Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bruna Siqueira de Arruda - Medicina ME����LI��� D� �I�ÍDE��: li�óli��, be��-ox���ção � f���ação d� ���po� ��tôni��� ———————————————————— Lipóli�� ——————————————————— Mob����ação � t���s�o�t� �� áci��� g���os O armazenamento de ácidos graxos (AG) é feito a partir da molécula de triacilglicerol (TAG). A função do tecido adiposo é o armazenamento de lipídios, do ponto de vista energético. A degradação de ácidos graxos com o objetivo de obtenção de energia acontece em estado metabólico de jejum. Obs.: Os ácidos graxos nunca serão armazenados em sua forma livre; se não estiver na forma de TAG, está relacionado com outra substância. MOBILIZAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS A oxidação de ácidos graxos não acontece no tecido adiposo, na grande maioria das vezes. Então, os ácidos graxos devem ser liberados para alcançarem um tecido alvo e, assim, pode ser oxidado. Mobilização de lipídeos → acontece a partir da degradação de TAG, que resulta em ácidos graxos livres (AGL), que é a molécula de interesse, e glicerol. Situação metabólica: jejum → presença de hormônios contra regulatórios (GLUCAGON, adrenalina, GH, cortisol) Tecido: adipócitos 1. Ligação de um hormônio contra regulatório ao receptor específico acoplado à proteína G; 1 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina 2. A ligação hormônio-receptor promove a modificação do receptor e a proteína G é estimulada a ativar a adenilato-ciclase; 3. A adenilato-ciclase produz AMPc (2º mensageiro), que age promovendo a ativação da proteína-quinase A (proteína-quinase dependente de AMPc; PKA), que inicia uma cascata de sinalização intracelular; 4. A PKA promove a fosforilação (ativação) da lipase hormônio sensível (HSL)** responsável pela degradação do TAG; 5. Os produtos da degradação do TAG são ácidos graxos livres (3 moléculas) e glicerol (1 molécula). Obs.: primeiro passa por diacilglicerol*. O ácido graxo livre deixa a célula por difusão (atravessa a membrana), porém, pela sua apolaridade, necessita de um transportador sanguíneo. A albumina é a responsável por transportar os AGLs até os tecidos alvos, onde os AGL sofrem 2 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina oxidação, dando origem a acetil-CoA (ciclo de krebs é o destino) e coenzimas reduzidas (NADH e FADH2). O glicerol é destinado ao fígado (onde há a enzima necessária para que o glicerol seja metabolizado). Em jejum, o tecido hepático está realizando a gliconeogênese, formando glicose a partir de substratos não glucídicos, sendo um deles o glicerol. Importante: ● Nessa situação metabólica, pré-prandial, não há a formação de quilomícrons. O tecido não é o hepático, então não forma VLDL. ● A degradação de TAG suspende a síntese de ácidos graxos. ● Na presença de ↑ [insulina] no sangue, a HSL é desfosforilada (torna-se inativa). ● A hemácia não é um tecido alvo dos AGL, já que não possuem mitocôndria, onde acontece a β-oxidação do ácido graxo. ● Por razões ainda não esclarecidas, o tecido nervoso também não pode utilizar AGL para obtenção de energia. **Obs.: Visão enzimática mais detalhada da degradação de TAG O processo possui três enzimas: Lipase de triacilglicerol do tecido adiposo (ATGL) → retira um AG do TAG e resultando em diacilglicerol (DAG). Lipase hormônio sensível (HSL) → retira um AG do DAG, sobrando monoacilglicerol (MAG). Monoacilglicerol lipase (MAGL) → retira o último AG, dando origem a um glicerol. 