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5 1 INTRODUÇÃO Segundo Santos (2010), apud Calado, Lima (2017), atualmente o traumatismo torácico tem se evidenciado com grande importância devido a sua incidência e pelo aumento da sua gravidade e da sua mortalidade decorrente das lesões e isto está ligado ao aumento no número, poder energético e variedades dos mecanismos lesivos, como por exemplo, a maior velocidade dos automóveis, violência urbana, o maior poder lesivo dos armamentos, e outros fatores. Dentre os traumatismos torácicos temos o pneumotórax fechado ou hipertensivo que segundo Morgan et al., (2002); Horlocker (2002), apud Mega, et al., (2004), se caracteriza pelo acúmulo de ar entre as pleuras parietal e visceral, levando ao colapso do tecido pulmonar ipsilateral, advindo ao aumento da pressão intratorácica, resultando em grave anormalidade da relação ventilação-perfusão, redução da capacidade vital, do retorno venoso, e do volume-minuto, levando à hipóxia por aumento do shunt pulmonar (desvio pulmonar). Taveira (2011) enfatiza que esse tipo de trauma pode deixar sequelas ou não, ou até mesmo levar a morte, isso vai depender da qualidade e rapidez do atendimento prestado. 6 2 TRAUMA DE TÓRAX Segundo o Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR (2006), o traumatismo torácico nos dias atuais assume grande importância devido, em parte, à sua incidência e, por outro lado, pelo aumento da gravidade e da mortalidade das lesões. Isto se deve pelo aumento do número, poder energético e variedade dos mecanismos lesivos, como por exemplo, a maior velocidade dos automóveis, a violência urbana, e dentro desta, o maior poder lesivo dos armamentos, além de outros fatores. As lesões de tórax são divididas naquelas que implicam em risco imediato à vida e que, portanto, devem ser pesquisadas no exame primário e naquelas que implicam em risco potencial à vida e que, portanto, são observadas durante o exame secundário. 2.1 Classificação do trauma de tórax De acordo com o Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR (2006), o trauma de tórax é classificado: Quanto ao tipo de lesão • Aberto: São, grosso modo, os ferimentos. Os mais comuns são os causados por arma branca (FAB) e os por arma de fogo (FAF); • Fechado: São as contusões. O tipo mais comum dessa categoria de trauma é representado pelos acidentes automobilísticos; Quanto ao agente causal • FAF; • FAB; • Acidentes automobilísticos; • Outros; Quanto à manifestação clínica • Pneumotórax (hipertensivo ou não); • Hemotórax; • Tamponamento Cardíaco; • Contusão Pulmonar; 7 • Lesão de Grandes Vasos (aorta, artéria pulmonar, veias cavas); • Outros; (MANUAL DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR-SIATE/CBPR, pag. 216, 2006) 8 3 ALTERAÇÃO NA CAVIDADE PLEURAL: PNEUMOTÓRAX (PTX) Segundo Morgan et al., (2002); Horlocker (2002), apud Mega, et al., (2004), o pneumotórax é o acúmulo de ar entre as pleuras parietal e visceral, levando ao colapso do tecido pulmonar ipsilateral, advindo ao aumento da pressão intratorácica, resultando em grave anormalidade da relação ventilação-perfusão, redução da capacidade vital, do retorno venoso, e do volume-minuto, levando à hipóxia por aumento do shunt pulmonar (desvio pulmonar). No entanto Safar, (1979), apud Volschan, (2001), ressaltam que o pneumotórax tem como principais causas o trauma torácico e o barotrauma. O aumento da pressão intrapleural promove redução do volume pulmonar com comprometimento respiratório e desenvolvimento de acidose e hipóxia. Nos pacientes em ventilação mecânica ocorre um aumento na pressão de pico necessária para oferecer o mesmo volume corrente, devido ao aumento da pressão intrapleural. A possibilidade de pneumotórax sempre deve ser considerada após acesso venoso central, bloqueio de plexo braquial, bloqueio intercostal, fratura de costelas, traqueostomias, nefrectomias e outros procedimentos retroperitoneais ou intra-abdominais, laparoscopias, e após trauma pulmonar fechado ou penetrante; sendo que neste caso apresenta 100% de prevalência. (HORLOCKER, 2002; MORGAN, et al., 2002, apud MEGA, et al. 2004). O Pneumotórax segundo o Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR (2006), pode-se seguir duas classificações: • Aberto x Fechado; • Simples x Hipertensivo. 