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Universidade Federal do Oeste do Pará Licenciatura Integrada em Matemática e Física 2015 Laboratório de Física III José Francisco de Oliveira Sunbulat 2º Lei de Ohm – Resistividade dos Materiais Orientador: Prof. Dr. Carlos J. Freire Santarém – 2018.1 1 Introdução Quando se aplica a mesma diferença de potencial às extremidades de barras de mesmas dimensões feitas de cobre e de vidro os resultados são bem diferentes. A caracterètica do material que determinar essa diferença é a resistência elétrica [1]. A razão entre a queda de potencial no sentido da corrente e própria corrente é chamada de resistência do segmento. 𝑅 = 𝑉 𝑖 (1) Onde o sentido da corrente se refere ao sentido do vetor densidade de corrente. A unidade de resistência no SI, o volt por arrpère, é chamada de Ohm (Ω): 1 Ω = 1 V/A [2]. Um condutor cuja função em um circuito é introduzir uma certa resistência é chamado de resistor Para uma dada diferença de potenciat quanto maior a resistência, menor a corrente: [1]. 𝑖 = 𝑉 𝑅 (2) A lei de Ohm não é uma lei fundamental da natureza como as leis de Newtonou as leis da termodinâmica, mas sim uma descrição empírica de uma propriedade compartilhada por muitos materiais sob condições específicas A resistência Rde um fio condutor é proporc tonal a área de sua transversal A. 𝑅 = 𝜌 𝐿 𝐴 (3) onde 𝜌, a constante de proporcionalidade é chamada de resistividade do material condutor [2]. Combinando as duas equações é possível obter uma função que, para i constante, relaciona a tensão V com o comprimento L do fio 𝑉 = 𝜌𝑖 𝐴 ⋅ 𝐿. (4) Uma regressão modelo 𝑦 = 𝑎𝑥 parece conveniente para se determinar a resistividade a partir de algumas medidas da tensão e comprimento do fio usado no experimento. Assim, 𝑎 = 𝜌𝑖 𝐴 , 𝑦 = 𝑉 e 𝑥 = 𝐿. A resistividade de alguns materiais são tabeladas, e com isso pode-se também falar que a condutividade (𝜎) de um material é simplesmente o reciproco da resistividade: 𝜎 = 1 𝜌 (5) A unidade de condutividade no SI é o ohm-metro reciproco. (Ω-m) -1 . Esta unidade é às vezes chamada de mho (ohm escrito ao contrário). Usando a definição de 𝜎, a equação 5 pode ser escrita na forma: [1] 𝐽 = 𝜎𝐸 (6) 2 Objetivos Medir a resistividade elétrica de determinados materiais condutores. 3 Metodologia Placa para estudo da variaçào da resistência e obtenção da resistividade. Três dos fios da placa utilizada eram leitos de uma liga de niquel-cromo com diferentes espessuras (diâmetro). O outro fio era feito de ferro. Primeiramente, colocou-se o multímetro na função de medida de resistência e escolheu a escala correta para a medição. Juntando as duas pontas de media, criou-se um curto circuito no multímctro para verificar o valor da sua resistência interna. Esse valor foi subtraído de todas as medições realizadas pelo multímetro. Com o auxilio do multímetro, mediu-se a variação da resistência com o comprimento de cada tio. Posteriormente mediu-se a variação da resistência com a espessura, utilizando os diferentes fios de níquel-cromo a partir do comprimento completo dos fios. Por fim, utilizaram-se os dados coletados para obter um valor para a resistividade dos dois materiais. Resultados e Discussões Nesse trabalho optou-se por determinar a resistividade variando-se o comprimento L do fio. Com isso foi obtido 5 pares de medidas para fios de diferentes diâmetros e materiais. O primeiro deles foi o fio de ferro, de diâmetro de 0,51 mm. A tabela 1 contém medidas do comprimento do fio e as medidas correspondentes de tensão, seguindo, é claro, a metodologia descrita neste trabalho. Tabela 1 – Medidas para um fio de ferro de diâmetro 0,51 mm, pelo qual percorre uma corrente na ordem de 9,1mA. Comprimento L (m) Tensão (mV) 0,20 1,8 0,40 3,7 0,60 5,5 0,80 7,5 1,00 9,7 De posse dessas medidas é possível estimar, indiretamente, a resistividade do ferro. A regressão linear adotada neste estudo foi do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥, pois em todos os casos o parâmetro 𝑏 foi compatível com zero. A figura 1 mostra a regressão para o caso do ferro e a taxa de variação da tensão pelo comprimento do fio. Figura 1 - Regressão modelo y=ax para medidas da resistividade de um fio de ferro diâmetro de 0,51mm. O valor encontrado para a resistividade do ferro, empregando-se o ajuste da equação 4 visto na introdução, foi na ordem de 𝜌𝑓 = (2,13 ± 0,03) ⋅ 10 −7 𝛀 ⋅ 𝐦 , valor significativamente maior do que o encontrado na literatura de (1,0 ⋅ 10−7 𝛀 ⋅ 𝐦 ). As demais medidas foram para um mesmo material (níquel-cromo), com diâmetros diferentes. Os resultados