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DISCIPLINA DE CIRURGIA GERAL E ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS Por Luís Felipe Okida Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 2 Cirurgia Plástica Cirurgia Craniofacial É uma área da medicina cirúrgica em que o cirurgião aborda pacientes com craniosinostoses (fechamento prematuro de suturas cranianas), fendas labiais, fendas palatais, e algumas outras malformações congênitas. è Craniosinostose: definido como fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas ainda intraútero ou logo após o nascimento, acometendo mais meninos do que meninas, e principalmente a sutura sagital. è Fissuras labiopalatais: são anormalidades mais comuns de recém-natos, acometendo 1 a cada 600 nascidos-vivos. A fissura labiopalatal compreende 45% das fissuras, a fissura palatina a 40% e a fissura labial a 15%, sendo que as fissuras podem ser unilaterais ou bilaterais. Crianças nascidas com tais condições podem ter outras anormalidades associadas, como na síndrome de Pierre Robin. O crânio é derivado do mesênquima e é divido em neurocrânio, acomodando o encéfalo, e viscerocrânio, representado pela face. O condrocrânio é a forma cartilaginosa inicial do neurocrânio, apresentando uma ossificação endocondral, que depois se torna intramembranosa. A viscerocrânio cartilaginoso é derivado dos dois primeiros arcos faríngeos. O neurocrânio é constituído pelos ossos frontal, temporal, parietal, occipital, esfenoide e parte do etimoide. Já o viscerocrânio é constituído pela maxila, mandíbula, vômer, outra parte do etmoide, concha nasal inferior, zigomático, palatino, nasal e lacrimal. Os ossos da calota craniana são ligados por suturas e no recém-nascido ainda não estão completamente fechadas, são as fontanelas. A fontanela posterior se fecha com 1 a 2 meses de vida, mas a fontanela anterior se fecha com 9 a 18 meses de via. A palatogênese parte de duas estruturas embriológicas. Há o palato primário, originário do processo palatino mediano na sexta semana de gestação depois da fusão dos processos nasais mediais, dando origem a porção pré-maxilar da maxila, que situa-se anterior ao forma incisivo. E há o palato secundário, que se origina dos processos palatinos laterais na sexta semana de gestação, originando o palato duro e mole, localizados posterior ao forame incisivo. Tais estruturas se fusionam posterior no plano mediano. O palato duro é importante para o processo de fala e alimentação, sendo o palato mole uma extensão aponeurótica mais posterior ao palato duro. Tal extensão é constituído pelos mm. Tensor do véu palatino, levantador do véu palatino, palatoglosso e palatofaríngeo. Dessa forma, ambos os palatos atuam de forma complementar. JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Sublinhar JOÃO PAULO Sublinhar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar JOÃO PAULO Destacar Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 3 A classificação mais aceita para as fissuras labiopalatais é a de Spina (1979), a qual leva em conta para suas divisões o forame incisivo. Dessa maneira, há três grandes grupos: fissuras pré-forame incisivo, fissuras transforame incisivo e fissuras pós-forame incisivo. • Fissuras pré-forame incisivo: são lesões que podem acometer os lábios, a região alveolar e o palato primário (situado anteriormente ao forame incisivo). - Fissura pré-forame unilateral incompleta - Fissura pré-forame bilateral incompleta (pega apenas os lábios) - Fissura pré-forame unilateral completa (lábio e região alveolar) - Fissura pré-formame bilateral completa (lábios, região alveolar e palato primário) • Fissuras transforame incisivo: são as lesões mais extensas e de maior gravidade, unilaterais ou bilaterais, atingindo lábio, arcada alveolar e todo o palato. - Fissura transforame unilateral - Fissura transforame bilateral • Fissuras pós-forame incisivo: são as lesões mais posteriores, podendo acometer úvula, palato mole e parte distal do palato duro. - Fissura pós-forame completa (pegas todas essas estruturas) - Fissura pós-forame incompleta: pode ser do tipo úvula bífida, palato mole bídifdo ou palato mole bífido com envolvimento de porção posterior de palato duro. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 4 ≠ Fendas submucosas: são difíceis de serem identificadas ao nascimento; tanto o palato duro quanto o mole podem ser acometidos. Normalmente aparece uma tríade de úvula bífida, translucência no palato mole e um ponto ósseo no culme posterior do palato duro. O diagnóstico só vem depois de investigar a voz anasalada que a pessoa apresenta. Algumas complicações são insuficiência velofaringiana, otite média e problemas na fala. Acredita-se que as fendas labiopalatais são decorrentes de fatores genéticos associados ao meio. Dessa forma, parece haver maior probabilidade de desenvolvimento se houver história familiar (e malformações congênitas) e também na exposição a determinadas drogas, como AINES, diazepam, álcool, tabaco e fenitoína. Usualmente a apresentação é isolado, mas pode vir associada com outros fatores constituindo uma síndrome, como comentado anteriormente. Uma outra classificação utilizada nas fendas labiopalatais é de LAHSHAL, que se encontra na figura a seguir. è Diagnóstico: o diagnóstico das fendas labiopalatais pode ser dado ainda na idade fetal por meio de USG, com exceção de fenda palatina isolada. O USG deve ser feito com 18 semanas de gestação e o diagnóstico pré-natal é importante para orientar os pais ao tratamento mais adequado. è Cuidado neonatal: é importante prover uma boa proteção de vias aéreas, o que pode ser feito com cânula/sonda nasofaríngea. Em casos de maior complexidade de obstrução de vias aéreas, pode se recorrer à posição prona e à glossopexia (aderir a língua ao lábio -> plicatura língua- lábio). Além disso, como a fenda não permite que o bebê exerça uma pressão negativa dentro da cavidade oral adequada, sua alimentação acaba sendo prejudicada. Desse modo, deve-se atentar para a alimentação da criança. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 5 è Reconstrução: Antes da cirurgia propriamente dita pode ser feita uma modelagem dos tecidos para facilitar o processo de reconstrução. Pode ser utilizado o “lip taping”, que é uma fita que liga os lados; pode ser feita uma modelagem alveolar, que envolve a colocação de uma chapa que auxilia no crescimento do palato, e ate uma modelagem nasoalveolar. A primeira cirurgia tem como intuito corrigir os defeitos anatômicos, dar funcionalidade às estruturas, melhorar a aparência estética, entre outros fatores. O tempo em que cada abordagem deve ser feita varia com o tipo de fenda em questão. É importante levar em conta a regra dos 10 para prosseguir com a cirurgia, isto é 10 pounds (4,5 kg de peso), 10 de hemoglobina e 10 semanas de idade (3º mês de vida). O princípio da cirurgia é restaurar os tecidos fora de seus lugares em suas posições normais. Isso envolve o uso de retalhos, bem como reposicionando e suturando fibras musculares.Dentre as técnincas existentes, o uso da técnica de Millard (retalho rotacional e avançado) é mais empregado nos casos de fissura labial unilateral, envolvendo o avanço de tecido mucocutâneo da porção lateral do lábio para a fenda e uso da porção superior do lábio. Também pode ser utilizada em um ou dois estágios para fissuras labiais bilaterais. Já o método de Tennison-Randall (técnica do retalho triangular) também pode ser utilizado no reparo de fenda labial, mas é mais reservado para casos severos. A cicatriz nesse método não fica tão estética. Nas fendas palatinas, uma das técnicas utilizadas até hoje é o procedimento de Von Langenbeck, que utiliza retalhos mucoperiosteais bipediculados. Outra técnica mais recente é a retroposição V-Y do palato. No caso de fenda palatal submucosa, a conduta é expectante e se opera somente se houver distúrbios de fala e insuficiência velofaríngea, por meio de reparo do palato e faringoplastia. Após 2 anos ou mais pode ser feita uma segunda cirurgia como revisão, corrigindo alguns defeitos residuais persistentes e desproporções. Nessa etapa normalmente são realizadas rinoplastia, veloplastia, faringoplastia, cirurgia ortognática e enxerto alveolar. - Enxerto alveolar: é realizado com intuito de proporcionar condição adequada para o crescimento da arcada dentária e evitar fístulas oronasais. Utiliza-se um enxerto ósseo da crista ilíaca ou da tuberosidade da tíbia, e tão procedimento deve ser feito por volta dos 8 a 11 anos de idade. - Cirurgia Ortognática: realizada nos casos de crescimento deficiente da maxila, devendo ser feita quando tiver completo o crescimento facial, que vai dos 16 a 19 anos. Dessa forma, temos: • Neonatal: cuidado com as vías aéreas, alimentação e modelagem • Aos 3 meses: primeira cirurgia (correção da fenda) • Aos 2 anos ou mais: segunda cirurgia (revisão e correção de resquícios) • Aos 8-11 anos: enxertia alveolar • Aos 16-19 anos: cirurgia ortognática se necessária. è Cuidados Pós-operatórios: deve-se atentar para problemas precoces, como deiscência da sutura ou infecção, devendo ser feito