Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico Ada Magaly Matias Brasileiro Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico Professora D.ra Ada Magaly Matias Brasileiro Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga Diretor Executivo Walter Teixeira dos Santos Jr. Direção Acadêmica Júlio Cesar Alvim Gerente do NEO Elizângela de Jesus Oliveira BrASilEirO, Ada Magaly Matias. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico. 1ª ed. Ipatinga; Unipac – Cursos de graduação. 144p. Bibliografia 1. Português 2. Metodologia 3.Título Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Unipac. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são reservados à Unipac. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga 5 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Sumário Ementa ...........................................................................................................................7 Currículo Resumido do Professor ..................................................................................9 Bibliografia Utilizada ......................................................................................................11 Unidade 1 Os Vários Tipos de Conhecimento e o Conhecimento Científico .................................13 Módulo 01 Os vários tipos de conhecimento ..................................................................................15 Módulo 02 O conhecimento científico e suas características ..........................................................23 Módulo 03 As ações processuais da construção científica ...............................................................30 Módulo 04 Fichamento: o que é e como se faz? .............................................................................35 Resumo: o que é e como se faz? ..................................................................................40 Resumo da Unidade ............................................................................................... 45 Unidade 2 Módulo 01 A leitura de textos técnicos ...........................................................................................49 Terminologias definidas pela ABNT ...............................................................................54 Módulo 02 Primeira fase do trabalho: planejamento .......................................................................58 Módulo 03 Segunda fase do trabalho: a pesquisa ...........................................................................64 Módulo 04 A abordagem adequada à pesquisa ..............................................................................68 Identificando o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa ......................................71 Resumo da Unidade ............................................................................................... 73 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6 Unidade 3 Confeccionando o Trabalho Científico ...........................................................................75 Módulo 01 .....................................................................................................................77 Terceira fase do trabalho: o relato .................................................................................77 Elementos pré-textuais ..................................................................................................79 Elementos pós-textuais ..................................................................................................84 Módulo 02 A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT .......................................................86 Módulo 03 Paginação .......................................................................................................................90 Módulo 04 Numeração progressiva .................................................................................................95 Resumo da Unidade ............................................................................................... 99 Unidade 4 Módulo 01 Organização estrutural do texto ....................................................................................103 Módulo 02 Revisões bibliográficas rigorosas ...................................................................................107 Um artigo científico – leitura e análise ...........................................................................112 A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior ...................................................................112 Módulo 03 As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico: .....................................................123 Módulo 04 A formalização das citações ...........................................................................................126 Leitura e análise de um paper ........................................................................................133 A pseudociência nas universidades brasileiras ..............................................................133 Resumo da Unidade ............................................................................................... 143 Sumário 7 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Ementa A construção do conhecimento e o conhecimento científico. O método científico. As ações processuais da construção científica. As fases de construção do conhecimento científico: o planejamento e suas configurações; a pesquisa – tipos e procedimentos; a redação da pesquisa científica e as normas da ABNT; a submissão da pesquisa à comunidade acadêmica. 9 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Currículo Resumido do Professor Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC Minas e mestra em Língua Portuguesa pela mesma instituição; especialista em Língua Portuguesa, Didática e Tecnologia do Ensino Superior e Linguística; graduada em Letras (Português, Inglês e Literaturas). Atualmente é professora assistente da Faculdade Pitágoras e atua nas pós-graduações do UNIBH e da Faculdade Milton Campos. Dedica-se às áreas de Metodologia Científica e Linguagem, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de produção de texto, linguística textual, discurso docente, interacionismo, metodologia e pesquisa científica. Produz material didático, no âmbito desses temas, para o Ensino a Distância. 11 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Bibliografia Básica: BARBOSA, Derly. Manual de pesquisa: metodologia de estudos e elaboração de monografia. 2. ed. São Paulo (SP): Expressão e arte, 2012. 103 p. DEMO, Pedro. Metodologia para quem quer aprender. São Paulo, SP: Atlas, 2008. 131 p. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica. 7.ed. São Paulo: Altas, 2010. Bibliografia Complementar: AZEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan. Como fazer monografias: TCC, dissertações e teses. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2013. DE SORDI, José Osvaldo. Elaboração de pesquisa científica. São Paulo: Saraiva, 2013. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.Ed. São Paulo: Atlas, 2010. MALHEIROS, Bruno Taranto. Metodologia da pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: Grupo GEM, 2011. BibliografiaUtilizada Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 13UNIDADE 1 UNiDADE 1 Os Vários Tipos de Conhecimento e o Conhecimento Científico Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 15UNIDADE 1 leituras que realiza, pela fé que alimenta, pela cultura do grupo social do qual faz parte, pelas variadas buscas. Como resultados desses esforços, cons- tituem-se inúmeros conhecimentos dos quais exploraremos quatro tipos mais recorrentes: o conhecimento empírico, o religioso, o filosófico e o científico. O conhecimento empírico O conhecimento empírico é aquele que se constitui por acaso, em sua vida cotidiana, na relação do homem com o mundo que o cerca, por meio das expe- riências vividas, das práticas baseadas no senso comum, das culturas constitutivas de sua comunidade. Afirmamos, então, que o folclore e tudo o que conhecemos sobre ele (lendas, cren- dices, festas...), os ditados populares, os remédios caseiros, as comidas da vovó e tantas outras coisas que fazem parte do nosso fazer cotidiano representam os inúmeros conhecimentos que temos do mundo, os quais, para serem construídos, não precisaram de estudos acadêmicos. Os vários tipos de conhecimento Iniciaremos o tema, considerando dois pressupostos: o primeiro é que a igno- rância impede o avanço das pessoas e as mantém prisioneiras das circunstâncias nas quais se encontram, assim, o conheci- mento existe para libertar tais