experimentais dessa experiência estão na tabela 2, a seguir. R² = 0,9985 a = (9,47±0,11) Ω∙mA/m 0 2 4 6 8 10 12 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 T en sã o ( m V ) Comprimento L (m) Ferro 0,51 mm Tabela 2 - Medidas para fios de níquel-cromo de diâmetros de 0,35 mm, 0,51 mm e 0,72mm, pelo qual percorre uma corrente na ordem de 9,1mA. Comprimento L (m) Diâmetro 0,72 mm Diâmetro 0,51 mm Diâmetro 0,36 mm Tensão (mV) Tensão (mV) Tensão (mV) 0,20 05,2 09,8 19,2 0,40 10,3 19,9 38,3 0,60 15,2 30,7 58,5 0,80 19,6 40,4 78,8 1,00 26,2 50,8 99,9 Por se tratar do mesmo material, espera-se que as medidas da resistividade de fios de diferentes diâmetros sejam muito próximas, uma vez que a resistividade é uma qualidade intrínseca do material, desde, é claro, que as medidas sejam realizadas em ambiente de pouca ou nenhuma variação da temperatura. O que muda, em primeiro momento, é apenas a inclinação da reta da função que relaciona resistência elétrica em função do comprimento do fio, dado que a corrente permanece constante, conforme se observa no gráfico da figura 2. Figura 2 - Regressão modelo 𝑦 = 𝑎𝑥 para fios de diferentes diâmetros, porém de mesmo material. 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 R es is tê n ci a (𝛀 ) Comprimento L (m) 0,72 mm 0,51 mm 0,36 mm Linear ( 0,72 mm) Linear ( 0,51 mm) Linear (0,36 mm) No gráfico é possível observar que quanto menor o diâmetro maior é a resistência elétrica, pois a resistência elétrica é inversamente proporcional a área da seção transversal, fazendo sua intensidade aumente conforme se diminua o diâmetro do fio. Esse fato deve ser considerado, por exemplo, em distribuições elétricas prediais e industriais para se evitar custos excessivos de consumo de energia. No caso do níquel-cromo de 0,36 mm, cujo gráfico de regressão está exibido na figura 3, tem-se o coeficiente de inclinação mais elevado dentre os três fios. Nos gráficos que se segue, por questões práticas, a regressão foi V(L) ao invés de R(L). Figura 3 - Regressão modelo 𝑦 = 𝑎𝑥 para medidas da resistividade de um fio de níquel-cromo diâmetro de 0,36mm. R² = 0,9997 a = (98,72±0,65) Ω∙mA/m 0 20 40 60 80 100 120 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2T en sã o ( m V ) Comprimento L (m) Níquel - Cromo 0,36 mm Figura 4 - Regressão modelo 𝑦 = 𝑎𝑥 para medidas da resistividade de um fio de níquel-cromo diâmetro de 0,51mm. Figura 5 - Regressão modelo 𝑦 = 𝑎𝑥 para medidas da resistividade de um fio de níquel-cromo diâmetro de 0,72 mm. De posse do coeficiente de inclinação, medida da área da seção transversal do fio e corrente pode-se, então, determinar a resistividade do material, conforme explicado na introdução deste estudo (equação 4). Essas medidas e suas respectivas incertezas estão R² = 0,9998 a = (50,66±0,21) Ω∙mA/m 0 10 20 30 40 50 60 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 T en sã o ( m V ) Comprimento L (m) Níquel - Cromo 0,51 mm R² = 0,9956 a = (25,53±0,36) Ω∙mA/m 0 5 10 15 20 25 30 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 T en sã o ( m V ) Comprimento L (m) Níquel - Cromo 0,72 mm apresentadas na tabela 3, assim como as estimativas da acurácia (|𝜌𝑒 − 𝜌𝑡|%/𝜌𝑡) e precisão (Δ𝜌𝑒%/𝜌𝑒). Resultados/diâmetro 𝜌𝑒 ⋅ 10 −6 (Ω ⋅ m) Estimativa da acurácia 𝜌𝑡 = 1,10 ⋅ 10 −6 Ω ⋅ m Estimativa da precisão 0,36 mm 1,10 ± 0,09 0% 8% 0,51 mm 1,14 ± 0,01 3% 1% 0,72 mm 1,14 ± 0,02 3% 2% É possível, ainda, comparar se essas medidas são compatíveis entre si. Pegando as medias da resistividade do fio de 0,36 mm e de 0,51mm, tem-se |𝜌1 − 𝜌2| √𝜎𝜌1 2 + 𝜎𝜌2 2 = |1,14 − 1,10| √(0,09)2 + (0,01)2 = 0,44 ≤ 2 o que mostra que essas medidas são compatíveis. Através de uma planilha de Excel foi verificado, através desse cálculo, que as três medidas são compatíveis entre si e com o valor teórico 𝝆𝒕 = 𝟏, 𝟏𝟎 ⋅ 𝟏𝟎 −𝟔 𝛀 ⋅ 𝐦. Considerações Finais Os resultados experimentais foram precisos e acurados, com exceção da medida da resistividade do ferro. Embora o valor encontrado não seja acurado, revela a ordem de grandeza da resistividade do material, sendo útil para as discussões em sala de aula. No caso das medidas do níquel-cromo verificou-se que o arranjo experimental não só permite determinar a ordem de grandeza da resistividade do material, como um valor com aproximação de até duas casas decimais. Como se esperava, a resistividade obtida para os fios de diferentes diâmetros revela numericamente a mesma medida, uma vez que são compatíveis. Ademias, as estimativas da precisão e acurácia são excelentes para a metodologia adotada.
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