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Modulo 8 - Psicologia

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18/04/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/3
 Psicologia jurídica na  execução penal
De início, cabe indagar: o que é crime?   Pois, o conceito de crime,  de criminoso, de pena e de
prisão variam no tempo e no espaço .     Em outras palavras: o que foi crime outrora, hoje não é
mais.  Penas foram aplicadas e abolidas. Novas penas são aplicadas para novos crimes.   O tema
merece,  portanto,  uma abordagem crítica,  tal  como  foi  realizada,  por  exemplo,  pelo  psicólogo e
filósofo  francês    Michel  Foucault  ,  cuja  obra  influenciou  as  reflexões  contemporâneas  sobre  o 
sistema  prisional.      Resumindo  essas  reflexões,    podemos  dizer  que  a  prisão,  a  principal  pena
aplicada aos que cometem crimes aos olhos da sociedade é um poderoso meio de marginalização
daquilo  das chamadas “classes perigosas” .  
Quais  são essas classes perigosas? Ao final da Idade Média europeia, com a nascente sociedade
do  trabalho  ,  começou­se  a  valorizar  quem  trabalhasse.  Nem  sempre  foi  assim.  Durante  toda
antiguidade e boa parte da Idade Média, o trabalho era desvalorizado, era o próprio castigo, como
lembra a  própria palavra trabalho, cuja raiz latina  é tripalium , o tridente, instrumento de tortura.  
Com a  valorização do trabalho  há, consequentemente, a  marginalização da vagabundagem.  Os
pobres,  soltos  no  mundo,  são  recolhidos  em  casas  de  pobres,  onde  aprendem  a  obedecer  à
disciplina  do  trabalho.        Assim,  operários,    mulheres  ,      vagabundos    e  criminosos      são
indiscriminadamente  recolhidos,  cadastrados  e  tratados  para  fazerem  funcionar  as  primeiras
fábricas na França. [1]
Vistas  por  essa  ótica,  as  classes marginalizadas  são  aquelas,  nas  quais  não  se  pode  confiar  e
sobre as quais se quer adquirir o controle social.     Essa desconfiança  foi, no Brasil, dirigida aos
escravos  negros,  presos  por  sua  condição  de  serem  objetos  de  compra  e  venda.    Sendo
estranhos,  “assombravam” a vida da elite.  É interessante fazer aqui um parêntese e  mencionar
um ensaio de Sigmund Freud, O estranho, no qual descreve a mescla entre angústia e atração
que o estranho nos provoca e que  “aprisionamos” pelo  recalque no  inconsciente.   Seria   prisão
uma  forma  de  “recalque”    de  contradições  conflitos  não  resolvidas  pela  sociedade?  Hoje,  os
criminosos que mais preocupam a sociedade no Brasil  são os  traficantes.   Verdadeiras guerras
travam­se entre o Estado  e os traficantes de drogas ilícitas.
Mas não somente as classes consideradas perigosas mudam ao longo da história e dependendo
do lugar. Há também mudanças no tipo de pena para os que são considerados criminosos.  Visam
o corpo  na sociedade feudal , na qual preferencialmente se aplicava o suplício e a pena de morte.
Visam a liberdade na sociedade industrial  e os bens na sociedade pós­moderna que muitas vezes
substitui a pena privativa de liberdade por severas multas.
Como  já  foi  visto,  a  pena  privativa  de  liberdade    nasce  junto  às  outras  instituições,  tal  como  a
fábrica,    que  visam  a    disciplina.    Para  Michel  Foucault,  têm  como  metáfora  o  chamado
 Panópticum  de Bentham.  Nele, as pessoas  estão num campo de visibilidades.  Podem ser vistas
e controladas sem ver quem as controla. Com isso,  espera­se, introjetam a disciplina  que as faz
funcionar adequadamente    na  sociedade moderna que  tem como valor moral  central  o  trabalho
produtivo .  A falta de disciplina é perigosa. Vai à contramão da sociedade burguesa. Assim, com a
burguesia  nasce  também  o  conceito  de  delinquente.    Delinquente  não  é  somente  o  cidadão
criminoso  que  lesa  um  direito  de  outro  cidadão, mas  aquele  que  se  revolta  contra  a  ordem  do
Estado.      Não  somente  a  vítima  tem  um  direito  ver  seu  agressor  sendo  punido.  A  própria
sociedade  tem  interesse na  reclusão do ator.   Essa serve, na concepção moderna,   para vigiar,
isolar, controlar e  educar o detento que deve ser futuramente reintegrado à sociedade.
A prisão serve, portanto, o como uma    tecnologia corretiva   a partir de uma questão subjetiva  :
personalidade do preso.    A partir de um diagnóstico do preso  é estabelecida sua  terapêutica e  o
prognóstico  para sua ressocialização bem sucedida. Na Lei de Execução Penal  brasileira, esse
processo  está  na mão  da  Comissão  Técnica  de  Classificação  ­  CTC  .      Médicos,  psicólogos  e
assistentes sociais emitem  laudos que permitem diagnosticar o preso e   prognosticar se ele  tem
condições de futuramente reintegrar­se na sociedade.
A atuação dos profissionais que compõem a CTC  encontra críticas. Quais critérios que se adota
18/04/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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para fazer o diagnóstico? Quais para  fazer o prognóstico? Será que os  juízes responsáveis pela
execução penal simplesmente avalizam os laudos técnicos?   Como o “tratamento penal” leva em
conta  possíveis    causas  subjetivas  do  crime:  conflitos  pessoais  e  familiares,  problemas 
econômicos e sociais?  
Hoje  estão    em  discussão    são  as  possibilidades  de  como  o  preso    pode  ser  respeitado  como
sujeito de direito.   Apesar da  Lei de Execução Penal não prever um direito do preso à assistência
psicológica,   possibilidades de tratamento  individual, subjetiva e consentida são preconizadas.  [2]
  Para  a  psicanálise  contemporânea,  há  como    responsabilizar,    ao  invés  de  culpar  por  um
tratamento não genérico,  mas singular, que visa uma mudança de postura.  Nesse tratamento, o
inconsciente  deixa de ser justificativa para o crime.  O tratamento aposta na  possibilidade do ser
humano mudar de vida, de encontrar saídas  não pelo crime pela criatividade transformadora do
mundo.
 
