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Análise e interpretação do poema Presságio de Fernando Pessoa - Cultura Genial

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03/05/2019 Análise e interpretação do poema Presságio de Fernando Pessoa - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poema-pressagio-de-fernando-pessoa/ 1/9
Literatura Poesia/
Poema Presságio de Fernando Pessoa
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes
Datado de 24 de abril de 1928, o poema "Presságio", popularizado como "O amor, quando se
revela", é uma composição de Fernando Pessoa. Escrito na fase final da vida do autor, é
assinado com o seu nome (ortônimo), ilustrando várias caraterísticas da sua lírica.
Embora trate um tema tão universal como o amor, Pessoa não faz o elogio do sentimento,
algo muito comum na poesia. Pelo contrário, é um desabafo do sujeito lírico acerca da sua
dificuldade em estabelecer relações amorosas.
Conheça também a análise do poema Autopsicografia de Fernando Pessoa.
Poema "Presságio"
O amor, quando se revela,O amor, quando se revela, 
Não se sabe revelar.Não se sabe revelar. 
Sabe bem olhar p'ra ela,Sabe bem olhar p'ra ela, 
Mas não lhe sabe falar.Mas não lhe sabe falar. 
 
Quem quer dizer o que senteQuem quer dizer o que sente 
Não sabe o que há de dizer.Não sabe o que há de dizer. 
Fala: parece que mente...Fala: parece que mente... 
Cala: parece esquecer...Cala: parece esquecer... 
 
Ah, mas se ela adivinhasse,Ah, mas se ela adivinhasse, 
Se pudesse ouvir o olhar,Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasseE se um olhar lhe bastasse 
P'ra saber que a estão a amar!P'ra saber que a estão a amar! 
 
Mas quem sente muito, cala;Mas quem sente muito, cala; 
Quem quer dizer quanto senteQuem quer dizer quanto sente 
Fica sem alma nem fala,Fica sem alma nem fala, 
Fica só, inteiramente!Fica só, inteiramente! 
03/05/2019 Análise e interpretação do poema Presságio de Fernando Pessoa - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poema-pressagio-de-fernando-pessoa/ 2/9
 