3.1 Pneumotórax Aberto Segundo o Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR (2006), o pneumotórax aberto, é caracterizado pelo contato do espaço pleural com o meio ambiente (solução de continuidade entre a cavidade e o meio externo), levando a uma contrapartida entre as pressões atmosférica e intratorácica, o que acarretará, em última instância, o colapso pulmonar, queda da hematose e uma hipóxia aguda. Esse tipo de 9 pneumotórax geralmente não é causado por ferimentos por arma de fogo ou arma branca, já que, nesses casos, os músculos da parede torácica tamponam a lesão. 3.2 Pneumotórax Simples O Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR (2006), enfatiza que o pneumotórax simples tem sua etiologia baseada, principalmente, no trauma penetrante e na contusão torácica. O seu diagnóstico é dado pela hipersonoridade à percussão e diminuição ou ausência de murmúrio vesicular e complementado pelo Rx de tórax, onde há uma maior radiotransparência do pulmão acometido, devido ao acúmulo de ar no local que era para ser ocupado pelo parênquima pulmonar. 3.3 Pneumotórax Hipertensivo De acordo com Cangiani, et al., (2001); Miller, et al., (2001); Morgan, et al. (2002), apud Mega, et al., (2004), o pneumotórax hipertensivo desenvolve-se a partir da entrada de ar no espaço pleural através de uma válvula unidirecional no pulmão ou parede torácica. Portanto, a pressão interpleural aumenta de forma progressiva, colabando o pulmão ipisilateral e deslocando o mediastino e a traquéia contralateralmente, comprimindo o pulmão sadio e reduzindo o débito cardíaco e o retorno venoso, com rápida deterioração dos sinais vitais. Um pneumotórax simples pode se transformar em hipertensivo quando é instituída a ventilação mecânica com pressão positiva. “O pneumotórax pode gerar o choque obstrutivo quando evolui da forma hipertensiva”. (SAFAR, 1979, apud VOLSCHAN, 2001). 10 4 FISIOPATOLOGIA DO PNEUMOTÓRAX FECHADO / HIPERTENSIVO Pereira, Fisch, et al., (2016), ressaltam que em casos de pneumotórax, ocorridos por trauma torácico, deve-se avaliar condições físicas e clinicas do paciente, como lesões acometidas na estrutura de mediastino e cardiopulmonares, sendo, que tal avaliação pode ser realizada facilmente através do exame de anamnese, ou através de exame complementares como os exames de imagem, por exemplo, radiografias, tomografias computadorizadas e/ou ecografias. De acordo com Pereira, Fisch, et al., (2016), nessa avaliação, é importante observar e analisar sinais vitais e queixas do paciente como dor torácica, desconforto respiratório como dispneia, pois o pneumotórax pode ocorrer geralmente após uma fratura de arcos costais, tal fratura pode ser ocasionada por uma pressão exercida contra o tórax e ainda de acordo com essa avaliação, podem apresentar hipóxia e murmúrio vesicular anormal que é um dos sinais mais específicos de pneumotórax. Haddad, et al., (2006), ele se classifica o pneumotórax em espontâneo que ocorre através de doenças especificas do sistemarespiratório, e o adquirido que ocorre através de lesões ocorridas por traumas ou procedimentos invasivos. Nos casos de pneumotórax, a pressão intrapleural no pneumotórax se eleva para níveis acima da pressão atmosférica, ocorrendo o desvio do mediastino contralateralmente podendo causar pinçamento das veias cavas e obstruir o retorno venoso ao coração e como consequência reduzindo o débito cardíaco, podendo ocorrer no paciente dispneia e instabilidade hemodinâmica grave, constituindo então o pneumotórax hipertensivo. (HADDAD, et al., 2006). 