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A cultura do feijão


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INTRODUÇÃO
A cultura do feijão é originária da América Central e do Sul e daí espalhou-se por todo o mundo. A planta, botanicamente, é conhecida como Phaseolus vulgaris, cujo gênero possui inúmeras espécies de importância agronômica, como o feijão-lima (Phaseolus lunatus), de grande importância para a agricultura familiar, e espécies de expressão localizada como Phaseolus acutifolius e Phaseolus coccineus (CIAT, 1987).
A reprodução da planta é do tipo autógama, ou seja, a fecundação ocorre dentro da mesma flor e da mesma planta. A fecundação do feijão apresenta ainda cleistogamia, fenômeno pelo qual a fecundação ocorre antes da flor abrir-se completamente. Entretanto, a taxa de fecundação cruzada é bastante elevada e principalmente realizada por insetos polinizadores. Esse fato leva à existência de grande número de variedades com inúmeros tipos de planta e de grão, resultando em grande biodiversidade.
FASES DE DESENVOLVIMENTO
A escala de desenvolvimento das plantas de feijão divide o ciclo biológico nas fases vegetativa e reprodutiva. Essas, por sua vez, são subdivididas em dez estádios. A fase vegetativa (V) é constituída dos estádios V0, V1, V2, V3 e V4, e a reprodutiva (R) dos estádios R5, R6, R7, R8 e R9.
V0- Germinação: Inicia no dia da semeadura, em solo úmido, ou no dia da chuva ou irrigação, quando a semeadura ocorre em solo seco. A semente incha e começa a germinar, rompendo o solo, ocasião em que os cotilédones atingem a superfície.
V1 Emergência: Essa etapa ocorre quando 50% dos cotilédones já são visíveis e começam a se separar, terminando quando as folhas primárias se separam e se abrem. As primeiras folhas simples (primárias) iniciam seu desenvolvimento.
V2 Folhas primárias: Essa fase inicia quando ocorre a abertura e o crescimento das folhas primárias, as quais, totalmente expandidas, ficam na posição horizontal. Termina quando a primeira folha trifoliolada se abre.
V3 Primeira folha composta aberta: Surge a primeira folha composta, formada por três menores (trifoliolada) que se exibem completamente abertas e planas. Essa etapa termina quando a segunda folha trifoliolada encontra-se em pleno crescimento e a terceira se abre.
V4 Terceira folha trifoliolada aberta: Nessa fase, a terceira folha trifoliolada encontra-se completamente aberta e plana, ocorrendo o desenvolvimento dos primeiros ramos secundários. Esse período é menor nas cultivares de hábito ereto (tipo I) e maior nas de hábito semiprostrado, prostrado ou trepador (tipos II, III e IV). Termina com o surgimento dos botões florais, que costuma variar de acordo com o ciclo da cultivar e o hábito de crescimento.
R5 Pré-floração : Ocorre o desenvolvimento dos primeiros ramos secundários e o surgimento dos primeiros botões florais. Esse período é menor nas cultivares de arquitetura ereta (tipos I e II) e maior nas de arquitetura prostrada ou trepadora (tipos III e IV). Termina quando se inicia o florescimento. Essa fase é variável de acordo com o ciclo da cultivar e o hábito de crescimento.
R6 Floração : O início desse estádio ocorre quando a planta apresenta 50% de flores abertas. Na maioria das cultivares, a abertura das flores ocorre de baixo para cima, nas plantas de hábito indeterminado, tipos II, III e IV. Nas plantas do tipo I, a abertura ocorre de cima para baixo. Termina quando 100% das plantas possuem a primeira flor aberta.
R7 Formação de vagens : As flores, já fecundadas, murcham as pétalas e ocorre a formação das primeiras vagens (canivetes). O crescimento é longitudinal. O estádio termina quando as vagens atingem o comprimento máximo.
R8 Enchimento das vagens : Essa fase começa com o enchimento dos grãos e o consequente aumento do volume das vagens. Ao final dessa fase, as sementes perdem a cor verde e começam a mostrar as características da cultivar. As folhas começam a cair. No final do estádio R8 também é o momento propício para a dessecação, visando a uniformização dos grãos e a padronização do produto, conferindo-lhe maior valor comercial.
R9 Maturação: As vagens perdem a cor e começam a secar. As sementes adquirem a cor e o brilho característicos da cultivar.
PRODUÇÃO DE SEMENTES
O primeiro passo para se alcançar alta produtividade na cultura do feijoeiro é a utilização de sementes de boa qualidade. A qualidade da semente é expressa pela interação de quatro componentes: genético, físico, fisiológico e sanitário.
Componente genético: refere-se às características intrínsecas da cultivar, quanto ao seu potencial produtivo, resistência às pragas e doenças, arquitetura da planta e qualidade culinária, entre outras.