indivíduos e permitir que eles atuem, modificando a sua realidade em benefício individual e social; o segundo pressuposto é que tais conhecimentos advêm de inúmeras fontes e formas de aquisição, sendo que cada uma delas têm seu lugar e importância. A Construção do Conhecimento Logo na primeira infância, inicia-se a construção do conhecimento, quando a criança imita gestos, expressões e pala- vras dos adultos, começando a tomar consciência do mundo que a cerca. Na medida em que vai se desenvolvendo, ela entra em contato com os mais diversos espaços, deparando-se com desafios e possibilidades de aprendizagem, aguçados pelos questionamentos que faz, pelos programas a que assiste na TV, pelas observações rotineiras, pela interação cotidiana com o outro, pelas MóDUlO 01 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 16 UNIDADE 1 Segundo o pesquisador, sociólogo e pedagogo Ander-Egg (1978, p. 13-14), esse conhecimento é: • assistemático – por ocorrer espon- taneamente, a qualquer momento, de qualquer modo; • valorativo – pois perpassa o juízo de valor daquele que concebe (ou não) o conhecimento; • reflexivo – já que provoca o sujeito aprendiz a refletir sobre sua eficácia ou não, como nos casos de uma receita de remédio caseiro ou de um ditado popular; • verificável – por ser um conhe- cimento cujo principal pilar é a experiência, é possível fazer os testes práticos e verificar o que funciona e o que não funciona; • falível – pois não se prende a leis universais. Assim, um chá de boldo pode curar as queixas de uma pessoa e não surtir efeito em outra; • inexato – por não ser sistemático e nem metodológico, os resultados de um conhecimento empírico não se comprometem com a exatidão, a precisão. Uma lenda folclórica, por exemplo, pode ser passada por gerações e gerações e modificada a cada vez que for relatada. As características apontadas por Ander-Egg (1978), entretanto, não fazem deste um conhecimento dispensável, pois ele exerce, com muita propriedade, o seu papel na vida humana. Por exemplo, ao dirigir meu carro, mesmo não entendendo de mecânica, sou capaz de perceber quando algo vai errado, seja pelo barulho, pelo cheiro, pelo desempenho etc. O mesmo acontece com o trabalho de uma parteira que, baseada em sua prática, é capaz de realizar um parto complicado, ou com as lendas e causos de assombração, funcionando como elemento de coerção para uma comunidade. Fique atento! É importante destacar que, muitas vezes, o conhecimento empírico alimenta o conhecimento científico, provocando-o a pesquisar os fundamentos de crendices, mitos e ações culturais. É o que ocorre, por exemplo, com os conhecimentos da cultura indígena. Assim, o homem, ciente de suas ações e do seu contexto, apropria-se de experiências próprias e alheias, acumuladas no decorrer do tempo, para explicar o porquê das coisas e solucionar seus problemas. Por suas características próprias, tal perspectiva Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 17UNIDADE 1 de conhecimento é altamente marcada pelo imaginário social, pelas superstições e, às vezes, pelo preconceito. O conhecimento religioso Trata-se de um tipo de conhecimento adquirido a partir da aceitação de dogmas da fé teológica, sendo resultado da revelação da divindade, por meio de indivíduos inspirados que apresentam respostas aos mistérios da mente humana. A fé pode ser entendida como o fundamento dos fatos que não se esperam e a prova dos acontecimentos que não se veem e nem se explicam. Apoia-se em doutrinas que contenham proposições sagradas, manifestação divina e é transmitida por alguém, ao longo da história, ou por meio de escritos sagrados. Nos dias de hoje, diferentemente do passado histórico, a ciência não se permite ser subjugada a influências de doutrinas da fé: e é a própria Teologia que está procurando rever seus dogmas e reformulá-los para não se opor à mentalidade científica do homem contemporâneo. Suas características principais são: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 18 UNIDADE 1 • valoração – cada sujeito atribui um valor particular aos fundamentos da sua fé; • inspiração – os dogmas e os mistérios de cada religião são objetos e motivos que inspiram e fortalecem seus seguidores; • infalibilidade – sendo a fé o sustentáculo do conhecimento religioso, todo fato ocorre em virtude da onipotência, onipresença e onisciência de um ser espiritual superior. Assim posto, pode o ocorrido estar em desacordo com os interesses do sujeito comum, mas nem por isso significa uma falha, antes, o desconhecimento dos planos divinos para os seres humanos; • indiscutibilidade – esta caracte- rística se justifica pelo fato de que fé não é assunto para discussão, uma vez que se trata de uma escolha da ordem espiritual que não carece de provas e, consequentemente, dispensa argu- mentações contrárias e verificações; • sistematização – a sistematização do conhecimento religioso é atribuída aos dogmas de cada religião. A missa é um evento ritualizado que exemplifica tal característica. O conhecimento filosófico É o conhecimento que busca a origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana. Baseia-se unicamente na razão para questionar os problemas humanos, buscando a resposta em sua origem e no discernimento entre o certo e errado, utilizando todo o rigor da lógica e do raciocínio. O questionamento, pilar do conhecimento filosófico, funciona como o instrumento para decifrar elementos imperceptíveis aos sentidos, sendo uma busca que parte do material para o universal. Seu objeto de análise são ideias, relações conceituais, exigências lógicas passíveis de observação. Algumas das principais questões que hoje ocupam o trabalho dos filósofos estão relacionadas à relação máquina X homem; à clonagem humana; ao mundo da tecnologia; aos problemasambientais; à miséria etc. Esse tipo de conhecimento se caracteriza por ser: • racional – é a razão, não os fatores emocionais, que orienta o conhecimento filosófico; • valorativo – mesmo sendo racional, as escolhas das premissas que orientarão o raciocínio na busca das respostas passam pelo juízo de valor do sujeito; • sistemático – o conhecimento Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 19UNIDADE 1 filosófico centra-se em raciocínios lógico-formais, os quais possuem estruturas estabelecidas; • não verificável – por estar vinculado ao pensamento, o conhecimento filosófico não se aplica na prática; • infalível – exatamente pelo fato de não poder ser testado, as respostas que passam por um raciocínio lógico- formal perfeito têm, como resultado, uma verdade; • exato – o resultado de um raciocínio lógico deve ser objetivo, exato. O conhecimento científico O conhecimento científico ultrapassa a visão empírica, preocupando-se não só com os efeitos, mas, principalmente, com as causas e as leis que os motivaram. Tal modalidade de conhecimento evolui de forma lenta e gradual, de um sistema de proposições rigorosamente demonstradas e imutáveis da visão tradicionalista de ciência, para um processo contínuo de construção, em que não existe o pronto e o definitivo, que é a perspectiva da pesquisa científica atual. Foram pesquisadores como Copérnico, Bacon, Galileu e Descartes que, no século XVI, deram força ao conceito de ciência, o qual foi ficando menos positivista ao longo dos tempos. Várias concepções e uma só ciência? Ciência é uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação. Fonte: Trujillo-Ferrari (1974) Ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. Fonte: Ender-Egg (1978) O conhecimento científico resulta de investigação metódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem. Fonte: Galliano (1986) Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 20 UNIDADE 1 Ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científica). Fonte: Newton Freire-Maia (1990) Analisando os conceitos, é possível perceber a metodologia de pesquisa como um ponto de acordo entre os autores. Por outro lado, percebe-se a evolução do conceito de uma perspectiva de verificação lógica, racional e universal, para uma ótica da interpretação de uma realidade tomada como amostra. Nota-se, também, que ciência não é um conceito fácil de ser construído. A esse respeito, Marconi e Lakatos (2000) dizem que não há um consenso na apresentação da classificação das ciências. O que é ciência para alguns estudiosos, ainda permanece como ramo de estudo para outros e vice-versa. Para as autoras, a ciência é classificada em dois grupos: as formais e as factuais. As ciências formais dizem respeito ao estudo das ideias, dividindo-se em lógica e matemática, não tendo relação com algo encontrado na realidade, e não podendo, por isso, valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas. Assim, utiliza a lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas. Já as ciências factuais investem seus estudos nos fatos, dividindo-se em naturais e sociais. Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem às observações Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 21UNIDADE 1 e às experimentações para comprovar ou refutar suas hipóteses (LAKATOS; MARCONI, 2000). Longe de pretender buscar esse consenso, o fato é que o papel do conhecimento científico é entender a natureza e o universo em que vivemos por meio de elementos conhecidos, concretos e objetivos. Eis algumas de suas características: • finalidade – procura descobrir as características comuns dos fenômenos da mesma espécie e as condições e regularidades da sua ocorrência (causalidade); • sistematização – adota um sistema de referências, teorias, hipó- teses explicativas e define as fontes de informação; • verificação – procura testar a consistência empírica de uma teoria, hipótese ou afirmação; • explicação – apresenta os “porquês” das relações entre os fenô- menos estudados; • acumulação – enriquecimento contínuo por meio de novos conhe- cimentos. Tal acumulação é feita de forma seletiva; • falibilidade – o conhecimento científico é assumido como falível, mas também como progressivo; • objetividade – em ciência, a objetividade se refere a três acepções: à pessoa do discurso, ao objeto da pesquisa e ao foco textual. A despeito de todas essas características, uma epistemológica vem sendo lançada como polêmica: como distinguir o que é do que não é ciência? Atualmente, cursos de Astrologia, Terapias Naturais, Florais de Bach, entre outros, têm sido ofertados em graduações e pós-graduações, deixando o questionamento tanto sobre a consistência do objeto em estudo, quanto sobre as características de verificação e de explicação dos ditos fenômenos1. De todo modo, o conhecimento científico pode ser considerado uma atividade intelectual e intencional, cuja finalidade é suprir as necessidades humanas. Mesmo estudando separadamente os quatro tipos de conhecimento, não podemos dizer que eles ocorrem de modo isolado. Ao contrário, na ação do pesquisador, ele percorre as diversas áreas do conhecimento, até chegar às respostas que se buscam. 1 Leia, a esse respeito, o artigo “As pseudociências nas universidades brasileiras”, nos anexos deste. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 22 UNIDADE 1 Assista ao filme “Luz, trevas e o método científico”, produzido pelo Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Disponível em: http://goo.gl/KEJVbq O filme, dividido em 7 partes, trata da história da ciência desde o começo do universo. História que anda paralela à dinâmica do mundo, influenciando e sendo influenciada pelas vontades do homem. O filme tem abordagem humanista, com narração do professor Leopoldo de Meis sobre benesses e tragédias que a ciência pode trazer. Caso não queira assistir a todas as partes, a primeira já traz muitas informações importantes! Para saber mais: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 23UNIDADE 1 O conhecimento científico e suas características Como foi abordado na discussão conceitual sobre ciência, uma das principais características do conhecimento científico é o fato de ele ser sistematizado, o que, necessariamente, carece de um sistema, um método que auxilie e sustente o trabalho de pesquisa. Vejamos, então, a relação que há entre método e conhecimento científico. Etimologicamente, “meta” significa ao longo de; e “odos” significa caminho, via. Desses dois radicais, resulta que método é “caminho ao longo do qual...”. Aprofundemosum pouco mais nesse conceito. Método Científico Para que um conhecimento possa ser considerado científico, faz-se necessário identificar as operações mentais e as técnicas que permitam a sua verificação, ou seja, determinar o caminho que possibilite chegar ao conhecimento com status de fato científico. Assim, Gil (1999) define método científico como um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Lakatos e Marconi (2000) relatam que a preocupação em descobrir e explicar a natureza existe desde os primórdios da humanidade. Método científico é o modo como o pesquisador faz a trajetória de pesquisa, traçando um caminho que dê consistência e credibilidade a seu estudo. Cada ramo de conhecimento científico tem conceitos e regras que o sustentam e que devem ser considerados pelo estudante na fase das definições metodológicas. Curiosidade: Portanto, em se tratando de ciência, não deveríamos falar de método, mas sim de métodos, pois cada pesquisa demanda um caminho diferente, que vai sendo delineado em função das exigências do objeto de pesquisa. Os caminhos foram, anteriormente, construídos em outros estudos e se transformaram em um conjunto de teorias, das quais se selecionarão as mais adequadas a cada estudo. Tais teorias devem MóDUlO 02 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 24 UNIDADE 1 possibilitar as melhores condições para que o pesquisador possa, em situações idênticas, repetir os resultados esperados. É, por fim, o método que define e diferencia o conhecimento da ciência de outros tipos de conhecimentos. Metodologia Científica Com origem no pensamento de Descartes (1596-1659), em “O discurso do método”, a metodologia científica refere-se ao estudo dos métodos empregados em cada área científica específica e a essência dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja, do método da ciência, em sua forma geral, que se supõe universal. Embora os procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em áreas não científicas. Trata-se, portanto, do conjunto de normas e procedimentos padronizados para levar uma investigação ao seu objetivo: um resultado confiável e convincente. A explicação anterior justifica a necessi- dade do estudo de metodologia cientí- fica, uma vez que o pesquisador precisa conhecer as diversas possibilidades metodológicas, ou seja, os diversos cami- nhos existentes em seu campo científico, para saber traçar o da sua pesquisa. Assim, para se definir os aspectos metodológicos gerais de uma pesquisa, é necessário caracterizá-la, essencialmente, quanto aos fins, aos meios, à abordagem, bem como definir o universo, a amostra representada e os sujeitos envolvidos, se for o caso. Ainda faz parte da metodologia científica, a escolha dos instrumentos de pesquisa, as estratégias de organização e análise dos dados e os esclarecimentos sobre a conduta ética com o estudo, os quais garantirão a cientificidade do trabalho. Além disso, é esse estudo que vai orientar o estudante sobre a estrutura do texto a ser desenvolvido, o que pode e o que não pode ser feito, as normas de formatação, dentre outros aspectos que fortalecem o pesquisador, possibilitando-lhe mais segurança para o desenvolvimento das pesquisas que desenvolverá ao longo do curso de graduação e os de formação posterior. Todos esses fatores serão explicitados nos capítulos 2 e 3 da unidade 2 desta apostila. Características do texto científico O domínio discursivo acadêmico- científico visa à construção e à divulgação do conhecimento. Para isso, ele é constituído por uma linguagem técnico-científica apropriada, diferindo Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 25UNIDADE 1 da utilizada em outros tipos de discurso, como o literário, o jornalístico ou o publicitário, nos quais se pode repetir, exagerar ou subnarrar fatos. Na linguagem científica, nada deve ficar implícito ou deixado à imaginação do leitor, pois o autor deverá persuadi-lo à custa de fatos e dados, lançando mão das tipologias descritivas, narrativas e dissertativas. O texto acadêmico-científico deve ser comprometido com a objetividade, a eficácia e a exatidão. Muitas vezes, contudo, essas qualidades são prejudicadas pela necessidade de uso de termos técnicos, por uma característica específica do objeto de pesquisa, pelo uso de coloquialismos ou, até mesmo, pelo estilo de quem escreve. É importante, então, que o estudante se desafie, desde cedo, ao desenvolvimento da expressão acadêmica, a fim de alcançar o seu objetivo, sem ser enfadonho. Para isso, ele deve evitar algumas armadilhas discursivas e buscar as características próprias do domínio acadêmico-científico. Qualidades do texto acadêmico- científico Para atender aos pressupostos da etimologia, o texto acadêmico-científico deve se adequar à norma culta da língua, em uma variante técnica própria do campo científico específico, além de apresentar algumas qualidades. Dentre elas: a) Objetividade Em ciência, a objetividade se refere a três acepções: à pessoa do discurso, ao objeto da pesquisa e ao foco textual. Objetividade