11 5 DIAGNÓSTICO DO PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO Quando suspeitar ou critérios de inclusão para pneumotórax hipertensivo? De acordo com Brasil (2016), quando o trauma torácico estiver associado obrigatoriamente a sinais de choque descompensado (hipotensão) e alguns dos seguintes sinais e sintomas abaixo: Lesões externas na região torácica (equimose, hiperemia, ou ferimento local); Dispneia (desconforto respiratório); Taquipneia (FR > 28 IPM) ou bradipneia (FR < 8 IPM); Hipóxia ou cianose; Respiração superficial; Queixa de dor torácica; Sinais clínicos precoces: murmúrio vesicular alterado (diminuído ou ausente), timpanismo alterado (aumentado, mas de difícil detecção); Sinais clínicos tardios: ingurgitamento das veias jugulares externas; desvio da traqueia para o lado contralateral à lesão e sinal de choque; 12 6 DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR Segundo Filho et al., (2006) o diagnóstico do pneumotórax se baseia na anamnese e exame físico sendo confirmado com a utilização de métodos de imagem. Perreira et al. (2016), enfatiza que ao avaliar um trauma torácico fechado deve- se analisar se há lesões cardiopulmonares ou de estruturas do mediastino e conforme a apresentação, deve ser feito a anamnese e exame físico, podendo requerer exames complementares, incluindo radiografias, tomografias computadorizadas ou ecografias. Segundo Nirula; Talmor; Brasel (2005), apud Perreira et al., (2016), o clínico deve classificar o paciente como sendo de baixo ou de alto risco para lesões graves sendo que esse resultado é obtido geralmente por meio da avaliação dos sinais vitais, das queixas do paciente, do mecanismo do trauma, e de seu estado geral. A radiografia simples do tórax geralmente confirma o diagnóstico através da presença de faixa de ar entre a parede torácica e/ou diafragma e a pleura visceral. A radiografia com incidência lateral é útil em algumas situações, podendo ser complementada pela radiografia obtida durante expiração forçada, que pode evidenciar pequenos volumes de ar no espaço pleural, não visualizados na radiografia convencional. (FILHO et al., 2006) Perreira et al. (2016), recomenda realizar uma radiografia de tórax em todos os pacientes com evidências de trauma fechado de tórax, independente da classificação do seu grau de gravidade, a não ser em casos em que o paciente precise ser submetido a cirurgia de urgência ou quando uma tomografia computadorizada de tórax seja a melhor indicação. Segundo Rodrigues et al., (2013), apud Perreira et al., (2016), os critérios utilizados para decidir se o paciente deve ou não realizar uma tomografia de tórax são os seguintes: • Idade >60 anos • Mecanismo de trauma com rápida desaceleração (por exemplo, queda > 6 m ou colisão veicular com velocidade > 65 km/h) • Dor torácica • Intoxicação • Alteração do estado de consciência • Dor à palpação da parede torácica 13 • Lesão altamente dolorosa (RODRIGUES et al., 2013 apud PERREIRA et al., 2016) “Segundo o estudo, pacientes que não possuem nenhum dos critérios acima citados possuem baixo risco para lesão intratorácica e não necessitam ser submetidos a uma tomografia computadorizada de tórax.” (RODRIGUES et al., 2013 apud PERREIRA et al., 2016). 14 7 CONDUTAS PARA PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO De acordo com Legome, E (2016), apud Pereira, et al. (2016), o manejo inicial do pneumotórax hipertensivo consiste na realização da descompressão torácica através da inserção de uma agulha de grande calibre no segundo espaço intercostal, logo acima do bordo superior da terceira costela, na linha hemiclavicular do hemitórax afetado. O pneumotórax hipertensivo é convertido em um pneumotórax simples quando a toracocentese com agulha é bem sucedida, porém esse não é o tratamento definitivo e é necessário reavaliar o paciente após o procedimento, sendo que o tratamento definitivo do pneumotórax simples é realizado através da colocação de dreno torácico. Obter uma radiografia de tórax após a realização do procedimento. De acordo com Filho, Campos, Haddad, et al., (2006), a conduta no pneumotórax varia de acordo com três aspectos: etiologia, magnitude e condições clínicas do paciente. A seguir segue as modalidades de tratamento sugeridas. 7.1 Pneumotórax espontâneo primário Segundo Filho, et al., (2006), para paciente estável (oxigenação e sinais vitais mantidos) e magnitude pneumotórax pequeno (<3 cm), A conduta inicial é sempre conservadora, com o uso de analgésicos e repouso relativo. O paciente deve ser mantido no setor de emergência e, após quatro a seis horas, reavaliado clínica e radiologicamente. Se estável, o paciente pode ser dispensado para reavaliação no dia seguinte, com orientação para retornar imediatamente a qualquer mudança dos sintomas. (FILHO, et al, 2006). Ainda segundo Filho, et al., (2006), existe sempre a possibilidade de alteração deste quadro com a progressão do pneumotórax, principalmente durante as primeiras horas dos sintomas. Sendo assim, é importante manter a observação intra-hospitalar por 24 horas, com reavaliação clínica e radiológica neste período. Para paciente estável com magnitude pneumotórax grande ( > 3cm), Mesmo se clinicamente estável o paciente deve ser hospitalizado por pelo menos 24 horas e deve ser realizado algum procedimento invasivo que assegure a reexpansão do parênquima pulmonar colapsado. 