Componente físico: refere-se à pureza do lote e a condição física da semente. A pureza física do lote é prejudicada pela presença de sementes de outras espéciese por substâncias inertes. A condição física envolve o teor de umidade, tamanho, cor, formato e densidade da semente, que devem ser uniformes.
Componente fisiológico: refere-se à longevidade da semente e à sua capacidade de gerar uma planta perfeita e vigorosa, avaliados pelo teste de germinação e vigor. A qualidade fisiológica é influenciada pelo ambiente em que as sementes se formaram e pelas condições de colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento.
Componente sanitário: refere-se à qualidade sanitária, ao efeito deletério provocado pelos microorganismos associados às sementes, desde o campo de produção até o armazenamento.
Procedência da semente
Ao adquirir sementes para a formação de sua lavoura, o produtor deve ter em mente que a procedência dessa semente é uma credencial das mais importantes, sendo recomendável que, além da análise da sua qualidade física e fisiológica, seja também exigido o boletim de análise sanitária. Isso porque as sementes de feijão, a exemplo do que ocorre com outras culturas, podem transportar e transmitir inúmeros patógenos responsáveis por doenças que causam danos dos mais variados na lavoura, o que, certamente, resulta em prejuízo ao agricultor.
Tratamento da semente 
O tratamento de sementes de feijão com fungicidas é uma medida importante para o controle dos patógenos que são transportados por elas. Vale lembrar que esse tipo de controle não é total, principalmente se o patógeno for transportado na parte interna da semente.
A mistura de fungicida sistêmico com protetor é recomendável para ampliar o leque de patógenos controlados e diminuir o risco de que seja desenvolvida resistência a determinado fungicida.
Escolha da área
Ao escolher o local para produzir sementes deve-se utilizar, preferencialmente, uma área que não tenha sido antes cultivada com feijão e, sempre que possível, em local isolado de outras lavouras dessa leguminosa. O isolamento do campo de produção de sementes é necessário principalmente para diminuir o risco de contaminação do feijoeiro por doenças presentes em lavouras vizinhas. Barreiras físicas, como faixas plantadas com milho, podem ser úteis para melhorar o isolamento da cultura.
Irrigação
Para produzir sementes de feijão na região deve-se utilizar, de preferência, o método de irrigação por sulcos. O molhamento da parte aérea das plantas, proporcionado pela irrigação por aspersão ou pivô central, favorece o aparecimento de muitas doenças. Se forem utilizados esses tipos de irrigação, deve-se diminuir o número de regas, mesmo que tal prática venha a reduzir a produtividade. Irrigações pesadas e com maior intervalo entre elas são preferíveis a irrigações leves e freqüentes. Sempre que possível, as irrigações devem ser feitas durante o período noturno e encerradas assim que as vagens mais velhas amarelecerem.
Roguing e controle de plantas daninhas
Para manter a pureza da cultivar deve-se fazer o roguing, operação que prevê a eliminação das plantas que estão fora do padrão durante todo o ciclo da cultura. O roguing é mais eficaz nas fases de florescimento e enchimento de vagens.
Deve-se manter a cultura no limpo durante todo o seu ciclo. A eliminação das plantas daninhas, além de evitar a competição com o feijão, facilita a operação do roguing,
elimina possíveis hospedeiros de patógenos e garante a pureza física da semente.
Aplicação de fungicidas e inseticidas
Nas áreas de produção de sementes, os fungicidas devem ser aplicados preventivamente a partir dos 20 dias após a emergência até próximo à maturação das plantas, para garantir a pureza sanitária das sementes.
Quando necessário, deve-se fazer a aplicação de inseticidas para garantir alta produtividade e controlar possíveis vetores de patógenos.
Colheita e trilha
A colheita deve ser realizada assim que as folhas estiverem amarelecidas, e as vagens, mais velhas, secas. Na safra “das águas”, a colheita geralmente ocorre no mês de janeiro, podendo coincidir com períodos prolongados de chuva. Nesse caso, sempre que possível, é aconselhável antecipar um pouco a colheita e concluir a secagem do feijão em local arejado e protegido das chuvas.
A trilha é feita quando o teor de umidade das sementes está em torno de 16%. Para evitar misturas e danos na semente, deve-se utilizar uma trilhadeira previamente limpa e regulada.
Pré-limpeza, secagem e beneficiamento
Na pré-limpeza das sementes deve-se utilizar o peneirão. As sementes devem ser expostas ao sol até que seu teor de umidade atinja 12-13%.
No beneficiamento das sementes deve-se usar máquina de ventilação e peneira e, em seguida, a mesa gravitacional. Não havendo disponibilidade dessas máquinas, deve-se fazer a catação manual das sementes.
Controle de qualidade
Se as sementes não forem usadas logo após a colheita, deve-se fazer o controle de carunchos O teste de sanidade deve ser realizado para confirmar a qualidade da semente produzida.
Fonte: Embrapa

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