associada à pessoa do discurso – esse é um ponto que tem provocado divergências no mundo acadêmico. Alguns defendem o uso da terceira pessoa como recurso de neutralidade, deixando o foco para o objeto da pesquisa. Outra ala, cada vez maior de pesquisadores, considera que a inclusão do pesquisador no texto, com o uso da primeira pessoa, confere maior credibilidade à pesquisa, especialmente, no caso das pesquisas qualitativas. O objeto da pesquisa – o escopo de toda pesquisa traz o objeto o qual será investigado, ou seja, é o tema, o assunto ou o fenômeno que será estudado. Ao mencioná-lo, o autor deve buscar a imparcialidade, evitando expressar opiniões ou juízos particulares. A objetividade no foco textual – essa característica diz respeito à concisão e visa ao tratamento do tema de maneira simples, direta e enfática, obedecendo Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 26 UNIDADE 1 a uma sequência lógica e evitando o desvio do assunto para considerações irrelevantes. (BRASILEIRO, 2013). b) Uso da variante culta da língua Trata-se da correta utilização das normas gramaticais. O texto científico é formal e se vale da linguagem culta, não sendo permitido o uso de gírias, termos vulgares, clichês, expressões coloquiais e estrangeirismos, a menos que sejam realmente necessários. Nesses casos, as aspas devem ser usadas. O uso desses recursos é considerado indevido, pois além de revelar posicionamento discursivo, em certas ocasiões, apresentam os vícios de linguagem do autor, afetando sua credibilidade. c) Precisão e clareza Características relacionadas ao foco textual. Para alcançá-las, o autor deve: • apresentar as ideias de modo claro, coerente e objetivo, conferindo-lhes a devida ênfase; • usar um vocabulário preciso, evitando as linguagens rebuscadas e prolixas; • buscar a unidade do texto, construindo uma organização lógica; • evitar comentários irrelevantes, acúmulo de ideias e redundâncias, perseguindo a síntese; • usar a nomenclatura técnica aceita no meio científico, buscando a simplicidade; • evitarperíodos breves demais, pois prejudicam a exposição do assunto, assim como os longos demais, pois tornam o texto pouco claro e cansativo; • evitar ambiguidades, buscar a exatidão sem correr o risco de gerar dúvidas, formulando proposições inequívocas; • evitar termos e expressões que não indiquem claramente proporções e quantidades (médio, grande, bastante, muito, pouco, mais, menos, nenhum, alguns, vários, quase todos, nem todos, muitos deles, a maioria, metade e outros termos ou expressões similares), procurando substituí-los pela indicação precisa em números ou porcentagem, ou optando por associá-las a esses dados. O texto científico sofre críticas relacionadas à dificuldade de leitura. • Para evitá-las, releia o seu texto com senso crítico. Verifique se a linguagem não está empolada demais, com muitos termos técnicos, ou, Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 27UNIDADE 1 talvez, empobrecida demais. Persiga a simplicidade, a clareza e a síntese! d) Imparcialidade O autor não deve fazer prevalecer seu ponto de vista, sua opinião e seus preconceitos. Ao mesmo tempo, deve evitar ideias preconcebidas, não subestimando e nem superestimando a importância das ideias em debate. Atenção para os termos que marcam posicionamentos: Adjetivos, advérbios, locuções e pronomes que indiquem tempo, modo ou lugar de forma imprecisa, tais como: aproximadamente, antigamente, em breve, em algum lugar, em outro lugar, adequado, inadequado, nunca, sempre, raramente, às vezes, melhor, provavelmente, possivelmente, talvez, algum, pouco, vários, tudo, nada e outros termos similares. Ex.: Em lugar de: Esse dado é importantíssimo para a origem da história alemã. Prefira: Esse dado indica fatores sobre a origem da história alemã. e) Coesão e coerência A coesão se refere à boa articulação entre as partes do texto, estando relacionada à sua organização tópica. A coerência refere-se à lógica, à consistência e à não contradição do dito. Está, portanto, vinculada à progressão na exposição das ideias, de modo a facilitar a interpretação de texto. O objetivo inicial deve ser mantido ao longo de seu desenvolvimento, sendo que a explanação deve se apoiar em dados e provas, e não em opiniões que não possam ser confirmadas. Expressões latinas usadas no texto acadêmico-científico Em textos técnicos e científicos, é comum o uso de expressões latinas, cuja função é imprimir maior exatidão informacional. No entanto, havendo o termo correspondente em português, pode-se optar por um ou pelo outro: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 28 UNIDADE 1 Expressão Significado e uso Apud Significa citado por, conforme, segundo. Na citação de citação, é utilizada para informar que o que foi transcrito de uma obra de um determinado autor, na verdade, pertence a outro. Cf. Significa confira, confronte: usa-se na citação indireta, síntese retirado de fonte consultada sem alteração das ideias do autor. A indicação da página é opcional. Ex.: (Cf. GIL, 1997) Cf. supra; infra = confira-se acima; confira-se abaixo. Usado quando se quer remeter o leitor a outras partes do texto – antes ou depois. O termo vem seguido do número da página. Ex.: Cf. infra, p. 16. Corpus Significa conjunto de dados – quando se tem mais de um conjunto de dados, usa-se o plural corpora. Et alii (et al.) Significa “e outros”. Utilizado quando a obra foi produzida por mais de três autores. Menciona-se o nome do primeiro, seguido da expressão et alii ou et al. Ex.: França et al. Et seq. (et sequentia) Significa “e seguintes”. Usado para indicar a primeira página de uma sequência maior utilizada para citar. Ex.: (SOUZA, 2012, p. 23 et seq.) Ibidem ou Ibid. Usado quando repete o autor e a obra, mas as páginas são diferentes. Ex.: Se na nota anterior, você citou (SOUZA, 2012, p.45), na próxima citação, você usa (Ibid, p. 50). Idem (id.) Significa mesmo autor, mesma obra, mesma página. In Significa “em”, “dentro de”. Ipsis litteris Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic. Ipsis verbis Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic. Loc.cit. Significa “loco citato”, no lugar citado. Opus citatum ou op. cit. Significa obra citada. Usado quando a obra já foi mencionada no texto, mas não é exatamente a anterior. Ex.: SOUZA (op.cit. p. 70). Tabela 1: Expressões latinas a serviço do discurso acadêmico Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 29UNIDADE 1 Expressão Significado e uso Passim Significa “aqui e ali” = Usado quando uma citação livre é retirada de diversas páginas determinadas. Ex.: SOUZA (2012, p. 85-89, passim). Ex.: RIBEIRO, 1997, passim. Sic Significa “assim”. Emprega-se em citações cuja expressão cause estranheza ao leitor. É um modo de confirmar o que estava escrito no texto original. Ex.: Todos os homens da face da terra sabe muito disso (sic). Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis. Supra Significa “acima”, referindo-se a nota imediatamente anterior. Como você viu, nesta seção, focalizamo-nos nos tipos de conhecimento existentes, dando ênfase ao conhecimento científico e na relação entre este e a Metodologia Científica. No próximo capítulo, abordaremos a pesquisa bibliográfica e alguns aspectos relacionados à qualidade e à organização dos estudos no âmbito acadêmico. Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 3. Para saber mais: Assista à videoaula com este conteúdo. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 30 UNIDADE 1 As ações processuais da construção científica Um investimento inicial a ser feito pelos alunos no Ensino Superior é o de conhecer o funcionamento desse mundo de contratos e protocolos próprios, sendo, no caso acadêmico, bastante formais. Entender quais são e como são facilita a vida do estudante, podendo tornar suas ações mais efetivas, menos conflituosas, mais estratégicas, além de reduzir a ansiedade. Algumas informações convencionais próprias do mundo acadêmico giram em torno da linguagem como forma de ação e processo social. É por meio da linguagem que entendemos o mundo, que construímos e revelamos papéis e identidades sociais. Assim, a tradição universitária também é revelada por meio dos textos, trabalhos, pesquisas etc. produzidos pelos alunos. A elaboração da pesquisa acadêmica e a pesquisa eletrônica Os dois principais compromissos do Ensino Superior são com a pesquisa e com a formação profissional. Para cumprir essas tarefas, o estudante precisa aprender a estudar, selecionando fontes confiáveis, promovendo o diálogo com os teóricos, buscando aplicar e questionar suas teorias, o que é algo desafiador. Minayo, vendo por um prisma mais filosófico, considera a pesquisa como: ...atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. (MINAYO, 2010, p.23) A pesquisa é uma atividade cotidiana, uma atitude, um questionamento sistemático crítico e criativo, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático. Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, sendo um processo formal e sistemáticode desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas, tanto os apontados pelos professores quanto os levantados pelos próprios alunos. A princípio, é necessário abandonar MóDUlO 03 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 31UNIDADE 1 certas práticas de pesquisas escolares baseadas em plágio, ou seja, a cópia (de longos trechos ou de textos completos) sem referência à autoria, bem como na busca de fontes sem critérios de seleção. Para sanar o primeiro problema, o plágio, é fundamental que o estudante tenha um objetivo ao pesquisar, exercite a redação própria e pratique o recurso das citações para inserir fragmentos textuais de terceiros. Isso trará a voz do pesquisador para o texto, num diálogo honesto com os autores pesquisados. Para sanar o segundo problema, relativo aos critérios de seleção das fontes de pesquisa, o graduando deve: a. escolher textos cujos autores tenham vínculo com alguma instituição de pesquisa ou de Ensino Superior, presumindo-se que eles tenham passado por avaliação e validação; b. ler os resumos relativos aos textos escolhidos, para selecionar os que, de fato, interessam; c. evitar consultas em enciclopédias eletrônicas livres, já que qualquer usuário pode inserir informações, sem critérios avaliativos; d. evitar fontes não comprometidas com o conhecimento científico. Informações de revistas de cunho jornalístico, por exemplo, podem servir de argumento ou dado, mas não têm força como ciência; e. privilegiar os periódicos impressos ou eletrônicos e procurar saber sobre sua credibilidade. (BRASILEIRO, 2013) Ciente desses fatores, o estudante estará preparado para elaborar uma pesquisa mais criteriosa e nela imprimir credibilidade e consistência. A pesquisa eletrônica Normalmente, o primeiro impulso de pesquisa de um estudante, ao receber uma proposta de trabalho acadêmico, é a busca nas fontes eletrônicas. Para que a pesquisa tenha a qualidade esperada, é preciso prezar pelos critérios de seleção: a. autoridade – diz respeito à repu- tação dos autores pesquisados e das instituições às quais se vinculam; b. atualidade – o pesquisador deve avaliar a obsolescência ou não da informação; c. cobertura/conteúdo – verificar se o tema foi tratado com a profundidade necessária ao Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 32 UNIDADE 1 documento consultado; d. objetividade – verificar se todos os lados do assunto são apresentados de maneira justa, sem favoritismos, preconceitos ou julgamentos tendenciosos; e. precisão – analisar se a informação disponível é verdadeira, oficial, autorizada, reconhecida e validada institucionalmente; f. acesso – verificar se a página da internet é estável ou está frequentemente ocupada para acesso ou fora do ar, se é paga ou gratuita; g. aparência – avaliar se o texto foi revisado e se é bem estruturado. Além desses critérios, é possível apontar alguns sites de busca acadêmica confiáveis. São eles: os sites de instituições de pesquisa e de Ensino Superior e os de divulgação científica, como: Google Acadêmico, Scielo, Anped, Medline, Embase, Lilacs, Cochrane Controlled Trials Database, SciSearch e outros. Aqui ficam algumas formas/dicas para realizar suas pesquisas eletrônicas: a. inicie a busca com uma palavra- chave. Ex.: “Ensino”; b. insira mais palavras-chave, caso obtenha muitos resultados. Ex.: Metodologia AND Ensino AND Matemática; c. coloque uma frase entre aspas para procurar a frase completa em um texto. Ex.: “metodologia do ensino da Matemática”; d. utilize opções de pesquisa para filtrar resultados por país ou língua. Por exemplo, Brasil ou Portugal, ou então escolher artigos em português, independentemente da sua origem física; e. use o operador “+” para adicionar uma palavra na busca e o “-” para excluir palavras; f. pelo domínio dos sites devolvidos, consegue-se saber de que país é que o artigo é originário. Se for um site que acabe em “.pt”, significa que é um domínio de Portugal, se for do tipo ‘.com.br’ é um domínio brasileiro. No entanto, exclua domínios genéricos que não identificam o país de origem. Ex.: os ‘.com’ ou ‘.info’; g. use operadores ‘booleanos’ como o ‘e’ e ‘ou’ para forçar pesquisas de certas palavras. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 33UNIDADE 1 Fonte: <http://www2.assis.unesp.br/egalhard/PesqInt1.htm> EXPRESSÃO USO AND Para pesquisas avançadas, digite-o na caixa booleana de forma livre. Aula AND Português encontra documentos tanto com a palavra aula quanto com a palavra Português. OR Encontra documentos contendo pelo menos uma das palavras ou frases especificadas. Aula OR Português encontra os documentos contendo ou aula ou português. Os documentos encontrados podem conter ambos os termos, mas não necessariamente. AND NOT Exclui documentos contendo a palavra ou frase especificada. Aula AND NOT Português encontra documentos com aula, mas não contendo português. NOT precisa ser usado com um outro operador, como E. O AltaVista não aceita ‘aula NOT Português’; no lugar, especifique aula AND NOT Português. NEAR Localize documentos contendo tanto as palavras quanto as frases especificadas com 10 palavras entre uma e outra. Aula NEAR Português encontraria documentos com aula português, mas provavelmente nenhum outro tipo de português. * O asterisco é um curinga; quaisquer letras podem tomar o lugar do asterisco Bass* Bass encontraria os documentos com bass, basset e bassinet. Você precisa digitar pelo menos três letras antes. ( ) Use parênteses para agrupar frases booleanas complexas. Por exemplo, (aula AND português) AND (leitura OR produção) localiza documentos com as quatro palavras cruzadas. image:filename Localiza páginas com imagens tendo um nome de arquivo específico. Use image:praias para localizar páginas com imagens chamadas praias. link:URLtext Localiza páginas com um link para uma página com um texto do URL especificado. Use link:www.myway.com para localizar todas as páginas que fazem link com myway.com. text:text Localiza páginas que contêm o texto especificado em qualquer parte da página, com exceção de uma tag de imagem, link ou URL. A pesquisa text:graduação localizaria todas as páginas com o termo graduação nelas. title:text Localiza páginas que contêm a palavra ou frase especificadas no título da página (que aparece na barra do título da maioria dos navegadores). A pesquisa title:crepúsculo localizaria páginas com crepúsculo no título. url:text Localiza páginas com uma palavra ou frase específicas no URL. Use url:jardim para localizar todas as páginas em todos os servidores que têm a palavra jardim em algum lugar no nome do host, na via ou no nome do arquivo. Tabela 2: Expressões booleanas para busca na internet Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 34 UNIDADE 1 Feita a pesquisa bibliográfica, é hora de organizar o material. Você pode fazer essa tarefa utilizando, por exemplo, o fichamento, que é um modo bastante eficaz para organizar as informações lidas. Vamos a ele, então. Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo, Atlas, 2013. Cap. 4.6; 4.20. Para saber mais: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 35UNIDADE 1 Fichamento: o que é e como se faz? No processo de construção de um trabalho acadêmico, seja ele simples ou complexo,o pesquisador realiza inúmeras leituras que, se não forem organizadas sistematicamente, podem se perder e acabar por não cumprirem o objetivo a elas referente, que é o de contribuir para a resposta colocada para a pesquisa. Em virtude disso, é necessário buscar estratégias de organização do material, que podem ser, por exemplo, por meio de fichamentos e resumos. É uma das formas de documentação do pesquisador. Os registros fichados permitem consulta posterior do autor, sempre que ele precisar escrever sobre o tema. Pode ser considerado como fonte para o fichamento tudo aquilo que o autor julgar importante: seminários, grupos de discussão, conferências, artigos, livros e até anotações de aula. Para alcançar o seu objetivo de acesso rápido aos dados fichados, o autor deve ser criterioso ao seccionar as informações, para que elas não se percam. Antes, tais registros eram feitos em fichas pautadas de papel cartão, hoje, contudo, elas podem ser feitas em qualquer programa de dados de um computador. Quanto à função, elas podem ser classificadas como catalográficas ou de leitura. • Ficha