenta e o verde (6), o cyan (4) e a menos luminosa é o azul-violeta (3). Pela atenuação do matiz: as cores mais