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Origem e história da linguagem

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ORIGEM E HISTÓRIA DA LINGUAGEM
ORIGEM DA LINGUAGEM
Atualmente a questão da origem da linguagem tornou-se objeto de importantes programas de pesquisa, tanto no plano nacional quanto no plano internacional. na segunda metade do século xx, a descoberta de novos fósseis de hominídeos e o desenvolvimento da genética coincidiram com um novo avanço das linguísticas universais: os programas de naturalização basearam-se nelas e a questão da origem da linguagem tornou-se um ponto central para a análise neodarwiniana das culturas. A descoberta do Dna alimentou um grande número de especulações sobre o “código genético” e sua própria designação, por uma metáfora exagerada, convidava a compará-lo à linguagem, no caso de reduzirmos a linguagem a um código. Uma vez que o genoma tomou o lugar da Providência como poder explicativo, essa analogia entre dois “códigos” inverte a determinação mística, que fazia da estrutura da linguagem divina o modelo de tudo (RASTIER, 2009).
A linguagem é a capacidade específica da espécie humana de se comunicar por meio de signos. Entre as ferramentas culturais do ser humano, a linguagem ocupa um lugar à parte, porque o homem não está programado para aprender física ou matemática, mas está programado para falar, para aprender línguas, quaisquer que elas sejam. Todos os seres humanos, independentemente de sua escolaridade ou de sua condição social, a menos que tenham graves problemas psíquicos ou neurológicos, falam. Uma criança, por volta dos três anos de idade, já domina esse dispositivo extremamente complexo que é uma língua (FIORIN, 2013).
A aptidão para a linguagem é um traço genético. Sua realização, no entanto, passa por um aprendizado, que é do domínio cultural, como testemunham os casos das crianças selvagens, cuja capacidade de linguagem não se desenvolveu (FIORIN, 2013).
TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA LINGUAGEM
Existem várias teorias sobre como o homem começou a falar, isto é, como ele passou de simples grunhidos inarticulados a um sistema de elementos articulados — as palavras — que se combinam através de um conjunto de regras — a gramática — para formar pensamentos complexos. A teoria mais recente sobre esse problema é a chamada teoria da torre de Babel, cujo nome se inspira na lenda bíblica segundo a qual, no princípio, todos os homens falavam uma mesma língua. Como castigo à ambição humana de chegar até os céus construindo uma torre, Deus teria confundido a língua dos homens, fazendo com que eles não mais se entendessem (BIZZOCCHI, 2000).
Segundo a teoria da torre de Babel, a capacidade humana para desenvolver uma linguagem é, como nos outros animais, produto da herança genética, o que significa que todos nós nascemos com uma aptidão inata para aprender qualquer linguagem (BIZZOCCHI, 2000).
HISTÓRICO DA LINGUAGEM
Voltando um pouco na história dos estudos linguísticos (Neves, 2003, 2005), tem-se com os gregos, por volta do século V a.C., o surgimento das primeiras investigações sobre a natureza da linguagem, estas ainda de caráter filosófico. A língua era vista como expressão do pensamento; assim, toda atividade em torno da língua centrava-se nas técnicas do discurso, da persuasão, enfim, na arte retórica. Construir enunciados perfeitos e eficazes dizia respeito ao resultado que se obtinha com o uso das técnicas da retórica, especialmente na política. Logo, estudar a língua era mais um exercício de compreensão de texto do que de análise da língua, propriamente (SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014).
Não é à toa que em várias doutrinas o conceito de existência está intimamente ligado à palavra: o filósofo grego Heráclito (540-480 a.C.) chamou de Logos, que em grego quer dizer “palavra”, o princípio universal do Ser, ao mesmo tempo palavra e pensamento. É nessa mesma linha que a Bíblia, no Gênesis, afirma que no princípio era o Verbo, isto é, a palavra. O conceito de linguagem está diretamente ligado à própria idéia da Criação. Também no Gênesis, encontramos a passagem que diz que Deus criou o mundo e tudo o que nele existe, mas não deu nome às coisas que criou; antes, deixou que o homem as nomeasse (BIZZOCCHI, 2000).
Mais tarde aparece a reflexão linguística, que é feita pelos filósofos. Por exemplo, Platão, no Crátilo, estuda o estatuto do nome, algo que não é a própria coisa. Como instrumento e imagem, ele implica a natureza e a convenção. Com isso, começa a delinear-se o problema da significação. Se a linguagem conduz a alguma coisa fora de si, o nome é um signo e, portanto, pode-se analisar seu significado. Em Platão, o nome é o lógos da coisa e o discurso é o lógos da relação entre as coisas. Surge o problema da adequação entre a linguagem e a realidade (FIORIN, 2013).
No Crátilo, o nome tem uma relação de semelhança com a coisa nomeada, o que implica certo grau de representação. No Sofista, a adequação não é buscada nos termos, mas em sua articulação, que é um reflexo do acordo existente entre as espécies. Nesse lógos discursivo, não há convenção, pois a articulação das partes da proposição revela a articulação das essências. A representação das essências, feita pelos nomes, permite certo grau de convenção, o que não acontece no discurso, pois a relação entre as espécies é natural e, por conseguinte, universal (FIORIN, 2013).
No período helenístico, as condições históricas propiciam a institucionalização de uma disciplina gramatical, pois ele é marcado por um intenso plurilinguismo, ou seja, um confronto de línguas e culturas. Ora, esse ambiente plurilíngue, ao invés de produzir uma profunda mescla de cultura, intensifica o zelo de preservação da língua considerada mais pura e elevada, o grego (FIORIN, 2013).