Mas se isto puder contar-lheMas se isto puder contar-lhe 
O que não lhe ouso contar,O que não lhe ouso contar, 
Já não terei que falar-lheJá não terei que falar-lhe 
Porque lhe estou a falar...Porque lhe estou a falar...
Análise e interpretação do poema
A composição é formada por cinco estrofes, cada uma com quatro versos (quadras). O
esquema rimático é cruzado, com o primeiro verso rimando com o terceiro, o segundo com o
quarto e assim por diante (A – B – A – B).
A forma obedece à tradição poética popular e a linguagem simples, acessível, torna o poema
apelativo para todos os tipos de leitores.
A temática amorosa, uma das mais fortes na poesia, assume contornos originais. Pessoa não
versa sobre a felicidade que amor lhe traz, mas sobre a sua aflição de homem apaixonado e a
impossibilidade de viver um romance correspondido.
Estrofe 1
O amor, quando se revela,O amor, quando se revela, 
Não se sabe revelar.Não se sabe revelar. 
Sabe bem olhar p'ra Sabe bem olhar p'ra elaela,, 
Mas não lhe sabe falar.Mas não lhe sabe falar.
A estrofe inicial apresenta o mote do poema, o tema que vai ser tratado, mostrando também
um posicionamento do sujeito. Com a repetição de "revela" e "revelar", o autor cria um jogo
de palavras que resulta numa antítese, recurso de estilo presente ao longo da composição.
Nestes versos é dito que quando o sentimento amoroso surge, não sabe como se confessar.
Pessoa recorre à personificação, representando o amor como uma entidade autônoma, que
age independentemente da vontade do sujeito.
Assim, sem conseguir controlar aquilo que sente, apenas pode olhar a mulher amada, mas
não consegue conversar com ela, fica sem jeito, não sabe o que dizer.
Estrofe 2
03/05/2019 Análise e interpretação do poema Presságio de Fernando Pessoa - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poema-pressagio-de-fernando-pessoa/ 3/9
Quem quer dizer o que senteQuem quer dizer o que sente 
Não sabe o que há de dizer.Não sabe o que há de dizer. 
Fala: parece que mente...Fala: parece que mente... 
Cala: parece esquecer...Cala: parece esquecer...
A segunda estrofe confirma a ideia transmitida antes, reforçando a incapacidade de
expressar devidamente o seu amor. Acredita que o sentimento não pode ser traduzido por
palavras, pelo menos não por ele.
É visível a inadequação do sujeito em relação aos seus pares, característica marcante da
poesia de Pessoa ortônimo. Sua dificuldade em comunicar com os outros resulta na
sensação de que está sempre fazendo algo de errado.
A observação e opinião dos demais restringe todos os seus movimentos. Acredita que se falar
sobre seus sentimentos, vão achar que ele está mentindo; pelo contrário, se não falar, vão
julgá-lo por deixar a amada cair em esquecimento.
Devido a esta lógica, o sujeito sente que não pode agir de nenhum modo, sendo um mero
observador da própria vida.
Estrofe 3
Ah, mas se Ah, mas se elaela adivinhasse, adivinhasse, 
Se pudesse ouvir o olhar,Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasseE se um olhar lhe bastasse 
P'ra saber que a estão a amar!P'ra saber que a estão a amar!
Depois da gradação das duas primeiras quadras, a terceira marca um momento de maior
vulnerabilidade. Triste, se lamenta e deseja que ela possa compreender a paixão que sente,
apenas através dos seus olhos.
Em "ouvir com o olhar" estamos perante uma sinestesia, figura de estilo que se caracteriza
pela mistura de elementos de campos sensoriais diferentes, neste caso, a visão e a audição.
O sujeito acredita que o modo como olha a amada denuncia mais o seu sentimento do que
qualquer declaração.
03/05/2019 Análise e interpretação do poema Presságio de Fernando Pessoa - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poema-pressagio-de-fernando-pessoa/ 4/9
Suspira, então, imaginando como seria se ela percebesse, sem que ele tivesse que dizer por
palavras.
Estrofe 4
Mas quem sente muito, cala;Mas quem sente muito, cala; 
Quem quer dizer quanto senteQuem quer dizer quanto sente 
Fica sem alma nem fala,Fica sem alma nem fala, 
Fica só, inteiramente!Fica só, inteiramente!
Parte para uma conclusão, defendendo que "quem sente muito, cala", ou seja, aqueles que
estão realmente apaixonados guardam segredo sobre suas emoções.
Segundo sua visão pessimista, quem tenta expressar seu amor “fica sem alma nem fala”, "fica
só, inteiramente". Acredita que falar do que sente irá sempre levá-lo ao vazio e à solidão
absoluta.
Assim, é como se assumir um amor fosse, automaticamente, uma sentença de morte para o
sentimento, que passasse a estar condenado. A paixão é um beco sem saída, face ao qual só
pode sofrer e se lamuriar.
Estrofe 5
Mas se isto puder contar-lheMas se isto puder contar-lhe 
O que não lhe ouso contar,O que não lhe ouso contar, 
Já não terei que falar-lheJá não terei que falar-lhe 
Porque lhe estou a falar...Porque lhe estou a falar...
A quadra final, apesar do vocabulário simples, se torna complexa devido à formulação das
frases. Estamos perante o uso do hipérbato (inversão na ordem dos elementos de uma
oração). O sentido dos versos também não é evidente, dando origem a diferentes leituras.
Uma delas é um raciocínio lógico: se pudesse explicar a ela a dificuldade que tem em