antibioticoterapia profilática. A longo prazo as complicações são problema de fala, anormalidades dentárias, deficiência nutricional, dificuldades auditivas, estresse psicológico, entre outros. A restrição dos cotovelos pode ser útil para evitar que a criança bata nas estruturas operadas. ≥ Sequência de Pierre Robin: Inicialmente descrita como síndrome de Pierre Robin, era um conjunto de anomalias representadas por micrognatia e glossoptose (queda da base da língua sobre a hipofaringe), o que estava associada à Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 6 insuficiência respiratória. Isso podia estar associado ou não à fenda palatina, sendo está normalmente em U nesses casos. Com o tempo, esta síndrome foi sendo melhor compreendida, passou a ser denominada Sequência de Pierre Robin (SPR), e atualmente é dita como síndrome de Robin Isolada. A micrognatia ou retrognatia seriam os eventos primários para levar à IR e fenda palatina. A glossoptose pode causar asfixia grave e levar a óbito se não for feita intervenção médica rápida. Tal fato ocorre mais em recém-nascidos e uma maneira fácil de solucionar isso é a colocação de uma cânula nasofaríngea. Existem algumas síndromes associadas à SPR, como a síndrome de Stickler, de Tricher-Collins, velocardiofacial ou DiGeorge, síndrome alcoólica fetal e síndrome cerebrocostomandibular. Por fim, a abordagem cirúrgica d etal paciente é semelhante a do paciente com fenda labiopalatal comentada anteriormente. è Referência Bibliográfica: - Textbook of Plastic and Reconstructive Surgery; cap. 12 – Craniofacial Surgery: craniosynostosis, syndromes and cleft lip and palate. 2016, University College London. - Prevalência dos tipos de fissura em pacientes com fissuras labiopalatinas atendidos em um Hospital Pediátrico do Nordeste Brasileiro. Moacir Cymrot et al. Rev. Bras. Cir. Plást. 2010 - J Pediatr (Rio J). 2005;81(1):14-22: Síndrome de Pierre Robin, crescimento, fissura palatina, obstrução das vias respiratórias. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 7 Aula Enxertos e Retalhos Prof. Maria Lídia – 14/02/12 Na escala dos fechamentos de ferida, inicia-se com o fechamento primário com uma sutura, depois fechamento por segunda intenção, depois enxerto e retalho. Na epiderme não há vaso sanguíneo, quanto mais fina for a retirada de pele no enxerto, menor quantidade de vaso levará com este. Na derme há uma parte mais superficial que entra em contato com a epiderme, sendo a papilar superficial e uma parte mais profunda, a reticular profunda. A derme contém colágeno, capilares dentre outras estruturas. - Enxerto: transferência de tecido, podendo ser de pele, gordura, músculo, osso, sendo a de pele estudada hoje. Há uma quantidade de tecido, não havendo uma ponte entre o local doador e o receptor. Este que fornecerá a vascularização do enxerto. A pele é retirada com a faca de Blair; quanto mais fino o enxerto, melhor a adaptação. Quanto maior a profundidade do enxerto, pode levar uma dificuldade a ser integrado, podendo resultar em uma cicatriz feia. Mas para se ter uma pega melhor, o enxerto deve ser mais fino. - Retalho: o suprimento sanguíneo em sua totalidade (ou parcialmente) tem seu suprimento sanguíneo original após ter sido pelo sítio receptor. Isso permite uma cicatrização mais acelerada do que o enxerto. 1.0) Enxertos - Classificação: • quanto à constituição histológica: - simples: apresenta um único tipo de tecido - composto: constituído por dois ou mais tecidos. • quanto à fonte de obtenção: - autólogo: fonte do mesmo indivíduo - alógeno ou homólogo: mesma espécie -> é de caráter temporário. - heterólogo ou xenoenxerto: espécies diferentes -> é de caráter temporário, como se fosse um curativo, o que aumenta a granulação/cicatrização, permitindo a redução de infecção e posteriormente pode ser feito enxerto autólogo. • quanto à espessura: - parcial: contém 100% da epiderme e apenas parte da derme. É mais utilizado no doente queimado. Mais rápida é a cicatrização. - total: toda a epiderme e toda a derme incluindo as estruturas anexiais. Nesse caso, como a hipoderme não cicatriza, a área doadora acaba se tornando uma outra ferida. Portanto, ao se retirar um enxerto total, deve-se pensar nisto, planejando como será o fechamento da área doadora. + parcial fino: melhor sobrevida e cicatriza mais rapidamente. No entanto é pouco resistente ao trauma e fica com uma coloração diferente da área receptora. Em áreas de muito trauma/atrito, um enxerto fino pode acabar evoluindo para uma úlcera e carcinoma, úlcera de Marjolin. Além disso, a contração secundária é máxima. + Parcial grosso: apresenta menor contração secundária, maior semelhança com a área vizinha. Sobrevida mais baixa e cicatrização lenta. + Espessura total: melhor do que os outros, mas por ser mais espesso a taxa de sobrevida é menor, por isso importante retirar toda a gordura da derme no enxerto. As áreas doadoras são limitadas e deve ser fechada cirurgicamente. ≥ Contrações primárias e secundárias: JOÃO PAULO Destacar Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 8 è Indicações para enxertos: feridas extensas (funciona como uma queimadura de fase tardia),queimadura, cirurgias específicas, como ressecção tumoral; área de infecção prévia com perda de pele extensa e razões cosméticas em cirurgias reconstrutivas. • enxerto com espessura parcial: utilizado quando a aparência estética não é o problema principal e o tamanho da ferida é muito grande para receber um enxerto de espessura total. Além disso, utilizado em úlceras crônicas, cobertura temporária, queimaduras e correção de desordens de pigmentação. Pode ser utilizado em áreas de pouca vascularização (úlcera crônica), áreas de flexão e queimadura. Nos enxertos de mucosa, o enxerto de pele parcial é ideal, visto que este sofre metaplasia e torna-se semelhante a um tecido de mucosa. • enxerto com espessura total: utilizado quando o tecido adjacente tem lesões pré-malignas ou malignas e impede o uso de retalho local (pacientes com alto risco cirúrgico para se fazer retalho, uma cirurgia mais longa do que o enxerto); locais específicos que têm boa indicação para enxerto de pele de espessura total, como ponta nasal, borda da hélice, região frontal, pálpebras, canto interno, concha e dedos. ≠ curativo de Brown: é uma curativo compressivo envolto por fio, para promover aderência do enxerto ao local receptor. è Origem dos enxertos: + Enxerto de pele com espessura parcial: couro cabeludo, coxa, nádegas, parede abdominal e supra-clavicular. + Enxerto de pele de espessura total: região retroauricular (para pálpebra), pele de pálpebra superior, virilha, supra-clavicular. Às vezes, é interessante retirar enxerto da mesma região da área receptora, porque se faz apenas um curativo. - Fisiologia dos autoenxertos: 1º) Integração: fase de embebição plasmática, fase inoculatória, fase de revascularização (5º- 7º dia) • Embebição plasmática: ocorre nas primeiras 48 horas; o enxerto recebe água e eletrólitos, por diferença de pressão, sendo nutrido por osmose. • Revascularização: inicia-se no 3º-4º dia, com anastomose de brotos neoformados no leito receptor e vasos de pequeno calibre do enxerto. A revascularização linfática ocorre simultaneamente. ≥ Reinervação: inicia-se a partir do 14º dia após a enxertia, levando de 10 a 15 meses, mas mesmo assim o processo não se faz completamente. Quanto maior a fibrose local e mais fino for o enxerto, menor a inervação e menor será o retorno à sensibilidade. Inicialmente retornam as sensibilidades dolorosa e tétil, e depois a térmica, isso se retornarem. 2º) Contração: dura do 10º dia até 6 meses. Os enxertos de espessura parcial apresentam maior retração do que os totais. - Condições para sobrevivência do enxerto: manter contato íntimo do enxerto com o leito receptor, como curativo de Brown ou compressivo; manter imobilização por 5 dias, retirando tensão, hematoma, seroma ou secreção purulenta. Um bom suprimento sanguíneo e tecido de granulação rico, nos casos de músculo, periósteo, pericôndrio e paratendão. Nos casos de osso (exceto órbita e maxilar), cartilagem e tendão, pode ter pobre suprimento sanguíneo. Por fim, retirar infecções. - Como obter o enxerto: Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 9 • faca de Humby/Blair: quanto menor quantidade de sangue que sair da área doadora, mais fino é o enxerto. • mesh graft: aumenta a área do enxerto por meio de fenestrações, necessitando do expansor de Tanner. Acaba gerando áreas de cicatrização por segunda intenção. Os enxertos de espessura de pele total são obtidos através de lâminas de bisturi, enquanto que os de espessura parcial são obtidos por meio da faca de Blair/Humby ou dermátomo elétrico. Nas áreas doadoras de pele total, a síntese da ferida é feita com sutura simples ou, se necessário, por enxerto de pele de espessura parcial. Já as áreas doadoras de pele parcial são tratadas com curativos contendo pomadas enzimáticas (como colagenase). 