15 Dentre os procedimentos indicados para esta situação destacamos a possibilidade de uma simples aspiração do pneumotórax como forma de tratamento inicial, com a justificativa de tratar-se de procedimento simples, de baixa morbidade e com índice de sucesso terapêutico comparável com a drenagem torácica convencional. No caso de recidiva, novas punções aspirativas podem ser realizadas até a manutenção da expansibilidade completa do pulmão. Outra forma de tratamento inicial é a drenagem torácica, com o objetivo de manter a saída de ar secundária a uma eventual fístula aérea, evitando punções aspirativas seriadas. Tratando-se de drenagem de ar, não há necessidade de colocação de drenos calibrosos. Recomendamos a utilização de drenos finos (12F, tipo "pig tail"), que podem ser colocados na intersecção do segundo espaço intercostal com a linha hemiclavicular, ou na intersecção do quinto espaço com a linha axilar anterior. Estes drenos podem ser conectados em frasco com sêlo d'água ou válvula de drenagem unidirecional, tipo Heimlich. (FILHO, et al., 2006) De acordo com Filho, et al., (2006), para paciente estável (oxigenação e sinais vitais alterados) e magnitude pneumotórax < 3 cm ou > 3 cm, Estes pacientes devem ser tratados da mesma maneira que o paciente com pneumotórax grande, com a ressalva de que o procedimento deve ser feito com urgência para a descompressão imediatado pneumotórax e reversão da instabilidade clínica. Na impossibilidade de uma drenagem torácica imediata, seja por falta de material adequado ou de profissional capacitado, uma punção simples com cateter fino no segundo espaço intercostal é suficiente para uma descompressão que reverta a gravidade da situação, até a espera da realização do procedimento de drenagem definitiva. (FILHO et al, 2006) 7.2 Pneumotórax espontâneo primário recidivado De acordo com Inderbitzi, et al., (1994), Linder, et al., (1993) apud Filho, et al., (2006), dependendo das casuísticas, a recidiva a partir do primeiro episódio varia de 20% a 50%, enquanto que a recidiva a partir do segundo episódio salta para níveis de 60% a 80%. Ainda de acordo com Inderbitzi, et al., (1994), Linder, et al., (1993), apud Filho, et al., (2006), o tratamento de escolha nestes casos é a vídeo toracoscopia (ou 16 simplesmente toracoscopia) e na identificação de uma região suspeita para a gênese do vazamento de ar, como bolhas subpleurais, é feita a ressecção deste segmento pulmonar por meio de grampeadores lineares cortantes. 7.2.1 Toracoscopia no primeiro episódio de pneumotórax espontâneo primário Embora não aceita de forma consensual, a toracoscopia pode ser indicada a partir do quarto dia de fístula aérea persistente, o pulmão que não expande, a despeito da drenagem torácica e aspiração contínua, normalmente apresenta algum grau de encarceramento devido a organização do processo inflamatório do espaço pleural. A toracoscopia nestes casos pode não ser suficiente e uma toracotomia muitas vezes é realizada para um descolamento (decorticação) suficiente para a total expansão pulmonar. Nos pacientes pneumectomizados não é possível a anestesia com intubação por sonda de duplo lúmen, e a toracoscopia fica mais difícil de ser realizada. Se o procedimento de pleurodese simples não for suficiente, a toracotomia deverá ser a alternativa para a abordagem do pulmão (WALLER DA 1997, apud FILHO et al., 2006) 7.3 Pneumotórax espontâneo secundário De acordo com Viden, et al., (1987) apud FILHO (2006), o tratamento do pneumotórax espontâneo secundário está relacionado com a patologia primária que originou o episódio. Nos casos em que a patologia primária está controlada, o tratamento do pneumotórax segue as mesmas regras do pneumotórax espontâneo primário, com