Os primeiros estudos gramaticais de uma língua diferente do grego – o latim clássico – têm registro em Roma, no século I d.C. Na Idade Média, tiveram destaque as pesquisas em fonética de Donato (século IV d.C.), comparando o latim com o grego, e os estudos de Prisciano (século V d.C.), que propôs a primeira definição de sintaxe do Ocidente: “a disposição que visa à obtenção de uma oração perfeita” (Silva, 1996). As gramáticas desses autores foram usadas como manuais de ensino durante toda a Idade Média e os estudos gramaticais que se seguiram tiveram como base essas obras (SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014).
No Renascimento (séculos XV a XVIII) começaram a surgir gramáticas das línguas vernáculas (Gramática de la lengua castellana, de Antonio de Nebrija, 1492; Gramática da linguagem portuguesa, de Fernão de Oliveira, 1536; a gramática de João de Barros, 1540), mas fortemente inspiradas nas gramáticas clássicas de até então (SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014).
O racionalismo dos séculos XVII e XVIII reforçou a ligação entre a linguagem e o pensamento, considerando “abusos” ou “imperfeições” tudo o que estivesse fora dessa concepção de língua. Dessa época é a Grammaire générale et raisonnée, de Port-Royal,3 e a Gramática filosófica da língua portuguesa, de Jeronymo Soares Barbosa (SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014).
No século XVIII, o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) formulou a hipótese de que o homem originalmente se comunicava cantando como os pássaros e que, portanto, a música seria a origem da língua. Hoje já se sabe que a aptidão lingüística é inata, mas as línguas são criações feitas pela comunidade dos falantes e, por isso, são instituições sociais (BIZZOCCHI,2000).
Na verdade, a linguagem é tão importante que, sem ela, não seríamos capazes de pensar, pois tudo o que pensamos se estrutura na forma de alguma linguagem, seja ela verbal, visual, sonora, gestual etc. Como disse o filósofo grego Parmênides (535-450 a.C.), “ser e pensar são uma só e a mesma coisa”, o que, de fato, faz sentido: não se pode pensar o nada. René Descartes disse a famosa frase “Penso, logo existo”. Eu iria mais longe dizendo “Penso, logo o Universo existe”. Afinal, se não existissem no Universo seres inteligentes capazes de contemplá-lo e de constatar sua existência, seria o mesmo que se o Universo simplesmente não existisse. Assim, chegamos à conclusão de que é preciso que haja uma consciênciapensante que olha para o mundo à sua volta e toma conhecimento dele para que esse mundo exista. Ou, em outras palavras, o mundo existe para nós porque nós existimos para constatar sua existência: é a consciência que instaura a existência. Portanto, um Universo despovoado é equivalente a um Universo inexistente (BIZZOCCHI,2000).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIZZOCCHI, Aldo. O Fantástico Mundo da Linguagem. In: Ciência Hoje. Vol 28, nº 164, 2000. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/35312287/O_FANTASTICO_MUNDO_DA_LINGUAGEM.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1559137133&Signature=LwNwNkG%2FKsqUb9UMX2LAPBrJT%2BE%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DO_FANTASTICO_MUNDO_DA_LINGUAGEM.pdf>. Acesso em: 29 mai. 2019.
FARACO, Carlos Alberto. História sociopolítica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2176-45732017000100169&script=sci_arttext>. Acesso em: 29 mai. 2019.
FIORIN, J.L. 2013. A linguagem humana: do mito à ciência. In: J.L. FIORIN (org.), Linguística? Que é isso? São Paulo, Contexto, p. 13-46. Disponível em: <https://editoracontexto.com.br/downloads/dl/file/id/1508/linguistica_que_e_isso_primeiro_capitulo.pdf>. Acesso em: 29 mai. 2019. 
FONSECA, T.S.M.L. Nietzche: a origem da linguagem. In Educação e Filosofia, 8 (16) 107-18, jul./dez. 1994. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/download/1027/932>. Acesso em: 29 mai. 2019.
FREITAS, Jacira de. Linguagem natural e música em Rousseau: a recusa da representação. São Paulo: Humanitas/FAPESP, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/trans/v31n1/v31n1a03>. Acesso em: 29 mai. 2019.
MARCONDES, Carlos Henrique. Linguagem e documento: fundamentos evolutivos e culturais da Ciência da Informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.15, n. 2, p. 2-21, maio/ago. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v15n2/a02v15n2>. Acesso em: 29 mai. 2019.
MENDES, E. O conceito de língua em perspectiva histórica: reflexos no ensino e na formação de professores de português. In: LOBO, T., CARNEIRO, Z., SOLEDADE, J., ALMEIDA, A., RIBEIRO, S. (Orgs.). Rosae: linguística histórica, história das línguas e outras histórias [online]. Salvador: EDUFBA, 2012, p. 667-678.
PEREIRA JR., A. Uma reflexão a respeito da evolução humana e a natureza da linguagem. Abstracta 3: 2 pp 138-161, 2007. Disponível em: <http://abstracta.oa.hhu.de/index.php/abstracta/article/download/69/60>. Acesso em: 29 mai. 2019. 
RASTIER, F., Tem a linguagem uma origem? In: Revista Brasileira de Psicanálise, vol. 43, n.1. São Paulo: S/E, 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0486-641X2009000100013&script=sci_abstract&tlng=en>. Acesso em: 29 mai. 2019.
SPERANÇA-CRISCUOLO, AC. Breve histórico dos estudos linguísticos e sua influência no ensino da língua. In: Funcionalismo e cognitismo na sintaxe do português: uma proposta de descrição e análise de orações subordinadas substantivas para o ensino [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 17-27. ISBN 978-85-68334-45-4. Disponível em: <http://books.scielo.org>. Acesso em> 29 mai. 2019.