catalográfica: utilizada em catalogações de bibliotecas e serve para identificar autor e localizar assunto e título. Normalmente, é feita por um bibliotecário. • Ficha de leitura: resulta da leitura de um livro ou texto, facilitando a execução de trabalhos acadêmicos e a assimilação de conteúdos estudados. O fichamento de leitura é o que nos interessa para efeito da documentação a que nos referimos. Tipos de fichamento de leitura Dependendo do objetivo, o pesquisador pode fichar as suas leituras de três modos diferentes: registrando citações, resu- mindo as informações ou analisando-as. MóDUlO 04 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 36 UNIDADE 1 • Fichamento de citação – é a transcrição textual, a reprodução fiel das frases que se pretende usar na redação do trabalho. Registram-se as passagens que poderão ser utilizadas, posteriormente, como citações diretas. É importante registrar o número das páginas de cada fragmento selecionado, para facilitar o trabalho da redação. • Fichamento de conteúdo ou de resumo – é a síntese das ideias do texto lido. É o registro de um resumo informativo de uma obra ou parte dela, em que o aluno escreve com suas palavras aquilo que leu. Esse tipo de fichamento alimentará as citações indiretas na redação final do trabalho. • Ficha analítica ou de comentário – é a descrição com comentários dos tópicos abordados em uma obra ou parte dela, cuja elaboração demanda do autor maior domínio do assunto. Pelo fato de o autor descrever e analisar as informações encontradas na leitura, esse tipo de fichamento facilita e enriquece a redação final de um trabalho acadêmico, pois já traz a voz do pesquisador em diálogo com os autores citados. Estrutura de um fichamento Parte pré-textual: a. no alto da página, registre o cabeçalho, composto de “tema geral”, “tema específico”. Esses temas podem estar vinculados, por exemplo, ao sumário do seu trabalho. Se isso ocorrer, a respectiva numeração do tópico do sumário deve ser informada; b. abaixo, registre o tipo de fichamento que está fazendo (de citação, de resumo ou analítico); c. em seguida, informe a referência bibliográfica da obra fichada. Parte textual: a. o corpo do fichamento dependerá do objetivo do trabalho que será feito pelo pesquisador. Caso o pesquisador opte pelo fichamento de citação, ele deve transcrever o trecho, colocar entre aspas e registrar o número da página no final da citação. No fichamento de resumo, o autor sintetiza a(s) passagem(ns) que lhe interessa(m) e registra tal síntese. Por fim, no fichamento analítico, ele faz comentários sobre o que leu, posicionando-se em relação ao dito e tentando dialogar com o autor, concordando, discordando, acrescentando etc. Parte pós-textual: caso o fichamento seja Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 37UNIDADE 1 feito por solicitação de um professor, como atividade avaliativa, registre o seu nome e suas credenciais no rodapé da ficha. Exemplos de fichamentos interacionismo A interação em sala de aula 2.4 Fichamento de citação CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. “Ao examinar a linguagem nessas duas perspectivas, o pesquisador examina como as demandas e expectativas, papéis e relacionamentos, direitos e obrigações em relação à participação nas atividades da sala de aula são reconstruídos e renegociados à medida que professor e alunos interagem ao longo do tempo.” (p. 48) “À medida que participantes de uma turma interagem, ao longo do tempo, eles passam a agir como uma cultura, no sentido de que criam princípios para a ação, estruturas culturais e conhecimento comum que orientam a participação no grupo.” (p. 52) Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano. Exemplo 1 – Fichamento de citação Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 38 UNIDADE 1 interacionismo A interação em sala de aula Aprendizagem contextualizada 2.4.2 Fichamento de conteúdo (ou resumo) CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. O livro Aprendizagem Contextualizada, de Castanheiro (2010), é fruto de uma pesquisa desenvolvida em uma turma de 5ª série bilíngue de uma escola pública da cidade de Santa Bárbara, na Califórnia (EUA). Nos seis capítulos do livro, a autora compartilha com seu leitor uma visão da sala de aula como cultura, em uma investigação cujo objetivo é verificar como um professor age para possibilitar o acesso a práticas científicas e de letramento que costumam ser privilégio de alunos oriundos de grupos social e economicamente favorecidos. A autora esclarece e divulga exemplos favorecedores da aprendizagem e da inclusão de alunos com perfis diferentes. Para dissecar tal exemplo, ela lançou mão de teorias complementares (Antropologia Cognitiva, Sociolinguística Interacional e Análise Crítica do Discurso) e examinou as consequências epistemológicas da adoção de diferentes ângulos analíticos, definidos a partir de uma abordagem teórico-metodológica particular. Especificamente, ela descreveu como a vida em sala de aula é discursivamente construída pelos membros por meio de suas interações. No primeiro capítulo, [...] Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano. Exemplo 2 – Fichamento de conteúdo (ou de resumo) Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 39UNIDADE 1 interacionismo Unidade de Sequência interacional 2.5 Fichamento analítico CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. Não sendo linguista, nem socióloga, a educadora transitou por teorias dessas áreas com leveza e simplicidade, revelando a sala de aula como um (con)texto discursivamente construído pelos participantes da interação e tomando as pessoas como ambientes umas para as outras. Desse modo, entendeu o contexto como algo que sempre muda, e a linguagem como elemento constitutivo da interação, cujos participantes são sócio historicamente construídos. Tecnicamente, utilizou a unidade de sequência interacional (GREEN, 1983), para analisar os tópicos conversacionais e mapear os eventos interacionais observados. Acontribuição da pesquisa de Castanheira é inegável, especialmente, por mostrar a aprendizagem a partir de uma perspectiva contextual, construída por meio da linguagem e de práticas discursivas Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano. Exemplo 3 – Fichamento analítico (ou de comentário) Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 40 UNIDADE 1 No caso de o aluno fazer o fichamento no computador, para ser entregue como atividade avaliativa, ele deve usar papel branco A4, espaçamento 1,5, fonte: Arial ou Verdana 12, paginação: superior à direita – a partir da página 2, margens superior e esquerda: 3cm e inferior e direita: 2cm. Impressão em face única. Deve, também, usar um cabeçalho com as seguintes informações: Instituição: Curso: Disciplina: Professor: Aluno: Tema Geral: Tema específico: Tipo de Fichamento: Referência: Esse é um dos gêneros textuais acadêmicos mais antigos, cujos modos de elaboração têm sido alterados em função dos recursos tecnológicos, mas cuja utilização tem sido cada vez mais demandada pelos pesquisadores. Seja em ficha, em cadernos ou em programas de computador, o fichamento é uma forma de registro de inegável utilidade. Resumo: o que é e como se faz? “É a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto” (NBR 6028, 2003, p. 1). Com essa atividade, o aluno desenvolve as habilidades de leitura e produção objetivas, seleção de informações, síntese e respeito à propriedade intelectual, uma vez que a ideia original deve ser preservada e referenciada. As orientações da norma da ABNT estão restritas ao resumo de textos científicos, não abordando, por exemplo, a síntese de romances, obras técnicas ou capítulos de livro. Entretanto, todas essas modalidades de resumo são muito solicitadas no meio escolar, sendo também efetivos modos de se construir uma documentação pessoal para fins de estudos. Para alcançar o objetivo de sintetizar, o leitor deve fazer uma leitura analítica, destacando as ideias principais e voltando ao texto quantas vezes forem necessárias. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 41UNIDADE 1 Tipos de resumo São três os tipos de resumo: descritivo, informativo e crítico. Além disso, há o resumo homotópico, utilizado na parte pré-textual dos textos científicos. • resumo descritivo ou indicativo: é a descrição da estrutura de uma obra por meio de tópicos. Apresenta-se em forma de um sumário com títulos, subtítulos; tópicos e subtópicos de um artigo, capítulo, livro etc. Tem o objetivo de proporcionar uma visão geral da organização do texto a ser resumido. Pode, também, informar brevemente o conteúdo de cada tópico, sem dispensar o leitor do resumo de consultar o texto fonte. • resumo informativo ou analítico: é a informação do conteúdo da obra, por meio de parágrafos dissertativo- expositivos ou narrativos, escritos em terceira pessoa do singular e verbos na voz ativa. Se o texto for técnico ou científico, apresente o tema, os objetivos, a justificativa, os métodos, os resultados e as conclusões a que se chegou com a pesquisa. Caso seja um texto narrativo, situe o leitor com relação aos elementos do texto, identificando: o fato, os personagens principais, o lugar e o tempo. Para sintetizar o enredo, mencione os seguintes pontos estruturais: a apresentação, o fato complicador, a complicação, o ápice da narrativa, o desfecho e a coda2 . No caso de textos dissertativo-argumentativos, reconstrua a ideia central ou tese defendida pelo autor do texto, apresente os principais argumentos utilizados e as ideias conclusivas. • resumo crítico: é o tipo de resumo que, além de expor o conteúdo da obra, inclui uma avaliação dela, utilizando-se, também, da dissertação argumentativa. O autor do resumo avalia, portanto, a estrutura, a metodologia utilizada, a relevância do assunto, a linguagem utilizada, o alcance ou não dos objetivos. Estrutura do resumo Parte pré-textual: a. o cabeçalho: no alto da página, registra-se a referência completa da obra resumida, seguindo as normas da ABNT; b. o título: centralizado, em caixa alta, fonte 14 e em negrito, escreve-se a palavra RESUMO seguida do tipo de resumo que será feito. Ex.: Resumo Informativo; 2 Coda é a mensagem que pode ser extraída da narrativa. Nas fábulas, ela é conhecida como moral da história. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 42 UNIDADE 1 c. o nome do autor do resumo: é escrito em itálico com fonte 10 na margem direita da folha e com remissiva ao rodapé, a fim de esclarecer as credenciais do autor do resumo (formação e vínculo institucional). Parte textual: a. se o resumo for descritivo, organiza-se o texto em tópicos, descrevendo, caso solicitado, os itens e partes que compõem a obra, podendo corresponder a uma espécie de sumário; b. se o resumo for informativo, faz-se uma abertura, apresentando ao leitor o texto que será lido, especialmente, o título, a autoria e os objetivos. A partir daí, registram-se as ideias essenciais da obra. É essencial a fidelidade às ideias do autor, cabendo, inclusive, citações livres ou textuais; c. no resumo crítico também é feita uma introdução, a fim de contextualizar o leitor sobre a obra que será resumida (título, autoria, objetivos...). Na sequência, avaliam-se os aspectos acima mencionados, destacando-se a importância da obra, o estilo do autor, a estrutura, a linguagem e a organização do texto. Parte pós-textual: Normalmente, não existe. Mas, no caso do resumo crítico, se o autor do resumo fizer alguma consulta para realizar a análise, ela deve ser registrada como citação no corpo do texto e na lista de referências. Dicas para elaboração de um resumo a. Leia todo o texto-fonte, a fim de identificar a sua estrutura geral, ou seja, a forma como ele foi orga- nizado e suas partes ordenadas. Observe bem, pois há textos mal estruturados que dificultam a organização de um resumo; b. sublinhe as palavras-chave, para construir a ideia central e o objetivo do autor com aquela produção; c. identifique as partes principais que compõem o desenvolvimento do texto; d. procure registrar as ideias que sustentam o texto, com a maior fidelidade e objetividade possível; e. procure lembrar o leitor da propriedade intelectual das ideias ali constantes. Ex.: Tal fenômeno, segundo o autor, é recorrente na Língua Portuguesa; Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 43UNIDADE 1 f. registre uma ideia por parágrafo, colocando, no início dele, a informação mais importante; g. percorra os índices dos capítulos, seções ou obras a serem resumidas. Os títulos e subtítulos fornecem a organização tópica do texto e, portanto, indiciam as suas proposições elementares. Assista à videoaula com este conteúdo. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 45UNIDADE 1 Esta unidade está dividida em quatro capítulos. No primeiro, tratamos dos tipos de conhecimento mais comuns em nosso cotidiano. São eles: o empírico (ou de senso comum), o filosófico, o religioso e o conhecimento científico. No segundo capítulo, conceituamos método científico, explicando o que é metodologia científica e a necessidade dessa concepção ao se pretender produzir ciência. Discutimos, ainda, o que é e o que não é conhecimentocientífico, bem como as características de um texto científico: objetividade, clareza, precisão, coesão, coerência e imparcialidade. Trouxemos, também, alguns termos técnicos recorrentes no texto científico. No Capítulo 3 desta Unidade 1, abordamos as ações processuais da construção científica, tais como a qualidade da pesquisa bibliográfica, a realização de uma pesquisa eletrônica. Além disso, apresentamos, no capítulo 4, os dois principais modos de organização de documentos de pesquisa: os fichamentos de leitura e o resumo. Vamos ao estudo, então! RESUMO DA UNiDADE 47 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 47UNIDADE 2 UNiDADE 2 As Fases de Construção do Conhecimento Científico 49 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 49UNIDADE 2 A leitura de textos técnicos Nos ambientes acadêmico e profissional, são muitos os textos que chegam até nós, para que deles possamos extrair informações essenciais, úteis para nossa produtividade intelectual e procedimentos operacionais. Tais textos, que possuem teor extremamente denotativo, diferem daqueles de outras ordens do discurso, como os literários, os pessoais, os religiosos ou os publicitários. Refiro-me, aqui, aos textos do mundo acadêmico como artigos, monografias, ensaios, teses; bem como aos textos do mundo profissional como instruções normativas, ofícios, contratos e outros, os quais demandam do sujeito uma leitura considerada técnica. Essa leitura tem como principal objetivo destacar os pontos considerados mais importantes para serem, posteriormente, utilizados pelo leitor. Trata-se, portanto, de uma leitura produtiva. Para facilitar a busca de material sobre um tema, utilize o recurso de localizar palavras, dentro de um artigo selecionado. Use “ctrl + l” ou “ctrl + f” e, depois, registre o termo desejado. Curiosidade: São considerados textos técnicos aqueles que circulam nos meios profissionais, acadêmicos, científicos e jurídicos. Trata-se de uma leitura mais lenta, que exige maior concentração, principalmente, no que se refere aos termos técnicos. Por se tratar de leituras com objetivos definidos, para lê-los, é necessário ter alguns parâmetros. Um deles é perseguir as respostas para algumas perguntinhas básicas. No texto acadêmico, que é o nosso foco nesta disciplina, as perguntas são: MóDUlO 01 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5050 UNIDADE 2 O quê? (Que texto é esse? De quem é? Qual é o assunto?) Por quê? (Quais motivos justificam a sua leitura e a própria existência do texto?) Para quê? (Quais são os objetivos a serem alcançados pelo autor do texto e por você?) Como? (Que métodos foram utilizados pelo autor para alcançar o objetivo? De que forma ele organizou o texto? (Que referenciais teóricos foram usados?) Quais são os resultados? (A que resultado o autor do texto chegou? E você concluiu o quê?) Passos para a realização de uma leitura técnica Antes de começar a leitura, propriamente dita, faça uma pré-leitura, que é uma exploração geral da estrutura do texto a ser lido: observe o seu tamanho, sua estrutura tópica, os recursos gráficos utilizados, os referenciais teóricos e se há alguma informação sobre o autor. Isso lhe fornecerá pistas sobre o posicionamento de quem está falando no texto. Em seguida: viii. leia o título e concentre-se na construção do seu sentido; ix. leia o resumo, identificando, prin- cipalmente, o objetivo proposto pelo autor; x. rastreie, na introdução, os demais objetivos (para quê), a justificativa do autor (por quê?), a menção ao método utilizado (como?); xi. atente-se aos destaques dados pelo autor (negritos, sublinhados, itálicos), pois eles têm razão de ser; xii. procure os principais conceitos utilizados pelo autor e destaque-os; xiii. explore os dados apresentados pelo autor e destaque aqueles que forem do seu interesse; xiv. busque, na conclusão, se o autor cumpriu com o objetivo proposto e se ele conseguiu confirmar a proposta do título do texto; xv. avalie se as referências estão fiéis às fontes citadas no texto; xvi. verifique se as palavras-chave utilizadas pelo autor foram correspondentes ao teor do texto. Regras para sublinhar No decorrer de toda a leitura, vá 51 