algumas ressalvas: a internação é obrigatória, mesmo nos casos de observação de diminutos pneumotórax em pacientes estáveis; o índice de mortalidade maior nas recidivas implica em se considerar procedimento de prevenção de recorrência (pleurodese), mesmo no primeiro episódio. A drenagem torácica com dreno tubular é sempre o tratamento inicial de escolha, exceto em pacientes estáveis com pneumotórax muito pequeno (laminares, ou < 1 cm). A justificativa para esta conduta está no fato de que pacientes com doença pulmonar apresentam menor complacência pulmonar, e 17 de que muitas vezes um pneumotórax que aparenta ser pequeno já é suficiente para gerar graves consequências (VIDEN, et al., 1987 apud FILHO (2006) 7.4 Pneumotórax adquirido De acordo com Filho, et al. (2006), o pneumotórax iatrogênico é secundário a algum procedimento médico invasivo, podendo ser de uma simples toracocentese até biópsias trans-torácicas, já o pneumotórax por barotrauma surge em decorrência da pressão positiva a que os pulmões estão sendo submetidos e no trauma, penetrante ou fechado, o pneumotórax é secundário mais comumente a fraturas de costela. Filho, et al., (2006), enfatiza que o tratamento depende do tamanho do pneumotórax, condições clínicas do paciente, doenças associadas e presença ou não de ventilação positiva, sendo que nos pacientes submetidos a pressão positiva, a drenagem é sempre obrigatória. Sem o uso de ventilação mecânica com pressão positiva, a necessidade de drenagem segue as mesmas regras do pneumotórax espontâneo primário, com as seguintes ressalvas: a internação é obrigatória, mesmo nos casos de observação de diminutos pneumotórax em pacientes estáveis; drenar pacientes que serão submetidos a transporte, principalmente se for transporte aéreo; em caso de dúvida, é melhor drenar sempre a responsabilidade por não drenar é a mesma. (FILHO, et al. 2006) 18 8 GOLDEN HOUR Segundo o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), (2014), a Golden Hour é essencial para reduzir mortalidade e evitar sequelas em pacientes de traumas, pois é no intervalo crítico de uma hora entre a lesão, o transporte e o tratamento que uma equipe especializada faz toda diferença. Para o paciente traumatizado existe um intervalo crítico de uma hora entre a lesão, o transporte para o hospital mais adequado e tratamento. Nesse período, conhecido como “Golden Hour”, a probabilidade de redução de mortalidade e sequelas aumenta muito se o paciente tiver o tratamento adequado, em um local apropriado e no momento certo. Nesse período de uma hora, o atendimento ao traumatizado deve ser realizado por uma equipe multiprofissional e altamente especializada para evitar complicações como sequelas graves e até mesmo a morte. O atendimento é baseado em protocolos médicos internacionais que garantem o tratamento das lesões por ordem de gravidade. (DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SUS, 2014). 19 9 AVALIAÇÃO A VÍTIMA Segundo Calado, Lima (2007) é fundamental que haja uma boa avaliação, no momento do atendimento a vítima de trauma, para que a tomada da decisão seja correta. É na avaliação primária, que se tem uma visão geral do estado da vítima, onde se verifica padrões respiratório, circulatório e neurológico. O profissional deve realizar intervenções de urgência até que se estabilize a vítima e que possa transportá-la até o hospital, fazendo a identificação das situações que possam apresentar risco de morte. De acordo com Calado, Lima (2007) ao estabilizar a vítima, se houver tempo, poderá fazer uma avaliação mais detalhada de lesões que possam oferecer risco de morte ou lesões que comprometam alguns de seus membros. “O atendimento ao indivíduo traumatizado exige do enfermeiro competências e habilidades técnicas e científicas, bem como liderança para desempenhar atividades como resolutividade e segurança ao paciente, em tempo hábil, de forma interdisciplinar com a equipe multiprofissional”. (KOLHS, 2013, apud CALADO, LIMA, 2017). Santos (2007), apud Calado, Lima (2017), ressalta que o profissional que presta o atendimento a vítima deverá realizar toda a avaliação inicial e determinar quais serão os cuidados necessários para que se salve a vida no menor espaço de tempo possível. As