exprimir seu amor, não seria mais necessário fazê-lo, porque já estava se declarando.
Contudo, não consegue falar sobre sentimentos, nem discutir essa inabilidade. O
relacionamento está condenado a ser apenas platônico, unidimensional.
03/05/2019 Análise e interpretação do poema Presságio de Fernando Pessoa - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poema-pressagio-de-fernando-pessoa/ 5/9
Outra é assumir que o próprio texto é uma declaração de amor. O sujeito usa a poesia como
outra forma de falar, de mostrar o que sente; o poema está contando aquilo que ele não
consegue. No entanto, seria necessário que ela lesse seus versos e soubesse que lhe eram
dirigidos. Também assim, o relacionamento não se concretizaria.Uma última, talvez mais sustentada por elementos do texto (versos iniciais), é a de que o
verdadeiro amor é incomunicável, não pode ser colocado por palavras, senão desaparece.
O sujeito afirma que só conseguiria declarar o seu amor, caso o sentimento não existisse
mais.
A conjunção adversativa "mas" marca uma oposição entre aquilo que tinha sido dito acima e
a quadra que encerra o poema. Isto vem sublinhar que embora lamente não poder expressar
seu sentimento, está conformado, porque sabe que não pode ser revelado, sob pena de
desaparecer.
Signi�cado do poema
Falando de amor, Pessoa exprime pessimismo e falta de coragem para enfrentar a vida,
dois traços bastante habituais na poesia que assinou com seu verdadeiro nome (Pessoa
ortônimo). Apesar de sentir desejos e paixões, como todo mundo, assume a sua
incapacidade de ação face a eles. Embora quase todas as rimas estejam em verbos (que
implicam ações), o sujeito apenas assiste a tudo, imóvel.
Aquilo que deveria ser fonte de felicidade e prazer se transforma, invariavelmente, em dor. Ao
longo de todo o poema, transparece a sua atitude derrotista face ao amor, desacreditando
a forma como os outros o encaram. Esta análise e intelectualização das emoções, quase
até esvaziá-las de sentido, é outra característica da sua obra poética.
Para este sujeito, o sentimento só é verdadeiro quando não passa de um "presságio",
existindo no seu interior, sem nenhum tipo de consumação ou reciprocidade, sem sequer a
revelação da sua existência. O medo do sofrimento se traduz em mais sofrimento, já que
ele não consegue avançar, correr atrás da própria felicidade.
Por tudo isto, como um sonho que é destruído no momento em que se materializa, a paixão
correspondida parece uma utopia que nunca poderá alcançar. No fundo, e acima de tudo, o
poema é a confissão de um homem triste e derrotado que, não sabendo se relacionar com as
outras pessoas, acredita estar destinado a uma solidão irremediável.
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Adaptações musicais contemporâneas
Além de possuir um tema intemporal, com o qual muitas pessoas conseguem se relacionar, o
poema se tornou mais célebre pela própria forma.
A musicalidade de seus versos e a divisão em quadras, tradição das canções populares
portuguesas, levou alguns artistas a gravarem adaptações de "Presságio". Assim, quase um
século depois da sua composição, o poema continua conquistando novos públicos.
"Quadras" por Camané
O fadista Camané cantando "Quadras" de Fernando Pessoa, no filme "Fados" de Carlos Saura
(2007).
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"Presságio" por Salvador Sobral
Salvador Sobral, vencedor do Festival da Eurovisão, cantando num show a sua adaptação de
"Presságio" (2017).
Fernando Pessoa: poeta de muitos nomes
Fernando António Nogueira Pessoa (13 de junho de 1888 — 30 de novembro de 1935),
considerado o maior nome da literatura portuguesa, escreveu poesia, prosa, teatro e ensaios
críticos e filosóficos. Foi também tradutor, astrólogo, empresário e publicitário, entre outras
coisas.
Aquilo em que mais se destacou foi o trabalho literário, nomeadamente o poético, que
assinava com vários nomes diferentes. Não se tratavam de pseudônimos mas de
heterônimos, ou seja, entidades individuais que possuíam seus próprios gostos, estilos,
influências, valores e crenças.
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Retrato de Fernando Pessoa caminhando nas ruas de Lisboa.
Criando e incorporando tantas personalidades, assinava também poemas com seu nome
próprio, onde expunha frequentemente sua fragilidade e relação conturbada com os outros.
Numa leitura mais biografista, sabemos que Pessoa mantinha um namoro intermitente com
Ofélia Queirós, com quem se encontrava e, sobretudo, correspondia por cartas.
Em 1928, quando escreveu "Presságio", a relação estava terminada. Este dado pode
contribuir para compreendermos melhor toda a desilusão contida no poema. Embora tenha
reatado no ano seguinte, a relação não avançou. Ofélia e Pessoa nunca casaram e poeta
permaneceu dividido entre a solidão existencial e o trabalho compulsivo da escrita.
Conheça também
10 poemas fundamentais de Fernando Pessoa
Poema Soneto de Fidelidade de Vinicius de Moraes
Poema Amor é fogo que arde sem se ver de Luís Vaz de Camões
Poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes (2014) e licenciada em Estudos Portugueses e
Lusófonos (2011) pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
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