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 51UNIDADE 2 sublinhando aquilo que for do seu interesse, aquilo que estiver condizente com o seu objetivo de leitor. A habilidade de sublinhar, embora seja cansativa no início, servirá de ferramenta para o estudante durante toda a sua vida acadêmica e profissional. Por isso, vale a pena investir um pouco de esforço nessa tarefa, seguindo as recomendações: i. sublinhe apenas as ideias principais e os detalhes importantes; ii. não sublinhe por ocasião da primeira leitura, caso seja leitor técnico iniciante; iii. reconstitua o parágrafo a partir das palavras sublinhadas; iv. sublinhe com dois traços as palavras-chave e com um único traço os pormenores importantes; v. assinale com um traço vertical, à margem do texto, as passagens mais significativas; vi. assinale com um ponto de interrogação ideias não compreendidas ou de discordância em relação ao texto; vii. marque o texto, preferencialmente, com o lápis, mas podem também ser utilizadas canetas marca-texto ou canetas coloridas. Regras para resumir Tendo o texto sublinhado, será muito mais fácil construir o resumo para posteriores utilizações das informações contidas nele. Para isso, você deve: i. ler o texto mais de uma vez, sublinhando-o e fazendo breves anotações à margem; ii. ser breve e compreensível; iii. percorrer, especialmente, as pala- vras sublinhadas e as anotações à margem do texto; iv. usar aspas e fazer referência completa à fonte, no caso de transcrição textual, sobretudo, quando as passagens enriquecem o seu objetivo; v. dar um caráter personalizado ao resumo, na forma de associar as ideias e até se inserir no texto com ponderações pessoais (se for permitido um resumo crítico!). DICA: Para uma leitura técnica produtiva, utilize as estratégias de sublinhar, definir a ideia central do texto, resumir e elaborar esquemas! Bom trabalho! Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5252 UNIDADE 2 Complemento à seção: uma comparação entre o bom e o mau leitor No livro denominado “Aprendendo a aprender”, Bastos e Keller (2004) dedicam uma seção para identificar características de um bom leitor e de um mau leitor. Tais características, apresentadas em um quadro comparativo, são úteis para o leitor fazer uma autoavaliação do nível de leitura em que se encontra e buscar aperfeiçoar essa habilidade essencial para seu êxito acadêmico e profissional. Analise as observações dos autores e faça, agora, sua autoavaliação! O bom leitor O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem os seguintes hábitos: Lê com objetivo determinado. Ex.: aprender certo assunto, repassar detalhes, responder a questões. Lê unidades de pensamento. Abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as ideias encontradas numa frase ou num parágrafo. Tem vários padrões de velocidade. Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido; se livro científico para guardar detalhes, lê mais devagar. Avalia o que lê. Pergunta-sefrequentemente: que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para escrever sobre tal assunto? Está ele apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a ideia principal deste trecho? Quais seus fundamentos? Possui bom vocabulário. Sabe o que muitas palavras significam. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz frequentemente para esclarecer certos termos, no momento oportuno. 53 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 53UNIDADE 2 Tem habilidades para conhecer o valor do livro. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro é indagar de que trata, através do título, dos subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os títulos do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha do livro”. Prefácio. Bibliografia citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente. Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade. Discute frequentemente o que lê com os colegas. Sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões. Adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular. Quando é estudante, procura os livros de texto indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periódicos científicos. Formado, continua alimentando sua biblioteca e não se restringe à aquisição dos chamados “compêndios”. Tem o hábito de ir direto às fontes; de ir além dos livros de texto. O mal leitor O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem os seguintes hábitos: Lê sem finalidade. Raramente sabe por que lê. Lê palavra por palavra. Pega o sentido da palavra isoladamente. Esforça-se para juntar os termos para poder entender a frase. Frequentemente tem de reler as palavras. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5454 UNIDADE 2 Só tem um ritmo de leitura. Seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamentente. Acredita em tudo o que lê. Para ele tudo o que é impresso é verda- deiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias experiências ou com outras fontes. Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista. Possui vocabulário limitado. Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldades em entender a definição. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia etc. antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas. Raramente discute com colegas o que lê. Quando o faz, deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares-comuns, das tiradas eloquentes, dos preconceitos. Não possui biblioteca particular. Às vezes, é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. É frequentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro. Terminologias definidas pela ABNT Para preservar a unidade de sentidos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece as definições de termos recorrentes no mundo acadêmico. Como você, cedo ou tarde, precisará de 55 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 55UNIDADE 2 uma delas, eis a relação de algumas mais recorrentes, em ordem alfabética: a) abreviatura: representação de uma palavra por meio de alguma(s) de suas sílabas ou letras; b) anexo: texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração; c) apêndice: texto ou documento elaborado pelo autor, que serve de funda- mentação, comprovação e ilustração; d) autor(es): pessoa(s) físi- ca(s) responsável(eis) pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento; e) autor(es) entidade(s): insti- tuição, organização, empresas, comitê, comissão, entre outros, responsável por publicação em que não se distingue autoria pessoal; f) capa: proteção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação; g) capítulo, seção ou parte: divisão de um documento. Pode ser numerado ou não; h) citação: menção de uma informação extraída de outra fonte; i) citação de citação: citação direta ou indireta de um texto a cujo original não se teve acesso; j) citação direta: transcrição textual de parte da obra do autor consultado; k) citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado; l) documento: qualquer suporte que contenha informação registrada que possa servir de consulta para estudo ou prova. Podem ser impressos, manus- critos, audiovisuais, sonoros, imagens e outros; m) edição: todos os exemplares reproduzidos a partir de um original ou matriz; n) editora: casa publicadora responsável pela produção editorial; o) elementos pós-textuais: elementos que complementam o trabalho; p) elementos pré-textuais: elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho; q) elementos textuais: parte do Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5656 UNIDADE 2 trabalho em que é exposta a matéria; r) escopo: refere-se à delimitação do tema; s) índice: lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto; t) informante: pessoa ou insti- tuição utilizada como fonte dos dados colhidos; u) lista: enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações ou exemplos, na ordem de sua ocorrência; v) monografia: documento constituído de uma só parte ou de um número preestabelecido de partes que se complementam; w) notas de referência: notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra em que o assunto foi abordado; x) notas de rodapé: indicações, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo autor, tradutor ou editor, podendo também aparecer na margem esquerda ou direita da mancha gráfica; y) notas explicativas: notas usadas para comentários, esclarecimentos ou explanações, que possam ser incluídos no texto; z) palavra-chave: palavra repre- sentativa do conteúdo do documento, escolhida, preferencialmente, em voca- bulário controlado; aa) publicação periódica: publi- cação em qualquer tipo de suporte editada em unidades físicas sucessivas, com designações
Compartilhar