3 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Ati��ção d� áci��� g���os O AG passa por um processo de ativação no citosol da célula do tecido alvo. Assim, ele se liga a um transportador denominado coenzima A, originando o acil-CoA. A enzima que catalisa essa reação é a acil-CoA sintetase. Esse processo promove a quebra de ATP em AMP e pirofosfato, que é hidrolisado e dá origem a 2 Pi (considera que houve o gasto de 2 ATP pela quebra de duas ligações fosfato). Para que seja transportado para dentro da mitocôndria, o acil-CoA se liga à carnitina, presente na membrana externa da mitocôndria. O acil-CoA transfere a cadeia carbônica à carnitina, dando origem a uma acil-carnitina; a reação é mediada pela carnitina-acil transferase I (CAT-I). A carnitina possui trânsito livre no espaço intermembranar e transporta o grupo acil até a membrana interna da mitocôndria (passa por um transportador). A carnitina atravessa a membrana mitocondrial interna e, na matriz mitocondrial, o grupo acil é transferido à coenzima A, em presença carnitina-acil transferase II (CAT-II), originando novamente acil-CoA. A carnitina retorna ao citosol pelo mesmo transportado presente na membrana mitocondrial interna. Obs.: Carnitina-acil tranferase I também é conhecida como carnitina-palmitoil transferase-I (CPT-I) 4 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina ATENÇÃO: Esse processo somente acontece com ácidos graxos com 12 ou mais carbonos (ácidos graxos de cadeia longa - AGCL). Os AG menores entram na mitocôndria por difusão. Não há nenhum ativador desse processo, ou seja, só a presença de AG livre inicia esse mecanismo. O malonil-CoA inibe a carnitina-aciltransferase I, impedindo a entrada de grupos acil de cadeia longa na matriz mitocondrial. O estado alimentado estimula a lipogênese (síntese de AG; indicada pela presença de malonil-CoA), então, a degradação de AG não deve acontecer; por isso esse composto inibe a carnitina-acil transferase I (para que não ocorra). 5 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Car����na Composto presente em carnes - obtidas a partir de dieta - e sintetizada a partir de lisina e metionina, no tecido hepático e nos rins), sendo destinada para musculatura esquelética (maioria; cerca de 97% de toda a carnitina do corpo) e cardíaca. É transportada sozinha na circulação pela sua polaridade. Deficiência de carnitina: resulta na diminuição da capacidade de utilizar ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) como combustível metabólico. Essa deficiência pode estar relacionada com: DEFICIÊNCIA PRIMÁRIA: - Defeitos em um transportador de membrana, tendo a captação de carnitina pelos músculos e pelos rins prejudicada, resultando em excreção da carnitina. DEFICIÊNCIA SECUNDÁRIA: - Doenças hepáticas (↓ síntese de carnitina) - Pacientes submetidos à hemodiálise, onde a carnitina é removida do sangue. - Indivíduos subnutridos ou estritamente vegetarianos - Indivíduos que necessitam de maior quantidade de carnitina, como gestantes e pacientes queimados, traumatizados ou com graves infecções. A deficiência de CPT-1 diminui a capacidade do tecido hepático de sintetizar glicose durante o jejum. Isso porque a síntese de glicose, a partir da gliconeogênese, necessita de ATP (6); como não está acontecendo glicólise (jejum), esses ATP são obtidos dos AGs (acetil-CoA formado na β-oxidação abastece o ciclo de krebs, gerando ATP). TRATAMENTO: evitar jejum prolongado, dieta rica em carboidratos e baixa AGCL (dependem de carnitina para serem transportados à matriz mitocondrial). 6 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina ——————————————— Cic�� �� be��-ox���ção ——————————————— A seta pontilhada está indicando o reinício do ciclo, ou seja, a molécula inicial do ácido graxo que está sendo oxidad é o acil-CoA com n carbonos. O processo de oxidação do ácido graxo é denominado β-oxidação ou Ciclo de Lynen e ocorre na matriz mitocondrial. Esta via é constituída por uma série de quatro reações que acontecem de forma cíclica, onde a acil-CoA é encurtada de dois carbonos (cada ciclo retira dois carbonos). O resultado de cada ciclo é a formação de 1 acetil-CoA, 1 FADH2, 1 NADH e 1 acil-CoA com dois carbonos a menos do que o AG inicial. O acetil-CoA é direcionado para o Ciclo do Ácido Cítrico e as coenzimas reduzidas para a cadeia respiratória. 