2.0) Retalhos Pode ser levada parte da vascularização ou toda ela. É preferida quando há necessidade de cobertura acolchoada e duradoura, como região plantar. Mesmo com um enxerto de espessura total não seria o suficiente, pelo atrito constante. Existem desde o retalho cutâneo até o retalho microvascular livre. Enxertos Retalhos Limitado ao transplante de pele Pode levar outros tecidos Depende do leito receptor para nutrição Tem suprimento sanguíneo próprio Cosmeticamente pode descolar ou retrair Boa tonalidade, menos provável de retrair Menor possibilidade de sobreviver no leito receptor com nutrição questionável Pode ser usado no leito receptor com nutrição questionável Requer curativo compressivo Não requer curativo compressivo - Vantagens do retalho: possibilita rápida reconstrução, boa combinação de cor e textura e o suprimento sanguíneo é confiável e adequado, com algumas exceções, como pacientes ateroscleróticos, diabéticos, entre outros. A não pega do retalho ocorre quando há acometimento vascular, como tensão muito grande (em locais longes, por exemplo), lesão vascular prévia. O retalho deixa um defeito na área doadora que será fechada primariamente ou com enxerto de pele. - Por que utilizar um retalho: o retalho é mais elegante, enquanto o enxerto é resolutivo. Fornece cobertura em estrutura importantes expostas, articulações, contraturas, áreas de pressão, áreas a serem irradiadas, cavidades infectadas e busca de um resultado estético melhor. Além disso, para restabelecer a integridade anatômica e fisiológica, e para ajudar a cicatrização de feridas de evolução arrastada. O retalho melhora a sensação de uma área (retalho sensitivo). Utilizado quando uma ferida não apresenta as bordas aproximáveis e preconizado nos reparos faciais. è Classificação dos retalhos: 1) Quanto ao suprimento sanguíneo: • randomizado (ao acaso): retalho não tem um vaso específico na sua base (plexo dérmico / subdérmico) e comprimento limitado 2:1. • axial: artéria específica na base que corre ao longo do retalho e o comprimento corresponde ao território da artéria. 2) Quanto à proximidade do sítio doador: • local: imediatamente adjacente ao defeito • regional: movido de uma região adjacente • distante: movido de uma área anatômica distante ≠ pediculado: movido com uma ponte de tecido intacto para suporte Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 10 ≠ ilha: não existe pele intacta como suporte, mas move-se sob pele intacta 3) Quanto aos componentes: pele, músculo, osso... 4) Quanto à autonomização: corta-se a extensão do retalho que será utilizado para promover uma neovascularização, abrindo vasos obstruídos e melhorando a microcirculação, isso antes que o retalho seja retirado de seu local de origem. O retalho é transferido de 2-3 semanas mais tarde. Útil em pacientes de alto risco, como tabagista e diabéticos. 5) Quanto à configuração: A- Avançamento (ou deslizamento): o tamanho do retalho é 3 vezes o defeito, tendo um configuração linear; movido por deslizamento. Pode ter configuração V-Y. B- Rotação: linha de tensão maior... C- Transposição: passa por cima de um tecido, devendo ser um pouco maior. São exemplos o retalho romboide, zetaplastia, Wplastia e retalho bilobado. D- Interpolação: o pedículo cruza o tecido interposto (cirurgia em 2 tempos); base não é contígua com defeito primário. E- Pediculado: incisão em todas as bordas do retalho; pedículo fica no subcutâneo. A neovascularização do retalho ocorre em geral de 3 a 7 dias após a transferência. Ocorre através de crescimento direto e inoculação – refere-se a anastomose dos capilares em torno do leito receptor e os vasos preexistentes.- Como monitorar o retalho: observar a cor do tecido, o calor e turgor, avaliar branqueamento e tempo de preenchimento capilar. Se este estiver devagar, traduz isquemia e se for rápido traduz congestão. Pode ser utilizado um vasodilatador para ver se passa mais sangue. - Complicações do retalho: formação do seroma (coleção de líquido), formação de hematoma (pode acabar comprimindo vasos), necrose superficial da pele, deiscência da ferida com eventual perda da parte ou de todo o retalho, necrose gordurosa e infecção da área doadora. + Causas de perda do retalho: pobre conhecimento anatômico ao levantar (de tal forma que o fornecimento de sangue é deficiente desde o início), retalho posicionado com muita tensão, infecção local ou paciente séptico, curativo aplicado com muita força em torno do pedículo. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 11 Aula Cicatrização de Feridas Prof. Michel Vaena A cicatrização é conjunto de fenômenos humorais e celular que permitem o reparo tecidual e a manutenção do funcionamento de tal órgão. Já na regeneração há um retorno completo do original, como ocorre no fígado e o osso. A pele não se regenera, somente no feto ocorre regeneração. - Fechamento por primeira intenção: confere cicatrização de melhor qualidade. - Fechamento por segunda intenção: a cicatrização se dá dos bordos para o centro, sendo uma cicatrização de pior qualidade. Deve ser feita em alguns casos, como em feridas que contém secreção purulenta (drenagem do pus pela abertura da ferida). As feridas proctológicas são muito contaminadas e por isso não se dá ponto, bem como ocorre em mordida de animais (cachorro; no rosto pode lavar bem e fechar, além do antibiótico). Com os passar dos dias ocorre uma contração cicatricial que aproxima as bordas. Existe a cicatrização terciária (primária tardia), na qual a ferida é deixada aberta por algum tempo, a fim desta tornar-se limpa e possibilitar a drenagem de secreção, e posteriormente as bordas são aproximadas para agilizar o processo se cicatrização. É utilizada em feridas contaminadas ou sujas. è Tipos de cicatrização: - Primário - Secundário - Terciário O tecido de granulação apresenta um aspecto rugoso, coloração rubra e se tocar sangra, sendo o tecido de cicatrização. As feridas crônicas são feridas que demoram mais de 3 meses ou 12 semanas para cicatrizar, significando que provavelmente tal ferida não irá fechar por segunda intenção. Desse modo, deve-se realizar um enxerto. Ferida crônica = ferida > 3 meses ou 12 semanas É importante que as feridas sejam tratadas, para que a evolução não resulte em câncer, como ocorre na úlcera de Marjolin. Exemplo: úlcera de Marjolin Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 12 è Fases Evolutivas da Cicatrização • Inflamação (fase reativa): 2 a 3 dias -> mais importante nessa fase é a hemostasia e ativação de neutrófilos, também macrófagos e plaquetas. • Proliferação (granulação + fibroplasia): 3 a 45 dias -> nessa fase é importante a ativação dos fibroblastos, células produtoras de colágeno, este que forma o tecido de granulação associado a uma neovascularização. • Maturação (contração): 45 dias a 2 anos -> pode começar um pouco antes; as fibras de colágeno são alinhadas e os fibroblastos se diferenciam em miofibroblastos, adquirindo miosina e actina, e então são capazes de contrair. A contração é um fenômeno fisiológico da cicatrização, já a contratura ocorre patologicamente, quando a contração atrapalha a cicatrização e o bem estar do paciente. Inflamação Proliferação Maturação (neutrófilos) (fibroblastos: tecido de granulação/neovascularização) (miofibroblastos: contração) _________ / __________________ / ________________________________________ 2º 3º 45º 2 anos Nas cicatrizes que apresentam aspecto de contratura e são inestéticas, pode ser colocado um expansor, para expandir pele sadia e em um segundo tempo deve ser feita a exérese da cicatriz e suturar a pele expandida sobre a antiga área cicatricial. Exemplo: Paciente com expansor de pele Quanto mais cranial a ferida, melhor a cicatrização, enquanto que quanto mais caudal a ferida, pior a cicatrização. + Fatores que afetam a cicatrização: • Locais: - infecção - localização: ferida proximal/caudal cicatriza mais rápido que distal/caudal. Tanto que a retira de fios de sutura nos pés deve ser feita em 3 semanas após a ferida, enquanto que no rosto é geralmente 1 semana. - radioterapia -> a ferida de radioterapia não fecha por segunda intensão; não se deve fazer enxerto porque a área vascular receptora é deficiente, mas sim realizar um retalho. • Sistêmicos: - deficiências nutricionais -> deficiência de vitamina C (conversão de prolina em hidroxiprolina) - diabetes e obesidade - uso de corticoides - tabagismo Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 13 - QT e RT - ICC, isquemia... + Linhas de Langer/Kraissl: representam as linhas de menor tensão da pele, sendo perpendiculares às fibras musculares subjacentes. Deve realizar uma sutura paralela às linhas de tensão, para que a cicatriz seja em uma área de menor tensão e que tenha melhor resultado estético. Exemplo: colecistectomia -> ao se fazer uma incisão mediana, apesar de estar perpendicular às linhas de tensão da pele, o que pode conferir uma sutura inestética, no entanto não rompe a musculatura abdominal anterior, não deixando o abdômen ficar abaulado após a cirurgia. è Cicatrização anormal (hiperplásica): - Pode ser classificada em: • cicatriz hipertrófica: respeita o limite da incisão/ferida; é grossa no início e involui com o tempo. • queloide: avança além da cicatriz; somente ocorre na espécie humana; apresenta um crescimento tumoral, não para de crescer, mas histologicamente não pode ser classificado como neoplasia. O queloide é mais comum em negros, menos comum em asiáticos, e menos ainda nos brancos, mas com a miscigenação isso pode não valer. A região pré-esternal é muito propensa a queloide. A cicatriz em uma área de movimentação contínua gera uma tendência em engrossar a cicatriz. - Tratamento: após a retirada do fio cirúrgico pode ser utilizado placa de silicone, ou malhas elásticas compressivas, que promovem compressão mecânica e promovem certo grau de isquemia, o que diminui a proliferação celular. O queloide pode ser sintomático, como prurido, podendo ser feita infiltração do corticoide, sendo a mais feita a triancinolona. Ao se fazer a exérese do queloide, como há chance de recidivar, deve-se fazer corticoide nas primeiras 48 horas, principalmente 24 horas, após a cirurgia de retirada do queloide, para evitar a recidiva. Antes de 2-3 meses não se deve injetar corticoide na cicatriz hipertrófica. Há também injeção de neomicina. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 14 Exemplo: placas adesivas de silicone Aula Tumores Cutâneos Prof. Maria Lídia – 14/02/17 1.0 ) Tumores Benignos Epidérmicos + Ceratose Seborreica: múltiplas pápulas verrucosas castanhas / negras. Ele desgruda e depois volta a crescer. Tratamento é com eletrocoagulação. Não tende a malignizar. + Ceratose Actínica: diagnósticosomente por histopatológico, porque pode confundir com a ceratose seborreica. Trata-se de uma lesão pré-maligna e o tratamento é com exerése da lesão. + Corno Cutâneo: solta se tentar tirar, apresenta forma cuneiforme e pode se tornar uma lesão maligna espinocelular. O tratamento é com ressecção e o histopatológico. Caso a margem esteja insuficiente, deve- se ampliar a margem. + Ceratoacantoma: pode evoluir para carcinoma espinocelular, mas é uma lesão benigna, se assemelhando a uma lesão maligna. É necessário a ressecção com o histopatológico. + Verruga: lesão comum que não cursa com malignidade. Pode ser por autoinoculação. Deve-se fazer cauterização química ou crioterapia. 2.0) Tumores Benignos das glândulas sudoríparas + Seringoma: comum em pálpebras e região malar. O tratamento é com eletrocoagulação. + Adenoma sebáceo: dilatação da glândula sebácea que não retorna ao normal. O tratamento é com eletrocoagulação ou dermoabrasão. A lesão pode crescer até mesmo sobre a dermoabrasão. São lesões benignas. + Fibroma (acrocórdon): pedunculado; pode ser retirado com a tesoura e eletrocoagulação. 3.0) Tumor Benigno do tecido conjuntivo ≠ Queloide: seleção de fibroblastos altamente produtores de colágeno. A cicatriz queloidiana fica esbranquiçada com o tempo; a formação do queloide pode ocorrer algum tempo depois da cirurgia, mas normalmente ocorre próximo e vai paulatinamente crescendo, raramente involui. O tratamento é por meio da ressecção cirúrgica, infiltração de corticoide, tentar reduzir a tensão tecidual na cicatriz. A betaterapia/radioterapia é feita no pós-operatório, diminuindo a seleção de fibroblastos e evita que ele cresça tão grande como antes. 4.0) Tumor Benigno Vascular ... 5.0) Nevos São proliferações benignas de melanócitos. São manchas ou pintas, salientes ou não. Pode ser juncional, na epiderme e derme, ou intradérmico ou composto. A localização do nevo é importante quando ele se maligniza, por conta da vascularização tecidual. Portanto, uma lesão pequena pode ser mortal em apenas alguns meses. Deve-se saber a regra do ABCD (PROVA!!): Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 15 A: assimetria B: bordas irregulares C: coloração variada D: diâmetro > 6 mm Estando presentes tais características, deve-se prosseguir com biópsia com uma margem pequena de segurança. Sendo confirmado o melanoma, deve-se aumentar a margem e procurar linfonodos satélites. Outras indicações de transformação maligna são: prurido, dor, alteração de coloração, inflamação, ulceração, crescimento assimétrico e derrame do pigmento além das bordas da lesão. - Tratamento: Por meio de resseccão com margem de segurança, entre 3-4 mm, normalmente 5 mm, que já é uma margem que pode ser curativa. Deve-se ressecar mesmo assintomático os nevos situados em região palmoplantar, genital, dedo, mucosas e áreas de trauma constante. 6.0) Tumores Cutâneos Malignos + Carcinoma Basocelular: é mais comum acima dos 40 anos, sendo decorrente da exposição à luz solar, podendo aparecer precoce conforme for maior a exposição, sendo uma relação diretamente proporcional. É o mais benigno dos tumores malignos. É uma lesão perolada, podendo se assemelhar a uma espinha; podem ser vistas teleangectasias. As bordas são cilíndricas e translúcidas. Parece uma espinha que não estourou e aumenta lentamente. Invade e destrói tecidos adjacentes. A metástase é rara, sendo para pulmões e ossos. O tratamento é com excisão cirúrgica, usando margem de segurança de 4 mm, mandando para a histopatologia. Se for um paciente com risco cirúrgico alto, pode ser feita a radioterapia, diminuindo o tumor e depois se faz a retirada do tumor. + Carcinoma Espinocelular: 15% das neoplasias epiteliais maligna, sendo mais comum na face, principalmente em lábio inferior. Está relacionado à exposição solar, mas também há outros fatores envolvidos. O crescimento é rápido, podendo se disseminar por invasão loco-regional, linfática e hematogênica. É mais agressivo em jovens e idosos. É tumor ulcerado. -PROVA: fatores predisponentes como radiação UV, alterações cutâneas inflamatórias crônicas, como queilite actínica, dentes irregulares, próteses, mordidas de lábio crônica; uso de carcinógenos químicos como fumo, infecção viral (HPV) e imunossupressão, entre outros. - Tratamento: excisão cirúrgica com margem de segurança maior, de 0,5 a 1 cm de margem de segurança; pode ser feita radioterapia, mas o método resolutivo é a extração cirúrgica. Se na região cervical houver gânglios, provavelmente há metástase ganglionar e retirar tais linfonodos. ≠ Doença de Bowen: é um carcinoma espinocelular in situ, sendo um tumor de crescimento mais lento. É denominado como tal doença quando acomete a pele, ficando uma crosta que não se resolve; tem limites bem definidos. ≠ Eritroplasia: é o carcinoma espinocelular in situ de mucosa, podendo ocorrer em mucosa genital, entre outras regiões. O tratamento de tais tumores é com ressecção cirúrgica. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 16 + Melanoma: mais comum nos brancos, nos negros pode ocorrer em região palmoplantar. O melanoma se origina a partir dos melanócitos. Em 50% dos casos o melanoma se origina de um nevo (nevo displásico). Raramente apresenta localização extra-cutânea, como globo ocular, mucosas e meninges. A etiologia envolve fatores genéticos, como pele mais clara, sendo 12 vezes mais comum em brancos, além de fatores ambientais, como exposição solar (radiação UV). - Formas clínico-patológicas de melanoma: • melanoma de propagação superficial: forma mais comum, atingindo principalmente a meia idade, tendo um crescimento periférico. • lentigo maligno: mais comum na face, em área cronicamente expostas ao Sol. • melanoma acral lentiginoso: mais frequente em negros e asiáticos, sendo mais comum nas plantas dos pés. É mais redondo. • melanoma nodular: não cresce para os lados, mas sim para as profundidades. Mais frequente em mulheres, apresentando metástase precoce (mais perigoso por apresentar crescimento vertical); em geral é assintomático. - Tratamento: cirurgia ampla com ressecção ganglionar, radioterapia, quimioterapia sistêmica. Se a doença for avançada, aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida. Se a detecção for precoce, há 100% de cura. Se a lesão for Breslow I, sobrevida em 5 anos; se for ≥ 3 mm (Breslow IV e V), a sobrevida em 5 anos é menor que 10%. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 17 Aula Cirurgia Estética I – 16/02/17 Profa. Denise Salles 1.0) Lipoescultura: poucos comentários sobre. Resumidamente, é a retirada de gordura de um local do corpo e reintroduzi-la em outra região. 