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Bioquímica Vinicius Augusto – Medicina UFRJ Beta-oxidação 1. VISÃO GERAL A beta oxidação é o conjunto de reações que degrada ácidos graxos para geração de energia. O ácido graxo mais comum no organismo é o palmitato, cuja cadeia principal possui 16 carbonos. Os AGs compõem os triacil gliceróis (TAGS), os quais estão localizados dentro das gotas lipídicas dos adipócitos. MOBILIZAÇÃO DE AG: Em situação de baixa glicemia, o glucagon é secretado e alcançará a membrana do adipócito, onde deflagará uma cascata de sinalização que resulta na ativação de PKA. Essa proteína cinase vai atuar tanto na fosforilação da enzima lipase hormônio sensível, quanto na alteraçao conformacional da perilipina, proteína que envolve a gotícula liípica. A Lipase hormônio sensível também é quem realizará a quebra do TAG em 1 glicerol + 3 AGs. Após a quebra, o AG (lembre que o ácido graxo é mto hidrofóbico) é liberado na corrente e sanguínea e utilizará a albumina sérica como carreador até as células do organismo. O palmitato (AG mais comum do organismo, com 16 carbonos) entra na célula e é conduzido até a mitocôndria, onde será oxidado para gerar energia. FASE PREPARATÓRIA DA BETA-OXIDAÇÃO Utilizando hepatócito e miócito como exemplo: Entrada na mitocôndria: Para entrar na mitocôndria, o palmitato precisará ser ativado. Sua ativação se dá quando uma Coenzima A é adicionada à molécula. A enzima responsável por fazer essa adição é a acil-CoA sintase e o processo custa 2 ligações fosfato do ATP. Ao final dessa etapa, o palmitato é transformado em palmitoil-CoA. Como duas ligações de ATP foram quebradas, o que sobra dele é um AMP + PPi. O Palmitoil-CoA precisará sofrer outra reação para poder alcançar a matriz mitocondrial e finalmente ser oxidado. Entrada na matriz mitocondrial: A reação necessária para tornar possível a entrada na matriz mitocondrial é a troca da CoA por uma carnitina, realizada pela enzima carnitina-acil transferase I. O processo não custa ATP e ao final dele temos a molécula palmitato-carnitina. A coenzima A retirada é devolvida ao citoplasma da célula para realizar um novo transporte e a palmitato-carnitina é quem vai, de fato, entrar na matriz mitocondrial. Seu transporte pela MMI é realizado por um translocador que faz um antiporte palmitato-carnitina/carnitina. Ou seja, a energia da saída de uma carnitina é usada para promover a entrada da palmitato-carnitina. Voltando a ser palmitoil-Coa Antes da beta-oxidação ser iniciada, a palmitato-carnitina precisa voltar a ser palmitoil-CoA. Para isso, a enzima carnitina-acil transferase II realiza a reação inversa da ocorrida anteriormente. Isto é, ela remove a carnitina e adiciona uma CoA. Assim, a palmitato-carnitina passa a ser palmitoil-CoA, e a carnitina removida é liberada no citosol para realizar um novo transporte. Ácidos graxos com 12 carbonos ou menos conseguem passar pela MMI e não precisam passar pelos processos “entrada na matriz mitocondrial” e “voltando a ser palmitoil-CoA” Bioquímica Vinicius Augusto – Medicina UFRJ BETA-OXIDAÇÃO A beta-oxidação é composta por 4 reações, ao final das quais 2 carbonos serão removidos da cadeia. O processo sempre se dá na extremidade que está ligada à CoA. 1ª Reação: A enzima acil-Coa-desidrogenase retira um hidrogênio do carbono 2 e outro do carbono 3, os átomos são entregues a um FAD+, formando um FADH2, e entre os carbonos é criada uma ligação dupla. 2ª Reação: A enzima enoil-CoA-hidratase adiciona um H2O na molécula. O OH- entra em um carbono e o H+ entra em outro, desfazendo a ligação dupla. 3ª reação: A enzima L-beta-hidroxiacil-CoA retira dois hidrogênios do carbono que estava com a hidroxila e entrega-os para um NAD+. Com isso, forma-se um NADH + H+ e o carbono que uma ligação dupla é estabelecida entre o carbono e o oxigênio que ficou sozinho. 4ª reação: Uma enzima tiolase insere uma CoA na frente do carbono envolvido na reação anterior e a separação é concluída. Com isso, temos 2 ácidos graxos. Um com 14 carbonos, que passará por outras betas-oxidações, e um com 2. A molécula com 2 carbonos em questão, é o Acetil-CoA. Em resumo: 1º – oxidação mediada pelo FAD 2º – hidratação 3º – oxidação mediada pelo NAD+ 4º – tiólise Saldo: Como o palmitato é um AG com 16 carbonos, 7 betas-oxidações são necessárias para oxidá-lo totalmente, cujo saldo final é. - 1 ATP (utilizado na fase preparatória) - 8 acetil-CoA - 7 FADH2 - 7 NADH + H+ DESTINO DOS PRODUTOS DA BETA-OXIDAÇÃO A coenzima A é uma molécula muito grande e, portanto, não atravessa a MMI. Por isso, há 2 populações de CoA na célula: 1 no citoplasma e outra na matriz mitocondrial. Bioquímica Vinicius Augusto – Medicina UFRJ FADS e NADHs: Vão para a cadeia respiratória produzir ATP Acetil-CoA: O Acetil-CoA terá destino diferente no músculo e no fígado. No músculo: A célula muscular possui muito oxaloacetato livre mesmo em situação de glicemia baixa, pois ela não realiza gliconeogênese. Dessa maneira, o acetil-coa será todo destinado ao Ciclo de Krebs No fígado: em situação de baixa glicemia, o fígado realiza gliconeogênese cujo precursor pode ser o oxaloacetato. Em virtude disso, a concentração dessa molécula cai muito, impedindo a entrada do acetil-coa no ciclo de Krebs. Assim, o acetil-coa seguirá a via de síntese de corpos cetônicos. FORMAÇÃO DE CORPOS CETÔNICOS Corpos cetônicos são compostos hidrofílicos, que podem aparecer em 2 tipos diferentes: acetoacetato e beta-hidroxibutirato. A acetona também é um composto envolvido nesse cenário, sendo fruto de uma descarboxilação espontânea do acetoacetato. Sua formação ocorre na mitocôndria da seguinte maneira: 1º Passo: A enzima tiolase junta 2 acetil-coa e remove um CoA-SH, formando um acetoacetil-CoA. 2º Passo: A enzima HMG-CoA junta mais um acetil-CoA à molecula acetoacetil-Coa e novamente remove mais um CoA-SH 3º Passo: A enzima HMG-CoA liase cliva o produto da reação anterior, formando um acetil-CoA e um acetoacetato 4º Passo O acetoacetato pode se descarboxilar espontaneamente formando uma acetona ou ser reduzido para formar um Beta-hidroxibutirato DESTINO DOS PRODUTOS DA FORMAÇÃO DE C. CETÔNICO Todos eles são lançados na corrente sanguínea após o processo. A acetona, por ser muito volátil, rapidamente é expelida, o que gera o hálito de diabético. Acetoacetato e beta-hidroxibutirato serão captados por tecidos dependentes de glicose como cérebro e miocardio, onde serão retornados à acetil-coa e introduzidos no ciclo de krebs.
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