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EMBARGOS À EXECUÇÃO E IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA BASE LEGAL Os embargos à execução estão previstos nos arts. 914 e seguintes do CPC/2015, cabíveis quando a execução fundar-se em título executivo extrajudicial. A impugnação ao cumprimento da sentença está prevista no art. 525 do CPC/2015, cabíveis quando o fundamento for título executivo judicial. CABIMENTO Segundo a doutrina de Vicente Greco Filho (Direito Processual Civil Brasileiro. 19 ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, v.1, p.108) “Os embargos do devedor são o meio de defesa deste, com a natureza jurídica de uma ação incidente que tem por objeto desconstituir o título executivo ou declarar sua nulidade ou inexistência”. O art. 14 do CPC/2015 prescreve que o executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por título executivo extrajudicial por meio de embargos; estes serão distribuídos por dependência, autuados em apartado, e instruídos com cópia (art. 914, § 1º, in fine, do CPC/2015) das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade. Quando se tratar de cumprimento de sentença, a defesa do devedor se dará por meio de impugnação, conforme dispõe o art. 525 do CPC/2015. Portanto, na defesa da execução por título extrajudicial não existe contestação, e sim embargos; já no cumprimento de sentença, o meio processual adequado à defesa do devedor será a impugnação. PECULIARIDADES NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO São as seguintes as peculiaridades nos embargos à execução: Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231 do CPC/2015. Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta- se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. Nas execuções por carta, o prazo para embargos à execução será contado: a) da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens; b) da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º, do art. 915, do CPC/2015 ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no item a acima. Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229 do CPC/2015 (prazo em dobro). O comparecimento espontâneo do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de embargos à execução. Os embargos do devedor serão apresentados por petição, observando-se os requisitos da petição inicial (art. 319 do CPC/2015) e serão distribuídos por dependência, autuados em apartado, e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: a) quando intempestivos; b) nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido; c) quando manifestamente protelatórios. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos manifestamente protelatórios. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. O juiz poderá, à requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas à parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens. Há excesso de execução quando: a) o exequente pleiteia quantia superior à do título; b) ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; c) ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título; d) o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do executado; e) o exequente não prova que a condição não se realizou. Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à do título, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. Não apontando o valor correto ou não apresentando o demonstrativo, mos embargos à execução: a) serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de execução for o seu único fundamento; b) serão processados, se houver outro fundamento, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. Recebidos os embargos, será o exequente ouvido no prazo de 15 dias; a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência; e encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença. Nos embargos, poderá o executado alegar: a) inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; b) penhora incorreta ou avaliação errônea; c) excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; d) retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; e) incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; f) qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples petição, no prazo de 15 dias, contado da ciência do ato. Nos embargos de retenção por benfeitorias, o exequente poderá requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para apuração dos respectivos valores, nomear perito, observando-se o art. 464 do CPC/2015. O exequente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante de compensação. A rejeição liminar dos embargos ou a decisão que o resolver é recorrível mediante apelação. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas do valor do débito principal, para todos os efeitos legais. Além disso, o valor dos honorários fixado, de plano, ao se despachar a inicial, poderá ser elevado até 20%, quando rejeitados os embargos à execução. Cabe agravo do instrumento contra a decisão interlocutória que conceder, modificar ou revogar o efeito suspensivo aos embargos à execução. PECULIARIDADES DA IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA São as seguintes as peculiaridades da impugnação ao cumprimento de sentença: Transcorrido o prazo previsto no art. 523 do CPC/2015 sem pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para que o devedor, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. Na impugnação, o devedor poderá alegar: a) faltaou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; b) ilegitimidade de parte; c) inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; d) penhora incorreta ou avaliação errônea; e) excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; f) incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; g) qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148 do CPC/2015. Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229 do CPC/2015 (prazo em dobro). Se o devedor alegar que o credor, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, ele deverá declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do devedor e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao devedor grave dano de difícil ou incerta reparação. A concessão do efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens. Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito à parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos devedores não suspenderá a execução contra os que não impugnaram quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante. Mesmo que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao credor requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes podem ser arguidas por simples petição, tendo o devedor, em qualquer dos casos, o prazo de 15 dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. É lícito ao devedor, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo. O credor será ouvido no prazo de 5 dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa. Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de 10% e honorários advocatícios, também fixados em 10%, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes. Se o credor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo. A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. BIBLIOGRAFIA NISHIYAMA, Adolfo Mamoru. Prática de Direito Processual Civil. Para graduação e exame da OAB, 7ª Ed., GEN/ATLAS, 2015, p.273/278
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