2.0) Lipoaspiração Quanto maior o calibre da cânula, mais profundo deve-se penetrar para não prejudicar (marcar) a pele, enquanto que nas cânulas finas é o inverso. Deve-se realizar uma marcação prévia, em posição ortostática. Depois realiza-se a infiltração, com adrenalina e soro para inchar o tecido adiposo e causar vasoconstrição, e depois realizar a lipoaspiração. Se faz anestesia peridural e não precisa infiltrar anestésico quando se infiltra a adrenalina. *Na técnica infiltrativa com adrenalina não se deve aspirar mais de 7% do peso corporal e ... Se a pele for uma pele espessa, principalmente do dorso, pode-se realizar uma lipoaspiraçãomais superficial, e se for mais fina, deve-se fazer mais profunda para não lesionar a pele. É uma cirurgia bem dolorosa, pode dar edema e equimose. Pode-se usar uma cinta de laicra para reduzir o edema, evitar sangramento e orientar a cicatrização. Importante que depois da cirurgia o paciente não faça dieta, pela necessidade proteica para a o processo cicatricial, sendo deixada para depois. Os exercícos mais pesados devem ser deixados para depois de 2 meses, pois a vasodilatação acaba provocando edema. O banho pode ser tomado após 24 horas da cirurgia e outros dizem 48 horas, visando a epitelização da ferida pós-operatória. Dessa forma, como tem muitos efeitos pós-operatórios, o resultado só pode ser avaliado após 6 meses de cirurgia, para então analisar a necessidade de cirurgia de retoque. è Complicações: - Locais: seroma (acúmulo de transudato entre a pele e a aponeurose; se for pequeno pode ser retirado com drenagem linfática manual, ou se for grande deve ser drenado; a cinta evita um pouco; importante que o paciente não tenha hipoproteinemia, pois provoca um seroma maior, portanto a importância da alimentação adequada), assimetrias, irregularidades, alterações de sensibilidade (pelo descolamento com a cânula), necrose (em lipo muito grande e descolamento da pele), hematoma, flacidez, hiperpigmentação, e insatisfação. - Sistêmicas: anemia, infecção (não é muito comum), perfurações (da parede abdominal ou da região lombar), TEP/TVP (por lesão endotelial; importante fazer a profilaxia), embolia gordurosa (não é letal na lipoaspiração, mas sim na lipoenxertia), toxicidade anestésica e óbito. + Lipodistrofia trocantérica (culote) -> deve-se proceder com a lipoaspiração e fica melhor em pacientes jovens pela maior elasticidade da pele. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 18 3.0) Abdominoplastia A etiologia das alterações na parede abdominal são decorrentes de múltiplas gestações, variação ponderal significativa, lipodistrofia, entre outras. Envolve a pele (flacidez, estrias, cicatrizes), panículo adiposo subcutâneo e músculo-aponeurose. São essas as estruturas operadas, e de acordo com as alterações em tais estruturas é que se vai definir a melhor técnica. Dessa forma, • Lipoaspiração com retirada de fuso de pele: feita em lipodistrofia e lipodistrofia com pequena flacidez. • Miniabdome: uma cirurgia menor, utilizada para lipodistrofia, flacidez infraumbilical e diástese dos retos. Não se deve ser realizada se foram alterações maiores. A incisão é um pouco menor que a abdominoplastia clássica, retira-se o excesso de pele e gordura, podendo ser feita a plicatura do reto abdominal, no caso de diástese. • Abdominoplastia clássica: para grande flacidez (infra e supraumbilical) e lipodistrofia importante. Consegue tratar até hérnias. Pode ser feita com (lipoabdominoplastia) ou sem lipoaspiração. Alguns cirurgiões alegam que o descolamento para fazer a lipoaspiração promovem uma perda das perfurantes, o que poderia gerar necrose. Mas isso depende de técnica, sendo que com a lipoaspiração o resultado é melhor. Realiza-se a marcação do tecido a ser retirado, e depois se faz a resseção prévia. O umbigo é deixado e depois é reintroduzido por meio de um retalho no tecido que desce da porção superior do abdômen. ≥ Abdominoplastia reversa: a ressecção se faz para cima, normalmente associada com uma cirurgia de mama; se esconde a cicatriz no sulco inframamário. è Complicações: hematoma, seroma (pode ser feitos pontos da aponeurose no subcutâneo, para reduzir o espaço livre onde seria acumulado seroma; são os pontos de Barudi), infecção, cicatriz alta, queloidiana, hipertrófica ou atrófica; alterações de sensibilidade, necrose (tabagismo Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 19 aumenta o risco), TVP e TEP (importante fazer a profilaxia; a cinta aumenta a estase venosa, paciente fica acamado, a posição favorece a estase, tudo isso aumenta o risco de trombose venosa), estenose do umbigo. ≠ contratura abdominal pós-seroma: uma complicação rara. ≠ atrofia pós-corticoterapia: pela injeção de corticoide equivocadamente para tentar tratar cicatrizes hipertróficas. 4.0) Gluteoplastia Uma cirurgia muito feita atualmente. A gluteoplastia de aumento tem como indicação a hipotrofia glútea. O glúteo é indissociável do contorno posterior e os depósitos ao redor o torna menos evidente. Como coloca-se um implante, se der infecção, será necessário retirar o implante. Outro medo é o acometimento do nervo ciático, podendo provocar neuralgia. Os principais músculos envolvidos nesse processo são o músculo glúteo máximo e médio. ≥Glúteo belo: maior projeção (2/3 superior), sulco glúteo, depressão trocantérica, tecido firme, musculatura firme e tonificada e projeção mantida em decúbito ventral. Antigamente a incisão para o implante era no sulco subglúteo, o que deixava uma cicatriz inestética. Hoje em dia se realiza uma loja dentro do glúteo máximo, descrita por Vergara em 1996. Em 2006, De la Penã abordou sobre um plano subaponeurótico, só que ninguém faz. Dessa forma, a gluteoplastia de aumento restaura o contorno, forma e volume da região glútea. Pode ser de tecido autólogo (gordura, retalho dermogorduroso e retalho muscular) ou materiais artificiais (implantes, preenchimentos). Pode ser combinado ou não. • Implantes glúteos: Conferem melhor projeção e forma arredondada; se der errado, é possível a retirada do implante, mas nos casos de injeção é muito mais complicado resolver. As formas são redondas, ovais perfil alto e baixo. A superfície é lisa, microtexturizada ou texturizada. O contéudo é de um gel altamente coesivo, e dá uma consistência mais dura do que a prótese mamária. Dá muito menos complicação este do que aquele. Os planos para colocação do implante são subcutâneo, subfascial, intramuscular e submuscular. Se faz uma incisão na prega intraglútea. Os cuidados pós-operatórios são: curativo compressivo sobre o cóccix, paciente fica em decúbito ventral ou dorsal com travesseiros levantando o glúteo, este deve ficar elevado, isso durante 1 semana a 10 dias. Podem ser utilizados analgésicos (tramadol) e relaxantes musculares. No primeiro dia de pós-operatório se deve deambular, sentar (contraditório) e banhar-se. Dirigir em 20 dias, exercício leve em 1 mês e pesados em 2 meses, porque complicações comuns são seroma na área do descolamento, deiscência da sutura. • Implante oval: mais indicado em glúteos extensos. - Complicações: infecção (mais significativa), ciatalgia (comum ocorrer na primeira semana, mas pode se prolongar e em casos raros é necessário retirar o implante), seroma e desicência da sutura; assimetria, hematoma (raro), seroma tardio (em implantes texturizados pela fricção), implante perceptível ou palpável; ruptura, rotação (na forma oval) e movimentação indesejada (mais em pacientes com musculatura frágil), sendo que tais alterações são raras. O diagnóstico de onde o implante está é feito com a TC com reconstrução 3D em decúbito ventral. Aula Cirurgia Estética II – 16/02/17 1.0) Blefaroplastia Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 20 As estruturas que se alteram nas pálpebras são a pele e as bolsas de gordura ao redor, que começam a herniar e aparecer com a idade. Na porção superior há uma bolsa de gordura medial e outra lateral, a glândula lacrimal está na região lateralbolsa de gordura lateral superior, podendo ser retirado iatrogenicamente. Na região inferior há três bolsas de gordura, uma medial, média (separada da medial pelo m. Oblíquo inferior) e outra lateral. è Bleforoplastia superior: Pode ser feita ressecção cutânea, muscular (retirada de parte do m. Orbicular), e ressecção de bolsas de gordura. Pode ser feito também a elevação do supercícilio, miectomia do corrugador, músculo levantador de pálpebra (abaixo do orbicular; com a idade pode resultar em pálpebra caída, sendo então corrigido) e ROOF (gordura retrorbicular) *miectomia do corrugador: na região como há nervos sensitivos pode gerar complicações como disestesia, então alguns cirurgiões preferem não fazer. Tal cirurgia é para corrigir as rugas que o bótox corrige, então este é uma melhor opção. A cicatriz fica no sulco palpebral superior, sendo visível só quando o paciente está de olho fechado. è Blefaroplastia superior: O acesso pode ser transconjuntival, por um retalho cutâneo ou retalho miocutâneo. Os objetivos são a ressecção de bolsas de gordura, a ressecção cutânea, cantopexia e cantoplastia. Na técnica transconjuntival só se consegue tratar as bolsas, para tratar a pele o acesso tem que ser pelo meio externo. No retalho cutâneo não se deve ressecar muita pele, senão pode gerar ectrópio. 2.0) Ritinoplastia Os sinais de envelhecimento facial são manifestados na forma de alterações cutâneas (discromia, ressecamento e adelgaçamento), formação de rugas e pregas pela contração muscular crônica, os tecidos vão perdendo tônus, associada a uma atrofia, inclusive de volume ósseo. Nos 2/3 superiores há perda de volume, envolvendo gordura e osso; além disso, ocorre ptose de tecidos moles, enquanto isso, pela gravidade e pelo acúmulo de gordura, no terço inferior há aumento de volume, formando uma face mais quadrangular (no jovem é mais triangular). A formação de rugas e pregas se dá pela contração crônica. Para cirurgia é importante considerar e conhecer a anatomia nervosa da face. O nervo motor que inerva a motricidade da face é o nervo facial, que apresenta cinco ramos. Sai pela glândula parótida e se ramifica em cinco: ramo temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula e cervical. Os ramos temporal e marginal da mandíbula são os de maior risco de lesão. Normalmente são lesões temporárias, e definitivas somente em 1% dos casos. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 21 è Procedimento cirúrgico: a escolha da técnica para corrigir o tecido em ptose depende do diagnóstico, do desejo do paciente e experiência do cirurgião. Pode ser feito com anestesia local com sedação (melhor, com menor índice de hematoma), ou anestesia geral. Se faz infiltração com adrenalina, para facilitar a divulsão. - Tratamento do pescoço: • acúmulo de gordura -> realiza-se lipoaspiração; se reforça a musculatura e corrige as bandas platismais, por meio de uma incisão submentoniana e plicatura do m. Platisma. Se identificam as fibras mediais, se descola um pouco, e depois se une as fibras na linha média. - Tratamento da face e do pescoço lateral: as incisões podem ser temporal pré-pilosa, pré-auricular, e mais uma. Infiltra-se a adrenalina, se faz a incisão e depois prossegue para o descolamento. - Tratamento das estruturas profundas: • SMAS (sistema musculoaponeurótico superficial)/platisma lateral: os tipos de abordagem são: + plicatura: mais segura para evitar lesão nervosa; não perde volume a face, mantendo seu volume. + smasectomia: retira uma faixa e depois une as bordas cruentas; perde-se um pouco de volume da face, ideal para pacientes com faces mais gordas. + retalho de SMAS: mais perigosa; para faces bem mais pesadas é melhor; Depois que se trata as estruturas profundas, retira-se o excesso de pele. Deve-se buscar uma aparência natural e cicatrizes imperceptíveis. ≠ Ausência de estigmas: posição e contorno auricular, lóbulo, costeleta, área glabra temporal. + Procedimentos ancilares: associados à ritinoplastia, que melhoram o resultado. São frontoplastia, lifting de terço médio, blefaroplastia, volumização (implantes, preenchedores sintéticos), aumento de lábios, encurtamento e tratamento de rugas periorais. - Complicações: o hematoma é mais frequente, mais comum em homens do que em mulheres. O tratamento é a drenagem do hematoma (se pequeno apenas abrir o ponto ou se grande levar para cirurgia). Outra complicação é a lesão nervosa dos ramos do nervo facial. A mais temida das complicações é a necrose de pele, tendo como causas o tabagismo, hematoma não drenado, retalho fino, tensão excessiva, curativos apertados e infecção. O tratamento é com curativos úmidos e cicatrização por segunda intenção; depois revisão das cicatrizes. Outras complicações são cicatrizes inestéticas e os estigmas (apagamento do tragus, lóbulo preso, área temporal alargada). A alopecia pode ocorrer nas incisões intrapilosas; lesões nervosas sensitivas (n. Grande auricular), insatisfações, entre outros. 3.0) Rinoplastia O objetivo é corrigir traumas ou a estética do nariz. O objetivo é procurar um nariz harmônico para aquele paciente. Deve ser realizada a partir dos 15 anos e importante é preservar ou melhorar a função nasal. Se a espessura de pele for maior, a alteração depois da cirurgia não será tão notável quanto se fosse em uma pele fina. Isso porque o que se corrige é a estrutura osteocartilaginosa, coberta pela pele. O nariz pode ser uma rinomegalia, nariz negroide ou inconformidade com o aspecto. É importante saber a expectativa do doente, para evitar insatisfações depois. O nariz esteticamente belo é aquele que está em harmonia com a face, dorso reto, entre outras características. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 22 O planejamento cirúrgico é feito com estudo das fotos. As estruturas importantes a serem corrigidas são o angulo do dorso nasal, angulo nasolabial, largura da base, espessura da ponta (ponta globosa, bem definida ou não); levar em conta o tipo de pele, desvios, assimetrias, depressões ou proeminências. O nariz apresenta uma anatomia externa e interna, sendo esta composta pelas cartilagens e osso. Quem define a ponta são as cartilagens alares, que possuem parte medial e lateral. è Técnica Cirúrgica: uma se chama fechada e outra aberta. A cirurgia é feita em decúbito dorsal, podendo ser por sedação ou anestesia geral. Se faz infiltração com adrenalina em concentração mais alta (80.000-100.000). As incisões podem ser intercartilaginosa, transcartilaginosas, marginal, e Reth (na columella). Rinoplastia Fechada Rinoplastia aberta Difícil abordagem da ponta e septo; trata melhor alterações no dorso Fácil abordagem ... incisão na columella (de Reth); se usa mais aberta do que a fechada pela facilidade Menos edema Mais edema Dificuldade para enxertar Menor dificuldade para enxertar Sem cicatriz externa Presença de cicatriz externa Ver técnicas para cada região do nariz, como ponta, dorso (osteotomia superior, cinzel curvo, rotação alar), cartilagens alares. Por fim deve-se proceder para a sutura, curativo, pode ser utilizado aquaplast. No pós-operatório é importante a elevação da cabeceira, pode ser necessário tampão nasal, sangramento é normal; o tampão é retirado no primeiro dia e pode ser colocada compressa fria nas pálpebras (incha bem); retirada do gesso no 6º dia; trocar o micropore durante 3 semanas. Não costuma ser doloroso; não assoar o nariz por 2 semanas; os pontos da mucosa são reabsorvíveis e da pele retirados comduas semanas. Pode ocorrer edema nasal, equimose ou hematoma nas pálpebras. Não usar óculos, evitar golpes sobre o nariz, filtro solar, cremes, evitar exercício durante 1 mês. A forma do nariz se modificará até 1 ano. - Complicações: sangramento, edema, infecção, retração cicatricial, assimetria, estigma de nariz operado, insatisfação do paciente. 4.0) Cirurgia Pós-Bariátrica ou de Ex-obesos A cirurgia bariátrica é feita para correção de obesidade mórbida (IMC>40 ou>35 com comorbidades). Se realiza uma redução do estômago e by-pass, existindo técnicas restritivas e outras disabsortivas, levando o alimento direto para o jejuno. Leva a uma perda ponderal rápida e importante, mas há limitações físicas, como intertrigos, dermatites, ulcerações, psíquicas. Geralmente perde-se de 40- 60% do peso inicial. Para melhorar a qualidade de vida a cirurgia plástica entra, para reduzir a flacidez cutânea e a lipodistrofia remanescente. Realiza-se um lifting corporal para correção de deformidades. A indicação é no mínimo 18 meses após a gastroplastia e após 6 meses de estabilização do peso, o melhor é se IMC < 30 ou 40% de redução. Normalmente, a ordem das abordagens é abdominoplastia, depois mastoplastia, cruroplastia ou braquioplastia. Caso o paciente não chegue ao IMC desejado, pode ser feita uma paniculectomia higiênica, para facilitar as atividades diárias e melhora funcioal. è Cuidados Pré-operatórios: • avaliação nutricional: hábitos alimentares e suplementos. A reposição é: - Cirurgia restritiva: ferro, cálcio, vit D e multivitamínico (100% do valor diário) - Cirurgia disabsortiva: ferro, cálcio, vitaminas B1, B12, C, D, e multivitamínicos (200% do valor diário) Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 23 • exames complementares: deve-se realizar hemograma completo, coagulograma, ureia, creatinina, glicemia de jejum, Na, K, EAS, beta-HCG (emagrecimento aumenta a fertilidade, as pacientes ficam grávidas). Importante fazer radiografia de tórax, ECG com risco cirúrgico, avaliação metabólico (zinco é importante para cicatrização, albumina também), USG da parede abdominal para investigar hérnias. • tratar lesões cutâneas, compensação do DM e HAS, estímulo às atividades físicas, reserva de sangue para autotransfusão (principalmente para abdômen), profilaxia para TVP/TEP (meia elástica, compressão pneumática, deambulação precoce e HNF ou HBPM). • interromper cigarro 6 semanas antes, parar AAS, ginko biloba, alho, ginseng, ticlopidina, clopidogrel, entre outros; acompanhamento e liberação pelo psiquiatra. ≠ Contra-indicações: distúrbios endócrinos, eletrolíticos, anemia e patologias de risco. è Planejamento cirúrgico: mínimo de 6 meses entre os procedimentos è Cuidados Pós-operatórios: dieta branda inicial, cintas especiais, cateterismo vesical, ATB profilática (cefalosporina de 1ª geração), curativos diários, prevenção de TVP, deambulação precoce, proibido álcool e fumo, acompanhamento psicológico. è Complicações: maior índice nos obesos, cicatrizes muito grandes, correções pós-operatórias frequentes, sangramento maior e hematoma pelo maior calibre de seus vasos. - Abdominoplastia pós-bariátrica: há grande flacidez da parede abdominal, redundância de pele e subcutâneo; pode ter incisão mediana da gastroplastia e de cirurgias prévias, além de hérnia abdominal. Importante fazer fisioterapia respiratória pelo aumento da pressão intrabdominal, que elevará o diafragma – saco de areia sobre o abdômen 20’ por dia. • Técnina clássica: trata apenas o excesso vertical anterior de pele e gordura; sobra na parte lateral e dorso • Técnina em âncora: trata o excesso vertical e o circunferencial (cicatriz é um T invertido); não precisa de descolamento de pele já que é tudo flácido (logo há menor formação de seroma). Marcação em posição ortostática e pinçamento digital. Pode ser feita plicatura aponeurótica. Tira também a flacidez do dorso. • Técninca Circunferencial (BELT): trata os excessos verticais anterior e posterior. A incisão anterior segue até a linha médiodorsal. Existe uma variação da BELT com a âncora. No pós-operatório deve-se sentar na posição de Fowler (posição semisentada a 45º). São inúmeras complicações, quanto maior o IMC, mais complicações como hematoma, epidermólise, necrose de umbigo, cicatrizes desniveladas, hipertróficas, sofrimento do T, infecção, granulomas piogênicos, atelectasia pela restrição respiratória, TVP/TEP. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 24 - Braquioplastia (lifting do braço): correção do excesso de pele e gordura do braço, remodela o braço, pela mais lisa, contornos suaves e aparência tonificada. Na anatomia cirúrgica é importante o sulco braquial interno, que pode ser local de cicatriz, ou uma cicatriz axilar; normalmente é uma cicatriz longitudinal em todo o braço. Tomar cuidado com o nervo cutâneo interno do braço e linfáticos mais superficiais na região do cotovelo (pode dar linforreia, linfocele). A avaliação pré- operatória considera a quantidade de pele, idade, grau de lipodistrofia e desejo do paciente; o planejamento cirúrgico abrange lipoaspiração, retirada de pele (ressecção). Os cuidados pós- operatórios é o uso de cinta, fazer curativo, evitar que fique úmido; toda cicatriz fica avermelhada nos primeiros 6 meses, edemas e equimoses. A maioria das complicações são decorrentes da cicatriz, necrose de pele, linforreia, assimetria, entre outros. - Cruroplastia: corrige a flacidez da coxa; no pré-operatório deve-se considerar a tração dos lábios vaginais, além disso deve avaliar o grau de flacidez cutânea e de lipodistrofia. A cicatriz pode ser na virilha, longitudinal e geralmente se associa lipoaspiração. Casos difíceis envolvem diâmetro da coxa muito grande e cirurgia em dois tempos. As contra-indicações são história prévia de TVP/TEP, linfedema de MMII, diabetes descompensada e problemas psicológicos. Os cuidados pós- operatórios são uso de cinta de lycra e meia elástica; evitar umidade e fontes de calor; evitar esforços físicos, MMII elevados e drenagem linfática manual. As complicações são linfocele na altura do joelho, linforreia, deiscência de suturas, seroma, epidermólise, entre outros. Aula Reconstrução Mamária Prof. Ana Claudia Roxo – 15/02/17 O câncer de mama é a maior causa de morte por câncer em mulheres em todo mundo. Com o diagnóstico precoce, aumentou o nível de incidência. Houve um aumento da taxa de cura, sendo uma sobrevida de 5 anos em 97% das mulheres se o diagnóstico for precoce. Além disso, pelo diagnóstico precoce, a conduta conservadora também aumentou. O retalho do grande dorsal para reconstrução mamária se data de 1906, mas ainda é muito utilizado. O retalho de reto abdominal já foi mais utilizado no passado, principalmente na década de 1990, mas hoje em dia se prefere o grande dorsal. No Japão utiliza-se bastante o retalho do músculo glúteo, que envolve muito treinamento. É um tipo de retalho muito bom. è Objetivo da reconstrução mamária: - objetivos: a reconstrução deve ser imediata sempre que possível, a não ser casos muito avançados, com câncer ulcerado, idosa, sem expectativa de vida alta, baixa sobrevida. A reconstrução pode ser feita inclusive na mesma cirurgia. Como a detecção é mais precoce, nem sempre precisa de radioterapia, a não ser em algumas exceções. Esta é boa para o câncer, mas lesiona a pele, causa fibrose de pequenos vasos, prejudicando Luís Felipe OkidaMEDUERJ 2018 25 microvascularização. O objetivo da reconstrução mamária é deixar um aspecto mais natural, duradouro, simétrico e menor comprometimento de outros tecidos. A reconstrução deve causar menos danos do que a doença; se a área doadora for ficar muito defeituosa, deve-se repensar. è Avaliar: tentar fazer uma simetria com a mama contralateral; a melhor técnica é a que apresenta adequação com a terapia adjuvante (conciliar com a radioterapia, por exemplo), entre outros fatores. + Reconstrução Imediata: è Vantagens da reconstrução mamária imediata: diminui um tempo cirúrgico, gera menor fibrose na área receptora, ausência de estigma que é mastectomizada, maior facilidade de modelamento pela menor fibrose. Na microcirugia pode-se aumentar a vascularização daquele retalho; se já há uma área com fibrose isso torna-se mais difícil, então o “supercharge” (potencializar a vascularização) é bom o quão mais imediato for. è Desvantagens: maior índice de insatisfação (entra com a mama e sai com um retalho); tem o prejuízo da radioterapia (pode distorcer o retalho entre outros aspectos negativos já comentados); as complicações da reconstrução pode retardar o tratamento adjuvante, como a radioterapia. *Radioterapia: se for uma com um aparelho de má qualidade (alguns de cobalto são ruins) tornam a área de pele com aspecto ruim. + Reconstrução tardia: è Apresenta melhor aceitação do resultado, a radioterapia não afeta o retalho; há fibrose, há estigma da mastectomia, maior déficit de tecido na área do plastrão mamário, maior dificuldade de modelagem. + Técnicas Cirúrgicas: • Reconstrução com tecido autólogo: retalhos locais/regionais, grande dorsal, TRAM, retalhos de perfurantes • Implantes com grande dorsal • Implante: com estágio único ou com expansor (elástico mais tenso e por dentro é vazio, tendo uma válvula por fora; coloca-se o expansor vazio e depois de implantado injeta-se salina pela válvula – 60 – 100 mL; com a fase de cicatrização de ferida depois continua a injetar; o objetivo é expandir o tecido, tornando a mama antes sem muito tecido agora propícia a receber um implante) ≠ Implante: precisa de uma boa cobertura para se manter no organismo, como glândula e músculo. Se for colocado sob a pele ele será extruído (infecção ou tecido não conseguiu aguentar a pressão), sendo assim, necessita-se de uma cobertura, normalmente o músculo. Como raramente se faz mastectomia com a retirada do músculo, o implante então é colocado debaixo do músculo, e dependendo bota-se o expansor antes para expandir os tecidos – a cada semana ( até o paciente sentir dor ou até atingir determinada porcentagem do implante). Com o expansor a pele consegue distender até 16 vezes. Nos casos em que a paciente será submetida à radioterapia, a cobertura do implante por tedico muscular diminui a chance de contratura muscular. Então, caso a paciente vá passar por radioterapia, evita-se a colocação de implante, mas se este for necessário, uma alternativa é associar a colocação do implante com o retalho ou tentar colocar o implante submuscular, para diminuir a chance de contratura capsular. - Tecido autólogo: apresenta similaridade com o paciente, se o paciente engordar este engordará também; sensação mais próxima do natural, ganho do contorno corporal e possibilidade de ganho Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 26 progressivos na forma. É uma cirurgia de maior complexidade, maior morbidade, maiores custos a curto prazo, cicatrizes adicionais (em áreas doadoras) e o retorno social é mais demorado do que os implantes. ≠ TRAM: retirada do retalho abdominal; não é uma cirurgia de abdominoplastia, ficando a cicatriz não tão boa como esta, tendo desvantagens importantes. É importante orientar isso ao paciente sobre o TRAM, que mimetiza uma abdominoplastia, mas não é. - Implantes: maior facilidade técnica, possibilidade de troca do implante, menor custo a curto prazo, entre outros. O implante pode gerar contratura capsular; forma-se uma película ao redor do implante, gerando um endurecimento do implante. Tal endurecimento apresenta quatro graus: grau I (paciente normalmente), grau II e III, grau IV (mama mais dura e mais alta, incomoda o paciente; o tratamento é a troca do implante). Uma teoria para tal ocorrência é por conta de um biofilme por uma microcontaminação, causando inflamação e aumento a borda do implante. Pode haver uma contratura somente unilateral. Não evolui para câncer. Uma paciente que é submetida a radioterapia tem maior chance de contratura capsular; não se manda paciente com implante para fazer radioterapia, mas sim com expansor. Os implantes geram mais revisões, maior custo a longo prazo e assimetria com o ganho ponderal (o implante não engorda conforme a pessoa engorda). è Escolha da técnica: ... è Desafio da reconstrução mamária: cobertura cutânea e muscular, o tamanho da lesão, anatomia do paciente, estágio ao diagnóstico, e radioterapia adjuvante (extensão da lesão) + Técnicas de tecido autólogo: • Retalho Locais: utilizado para mamas pequenas (segmentectomias); em associação com implantes; menor tempo cirúrgico, sendo preferido em pacientes idosas ou outras comorbidades. - Exemplo: retalho torácico lateral (Holmstrom) *Exemplo retalho local toracoepigástrico • TRAM – retalho transverso do reto abdominal - Indicações: O reto abdominal é a maior anastomose muscular do corpo, recebendo nutrição da artéria epigástrica superior e inferior, sendo suprível por apenas uma delas caso outra seja ocluída. Por ser um músculo longo, tendo duas vascularizações, estas não são tão constantes por ser um