etapas realizadas devem ser rápidas e eficientes, evitando que vítimas em estado crítico permaneçam por longos períodos no local do trauma. O atendimento pré-hospitalar é considerado crucial, pois o tempo decorrido desde o trauma até o tratamento definitivo é considerado como “Período de Ouro”. Dependendo de como e do tempo que levou esse atendimento, vidas podem ser salvas. (NAEMT, 2007, apud CALADO, LIMA, 2017). Para Santos (2007), apud Calado, Lima (2017), isso significa que o profissional atuante no atendimento à vítima de trauma deverá realizar toda avaliação inicial para posteriormente determinar os cuidados necessários para manter ou salvar a vida no menor espaço de tempo possível. As principais avaliações nesse momento em ordem de prioridades são: Vias aéreas, ventilação, oxigenação, controle dehemorragia, perfusão e função neurológica. 20 10 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO Para Calado, Lima (2017) a responsabilidade dos cuidados da vítima até a chegada na unidade hospitalar é do enfermeiro que é um profissional que atua de maneira ativa no atendimento pré-hospitalar e assume com os outros profissionais de sua equipe um pré-atendimento a vítima. O enfermeiro que atua nesse tipo de serviço necessita de características especificas na área de urgência e emergência, técnicas para realizar procedimentos e ter capacidade física, dentre outras características como lidar com estresse, tomada de decisão imediata, de definição, de prioridades e perfil para trabalhar em equipe. Santos (2007), apud Calado, Lima (2017), ainda ressaltam que o Atendimento Pré-Hospitalar (APH) nas situações de traumas deverá ser realizados pelos profissionais com rapidez, organização e eficiência, para que o atendimento e remoção das vítimas sejam tomadas a partir de uma tomada de decisão adequada. Esse atendimento é dividido em três etapas: A primeira etapa é o controle da cena: a partir do momento em que a equipe se aproxima do local do acidente irá avaliar toda situação, assegurar a sua própria segurança, das vítimas e demais presentes, para assim agir de acordo com a avaliação pertinente ao mecanismo do trauma. A segunda etapa é a abordagem primária: procedimento sem mobilizar a vítima seguindo o método: ABCDE: Vias aéreas, Controle da cervical, Respiração, Circulação, Estado neurológico e exposição da vítima em busca de lesões. A terceira etapa é a abordagem secundária: avaliando detalhadamente todos os segmentos do corpo, reavaliar o ABCDE, realizar curativos; providências quanto a remoção da vítima para tratamento hospitalar. (SANTOS, 2007, apud CALADO, LIMA, 2017). 21 11 CONCLUSÂO O serviço e Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é o primeiro atendimento prestado à vítima de trauma, que tem por finalidade prevenir lesões, manter a integridade física, e a vida do paciente, por meios de medidas corretas, especializadas e sistematizadas para m possível transporte do paciente, quando o mesmo necessita de remoção para uma unidade hospitalar. É de suma importância que a enfermagem possua conhecimento e habilidade nas avaliações primárias e secundárias com o intuito de atender adequadamente ao paciente vítima de trauma e dessa forma ser capacitado para preservar a vida da mesma. Também é muito importante saber identificar as necessidades de cada lesão com o objetivo de determinar quais serão as prioridades da sua assistência, trabalhando intensamente na profilaxia, desses traumas e desta forma poder oferecer serviço de qualidade a fim de diminuir e risco de morte e prevenir ao máximo as sequelas da vítima. 22 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção para o SAMU 192. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília, Ministério da Saúde, 2ª edição, 2016. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/outubro/26/livro-avancado- 2016.pdf>. Acesso em: 23 de março de 2019. CALADO, S.R.S; LIMA, C.B. VÍTIMA POLITRAUMATIZADA COM TRAUMA TORÁCICO: Assistência de enfermagem no pré-hospitalar. Temas em saúde. Vol. 17, n.4, ISSN 2447-2131. João Pessoa, 2017. Disponível em: <http://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2018/01/17417.pdf> Acesso em: 24 de março de 2019. 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