7 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Por que β? O carbono que está ao lado do grupo funcional pode ser chamado de carbono α, o adjacente a esse carbono α é o β, onde está a adição de OH, a dupla ligação, a quebra da molécula, ou seja, as modificações acontecem bo carbono β. β-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOSSATURADOS E PARES 1º etapa: transferência de elétrons para o FAD, que é reduzido a FADH2 2º etapa: incorporação de H2O 3º etapa: transferência de elétrons para NAD, que é reduzido a NADH 4º etapa: síntese de acetil CoA e acil-CoA com dois carbonos a menos do que o AG inicial. Obs.: Na última volta há a síntese de 2 acetil-CoA O número de voltas que cada AG saturado e com número par de carbonos pode ser calculado pela fórmula: Nº de voltas = (nº carbonos /2) - 1 Análise da β-oxidação do ácido palmítico (acil-CoA com 16 carbonos) ○ Por quantos ciclos o ácido palmítico passa até ser completamente oxidado? X = (16/2) - 1 → X = 8 - 7 → X = 7 voltas ○ Quais e quantas moléculas são formadas? 7 voltas resulta em 7 FADH2, 7 NADH e 8 acetil-CoA CÁLCULO DE ATP GERADO PELA β-OXIDAÇÃO DO ÁCIDO PALMÍTICO A β-oxidação resulta em: 8 acetil-CoA + 7 NADH + 7 FADH2 Os 8 acetil-CoA entram no ciclo de Krebs e originam: 24 NADH (8 ciclos x 3 NADH por ciclo), 8 FADH2 (8 ciclos x 1 FADH2 por ciclos) e 8 GTP/ATP (8 ciclos x 1 GTP por ciclo). As coenzimas reduzidas produzidas no CK entram para CTE, resultando em 72 ATPs (24 NADH x 3 ATP por cada 1 NADH) + 16 ATPS (8 FADH2 x 2 ATP por cada 1 FADH2). 8 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Os 7 NADH entram para a cadeia transportadora de elétrons (CTE): 21 ATPs (7 NADH x 3 ATP por cada 1 NADH). Os 7 FADH2 entram para a CTE: 14 ATPs (7 FADH2 x 2 ATP por cada 1 FADH2) TOTAL DE ATPs: 8 + 72 + 16 + 21+ 14 = 131 ATPs Porém, para a ativação do AG foram utilizados 2 ATPs, então, esse valor deve ser subtraído. Rendimento da β-oxidação do ácido palmítico = 131 - 2 = 129 ATPs Lembrando: para que o ciclo de Krebs aconteça o oxaloacetato é essencial. O CK, por volta, produz 3 NADH, 1 FADH2, 1 GTP/ATP. O nº de voltas que o CK rodará depende do ácido graxo que está sendo oxidado. 9 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina β-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS MUITO LONGOS O processo de oxidação de AG muito longos, com 22 carbonos ou mais, é iniciado no peroxissomo. O encurtamento é feito e, com cerca de 18 carbonos, é ligado à carnitina. Posteriormente, o composto é transferido para a mitocôndria para a completa oxidação. No peroxissomos, a ação de uma acil-CoA-oxidase (contém FAD) inicia a desidrogenação (oxidação). Há a produção de 1 FADH2 nesse processo e a coenzima reduzida é oxidada pelo O2, posteriormente reduzido a H2O2. Não há produção de ATP nesta etapa. β-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS COM Nº ÍMPAR DE CARBONOS Os ácidos graxos com nº ímpar de carbonos são minoria e são oxidados pela via da β-oxidação. O que muda é a produção da última volta, tendo em vista que ela se inicia com 5 carbonos e produz 1 acetil-CoA e 1 propionil-CoA, em vez de 2 acetil-CoA. O propionil-CoA é um intermediário indireto do ciclo de Krebs (propionil-CoA → → succinil-CoA, que entra para o CK). β-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS O ciclo de Lynen acontece normalmente, porém, quando chega na insaturação, é necessária a transferência da insaturação para que possa haver a quebra. Incomum. IMPORTANTE: menor rendimento do que um AG saturado. 