músculo muito grande. Para o retalho leva-se a área inferior (infraumbilical) para a região mamária, levando músculo e outros tecidos, já que os vasos estão dentro dos músculos. Muito utilizada na década de 80. O abdômen é muito Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 27 dinâmico, sendo uma área de muito estresse, e com o TRAM parte do abdômen fica sem músculo. Assim, principalmente em paciente gordas, meia-idade, com abdômen hipotrófico, a paciente normalmente fica com abaulamento mesmo com a colocação de tela. Além da tela, pode-se fechar primariamente a fáscia muscular, evitando o abaulamento. Portanto, caiu um pouco em desuso. Portanto, o ideal seria levar só a artéria com pele e subcutâneo e não levar músculo, só que necessita de microcirurgia, não sendo a realidade brasileira, somente em centros especializados do EUA, Europa e Japão. O paciente ideal é com excedente de tecido abdominal, recusa de implantes; trata-se de uma terapia de resgate; pode ser feito na mastectomia radical já que não se pode utilizar expansor, somente TRAM ou grande dorsal. Pacientes com mama contralateral de grande volume se beneficiam de TRAM, porque tal resultado simétrico é difícil de obter com o expansor. O “skin sparing” ou mastectomia poupadora de pele é uma cirurgia em que tira toda a mama e o mamilo, deixando só o envelope mamário (pele), e então bota-se o TRAM, ficando um ótimo resultado. Os fatores de risco para o TRAM são patologias microvasculares, como tabagismo, além disso obesidade, alterações microvasculares, e presença de cicatrizes abdominais, como cicatriz de Kocher (andar superior de abdômen, com risco de lesão de a. Epigástrica superior, e se lesioná-la, como retira a inferior, o abdômen pode ficar isquemiado). *Incisão de Kocher: subcostal direita para realização de colecistectomia aberta. As contra-indicações para o TRAM são pacientes psiquiátricos, pacientesmagra (sem abdômen doador), pacientes mórbidas (mais área para vascularizar, com maior risco de micronecrose), fumantes pesados e pacientes idosas. As perfurantes periumbilicais são muito importantes para a cirurgia, são necessárias para o retalho. Por isso corta-se o músculo mais alto, perto do umbigo, diferente da abdominoplastia. Por isso que a cicatriz do TRAM pode ficar alta, para aproveitar o plexo umbilical. ≠ TRAM monopediculado (apenas um reto abdominal): gera menor prejuízo da parede abdominal. É indicado para mulheres com mamas contralaterais de pequeno a médio volume, e pacientes sem risco microvascular. Coloca-se uma tela no local da retirada do músculo. *Classificação de Hartrampf: divide as áreas do retalho de acordo com a vascularização. Não será cobrado em prova. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 28 ≠ TRAM bipediculado: levam-se duas porções do reto abdominal. Produz grande dano à parede abdominal, devendo ser evitado. Pacientes com mama contralateral de grande volume é uma indicação, ou nos casos de mastectomia bilateral. Uma opção seria retalhos microcirúrgicos (anastomosa a artéria epigástrica inferior profunda com a artéria axilar ou toracodorsal). É um tipo de retalho muito difícil de ser feito, porque o paciente tem muita lesão abdominal. ≥ Retalho microcirúrgico: leva somente gordura e pele com a artéria nutrindo, não se leva músculo. - Complicações do TRAM: perda parcial do retalho (desbridamento, corticoterapia, hematócrito > 30%) ou necrose da área doadora, principalmente quando se usa a área 3 (?) da classificação de Hartrampf.. A necrose deve ser retirada e depois suturam-se as bordas. Pode ocorrer necrose da área doadora, mais é mais raro. Outra complicação é necrose gordurosa (monopediculado) ou liponecrose, que ocorre com implantes de zonas III e IV de Hartrampf; quanto maior o volume de gordura maior a possibilidade, e a maior incidência é em fumantes e obesos, sendo que a radioterapia pode gerar liponecrose também. Outra complicação é o abaulamento da parede abdominal, por falha de fechamento da fáscia na linha arqueada e denervação dos oblíquos adjacentes. ≠ TRAM microcirúrgico (livre): maior tempo cirúrgico e monitorização, como ver a glicemia do retalho; 10% sofre falência, há menos liponecrose, há mais liberdade de posicionamento, melhor definição do sulco submamário, menor morbidade abdominal e maior volume de retalho. Existe um retalho de TRAM microciúrgico que leva microvasos, que só é feito em Taiwan. • Retalho de perfurantes: utiliza-se ramo perfurante da epigástrica inferior. Deve-se realizar um doppler ou angio-RNM para procurar a perfurante. Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 29 • Retalho de Grande Dorsal: envolve a necessidade de implante. Desse modo, nesse retalho é importante tanto a quantidade de pele quanto quantidade de músculo, porque este cobrirá o implante, o qual não está presente do TRAM. O suprimento do retalho é a a. toracodorsal. Alguns problemas nesse retalho são assimetrias pelo ganho ponderal e contratura capsular, por conta do implante. Uma complicação rara é a escápula alada. Como o grande dorsal é um músculo fino, seu retalho não é indicado nos casos de reconstrução de mamas volumosas, bem como para ptoses significativas. Além disso, a presença de toracotomia prévia (lateral) indica que o músculo já foi seccionado anteriormente, o que pode ter comprometido sua vascularização, então tal condição é uma contraindicação para o uso do retalho grande dorsal. + Técnicas com expansor e implantes: • Expansor com implantes: gera menor morbidade, sendo por isso que se usa mais do que o retalho, e também pelo diagnóstico precoce. Normalmente se expande um pouco mais do que o volume da prótese para que depois a pele em excesso gere uma ptose mamária e se assemelhe mais à mama contralateral. Caso a paciente não precise de terapia adjuvante, pode-se colocar a prótese envolta por uma tela para não ocorrer extrusão. O expansor com implante demanda mais de um tempo cirúrgico, pode ocorrer contratura capsular e assimetria. Referência Bibliográfica: • Tratado de Cirurgia de Sabiston; 18ª edição - 2010 Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 30 Aula Mamoplastia Prof. Fernando Serra – 17/02/17 A mama adulta situa-se entre a 2 e 6ª costela no eixo vertical, entre o bordo externo do esterno e a linha médio-clavicular no eixo horizontal, propagando-se para a axila através do prolongamento axilar de Spence. A mama é constituída por pele, tecido subcutâneo e tecido mamário (parênquima e estroma). Importante equilibrar o continente e o conteúdo. Quanto mais velha a mulher, a glândula é substituída por gordura, tornando-se caída. A glândula atua na sustentação. A mama tem umas fáscia superficial e outra profunda, conectadas pelo ligamento suspensor de Cooper. A drenagem da mama vai para a axila e 3% para a cadeia mamária interna e subpeitoral; por isso deve-se analisar a mama e relaxar esta para palpar linfonodos subpeitorais. A vascularização da mama é importante por conta das necroses areolopapilares; este é a primeira estrutura a necrosar quando a vascularização da mama está deficiente. As duas fontes principais de vascularização são as artérias torácica interna (ou mamária interna - 60%) e torácica lateral (ou mamária externa - 30%), além de ramos da toracoacromial, intercostais, subescapular e toracodorsal (10%). A artéria mamária interna é a maior anastomose vascular do corpo humano. Os principais músculos que se associam com a mama são os peitorais, serrátil anterior, reto abdominal e grande dorsal. A inervação da mama envolve: - região superior: nervos supraclaviculares (C3 e C4) - região medial e inferior: ramo cutâneo anterior dos nervos intercostais (2º ao 6º) - região lateral e aréola: ramos cutâneos laterais (3º ao 6º) A inervação primária do mamilo se dá do ramo cutâneo lateral T4. É obrigatória a avaliação por imagem de todas as mamas antes de qualquer mamoplastia. è Mamoplastia de Aumento: O implante de acesso pelo umbigo é um implante de soro, não sendo muito mais utilizado. A mamoplastia de aumento apresenta forma cônica, CAP no vértice da mama. As indicações são: não há Luís Felipe Okida MEDUERJ 2018 31 nenhuma razão médica estrita para o aumento da mama em pacientes hígidas. Mesmo assim, pode ser feita quando o tamanho da mama inadequado, como hipomastia, desenvolvimento anormal ou involução do tecido glandular com excesso de pele. Além disso, assimetrias, síndrome de Poland – sindactilia, amastia, atelia, assimetria da mama, sendo o sinal patognomônico a ausência da porção esternocostal do músculo peitoral maior - e causa psicológica (baixa auto-estima, inibição sexual e conflito com a imagem). *Sd. de Poland – mais comum em homens As contra-indicações são transtornos psiquiátricos (transtorno dismórfico corporal), dificuldades de tolerar possíveis complicações, pacientes com objetivos e expectativas inadequadas. Os implantes mamários são corpos estranhos, não se integram ao organismo e não são considerados definitivos. Atualmente não se precisa mais trocar o implante em 10 anos, mas deve voltar para revisão com frequência.
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