 
Questão dissertativa: 
 
1.    Quais  são as críticas que se pode fazer à  Lei de Execução Penal que requer do
 psicólogo  prognósticos decisivos  sobre as possibilidades de  ressocialização de
presos?
2.     
 
Referências:
KOLKER, Tânia. A atuação dos psicólogos no sistema penal. In:  BRANDÃO, E.P. & GONÇALVES, H. S. Psicologia
Jurídica. Rio de Janeiro: Nau, 2004.
FORBES, Jorge. Inconsciente e responsabilidade: psicanálise do Século XXI. São Paulo: Manole, 2012. Cap. 2.
 
 
[1] PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operários, mulheres, prisioneiros. trad. 2.e. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1988.
 
[2] CARVALHO, Salo de. O papel da perícia psicológica na execução penal. In:  BRANDÃO,
E.P. & GONÇALVES, H. S. Psicologia Jurídica. Rio de Janeiro: Nau, 2004.
 
Exercício 1:
O conceito “delinquente” é relativamente novo.  Quem é delinquente? 
A ­ Alguém que  lesa o direito de outro. 
B ­ Alguém que está à margem da sociedade.  
C ­ Alguém que  infringe a ordem  dada pelo Estado.  
18/04/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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D ­ Alguém que delira. Por isso é delinquente.   
E ­ Alguém que  está fora do contexto social.  
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
Exercício 2:
Como funciona o chamado “Panóptico de Bentham”? 
A ­ O preso vê o vigilante, mas não pode ser visto.  
B ­ O preso é visto pelo vigilante, mas não pode vê­lo.  
C ­  O preso vê o vigilante, mas pode ser visto.  
D ­ O preso não vê  o vigilante e não pode ser visto  
E ­ O preso está sempre cara a cara com o vigilante. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
Exercício 3:
O racismo no Brasil tem suas raízes na escravidão negra abolida em 1888.  Diante da existência de uma
sociedadeescravocrata, podemos afirmar que, no Brasil do século XIX
A ­  a classe perigosa era constituída por imigrantes  
B ­ a classe perigosa era constituída pelos trabalhadores braçais  
C ­ a  classe perigosa era  constituída pelos  escravos negros  e seus descendentes  
D ­ a classe perigosa era constituída por  imigrantes, trabalhadores braçais, escravos negros e seus
dependentes  
E ­ Nenhuma das afirmações está correta.  
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
Exercício 4:
.Os tipos de penas variam de acordo com o direito penal ao longo da história.  Procuram atingir o que é
considerado bem maior em cada sociedade. Assim atingem 
A ­ a liberdade na idade média, o corpo na modernidade e os bens na sociedade contemporânea 
B ­ o  corpo na idade média, a liberdade na modernidade e os   bens na sociedade contemporânea    
C ­ os bens na modernidade, a liberdade na sociedade contemporânea e o corpo na idade média 
D ­ os bens na idade média, o corpo na idade moderna e  liberdade na contemporaneidade  
E ­ Nenhuma das afirmações está correta.   
Comentários:
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