10 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina ——————————————————— Cet��êne�� —————————————————— A cetogênese se refere ao processo de formação de corpos cetônicos. Situação metabólica: jejum A β-oxidação dos ácidos graxos resulta na ↑ [ATP] e o aumento da razão ATP/ADP inibe as enzimas do Ciclo de Krebs (para onde a acetil-CoA era destinada) Além disso, o tecido hepático está realizando gliconeogênese (jejum prolongado) e a quantidade de oxaloacetato (OAA) é reduzida por ser consumido pela gliconeogênese. Então, no jejum prolongado, pode-se observar um acúmulo de acetil-CoA no fígado, promovendo a formação de corpos cetônicos, a partir da CETOGÊNESE. Obs.: Reação anaplerótica → piruvato é convertido em OAA. Na ausência de carboidratos, diminui a concentração de piruvato e, consequentemente, a sua conversão a oxaloacetato. 11 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina O acúmulo de acetil-CoA possibilita a junção de 2 acetil-CoA, originando acetoacetil-CoA. A incorporação de 1 acetil-CoA ao acetoacetil-CoA forma o 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA, HMG-CoA. A clivagem de HMG-CoA origina acetoacetato e acetil-CoA. O acetoacetato, por sua vez, produz acetona (espontâneo; molécula volátil e caracteriza o hálito cetônico) e β-hidroxibutirato (reação mediada por enzima, com oxidação de NADH). Acetoacetato, acetona e β-hidroxibutirato → CORPOS CETÔNICOS 12 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Os corpos cetônicos são liberados no sangue e o acetoacetato e o β-hidroxibutirato são aproveitados como fonte energética em tecidos extra-hepáticos, sendo tecido muscular esquelético e cardíaco merecedores de destaque. O β-hidroxibutirato é convertido a acetoacetato, que recebe uma coenzima a, originando acetoacetato-CoA. O acetoacetato-CoA é clivado em 2 acetil-CoA, que se destinam ao ciclo de Krebes. Como não é tecido hepático, não está acontecendo a gliconeogênese, então o CK pode ser abastecido pode acetil-CoA. Obs.: as hemácias nunca utilizam corpos cetônicos pois não possuem mitocôndrias e TODAS REAÇÕES ACONTECEM NA MITOCÔNDRIA (via de regra). 13 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Por não necessitar de transportador para circular na corrente sanguínea, os corpos cetônicos são vantajosos se comparados com os ácidos graxos. Então, didaticamente, pode-se dizer que os corpos cetônicos são uma forma de "transportar lipídeos” sem necessitar de moléculas transportadoras. Corpos cetônicos → forma de transferência de carbonos oxidáveis do fígado para os demais tecidos. Quando a produção de corpos cetônicos excede a utilização desses compostos pelos tecidos, estabelece-se uma condição denominada CETOSE, caracterizada pela alta concentração de corpos cetônicos no plasma (cetonemia) e na urina (cetonúria). O transporte de acetoacetato e de β-hidroxibutirato ao plasma é acompanhado pelo transporte de H+ (simporte); então a cetonemia promove uma redução do pH sanguíneo (acidose), denominada cetoacidose. Além do jejum prolongado, o diabetes mellitus 1 (DM 1) não controlado é uma situação de grande formação de corpos cetônicos. Na DM 1 a produção de insulina é deficiênte ou inexistente; assim, mesmo com a ingestão de carboidratos, o paciente que não faz a aplicação adequada do hormônio exógeno, não sai do “jejum” pois a glicose não entra nas células para ser utilizada como substrato energético. Nesses casos, a gliconeogênese e a cetogênese acontecem, provocando um quadro de cetoacidose. O hálito cetônico é uma característica marcante de pacientes com DM 1 descontrolada. 14
Compartilhar